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174 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
Aula 17 - Realismo e Naturalismo 
 
Nas opções abaixo, todos os textos são de autoria de Oswald de 
Andrade, autor modernista, que criou uma ampla interpretação da 
cultura brasileira em poemas curtos e humorados. Assinale a 
opção em que o poema de Oswald de Andrade descreve uma 
situação similar àquela narrada no fragmento do romance O 
cortiço. 
 
a) Os selvagens 
Mostraram-lhes uma galinha 
Quase haviam medo dela 
E não queriam pôr a mão 
E depois a tomaram como espantados 
b) Relicário 
No baile da Corte 
Foi o Conde d'Eu quem disse 
Pra Dona Benvinda 
Que farinha de Suruí 
Pinga de Parati 
Fumo de Baependi 
É comê bebê pitá e caí 
c) Pobre alimária 
O cavalo e a carroça 
Estavam atravancados no trilho 
E como o motorneiro se impacientasse 
Porque levava os advogados para os escritórios 
Desatravancaram o veículo 
E o animal disparou 
Mas o lesto carroceiro 
Trepou na boleia 
E castigou o fugitivo atrelado 
Com um grandioso chicote 
d) Crônica 
Era uma vez 
O mundo. 
e) O Capoeira 
– Qué apanhá sordado? 
– O quê? 
– Qué apanhá? 
Pernas e cabeças na calçada. 
 
Questão 04 (Ufjf-pism 2 2015) 
A frase “Era uma questão de ódio velho”, que conclui o fragmento 
citado do romance O cortiço, de Aluísio de Azevedo, revela um 
problema das relações sociais no Brasil, que fica melhor 
caracterizado como: 
a) a indefinição entre ordem pública e vida privada. 
b) a violência do Estado contra as classes populares. 
c) as manifestações populares contra a polícia. 
d) a violência pelo uso de armas de fogo. 
e) a falta de acesso do povo à cultura. 
 
Questão 05 (Fuvest 2017) 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 3 QUESTÕES: 
CAPÍTULO LIII 
 
Virgília é que já se não lembrava da meia dobra; toda ela 
estava concentrada em mim, nos meus olhos, na minha vida, no 
meu pensamento; – era o que dizia, e era verdade. 
Há umas plantas que nascem e crescem depressa; outras 
são tardias e pecas. O nosso amor era daquelas; brotou com tal 
ímpeto e tanta seiva, que, dentro em pouco, era a mais vasta, 
folhuda e exuberante criatura dos bosques. Não lhes poderei dizer, 
ao certo, os dias que durou esse crescimento. Lembra-me, sim, 
que, em certa noite, abotoou-se a flor, ou o beijo, se assim lhe 
quiserem chamar, um beijo que ela me deu, trêmula, – coitadinha, 
– trêmula de medo, porque era ao portão da chácara. Uniu-nos 
esse beijo único, – breve como a ocasião, ardente como o amor, 
1prólogo de uma vida de delícias, de terrores, de remorsos, de 
2prazeres que rematavam em dor, de aflições que desabrochavam 
em alegria, – uma 3hipocrisia paciente e sistemática, único freio de 
uma 4paixão sem freio, – vida de agitações, de cóleras, de 
desesperos e de ciúmes, que uma hora pagava à farta e de sobra; 
mas outra hora vinha e engolia aquela, como tudo mais, para 
deixar à tona as agitações e o resto, e o resto do resto, que é o 
fastio e a saciedade: tal foi o 5livro daquele prólogo. 
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. 
 
Dentre os recursos expressivos empregados no texto, tem papel 
preponderante a : 
a) metonímia (uso de uma palavra fora do seu contexto semântico 
normal, com base na relação de contiguidade existente entre ela e 
o referente). 
b) hipérbole (ênfase expressiva resultante do exagero da 
significação linguística). 
c) alegoria (sequência de metáforas logicamente ordenadas). 
d) sinestesia (associação de palavras ou expressões em que 
ocorre combinação de sensações diferentes numa só impressão). 
e) prosopopeia (atribuição de sentimentos humanos ou de palavras 
a seres inanimados ou a animais). 
 
