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Aula 22 – Pré-Modernismo II 19 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência sua vida ter sido "um encadeamento de decepções", ele, o indivíduo, não se importa. d) Nas últimas linhas do trecho acima há a afirmação de que "A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções". A última grande decepção de Quaresma, dentro de seu projeto de mostrar que o Brasil era uma nação viável e grandiosa, foi descobrir que o rio Amazonas era menor que o rio Nilo. Questão 06 (Enem 2014) Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundíssimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância… Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia Que se escapa da boca de um cardíaco. Já o verme — este operário das ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida em geral declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré- modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como a) a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo. b) o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas como “Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”. c) a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão naturalista do homem. d) a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto existencial. e) a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas. Versos a um coveiro Numerar sepulturas e carneiros, Reduzir carnes podres a algarismos, Tal é, sem complicados silogismos, A aritmética hedionda dos coveiros! Um, dois, três, quatro, cinco... Esoterismos Da Morte! E eu vejo, em fúlgidos letreiros, Na progressão dos números inteiros A gênese de todos os abismos! Oh! Pitágoras da última aritmética, Continua a contar na paz ascética Dos tábidos carneiros sepulcrais Tíbias, cérebros, crânios, rádios e úmeros, Porque, infinita como os próprios números A tua conta não acaba mais! Augusto dos Anjos Anotações 20 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) Questão 07 (Mackenzie 2016) É correto afirmar que em “Versos a um coveiro”: a) a construção do soneto com léxico das áreas da Biologia e da Matemática reduz o impacto poético da composição. b) a composição textual estruturada na função fática e no uso de terminologia científica ampliam o valor literário do soneto. c) o racionalismo cientνfico e a opηγo pela composiηγo em forma de soneto vinculam o poema selecionado aos ideais do movimento Naturalista. d) a exploração de caracteres patológicos, mórbidos e pútridos afastam a possibilidade de o presente soneto ser considerado relevante para o universo da literatura brasileira. e) o emprego de terminologia técnica, das áreas da Biologia e da Matemática, concede tom de racionalidade à morte, tratada de forma quantificável. Questão 08 (Mackenzie 2016) Assinale a alternativa que NÃO pode ser considerada como afirmação válida sobre a obra poética de Augusto dos Anjos. a) As suas imagens são tomadas à ciência e à técnica, cravando-se na sonoridade agressiva de um verso que incorpora a ênfase retórica e o mau gosto com tamanho destemor, que a aparente vulgaridade torna-se grandiosa e a oratória sai da banalidade para gerar uma espécie de mensagem apocalíptica. (Antônio Candido) b) [...] inferior, banalizada pela repetição de situações desprovidas de surpresas, pouco imaginativas e repletas de clichês [...]. Uma literatura sem sobressaltos, que responde às expectativas do leitor médio, estabelecendo com ele um pacto onde a função recreativa domina. (Nelly Novaes Coelho) c) Trata-se de um poeta poderoso, que deve ser mensurado por um critério estético aberto que possa reconhecer, além do “mau gosto” do vocabulário rebuscado e científico, a dimensão cósmica e a angústia moral de sua poesia. (Alfredo Bosi) d) Limita-se às formas convencionais, de versos, é certo, mas uma aspereza toda sua, uma angulosidade de expressão servida pelo seu conhecimento de palavras duramente científicas, dá aos seus poemas um audacioso sabor mais para os olhos do que para os ouvidos. (Gilberto Freyre) e) [...] mais do que qualquer parnasiano [...], sendo também, mais do que qualquer simbolista, o rei da aliteração. Raramente encontramos um hiato sobrevivente à sua metrificação impiedosa. (Otto Maria Carpeaux) Anotações Aula 22 – Pré-Modernismo II 21 