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Influência da espiritualidade na qualidade de vida e na capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados

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Pró-Reitoria Acadêmica 
Escola de Saúde e Medicina 
Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia 
 
 
INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA QUALIDADE DE VIDA 
E NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS 
INSTITUCIONALIZADOS E NÃO INSTITUCIONALIZADOS 
 
Brasília - DF 
2017 
Autor: Clarissa Marreiros Lages da Silveira 
Orientador: Prof. Dr. Vicente Paulo Alves 
2 
 
 
 
 
CLARISSA MARREIROS LAGES DA SILVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA QUALIDADE DE VIDA E NA 
CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E NÃO 
INSTITUCIONALIZADOS 
 
 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao 
Programa de Pós-Graduação Stricto 
Sensu em Gerontologia da 
Universidade Católica de Brasília, 
como requisito parcial para obtenção 
do Título de Mestre em 
Gerontologia. 
 
Orientador: Prof. Dr. Vicente Paulo 
Alves 
 
 
 
 
 
 
Brasília 
2017 
 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Católica de Brasília (SIBI/UCB) 
Bibliotecária Joanita Pereira Basto CRB1/2.430 
S587i Silveira, Clarissa Marreiros Lages da. 
Influência da espiritualidade na qualidade de vida e na 
capacidade funcional de idosos institucionalizados e não 
institucionalizados / Clarissa Marreiros Lages da Silveira. – 2017. 
75 f. ; 30 cm. 
 
Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 
2017. 
Orientação: Prof. Dr. Vicente Paulo Alves. 
 
1. Idosos - Espiritualidade. 2. Qualidade de vida. 3. Aptidão 
física. I. Alves, Vicente Paulo. II. Título. 
 
 
CDU 613.98: 130.122 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço a Deus e a meu pai Wolner (in memorian) por terem iluminado minha 
trajetória desde o inicio do mestrado, me encorajando nos momentos de 
dificuldades e fraqueza. Acredito que sem eles nada disso seria possível. 
 
Aos meus avós Rogério e Izaura pelo estímulo ao estudo desde pequena e por 
me proporcionarem o crescimento dentro da minha profissão. Obrigada por 
vocês sempre acreditarem no meu potencial e não medirem esforços para que 
eu chegasse ao final de mais essa etapa. Vocês são meu porto seguro. 
 
A minha irmã Marcelle por toda ajuda durante a coleta de dados e por toda 
paciência nos momentos em que me via desesperada achando que não daria 
certa. Você e sua companhia foram fundamentais para tornar tudo isso mais 
leve. 
 
A minha mãe Cristiane e meu irmão Guilherme; Aos meus tios Ronildo e Yula, 
e meus primos Alana, Henrique, Ítalo e Yuri por toda torcida e incentivo desde 
sempre, saber que posso contar com vocês me faz ter força para seguir em 
frente. 
 
Ao meu namorado Felipe muito obrigado pela companhia nos dias em Brasília, 
e pelas palavras de incentivo a todo o momento. 
 
Aos responsáveis pelas Instituições de Longa Permanência e pelos programas 
desenvolvidos nas igrejas Católicas e Evangélicas, que não mediram esforços 
para me ajudar durante a coleta de dados. 
 
A Lidiane nossa secretária, que nuca mediu esforços para tirar nossas duvidas 
e solucionar problemas burocráticos. 
Ao meu orientador Prof. Vicente Paulo Alves não tenho nem palavras para 
dizer tamanha gratidão. Obrigada por todos os ensinamentos e por sempre 
está disponível para esclarecimentos. Obrigada também pela paciência durante 
os momentos mais difíceis, onde o senhor sempre tinha uma solução. 
 
Muito Obrigada a Todos! 
 
 
 
 
 
 
6 
 
 
RESUMO 
 
 
Referência: SILVEIRA, Clarissa Marreiros Lages. Influência da 
Espiritualidade na Qualidade de Vida e na Capacidade Funcional de 
Idosos Institucionalizados e Não Institucionalizados. 2017. 75 folhas. 
Dissertação (Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia) - 
Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2017. 
 
 
O envelhecimento acelerado da população já é algo consolidado na 
literatura. Atrelado a esse processo há o aparecimento de doenças crônicas 
com consequente perda da capacidade funcional e da qualidade de vida. O 
objetivo da presente pesquisa foi comparar a relação entre espiritualidade, 
qualidade de vida e capacidade funcional de idosos institucionalizados e 
aqueles participantes de atividades nas igrejas cristãs na cidade de Teresina - 
PI. A amostra foi de 121 idosos do sexo masculino e feminino, com 60 anos ou 
mais, institucionalizados e participantes de atividades desenvolvidas em igrejas 
católicas e evangélicas. A coleta de dados foi realizada por meio de aplicação 
de questionários. Para avaliação da capacidade funcional foi utilizado o Índice 
de Katz e Escala de Lawton e Brody. A qualidade de vida e a espiritualidade 
foram avaliadas por meio do WHOQOL-bref e escala de Duke-Durel 
respectivamente. Os resultados foram analisados por meio de estatística 
simples. Utilizou-se os testes Qui-quadrado, T-student e para correlacionar os 
dados foi feita a correlação de Pearson. Dentre os idosos avaliados a maioria 
foi classificada como independente para as ABIVDs. Não houve correlação 
entre a capacidade funcional e a espiritualidade, talvez pelo fato dos altos 
scores estabelecidos à espiritualidade pelas duas populações investigadas. No 
entanto houve correlação entre espiritualidade e a qualidade de vida, com 
interferência em todos os domínios analisados no questionário. 
 
 
 
Palavras-chave: Idoso. Espiritualidade. Capacidade funcional. Qualidade de 
Vida. 
 
