Prévia do material em texto
Revisão Unicamp Profº Mari Neto Página 1 de 9 “A falência”, Júlia Lopes de Almeida https://www.youtube.com/watch?v=WVNHUhI4D60 “Sobrevivêndo no inferno”, Racionais MC’s https://www.youtube.com/watch?v=MCzlZiwk9TE “O ateneu”, Raul Pompeia https://www.youtube.com/watch?v=0QkOkkiVv-g “Tarde”, Olavo Bilac https://www.youtube.com/watch?v=dFTBCrYkQgk “NIKETCHE: UMA HISTÓRIA DE POLIGAMIA”, Paulina Chiziane https://www.youtube.com/watch?v=z4BaQWok_PM “Bons dias!”, Machado de Assis https://www.youtube.com/watch?v=XDVxHo6Gmtk “O Marinheiro”, Fernando Pessoa https://www.youtube.com/watch?v=tjb-xrdfJGc Exercícios 1. (Unicamp 2021) “– Reputação! Ora, mamãe, e é a senhora quem me fala nisso! Camila estacou, sem atinar com a resposta, compreendendo o alcance das palavras do filho. A surpresa paralisou-lhe a língua; o sangue arrefeceu-se-lhe nas veias; mas, de repente, a reação sacudiu-a e então, num desatino, ferida no coração, ela achou para o Mário admoestações mais ásperas. Percebeu que a língua mais dizia que a sua vontade; mas não poderia contê-la. A dor atirava-a para diante, contra aquele filho, até então poupado.” (Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 123.) A passagem apresenta a reação de Camila às palavras de seu filho. Assinale a alternativa que explica corretamente o comentário de Mário. a) Mário contrapõe-se à censura materna com sentimento de compaixão. b) Mário rejeita as reservas maternas com censura moral. c) Mário contrapõe-se à censura materna com desdém pela família. d) Mário rejeita as reservas maternas com vergonha pelas dívidas acumuladas. 2. (Unicamp 2021) “Era Noca, que vinha toda alterada. – Nossa Senhora! Quebrou-se o espelho grande do salão! – Quem foi que o quebrou? Perguntou Nina, para dizer alguma coisa. – Ninguém sabe. Veja só, que desgraça estará para acontecer! Espelho quebrado: morte ou ruína. – Morte! Se fosse a minha...” (Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 257.) O diálogo apresenta a reação das personagens femininas ao incidente doméstico com o objeto de decoração no palacete de Botafogo. Assinale a alternativa que justifica a fala final de Nina. a) A destruição do espelho a leva a desejar a morte, pois sugere o alívio para a frustração amorosa. b) A quebra do espelho lhe provoca o temor da morte, uma vez que antecipa a ruína financeira. c) A destruição do espelho traz a certeza da morte, pois sinaliza o suicídio do ser amado. d) A quebra do espelho a faz desejar a morte, pois sugere a catástrofe amorosa do casamento. 3. (Unicamp 2021) “A literatura deve, portanto, ser lida e estudada porque oferece um meio de preservar e transmitir a experiência dos outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós por suas condições de vida. Ela nos torna sensíveis ao fato de que os outros são muito diversos e que seus valores se distanciam dos nossos.” (Antoine Compagnon, Literatura para quê? Belo Horizonte: Editora UFMG, 2009, p. 46-47.) “E tudo dela repugnava a Ruth: a estupidez, a humildade, a cor, a forma, o cheiro; mas percebera que também ali havia uma alma e sofrimento, e então, com lágrimas nos olhos, perguntava a Deus, ao grande Pai misericordioso, por que a criara, a ela, tão branca e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda? Que reparasse aquela injustiça tremenda e alegrasse em felicidade perfeita o coração da negra. – Sim, o coração dela deve ser da mesma cor que o meu, cismava Ruth, confusa, com os olhos no altar.” (Júlia Lopes de Almeida, A falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 235.) a) Indique duas palavras do texto de A falência que marcam a tensão entre matéria e espírito. Explique como essa tensão é vivida pela personagem. b) Relacione as duas últimas frases da passagem do romance com as reflexões de Compagnon, considerando as condições de trabalho na sociedade brasileira ao final do século XIX. 4. (Unicamp 2020) Resumindo seus pensamentos de vencido, Francisco Teodoro disse alto, num suspiro: – Trabalhei, trabalhei, trabalhei, e aqui estou como Jó! (...) – Como Jó! Repetiu ele furioso, arrancando as barbas e unhando as faces. Não lhe bastava o arrependimento, a dor moral, queria o castigo físico, a maceração da carne, para completa punição da sua inépcia. Não saber guardar a felicidade, depois de ter sabido adquiri-la, é sinal de loucura. Ele era um doido? Sim, ele era um doido. Tal qual o avô. Riu alto; ele era um doido! (Júlia Lopes de Almeida, A Falência. Campinas: Editora da Unicamp, 2018, p. 296.) a) O protagonista de A Falência encarna um tipo representativo da sociedade brasileira do século XIX. Aponte quatro características desse tipo social constatadas na trajetória de Francisco Teodoro. https://www.youtube.com/watch?v=WVNHUhI4D60 https://www.youtube.com/watch?v=MCzlZiwk9TE https://www.youtube.com/watch?v=0QkOkkiVv-g https://www.youtube.com/watch?v=dFTBCrYkQgk https://www.youtube.com/watch?v=z4BaQWok_PM https://www.youtube.com/watch?v=XDVxHo6Gmtk https://www.youtube.com/watch?v=tjb-xrdfJGc Página 2 de 9 b) No excerto acima, o narrador se detém no momento em que o protagonista, atormentado, revê sua trajetória e se recorda do avô. Caracterize a voz narrativa nesse excerto e explique seu funcionamento. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o trecho inicial do romance O Ateneu, de Raul Pompeia (1863- 1895), para responder à(s) questão(ões) a seguir. “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta.” Bastante experimentei depois a verdade deste aviso, que me despia, num gesto, das ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho que é o regime do amor doméstico; diferente do que se encontra fora, tão diferente, que parece o poema dos cuidados maternos um artifício sentimental, com a vantagem única de fazer mais sensível a criatura à impressão rude do primeiro ensinamento, têmpera brusca da vitalidade na influência de um novo clima rigoroso. Lembramo-nos, entretanto, com saudade hipócrita dos felizes tempos; como se a mesma incerteza de hoje, sob outro aspecto, não nos houvesse perseguido outrora, e não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam. Eufemismo, os felizes tempos, eufemismo apenas, igual aos outros que nos alimentam, a saudade dos dias que correram como melhores. Bem considerando, a atualidade é a mesma em todas as datas. Feita a compensação dos desejos que variam, das aspirações que se transformam, alentadas perpetuamente do mesmo ardor, sobre a mesma base fantástica de esperanças, a atualidade é uma. Sob a coloração cambiante das horas, um pouco de ouro mais pela manhã, um pouco mais de púrpura ao crepúsculo – a paisagem é a mesma de cada lado, beirando a estrada da vida. Eu tinha onze anos. Frequentara como externo, durante alguns meses, uma escola familiar do Caminho Novo, onde algumas senhoras inglesas, sob a direção do pai, distribuíam educação à infância como melhor lhes parecia. Entrava às nove horas timidamente, ignorando as lições com a maior regularidade, e bocejava até às duas, torcendo-me de insipidez sobre os carcomidos bancos que o colégio comprara, de pinho e usados, lustrosos do contato da malandragem de não sei quantas gerações de pequenos. Ao meio-dia, davam-nos pão com manteiga. Esta recordação gulosa é o que mais pronunciadamente me ficou dos meses de externato; com a lembrança de alguns companheiros – um que gostava de fazer rir à aula, espécie interessante de mono louro, arrepiado, vivendo a morder, nas costas da mão esquerda, uma protuberância calosa que tinha; outro adamado, elegante, sempre retirado, que vinha à escola de branco, engomadinho e radioso, fechada a blusa em diagonal do ombro à cinta por botões de madrepérola. Mais ainda:a primeira vez que ouvi certa injúria crespa, um palavrão cercado de terror no estabelecimento, que os partistas denunciavam às mestras por duas iniciais como em monograma. Lecionou-me depois um professor em domicílio. Apesar deste ensaio da vida escolar a que me sujeitou a família, antes da verdadeira provação, eu estava perfeitamente virgem para as sensações novas da nova fase. O internato! Destacada do conchego placentário da dieta caseira, vinha próximo o momento de se definir a minha individualidade. (O Ateneu, 1999.) 5. (Unesp 2019) a) Identifique os sujeitos dos verbos “houvesse” e “viesse”, sublinhados no segundo parágrafo. b) Transcreva o trecho “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu.” (1º parágrafo) para o discurso indireto. 6. (Uel 2017) Leia, a seguir, o comentário crítico sobre o romance O Ateneu, de Raul Pompeia, e o fragmento extraído da obra. Acumulam-se situações e experiências, como reflexos de caracteres e intenções, selecionados e comunicados do ponto de vista subjetivo do autor-personagem. Assim, a memória evocadora sofre contínuas interferências subconscientes, de forma a substituir a noção de tempo objetivo pela duração interior e ir de encontro aos processos realistas então frequentes de abordagem ou observação da vida. O ângulo de visão do mundo ou da realidade é essencialmente subjetivo, impondo-se como o principal elemento de unidade da obra. Domina nela a presença de Sérgio adolescente sob a vigilância esclarecedora de Sérgio adulto, na pessoa do romancista, pelo que se pode falar em autor-personagem. Essa correlação se impõe pela necessidade imperiosa de reconquistar o equilíbrio da experiência passada, mas que continua a atuar no presente de maneira opressiva. CANDIDO, A.; CASTELLO, J. A. Presença da Literatura Brasileira: história e antologia. I Das origens ao realismo. 