Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
300 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) vezes, desenvolvem equipamentos que disponibilizam os conteúdos também produzidos por elas. Assim, garantem dos equipamentos ao mesmo tempo que controlam a divulgação da informação. A ERA DA COMUNICAÇÃO Por que os blogs, o RSS e outras tecnologias podem mudar os padrões de informação com que a humanidade se acostumou há séculos. O que isso tem a ver com a crise da política tradicional e a possibilidade de uma alternativa A informação e a comunicação sempre foram vetores dos poderes dominantes, dos poderes alternativos, das resistências e das mudanças sociais. O poder de influência sobre o pensamento das pessoas – que é exercido pela comunicação – é uma ferramenta de resultado incerto, porém fundamental. É apenas através do exercício da influência sobre o pensamento dos povos que os poderes se constituem em sociedades, e que as sociedades evoluem e mudam. A repressão física ou mental é certamente uma importante dimensão do poder dominante. No entanto, se um povo modifica radicalmente seu modo de ver as coisas, se ele passa a pensar de maneira diferente e por si mesmo, não há poder que possa se opor. Torturar um corpo é bem menos eficaz do que moldar um pensamento. Eis o motivo pelo qual a comunicação é a pedra de toque do poder. O pensamento coletivo (que não é a soma dos pensamentos individuais em interação, mas sim um pensamento que absorve tudo e é difundido por toda a sociedade) se elabora na comunicação. É da comunicação que vêm as imagens, as informações, as opiniões e é por meio desses mecanismos de comunicação que a experiência é divulgada e transmitida ao coletivo/na coletividade. Tudo isso se aplica fortemente em nossas sociedades, no seio das quais as redes de comunicação atravessam todos os níveis, do global ao local e do local ao global. Consequentemente, as relações dentro do poder dominante, elemento que constitui toda e qualquer sociedade e determina suas evoluções, são cada vez mais elaboradas na esfera da comunicação. Na sociedade contemporânea, a política depende diretamente da mídia. As agendas do sistema político e mesmo as decisões que dele emanam são feitos para a mídia, na busca de obter o apoio dos cidadãos ou, pelo menos, atenuar a hostilidade frente às decisões tomadas. Isso não quer dizer que o poder se encontre incondicionalmente nas mãos da mídia, nem que o público tome posições em função do que é sugerido pela mídia. Pesquisas em comunicação mostraram há muito tempo até que ponto o público é ativo e não passivo. Além disso, os meios de comunicação possuem, internamente, sistemas que controlam sua capacidade de influenciar o público, pois antes de qualquer coisa, eles são empresas submetidas aos imperativos da rentabilidade e precisam ter audiência ou estender sua difusão. Em geral, eles são diversificados, competitivos, e devem ter tanta credibilidade quanto seus concorrentes. Eles frequentemente se impõem outras restrições, no que diz respeito à ética profissional ou jornalística (mediadores, conselhos de ética, etc.). Um meio de comunicação não é, portanto, algo fadado a distorcer ou manipular informações. No entanto, precisamos focar nossa atenção nas tendências. O jornalismo militante, ideológico, a mídia engajada, por exemplo, foi durante muito tempo tido como uma mídia sem a qualidade da «objetividade» – logo, sem consumidores. Os jornais que se denominam «órgãos de partido» praticamente desapareceram ou enfrentam graves crises de distribuição. No entanto, a situação começa a mudar: o militantismo ou engajamento ideológico pode se tornar um modelo altamente rentável. Por exemplo, a Fox News, uma das principais redes de televisão dos Estados Unidos (filial da News Corp, que pertence a Rupert Murdoch), conquistou uma grande parte da audiência conservadora norte-americana ao defender, sem a menor preocupação com a objetividade, as teses dos neoconservadores favoráveis à invasão do Iraque, em 2003. A segunda tendência que pode ser observada atualmente está na perda da autonomia por parte dos jornalistas profissionais com relação aos seus empregadores. Nesse âmbito joga-se boa parte do complexo jogo das manipulações midiáticas. Um estudo recente procuro explicar que, em meados de 2004, 40% dos norte-americanos [2] ainda acreditava que o Sadam Hussein e a Al Quaeda trabalhavam lado a lado e que Saddam possuía