 
 
 
7 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
Accelerated aging of the population is already somewhat consolidated in 
literature. Linked to this stage, comes chronic diseases with consequent loss of 
functional capacity and quality of life. This study aimed to compare the 
relationship between spirituality, quality of life and functional capacity of 
institutionalized elderly people and those participants of activities in the 
Christian churches in the city of Teresina - PI. The specimen consisted in 121 
male and female elderly, with 60 years of age or older, institutionalized and 
participants in activities developed in churches Catholic and Evangelic. 
The data collection was carried through questionnaires. For functional capacity 
assessment it was used Katz and Lawton, and Brody Scales. 
Quality of life and spirituality were assessed using the WHOQOL-bref and 
Duke-Durel scale respectively. The results were analyzed via common 
statistics. The Chi-squared, T-student tests were used, and to correlate data 
was made the Pearson correlation. Among the elderly assessed, the majority 
was classified as independent for ABIVDs. 
There was no correlation between functional capacity and spirituality, perhaps 
because of the high scores established for spirituality by the two populations 
investigated. However, there was a correlation between spirituality and quality 
of life, interference in all domains analyzed in the questionnaire. 
 
 
 
Keyword: Aged. Spirituality. Functional capacity.Quality of life. 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1: Caracterização sociodemográfica dos idosos frequentadores de 
igreja católica e evangélica e dos idosos institucionalizados de Teresina, PI. (N 
= 121) 
 
Tabela 2: Comparação da Capacidade Funcional e da Espiritualidade entre 
idosos frequentadores de igrejas e idosos institucionalizados de Teresina, PI. 
(N = 121) 
 
Tabela 3: Comparação dos valores médios obtidos no questionário de 
qualidade de vida entre idosos frequentadores de igreja e idosos 
institucionalizados (n=121). Teresina-PI, 2017. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
LISTA DE GRÁFICOS 
 
 
Gráfico 1: Análise da correlação da capacidade funcional (ABVDs) e 
espiritualidade 
 
Gráfico 2: Análise da correlação da capacidade funcional (AIVDs)e 
espiritualidade 
 
Gráfico 3: Análise da correlação entre a Espiritualidade e a Qualidade de Vida 
geral 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
ABVD: Atividade Básica de Vida Diária 
AIVD: Atividade Instrumental de Vida Diária 
DCNT: Doenças Crônicas Não Transmissíveis 
ILPIs: Instituição de Longa Permanência para Idosos 
QV: Qualidade de Vida 
IFI: Idosos Frequentadores de Igreja 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 12 
2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 16 
 2.1 ENVELHECIMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO................................ 16 
 2.2 CAPACIDADE FUNCIONAL E INDEPENDÊNCIA................................ 18 
 2.3 QUALIDADE DE VIDA........................................................................... 22 
 2.4 ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NA 
VELHICE........................................................................................................ 
 
24 
3 OBJETIVOS................................................................................................ 28 
 3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................ 28 
 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................. 28 
4 ARTIGO....................................................................................................... 29 
1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 29 
2. MÉTODOS................................................................................................. 32 
2.1 2.1 Tipo de Estudo.................................................................................. 32 
 2.2 Área de Trabalho.............................................................................. 32 
 2.3 Amostra............................................................................................. 33 
 2.4 Procedimentos e Coleta de dados.................................................. 33 
 2.5 Análise Estatística............................................................................ 35 
3. RESULTADOS.......................................................................................... 35 
4. DISCUSSÃO.............................................................................................. 40 
5. CONCLUSÃO............................................................................................ 44 
 Conflito de interesse.............................................................................. 44 
 Agradecimentos..................................................................................... 44 
 Financiamento........................................................................................ 45 
 REFERÊNCIAS........................................................................................... 45 
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 49 
APÊNDICES................................................................................................... 56 
APÊNDICE A – TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO... 56 
APÊNDICE B.................................................................................................. 58 
ANEXOS......................................................................................................... 59 
ANEXO A – NORMAS PUBLICAÇÃO DA REVISTA ARCHIVES OF 
GERONTOLOGY AND GERIATRIC.................................................................... 
 
59 
ANEXO B – QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO................................ 65 
ANEXO C - ÍNDICE DE KATZ PARA ATIVIDADE DE VIDA DIÁRIA............. 67 
ANEXO D - ESCALA DE LAWTON E BRODY PARA ATIVIDADE 
INSTRUMENTAL DE VIDA DIÁRIA............................................................... 
 
69 
ANEXO E - WHOQOL-ABREVIADO PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE 
DE VIDA......................................................................................................... 
 
70 
ANEXO F - ESCALA DE RELIGIOSIDADE DA DUKE – DUREL.................. 75 
 
 
 
 
 
12 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O acelerado crescimento da população brasileira acima de sessenta 
anos é uma realidade descrita por vários estudos atuais. Essa transição 
demográfica é observada na tendência à inversão da pirâmide como 
decorrência da redução da população jovem e da natalidade, juntamente com o 
notável aumento da longevidade (GONÇALVES, 2015). De acordo com o 
último censo geral de 2010 do IBGE (2011) a população de idosos no Brasil 
praticamente dobrou entre os anos de 1970 e 2010, possibilitando uma 
estimativa de crescimento para 2050 de cerca de 24% da população total 
(IBGE, 2013). 
O envelhecimento é um processo natural e comum a todos os seres 
humanos, caracterizado por declínios e perdas nos sistemas fisiológico, 
morfológico, funcional e psicológico de forma que os estudos apontam que 
nesta etapa ocorre uma desregulação dos mecanismos responsáveis pela 
homeostase do organismo (JACOB FILHO, 2009). Toda essa modificação nos 
sistemas do corpo do idoso pode está relacionada a transição epidemiológica, 
onde as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), na sua maioria 
incapacitante, tornam-se as principais queixas nos postos de atendimento à 
saúde (REIS; NORONHA; WAJNMAN, 2016). 
O aparecimento gradativo das DCNT associado à diminuição 
significativa da massa e da função muscular provoca alteração da capacidade 
funcional, que de acordo com Kagawa e Corrente (2015) é definida como a 
capacidade que o individuo possui de manter suas habilidades físicas e 
mentais podendo dessa forma ter uma vida independente e autônoma nas 
atividades básicas e instrumentais de vida diária. A avaliação funcional em 
idosos serve como guia das possíveis intervenções nessa população, pois 
através dela é possível mensurar de forma objetiva a probabilidade de futura 
dependência e outras complicações advindas da senescência e da senilidade 
(CAMARA et al., 2008; LUSTOSA et al., 2016). 
O declínio físico e mental decorrente do envelhecimento normal 
observado nas pessoas idosas demanda cuidados especiais, que requerem 
disponibilidade de tempo e dedicação dos mais próximos, a fim de proporcionar 
13 
 
