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VIII - DESVIO DE PODER 8.1 - Introdução O desvio de poder é matéria concernente à atuação discricionária da Administração. Ocorre quando o administrador utiliza uma competência legal em desacordo com a finalidade prevista na regra de competência. É causa de invalidade do ato administrativo, passível de controle do Poder Judiciário e da própria Administração (autotutela). Para estudar o desvio de poder ou o desvio de finalidade (détournement de pouvoir), cumpre recordar, inicialmente, o tema da discricionariedade administrativa. 8.2 - Discricionariedade Administrativa O princípio da legalidade (art. 37, CF) deixa assente que a Administração só pode agir em obediência à lei. As atividades administrativas podem ser exercidas com relativa liberdade de atuação do agente. A lei é que delimita os confins desta liberdade. 8.2.1 - Ato Vinculado e Ato Discricionário Por ato vinculado entende-se o que é apoiado em lei, que não confere ao administrador margem alguma de liberdade. O ato discricionário, de seu turno, é calcado em norma legal que confere ao administrador certa esfera de liberdade, que será preenchida mediante juízo subjetivo de oportunidade e conveniência. Cumpre mencionar que não há, em verdade, atos totalmente discricionários, mas, sim, poderes discricionários. Todo ato administrativo, como se verá, deverá conformar-se à finalidade legal, ou seja, os poderes discricionários devem atuar no sentido de fazer valer o fim legal que deu ensejo à sua existência. A imprescindibilidade da discricionariedade resulta da natureza e da diversidade da atuação do Estado. Existe uma impossibilidade material de o legislador prever todas as situações fáticas concretas. Mesmo que tal obra fosse possível, ainda assim, a melhor solução para cada caso não poderia prescindir da subjetividade humana. Celso Antônio Bandeira de Mello1 perscruta o discrímen entre os atos administrativos e vinculados, in verbis: "Em síntese: ao lado de conceitos unisignificativos, apoderados de conotação e denotação precisa, unívoca, existem conceitos padecentes de certa imprecisão, de alguma fluidez e que, por isso mesmo, se caracterizam como plurisignificativos. Quando a lei se vale das noções do primeiro tipo, ter-se-ia vinculação. De revés, quando se vale de 1 Antônio Bandeira de Mello, Celso. Discricionariedade administrativa e controle judicial, RDP 32, p. 21. 51 VIII - DESVIO DE PODER 8.1 - Introdução 8.2 - Discricionariedade Administrativa
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