armas de destruição em massa no Iraque. Isso um ano depois de o contrário ter sido provado. Esse estudo enfatiza as ligações entre a máquina da propaganda do governo Bush e as produções do sistema midiático. No entanto, isso tudo é apenas a ponta do iceberg, pois a maior influência que a mídia exerce sobre a politica não é proveniente do que é publicado, mas do que não o é: de tudo o que permanece oculto, que passa desapercebido. A atividade midiática repousa sobre uma dicotomia: algo existe no pensamento do público se está presente na mídia. O seu poder fundamental reside, portanto, na sua capacidade de ocultar, de mascarar, de omitir. Manuel Castells. Aula 9 – Redes 301 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência Sob o ponto de vista histórico, o meio geográfico pode ser dividido em quatro períodos: meio natural, meio técnico, meio técnico- científico e meio técnico-científico-informacional. • MEIO NATURAL: Quando o ser humano era apenas caçador e coletor, um nômade sobrevivia através da caça e coleta. • MEIO TÉCNICO: Quando o ser humano passa a domesticar animais e se deslocar a longas distâncias. Além do desenvolvimento de atividades agrícolas, a construção de abrigos e a criação de ferramentas para facilitar as atividades diárias. Essa frase pode ser representada pela Revolução Agrícola. • MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO: Há cerca de 250 anos, o avanço da ciência criou condições para a invenção de máquinas que modificaram radicalmente e com muita rapidez o modo de vida no planeta. A tecnologia adquiriu um papel cada vez mais importante. O conjunto das tecnologias envolvidas no processo de fabricação de mercadorias, produção de energia e circulação de pessoas foi resultado da aplicação prática dos conhecimentos científicos. Esse período é marcado pela Revolução Industrial. • MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL: Atualmente a sociedade vive cercada pela utilização de tecnologias da informação (telecomunicações e telemática). Do ponto de vista econômico, da mesma forma a economia tradicional precisa de infraestrutura, como energia e meios de transportes e fontes de matérias-primas a economia informacional também necessita de uma infraestrutura específica: as infovias. MUDANÇAS TECNOLÓGICAS AO LONGO DO TEMPO Período Comunicação Energia Meios Pré- Agrícola Linguagem oral e pictória. Fogo. Instrumentos primitivos. Agrícola Escrita e Imprensa. Tração animal. Charrua (arado grande, de ferro). Indústria Telégrafo, Telefone, Fonógrafo, Rádio e Cinema. Máquina a vapor e Eletricidade. Máquinas avançadas, Estradas de ferro e Veículos motorizados. Atual Televisão, Satélite, Computador, Sistemas multimídias. Fissão atômica, Baterias e Laser. Transporte supersônico e interplanetário, Materiais sintéticos, Robótica e Biotecnologia. Iminente Multimídia e Burótica 1 e Domótica2. Fusão Atômica. Controle de tempo e Biotecnologia. GROS, B. M, 1971, p.272-273. Em: Santos Milton. A natureza do espaço. São Paulo: Hucitec, 1996.p. 140. (Adaptado). 1 Burótica é o ramo das Tecnologias da informática e comunicação que se, ocupa do funcionamento de um escritório, em todas as suas vertentes e em todas as suas capacidades. 2 A Domótica é o ramo das tecnologias da informação e comunicação que se ocupa da casa.REDE DE TRANSPORTES A evolução dos meios de transportes foi um dos eventos que possibilitaram ao ser humano ocupar todo o planeta, explorar os recursos da natureza nos mais diferentes lugares, ampliar o comércio e impulsionar outras atividades econômicas. O desenvolvimento da navegação marítima está diretamente relacionado com a consolidação do capitalismo comercial e a ampliação do horizonte geográfico europeu, a partir do século XV. Sem as caravelas e o desenvolvimento da cartografia, os portugueses e espanhóis no máximo contornariam a costa da Europa e da África, mas jamais teriam atravessado o oceano Atlântico. NAVEGAR É PRECISO Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso". Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça. Fernando Pessoa O desenvolvimento das primeiras civilizações se confunde com os caminhos traçados pelos rios, como se verifica no Egito, China e Índia. A construção dos primeiros canais artificiais, interligando diferentes cursos de rios, constituiu, já naquela época, as primeiras redes de transporte. O Canal Imperial – o maior canal artificial do 302 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) mundo –, por exemplo, foi construído sob a Dinastia Sui para interligar os rios Amarelo (Huang He) e Azul (Yang-Tsé) e escoar a produção agrícola entre o sul e o norte da China. A circulação de mercadorias, pessoas informações expandiu o comércio entre diferentes regiões do globo. Os egípcios, por exemplo, estabeleceram suas relações regulares com a Ásia desde 3.000 a.C. Caravanas buscavam na Síria e nos arredores do Mar Vermelho produtos como marfim, ouro, vinho e azeite. A Segunda Revolução Industrial, no final do século XIX, ocorreu ajustada a uma efetiva modernização dos meios de transportes, com o desenvolvimento da navegação e da ferrovia a vapor. O transporte rodoviário traçaria novas rotas no decorrer do século XX, possibilitando o maior alcance de carga transportada. Aquele também seria o século do avião, que se transformaria no principal meio de transporte transnacional de passageiros e de cargas leves. Na Antiguidade, as rotas comerciais tinham grande importância econômica. Atualmente, as empresas, ao definirem a localização de suas unidades, levam em conta os custos de transferência de bens (transportes) e de informações (comunicação). Por isso os sistemas de transporte e comunicação têm importância crucial. De modo geral, distinguem-se cinco categorias de meios ou modos de transportes: os dutos, as hidrovias, as ferrovias, as rodovias e as aerovias. Nos dias atuais, é possível afirmar que o desenvolvimento econômico e social de qualquer território depende da intensidade, da densidade e da qualidade da sua rede de transportes (matriz de transportes). A matriz de transportes de um país corresponde ao conjunto dos principais modais utilizados para transportar mercadorias e pessoas. Com adequação e planejamento estratégico correto chega-se a uma matriz ideal, que é aquela que permite o deslocamento no menor tempo e com preços melhores, tornando os produtos ou os serviços mais competitivos. A matriz de transportes do Brasil é considerada inadequada, portanto, ineficiente. Considerando-se as dimensões territoriais do país, o grande volume de commodities transportadas e o alto custo da manutenção do transporte rodoviário, conclui-se que, para o Brasil, o melhor modal deveria privilegiar os sistemas ferroviário e aquaviário – bem mais baratos e capazes de transportar mais produtos, com menor índice de poluição. Observe o gráfico a seguir: A melhor matriz para um país deve considerar as distâncias a serem percorridas e as necessidades econômicas, coordenando os três mais importantes modais de transportes: o aéreo, mais caro; o rodoviário, com custos intermediários; e o ferroviário, com custos bem menores. Para exemplificar os malefícios de se utilizar uma matriz de transportes inadequada e desequilibrada, podemos tomar o elevado custo dos transportes no Brasil. Esse custo não interfere apenas nas exportações, uma vez que também é repassado ao consumidor final. Com os custos elevados, entra a lógica do mercado: vende-se menos, diminuindo o consumo; em consequência, o comércio demite, a indústria corta a produção e também demite, assim, cai a produção de matéria-prima, que será cada vez menos necessária. Entretanto, ao final das contas, o setor que mais perde é o próprio setor de transportes, já que sem venda não há produção de bens ou de matéria-prima, reduzindo assim os produtos que serão transportados. A partir da exemplificação, é possível chegar à conclusão de que o modo mais adequado para o transporte de produtos seria, portanto, a complementariedade. Em vários países do globo, os três modais de transporte, hidroviário, ferroviário e rodoviário, atuam em conjunto, cada um deles é utilizado de acordo com o tipo de carga para a qual é mais adequado. Os carregamentos que constituem grandes volumes e possuem baixo valor agregado (como grãos, materiais para construção, carvão, etc.) são transportados, em geral, por meio das hidrovias, em razão de seu custo unitário menor. Em contrapartida, quando representam bens de maior valor agregado, o transporte hidroviário, por seu maior tempo de percurso, torna-se menos indicado, se comparado com os outros modais. Assim, é possível notar que existem cargas específicas para cada modal de transporte, de forma a não ser estabelecida uma relação de concorrência, mas, sim, de complementariedade. TRANSPORTE RODOVIÁRIO O transporte rodoviário detém o primeiro lugar no deslocamento de