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a	crise	de	1929	e	o	naziFascismo	 81
A intensa atividade econômica nos Estados Uni-
dos também impulsionou, especialmente a partir de 
1928, a especulação financeira por meio da compra e 
venda de ações de grandes empresas na Bolsa de Va-
lores de Nova York, situada no centro da cidade, em 
Wall Street. Em meados de 1929, o valor das ações qua-
druplicou, e cada vez mais investidores foram atraí-
dos pela possibilidade de enriquecer facilmente.
O aumento do número de investidores e do volu-
me de investimentos, contudo, tinha um limite físico. 
O mercado interno limitado e o externo arrasado pela 
Primeira Guerra Mundial, com os países europeus 
procurando recuperar sua produtividade, completa-
vam o quadro econômico. A superprodução sem es-
coamento, gerando uma estocagem cada vez maior 
devido ao subconsumo, levou a especulação financei-
ra ao limite. Ou seja, o valor das ações estava muito 
acima de seu valor real, baseado apenas na confiança 
de que esses papéis continuariam valorizados e não 
em lucros das vendas da produção. O presidente Her-
bert Hoover, entretanto, mantinha sua posição liberal, 
recusando-se a uma intervenção estatal para estancar 
ou reverter a situação.
A explosão da crise e o New Deal
A crise explodiu em 24 de outubro, a chamada 
Quinta-Feira Negra, quando muitas pessoas tentaram 
vender suas ações e não encontraram compradores, 
o que provocou uma redução drástica dos preços. 
Os investidores, atemorizados, tentavam livrar-se 
dos papéis, originando uma avalanche de ofertas de 
ações, que derrubou ainda mais velozmente os pre-
ços, arruinando a todos.
Do dia para a noite, prósperos empresários passa-
ram a ser donos de papéis sem nenhum valor – e mais 
de uma dezena deles cometeu suicídio. A desordem 
econômica atingiu profundamente toda a sociedade 
estadunidense: 85 mil empresas faliram, 4 mil bancos 
fecharam e as demissões de trabalhadores alcançaram 
um total aproximado de 12 milhões. Observe os gráfi-
cos a seguir. Foi um período de pobreza e fome.
desemprego (abaixo de 2 milhões em 1929)
preços (índice 100 em 1929)
produção industrial (índice 100 em 1929)
p	 na	onda	isolacionista,	de	xenofobia	e	perseguição	a	ativis-
tas	trabalhistas	e	a	políticos,	autoridades	norte-americanas	
prenderam,	em	1921,	nicola	sacco	(à	direita	da	foto)	e	Bar-
tolomeo	Vanzetti	(à	esquerda),	dois	imigrantes	anarquistas	
italianos.	ambos	foram	injustamente	acusados	de	roubo	e	
assassinato,	sendo	pouco	depois	condenados	à	morte	pela	
corte	 suprema	 de	 massachusetts.	 acabaram	 executados	
em	 1927,	 apesar	 de	 várias	 manifestações	 populares	 na-
cionais	 e	 internacionais	 em	 favor	 dos	 condenados.	 cinco	
décadas	depois,	sacco	e	Vanzetti	foram	reconhecidos	como	
inocentes	e	perdoados	postumamente.
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Adaptado de: CAMERA, Augusto; FABIETTI, Renato. Elementi di storia 3. Bolonha: Zanichelli, 1999. p. 1.374.
Adaptado de: CAMERA, Augusto; FABIETTI, Renato. Elementi di storia 3. Bolonha: Zanichelli, 1999. p. 1.374.
Índices da crise
Evolução da Bolsa de Nova York
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82	 Para	entender	nosso	temPo:	o	século	XX
A crise de 1929 abalou todo o mundo, com 
exceção da União Soviética, fechada em si mesma 
e orientada segundo os planos quinquenais, sob o 
governo de Josef Stálin. A difusão da crise contou 
com dois elementos básicos: a redução das im-
portações norte-americanas, afetando duramen-
te os países que dependiam de seu mercado (o 
café brasileiro é um exemplo), e o repatriamento 
de capitais estadunidenses investidos em outros 
países.
p	 distrito	financeiro	de	nova	York,	onde	se	situa	a	Bolsa	de	Valores,	durante	a	agitada	Quinta-Feira	
negra.	outubro	de	1929.