Questão 06 (Fuvest 2017) 
Considerado no contexto de Memórias póstumas de Brás Cubas, o 
“livro” dos amores de Brás Cubas e Virgília, apresentado no breve 
capítulo aqui reproduzido, configura uma 
a) demonstração da tese naturalista que postula o fundamento 
biológico das relações amorosas. 
b) versão mais intensa e prolongada da típica sequência de 
animação e enfado, característica da trajetória de Brás Cubas. 
c) incorporação, ao romance realista, dos triângulos amorosos, 
cuja criação se dera durante o período romântico. 
d) manifestação da liberdade que a condição de defunto-autor dava 
a Brás Cubas, permitindo-lhe tratar de assuntos proibidos em sua 
época. 
e) crítica à devassidão que grassava entre as famílias da elite do 
Império, em particular, na Corte. 
 
Questão 07 (Fuvest 2017) 
No último período do texto, o ritmo que o narrador imprime ao 
relato de seus amores corresponde, sobretudo, ao que se encontra 
expresso em 
a) “prólogo de uma vida de delícias” (ref. 1). 
b) “prazeres que rematavam em dor” (ref. 2). 
c) “hipocrisia paciente e sistemática” (ref. 3). 
d) “paixão sem freio” (ref. 4). 
e) “o livro daquele prólogo” (ref. 5). 
 
 
 
 
CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) 
 
 
 
 
 
175 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
 
Questão 08 (Enem 2014) 
O mulato 
 Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero 
dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava 
modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; 
tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes 
lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de 
agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha 
de contralto que fazia gosto de ouvir. 
 Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: 
“Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa 
nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que 
estrangulava todas as outras ideias. 
 – Mulato! 
 Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos 
escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. 
Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as 
reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e 
a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e 
de sangue. 
AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento). 
 
O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, 
vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador 
expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois 
a) relaciona a posição social a padrões de comportamento e à 
condição de raça. 
b) apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no 
século XIX. 
c) mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes 
entre homens e mulheres. 
d) ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender 
socialmente. 
e) critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos 
dispensados aos negros. 
 
Questão 09 (Pucrs 2007) 
Para responder à questão, leia o fragmento do romance "O 
cortiço", de Aluísio Azevedo e as afirmativas que seguem. 
E maldizia soluçando a hora em que saíra da sua terra; essa boa 
terra 1cansada, velha como que 2enferma; essa boa terra tranquila, 
sem sobressaltos nem desvarios de juventude. Sim, lá os campos 
eram 3frios e melancólicos, de um verde alourado e quieto, e não 
ardentes e esmeraldinos e afogados em tanto sol e em tanto 
perfume como o deste inferno, onde em cada folha que se pisa há 
debaixo um réptil venenoso, como em cada flor que desabotoa e 
em cada moscardo que adeja há um vírus de lascívia. Lá, nos 
saudosos campos da sua terra, não se ouvia em noites de lua clara 
roncar a onça e o maracajá, nem pela manhã ao romper do dia, 
rilhava o bando truculento das queixadas, lá não varava pelas 
florestas a anta feia e terrível, quebrando árvores; lá a sucuruju não 
chocalhava a sua campainha fúnebre, anunciando a morte, nem a 
coral esperava traidora o viajante descuidado para lhe dar o bote 
certeiro e decisivo; 4lá o seu homem não seria anavalhado pelo 
ciúme de um capoeira; 5lá Jerônimo seria ainda o mesmo esposo 
casto, silencioso e meigo; seria o mesmo lavrador triste e 
contemplativo como o gadoque à tarde levanta para o céu de 
opala o seu olhar humilde, compungido e bíblico. 
I. A diferença entre a velha e a nova terra é marcada pela força da 
natureza que transforma a vida e o comportamento do homem. 
II. Expressões como "cansada", "enferma", "frios e melancólicos", 
nas referências 1, 2 e 3 respectivamente, assumem uma 
conotação positiva para a mulher de Jerônimo, ao definirem o 
espaço da felicidade perdida na velha terra. 
III. As ações dos animais, pintadas com os tons fortes do 
Naturalismo, narram os perigos que Jerônimo e sua mulher vivem 
na selva. 
IV. A expressão "lá", nas referências 4 e 5, indica o espaço das 
virtudes do marido, da paz doméstica e de uma vida simples e 
tranquila. 
Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas apenas 
a) I e III. b) II e III. c) III e IV. 
d) I, II e IV. e) II, III e IV. 
 