mercadorias e de pessoas. O rodoviarismo consolidou-se mundialmente a partir da expansão da indústria automobilística em meados do século XX. Esse modal apresenta uma grande flexibilidade nos itinerários, uma vez que permite o transporte porta a porta, sem necessidade de baldeação. No mundo, tem ocorrido uma densificação cada vez maior das redes rodoviárias, em razão da modernização das técnicas de construção que permitem ao homem a instalação de rodovias nas mais diversas regiões. Hoje, através de túneis e pontes, é possível transpor obstáculos antes impensáveis. Em função disso, o caminhão transformou-se em um grande rival do trem no transporte de mercadorias. Isso se deve não somente à sua grande flexibilidade, mas também aos progressos efetuados nos últimos anos, possibilitando um crescente aumento da velocidade e da capacidade de carga no modal ferroviário. O automóvel é o meio de transporte individual que permite maior autonomia e mobilidade. Consequentemente, é o meio mais utilizado no deslocamento individual entre as áreas residenciais e o trabalho ou a escola e, também, para as viagens de férias. Apesar das vantagens, o transporte rodoviário apresenta alguns inconvenientes, como a grande área ocupada pelas rodovias; o grande consumo de combustível; a maior poluição do ambiente entre as formas mais comuns de transporte, sendo um dos grandes vilões para a acentuação do efeito estufa; o desgaste das estradas e, por isso, a necessidade constante de reparos. Aula 9 – Redes 303 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de AltaConcorrência TRANSPORTE RODOVIÁRIO NO BRASIL As estradas brasileiras ficaram em segundo plano entre 1860- 1920, pois nessa época houve grande desenvolvimento das ferrovias, como forma de ligar as áreas produtoras agrárias aos portos no litoral. Porém, o declínio do transporte ferroviário no país foi decretado pelo então Presidente Juscelino Kubitschek com a implantação da indústria automobilística no país, na década de 1950. A partir desse momento, paulatinamente, a opção pelo modal rodoviário foi sendo estabelecida e consolidada, ocasionando a queda de investimentos públicos no setor ferroviário. MAPA DAS RODOVIAS E FERROVIAS QUE FAZEM PARTE DO PLANO NACIONAL DE LOGÍSITCA O Brasil é o quinto país do mundo em extensão territorial e enfrenta no século XXI, o grande desafio de remodelar a sua matriz de transportes. Num país continental como o nosso, que movimenta produtos internamente e exporta grande volume de grãos e minérios produzidos normalmente a grandes distâncias do litoral, o ideal seria utilizarmos diferentes modalidades de transportes. As rodovias são o principal meio de transporte de passageiros e cargas no país, com uma malha viária de mais de 90.000 km de estradas. Mas, segundo avaliação da Confederação Nacional dos Transportes, 58% de toda a malha rodoviária pavimentada brasileira encontrava-se em estado regular, ruim ou péssimo em 2015. Apesar de ser um dos meios de transporte mais caros, é o mais viável para curtas distâncias (até 500 km), pois possibilita a retirada da mercadoria in loco e o transporte até outro ponto com maior flexibilidade. Assim como acontece com os demais meios de transporte, a distribuição das rodovias e o estado de conservação não se apresentam de forma homogênea nas diversas regiões do país. Observa-se que a região Sudeste destaca-se quanto à presença de estradas pavimentadas. A região Centro-Oeste, apesar de apresentar maior quilometragem que a região Sul, possui apenas 4% de estradas pavimentadas. Apesar de ser o transporte mais usado no Brasil, o transporte rodoviário é mal servido por rodovias, no que diz respeito à abrangência e à eficiência. São alguns aspectos da ineficiência do transporte rodoviário: excesso de vegetação nos acostamentos; animais na pista; buracos e rachaduras no asfalto; falta de pavimentação; problemas de sinalização horizontal (faixas na pista) e vertical (placas); traçado muito sinuoso em algumas regiões, contribuindo para o aumento do índice de acidentes. TRANSPORTE DUTOVIÁRIO O transporte por dutos é feito por uma rede de canalizações por onde circulam produtos petrolíferos (oleodutos), outros fluidos (como o oxigênio) e até produtos sólidos (minerais, carvão, etc.) em solução ou em suspensão na água. Em geral, esse tipo de transporte forma uma rede em árvore, com um tronco central partindo dos terminais marítimos, conectado às ramificações em