5.ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1992. p. 349-350. Aludi várias vezes ao revestimento exterior de divindade com que se apresentava habitualmente Aristarco. Era um manto transparente, da natureza daquele tecido leve de brisas trançadas de Gautier, manto sobrenatural que Aristarco passava aos ombros, revelando do estofo nada mais que o predicado de majestade, geralmente estranho à indústria pouco abstrata dos tecelões e à trama concreta das lançadeiras. Ninguém conseguia tocar com o dedo a misteriosa púrpura. Sentia-se, porém, o influxo da realeza impalpável. Assim é que um simples olhar do diretor imobilizava o colégio fulminantemente, como se levasse no brilho ameaças de todo um despotismo cruento. POMPEIA, R. O Ateneu. 4.ed. São Paulo: Martin Claret, 2013. cap. 4. p. 69-70. Com base na leitura do fragmento crítico e do trecho destacado da obra, explique a correlação entre Sérgio adolescente e Sérgio adulto. 7. (Enem 2015) Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti. Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação. Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que os não procuravam eram um belo dia Página 3 de 9 surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito. POMPEIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005. Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela a) ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais. b) interferência afetiva das famílias, determinantes no processo educacional. c) produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação do ensino. d) ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos escolares. e) cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse comum do avanço social. TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: As provocações no recreio eram frequentes, oriundas do enfado; irritadiços todos como feridas; os inspetores a cada passo precisavam intervir em conflitos; as importunações andavam em busca das suscetibilidades; as suscetibilidades a procurar a sarna das importunações. Viam de joelhos o Franco, puxavam-lhe os cabelos. Viam Rômulo passar, lançavam-lhe o apelido: mestre-cuca! Esta provocação era, além de tudo, inverdade. Cozinheiro, Rômulo! Só porque lembrava culinária, com a carnosidade bamba, fofada dos pastelões, ou porque era gordo das enxúndias enganadoras dos fregistas, dissolução mórbida de sardinha e azeite, sob os aspectos de mais volumosa saúde? (...) Rômulo era antipatizado. Para que o não manifestassem excessivamente, fazia-se temer pela brutalidade. Ao mais insignificante gracejo de um pequeno, atirava contra o infeliz toda a corpulência das infiltrações de gordura solta, desmoronava-se em socos. Dos mais fortes vingava-se, resmungando intrepidamente. Para desesperá-lo, aproveitavam-se os menores do escuro. Rômulo, no meio, ficava tonto, esbravejando juras de morte, mostrando o punho. Em geral procurava reconhecer algum dos impertinentes e o marcava para a vindita. Vindita inexorável. No decorrer enfadonho das últimas semanas, foi Rômulo escolhido, principalmente, para expiatório do desfastio. Mestrecuca! Via-se apregoado por vozes fantásticas, saídas da terra; mestre-cuca! Por vozes do espaço rouquenhas ou esganiçadas. Sentava-se acabrunhado, vendo se se lembrava de haver tratado panelas algum dia na vida; a unanimidade impressionava. Mais frequentemente, entregava-se a acessos de raiva. Arremetia bufando, espumando, olhos fechados, punhos para trás, contra os grupos. Os rapazes corriam a rir, abrindo caminho, deixando rolar adiante aquela ambulância danada de elefantíase. (Raul Pompeia. O Ateneu.) 8. (Unifesp 2011) Sobre o texto, é correto afirmar: a) A atmosfera tensa presente no cotidiano do colégio era produto, sobretudo, da marcação cerrada dos inspetores, que intervinham nos muitos conflitos. b) Rômulo, devido às provocações que sofre, perde as certezas sobre si mesmo e assume um comportamento que oscila entre a angústia e ataques de fúria. c) Alguns alunos, por serem muito suscetíveis, importunavam outros colegas, puxando-lhes o cabelo ou colocando-lhes apelidos. d) A brutalidade física de Rômulo era a única solução que encontrava para enfrentar a chacota dos alunos mais fortes. e) A unanimidade dos alunos em chamar Rômulo de cozinheiro fazia com que preponderasse sua atitude de entregar-se ao acabrunhamento. 