vida digna a elas. Infelizmente a falta de tempo, recurso, paciência e cuidados 
por parte dos familiares e cuidadores são alguns dos fatores determinantes 
para a institucionalização dessas pessoas (ARAÚJO; SOUZA; FARO, 2010). 
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na 
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283 (BRASIL, 2005), as Instituições 
de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) são definidas como instituições 
governamentais ou não governamentais destinadas a moradia de pessoas com 
60 anos ou mais, com ou sem base familiar, em condição de liberdade, 
dignidade e cidadania. No Brasil em 2010 foram identificadas 3549 ILPIs, 
sendo a maioria na Região Sudeste, demonstrando ser ai a maior 
concentração dessa população. Neste mesmo ano foi constatado que cerca de 
30% dos idosos vivem como residentes nesse tipo de instituição (CAMARANO; 
KANSO, 2010; KANSO et al., 2010). 
As internações podem por muitas vezes levar ao isolamento e à privação 
social do idoso desencadeando novas adaptações e aprendizados longe do 
meio familiar, com a necessidade de formar novos ciclos de amizades e de se 
acostumar com as novas rotinas. No entanto, existem casos onde a ILPI é a 
oportunidade de uma melhor vida para aquele individuo (ARAÚJO et al., 2014). 
Independente da causa da internação, o abalo emocional provocado pela 
mudança de ambiente e pelas modificações advindas do processo de 
envelhecimento afetamo modo de viver do idoso, ou seja, sua qualidade de 
vida (SILVA et al., 2017). 
A qualidade de vida (QV) é algo subjetivo e para mensurar é necessário 
pensar no indivíduo como um ser integral, considerando suas condições físicas 
e psicológicas, o meio em que vive, suas relações sociais e sua satisfação com 
a saúde e o lazer (SILVA et al., 2014). Devido ainda haver divergências entre 
qual a verdadeira influência destes fatores sobre a QV, faz-se necessário 
proceder à mensuração dela com diferentes populações, inseridas em culturas 
e valores específicos de cada região, pois dessa forma poder-se à favorecer a 
compreensão sobre o processo de envelhecimento, estimulando a implantação 
de programas mais personalizados para os idosos (PAULA et al., 2016). 
Poder quantificar a QV dos idosos em diferentes situações de vivência 
demonstra o interesse que está despertando para o futuro onde viver mais será 
sinônimo de viver bem, com qualidade e dignidade, sem desperdícios de 
14 
 
gastos, pois com planejamento, existirá adaptação às necessidades individuais 
de cada um (PAULA et al., 2016). Dentre as variáveis investigadas na 
mensuração da QV, a espiritualidade é a mais referida pelos idosos de mais 
idade, como suporte de enfrentamento das dificuldades e dos medos 
adquiridos com o passar dos anos, sejam idosos institucionalizados ou que 
estão no convívio familiar (OLIVEIRA; ALVES, 2014). 
As pessoas quando se aproximam da finitude podem passar a procurar 
mais as práticas religiosas e espirituais para buscar entender questões 
relacionadas à vida e ao seu sentido, isso sem necessariamente ter que 
comparecer a cultos e igrejas, celebrações ou rituais, porque o entendem que 
basta realizar individualmente suas orações e meditações em casa sem ter que 
ir aos templos (SILVA, 2015). 
A busca pelo significado da vida é algo transcendental, sem exigir uma 
religião específica e que alguns autores dão o nome de espiritualidade. Ela 
pode estar ou não vinculada à religiosidade, no entanto existem conceitos 
diferentes, onde a religiosidade relaciona-se à prática doutrinária e social, 
exigindo a presença em celebrações rituais, com cultos e missas. Já a 
espiritualidade caracteriza-se pelo transcendental, onde a pessoa acredita em 
algo superior que possa dar esclarecimentos sobre as dificuldades enfrentadas 
e que não necessariamente esteja ligada a um nome divino (DUARTE et al., 
2008). 
A espiritualidade tem sido associada aos tratamentos de saúde, tanto 
em relação ao paciente quanto à equipe médica envolvida. Escolas médicas de 
todo mundo passaram a inserir a espiritualidade nos estudos de formação de 
novos médicos por perceberem que ela é um fator que contribui para a 
qualidade de vida e melhoria da saúde dos idosos internados (REGINATO; 
BENEDETTO; GALLIAN, 2016). 
Acredita-se que a espiritualidade auxilie as pessoas idosas no 
enfrentamento de questões existenciais principalmente relacionadas às 
doenças crônicas que se fazem presentes nessa fase, bem como saber lidar 
com as perdas frequentes. Esse amparo dado pelas crenças melhora a 
percepção de qualidade de vida, e estimula o indivíduo a se reinventar, 
buscando novas formas de um melhor viver com independência e autonomia 
(VIEIRA; AQUINO, 2016). 
15 
 
Diante do exposto, pretendeu-se realizar um estudo em que fosse 
possível comparar espiritualidade dos idosos com sua capacidade funcional e 
qualidade de vida, mensurando a capacidade funcional dos idosos que estão 
inseridos nas atividades realizadas dentro das igrejas católicas e evangélicas, 
bem como daqueles institucionalizados, investigando também as relações entre 
o ambiente do idoso e as condições de saúde, levando em consideração a 
pontuação na escala de religiosidade, avaliando os níveis de espiritualidade 
dos grupos investigados e a qualidade de vida de idosos inseridos em 
diferentes ambientes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 ENVELHECIMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO 
 
