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Revisão Unicamp 
 
Profº Mari Neto 
 
 
Página 1 de 9 
 
“A falência”, Júlia Lopes de Almeida 
https://www.youtube.com/watch?v=WVNHUhI4D60 
 
“Sobrevivêndo no inferno”, Racionais MC’s 
https://www.youtube.com/watch?v=MCzlZiwk9TE 
 
“O ateneu”, Raul Pompeia 
https://www.youtube.com/watch?v=0QkOkkiVv-g 
 
“Tarde”, Olavo Bilac https://www.youtube.com/watch?v=dFTBCrYkQgk 
 
“NIKETCHE: UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA”, Paulina Chiziane 
https://www.youtube.com/watch?v=z4BaQWok_PM 
 
“Bons dias!”, Machado de Assis 
https://www.youtube.com/watch?v=XDVxHo6Gmtk 
 
“O Marinheiro”, Fernando Pessoa 
https://www.youtube.com/watch?v=tjb-xrdfJGc 
 
Exercícios 
 
 
 
1. (Unicamp 2021) “– Reputação! Ora, mamãe, e é a senhora quem 
me fala nisso! 
Camila estacou, sem atinar com a resposta, compreendendo o 
alcance das palavras do filho. 
A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue arrefeceu-se-lhe nas 
veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e então, num desatino, 
ferida no coração, ela achou para o Mário admoestações mais 
ásperas. Percebeu que a língua mais dizia que a sua vontade; mas 
não poderia contê-la. A dor atirava-a para diante, contra aquele filho, 
até então poupado.” 
 
(Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 
2018, p. 123.) 
 
 
A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. 
Assinale a alternativa que explica corretamente o comentário de 
Mário. 
a) Mário contrapõe-se à censura materna com sentimento de 
compaixão. 
b) Mário rejeita as reservas maternas com censura moral. 
c) Mário contrapõe-se à censura materna com desdém pela família. 
d) Mário rejeita as reservas maternas com vergonha pelas dívidas 
acumuladas. 
 
2. (Unicamp 2021) “Era Noca, que vinha toda alterada. 
– Nossa Senhora! Quebrou-se o espelho grande do salão! 
– Quem foi que o quebrou? Perguntou Nina, para dizer alguma coisa. 
– Ninguém sabe. Veja só, que desgraça estará para acontecer! 
Espelho quebrado: morte ou ruína. 
– Morte! Se fosse a minha...” 
 
(Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 
2018, p. 257.) 
 
 
O diálogo apresenta a reação das personagens femininas ao 
incidente doméstico com o objeto de decoração no palacete de 
Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina. 
a) A destruição do espelho a leva a desejar a morte, pois sugere o 
alívio para a frustração amorosa. 
b) A quebra do espelho lhe provoca o temor da morte, uma vez que 
antecipa a ruína financeira. 
c) A destruição do espelho traz a certeza da morte, pois sinaliza o 
suicídio do ser amado. 
d) A quebra do espelho a faz desejar a morte, pois sugere a catástrofe 
amorosa do casamento. 
 
3. (Unicamp 2021) “A literatura deve, portanto, ser lida e estudada 
porque oferece um meio de preservar e transmitir a experiência dos 
outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou 
que diferem de nós por suas condições de vida. Ela nos torna 
sensíveis ao fato de que os outros são muito diversos e que seus 
valores se distanciam dos nossos.” 
(Antoine Compagnon, Literatura para quê? Belo Horizonte: Editora 
UFMG, 2009, p. 46-47.) 
 
 
“E tudo dela repugnava a Ruth: a estupidez, a humildade, a cor, a 
forma, o cheiro; mas percebera que também ali havia uma alma e 
sofrimento, e então, com lágrimas nos olhos, perguntava a Deus, ao 
grande Pai misericordioso, por que a criara, a ela, tão branca e tão 
bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele 
corpo feio da Sancha imunda? Que reparasse aquela injustiça 
tremenda e alegrasse em felicidade perfeita o coração da negra. 
– Sim, o coração dela deve ser da mesma cor que o meu, cismava 
Ruth, confusa, com os olhos no altar.” 
 
(Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 
2018, p. 235.) 
 
 
a) Indique duas palavras do texto de A falência que marcam a tensão 
entre matéria e espírito. Explique como essa tensão é vivida pela 
personagem. 
b) Relacione as duas últimas frases da passagem do romance com 
as reflexões de Compagnon, considerando as condições de trabalho 
na sociedade brasileira ao final do século XIX. 
 
4. (Unicamp 2020) Resumindo seus pensamentos de vencido, 
Francisco Teodoro disse alto, num suspiro: 
– Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como Jó! 
(...) 
– Como Jó! Repetiu ele furioso, arrancando as barbas e unhando as 
faces. Não lhe bastava o arrependimento, a dor moral, queria o 
castigo físico, a maceração da carne, para completa punição da sua 
inépcia. 
Não saber guardar a felicidade, depois de ter sabido adquiri-la, é sinal 
de loucura. Ele era um doido? Sim, ele era um doido. Tal qual o avô. 
Riu alto; ele era um doido! 
 
(Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 
2018, p. 296.) 
 
 
a) O protagonista de A Falência encarna um tipo representativo da 
sociedade brasileira do século XIX. Aponte quatro características 
desse tipo social constatadas na trajetória de Francisco Teodoro. 
https://www.youtube.com/watch?v=WVNHUhI4D60
https://www.youtube.com/watch?v=MCzlZiwk9TE
https://www.youtube.com/watch?v=0QkOkkiVv-g
https://www.youtube.com/watch?v=dFTBCrYkQgk
https://www.youtube.com/watch?v=z4BaQWok_PM
https://www.youtube.com/watch?v=XDVxHo6Gmtk
https://www.youtube.com/watch?v=tjb-xrdfJGc
 
 
 
 
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b) No excerto acima, o narrador se detém no momento em que o 
protagonista, atormentado, revê sua trajetória e se recorda do avô. 
Caracterize a voz narrativa nesse excerto e explique seu 
funcionamento. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
Leia o trecho inicial do romance O Ateneu, de Raul Pompeia (1863-
1895), para responder à(s) questão(ões) a seguir. 
 
“Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. 
Coragem para a luta.” 
Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, 
num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa 
de carinho que é o regime do amor doméstico; diferente do que se 
encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados 
maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer 
mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, 
têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. 
Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita dos felizes 
tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não 
nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada 
das decepções que nos ultrajam. 
Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros 
que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como 
melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as 
datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações 
que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, 
sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. 
Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela 
manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo – a paisagem é a 
mesma de cada lado, beirando a estrada da vida. 
Eu tinha onze anos. 
Frequentara como externo, durante alguns meses, uma escola 
familiar do Caminho Novo, onde algumas senhoras inglesas, sob a 
direção do pai, distribuíam educação à infância como melhor lhes 
parecia. Entrava às nove horas timidamente, ignorando as lições com 
a maior regularidade, e bocejava até às duas, torcendo-me de 
insipidez sobre os carcomidos bancos que o colégio comprara, de 
pinho e usados, lustrosos do contato da malandragem de não sei 
quantas gerações de pequenos. Ao meio-dia, davam-nos pão com 
manteiga. Esta recordação gulosa é o que mais pronunciadamente 
me ficou dos meses de externato; com a lembrança de alguns 
companheiros – um que gostava de fazer rir à aula, espécie 
interessante de mono louro, arrepiado, vivendo a morder, nas costas 
da mão esquerda, uma protuberância calosa que tinha; outro 
adamado, elegante, sempre retirado, que vinha à escola de branco, 
engomadinho e radioso, fechada a blusa em diagonal do ombro à 
cinta por botões de madrepérola. Mais ainda:a primeira vez que ouvi 
certa injúria crespa, um palavrão cercado de terror no 
estabelecimento, que os partistas denunciavam às mestras por duas 
iniciais como em monograma. 
Lecionou-me depois um professor em domicílio. 
Apesar deste ensaio da vida escolar a que me sujeitou a família, antes 
da verdadeira provação, eu estava perfeitamente virgem para as 
sensações novas da nova fase. O internato! Destacada do conchego 
placentário da dieta caseira, vinha próximo o momento de se definir a 
minha individualidade. 
 
(O Ateneu, 1999.) 
 
 
 
5. (Unesp 2019) a) Identifique os sujeitos dos verbos “houvesse” e 
“viesse”, sublinhados no segundo parágrafo. 
b) Transcreva o trecho “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à 
porta do Ateneu.” (1º parágrafo) para o discurso indireto. 
 
6. (Uel 2017) Leia, a seguir, o comentário crítico sobre o romance O 
Ateneu, de Raul Pompeia, e o fragmento extraído da obra. 
 
Acumulam-se situações e experiências, como reflexos de caracteres 
e intenções, selecionados e comunicados do ponto de vista subjetivo 
do autor-personagem. Assim, a memória evocadora sofre contínuas 
interferências subconscientes, de forma a substituir a noção de tempo 
objetivo pela duração interior e ir de encontro aos processos realistas 
então frequentes de abordagem ou observação da vida. O ângulo de 
visão do mundo ou da realidade é essencialmente subjetivo, 
impondo-se como o principal elemento de unidade da obra. Domina 
nela a presença de Sérgio adolescente sob a vigilância esclarecedora 
de Sérgio adulto, na pessoa do romancista, pelo que se pode falar em 
autor-personagem. Essa correlação se impõe pela necessidade 
imperiosa de reconquistar o equilíbrio da experiência passada, mas 
que continua a atuar no presente de maneira opressiva. 
 
CANDIDO, A.; CASTELLO, J. A. Presença da Literatura Brasileira: 
história e antologia. I Das origens ao realismo. 5.ed. Rio de Janeiro: 
Bertrand Brasil, 1992. p. 349-350. 
 