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO Questão 01 (Uepb 2014) Considere o fragmento de Clara dos Anjos para responder à questão. A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de mulher tinha todos por inimigo, mas isto ao vivo, com exemplos, claramente... O bonde vinha cheio. Olhou todos aqueles homens e mulheres... Não haveria um talvez, entre toda aquela gente de ambos os sexos, que não fosse indiferente à sua desgraça... Ora, uma mulatinha, filha de um carteiro! O que era preciso, tanto a ela como as suas iguais, era educar o caráter, revestir-se de vontade, como possuía essa varonil D. Margarida, para se defender de Cassis e semelhantes, e bater-se contra todos os que se opusessem, por este ou aquele modo, contra a elevação dela, social e moralmente. Nada a fazia inferior às outras, senão o conceito geral e a covardia com que elas o admitiam... Chegaram em casa; Joaquim ainda não tinha vindo. D. Margarida relatou a entrevista, por entre o choro e os soluços da filha e da mãe. Num dado momento, Clara ergueu-se da cadeira em que se sentara e abraçou muito fortemente a mãe, dizendo, com um grande acento de desespero: - Mamãe! Mamãe! - Que é minha filha? - Nós não somos nada nesta vida. Assinale a alternativa correia: a) Clara dos Anjos é ambientado em uma cidade imaginária, na qual a estrutura agrária do Brasil colonial e de suas relações sociais tradicionais não permitia casamentos entre brancos e negros. b) Em Clara dos Anjos e em suas principais obras, a linguagem de Lima Barreto é o português parnasiano, no qual o trabalho retórico com a linguagem tinha prioridade sobre sua comunicabilidade. c) O romance Clara dos Anjos é narrado em terceira pessoa por um narrador que emite opiniões e juízos de valor sobre as personagens e as cenas que narra. d) Os personagens de Clara dos Anjos são pobres que, à força de viverem em uma sociedade de privilégios, sucumbem, sem exceção, à corrupção e à miséria. e) Clara dos Anjos é um romance de resignação, que nos ensina a nos conformarmos com o lugar que nos é previamente reservado em nossa sociedade, sem lutar por condições humanas mais dignas nem por cidadania plena. Questão 02 (UFPE 2012) A loucura é um tema frequente na literatura, como atestam as obras abaixo mencionadas. Leia os textos e responda às questões. Texto 1Ele me parece desses médicos brasileiros imbuídos de um ar de certeza de sua arte, desdenhando inteiramente toda a outra atividade intelectual que não a sua e pouco capaz de examinar o fato por si. Acho-o muito livresco e pouco interessado em levantar o véu do mistério que há na especialidade que professa. Lê os livros da Europa, dos Estados Unidos, mas não lê a natureza. (Lima Barreto, Diário do Hospício) Texto 2 Mas o ilustre médico, com os olhos acesos da convicção científica, trancou os ouvidos à saudade da mulher, e brandamente a repeliu. Fechada a porta da Casa Verde, entregou-se ao estudo e à cura de si mesmo. Dizem os cronistas que ele morreu dali a dezessete meses no mesmo estado em que entrou, sem ter podido alcançar nada. Alguns chegam ao ponto de conjeturar que nunca houve outro louco além dele em Itaguaí, mas esta opinião fundada em um boato que correu desde que o alienista expirou, não tem outra prova senão o boato. Seja como for, efetuou-se o enterro com muita pompa e rara solenidade. (Machado de Assis, O alienista) Texto 3 A locução de Maria de França deixa-se impregnar de variados campos semânticos, de acordo com as áreas temáticas invadidas pela personagem. Quando em contato com médicos, sua “transmissão” é afetada por um jargão entre árido e grotesco, extraído de livros científicos, de rótulos de remédios: “Abre-se a porta e avanço pelo centro, cara terapêutica esse alguém de quem falo, olhos sedativos, voz de beladona, manda sentar-se a paciente, tudo bem com você? que acha a ouvinte? se estivesse tudo bem eu aqui? Aqui? - Respire. Abra a boca. Cristais ausentes. Agora, gemer. Abra os olhos. Esclerótica e retina. - Doutor! A passiflora responde pelo epitélio mucoso? - Completamente. Do reto à árvore pulmonar. Respire. Abra a bunda. Parasitas presentes e cromatina uniforme. Volte outro dia.” (Osman Lins, A rainha dos cárceres da Grécia) ( ) Internado como portador de doença mental, o autor de Triste fim de Policarpo Quaresma escreveu o Diário do