O envelhecimento é um processo natural, gradual e irreversível, que se 
inicia por volta dos 30 anos de idade, quando começa o declínio das funções 
orgânicas, perdendo-se 1% da função a cada ano (CAPORICCI; NETO, 2011). 
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a População – UNFPA (2012), o 
processo de envelhecer é um fenômeno real, de grande abrangência e que já 
não pode ser ignorado. Foi observando o crescimento populacional dessa 
faixa etária e a consequente inversão da pirâmide decorrente da redução da 
natalidade com aumento da longevidade, que por volta da década de, 1960 
houve o despertar pela Geriatria (GONÇALVES, 2015). 
No entanto Freitas (2013) afirma em seu estudo que bem antes disso, na 
década de 1930, Nascher e Marjory Warren já haviam tentado convencer 
médicos da época que envelhecer era algo muito além do sair da adolescência 
ou da vida adulta, e que neste processo se escondiam recursos nunca antes 
explorados, que poderiam fazer a diferença para as futuras gerações. Todavia 
foi somente após a pesquisa de Warren em um asilo, onde ela comprovou que 
idosos dependentes funcionais poderiam ter alterações no seu quadro quando 
submetidos à reabilitação seletiva. Mais tarde os demais pesquisadores 
passaram a estudar esse fenômeno, e o denominaram de life-span, que 
significa desenvolvimento ao longo da vida. 
Mesmo após todas as pesquisas já realizadas a visão negativista acerca 
do envelhecimento ainda prevalece na maioria da população, algo que na 
sociedade primitiva não ocorria, pois a pessoa idosa era supervalorizada, e 
seus ensinamentos eram acatados por todos como sinal de grande experiência 
já vivida (FREITAS, 2013). Porém, desde a Revolução Industrial até os dias 
atuais, a sociedade passou a valorizar a produção, a força, o rendimento, a 
juventude e a beleza, e com isso a figura do idoso passou a ser desprezada, 
sendo sinônimo de improdutividade e peso aos orçamentos públicos 
(FERREIRA et al., 2010). 
17 
 
De fato, tornar-se velho não é algo simples e de fácil aceitação por quem 
vive e convive com ele. Esta etapa da vida é acompanhada de alterações 
morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, podendo está atrelada ao 
predomínio de doenças crônicas, declínios, vulnerabilidade, inatividade, 
depressão e dependência. Por isso se faz necessário à conscientização dos 
atuais jovens, pois o idoso de amanhã será consequência das atitudes e 
atividades praticadas quando mais novo (FERREIRA et al, 2012; OLIVEIRA; 
GARCIA, 2011). 
Todavia não depende apenas da sociedade, é preciso dar condições 
para um bom envelhecimento, e estas vem das ações governamentais. Saúde, 
moradia, lazer e aposentadoria segundo a pesquisa de Cupertino, Rosa e 
Ribeiro (2007), são fundamentais quando se remete a um envelhecimento com 
qualidade, e são esses quatro elementos que devem fazer parte do plano de 
governo que vise um melhor envelhecer (VERAS, 2009). 
Os países em desenvolvimento como o Brasil, cujo número de pessoas 
acima de 60 anos de idade corresponde a 10,8% da população total (IBGE, 
2010), não possuem preparo suficiente para atender às demandas desses 
indivíduos, que a cada dia se tornam mais longevos e com acúmulo de 
fragilidade decorrente da própria senescência por muitas vezes da senilidade, 
devido à associação com diversas doenças crônicas não transmissíveis 
(DCNT) que podem ocasionar a incapacidade funcional e a dependência 
(ALVES; LEITE; MACHADO, 2010). 
A fragilidade aumenta a necessidade de auxílio por algumas atividades 
do cotidiano, tornando o idoso dependente e privado da sua autonomia 
(GUIDETTI; PEREIRA, 2008). Esses cuidados que devem ser individuais e 
específicos para as necessidades apresentadas pelo indivíduo são realizados 
algumas vezes pelos familiares, no entanto existem casos em que a família não 
dispõe de recursos e capacidade para cuidardesse idoso, e por causa disso as 
ILPIs tornam-se a única opção (LIMA et al., 2016). 
Segundo a Resolução RDC nº 283, de 26 de novembro de 2005, as 
ILPIs podem ser definidas como instituições governamentais ou não 
governamentais de caráter residencial destinadas à moradia de pessoas com 
idade igual ou superior a sessenta anos de idade, com ou sem suporte familiar, 
18 
 
que visam proporcionar condições dignas de cidadania para seus residentes 
(BRASIL, 2005). 
Toda ILPI tem por obrigação elaborar um plano de trabalho que atenda 
as atividades previstas pela equipe administradora e que discrimine a função 
de cada funcionário do estabelecimento. Além disso, faz-se também necessário 
um plano de atenção integral à saúde do idoso residente, onde este deve ser 
compatível com os princípios da equidade e integralidade, visando à promoção, 
proteção e prevenção (WATANABE; GIOVANNI, 2009). Para o cumprimento 
das atividades de coordenação, cuidados com os idosos, lazer, limpeza e 
alimentação, todas as instituições devem contar com profissionais devidamente 
capacitados com o curso superior e/ou técnico nas referidas áreas de atuação, 
sendo necessária a constante realização de atividades de educação em 
gerontologia direcionada à toda a equipe (BRASIL, 2005). 
A institucionalização se dá por diversos motivos, onde os mais 
comumente referidos em pesquisas anteriores são a falta de familiares com 
quem morar, recursos insuficientes para arcar com as despesas do idoso, 
dificuldade de encontrar um cuidador, incapacidade de cuidar, abandono da 
família e, em alguns casos, por opção do próprio idoso, por se achar sem 
função no seio familiar (OLIVEIRA et al., 2012; MARIN et al., 2012). 
O velho quando submetido à institucionalização pode ser uma pessoa 
desmotivada, sem expectativas, infeliz e com uma eterna esperança de retorno 
ao seio familiar (MARIN et al., 2012). Isto porque ele espera de seus familiares 
a atenção necessária para enfrentar as dificuldades da vida nessa fase, 
almejando ter o apoio incondicional dos seus, mesmo que seja como forma de 
retribuição e agradecimento pelas abdicações que ele fez um dia por estes 
(GUIDETTI; PEREIRA, 2008). 
Embora as ILPIs se preocupem em atender às necessidades de seus 
residentes, tais como higiene, alimentação, moradia e cuidados em geral, o 
sentimento de solidão e abandono se faz sempre presente, pois esse idoso 
internado quase sempre é privado do convívio familiar e social, vivendo assim 
numa rotina imposta e limitada (LIMA et al., 2016). 
A sensação de solidão é um dos principais sintomas da depressão e que 
podem levar ao isolamento do idoso dentro das ILPIs. No estudo realizado por 
Pagotto et al. (2016) foi verificado que os residentes das ILPIs, que 
19 
 