 
Aludi várias vezes ao revestimento exterior de divindade com que se 
apresentava habitualmente Aristarco. Era um manto transparente, da 
natureza daquele tecido leve de brisas trançadas de Gautier, manto 
sobrenatural que Aristarco passava aos ombros, revelando do estofo 
nada mais que o predicado de majestade, geralmente estranho à 
indústria pouco abstrata dos tecelões e à trama concreta das 
lançadeiras. Ninguém conseguia tocar com o dedo a misteriosa 
púrpura. Sentia-se, porém, o influxo da realeza impalpável. Assim é 
que um simples olhar do diretor imobilizava o colégio 
fulminantemente, como se levasse no brilho ameaças de todo um 
despotismo cruento. 
POMPEIA, R. O Ateneu. 4.ed. São Paulo: Martin Claret, 2013. cap. 4. 
p. 69-70. 
 
 
Com base na leitura do fragmento crítico e do trecho destacado da 
obra, explique a correlação entre Sérgio adolescente e Sérgio adulto. 
 
7. (Enem 2015) Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe 
beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti. 
Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação. 
Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de 
nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos 
reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, 
como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de 
última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na 
preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a 
cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. 
O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde 
de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de 
pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, 
conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, 
atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros 
elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido 
concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais 
caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas 
públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, 
amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se 
ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da 
pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia 
 
 
 
 
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surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não 
havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito. 
 
POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005. 
 
 
Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela 
um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela 
a) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades 
pessoais. 
b) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo 
educacional. 
c) produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação 
do ensino. 
d) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos 
escolares. 
e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse 
comum do avanço social. 
 
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: 
 As provocações no recreio eram frequentes, oriundas do 
enfado; irritadiços todos como feridas; os inspetores a cada passo 
precisavam intervir em conflitos; as importunações andavam em 
busca das suscetibilidades; as suscetibilidades a procurar a sarna das 
importunações. Viam de joelhos o Franco, puxavam-lhe os cabelos. 
Viam Rômulo passar, lançavam-lhe o apelido: mestre-cuca! 
 Esta provocação era, além de tudo, inverdade. Cozinheiro, 
Rômulo! Só porque lembrava culinária, com a carnosidade bamba, 
fofada dos pastelões, ou porque era gordo das enxúndias 
enganadoras dos fregistas, dissolução mórbida de sardinha e azeite, 
sob os aspectos de mais volumosa saúde? 
 (...) 
 Rômulo era antipatizado. Para que o não manifestassem 
excessivamente, fazia-se temer pela brutalidade. Ao mais 
insignificante gracejo de um pequeno, atirava contra o infeliz toda a 
corpulência das infiltrações de gordura solta, desmoronava-se em 
socos. Dos mais fortes vingava-se, resmungando intrepidamente. 
 Para desesperá-lo, aproveitavam-se os menores do escuro. 
Rômulo, no meio, ficava tonto, esbravejando juras de morte, 
mostrando o punho. Em geral procurava reconhecer algum dos 
impertinentes e o marcava para a vindita. Vindita inexorável. 
 No decorrer enfadonho das últimas semanas, foi Rômulo 
escolhido, principalmente, para expiatório do desfastio. Mestrecuca! 
Via-se apregoado por vozes fantásticas, saídas da terra; mestre-cuca! 
Por vozes do espaço rouquenhas ou esganiçadas. Sentava-se 
acabrunhado, vendo se se lembrava de haver tratado panelas algum 
dia na vida; a unanimidade impressionava. Mais frequentemente, 
entregava-se a acessos de raiva. Arremetia bufando, espumando, 
olhos fechados, punhos para trás, contra os grupos. Os rapazes 
corriam a rir, abrindo caminho, deixando rolar adiante aquela 
ambulância danada de elefantíase. 
 
(Raul Pompeia. O Ateneu.) 
 
 
8. (Unifesp 2011) Sobre o texto, é correto afirmar: 
a) A atmosfera tensa presente no cotidiano do colégio era produto, 
sobretudo, da marcação cerrada dos inspetores, que intervinham nos 
muitos conflitos. 
b) Rômulo, devido às provocações que sofre, perde as certezas sobre 
si mesmo e assume um comportamento que oscila entre a angústia e 
ataques de fúria. 
c) Alguns alunos, por serem muito suscetíveis, importunavam outros 
colegas, puxando-lhes o cabelo ou colocando-lhes apelidos. 
d) A brutalidade física de Rômulo era a única solução que encontrava 
para enfrentar a chacota dos alunos mais fortes. 
e) A unanimidade dos alunos em chamar Rômulo de cozinheiro fazia 
com que preponderasse sua atitude de entregar-se ao 
acabrunhamento. 
 
9. (Unicamp 2021) É preciso também que nos questionemos sobre a 
finalidade última das obras que julgamos dignas de serem estudadas. 
Em regra geral, o leitor não profissional, tanto hoje quanto ontem, lê 
essas obras para encontrar um sentido que lhe permita compreender 
melhor o homem e o mundo, para nelasdescobrir uma beleza que 
enriqueça sua existência; ao fazê-lo, ele compreende melhor a si 
mesmo. 
 
(Adaptado de T. Todorov, A literatura em perigo. São Paulo: Difel, 
2009, p. 32-33.) 
 