Questão 10 (Ufsm 2015) 
Bom-Crioulo não pensou em dormir, cheio, como estava, de ódio e 
desespero. [...] 
Amigado, o Aleixo! [...] Amigar-se, viver com uma mulher, sentir o 
contato de outro corpo que não o seu, deixar-se beijar, morder, nas 
ânsias do gozo, por outra pessoa que não o Bom-Crioulo!... 
Agora é que tinha um desejo enorme, uma sofreguidão louca de 
vê-lo rendido, a seus pés [...] As palavras de Herculano (aquela 
história do grumete com uma rapariga) tinham-lhe despertado o 
sangue, fora como uma espécie de urtiga brava arranhando-lhe a 
pele, excitando-o, enfurecendo-o de desejo. [...] Não, não era 
somente o gozo comum, a sensação ordinária, o que ele queria 
depois das palavras de Herculano: era o prazer brutal, doloroso, 
fora de todas as leis, de todas as normas... 
Fonte: CAMINHA, 2002. p. 108-109. 
 
No trecho destacado, predominam as seguintes características da 
narrativa de Adolfo Caminha: 
a) a temática da sexualidade e a análise detalhista do meio. 
b) a temática da sexualidade e a prevalência do instinto sobre a 
razão. 
c) a prevalência do instinto sobre a razão e a análise detalhista do 
meio. 
d) a corrupção moral e religiosa e a análise social da personagem. 
e) a temática da sexualidade e o dilema ético do protagonista. 
 
Questão 11 (PUCRS 2008) 
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias 
acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas, mas só um 
ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer 
compras na venda; ensarilhavam-se discussões e resingas; 
ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. 
Sentia-se naquela fermentação sanguínea, naquela gula viçosa de 
plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e 
nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação 
de respirar sobre a terra. 
Da porta da venda que dava para o cortiço iam e vinham como 
formigas; fazendo compras. 
Sobre o texto, afirma-se: 
I. O lugar é descrito por meio de ações e sensações que remetem 
à presença humana. 
II. A imagem do formigueiro pode ser associada ao contexto que 
automatiza as pessoas. 
III. As referências às sensações auditivas remetem a aspectos 
individuais das personagens. 
IV. A vida na pequena comunidade harmoniza-se com a natureza. 
 
 
 
 
 
 176 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
Aula 17 - Realismo e Naturalismo 
 
As afirmativas corretas são: 
a) I e II, apenas. 
b) I e III, apenas. 
c) II e IV, apenas. 
d) III e IV, apenas. 
e) I, II, III e IV. 
 