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p	 a	charge	de	1938	mostra	o	presidente	roosevelt	no	centro	
de	uma	brincadeira	de	roda	com	crianças	que	representam	
algumas	das	medidas	do	New Deal.	em	português,	seriam:	
administração	 de	 obras	 em	 Progresso,	 administração	 de	
obras	Públicas	e	lei	de	ajuste	agrícola.
Por causa da crise econômica, os republicanos 
foram derrotados nas eleições nacionais pelo Partido 
Democrata, em 1932. Franklin Delano Roosevelt foi 
então eleito presidente dos Estados Unidos, e uma de 
suas primeiras providências foi limitar o liberalismo 
econômico, intervindo na economia por meio do New 
Deal, plano elaborado por um grupo de renomados 
economistas que se baseava nas teorias do economis-
ta inglês John Maynard Keynes (1884-1946).
Com o New Deal, o liberalismo de Adam Smith 
cedeu lugar ao keynesianismo, que defendia a inter-
venção do Estado para controlar o desenvolvimento 
da economia, de modo que combatesse crises e ga-
rantisse emprego e direitos sociais. Roosevelt deter-
minou grandes emissões monetárias, inflacionando 
deliberadamente o sistema financeiro; fez investimen-
tos estatais de monta, como hidrelétricas; estimulou 
uma política de empregos, entre outras medidas, o 
que ativou o consumo e possibilitou a progressiva re-
cuperação da economia. Dez anos depois, os Estados 
Unidos se aproximaram do patamar econômico em 
que se encontravam antes da crise de 1929.
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	 a	crise	de	1929	e	o	naziFascismo	 83
A política keynesiana da busca do pleno empre-
go para estimular as economias em recessão, adotada 
primeiramente nos Estados Unidos e depois em di-
versos outros países industriais, foi seguida pela ins-
talação de modernos sistemas previdenciários, como 
a Lei de Seguridade dos Estados Unidos, aprovada 
em 1935. Serviu também de base para as políticas de 
bem-estar social desenvolvidas pelos países capita-
listas, o chamado Welfare State, expressão que entrou 
em uso a partir dos anos 1940.
A política keynesiana teve predomínio inter-
nacional até o final dos anos 1970, quando voltou a 
ganhar prestígio a liberdade de mercado, defendida 
por teóricos como Friedrich von Hayek, autor de Ca-
minho da miséria (1944), e por membros da escola 
monetarista de Chicago, como Milton Friedman e 
Robert Lucas. A partir de 2008, em virtude da cri-
se econômica internacional iniciada naquele ano e 
originada em parte das políticas neoliberais de não 
controle da economia pelo Estado, reacendeu-se o 
debate entre defensores do neoliberalismo e do key-
nesianismo. Os Estados, ao contrário do que ocorre-
ra nos meses seguintes à crise de 1929, intervieram 
pesadamente na economia para tentar diminuir os 
efeitos dessa crise.
o ideário NAzifAscistA
no	alto,	à	direita,	manchete	de	 jornal	destacando	a	vitória	de	
Franklin	roosevelt	(1932),	que	assumiu	o	governo	no	ápice	da	
crise	e	restaurou	a	economia	estadunidense	com	a	política	do	
New Deal.	ao	lado,	em	foto	de	1935-1940,	a	construção	da	hidre-
létrica	do	Vale	do	tennessee.
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O nazifascismo caracterizou-se por ser um mo-
vimento essencialmente nacionalista, antidemocrá-
tico, antioperário, antiliberal e antissocialista, que se 
estruturou na Europa entre o final da Primeira e o 
início da Segunda Guerra Mundial. Sua expansão teve 
como contexto a situação de crise e miséria nos paí-
ses europeus, ligadas à crise de 1929 e aos efeitos da 
Primeira Guerra Mundial.
Na Alemanha, foi representado por Adolf Hitler, 
cujo livro Mein Kampf (Minha luta) serviu como base 
teórica do governo nazista. O outro polo importan-
te do movimento ocorreu na Itália e foi liderado por 
Benito Mussolini, que ocupou o governo em 1922. 
Em outros países, formas peculiares de totalitarismo 
também foram adotadas, como o franquismo na 
Espanha e o salazarismo em Portugal.