apresentavam quadro depressivo tiveram maior prevalência de incapacidade 
funcional, relatando maior dependência para manter a continência, vestir-se e 
banhar-se. 
A perda da capacidade funcional está presente na senescência e faz 
parte do declínio fisiológico normal, no entanto estimular a manutenção da 
capacidade funcional prolonga a independência do indivíduo, proporcionando 
uma melhor qualidade de vida (CORDEIRO et al., 2014). O estímulo dos 
cuidadores dentro das ILPIs e dos familiares que tomam conta de idosos fora 
das instituições faz total diferença na manutenção da capacidade funcional, 
pois o que é visto constantemente é a falta de tempo ou até mesmo de 
paciência do acompanhante para esperar que o idoso realize tal tarefa 
(PAGOTTO et al., 2016). 
 
2.2 CAPACIDADE FUNCIONAL E INDEPENDÊNCIA 
 
O acúmulo de anos desencadeia perdas e mudanças na vida do 
indivíduo, provocando nele a necessidade de adaptação. A redução da 
capacidade funcional é a mais perceptível tanto por quem passa pelo processo, 
quanto por quem acompanha, pois nesta vê-se a redução da velocidade da 
marcha e dos demais movimentos do corpo, a diminuição de amplitude de 
movimento das articulações, a dificuldade de realizar atividades cotidianas e a 
limitação para efetuar obrigações fora de casa (MACIEL, 2010). 
Kagawa e Corrente (2015) afirmam que capacidade funcional é quando 
o indivíduo consegue manter suas habilidades físicas e mentais podendo dessa 
forma ter uma vida independente e autônoma nas atividades básicas e 
instrumentais. As atividades básicas de vida diária (ABVDs) são aquelas 
relacionadas ao autocuidado como banhar-se, vestir-se, ter controle dos 
esfíncteres, alimentar-se, mobilizar-se e arrumar-se. Já as atividades 
instrumentais de vida diária (AIVDs) estão relacionadas à capacidade do 
individuo em ter uma vida independente dentro da sociedade em que vive, 
desempenhando atividades como ir ao supermercado, utilizar telefone, fazer 
pagamentos, cuidar da casa, pegar transporte e tomar medicamentos 
(KAGAWA; CORRENTE, 2015; DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007; 
PEREIRA et al., 2014). 
20 
 
Essa perda de capacidade funcional é um processo natural na 
senescência, no entanto quando associada a DCNT e a não possuir um 
acompanhamento da evolução pode provocar consequências negativas tanto 
para o idoso quanto para familiares e cuidadores (SAQUETTO et al., 2013). 
Dentre as inúmeras DCNT as de maior frequência em relatos de participantes 
de pesquisas é a hipertensão arterial sistêmica (HAS), problemas na coluna, 
artrite/reumatismo, osteoporose, cardiopatias, diabetes e depressão (ALVES; 
LEITE; MACHADO, 2010). 
Nagi (1976) foi o primeiro a conceituar o termo “incapacitação”, dividindo 
esse processo em quatro etapas (patologia, deficiência, limitações funcionais e 
incapacidade). A primeira etapa patológica está relacionada ao aparecimento 
de uma condição que interrompe o funcionamento normal do corpo humano. 
Este desencadeia alterações nas estruturas e na função anatômica, fisiológica 
e psicológica, caracterizando a segunda etapa, deficiência. A terceira 
(limitações funcionais) se caracteriza pela inabilidade de executar atividades 
consideradas usuais para o indivíduo. A quarta e última (incapacidade) se 
relaciona a divergência entre o desempenho real do indivíduo em determinada 
função e o que a comunidade entende por normal para ele. 
No entanto o conceito de incapacidade passou por uma evolução nas 
últimas décadas, e hoje está relacionada a vários aspectos da saúde do 
indivíduo, exigindo assim uma avaliação multidimensional. À vista disso, Alves, 
Leite e Machado (2008) definem a incapacidade funcional como a dificuldade 
ou necessidade de ajuda para o indivíduo realizar as ABDVs e as AIVDs, não 
sendo capaz de viver com independência dentro da comunidade. 
A dependência funcional decorrente de um envelhecer sem 
acompanhamento afeta cerca de um quarto da população de idosos, sendo 
mais prevalente em mulheres e naqueles com 75 anos ou mais. Além disso, ela 
é a principal causa do ingresso de idosos nas ILPIs (OLIVEIRA et al., 2012). A 
diferença entre gêneros pode ser explicada devido às mulheres terem uma 
maior longevidade que os homens, se tornando suas cuidadoras quando nos 
referimos a casais (CAMPOS et al., 2016). 
Verbrugge e Jette (1994) apud D’ Orsi, Xavier e Ramos (2011) verificou 
que se tornar incapaz não depende apenas das DCNT ou do simples fato de se 
tornar velho. Em seus estudos eles afirmam que a incapacidade é baseada em 
21 
 