Questão 12 (Fuvest 2012) 
TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 4 QUESTÕES 
Passaram-se semanas. Jerônimo tomava agora, todas as manhãs, 
uma xícara de café bem grosso, à moda da Ritinha, e 1tragava dois 
dedos de parati 2“pra cortar a friagem”. 
Uma 3transformação, lenta e profunda, operava-se nele, dia a dia, 
hora a hora, 4reviscerando-lhe o corpo e 5alando-lhe os sentidos, 
num 6trabalho misterioso e surdo de crisálida. A sua energia 
afrouxava lentamente: fazia-se contemplativo e amoroso. A vida 
americana e a natureza do Brasil 7patenteavam-lhe agora aspectos 
imprevistos e sedutores que o comoviam; esquecia-se dos seus 
primitivos sonhos de ambição, para idealizar felicidades novas, 
picantes e violentas; 8tornava-se liberal, imprevidente e franco, 
mais amigo de gastar que de guardar; adquiria desejos, tomava 
gosto aos prazeres, e volvia-se preguiçoso, 9resignando-se, 
vencido, às imposições do sol e do calor, muralha de fogo com que 
o espírito eternamente revoltado do último tamoio entrincheirou a 
pátria contra os conquistadores aventureiros. 
E assim, pouco a pouco, se foram reformando todos os seus 
hábitos singelos de aldeão português: e Jerônimo abrasileirou-se. 
(...) 
E o curioso é que, quanto mais ia ele caindo nos usos e costumes 
brasileiros, tanto mais os seus sentidos se apuravam, 10posto que 
em detrimento das suas forças físicas. Tinha agora o ouvido menos 
grosseiro para a música, compreendia até as intenções ,poéticas 
dos sertanejos, quando cantam à viola os seus amores infelizes; 
seus olhos, dantes só voltados para a esperança de tornar à terra, 
agora, como os olhos de um marujo, que se habituaram aos largos 
horizontes de céu e mar, já se não revoltavam com a turbulenta 
luz, selvagem e alegre, do Brasil, e abriam-se amplamente defronte 
11dos maravilhosos despenhadeiros ilimitados e das cordilheiras 
sem fim, donde, de espaço a espaço, surge um monarca gigante, 
que o sol veste de ouro e ricas pedrarias refulgentes e as nuvens 
toucam de alvos turbantes de cambraia, num luxo oriental de 
arábicos príncipes voluptuosos. 
Aluísio Azevedo, O cortiço. 
 
Ao comparar Jerônimo com uma crisálida, o narrador alude, em 
linguagem literária, a fenômenos do desenvolvimento da borboleta, 
por meio das seguintes expressões do texto: 
I. “transformação, lenta e profunda” (ref.3); 
II. “reviscerando” (ref.4); 
III. “alando” (ref.5); 
IV. “trabalho misterioso e surdo” (ref.6). 
 
Tais fenômenos estão corretamente indicados em 
a) I, apenas. 
b) I e II, apenas. 
c) III e IV, apenas. 
d) II, III e IV, apenas. 
e) I, II, III e IV. 
 
 
 
Questão 13 (Fuvest 2012) 
Os costumes a que adere Jerônimo em sua transformação, 
relatada no excerto, têm como referência, na época em que se 
passa a história, o modo de vida 
a) dos degredados portugueses enviados ao Brasil sem a 
companhia da família. 
b) dos escravos domésticos, na região urbana da Corte, durante o 
Segundo Reinado. 
c) das elites produtoras de café, nas fazendas opulentas do Vale 
do Paraíba fluminense. 
d) dos homens livres pobres, particularmente em região urbana. 
e) dos negros quilombolas, homiziados em refúgios isolados e 
anárquicos. 
 
Questão 14 (Fuvest 2012) 
Considere as seguintes afirmações, relacionadas ao excerto de O 
cortiço: 
I. O sol, que, no texto, se associa fortemente ao Brasil e à “pátria”, 
é um símbolo que percorre o livro como manifestação da natureza 
tropical e, em certas passagens, representa o princípio masculino 
da fertilidade. 
II. A visão do Brasil expressa no texto manifesta a ambiguidade do 
intelectual brasileiro da época em que a obra foi escrita, o qual 
acatava e rejeitava a sua terra, dela se orgulhava e envergonhava, 
nela confiava e dela desesperava. 
III. O narrador aceita a visão exótico-romântica de uma natureza 
(brasileira) poderosa e transformadora, reinterpretando-a em chave 
naturalista. 
 
Aplica-se ao texto o que se afirma em 
a) I, somente. 
b) II, somente. 
c) II e III, somente. 
d) I e III, somente. 
e) I, II e III. 
 