Esses novos governos representaram uma rea-
çãonacionalista às frustrações resultantes da Primeira 
Guerra Mundial e um modo de fortalecer o Estado, além 
de atender às aspirações de estabilidade diante das 
ameaças revolucionárias de esquerda e especialmente 
diante da implantação do socialismo na União Soviética.
A doutrina nazifascista caracterizava-se basica-
mente pelos seguintes pontos:
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84	 Para	entender	nosso	temPo:	o	século	XX
• totalitarismo, em que o Partido Fascista ou Nazis-
ta confundia-se com o Estado, formando a síntese 
das aspirações nacionais;
• nacionalismo, propondo a subordinação do indi-
víduo aos interesses da nação;
• idealismo, acreditando no poder transformador 
das ideias e convicções;
• romantismo, que negava a razão como solucio-
nadora dos problemas nacionais, defendendo, ao 
contrário, que somente a fé, o autossacrifício, o he-
roísmo e a força seriam capazes de superar as difi-
culdades;
• autoritarismo, segundo o qual a autoridade do lí-
der – o Duce (na Itália) ou o Führer (na Alemanha) 
– era indiscutível;
• militarismo, que possibilitaria a salvação nacional 
por meio da luta e da guerra;
• anticomunismo.
No caso alemão, havia ainda o antissemitismo, 
isto é, a perseguição racista aos judeus, justificada 
pela afirmação de que, na Primeira Guerra Mundial, 
os alemães haviam sido traídos pelos judeus marxis-
tas, o que teria provocado a sua derrota. Além disso, 
segundo o nazismo, os judeus, vistos como antinacio-
nais e sem pátria, ameaçavam a formação da grande 
raça ariana alemã. Assim, a ideia fundamental do 
nazismo era expressa na frase: Ein Volk, ein Reich, ein 
Führer (“Um povo, um império, um líder”).
No caso do regime totalitário italiano, baseado 
no corporativismo, o povo, produtor de riquezas, 
organizava-se em corporações sindicais que governa-
vam o país por meio do Partido Fascista, representado 
pelo próprio Estado. Ao contrário da visão marxista, 
p	 a	foto	no	alto	mostra	os	dois	ditadores	na	ocasião	da	visita	
de	 mussolini	 à	 alemanha,	 em	 1937.	 acima,	 cena	 do	 filme	
O grande ditador (1940),	com	charlie	chaplin	representando	
Hitler	e	Jack	oakie,	mussolini.
p	 o	símbolo	do	fascismo	era	constituído	de	um	feixe	de	varas,	
simbolizando	a	unidade	do	povo,	servindo	de	cabo	para	um	
machado,	representando	a	autoridade	do	estado.	o	mesmo	
símbolo	era	usado	pelas	magistraturas	de	maior	autoridade	
no	império	romano.
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negava-se a oposição entre classes na estrutura social, 
e o Estado corporativo deveria buscar a harmoniza-
ção dos interesses conflitantes do capital e do traba-
lho dentro dos quadros das corporações.
Hitler e Mussolini contaram com o capital fi-
nanceiro e o apoio da alta burguesia na edificação do 
Estado totalitário, representada, no caso nazista, pelo 
magnata Krupp e, no caso da Itália, pela Confedera-
ção Geral da Indústria, pela Associação dos Bancos e 
pela Confederação da Agricultura.
O fascismo italiano
Na Primeira Guerra Mundial, a Itália sofrera com 
enormes perdas financeiras e humanas e não tivera 
quase nenhum ganho territorial. Esse panorama de 
caos econômico – causado pela inflação, pelo alto 
índice de desemprego e pela paralisação de diversos 
setores produtivos – levou a uma agitação política 
revolucionária das esquerdas, sucedendo-se greves e 
invasões de fábricas e terras.
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	 a	crise	de	1929	e	o	naziFascismo	 85
O governo parlamentar, composto pelo Partido 
Socialista e pelo Partido Popular, não chegava a um 
acordo quanto às grandes questões políticas, gerando 
impasses e impopularidade. Diante desse quadro de 
instabilidade, as elites passaram a apoiar a atuação 
das squadre d’azione (expressão italiana que signifi -
ca “comandos de ação”), milícias armadas formadas 
pelos camisas-negras, membros do Partido Fascista 
italiano criado por Mussolini em 1919. Dois anos de-
pois, os fascistas elegeram o maior número de repre-
sentantes no Parlamento.