 
FÓRMULA MÁGICA DA PAZ 
 
Essa porra é um campo minado 
Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui? 
Mas, aí, minha área é tudo o que eu tenho 
A minha vida é aqui e eu não consigo sair 
É muito fácil fugir, mas eu não vou 
Não vou trair quem eu fui, quem eu sou 
Eu gosto de onde eu tô e de onde eu vim 
O ensinamento da favela foi muito bom para mim 
(...) 
A gente vive se matando, irmão, por quê? 
Não me olhe assim, eu sou igual a você 
Descanse o seu gatilho, descanse o seu gatilho 
Entre no trem da malandragem, meu rap é o trilho 
 
(Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2018, p. 121 e 129.) 
 
 
a) Identifique, nos versos transcritos acima, uma expressão que se 
opõe ao título da canção e uma outra que o confirma. Explique o título 
da canção considerando o último verso. 
b) Com base no trecho de Todorov e no excerto da canção, formule 
dois argumentos (um ético e um estético) que justifiquem o estudo do 
rap. 
 
10. (Unicamp 2020) As palavras organizadas comunicam sempre 
alguma coisa, que nos toca porque obedece a certa ordem. Quando 
recebemos o impacto de uma produção literária, oral ou escrita, ele é 
devido à fusão inextricável da mensagem com a sua organização. Em 
palavras usuais: o conteúdo de uma obra literária só atua por causa 
da forma. 
(Adaptado de Antonio Candido, “O direito à literatura”, em Vários 
escritos. São Paulo: Ouro sobre azul e Duas Cidades, 2004, p.178.) 
 
 
 
 
 
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A obra Sobrevivendo no inferno do grupo Racionais Mc’s é composta 
pelas canções e pelo projeto editorial da capa e contracapa do CD. 
Nesse projeto editorial, encontram-se elementos visuais e verbais que 
estabelecem um jogo de formas e sentidos. Com base na afirmação 
de Antonio Candido, é correto afirmar que a organização desses 
elementos 
a) produz uma simetria entre som e sentido, sendo que tal simetria 
indica que os símbolos religiosos são uma resposta à violência. 
b) configura um sistema de oposições, uma vez que imagens e 
palavras estabelecem tensões materiais e espirituais, constitutivas do 
sentido das canções. 
c) configura uma sintaxe poética de ordem espiritual. Essa sintaxe 
espelha o caos e as injustiças vividos na periferia das grandes 
cidades. 
d) produz uma lógica poética racional. Essa lógica se explicita na 
vitória do crime sobre a visão de mundo presente nos versículos 
bíblicos transcritos. 
 
11. (Unicamp 2021) Leia o poema e responda à questão que se 
segue. 
 
A fermosura desta fresca serra 
e a sombra dos verdes castanheiros, 
o manso caminhar destes ribeiros, 
donde toda a tristeza se desterra; 
 
o rouco som do mar, a estranha terra, 
o esconder do Sol pelos outeiros, 
o recolher dos gados derradeiros, 
das nuvens pelo ar a branda guerra; 
 
enfim, tudo o que a rara natureza 
com tanta variedade nos oferece, 
se está, se não te vejo, magoando. 
 
Sem ti, tudo me enoja e me aborrece; 
sem ti, perpetuamente estou passando, 
nas mores alegrias, mor tristeza. 
 
 
É correto afirmar que, no soneto de Camões, 
a) a beleza natural aborrece o eu lírico, uma vez que se transforma 
em objeto de suas maiores tristezas. 
b) a variedade da paisagem está em harmonia com o sentimento do 
eu lírico porque a relação amorosa é imperfeita. 
c) a harmonia da natureza consola o eu lírico das imperfeições da 
vida e da ausência da pessoa amada. 
d) a singularidade da natureza entristece o eu lírico quando ele está 
distante da pessoa amada. 
 
12. (Unicamp 2021) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, 
Muda-se o ser, muda-se a confiança: 
Todo o mundo é composto de mudança, 
Tomando sempre novas qualidades. 
 
Continuamente vemos novidades, 
Diferentes em tudo da esperança: 
Do mal ficam as mágoas na lembrança, 
E do bem (se algum houve) as saudades. 
 
O tempo cobre o chão de verde manto, 
Que já coberto foi de neve fria, 
E em mim converte em choro o doce canto. 
 
E afora este mudar-se cada dia, 
Outra mudança faz de mor espanto, 
Que não se muda já como soía*. 
(Luís Vaz de Camões) 
 
*soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo do verbo 
“soer” (costumar, ser de costume). 
 
(Luís de Camões, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, p.91.) 
 
 
Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por Camões. 
a) O poema retoma o tema renascentista da mudança das coisas, que 
o poeta sente como motivo de esperança e de fé na vida. 
b) A ideia de transformação refere-se às coisas do mundo, mas não 
afeta o estado de espírito do poeta, em razão de sua crença amorosa. 
c) Tudo sempre se renova, diferentemente das esperanças do poeta, 
que acolhem suas mágoas e saudades. 
d) Não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas também 
a experiência que ele tem da própria mudança. 
 