Hospício, no qual refletiu lúcida e criticamente sobre a medicina e os profissionais de saúde de seu tempo. ( ) Em O alienista, Machado de Assis leva sua personagem, o psiquiatra Simão Bacamarte, a concluir que o único insano de Itaguaí é ela mesma. ( ) No diálogo de Maria de França com o seu psiquiatra, Osman Lins representa com ironia o abismo de incompreensão que se estabelece na relação médico-paciente durante uma consulta. ( ) O alienista, Triste fim de Policarpo Quaresma e A rainha dos cárceres da Grécia são obras que se valem do tema da loucura para refletir sobre os disparates das instituições sociais no Brasil. ( ) O alienista, Triste fim de Policarpo Quaresma e A rainha dos cárceres da Grécia são obras que enaltecem a ciência, o discurso científico e a postura do cientista na sociedade brasileira. Questão 03 (Ufrgs 2007) Considere as seguintes afirmações a respeito do romance "O Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto. I - O protagonista não compreende bem o mundo em que vive, passando da ingênua crença no idealismo dos homens, vistos como capazes de construir um Brasil melhor, para o desencanto melancólico em relação às instituições e às suas escolhas pessoais. II - Quaresma é condenado à morte, porque ofendeu moralmente o presidente da República, quando este não analisou suas propostas de reforma rural, nem atendeu às suas reivindicações. III - No romance, são introduzidos personagens representativos do subúrbio do Rio de Janeiro, como Ricardo Coração dos Outros, com a sua fala popular e expressões típicas do brasileiro da época. 22 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência CURSO ANUAL DE LITERATURA – (Prof. Steller de Paula) Quais estão corretas? a) Apenas I. d) Apenas II e III. b) Apenas I e II. e) I, II e III. c) Apenas I e III. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES 6Viajam de bonde silenciosamente. Devia ser quase uma hora, 1pois o veículo já se enchia do público especial dos domingos. 2Eram meninas do povo envolvidas nos seus vestidos empoados com suas fitinhas cor-de-rosa ao cabelo e o leque indispensável; eram as baratas casemiras claras dos ternos, [...] eram as velhas mães, prematuramente envelhecidas com a maternidade frequente, 7a acompanhar a escadinha dos filhos, ao lado dos maiores, ainda moços, que fumavam os mais compactos charutos do mercado — era dessa gente que se enchia o bonde e se via pelas calçadas em direção aos jardins, aos teatros em matiné, aos arrabaldes e às praias. 3Era enfim o povo, o povo variegado da minha terra. 4As napolitanas baixas com seus vestidos de roda e suas africanas, as portuguesas coradas e fortes, caboclas, mulatas e pretas — era tudo sim preto, às vezes todos exemplares em bando, às vezes separados, 8que a viagem de bonde me deu a ver. E muito me fez meditar o seu semblante alegre, a sua força prolífica, atestada pela cauda de filhos que arrastavam, a sua despreocupação nas anemias que havia, em nada significando a preocupação de seu verdadeiro estado — 5e tudo isso muito me obrigou a pensar sobre o destino daquela gente. BARRETO, Lima. O domingo. Contos completos de Lima Barreto. Organização e introdução de Lília Moritz Schwarcz. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 589. Questão 04 (Uesc 2011) No texto, faz-se presente a adjetivação, que é um traço avaliativo do narrador, mas que está ausente no fragmento transcrito em a) “pois o veículo já se enchia do público especial dos domingos.” (ref.1). b) “Eram meninas do povo envolvidas nos seus vestidos empoados com suas fitinhas cor-de-rosa ao cabelo” (ref.2). c) “Era enfim o povo, o povo variegado da minha terra.” (ref.3). d) “As napolitanas baixas com seus vestidos de roda e suas africanas” (ref.4). e) “e tudo isso muito me obrigou a pensar sobre o destino daquela gente.” (ref.5). Questão 05 (Uesc 2011) O texto traduz preferência do autor por a) retratar aspectos marcantes da beleza exótica do cotidiano do interior. b) apresentar características negativas de uma metrópole pós- moderna. c) narrar ações de tipos pouco comuns, idealizados, do mundo contemporâneo. d) descrever cenários naturais da paisagem física local, adversos aos da paisagem humana. e) observar a realidade da vida num centro urbano e, sobretudo, revelar sua preocupação com o homem. Questão 06 (Uepb 