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Topografia Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.a Dr.a Monica Midori Marcon Uchida Sguazzardi Revisão Técnica: Prof.ª Esp. Erika Gambeti Viana Revisão Textual: Prof.a Dr.a Selma Aparecida Cesarin Goniometria • Introdução • Bússola • Ângulos na Vertical • Ângulos Horizontais • Deflexão • Rumo e Azimute · Nesta Unidade, o aluno terá contato com as medidas angulares realizadas em campo, as orientações e direções das observações. Aprenderá a se localizar e a localizar as medidas em campo por meio dos ângulos. O estudante também deverá aprender a observar e a calcular coordenadas importantes para a criação de plantas e documentos topográficos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Goniometria Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como o seu “momento do estudo”. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo. No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Goniometria Introdução O estudo topográfico depende das medidas dos ângulos entre as diversas retas que compõem o terreno e a sua localização. A Goniometria, palavra de origem grega (gonia = ângulo e metron = medida), é a técnica da medição de ângulos e do traçado de formas geométricas. Em Topografia, uma das tarefas principais é a medição de ângulos nas direções horizontal e vertical, dependendo do trabalho a ser realizado. Bússola Um dos métodos mais antigos e mais populares para a medição de ângulos é a bússola, que foi descoberta pelos chineses no século I, foi trazida para o ocidente pelos árabes e foi amplamente utilizada pelos europeus na época das grandes navegações. A bússola é composta por uma agulha magnetizada, que é presa em um plano horizontal exatamente no seu centro de gravidade, para que possa girar livremente sobre esse plano. Devido ao campo magnético terrestre, a agulha se orienta sempre na direção do eixo Norte-Sul, com sua ponta indicando sempre o Norte magnético, que se aproxima do Norte geográfico. Assim, ao nos orientarmos com uma bússola, colocando-nos de frente para a direção que a ponta da bússola indica, estaremos olhando para o Norte, teremos o Sul às nossas costas, o Leste à nossa direita e o Oeste à nossa esquerda. Figura 1 – Bússola profissional Fonte: iStock/Getty Images 8 9 A direção para onde a agulha magnetizada da bússola aponta depende do campo magnético terrestre. O eixo Norte-Sul magnético não coincide exatamente com o eixo Norte-Sul geográfico, ou seja, existe um polo Norte (ou Sul) magnético e um geográfico. A diferença em graus entre o Norte verdadeiro e o Norte magnético é chamada de declinação magnética. Uma das formas mais simples para descobrirmos a declinação magnética de um local é utilizar uma bússola e o conhecimento da direção exata do Norte verdadeiro (ou geográfico). Devemos alinhar o Norte da bússola ao Norte verdadeiro e observar a direção que a agulha da bússola apontará como Norte magnético. A diferença, em graus, entre o Norte da bússola e a ponta da agulha será a declinação magnética, que pode ser positiva ou negativa. Chamamos de positiva a declinação magnética que acontece quando o Norte magnético está a Leste do Norte verdadeiro e negativa quando a agulha da bússola aponta o Norte magnético a Oeste do Norte verdadeiro. Veja a figura a seguir: Norte Verdadeiro -D Norte Magnético Norte Verdadeiro +D Norte Magnético Figura 2 – Declinação magnética negativa, para o Oeste, e positiva, para o Leste Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images A declinação magnética varia com o tempo, pois o campo magnético terrestre não é constante e apresenta algumas alterações: • Secular: a variação secular possui o período de aproximadamente uma centena de anos e é a maior delas, podendo chegar a até 11º; • Diurna: a variação diurna é uma pequena variação que faz com que a agulha da bússola oscile entre