Apoiado na crise parlamentar e na ideia da “me-
diocridade democrática”, Mussolini organizou o assal-
to ao poder. Em 1922, 50 mil “camisas-negras”, vindos 
de todas as regiões da Itália, dirigiram-se para a capi-
tal exigindo o poder – foi a chamada Marcha sobre 
Roma. O rei Vítor Emanuel III cedeu à pressão, e o 
líder fascista passou a organizar o gabinete governa-
mental, no cargo de primeiro-ministro.
Em 1924, por meio de eleições fraudulentas, os 
fascistas ganharam maioria parlamentar. A oposição, 
liderada pelo deputado socialista Giacomo Matteotti, 
denunciou as irregularidades eleitorais, mas foi cala-
da pela repressão generalizada, que culminou no rap-
to e assassinato do deputado.
No ano seguinte às eleições, Mussolini tornou-se 
Duce (o condutor supremo da Itália), com o respaldo 
da Confederação Geral da Indústria, da polícia políti-
ca fascista (Ovra) e de tribunais especiais – instâncias 
jurídicas também de orientação fascista –, que julga-
vam e condenavam os dissidentes. Concretizou-se, 
assim, um Estado totalitário, em que eram eliminados 
os principais focos oposicionistas, ao mesmo tempo 
que se impunham leis de exceção, 
suprimia-se a imprensa oposicio-
nista e era cassada a licença de 
todos os advogados antifascistas.
p	 mussolini	 saúda	 a	 população	 presente	 em	 comício	 do	
Partido	Fascista	italiano,	em	novembro	de	1922.
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O tOtAlitArismO FAscistA sEGuNdO mussOliNi
Anti-individualista, a concepção fascista é feita para o Estado: 
mas também é para o indivíduo, enquanto forma corpo com o Es-
tado, consciência e vontade universal do Homem na sua existência 
histórica. Ela contraria o liberalismo clássico, nascido da necessi-
dade de reagir contra o absolutismo, e que, desde aí, esgotou a sua 
função histórica, desde que o Estado se transformou e passou a 
possuir a mesma consciência e a mesma vontade que o povo. O li-
beralismo coloca o Estado a serviço do indivíduo. […] Para o fascista, 
tudo está no Estado, nada de humano ou espiritual existe fora do 
Estado. Nesse sentido, o fascismo é totalitário, e o Estado fascista, 
síntese e unidade de todo o valor, interpreta, desenvolve e dá potên-
cia à vida integral de um povo.
MUSSOLINI, Benito. A doutrina do fascismo, 1930. In: VVAA, Temas de História 12. 
Porto: Porto Editora, s.d., p. 244.
p	 a	 ilustração,	publicada	no	 jornal	 italiano	 Tribuna Ilustrada,	 em	1924,	 reproduz	a	
cena	 do	 sequestro	 de	 matteotti,	 cujo	 retrato	 pode	 ser	 visto	 ao	 lado,	 em	 foto	 de	
cerca	de	1920.
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86	 Para	entender	nosso	temPo:	o	século	XX
Exemplos da infl uência da propaganda fascista na imprensa. “Duce! Duce! 
Duce!” (1) era o brado de aclamação a Mussolini, conforme a ilustração da capa 
de uma revista da época. Página de um livro escolar italiano de 1931 (2), mos-
trando uma criança fazendo a saudação fascista. O texto diz: “Benito Mussolini 
ama muito as crianças. As crianças da Itália amam muito o Duce. Viva o Duce!”. 
Capa de livro (3) italiano de 1932, cujo título é O grupo Líder Balilla. Balilla era 
uma organização fascista de crianças entre 8 e 14 anos.
prOpAGANdA FAscistA
Em 1929, Mussolini ganhou 
também o apoio do clero ao assi-
nar o Tratado de Latrão, que so-
lucionava a antiga Questão Roma-
na. Indicando a conciliação entre 
Igreja e Estado, o papa Pio XI re-
conhecia o Estado italiano, e Mus-
solini, a soberania do Vaticano. O 
catolicismo passou a ser a religião 
ofi cial da Itália.