13. (Unicamp 2021) Tradicionalmente, o palco pode apresentar uma 
variedade de estilos cênicos, entre os quais se destacam o estilo 
realista (põe em evidência detalhes ambientais para sugerir 
sensações e emoções vividas pelas personagens), o estilo 
expressionista (os objetos são distorcidos ou estilizados, com o fim 
de sugerir, mais que mostrar, o ambiente de atuação das 
personagens), o estilo simbolista (os objetos concretos sugerem 
ideias abstratas, segundo associações sinestéticas tradicionais: o 
verde, vestido pelos mágicos, indica a esperança; o vermelho, a cor 
do demônio, sugere uma paixão violenta; a veste branca simboliza a 
candura, a castidade). 
 
(Adaptado de Salvatore D'Onofrio, Teoria do texto 2: Teoria da lírica 
e do drama. São Paulo: Ática, 1995, p. 138.) 
 
Sem identidade, hierarquias no chão, estilos misturados, a pós-
modernidade é isto e aquilo, num presente aberto pelo e. 
 
 
 
 
Página 5 de 9 
(Jair Ferreira dos Santos, O que é o pós-moderno. São Paulo: 
Brasiliense, 2004, p. 110.) 
 
 
Com base nas indicações cênicas (as didascálias) que abrem e 
fecham a peça O marinheiro, de Fernando Pessoa, é correto afirmar 
que o seu estilo é 
a) expressionista, dadas a ausência de ações dramáticas e a 
presença de sugestões alegóricas como, por exemplo, o canto do 
galo. 
b) simbolista, uma vez que os elementos que compõem a cena 
dramática sugerem alguns significados de natureza filosófica. 
c) realista, porque as imagens da noite, do luar e do alvorecer indicam 
precisamente a passagem do tempo. 
d) pós-modernista, tendo em vista que os objetos descritos criam uma 
atmosfera mágica, na qual a ilusão não se distingue da realidade. 
 
14. (Unicamp 2021) Certas imagens literárias podem tornar-se 
nucleares para uma cultura. Assim, por exemplo, a figura do 
marinheiro em Portugal. Ela adquire significados diferentes em 
períodos históricos distintos, mas conserva um elemento permanente. 
A semelhança entre a imagem do marinheiro em Camões e em 
Fernando Pessoa reside 
a) no realismo moral do povo português, resultado da era das grandes 
navegações e da expansão do catolicismo. 
b) na representação de uma identidade coletiva e individual sob o 
signo da mudança, do risco e da travessia. 
c) na alegoria da degradação moral dos amantes e dos aventureiros, 
movidos pelo desejo sexual e pela cobiça material. 
d) na simbolização dos ideais econômicos de Portugal, com reflexos 
na vida espiritual. 
 
15. (Enem 2016) Bons dias! 
14 de junho de 1889 
 
Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos jornais velhos! 
Conhece-se um homem diante de um deles. Pessoa que não sentir 
alguma coisa ao ler folhas de meio século, bem pode crer que não 
terá nunca uma das mais profundas sensações da vida, – igual ou 
quase igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização. Não é a 
saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do 
passado. 
 
ASSIS. M. Bons dias! (Crônicas 1885-1839). 
Campinas Editora da Unicamp, São Paulo: Hucitec, 1590.O jornal impresso é parte integrante do que hoje se compreende por 
tecnologias de informação e comunicação. Nesse texto, o jornal é 
reconhecido como 
a) objeto de devoção pessoal. 
b) elemento de afirmação da cultura. 
c) instrumento de reconstrução da memória. 
d) ferramenta de investigação do ser humano. 
e) veículo de produção de fatos da realidade. 
 
16. (Unicamp 2021) GÊNESIS (INTRO) 
 
Deus fez o mar, as árvore, as criança, o amor 
O homem me deu a favela, o crack, a trairagem 
As arma, as bebida, as puta 
Eu? 
Eu tenho uma Bíblia velha, uma pistola automática 
Um sentimento de revolta 
Eu tô tentando sobreviver no inferno 
 
(Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia 
das Letras, 2018, p. 45.) 
 
 
“Gênesis” é a segunda canção do álbum Sobrevivendo no Inferno. É 
antecedida pela invocação de uma outra canção, intitulada “Jorge da 
Capadócia”, de Jorge Ben. 
 
É correto afirmar que as evocações dos elementos religiosos nesse 
álbum 
a) legitimam a violência social a que estão submetidos os pobres. 
b) dificultam a tomada de consciência da população negra. 
c) articulam as esferas ética e estética da experiência humana na 
poesia. 
d) dissimulam a hipocrisia moral das pessoas religiosas. 
 