9. (Unicamp 2021) É preciso também que nos questionemos sobre a finalidade última das obras que julgamos dignas de serem estudadas. Em regra geral, o leitor não profissional, tanto hoje quanto ontem, lê essas obras para encontrar um sentido que lhe permita compreender melhor o homem e o mundo, para nelasdescobrir uma beleza que enriqueça sua existência; ao fazê-lo, ele compreende melhor a si mesmo. (Adaptado de T. Todorov, A literatura em perigo. São Paulo: Difel, 2009, p. 32-33.) FÓRMULA MÁGICA DA PAZ Essa porra é um campo minado Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui? Mas, aí, minha área é tudo o que eu tenho A minha vida é aqui e eu não consigo sair É muito fácil fugir, mas eu não vou Não vou trair quem eu fui, quem eu sou Eu gosto de onde eu tô e de onde eu vim O ensinamento da favela foi muito bom para mim (...) A gente vive se matando, irmão, por quê? Não me olhe assim, eu sou igual a você Descanse o seu gatilho, descanse o seu gatilho Entre no trem da malandragem, meu rap é o trilho (Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 121 e 129.) a) Identifique, nos versos transcritos acima, uma expressão que se opõe ao título da canção e uma outra que o confirma. Explique o título da canção considerando o último verso. b) Com base no trecho de Todorov e no excerto da canção, formule dois argumentos (um ético e um estético) que justifiquem o estudo do rap. 10. (Unicamp 2020) As palavras organizadas comunicam sempre alguma coisa, que nos toca porque obedece a certa ordem. Quando recebemos o impacto de uma produção literária, oral ou escrita, ele é devido à fusão inextricável da mensagem com a sua organização. Em palavras usuais: o conteúdo de uma obra literária só atua por causa da forma. (Adaptado de Antonio Candido, “O direito à literatura”, em Vários escritos. São Paulo: Ouro sobre azul e Duas Cidades, 2004, p.178.) Página 4 de 9 A obra Sobrevivendo no inferno do grupo Racionais Mc’s é composta pelas canções e pelo projeto editorial da capa e contracapa do CD. Nesse projeto editorial, encontram-se elementos visuais e verbais que estabelecem um jogo de formas e sentidos. Com base na afirmação de Antonio Candido, é correto afirmar que a organização desses elementos a) produz uma simetria entre som e sentido, sendo que tal simetria indica que os símbolos religiosos são uma resposta à violência. b) configura um sistema de oposições, uma vez que imagens e palavras estabelecem tensões materiais e espirituais, constitutivas do sentido das canções. c) configura uma sintaxe poética de ordem espiritual. Essa sintaxe espelha o caos e as injustiças vividos na periferia das grandes cidades. d) produz uma lógica poética racional. Essa lógica se explicita na vitória do crime sobre a visão de mundo presente nos versículos bíblicos transcritos. 11. (Unicamp 2021) Leia o poema e responda à questão que se segue. A fermosura desta fresca serra e a sombra dos verdes castanheiros, o manso caminhar destes ribeiros, donde toda a tristeza se desterra; o rouco som do mar, a estranha terra, o esconder do Sol pelos outeiros, o recolher dos gados derradeiros, das nuvens pelo ar a branda guerra; enfim, tudo o que a rara natureza com tanta variedade nos oferece, se está, se não te vejo, magoando. Sem ti, tudo me enoja e me aborrece; sem ti, perpetuamente estou passando, nas mores alegrias, mor tristeza. É correto afirmar que, no soneto de Camões, a) a beleza natural aborrece o eu lírico, uma vez que se transforma em objeto de suas maiores tristezas. b) a variedade da paisagem está em harmonia com o sentimento do eu lírico porque a relação amorosa é imperfeita. c) a harmonia da natureza consola o eu lírico das imperfeições da vida e da ausência da pessoa amada. d) a singularidade da natureza entristece o eu lírico quando ele está distante da pessoa amada. 12. (Unicamp 2021) Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, Muda-se o ser, muda-se a confiança: Todo o mundo é composto de mudança, Tomando sempre novas qualidades. Continuamente vemos novidades, Diferentes em tudo da esperança: Do mal ficam as mágoas na lembrança, E do bem (se algum houve) as saudades. O tempo cobre o chão de verde manto, Que já coberto foi de neve fria, E em mim converte em choro o doce canto. E afora este mudar-se cada dia, Outra mudança faz de mor espanto, Que não se muda já como soía*. (Luís Vaz de Camões) *soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo do verbo “soer” (costumar, ser de costume). (Luís de Camões, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, p.91.) Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por Camões. a) O poema retoma o tema renascentista da mudança das coisas, que o poeta sente como motivo de esperança e de fé na vida. b) A ideia de transformação refere-se às coisas do mundo, mas não afeta o estado de espírito do poeta, em razão de sua crença amorosa. c) Tudo sempre se renova, diferentemente das esperanças do poeta, que acolhem suas mágoas e saudades. d) Não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas também a experiência que ele tem da própria mudança. 13. (Unicamp 2021) Tradicionalmente, o palco pode apresentar uma variedade de estilos cênicos, entre os quais se destacam o estilo realista (põe em evidência detalhes ambientais para sugerir sensações e emoções vividas pelas personagens), o estilo expressionista (os objetos são distorcidos ou estilizados, com o fim de sugerir, mais que mostrar, o ambiente de atuação das personagens), o estilo simbolista (os objetos concretos sugerem ideias abstratas, segundo associações sinestéticas tradicionais: o verde, vestido pelos mágicos, indica a esperança; o vermelho, a cor do demônio, sugere uma paixão violenta; a veste branca simboliza a candura, a castidade). (Adaptado de Salvatore D'Onofrio, Teoria do texto 2: Teoria da lírica e do drama. São Paulo: Ática, 1995, p. 138.) Sem identidade, hierarquias no chão, estilos misturados, a pós- modernidade é isto e aquilo, num presente aberto pelo e. Página 5 de 9 (Jair Ferreira dos Santos, O que é o pós-moderno. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 110.) Com base nas indicações cênicas (as didascálias) que abrem e fecham a peça O marinheiro, de Fernando Pessoa, é correto afirmar que o seu estilo é a) expressionista, dadas a ausência de ações dramáticas e a presença de sugestões alegóricas como, por exemplo, o canto do galo. b) simbolista, uma vez que os elementos que compõem a cena dramática sugerem alguns significados de natureza filosófica. c) realista, porque as imagens da noite, do luar e do alvorecer indicam precisamente a passagem do tempo. d) pós-modernista, tendo em vista que os objetos descritos criam uma atmosfera mágica, na qual a ilusão não se distingue da realidade. 14. (Unicamp 2021) Certas imagens literárias podem tornar-se nucleares para uma cultura. Assim, por exemplo, a figura do marinheiro em Portugal. Ela adquire significados diferentes em períodos históricos distintos, mas conserva um elemento permanente. A semelhança entre a imagem do marinheiro em Camões e em Fernando Pessoa reside a) no realismo moral do povo português, resultado da era das grandes navegações e da expansão do catolicismo. b) na representação de uma identidade coletiva e individual sob o signo da mudança, do risco e da travessia. c) na alegoria da degradação moral dos amantes e dos aventureiros, movidos pelo desejo sexual e pela cobiça material. d) na simbolização dos ideais econômicos de Portugal, com reflexos na vida espiritual. 15. (Enem 2016) Bons dias! 14 de junho de 1889 Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos jornais velhos! Conhece-se um homem diante de um deles. Pessoa que não sentir alguma coisa ao ler folhas de meio século, bem pode crer que não terá nunca uma das mais profundas sensações da vida, – igual ou quase igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização. Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado. ASSIS. M. Bons dias! (Crônicas 1885-1839). Campinas Editora da Unicamp, São Paulo: Hucitec, 1590.O jornal impresso é parte integrante do que hoje se compreende por tecnologias de informação e comunicação. Nesse texto, o jornal é reconhecido como a) objeto de devoção pessoal. b) elemento de afirmação da cultura. c) instrumento de reconstrução da memória. d) ferramenta de investigação do ser humano. e) veículo de produção de fatos da realidade. 16. (Unicamp 2021) GÊNESIS (INTRO) Deus fez o mar, as árvore, as criança, o amor O homem me deu a favela, o crack, a trairagem As arma, as bebida, as puta Eu? Eu tenho uma Bíblia velha, uma pistola automática Um sentimento de revolta Eu tô tentando sobreviver no inferno (Racionais Mc’s, Sobrevivendo no inferno. São Paulo: Companhia das Letras, 2018, p. 45.) “Gênesis” é a segunda canção do álbum Sobrevivendo no Inferno. É antecedida pela invocação de uma outra canção, intitulada “Jorge da Capadócia”, de Jorge Ben. É correto afirmar que as evocações dos elementos religiosos nesse álbum a) legitimam a violência social a que estão submetidos os pobres. b) dificultam a tomada de consciência da população negra. c) articulam as esferas ética e estética da experiência humana na poesia. d) dissimulam a hipocrisia moral das pessoas religiosas. 