Questão 15 (Fuvest 2012) 
Um traço cultural que decorre da presença da escravidão no Brasil 
e que está implícito nas considerações do narrador do excerto é a 
a) desvalorização da mestiçagem brasileira. 
b) promoção da música a emblema da nação. 
c) desconsideração do valor do trabalho. 
d) crença na existência de um caráter nacional brasileiro. 
e) tendência ao antilusitanismo. 
 
 
 
 
 
 
CURSO ANUAL DE LITERATURA 
Prof. Steller de Paula 
VestCursos – Especialistaem Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
 
 
AULA 18 - REALISMO – MACHADO DE 
ASSIS 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA: 
 
Poesia 
Crisálidas, 1864; Falenas, 1870; Americanas, 1875; Poesias 
completas, 1901. 
 
Romance 
Românticos: Ressurreição, 1872; A mão e a luva, 1874; Helena, 
1876; Iaiá Garcia, 1878. 
Realistas: Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881; Quincas 
Borba, 1891; 
Dom Casmurro, 1899; Esaú Jacó, 1904; Memorial de Aires, 1908. 
 
Conto: 
Contos Fluminenses,1870; Histórias da meia-noite, 1873; Papéis 
avulsos, 1882; Histórias sem data, 1884; Várias histórias, 1896; 
Páginas recolhidas, 1899; Relíquias de casa velha, 1906. 
 
Teatro 
Queda que as mulheres têm para os tolos, 1861; Desencantos, 
1861; Hoje avental, amanhã luva, 1861; O caminho da porta, 1862; 
O protocolo, 1862; Quase ministro, 1863; Os deuses de casaca, 
1865; Tu, só tu, puro amor, 1881. 
 
 
MACHADO DE ASSIS E O REALISMO PSICOLÓGICO 
Com Memórias Póstumas de Brás Cubas, em 1881, Machado de 
Assis não só inaugurou o Realismo no Brasil, como introduziu, em 
nossa literatura, o romance psicológico. Machado mergulha nos 
pensamentos dos personagens, expondo-os e expondo toda a 
complexidade humana, revelando contradições internas, 
ambiguidades, crises existenciais e contrastes entre essência e 
aparência. 
Assim, avultam personagens hipócritas, dissimulados, que, para 
transitar com competência pelo meio social em que se inserem e 
alcançar seus objetivos, precisam mentir, mascarar seus reais 
interesses, camuflar suas ações. 
O principal interesse de Machado é pelo o Humano, por nossa 
complexidade, pela profusão de sentimentos que motivam nossas 
ações: amor, ciúme, insegurança, vaidade, ambição, cobiça, medo, 
devoção, instinto de sobrevivência, sadismo... Seus personagens 
refletem a humanidade, no que lhe é atemporal e universal. 
Machado, ao contrário dos naturalistas, entende que nenhum 
“ismo”, seja ele científico, filosófico, ou religioso é capaz de definir 
o ser humano; por isso despreza a visão fatalista da existência e a 
extrema objetividade que marcou o Naturalismo e assume uma 
postura mais cética, mais questionadora. 
Mas Machado é também um analista social. Suas obras 
desmascaram a burguesia, criticam suas instituições, refletem a 
sociedade brasileira do final do século XIX, com o que ela tinha de 
reflexo daquele período histórico, mas também com aquilo que 
perduraria na nossa estrutura social pelos séculos posteriores. 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REALISMO DE MACHADO DE 
ASSIS 
- Visão crítica da realidade, rompendo com a idealização 
romântica. 
 “Virgília? Mas então era a mesma senhora que alguns 
anos depois?... A mesma; era justamente a senhora, que em 1869 
devia assistir aos meus últimos dias, e que antes, muito antes, teve 
larga parte nas minhas mais íntimas sensações. Naquele tempo 
contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais 
atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais 
voluntariosa. Não digo que ia lhe coubesse a primazia da beleza, 
entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o 
autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e 
espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto 
nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos 
da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o 
indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. 
Era isto Virgília, e era clara, muito clara, faceira, ignorante, pueril, 
cheia de uns ímpetos misteriosos; muita preguiça e alguma 
devoção, — devoção, ou talvez medo; creio que medo.” – 
Memórias Póstumas de Brás Cubas 
 