2014) Considere as afirmações: I. Ambientando suas obras preferencialmente na capital do país, o Rio de Janeiro, Lima Barreto criou uma constelação de tipos humanos e de suas relações, antecipando-se a uma visão multiétnica e multicultural do país. II. O Rio de Janeiro de Lima Barreto é uma cidade em transformação, um turbilhão político-cultural, onde a nascente cultura de massa, sobretudo música e cinema, aliada à imigração, também em massa, e às novas demandas advindas da abolição, são importantes não só para mudar a face do país, mas também de sua literatura. III. Lima Barreto foi sem dúvida um dos grandes cronistas da Primeira República. Em sua obra, que contém praticamente todos os gêneros narrativos, romance, conto, crônica, anedota, põe em cena muitos dos personagens históricos de seu tempo. a) Nenhuma está correta. b) Apenas II e III estão corretas. c) Apenas I e II estão corretas. d) Apenas I está correta. e) Todas estão corretas. Questão 07 (Uerj 2014) Policarpo Quaresma, cidadão brasileiro, certo de que a língua portuguesa é emprestada ao Brasil; certo também de que, por esse fato, o falar e o escrever, em geral, se veem na humilhante contingência de sofrer continuamente censuras ásperas dos proprietários da língua; usando do direito que lhe confere a Constituição, vem pedir que o Congresso Nacional decrete o tupi- guarani como língua oficial e nacional do povo brasileiro. Senhores Congressistas,o tupi-guarani, língua aglutinante, é a única capaz de traduzir as nossas belezas, de pôr-nos em relação com a nossa natureza e adaptar-se perfeitamente aos nossos órgãos vocais e cerebrais, por ser criação de povos que aqui viveram e ainda vivem. Lima Barreto Adaptado de Triste fim de Policarpo Quaresma (1915). Rio de Janeiro: MEDIAfashion, 2008. A história narrada em Triste fim de Policarpo Quaresma se passa no momento de implantação do regime republicano no Brasil. Seu personagem principal, o Major Quaresma, defende alguns projetos de reforma, um deles relatado no trecho citado. A justificativa do personagem para a adoção do tupi-guarani como língua oficial brasileira baseia-se na associação entre nacionalidade e a ideia de: a) valorização da cultura local b) defesa da diversidade racial c) preservação da identidade territorial d) independência da população autóctone TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES Considere o fragmento abaixo, extraído do conto Mágoa que Rala, do escritor Lima Barreto, que aborda a estada de D. João VI e da família real em terras brasileiras. Dos chefes de Estado que tem tido o Brasil, o que mais amou, e muito profundamente o Rio de Janeiro foi, sem dúvida, D. João VI [...]. A gente para eles [os artistas], um pouco mais que animais, eram uns negros à toas; e a natureza, um flagelo de mosquitos e cascavéis, sem possuir uma proporcionalidade com o homem, como a de Portugal, que parecia um jardim feito para o homem. Mesmo os nossos poetas mais velhos nunca entenderam a nossa vegetação, os nossos mares, os nossos rios; não compreendiam as nossas coisas naturais e nunca lhes pegaram a alma, o substractum; e se queriam dizer alguma coisa sobre ela caíam no lugar comum amplificado e no encadeamento de adjetivos grandiloquentes, quando não voltavam para a sua arcadiana livresca floresta de álamos, plátanos, mirtos, com vagabundíssimas Aula 22 – Pré-Modernismo II 23 VestCursos – Especialista em Preparação para Vestibulares de Alta Concorrência ninfas e faunos idiotas, segundo a retórica e a poética das suas cerebrinas escolas, cheias de pomposos tropos, de rapé, de latim, e regras de catecismo literário. [...] como se poderia exigir de funcionários, fidalgos limitados na sua própria prosápia, uma maior força de sentimento diante dos novos quadros naturais que a luminosa Guanabara lhes dava, cercando as águas de mercúrio de suas harmoniosas enseadas? D. João VI, porém, nobre de alta linhagem e príncipe do século de Rousseau, mal enfronhado na literatura palerma dos árcades, dos desembargadores e repentistas, estava mais apto para senti-los de primeira mão, diretamente. Questão 08 (Ufrgs 2012) Considere as seguintes afirmações sobre esse fragmento. I. Ao abordar a estada de D. João VI e da família real em terras brasileiras, o autor condena os artistas que não se deixaram tocar pela força da paisagem