direção aos depósitos e indústrias de processamento e refino. O primeiro duto construído no planeta data de 1865 interligando a Pensilvânia a uma estação de carregamento de vagões ferroviários, oito quilômetros de distância. O primeiro duto para longas distâncias foi construído entre a Refinaria de Bayway, próximo de Nova Iorque, e a cidade de Pittsburg. TRANSPORTE HIDROVIÁRIO As vias fluviais (rios) exibem vantagens de custo em relação às ferrovias apenas em trajetos de milhares de quilômetros. Mesmo assim, não podem ser vistas como competidoras das estradas de ferro, pois sua existência está circunscrita às áreas atravessadas por rios profunda durante o ano inteiro, sem fortes desníveis e não sujeitos a prolongado conglomerado. Alguns grandes rios – como o Reno, o Ródano, o Danúbio e o Volga, na Europa; o Mississipi, nos Estados Unidos e o Amazonas, no Brasil – desempenham importantes funções nos transportes internacionais ou regionais. Na Europa de Noroeste, o transporte fluvial exibe desenvolvimento singular em razão da existência de planícies costeiras, principalmente na Holanda e na Bélgica, recortadas por uma rede densa de canais. Além disso, grandes cursos fluviais internacionais, dotados de eclusas, têm foz nos mares do Norte e Báltico. A navegação oceânica constitui, em termos quantitativos, o principal modo de transporte intercontinental de cargas. As cargas subdividem-se em três categorias: líquidos (petróleo e derivados), que representam amis de 40% do volume total; secos (como carvão, minérios, produtos florestais e agrícolas) e produtos finais (máquinas, equipamentos de transporte, alimentos e manufaturados em geral). O transporte marítimo ganhou forte impulso no século XIX, com os navios a vapor. A construção do Canal de Suez, inaugurado em 1869, possibilitou a ligação entre os mares Mediterrâneo e Vermelho, reduzindo as distâncias e o custo dos trajetos entre a Europa e a região do Oceano Índico. Mais tarde, o canal tornou-se 304 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE GEOGRAFIA – (Prof. Italo Trigueiro) a principal rota de petroleiros entre a área produtora do Golfo Pérsico e os mercados consumidores europeus. No entanto, para que os navios petroleiros cheguem ao Canal de Suez, é preciso transpor dois estreitos estratégicos: o de Bab el Mande e o de Ormuz. O estreito de Bab el Mandeb interliga o Mar Vermelho e o Oceano Índico, numa estreita passagem de 50 quilômetros que, caso fosse fechada, causaria enormes prejuízos, pois forçaria as embarcações a contornar o continente africano pelo Cabo da Boa Esperança. O Estreito de Ormuz, por sua vez, serve como porta de saída para o Oceano Índico de 88% do petróleo exportado do Golfo Pérsico. A construção do Canal do Panamá, completada em 1914, interligou os oceanos Atlântico e Pacífico por meio do istmo centro- americano. No início, o canal funcionou como rota entre a costa leste e oeste dos Estados Unidos. Depois, tornou-se a principal via de circulação entre o leste dos Estados Unidos e a Europa Ocidental, de um lado, e os países da Bacia do Pacífico, do outro. Todo esse tráfego converge para um ponto estratégico, o Estreito de Málaca, localizado entre a Malásia e a Indonésia. Com extensão de 800 quilômetros e variando de 50 a 300 quilômetros de largura, é o maior estreito utilizado pela navegação internacional. Por ali passam cerca de 50 mil navios por ano, o que representa 30% do comércio mundial e 80% do Japão. Embora as redes de oleodutos sejam uma alternativa para o transporte de petróleo, como ocorre entre a região do Mar Cáspio e a Europa Central, a opção por navio ainda é mais barata. A construção de cargueiros cada vez maiores é uma tendência para manter baixos os custos de fretes, mas algumas classes de superpetroleiros e supergraneleiros, por causa do seu calado, não podem passar pelos canais transoceânicos ou mesmo por certos estreitos do Sudeste Asiático. Assim, as rotas pelo Cabo da Boa Esperança, no sul da África, e pelo Estreito de Magalhães, no sul da América, foram revalorizadas. Ao mesmo tempo, velhos portos foram ampliados, com a modernização de seus equipamentos, e surgiram inúmeros novos terminais especializados. A localização dos maiores portos oceânicos reflete a distribuição dos principais fluxos mundiais de comércio e a situação geográfica dos polos econômicos globais. O Porto de Roterdã (Holanda), junto à foz do Rio Reno, concentra grande parte