três aspectos: fatores predisponentes (características sociodemográficas), 
fatores intraindividuais (estilo de vida, maneiras de lidar com as dificuldades, 
doenças e modificações) e fatores extraindividuais (intervenções do serviço de 
saúde e reabilitação). 
Apesar disso, a dependência não é um estado permanente e pode ser 
evitada trabalhando-se a promoção e prevenção da saúde da pessoa idosa. 
Deste modo, é importante que a equipe multiprofissional tenha um 
embasamento teórico prático do longevo, para que dessa forma seja ofertado 
um atendimento integral visando a manutenção da independência e a 
recuperaçãoou preservação da autonomia, com o objetivo de melhorar a 
qualidade de vida desses indivíduos nessa etapa final do ciclo da vida 
(MIRANDOLA, 2014). 
Para se desenvolver um bom protocolo de atendimento ao paciente se 
faz necessária uma avaliação multidimensional, que envolva aspectos 
fisiológicos, funcionais e psicoemocionais. Na avaliação funcional o principal 
objetivo é verificar em que nível as patologias diagnosticadas afetam o 
desempenho das ABVDs e AIVDs no idoso de forma independente, ou seja, 
sem que este necessite de adaptações ou auxílio de terceiros (DUARTE; 
ANDRADE; LEBRÃO, 2007). 
A escala/index de Katz (BARBOSA et al., 2014; KATZ et al., 1963; LINO 
et al., 2008) é uma das mais utilizadas para mensuração da funcionalidade dos 
idosos no desenvolvimento das atividades básicas realizadas dentro de casa. 
Essa escala é baseada em funções biológicas primárias e aborda seis 
atividades consideradas complexas, pois envolvem o domínio de vários 
sentidos e movimentos. Banhar-se, vestir-se, alimentar-se, ter controle de 
excreção e fazer transferência da cadeira para a cama e vice-versa, são as 
inicialmente perdidas. 
Para determinar o nível de independência do idoso nas atividades 
instrumentais, ou seja, o quão ele consegue viver sem ajuda de outras pessoas 
dentro da sociedade, a escala que mais se usa é a de Lawton e Brody 
(LAWTON; BRODY, 1970; PEREIRA et al., 2014; SANTOS; VIRTUOSO 
JUNIOR, 2008). Nela averígua-se o desempenho do individuo com o uso de 
telefone, fazer viagens, controle das suas finanças e dos seus medicamentos, 
fazer compras e realizar afazeres domésticos. 
22 
 
 
2.3 QUALIDADE DE VIDA 
 
Ter uma vida com qualidade é algo muito subjetivo e de difícil 
mensuração. Conquanto, na pesquisa realizada por Paskulin e colaboradores 
(2010) os 64 idosos entrevistados relataram que a qualidade de vida está 
relacionada a uma boa saúde, onde esta não se refere apenas a cuidados 
médicos, mas também a poder participar de atividades de lazer e continuar 
ativo na sua atividade laboral. Além disso, o convívio com a família e amigos, 
ter condições financeiras para custear seu envelhecimento e conseguir usufruir 
de uma boa alimentação foram citados como fundamentais para se viver bem 
(PASKULIN et al., 2010). 
Esse conceito é algo multável, individual e de complexa avaliação, pois 
os valores de referência modificam com o passar do tempo e das 
circunstâncias. Assim sendo, os jovens associam a boa qualidade de vida ao 
trabalho e às finanças, enquanto aqueles com mais de 60 anos dão maior 
destaque para a saúde e mobilidade, pois julgam como elementos cruciais para 
independência e autonomia (IRIGARAY; TRENTINI, 2009). 
Um grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde (Grupo 
WHOQOL) conceituou de forma mais completa a qualidade de vida, definindo 
como a percepção que o indivíduo possui sobre sua posição na vida, levando 
em consideração o meio social e cultural em que vive, tendo em vista as suas 
metas, expectativas, padrões e conceitos pessoais (WHOQOL Group, 1998). 
Apesar de toda essa relevância para um bom envelhecer, o termo 
qualidade de vida só passou a chamar atenção quando pesquisadores se 
deram conta do crescimento acelerado da população de idosos, e que com isso 
estava ocorrendo uma transição epidemiológica, onde as doenças crônicas 
passariam a fazer parte da vida desses indivíduos, trazendo consigo as 
incapacidades, as dependências, as necessidades de cuidados prolongados, 
as perdas do convívio social e autonomia, as internações nas ILPIs e os 
quadros de isolamento e depressão (MAUÉS et al., 2010). 
Avaliar essa percepção dos idosos quanto à sua sensação de bem-estar 
para com sua vida passou a ser essencial na elaboração de propostas de 
intervenção tanto de equipes de atendimento geriátrico quanto das políticas 
23 
 