17. (Ufjf-pism 3 2019) Leia os textos abaixo: 
 
60 por cento dos jovens de periferia sem antecedentes criminais 
Já sofreram violência policial 
A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras 
Nas universidades brasileiras 
Apenas 2 por cento dos alunos são negros 
A cada quatro horas, um jovem negro morre violentamente 
Em São Paulo 
Aqui quem fala é Primo Preto, mais um sobrevivente 
(Mano Brown) 
Minha intenção é ruim... 
esvazia o lugar 
Eu tô em cima, eu tô a fim... 
um dois pra atirar 
Eu sou bem pior do que você tá vendo 
O preto aqui não tem dó... 
é 100 por cento veneno [...] 
Violentamente pacífico, verídico 
Vim pra sabotar seu raciocínio 
Vim pra abalar seu sistema nervoso e sanguíneo 
 
(Racionais MC. Sobrevivendo no inferno, 1997.) 
 
 
Peguei um balaio fui na feira 
Roubar tomate e cebola 
Ia passando uma véia 
Pegou a minha cenoura 
"Ae minha véia 
Deixa a cenoura aqui" 
"Com a barriga vazia 
não consigo dormir" 
E com o bucho mais cheio 
Comecei a pensar 
Que eu me organizando 
Posso desorganizar 
Que eu desorganizando 
Posso me organizar 
Da lama ao caos 
Do caos à lama 
Um homem roubado nunca se engana 
 
(Chico Science e Nação Zumbi. Da lama ao caos, 1994.) 
 
 
Além de lutarem permanentemente contra distintas formas de 
preconceito, discriminação social e até mesmo criminalização, 
 
 
 
 
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movimentos culturais como Manguebeat, Rap, Hip-hop e batuques 
podem ser vistos como importantes manifestações de valorização de 
uma cultura existente na periferia das grandes cidades, por meio da 
poesia, da música e da rima. Recentemente, essa força na música 
contemporânea brasileira voltou a ser destaque com o grupo 
Racionais MC, que comemora, em 2018, os vinte e um anos de 
lançamento de seu álbum Sobrevivendo no inferno (1997). Este 
álbum foi aclamado pela crítica musical como um dos mais 
importantes da música brasileira no século XX. 
 
Levando em consideração os textos acima, responda: 
 
a) Indique UMA problemática social contemporânea revelada pelas 
poesias de Chico Science e Racionais MC. 
b) Como se pode explicar, compreendendo-se as mudanças 
históricas processadas ao longo das últimas três décadas, a 
emergência de tais movimentos culturais? 
 
18. (Unifesp 2009) "Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí 
para cá, tenho- lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão 
de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; 
cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) 
creio que até alegre." 
 (Machado de Assis. "Bons dias!", In: "Obra completa", vol. III. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.) 
 
O fragmento é de uma crônica de 19 de maio de 1888, que conta o 
caso, fictício, de um escravista que se converteu à causa abolicionista 
poucos dias antes da Lei Áurea e agora se gabava de ter alforriado 
Pancrácio, seu escravo. O ex-proprietário explica que Pancrácio, 
além de continuar a apanhar, recebe um salário pequeno. Podemos 
interpretar tal crônica machadiana como uma representação da: 
a) Ampla difusão dos ideais abolicionistas no Segundo Império, que 
apenas formalizou, com a Lei Áurea, o fim do trabalho escravo no 
Brasil. 
b) Aceitação rápida e fácil pelos proprietários de escravos das novas 
relações de trabalho e da necessidade de erradicar qualquer 
preconceito racial e social. 
c) Mudança abrupta provocada pela abolição da escravidão, que 
trouxe sérios prejuízos para os antigos proprietários e para a 
produção agrícola. 
d) Falta de consciência dos escravos para a necessidade de lutar por 
direitos sociais e pela recuperação de sua identidade africana. 
e) Persistência da mentalidade escravista, que reproduzia as relações 
entre senhor e escravo, mesmo após a proclamação da Lei Áurea. 
 
 
 
 
 
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Gabarito: 
 
Resposta da questão 1: 
 [B] 
 
O comentário de Mário, repreendido por ter um relacionamento 
amoroso com uma mulher francesa de má reputação, alude ao 
comportamento imoral da mãe que tinha uma relação extraconjugal 
com o Dr. Gervásio. Trata-se, pois, de uma forma de contrariar as 
reservas maternas com uma censura moral, como transcrito em [B]. 
 
Resposta da questão 2: 
 [A] 
 
O acidente com o espelho faz com que Nina, infeliz por não ser 
correspondida na paixão que nutria pelo primo Mário, deseje que a 
má sorte atribuída a uma quebra de espelho se abata sobre ela e lhe 
provoque a morte. Assim, é correta a opção [A]. 
 
Resposta da questão 3: 
 a) As palavras “alma” e “corpo” marcam a tensão entre matéria e 
espírito experimentada pela personagem Ruth quando, 
acompanhada pela tia Joana, vai à igreja assistir à missa. Ao lembrar 
os castigos que a tia Itelvina tinha infligido a Sancha, Ruth questiona 
a justiça divina que tinha criado as duas de forma tão oposta: “a ela, 
tão branca e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de 
trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda”. 
 
b) Segundo Compagnon, um dos efeitos produzidos pela literatura é 
transmitir ao leitor a experiência de outros que podem estar distantes 
no espaço, tempo ou vivências do seu cotidiano, o que os tornaria 
mais tolerantes à diversidade do contexto em que outros vivem ou 
dos valores que lhe são imanentes. Ao comparar-se com Sancha, 
Ruth apela a deus que reparasse as injustiças de uma criação tão 
desigual em seres humanos dotados dos mesmos sentimentos e 
emoções, mas sujeitos às desigualdades sociais típicas de uma 
sociedade escravocrata. Assim, o romance, através da fala da 
personagem Sancha, branca e de origem burguesa, permite ao leitor 
perceber a crueldade de um sistema social discriminatório do final do 
século XIX, que impõe ao afrodescendente condições de trabalho 
humilhantes e adota, para com ele, comportamentos 
preconceituosos. 
 