- Visão objetiva e pessimista da vida, do mundo e das 
pessoas. 
“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a 
celebridade do emplasto, não fui ministro, não fui califa, não 
conheci o casamento. Verdade é que, ao lado dessas faltas, 
coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor do meu 
rosto. Mais; não padeci a morte de D. Plácida, nem a 
semidemência do Quincas Borba. Somadas umas coisas e outras, 
qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e 
conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal; 
porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um 
pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de 
negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o 
legado da nossa miséria.” – Memórias Póstumas de Brás Cubas 
 
 
 
 
 178 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência 
Aula 18 – Realismo – Machado De Assis 
 
“— Assim, pois, o sacristão da Sé, um dia, ajudando à 
missa, viu entrar a dama, que devia ser sua colaboradora na vida 
de D. Plácida. 
Viu-a outros dias, durante semanas inteiras, gostou, 
disse-lhe alguma graça, pisou-lhe o pé, ao acender os altares, nos 
dias de festa. Ela gostou dele, acercaram-se, amaram-se. Dessa 
conjunção de luxúrias vadias brotou D. Plácida. É de crer que D. 
Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia 
dizer aos autores de seus dias: — Aqui estou. Para que me 
chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe 
responderiam. — Chamamos-te para queimar os dedos nos 
tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de 
um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando, com o fim de 
tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, 
amanhã resignada, mas sempre com as mãos no tacho e os olhos 
na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso 
que te chamamos, num momento de simpatia.” – Memórias 
Póstumas de Brás Cubas 
 
“Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras 
humanas, sejam velhas ou novas. Onze meses depois, Ezequiel 
morreu de uma febre tifoide, e foi enterrado nas imediações de 
Jerusalém, onde os dois amigos da universidade lhe levantaram 
um túmulo com esta inscrição, tirada do profeta Ezequiel, em 
grego: "Tu eras perfeito nos teus caminhos”. Mandaram-me ambos 
os textos, grego e latino, o desenho da sepultura, a conta das 
despesas e o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o triplo para 
não tornar a vê-lo. 
Como quisesse verificar o texto, consultei a minha 
Vulgata, e achei que era exato, mas tinha ainda um complemento: 
"Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação”. 
Parei e perguntei calado: "Quando seria o dia da criação de 
Ezequiel?" Ninguém me respondeu. Eis aí mais um mistério para 
ajuntar aos tantos deste mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui 
ao teatro.” – Dom Casmurro 
 
- Crítica irônica das situações humanas, das relações entre as 
pessoas e dos padrões de comportamento. Casamento, 
família, religião (ideias burguesas) são envenenados pelo 
interesse, pelas segundas intenções e pela malícia. 
 