17. (Ufjf-pism 3 2019) Leia os textos abaixo: 60 por cento dos jovens de periferia sem antecedentes criminais Já sofreram violência policial A cada quatro pessoas mortas pela polícia, três são negras Nas universidades brasileiras Apenas 2 por cento dos alunos são negros A cada quatro horas, um jovem negro morre violentamente Em São Paulo Aqui quem fala é Primo Preto, mais um sobrevivente (Mano Brown) Minha intenção é ruim... esvazia o lugar Eu tô em cima, eu tô a fim... um dois pra atirar Eu sou bem pior do que você tá vendo O preto aqui não tem dó... é 100 por cento veneno [...] Violentamente pacífico, verídico Vim pra sabotar seu raciocínio Vim pra abalar seu sistema nervoso e sanguíneo (Racionais MC. Sobrevivendo no inferno, 1997.) Peguei um balaio fui na feira Roubar tomate e cebola Ia passando uma véia Pegou a minha cenoura "Ae minha véia Deixa a cenoura aqui" "Com a barriga vazia não consigo dormir" E com o bucho mais cheio Comecei a pensar Que eu me organizando Posso desorganizar Que eu desorganizando Posso me organizar Da lama ao caos Do caos à lama Um homem roubado nunca se engana (Chico Science e Nação Zumbi. Da lama ao caos, 1994.) Além de lutarem permanentemente contra distintas formas de preconceito, discriminação social e até mesmo criminalização, Página 6 de 9 movimentos culturais como Manguebeat, Rap, Hip-hop e batuques podem ser vistos como importantes manifestações de valorização de uma cultura existente na periferia das grandes cidades, por meio da poesia, da música e da rima. Recentemente, essa força na música contemporânea brasileira voltou a ser destaque com o grupo Racionais MC, que comemora, em 2018, os vinte e um anos de lançamento de seu álbum Sobrevivendo no inferno (1997). Este álbum foi aclamado pela crítica musical como um dos mais importantes da música brasileira no século XX. Levando em consideração os textos acima, responda: a) Indique UMA problemática social contemporânea revelada pelas poesias de Chico Science e Racionais MC. b) Como se pode explicar, compreendendo-se as mudanças históricas processadas ao longo das últimas três décadas, a emergência de tais movimentos culturais? 18. (Unifesp 2009) "Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí para cá, tenho- lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre." (Machado de Assis. "Bons dias!", In: "Obra completa", vol. III. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986.) O fragmento é de uma crônica de 19 de maio de 1888, que conta o caso, fictício, de um escravista que se converteu à causa abolicionista poucos dias antes da Lei Áurea e agora se gabava de ter alforriado Pancrácio, seu escravo. O ex-proprietário explica que Pancrácio, além de continuar a apanhar, recebe um salário pequeno. Podemos interpretar tal crônica machadiana como uma representação da: a) Ampla difusão dos ideais abolicionistas no Segundo Império, que apenas formalizou, com a Lei Áurea, o fim do trabalho escravo no Brasil. b) Aceitação rápida e fácil pelos proprietários de escravos das novas relações de trabalho e da necessidade de erradicar qualquer preconceito racial e social. c) Mudança abrupta provocada pela abolição da escravidão, que trouxe sérios prejuízos para os antigos proprietários e para a produção agrícola. d) Falta de consciência dos escravos para a necessidade de lutar por direitos sociais e pela recuperação de sua identidade africana. e) Persistência da mentalidade escravista, que reproduzia as relações entre senhor e escravo, mesmo após a proclamação da Lei Áurea. Página 7 de 9 Gabarito: Resposta da questão 1: [B] O comentário de Mário, repreendido por ter um relacionamento amoroso com uma mulher francesa de má reputação, alude ao comportamento imoral da mãe que tinha uma relação extraconjugal com o Dr. Gervásio. Trata-se, pois, de uma forma de contrariar as reservas maternas com uma censura moral, como transcrito em [B]. Resposta da questão 2: [A] O acidente com o espelho faz com que Nina, infeliz por não ser correspondida na paixão que nutria pelo primo Mário, deseje que a má sorte atribuída a uma quebra de espelho se abata sobre ela e lhe provoque a morte. Assim, é correta a opção [A]. Resposta da questão 3: a) As palavras “alma” e “corpo” marcam a tensão entre matéria e espírito experimentada pela personagem Ruth quando, acompanhada pela tia Joana, vai à igreja assistir à missa. Ao lembrar os castigos que a tia Itelvina tinha infligido a Sancha, Ruth questiona a justiça divina que tinha criado as duas de forma tão oposta: “a ela, tão branca e tão bonita, e fizera com o mesmo sopro aquela carne de trevas, aquele corpo feio da Sancha imunda”. b) Segundo Compagnon, um dos efeitos produzidos pela literatura é transmitir ao leitor a experiência de outros que podem estar distantes no espaço, tempo ou vivências do seu cotidiano, o que os tornaria