brasileira, preferindo cenários e personagens artificiais. II. Ao apresentar uma leitura amargurada sobre os burocratas e intelectuais da época, o autor revela sua condição social inferior: mulato pobre no aristocrático meio intelectual da virada do século XIX para o XX. III. Ao contemplar a “luminosa Guanabara”, D. João VI, por desconhecer os preceitos da “literatura palerma dos árcades”, deixou-se sensibilizar diante dos novos quadros naturais. Quais estão corretas? a) Apenas I. d) Apenas II e III. b) Apenas II. e) I, II e III. c) Apenas I e III. Questão 09 (Ufrgs 2012) Considere o enunciado abaixo e as três propostas para completá- lo. De acordo com esse fragmento, 1. os “poetas mais velhos”, por serem brasileiros, são capazes de falar com propriedade da natureza. 2. os escritores tinham a sensibilidade embotada pelo excesso de erudição. 3. os poetas brasileiros, em seu processo de criação, foram influenciados pela mistura de raças. Quais estão corretas? a) Apenas 1. d) Apenas 2 e 3. b) Apenas 2. e) 1, 2 e 3. c) Apenas 3. Questão 10 (Uesc 2011) [...] Considerei-me feliz no lugar de contínuo da redação do O Globo. Tinha atravessado um grande braço de mar, agarrara-me a um ilhéu e não tinha coragem de nadar de novo para a terra firme que barrava o horizonte a algumas centenas de metros. Os mariscos bastavam-me e os insetos já se me tinham feito grossa a pele... De tal maneira é forte o poder de nos iludirmos, que um ano depois cheguei a ter até orgulho da minha posição. Senti-me muito mais que um contínuo qualquer, mesmo mais que um, contínuo de ministro. As conversas da redação tinham-me dado a convicção de que o doutor Loberant era o homem mais poderoso do Brasil; fazia e desfazia ministros, demitia diretores, julgava juízes e o presidente. Logo ao amanhecer, lia o seu jornal, para saber se tal ou qual ato seu tinha tido o placet desejado do doutor Ricardo. BARRETO, Lima. Recordações do escrivão Isaías Caminha. 3. ed. São Paulo: Ática, 1994. p. 99. O texto, articulado com a obra, permite considerar correta a alternativa a) Isaías Caminha revela-se um ser humano desprovido de qualquer vaidade. b) O narrador utiliza, no seu relato, uma linguagem essencialmente objetiva e precisa. c) O narrador atribui tão somente aos outros a não realização de seus projetos de vida. d) O narrador reconhece, na narrativa, a atuação da imprensa de seu tempo como marcada pela ética e pelo compromisso com o social. e) Isaías, através do relato de sua trajetória de vida, mostra o ambiente social como discriminador de pessoas pobres e de negros e mulatos. TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES Apóstrofe à carne Quando eu pego nas carnes do meu rosto, Pressinto o fim da orgânica batalha: – Olhos que o húmus necrófago estraçalha, Diafragmas, decompondo-se, ao sol-posto. E o Homem – negro e heteróclito composto, Onde a alva flama psíquica trabalha, Desagrega-se e deixa na mortalha O tacto, a vista, o ouvido, o olfato e o gosto! Carne, feixe de mônadas bastardas, Conquanto em flâmeo fogo efêmero ardas, A dardejar relampejantes brilhos, Dói-me ver, muito embora a alma te acenda, Em tua podridão a herança horrenda, Que eu tenho de deixar para os meus filhos! (Augusto dos Anjos. Obra completa, 1994.) Questão 11 (Unifesp 2013) No soneto de Augusto dos Anjos, é evidente a) a visão pessimista de um “eu” cindido, que desiste de conhecer- se, pelo medo de constatar o já sabido de sua condição humana transitória. b) o transcendentalismo, uma vez que o “eu” desintegrado objetiva alçar voos e romper com um projeto de vida marcado pelo pessimismo e pela tortura existencial. c) a recorrência a ideias deterministas que impulsionam o “eu” a superar seus conflitos, rompendo um ciclo que naturalmente lhe é imposto. d) a vontade de se conhecer e mudar o mundo em que se vive, o que só pode ser alcançado quando se abandona a desintegração psíquica e se parte para o equilíbrio do “eu”. e) o uso de conceitos advindos do cientificismo do século XIX, por meio dos quais o poeta mergulha no “eu”, buscando assim explorar seu ser biológico e metafísico. Questão 12 (Unifesp 2013) No plano formal, o poema é marcado por a) versos brancos, linguagem obscena, rupturas sintáticas. b) vocabulário seleto, rimas raras, aliterações. c) vocabulário antilírico, redondilhas, assonâncias.