um intervalo de 8 minutos de arco durante vários períodos do dia. Em geral, essa variação é ignorada pois está dentro dos limites de erro de leitura instrumental da bússola; • Anual: a variação anual possui o período de aproximadamente um ano, também é bem pequena, cerca de 1 minuto de arco e, pelo mesmo motivo, considerada na variação diurna, também pode ser ignorada; 9 UNIDADE Goniometria • Acidental: a variação acidental é uma fonte de erros muito comum nas medidas de declinação magnética e diz respeito às variações causadas por tempestades ou interferências magnéticas que causam alterações acidentais e pontuais de alguns graus nas medições. Além da declinação magnética, são necessárias outras medidas angulares para o estudo topográfico de campo. Os ângulos verticais são, normalmente, utilizados para medidas de nivelamento, enquanto as observações dos ângulos horizontais são importantes para determinar rumos e azimutes para a construção da poligonal do terreno. Níveis, teodolitos e estação total são exemplos de equipamentos utilizados para a medição de distâncias e medidas angulares em Topografia. Ângulos na Vertical Para trabalhar com ângulos verticais, devemos definir dois pontos de referência: o zênite e o nadir. O zênite é o ponto localizado exatamente acima da sua cabeça, por onde passa o eixo vertical que demarca a sua posição. Já o nadir é a ponta oposta ao zênite, ou seja, o ponto localizado sobre o seu eixo vertical, localizado sob os seus pés. O ângulo vertical (V) é a medida angular entre o seu plano horizontal e a linha de visada. Esse ângulo varia entre 90º e -90º. O zênite de um observador possui ângulo vertical igual a 90º e nadir igual a -90º. Os ângulos verticais para linhas de visada acima do horizonte (elevações) serão sempre positivos e para linhas de visada abaixo do horizonte (depressões) serão sempre negativos. Figura 3 –Ângulo vertical e zênite Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 10 11 O ângulo zenital (Z) é o ângulo formado entre o zênite e a linha de visada e pode assumir valores entre 0º (objetos no zênite) e 180º (objetos no nadir). Figura 4 – Distância zenital Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 Ângulos Horizontais Os ângulos horizontais possuem esse nome por serem medidos no plano horizontal do terreno, sem levar em conta as elevações, como se ele estivesse totalmente projetado em um único plano. Em Topografia, em geral, necessita-se medir o ângulo entre duas direções, dadas pelos vértices dos terrenos. Imagineque você queira medir o ângulo α do vértice A de um terreno, como a figura a seguir: Figura 5 – Ângulo α do vértice A. Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 Esse ângulo pode ser medido de diversas formas. Além da escolha instrumental, como teodolito ou a estação total, por exemplo, existe a escolha da orientação do instrumento como pode ser visto a seguir. Instrumento não Orientado Nesse caso, escolhemos uma direção arbitrária para ser a origem das nossas medições, e medimos as distâncias angulares entre a origem e o seguimento de reta AB e a origem e o segmento de reta da origem AC e para encontrarmos o ângulo α basta subtrair uma medida da outra. 11 UNIDADE Goniometria Figura 6 – Medição de ângulos com o uso do instrumento não orientado Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 Instrumento Orientado para o Norte Quando o instrumento está orientado para o Norte, o procedimento é idêntico ao anterior, com a diferença que a origem da nossa medição deve coincidir com o Norte. Nesse caso, não chamaremos mais os ângulos de L1 e L2, mas de azimute, pois esse, por definição, possui sempre origem no Norte. Figura 7 – Medição de ângulos com o instrumento orientado para o Norte Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 Instrumento Apontando para a Ré Nesse caso, tomamos como origem a direção do primeiro segmento