Após garantir para si plenos pode-
res e cercar-se das elites dominantes, 
Mussolinibuscou o desenvolvimento 
econômico do país. Centrado numa 
imensa propaganda de massa e na proi-
bição de greves, seu governo apresentou 
sucessos na agricultura e na indústria 
até que a depressão mundial de 1929 
mergulhou o país em uma crise.
Para superá-la, Mussolini intensifi -
cou a produção de armamentos e as con-
quistas territoriais, retomando a ideia de 
restaurar o Império Romano. Voltando-se 
para a África, invadiu a Abissínia (atual 
Etiópia) e, em seguida, uniu-se à Alema-
nha e ao Japão em diversas agressões 
internacionais.
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Questão romana:	 conflito	 entre	 a	
igreja	 católica	 e	 o	 estado	 italiano.	
surgiu	com	a	conquista	de	roma	na	
unificação	 italiana,	 em	 1871.	 o	 papa	
Pio	 iX	 não	 reconheceu	 a	 perda	 dos	
territórios	 e	 considerou-se	 “prisio-
neiro”	no	Vaticano.
p	 carteirinha	de	integrante	dos	
grupos	 fascistas,	 os	 denomi-
nados	Fasci Italiani di Combat-
timento,	de	1921.
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	 a	crise	de	1929	e	o	naziFascismo	 87
O nazismo alemão 
Similarmente ao fascismo italiano, o nazismo 
alemão emergiu da desastrosa derrota na Primeira 
Guerra Mundial e da humilhação sofrida pelas con-
dições impostas à Alemanha pelo Tratado de Ver-
salhes. Com o final da guerra, o regime monárquico 
dos Kaiser alemães foi substituído pela República de 
Weimar (1918-1933), que herdou uma grave crise so-
cioeconômica.
A República, cujo nome advinha da cidade onde 
fora aprovada a nova Constituição, foi governada por 
uma coalizão formada por socialistas, católicos e 
social-democratas. Regido por uma Carta progressis-
ta, esse governo desde seu começo teve de enfrentar 
sérias dificuldades políticas e uma crescente onda de 
insatisfação social provocada pela gravíssima crise 
econômica que abateu a Alemanha no pós-guerra.
Em 1923, os governantes da República de Weimar 
decidiram cancelar os pagamentos impostos pelo 
Tratado de Versalhes. Em represália, os franceses inva-
diram o Vale do Ruhr, importante região mineradora 
e siderúrgica da Alemanha. Apoiados pelo presidente 
socialista Friedrich Ebert, os mineradores e operá-
rios dessa região entraram em greve, negando-se a 
trabalhar para os franceses. Para sustentar a greve, 
o Parlamento autorizou a emissão de papel-moeda. O 
resultado foi uma espiral inflacionária, que chegou 
a atingir o índice de 32 400% ao mês.
p	 após	a	quebra	da	Bolsa	de	Valores	de	nova	York,	em	1929,	a	
situação	econômica	e	social	da	alemanha	se	agrava,	aumen-
tando	o	número	de	desempregados	e	os	índices	de	inflação.	na	
foto,	de	1931,	unidade	móvel	do	exército	atende	aos	pobres	for-
necendo	refeição	gratuitamente	nas	proximidades	de	Berlim.
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A hiperinflação alemã
Em 1919, em Munique, um pequeno grupo de 
nacionalistas, entre os quais estava Adolf Hitler, fun-
dou um partido totalitário, nos moldes do fascismo 
italiano, que adotou, logo depois, o nome de Partido 
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães 
(National-Sozialistische Deutsche Arbeiter Partei – 
NSDAP), popularmente chamado de nazi. Com forte 
apelo ao sentimento nacional diante das dificuldades 
do pós-guerra e contrários aos socialistas-comunistas 
(Sozialisten), apelidados de sozi, que seguiam o exem-
plo revolucionário russo de 1917, o novo Partido Na-
cional-Socialista ganhou cada vez mais adeptos. Para 
intimidar os opositores, principalmente judeus, co-
munistas e socialistas, os nazistas atuavam com uma 
polícia paramilitar denominada Seções de Assalto 
(SA) – os camisas-pardas.