do comércio das áreas mais industrializadas da União Europeia e movimenta cerca de 300 milhões de toneladas de carga ao ano. Apenas o Porto de Cingapura, no estratégico Estreito de Málaca, tem movimento comparável. Os principais portos do mundo distribuem-se nos países do Pacífico asiático, da Europa Ocidental e nos Estados Unidos. O Full-Conteiner da Hyndai Faith nos portos brasileiros. Numa época de crescente globalização econômica, a situação das economias nacionais em relação aos mares écrucial. Uma das notáveis vantagens comparativas dos países asiáticos de industrialização recente consiste no fato de estarem localizados em rotas oceânicas destacadas. Já o continente africano, em virtude do traçado de suas fronteiras políticas, apresenta a desvantagem de concentrar países sem saídas marítimas. Nesses países, conectados a portos estrangeiros por ferrovias arcaicas ou rodovias precárias, os custos toais de transporte chegam a representar 40% do valor das exportações. TRANSPORTE AÉREO O transporte aéreo compartilha com a navegação oceânica a característica de utilizar vias de circulação naturais. Como inicialmente os aviões não tinham muita autonomia de voo, as primeiras rotas internacionais foram traçadas entre cidades mais próximas do percurso e sem se distanciar muito da costa dos continentes ou de ilhas de apoio. A aviação comercial desenvolve-se apenas após a Segunda Guerra Mundial, estabelecendo uma nova referência de velocidade de deslocamento. Para garantir a segurança de voo, os aviões deslocam-se no interior de corredores aéreos estritamente definidos. As rotas internacionais e os direitos de sobrevoo e aterrissagem por razões geopolíticas, são objetos de negociações entre os Estados. Os elevados custos de deslocamento por via aérea limitam os tipos de carga transportados às mercadorias finais de alto valor e baixo peso unitário e aos objetos de entrega urgente. Produtos eletrônicos, joias, relógios, equipamentos médicos e científicos estão entre as mercadorias que geralmente seguem por avião. Apesar de o volume de mercadorias transportadas por via aérea ser desprezível, esse modo de transporte de cargas torna-se bastante significativo quando medido em termos de valor monetário: pouco mais de 40% do montante total do comércio internacional viaja pelos aviões. Ainda assim, o deslocamento de passageiros é mais importante para a viação comercial que o transporte de cargas. Há décadas, o avião suplantou o navio como modo de transporte de pessoas por longas distâncias. Em 2012, as companhias aéreas transportam 4,9 bilhões de passageiros, e a tendência é de crescimento. Calcula-se que até 2025 o número de passageiros do tráfego aéreo crescerá 5%. O aumento da demanda deflagrou uma tendência de Aula 9 – Redes 305 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência construção de aeronaves cada vez maiores e a implantação de vastos aeroportos sempre mais distantes das principais aglomerações urbanas. O tráfego de passageiros organiza-se em torno de grandes rotas aéreas internacionais, que se concentram nos países desenvolvidos, e das maiores rotas nacionais, que se concentram em países de vastos territórios. Nos Estados Unidos, encontram-se as mais movimentadas rotas aéreas e os principais aeroportos do mundo em tráfego de passageiros. O elevado poder aquisitivo do mercado consumidor, as longas distâncias internas e o papel de liderança na economia mundial conjugam-se para garantir a supremacia estadunidense na aviação civil. PRINCIPAIS AEROPORTOS EM MOVIMENTO DE PASSAGEIROS – 2012 POSIÇÃO CIDADE TOTAL 1 Atlanta (EUA) 89.379.287 2 Chicago (EUA) 76.177.855 3 Londres (RUN) 68.068.304 4 Tóquio (JAP) 66.823.414 5 Los Angeles (EUA) 61.896.075 6 Paris (FRA) 59.922.177 7 Dallas (EUA) 59.786.476 8 Frankfurt (ALE) 54.161.856 9 Beijing (CHN) 53.583.664 10 Madri (ESP) 52.122.702 Fonte: Airports Conucil International. TRANSPORTE FERROVIÁRIO O desenvolvimento do transporte ferroviário está atrelado ao advento da Primeira Revolução Industrial, quando surgiu na Inglaterra, em 1830, a primeira estrada de ferro. O seu rápido desenvolvimento acelerou a industrialização, reduziu o isolamento das áreas rurais e contribuiu para o crescimento de muitas áreas urbanas. O transporte ferroviário tem por principais características a capacidade de transportar cargas de grandes volumes, como as commodities; a elevada eficiência energética, o que o torna barato a médias