de reta e medimos no sentido horário. Dessa forma, estaremos obtendo o ângulo externo e basta realizar 360º – Ângulo para encontrar a medida do ângulo interno. Figura 8 – Medida do ângulo externo com o instrumento apontando para a ré Figura: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 12 13 Instrumento Apontando para a Vante Esta orientação é semelhante à orientação anterior, mas tomaremos como origem a vante. Dessa forma, quando realizarmos a medida angular no sentido horário, estaremos medindo o ângulo interno. Figura 9 – Medida do ângulo interno com o instrumento apontado para a vante Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 Defl exão Para o uso dessa técnica, devemos ter a origem das medições no prolongamento da ré, ou seja, a ré deve coincidir com a leitura igual a 180º. Na deflexão, o ângulo deve estar sempre entre 0º e 180º e deve ser negativo quando medido no sentido anti-horário e positivo no sentido horário. Veja a figura a seguir: Figura 10 – Medida da defl exão (nesse caso, positiva) Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 Rumo e Azimute O azimute é o ângulo formado entre uma determinada direção e o Norte (geográfico ou magnético). É medido a partir do Norte no sentido horário e varia de 0º a 360º. 13 UNIDADE Goniometria O exemplo a seguir mostra o azimute de quatro pontos (P1, P2, P3 e P4): Figura 11 – Exemplos de azimutes em quatro direções diferentes Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 O Rumo é a menor distância entre a direção de visada e o eixo Norte-Sul, contando sempre a partir do Norte ou Sul e varia entre 0º e 90º. É sempre dado juntamente com uma direção dependendo do quadrante em que se localiza a linha de visada: Nordeste (NE) para o primeiro quadrante, Sudeste (SE) para o segun- do quadrante, Sudoeste (SW) para o terceiro quadrante e Noroeste (NW) para o quarto quadrante. Veja os exemplos a seguir: Figura 12 – Exemplos de rumos em quatro direções diferentes Fonte: VEIGA, ZANETTI e FAGGION; 2010 14 15 Transformação de Rumos e Azimutes Sempre que obtemos o Rumo, podemos localizá-lo em um Gráfico e convertê-lo em azimute e vice-versa. Exemplo Imagine que você realizou uma observação com azimute igual à 140º 25’ 36’’ qual seria o rumo? Para realizar a conversão, é interessante desenhar a linha de visada em um gráfico: 140º 25’ 36” N S W E Figura 13 Nesse caso, o Rumo será a distância entre a linha de visada e o Sul, pois a menor distância angular entre a linha de visada e o eixo Norte-Sul se encontra para baixo. Dessa forma, o Rumo será: 180° - 140º 25’ 36” = 39º34’24” na direção SE, ou seja 39º34’24” SE. Exemplo Considere que um topógrafo realizou a medida de um rumo e encontrou 52º 45’20” NW. Qual é o azimute desta linha de visada? Para resolver esse exercício, vamos novamente desenhar o Gráfico da linha de visada sobre a rosa dos ventos. 15 UNIDADE Goniometria 52º45’20” N S W E Figura 14 Então, para encontrar o azimute, devemos contar a partir do Norte, no sentido horário, até encontrarmos a linha de visada. Para descobrirmos qual é esse ângulo, devemos fazer azimute = 360º - 52º45’20” = 307º14’40”. Azimute à Direita e Azimute à Esquerda Quando falamos de azimute, a definição padrão é a de realizar a medida da distância angular entre a direção Norte e a linha de visada, contando a partir do Norte em sentido horário (azimute à direita). Porém, em alguns casos pode ser conveniente realizar esta medida no sentido an- ti-horário (sempre partindo do Norte) e neste caso chamamos o azimute à esquerda. Azimute à direita: 61º22’36” Azimute à esquerda: 298º37’24” N S W E Figura 15 16 17 A soma do azimute à direita com o azimute à esquerda será sempre igual a 360º. Todas essas relações entre rumos e azimutes podem ser tomadas para visadas vante ou ré. Observe o exemplo a seguir. Exemplo Um topógrafo realizou a seguinte medida: Vante 35º12’54 Ré N S