mais tolerantes à diversidade do contexto em que outros vivem ou dos valores que lhe são imanentes. Ao comparar-se com Sancha, Ruth apela a deus que reparasse as injustiças de uma criação tão desigual em seres humanos dotados dos mesmos sentimentos e emoções, mas sujeitos às desigualdades sociais típicas de uma sociedade escravocrata. Assim, o romance, através da fala da personagem Sancha, branca e de origem burguesa, permite ao leitor perceber a crueldade de um sistema social discriminatório do final do século XIX, que impõe ao afrodescendente condições de trabalho humilhantes e adota, para com ele, comportamentos preconceituosos. Resposta da questão 4: a) Francisco Teodoro é um negociante português que fez fortuna no Rio de Janeiro, que, na virada do século XIX para o XX, vivia um processo de modernização intensificado pela emergência da República e o preço do café assumira grandes proporções. Imigrante pobre, Teodoro conseguiu, por meio do trabalho árduo, enriquecer. Ambicioso, mas de pouco estudo, vê em Dr. Gervásio e em Inocêncio uma superioridade intelectual que o leva a envolver-se em transações que desembocam, ao final da narrativa, em sua falência e na perda de todos os bens, inclusive da casa da família. Assim, ambição, ganância, inveja e covardia perante o fato de não corresponder ao padrão da sociedade burguesa e patriarcal da época constituem características fundamentais que o levam ao suicídio. b) Trata-se do discurso indireto livre, uma modalidade de técnica narrativa resultante da mistura dos discursos direto e indireto. O narrador pode não apenas reproduzirindiretamente as falas dos personagens, mas também os seus pensamentos e sentimentos, de forma semelhante a um monólogo interior dos personagens, mas expresso pelo narrador e reproduzido na forma como os personagens o diriam. Resposta da questão 5: a) No contexto, o termo “houvesse” faz parte da locução verbal “houvesse perseguido” e tem como núcleo do sujeito a palavra “incerteza”. No segmento “não viesse de longe a enfiada das decepções que nos ultrajam”, o núcleo do sujeito do verbo “viesse” é “enfiada”. b) Em discurso indireto, a frase teria a seguinte configuração: à porta do Ateneu, meu pai disse-me que eu iria encontrar o mundo. Resposta da questão 6: Ao dizer “aludi várias vezes”, o narrador Sérgio adulto, ou autor- personagem, conforme aponta o fragmento crítico, aparece nitidamente conduzindo a narração. Contudo, é possível perceber a presença do Sérgio adolescente ao descrever o impacto que a imagem do diretor, comparada à de uma majestade, causava aos rapazes – “o olhar do diretor imobilizava o colégio fulminantemente”. Desse modo, é visível a correlação entre Sérgio adolescente, cujo ponto de vista é derivado das impressões causadas pelo tempo de permanência no Ateneu, e Sérgio adulto, que recupera as memórias e procura “reconquistar o equilíbrio da experiência passada” ao narrar, como apontam os críticos. Resposta da questão 7: [A] O terceiro parágrafo coloca em evidência os objetivos de Aristarco como mantenedor do colégio Ateneu. As estratégias usadas para promover o estabelecimento limitavam-se a distribuir abundante propaganda e a embelezar o edifício, como as de qualquer comerciante que pretende atrair comprador para a sua mercadoria. Além do mais, percebe-se que Aristarco se promove indevidamente como pedagogo, ao colocar o seu nome em livros que, na verdade, haviam sido escritos por outros professores. Assim, é correta a opção [A], pois o narrador coloca em evidência a ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais de Aristarco. Resposta da questão 8: [B] Nos últimos períodos do texto, o narrador descreve a oscilação do comportamento de Rômulo que, ora se sentava acabrunhado a pensar nas razões da perseguição de que era vítima, ora se irritava e arremetia contra os agressores. Resposta da questão 9: a) As expressões "é um campo minado" e "a gente vive se matando" opõem-se ao conceito do título da canção, “Fórmula mágica da paz”, que aponta para uma estratégia de pacificação das favelas proposta pelas autoridades, mas que nunca se mostrou eficaz. Na linha contrária, “Descanse o seu gatilho” expressa um pedido de desarmamento como tática necessária para que esses conflitos armados terminem e a população deixe de estar exposta a esse clima violência. Além dessa convocatória ao desarmamento, o poeta considera que o rap, cujo traço marcante é o grito-denúncia do conjunto de espoliações que negros e pobres sofrem cotidianamente nas cidades, também é um instrumento valioso para levar ao conhecimento de todos as dificuldades do meio em que vivem essas comunidades: “Entre no trem da