Resposta da questão 4: 
 a) Francisco Teodoro é um negociante português que fez fortuna no 
Rio de Janeiro, que, na virada do século XIX para o XX, vivia um 
processo de modernização intensificado pela emergência da 
República e o preço do café assumira grandes proporções. Imigrante 
pobre, Teodoro conseguiu, por meio do trabalho árduo, enriquecer. 
Ambicioso, mas de pouco estudo, vê em Dr. Gervásio e em Inocêncio 
uma superioridade intelectual que o leva a envolver-se em transações 
que desembocam, ao final da narrativa, em sua falência e na perda 
de todos os bens, inclusive da casa da família. Assim, ambição, 
ganância, inveja e covardia perante o fato de não corresponder ao 
padrão da sociedade burguesa e patriarcal da época constituem 
características fundamentais que o levam ao suicídio. 
 
b) Trata-se do discurso indireto livre, uma modalidade de técnica 
narrativa resultante da mistura dos discursos direto e indireto. O 
narrador pode não apenas reproduzirindiretamente 
as falas dos personagens, mas também os seus pensamentos e 
sentimentos, de forma semelhante a um monólogo interior dos 
personagens, mas expresso pelo narrador e reproduzido na forma 
como os personagens o diriam. 
 
Resposta da questão 5: 
 a) No contexto, o termo “houvesse” faz parte da locução verbal 
“houvesse perseguido” e tem como núcleo do sujeito a palavra 
“incerteza”. No segmento “não viesse de longe a enfiada das 
decepções que nos ultrajam”, o núcleo do sujeito do verbo “viesse” é 
“enfiada”. 
 
b) Em discurso indireto, a frase teria a seguinte configuração: à porta 
do Ateneu, meu pai disse-me que eu iria encontrar o mundo. 
 
Resposta da questão 6: 
 Ao dizer “aludi várias vezes”, o narrador Sérgio adulto, ou autor-
personagem, conforme aponta o fragmento crítico, aparece 
nitidamente conduzindo a narração. Contudo, é possível perceber a 
presença do Sérgio adolescente ao descrever o impacto que a 
imagem do diretor, comparada à de uma majestade, causava aos 
rapazes – “o olhar do diretor imobilizava o colégio fulminantemente”. 
Desse modo, é visível a correlação entre Sérgio adolescente, cujo 
ponto de vista é derivado das impressões causadas pelo tempo de 
permanência no Ateneu, e Sérgio adulto, que recupera as memórias 
e procura “reconquistar o equilíbrio da experiência passada” ao 
narrar, como apontam os críticos. 
 
Resposta da questão 7: 
 [A] 
 
O terceiro parágrafo coloca em evidência os objetivos de Aristarco 
como mantenedor do colégio Ateneu. As estratégias usadas para 
promover o estabelecimento limitavam-se a distribuir abundante 
propaganda e a embelezar o edifício, como as de qualquer 
comerciante que pretende atrair comprador para a sua mercadoria. 
Além do mais, percebe-se que Aristarco se promove indevidamente 
como pedagogo, ao colocar o seu nome em livros que, na verdade, 
haviam sido escritos por outros professores. Assim, é correta a opção 
[A], pois o narrador coloca em evidência a ideologia mercantil da 
educação, repercutida nas vaidades pessoais de Aristarco. 
 
Resposta da questão 8: 
 [B] 
 
Nos últimos períodos do texto, o narrador descreve a oscilação do 
comportamento de Rômulo que, ora se sentava acabrunhado a 
pensar nas razões da perseguição de que era vítima, ora se irritava e 
arremetia contra os agressores. 
 
Resposta da questão 9: 
 a) As expressões "é um campo minado" e "a gente vive se matando" 
opõem-se ao conceito do título da canção, “Fórmula mágica da paz”, 
que aponta para uma estratégia de pacificação das favelas proposta 
pelas autoridades, mas que nunca se mostrou eficaz. Na linha 
contrária, “Descanse o seu gatilho” expressa um pedido de 
desarmamento como tática necessária para que esses conflitos 
armados terminem e a população deixe de estar exposta a esse clima 
violência. Além dessa convocatória ao desarmamento, o poeta 
considera que o rap, cujo traço marcante é o grito-denúncia do 
conjunto de espoliações que negros e pobres sofrem cotidianamente 
nas cidades, também é um instrumento valioso para levar ao 
conhecimento de todos as dificuldades do meio em que vivem essas 
comunidades: “Entre no trem da malandragem, meu rap é o trilho”. 
 
b) Segundo o trecho de Todorov, a arte permite que o homem entenda 
melhor o mundo e ele mesmo, conceito expresso no verso do excerto 
da canção “O ensinamento da favela foi muito bom para mim”. Apesar 
da violência em que está mergulhado, o poeta consegue visualizar 
um efeito positivo ao produzir um tipo de música que é entendido não 
 
 
 
 
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só pela população marginalizada da comunidade, como também por 
outras fora desse circuito que, dessa forma, passam a entender a 
realidade de substratos humanos a que antes eram alheios. 
 