Diante do agravamento da situação socioeconô-
mica e da ineficiência do governo republicano, Hitler 
e seus seguidores tentaram assumir o poder, em no-
vembro de 1923. Numa cervejaria de Munique, pro-
clamaram o fim da República. Embora tivessem sido 
todos presos, ganharam ampla publicidade em todo o 
país. O Putsch (“golpe”, em alemão) de Munique, como 
ficou conhecido, pareceu, por seu malogro total, o fim 
do nascente Partido Nazista. Foi, no entanto, apenas 
um recuo momentâneo na escalada nazista, que con-
taria mais tarde com circunstâncias propícias a seu 
reerguimento definitivo.
Na prisão, Hitler escreveu Mein Kampf, obra em 
que desenvolveu os fundamentos do nazismo:
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88	 Para	entender	nosso	temPo:	o	século	XX
• a ideia pseudocientífica da existência da raça aria-
na – que seria descendente de um grupo indo-eu-
ropeu mais puro;
• o nacionalismo exacerbado;
• o totalitarismo;
• o anticomunismo;
• o domínio de territórios indispensáveis ao desen-
volvimento alemão, inclusive com a conquista da 
Europa Oriental – o princípio do espaço vital.
As ideias nazistas não tiveram presença expres-
siva até que a quebra da Bolsa de Valores de Nova 
York, no fim de 1929, veio abalar a economia mundial, 
especialmente a da Alemanha. Em 1932, muitos dos 
6 milhões de desempregados alemães engrossavam 
as fileiras do Partido Nacional-Socialista, ao lado de 
ex-soldados, jovens estudantes e agricultores, des-
contentes com a fragilidade política e econômica 
do governo democrático de Weimar. Outros, porém, 
alinhavam-se aos grupos políticos de esquerda, espe-
cialmente aos comunistas, o que amedrontou a elite e 
a classe média alemã, que viram na proposta nazista a 
salvação nacional.
As tropas das SA passaram a agir livremente, e 
a popularidade nazista se impôs. Em 1932, nas elei-
ções para o Parlamento, os nazistas conquistaram 
230 cadeiras (em 1930, eram aproximadamente 30) e, 
em 1933, com a crise do sistema parlamentarista, o 
presidente Hindenburg ofereceu a Hitler a chancela-
ria – o comando do Estado. Elevado ao poder, o líder 
nazista visou inicialmente eliminar a forte oposição, 
p	 adolf	Hitler	atravessa	a	multidão	de	trabalhadores	de	uma	
fábrica	alemã.	Foto	de	novembro	de	1933.
p	 em	30	de	janeiro	de	1933,	Hitler	foi	nomeado	chanceler	da	
alemanha.	na	 foto,	Hitler	cumprimenta	o	presidente	Paul	
Von	Hindenburg	após	a	nomeação.
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especialmente a dos políticos de esquerda. Para tanto, 
usou diversos meios, inclusive a organização de uma 
farsa: provocou um incêndio que destruiu o prédio do 
Parlamento em Berlim, o Reichstag, e acusou os co-
munistas de terem um golpe em andamento, o que 
lhe permitiu a instalação de uma ditadura totalitária. 
Os deputados e líderes das esquerdas foram presos e 
levados para campos de concentração – áreas de 
confinamento cercadas e vigiadas, onde muitos opo-
sitores foram exterminados, bem como milhões de 
judeus e prisioneiros de guerra, no genocídio que se 
tornou conhecido como holocausto.
Para sustentar o poder hitlerista, foram criadas 
a Gestapo – polícia secreta do Estado – e as Seções 
de Segurança (SS), polícia política do partido, bem 
treinada, disciplinada e fiel ao Führer.
Hitler eliminou os partidos, os jornais de opo-
sição e os sindicatos e suspendeu o direito de greve. 
Depurou o próprio nazismo, eliminando vários líde-
res das SA que divergiam de sua autoridade absolu-
ta. Na chamada Noite dos Longos Punhais ( junho 
de 1934), cerca de 70 líderes e 5 mil outros nazistas 
foram mortos por soldados do exército, pelas SS e 
pela Gestapo.
Um pouco antes, em 21 de março de 1933, Adolf 
Hitler proclamou a criação do Terceiro Reich (em ale-
mão, “império”), sucessor do Sacro Império Romano-
-Germânico (962-1806) e do Império dos KaiserHohenzollern (1871-1919). Com a morte do presiden-
te Hindenburg, em agosto de 1934, Hitler acumulou 
essa função e a de chanceler, adotando oficialmente 
o título de Führer.
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