e grandes distâncias; e, além disso, é pouco poluente. Por suas características gerais, o modal ferroviário é muito adequado para o transporte de: produtos siderúrgicos; grãos; minério de ferro; cimento e cal; adubos e fertilizantes; derivados de petróleo; calcário; carvão mineral; contêineres. Com o passar dos anos, os avanços tecnológicos permitiram a superação de diversos obstáculos naturais (vales, rios, montanhas, etc.) através da construção de pontes, túneis e viadutos, o que permitiu a ampliação da malha ferroviária nas mais diversas regiões. Apesar das várias vantagens oferecidas pelo modal ferroviário, a estrada de ferro tem um grande inconveniente: o caráter fixo dos itinerários (só pode circular ao longo dos trilhos), sendo necessária a integração com outros meios de transporte, diminuindo-lhe a flexibilidade. Isso faz com que a ferrovia enfrente uma enorme concorrência em relação ao transporte rodoviário, que, por ser mais flexível, tem tirado uma parte significativa do transporte de mercadorias e passageiros feito através das ferrovias. Porém, os sucessivos melhoramentos nesse tipo de transporte, principalmente no que se refere ao aumento da velocidade e conforto, reduziram a concorrência do modal ferroviário em relação ao rodoviário no transporte de passageiros. Simultaneamente, tornou-se também um forte concorrente do avião, no transporte doméstico em caráter regional, nacional ou, até, continental. O trem de alta velocidade, como o TGV (Train Grand Vitesse), pode ser considerado o símbolo da modernização da estrada de ferro. Segundo um projeto da União Europeia, será construída uma vasta rede transeuropeia do TGV, que permitirá ligar muitas cidades europeias e, consequentemente, encurtará a duração das viagens entre elas. TRANSPORTE FERROVIÁRIO NO BRASIL A nossa primeira ferrovia foi construída pela Imperial Companhia de Estradas de Ferro, fundada pelo Visconde de Mauá, ligando o Porto de Mauá, na Baía de Guanabara, à Serra da Estrela, no caminho de Petrópolis. Tinha uma extensão de 14,5km e bitola de 1m (1854). Logo a seguir, outras surgiram no Nordeste, Recôncavo Baiano e, principalmente, em São Paulo, para servir à economia cafeeira, então em franco desenvolvimento (Estradas do Café). Eram, em geral, construídas ou financiadas por capitais ingleses que visavam somente à satisfação de seus interesses comerciais, sem o mínimo de planejamento. Entre 1870 e 1920, vivíamos uma verdadeira “Era das Ferrovias”, sendo que o crescimento médio destas era de 6 000km por década. Observe o exposto abaixo: • 1855 – E.F. D. Pedro ll (E.F.C.B.); • 1868 – E.F. Santos–Jundiaí; • 1868 – Companhia Paulista de Estradas de Ferro; • 1872 – Companhia de Estradas de Ferro São Paulo–Rio de Janeiro; • 1872 – Companhia Mogiana de Estradas de Ferro. Após 1920, com o advento da era do automóvel, as ferrovias entraram numa fase de estagnação, não tendo se recuperado até hoje. Neste quadro, notamos que, hoje, o Brasil é um país pobre em ferrovias, e que estas se encontram irregularmente distribuídas pelo território, pois enquanto a Região Sudeste concentra quase metade (47%) das ferrovias do país, as Regiões Norte e Centro- Oeste, juntas, concentram apenas 8%. BRASIL: DENSIDADE DE FERROVIÁRIA E TRAÇADO DAS FERROVIAS Fonte: IBGE SEMANA 09 - GEOGRAFIA II - REDES - TRIGUEIRO Sob o ponto de vista histórico, o meio geográfico pode ser dividido em quatro períodos: meio natural, meio técnico, meio técnico-científico e meio técnico-científico-informacional. MEIO NATURAL: Quando o ser humano era apenas caçador e coletor, um nômade sobrevivia através da caça e coleta. MEIO TÉCNICO: Quando o ser humano passa a domesticar animais e se deslocar a longas distâncias. Além do desenvolvimento de atividades agrícolas, a construção de abrigos e a criação de ferramentas para facilitar as atividades diárias.Essa frase pode... MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO: Há cerca de 250 anos, o avanço da ciência criou condições para a invenção de máquinas que modificaram radicalmente e com muita rapidez o modo de vida no planeta. A tecnologia adquiriu um papel cada vez mais importante. O con... MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL: Atualmente a sociedade vive cercada pela utilização de tecnologias da informação (telecomunicações e telemática). Do ponto de vista econômico, da mesma forma a economia tradicional precisa de infraestrutura, co...
Compartilhar