sociais. Através dessa avaliação é possível proporcionar um atendimento 
contínuo, integral e eficaz para a saúde, visando a melhoria da qualidade de 
vida referida. No entanto, as condições sociais, ambientais, físicas e 
psicológicas devem ser levadas em conta, pois aquele idoso inserido no seio 
familiar e social possui uma expectativa de vida totalmente diferente daquele 
submetido à internação nas ILPIs, onde esse ambiente propicia o isolamento e 
a privação, prejudicando o estado geral de saúde desse indivíduo (ARAÚJO et 
al., 2014; DIAS; CARVALHO; ARAÚJO, 2013) 
No estudo comparativo entre idosos institucionalizados e idosos da 
comunidade, realizado por Vitorino, Paskulin e Vianna (2013), foi visto que de 
todas as variáveis relacionadas à qualidade de vida investigadas as únicas que 
tiveram diferença estatisticamente significativa entre as populações, foi a 
participação em atividades de lazer e a inserção no meio social. Esse resultado 
demonstra a importância das estratégias estimuladoras para os indivíduos com 
mais de 60 anos, onde estas devem ser feitas pelos cuidadores, familiares, 
coordenadores das ILPIs e equipes multiprofissionais. 
De fato as atividades de lazer e a participação no meio social são as que 
mais interferem na sensação de bem-estar subjetivo dos idosos. O incentivo às 
práticas de lazer, tais como, atividades artísticas e manuais (artesanato, 
bordado), jardinagem, culinária, ouvir música e participação em bailes, 
promovem a interação social entre indivíduos de uma mesma faixa etária, 
gerando consequentemente um aumento da autoestima e melhor condição de 
saúde (SANTOS et al., 2014; REIS et al., 2015). 
O Brasil é carente de atividade de promoção de saúde e prevenção dos 
prejuízos decorrentes das DCNT entre os idosos. A principal característica da 
medicina brasileira é ser curativa, onde desde jovens aprendemos que os 
serviços de saúde servem apenas para tratar e por isso só devemos procurá-lo 
nos casos quando a doença está avançada. Toda essa crença cultural 
ocasiona maiores gastos aos cofres públicos e reduz as chances de um bom 
prognóstico, acarretando em uma pior qualidade de vida (DIAS; DUARTE; 
LEBRÃO, 2010). 
Tendo em vista a melhoria das condições dos idosos a Organização 
Mundial de Saúde (OMS, 2005) propôs uma nova forma de envelhecer 
denominado de “Envelhecimento Ativo”, cujo objetivo maior é aumentar a 
24 
 
longevidade saudável e a qualidade de vida de todas as pessoas que estão 
vivenciando essa fase, incluindo até mesmo aqueles considerados frágeis e/ou 
incapacitados. Manter o idoso ativo, autônomo e independente significa que 
este terá uma participação ativa na sociedade, com controle de suas finanças e 
interação em atividades culturais e espirituais (OMS, 2005). 
Dentre os inúmeros instrumentos utilizados para mensurar todas essas 
dimensões presente na qualidade de vida, o WHOQOL-bref criado por uma 
equipe especializada da OMS possui destaque e maior utilização, devido ser 
um questionário de fácil compreensão e com um número pequeno de 
perguntas, o que facilita a aceitação dos participantes. Nas vinte e seis 
questões que o compõe estão presentes quatro domínios (físico, psicológico, 
meio ambiente e relação social) fazendo dele um instrumento importante para 
avaliação da qualidade de vida (VITORINO; PASKULIN; VIANNA, 2013; 
SANTOS et al., 2014; REIS et al., 2015). 
Moraes e Witter (2007) avaliaram em sua pesquisa além da qualidade 
de vida de uma forma geral a subdivisão dela em extrínseca e intrínseca. A 
extrínseca refere-se ao ambiente físico em que vive, ao dinheiro que recebe ser 
suficiente para seus gastos, ao acesso à informação no dia a dia, a moradia, 
aos meios de transporte acessíveis e à segurança em geral. A intrínseca leva 
em consideração o aproveitamento da vida, o apoio recebido dos amigos, a 
capacidade de trabalhar, a frequência de sentimentos negativos, a relação com 
familiares, as oportunidades de lazer, a satisfação com a aparência física, a 
prática de relação sexual e o sentido da vida para eles. 
 
2.4ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NA VELHICE 
 
A religiosidade no Brasil é algo histórico que foi trazido pelos 
portugueses durante a colonização, onde os jesuítas educavam a população 
indígena através do cristianismo, na vertente católica. A partir de então ela 
entrou em um processo de expansão e consolidação, até passar por uma 
revitalização por volta do século XIX com influências de movimentos europeus 
que reavivaram as práticas religiosas. No entanto, no início do século XX foi 
percebido um declínio da prática religiosa, particularmente da prática católica 
25 
 
devido uma reconfiguração no campo religioso, onde outras doutrinas 
começaram a conquistar seus fiéis (SOUSA, 2011). 
No Brasil (IBGE, 2010) cerca de 92% da população se declara como 
praticante de alguma religião, subdivididas em católica (64,6%), evangélica 
(22,2%), espírita (2%), umbanda/candomblé (0,3%), outras religiosidades 
(2,7%) e sem religião (8%). A partir desses dados se observa a pluralidade 
religiosa, com um aumento significativo das pessoas que se consideram 
apenas evangélico e o declínio da quantidade de católicos. Considerando a 
correlação entra a faixa etária e a religião praticada, foi constatado que os de 
idade mais avançada são mais adeptos da religião espirita e evangélica 
juntamente com as crianças, enquanto que os adultos jovens constituem a 
maior parte dos praticantes do catolicismo. 
A religiosidade pode está vinculada à espiritualidade sem 
necessariamente uma anular a outra. Apesar disso é importante destacar que 
elas não podem ser consideradas sinônimas, pois a religião está relacionada a 
um comportamento específico e possui características sociais e doutrinárias, 
envolvendo a adoração, comumente praticada em grupos. Já a espiritualidade 
está associada a algo transcendental, respondendo a questões a cerca do 
significado da vida, e comumente praticada sozinha por meio de reflexões e/ou 
meditações. Não há espiritualidade sem religiosidade, no entanto é possível 
existir pessoas praticantes de uma religião sem espiritualidade (DUARTE et al., 
2008). 
Barricelli et al. (2012), afirmam que existem dois tipos de religiosidade, 
que são elas: a intrínseca que abrange pessoas que demonstram o 
compromisso sincero com a fé, direcionada à busca de Deus, da verdade e do 
espirito de confraternização; e a extrínseca onde o indivíduo faz uso da religião 
em prol de alcançar outros fins particulares. Nesse último tipo ocorre a busca 
pela segurança, consolo, distração e auto absolvição. 
Para avaliar a religiosidade foi levado em conta essa subdivisão, como 
se vê na escala de Duke-Durel, onde são avaliados a religião em três 
dimensões: 1) organizacional, que envolve participação em atividades em 
grupo dentro das igrejas; 2) não organizacional que consiste em atividades 
mais individuais, como sendo uma espécie de internalização da religião 
(meditação, leitura da bíblia, etc); e; 3) intrínseca que são aquelas onde as 
26 
 