W E Figura 16 A ré será sempre um prolongamento da visada vante na mesma direção e sentido oposto, como se o observador virasse de costas para a visada vante. O mesmo raciocínio se aplica quando temos observações realizadas para a visada ré e queremos as distâncias angulares para a visada vante. Nesse caso, o azimute à direita vante foi medido e o valor encontrado foi de 35º12’54”. Então, o azimute à esquerda vante será 360º-35º12’54” = 324º47’06” e o Rumo vante será 35º 12’ 54” NE, pois a visada vante se encontra mais próxima ao Norte que ao Sul. Para a visada ré, podemos notar que o ângulo formado pela visada ré e o eixo Norte-Sul é o mesmo medido pelo topógrafo. 17 UNIDADE Goniometria Vante 35º12’54 35º12’54 Ré N S W E Figura 17 Então, teremos azimute à direita para a visada ré = 180º+35º12’54” = 215º12’54”, lembrando que o azimute é sempre contado com a origem no Norte. Azimute à esquerda para a visada ré = 180º - 35º12’54” = 144º47’06”, rumo ré = 35º12’54” SW. Nesse ponto, é conveniente fazermos uma Tabela: Vante Ré Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo 35º12’54” 324º47’06” 35º12’54” NE 215º12’54” 144º47’06” 35º12’54” SW Você também deve ser capaz de realizar os cálculos de rumos e azimutes com os valores dados em uma Tabela. Exemplo Complete a Tabela a seguir, dado o Azimute à esquerda Ré. Vante Ré Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo 22º51’09” 18 19 Baseados na informação da Tabela, podemos fazer o Gráfico da visada ré: Ré 22º51’09” N S W E Figura 18 E assim completamos a Tabela com os outros valores da visada ré. Azimute à direita = 360º-22º51’09” = 337º08’51” e o rumo que é igual a 22º51’09” NW. Para descobrirmos os outros valores para a visada vante, devemos colocar a visada vante no Gráfico, lembrando de que esta será um prolongamento da visada ré no sentido oposto: Ré Vante N S W E Figura 19 19 UNIDADE Goniometria A distância angular entre a visada vante e o eixo Norte Sul é a mesma distância entre a visada ré e o eixo Norte Sul. Portanto, o seu Rumo será 22º51’09” SE. O azimute à direita pode ser calculado como 180º-22º51’09” = 157º08’51” e o azimute à esquerda será 180º+22º51’09” = 202º51’09”. Dessa forma, podemos completar a Tabela: Vante Ré Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo Azimute Direita Azimute Esquerda Rumo 157º08’51” 202º51’09” 22º51’09” SE 337º08’51” 22º51’09” 22º51’09” NW 20 21 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Cálculo de Rumos e Azimutes Engenharia Topografia Agrimensura – Cálculo de rumos e azimutes. Videoaula sobre o cálculo de rumos e azimutes. https://youtu.be/AWe5DdTCE8s Azimutes e Rumos Ré eVante Engenharia Topografia Agrimensura – Azimutes e rumos ré e vante. Videoaula sobre o cálculo de rumos e azimutes nas orientações vante e ré. https://youtu.be/39u7pkrRQfM Leitura Texto Ilustrado para Esclarecer a Diferença entre os Polos Magnéticos e os Polos Geográficos Norte Geográfico e Norte Magnético. MOLINA, E. Revista FAPESP, São Paulo. Ed. 197, jul. 2012. Texto ilustrado para esclarecer a diferença entre os polos magnéticos e os polos geográficos. https://goo.gl/QKTcQH Rumos e Azimutes OLIVEIRA, W. A. Portal Agrimensura, nov. 2015. Resumo de Rumos e azimutes, apresentação de técnicas para o cálculo. https://goo.gl/slvLgR 21 UNIDADE Goniometria Referências BORGES, A. C. Topografia Aplicada à Engenharia Civil. São Paulo: Edgard Blucher, 1992. v. 1 e 2. BORGES, A. C. Exercícios de Topografia. São Paulo: Edgard Blucher, 1997. GARCIA, G. J.; PIEDADE, G. C. R. Topografia aplicada às ciências agrárias. São Paulo: Nobel, 1994. GHILANI, C. D.; WOLF. P. R. Geomática São Paulo: Pearson, 2014. NBR 13 133/94 Execução de levantamento topográfico. ABNT: Rio de Ja- neiro, 1994. VEIGA, L. A. K.; ZANETTI, M. A. Z.; FAGGION, P. L. Fundamentos de Topografia Curitiba: UFPR, 2012. 22
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