*Família: “Cresci; e nisso é que a família não interveio; cresci 
naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos. Talvez os 
gatos são menos matreiros, e com certeza, as magnólias são 
menos inquietas do que eu era na minha infância. Um poeta dizia 
que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, vejamos alguns 
lineamentos do menino. 
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino diabo”; e 
verdadeiramente não era outra coisa; fui dos mais malignos do 
meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Por 
exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque me 
negara uma colher do doce de coco que estava fazendo, e, não 
contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao tacho, e, 
não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe que a escrava é 
que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha apenas seis anos. 
Prudêncio, um moleque de casa, era o meu cavalo de todos os 
dias; punha as mãos no chão, recebia um cordel nos queixos, à 
guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso, com uma varinha na mão, 
fustigava-o, dava mil voltas a um e outro lado, e ele obedecia, — 
algumas vezes gemendo, — mas obedecia sem dizer palavra, ou, 
quando muito, um — “ai, nhonhô!” — ao que eu retorquia: — “Cala 
a boca, besta!”— Esconder os chapéus das visitas, deitar rabos de 
papel a pessoas graves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar 
beliscões nos braços das matronas, e outras muitas façanhas 
deste jaez, eram mostras de um gênio indócil, mas devo crer que 
eram também expressões de um espírito robusto, porque meu pai 
tinha-me em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à 
vista de gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-
me beijos. 
Não se conclua daqui que eu levasse todo o resto da minha vida a 
quebrar a cabeça dos outros nem a esconder-lhes os chapéus; 
mas opiniático, egoísta e algo contemptor dos homens, isso fui; se 
não passei o tempo a esconder-lhes os chapéus, alguma vez lhes 
puxei pelo rabicho das cabeleiras. 
Outrossim, afeiçoei-me à contemplação da injustiça humana, 
inclinei-me a atenuá-la, a explicá-la, a classifiquei-a por partes, a 
entendê-la, não segundo um padrão rígido, mas ao sabor das 
circunstâncias e lugares. Minha mãe doutrinava-me a seu modo, 
fazia-me decorar alguns preceitos e orações; mas eu sentia que, 
mais do que as orações, me governavam os nervos e o sangue, e 
a boa regra perdia o espírito, que a faz viver, para se tornar uma vã 
fórmula. De manhã, antes do mingau, e de noite, antes da cama, 
pedia a Deus que me perdoasse, assim como eu perdoava aos 
meus devedores; mas entre a manhã e a noite fazia uma grande 
maldade, e meu pai, passado o alvoroço, dava-me pancadinhas na 
cara, e exclamava a rir: Ah! brejeiro! ah! brejeiro! 
Sim, meu pai adorava-me. Minha mãe era uma senhora fraca, de 
pouco cérebro e muito coração, assaz crédula, sinceramente 
piedosa, — caseira, apesar de bonita, e modesta, apesar de 
abastada; temente às trovoadas e ao marido. O marido era na 
Terra o seu deus. Da colaboração dessas duas criaturas nasceu a 
minha educação, que, se tinha alguma coisa boa, era no geral 
viciosa, incompleta, e, em partes, negativa. 
(...) 
O que importa é a expressão geral do meio doméstico, e essa aí 
fica indicada, — vulgaridade de caracteres, amor das aparências 
rutilantes, do arruído, frouxidão da vontade, domínio do capricho, e 
o mais. Dessa terra e desse estrume é que nasceu esta flor.” – 
Memórias Póstumas de Brás Cubas 
 
*Relações Amorosas: “Teve duas fases a nossa paixão, ou 
ligação, ou qualquer outro nome, que eu de nomes não curo, teve 
a fase consular e a fase imperial. Na primeira, que foi curta, 
regemos o Xavier e eu, sem que ele jamais acreditasse dividir 
comigo o governo de Roma; mas, quando a credulidade não pôde 
resistir à evidência, o Xavier depôs as insígnias, e eu concentrei 
todos os poderes na minha mão; foi a fase cesariana. 
Era meu o universo; mas, ai triste! não o era de graça. Foi-me 
preciso coligir dinheiro, multiplicá-lo, inventá-lo. Primeiro explorei as 
larguezas de meu pai; ele dava-me tudo o que eu lhe pedia, sem 
repreensão, sem demora, sem frieza; dizia a todos que eu era 
rapaz e que ele o fora também. Mas a tal extremo chegou o abuso, 
que ele restringiu um pouco as franquezas, depois mais, depois 
mais. Então recorri a minha mãe, e induzi-a a desviar alguma 
coisa, que me dava às escondidas. Era pouco; lancei mão de um 
recurso último: entrei a sacar sobre a herança de meu pai, a 
assinar obrigações, que devia resgatar um dia com usura. 
...Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; 
nada menos.” – Memórias Póstumas de Brás Cubas 
 
* Educação: “Não digo que a Universidade me não tivesse 
ensinado alguma; mas eu decorei-lhe só as fórmulas, o 
vocabulário, o esqueleto. Tratei-a como tratei o latim – embolsei 
três versos de Virgílio, dois de Horácio, uma dúzia de locuções 
	SEMANA 18 - LITERATURA - Realismo - Machado de Assis - STELLER sem respostas

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