malandragem, meu rap é o trilho”. b) Segundo o trecho de Todorov, a arte permite que o homem entenda melhor o mundo e ele mesmo, conceito expresso no verso do excerto da canção “O ensinamento da favela foi muito bom para mim”. Apesar da violência em que está mergulhado, o poeta consegue visualizar um efeito positivo ao produzir um tipo de música que é entendido não Página 8 de 9 só pela população marginalizada da comunidade, como também por outras fora desse circuito que, dessa forma, passam a entender a realidade de substratos humanos a que antes eram alheios. Resposta da questão 10: [B] As imagens de uma cruz na capa e um revólver na contracapa do CD, acompanhadas ambas de frases bíblicas, estabelecem oposição de sentido entre valores religiosos de convivência pacífica e fraterna e comportamentos violentos. A mesma tensão está presente nas letras das canções que compõem o CD “Sobrevivendo no Inferno”, como transcrito em [B]. Resposta da questão 11: [D] Depois de, nos dois quartetos, o eu lírico descrever a natureza bucólica que o rodeia, conclui, nos tercetos, que toda essa beleza da paisagem lhe causa tristeza pela ausência da mulher amada: “Sem ti, tudo me enoja e me aborrece;/sem ti, perpetuamente estou passando,/nas mores alegrias, mor tristeza”. Assim, é correta a opção [D]. Resposta da questão 12: [D] O soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”, de Luís Vaz de Camões, é estruturado em versos decassílabos com esquema rimático ABBA ABBA CDC DCD. No primeiro quarteto, o poeta apresenta o tema que vai abordar, a mudança, que será desenvolvido no segundo e confirmado no primeiro terceto, pela constatação das transformações que acontecem nele mesmo e na natureza. No último terceto, o poeta conclui que a própria mudança é objeto da mudança, ou seja, “não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas também a experiência que ele tem da própria mudança”, como transcrito em [D]. Resposta da questão 13: [B] O fato de o cenário representar um quarto circular com um caixão ao centro onde jaz uma donzela vestida de branco instaura simbolicamente a dimensão cíclica da vida e da morte, que lhe põe fim. As três veladoras são iluminadas por quatro tochas em um jogo de espelhos em que se veem a si mesmas e entre si. Também a descrição final da noite e do amanhecer aparecem carregadas de mistério, ou seja, as didascálias que abrem e fecham a peça O marinheiro, de Fernando Pessoa, apresentam elementos carregados de possibilidades de significação e relações filosóficas, permitindo afirmar que o seu estilo é simbolista, como mencionado em [B]. Resposta da questão 14: [B] A peça “O marinheiro”, subintitulada como “drama estático em um quadro”, apresenta características que a ligam à estética modernista, entre outras, pela não presença física da figura central da trama que surge apenas na imaginação de uma das personagens. Se, na obra poética de Camões, o marinheiro assume uma voz coletiva representativa do povo português que ousou enfrentar os riscos da travessia pelos oceanos Atlântico e Índico no século XVI, na peça de Fernando Pessoa, publicada pela primeira vez em 1913 na revista “Orpheu”, o marinheiro náufrago elabora a construção interna do herói coletivo, individualmente e sujeito a riscos, na busca de uma nova vida em uma pátria imaginada. Assim, é correta a opção [B]. Resposta da questão 15: [C] Na crônica “Bons dias!”, Machado de Assis discorre sobre a satisfação que sente ao ler jornais antigos. Na última frase do excerto, justifica essa sensação pelo fato de esse tipo de leitura lhe permitir a convivência com fatos ocorridos em contextos sociais de outras épocas: “Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado”. Assim, é correta a opção [C], pois, nesse sentido, o jornal é reconhecido como instrumento de reconstrução da memória. Resposta da questão 16: [C] A cultura é composta de elementos diversos. No trecho da música dos Racionais Mc’s, estão presentes elementos culturais que, aparentemente, são contraditórios: a religião e a criminalidade. No entanto, no contexto social em que tal música foi escrita, essa relação faz sentido, pois são elementos que descrevem a complexidade social dentro da qual os compositores devem construir suas experiências de vida. Resposta da questão 17: a) Ambos versam sobre a exclusão e a marginalização dos jovens negros no Brasil. b) Principalmente após nosso processo de redemocratização, iniciado em 1985, aumentaram as discussões e mobilizações em torno das causas sociais no país, como os problemas enfrentados pelos negros para a sua correta inclusão na sociedade brasileira. Resposta da questão 18: [E] Página 9 de 9