Resposta da questão 10: 
 [B] 
 
As imagens de uma cruz na capa e um revólver na contracapa do CD, 
acompanhadas ambas de frases bíblicas, estabelecem oposição de 
sentido entre valores religiosos de convivência pacífica e fraterna e 
comportamentos violentos. A mesma tensão está presente nas letras 
das canções que compõem o CD “Sobrevivendo no Inferno”, como 
transcrito em [B]. 
 
Resposta da questão 11: 
 [D] 
 
Depois de, nos dois quartetos, o eu lírico descrever a natureza 
bucólica que o rodeia, conclui, nos tercetos, que toda essa beleza da 
paisagem lhe causa tristeza pela ausência da mulher amada: “Sem ti, 
tudo me enoja e me aborrece;/sem ti, perpetuamente estou 
passando,/nas mores alegrias, mor tristeza”. Assim, é correta a opção 
[D]. 
 
Resposta da questão 12: 
 [D] 
 
O soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, de Luís 
Vaz de Camões, é estruturado em versos decassílabos com esquema 
rimático ABBA ABBA CDC DCD. No primeiro quarteto, o poeta 
apresenta o tema que vai abordar, a mudança, que será desenvolvido 
no segundo e confirmado no primeiro terceto, pela constatação das 
transformações que acontecem nele mesmo e na natureza. No último 
terceto, o poeta conclui que a própria mudança é objeto da mudança, 
ou seja, “não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas 
também a experiência que ele tem da própria mudança”, como 
transcrito em [D]. 
 
Resposta da questão 13: 
 [B] 
 
O fato de o cenário representar um quarto circular com um caixão ao 
centro onde jaz uma donzela vestida de branco instaura 
simbolicamente a dimensão cíclica da vida e da morte, que lhe põe 
fim. As três veladoras são iluminadas por quatro tochas em um jogo 
de espelhos em que se veem a si mesmas e entre si. Também a 
descrição final da noite e do amanhecer aparecem carregadas de 
mistério, ou seja, as didascálias que abrem e fecham a peça O 
marinheiro, de Fernando Pessoa, apresentam elementos carregados 
de possibilidades de significação e relações filosóficas, permitindo 
afirmar que o seu estilo é simbolista, como mencionado em [B]. 
 
Resposta da questão 14: 
 [B] 
 
A peça “O marinheiro”, subintitulada como “drama estático em um 
quadro”, apresenta características que a ligam à estética modernista, 
entre outras, pela não presença física da figura central da trama que 
surge apenas na imaginação de uma das personagens. Se, na obra 
poética de Camões, o marinheiro assume uma voz coletiva 
representativa do povo português que ousou enfrentar os riscos da 
travessia pelos oceanos Atlântico e Índico no século XVI, na peça de 
Fernando Pessoa, publicada pela primeira vez em 1913 na revista 
“Orpheu”, o marinheiro náufrago elabora a construção interna do herói 
coletivo, individualmente e sujeito a riscos, na busca de uma nova 
vida em uma pátria imaginada. Assim, é correta a opção [B]. 
 
Resposta da questão 15: 
 [C] 
 
Na crônica “Bons dias!”, Machado de Assis discorre sobre a 
satisfação que sente ao ler jornais antigos. Na última frase do excerto, 
justifica essa sensação pelo fato de esse tipo de leitura lhe permitir a 
convivência com fatos ocorridos em contextos sociais de outras 
épocas: “Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a 
revivescência do passado”. Assim, é correta a opção [C], pois, nesse 
sentido, o jornal é reconhecido como instrumento de reconstrução da 
memória. 
 
Resposta da questão 16: 
 [C] 
 
A cultura é composta de elementos diversos. No trecho da música 
dos Racionais Mc’s, estão presentes elementos culturais que, 
aparentemente, são contraditórios: a religião e a criminalidade. No 
entanto, no contexto social em que tal música foi escrita, essa relação 
faz sentido, pois são elementos que descrevem a complexidade 
social dentro da qual os compositores devem construir suas 
experiências de vida. 
 
Resposta da questão 17: 
 a) Ambos versam sobre a exclusão e a marginalização dos jovens 
negros no Brasil. 
 
b) Principalmente após nosso processo de redemocratização, iniciado 
em 1985, aumentaram as discussões e mobilizações em torno das 
causas sociais no país, como os problemas enfrentados pelos negros 
para a sua correta inclusão na sociedade brasileira. 
 
Resposta da questão 18: 
 [E] 
 
 
 
 
 
 
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