pessoas tem a religião como razão para viver (KOENIG et al., 1997; 
MARTINEZ et al., 2014; SOUZA, 2011). 
O fato de estar vivenciando a última etapa do ciclo da vida faz com que a 
pessoa idosa reflita um pouco mais acerca da morte e o que pode existir depois 
dela. A reflexão sobre a finitude, e sobre tudo que já foi vivido, desencadeia no 
idoso uma resiliência, que o ajuda a enfrentar os tormentos e dificuldades do 
envelhecer. Justamente nesse momento é constatado que há uma procura 
maior pelas crenças, pelas divindades e pelo entendimento da vida por parte 
daqueles que envelhecem (GUIDETTI; PEREIRA, 2008; GIACOMIN; SANTOS; 
FIRMO, 2013). 
Na pesquisa realizada por Carlos (2015), onde ele investigou a influência 
da espiritualidade na vida dos idosos, foi verificado que a maior parte dos 
idosos tem a religião como norteadora da vida e que as crenças auxiliam e dão 
força nos momentos difíceis. Além disso, foi constatado também que a 
espiritualidade os ajudou a ter mais esperança com a vida, relatando 
sentimento de mudança para melhor e aprendizado em relação ao dar valor às 
pequenas coisas que acontecem no cotidiano. 
Nesse mesmo estudo foi feito a correlação da espiritualidade com 
diversas variáveis e constatado que houve significância em relação aos 
seguintes itens: 1)contato com os familiares, 2) acreditar em Deus, 3) 
importância da religião na vida, 4) satisfação com a vida e 5) percepção de 
qualidade de vida e felicidade. Em todas foi observada uma relação direta, 
onde quanto maior for a espiritualidade maior é a percepção positiva em 
relação às variáveis. Por exemplo, idosos que relataram que Deus é muito 
importante e que sua vida está “muito boa” atingiram um nível alto de 
espiritualidade. Já aqueles que manifestaram não estar “nada satisfeito” e 
“nada feliz” com a vida tiveram um nível de espiritualidade baixo (CARLOS, 
2015). 
Em uma pesquisa de revisão bibliográfica no qual o objetivo era 
averiguar o impacto da espiritualidade em inúmeros aspectos do 
envelhecimento, notou-se que existe essa interferência das crenças no 
envelhecimento bem-sucedido, na qualidade de vida do idoso, no convívio com 
as doenças crônicas e neuro-psiquiátricas, na funcionalidade e no lidar com a 
finitude. Apesar disso, foram visto outros aspectos negativos, em estudos que 
27 
 
mostram que aqueles idosos que vivem em conflito com sua 
espiritualidade/religiosidade, rodeado de dúvidas e conflitos apresentam maior 
mortalidade (LUCCHETTI et al., 2011). 
A espiritualidade ampara o idoso no enfrentamento de situações 
adversas, proporcionando a ele um conforto e estímulo para enxergar essa 
etapa da vida como sendo uma fase boa, como uma oportunidade de 
renovação e realização de sonhos. Isso foi confirmado na pesquisa feita por 
Teixeira et al. (2015), que comparou idosos não institucionalizados com 
institucionalizados, observando em ambas populações que Deus e a 
espiritualidade estão diretamente relacionados com a superação, o conforto, o 
apoio e a esperança. 
 Vieira e Aquino (2016) através da aplicação de escalas mostravam 
também que a espiritualidade está diretamente relacionada com o sentido da 
vida das pessoas idosas. Os pesquisados referiram que o acreditar em algo 
superior pode ajudá-las a entender as questões existenciais, na busca do 
sentido da vida, já que a morte se aproxima, ou até mesmo para aumentar a 
confiança no sentido que já acreditam. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
3 OBJETIVOS 
 
3.1 OBJETIVO GERAL 
 
Descrever indicadores de religiosidade, capacidade funcional e 
qualidade de vida em dois grupos de idosos, a saber, institucionalizados e 
participantes de atividades de convivência de igrejas cristãs. 
Complementarmente, comparar as relações entre tais variáveis entre os dois 
grupos. 
 
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
 Comparar espiritualidade dos idosos com sua capacidade funcional; 
 Mensurar a capacidade funcional de idosos inseridos em atividades 
dentro das igrejas católicas e evangélicas e daqueles institucionalizados; 
 Investigar as relações entre o ambiente do idoso e as condições de 
saúde, levando em consideração a pontuação na escala de 
religiosidade; 
 Avaliar os níveis de espiritualidade dos grupos investigados; 
 Avaliar a qualidade de vida de idosos inseridos em diferentes ambientes; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
 
 
4 ARTIGO 
 
Influência da espiritualidade na qualidade de vida e na capacidade 
funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados 
 
Clarissa Marreiros Lages da Silveira 
Vicente Paulo Alves 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O acelerado crescimento da população brasileira acima de sessenta 
anos é uma realidade descrita por vários estudos atuais. Essa transição 
demográfica é observada na tendência à inversão da pirâmide como 
decorrência da redução da população jovem e da natalidade, juntamente com o 
notável aumentoda longevidade (Gonçalves, 2015). De acordo com o último 
censo geral de 2010 do IBGE (2011) a população de idosos no Brasil 
praticamente dobrou entre os anos de 1970 e 2010, possibilitando uma 
estimativa de crescimento para 2050 de cerca de 24% da população total 
(IBGE, 2013). 
O envelhecimento é um processo natural e comum a todos os seres 
humanos, caracterizado por declínios e perdas nos sistemas fisiológico, 
morfológico, funcional e psicológico de forma que os estudos apontam que 
nesta etapa ocorre uma desregulação dos mecanismos responsáveis pela 
homeostase do organismo (Jacob Filho, 2009). Toda essa modificação nos 
sistemas do corpo do idoso pode está relacionada a transição epidemiológica, 
onde as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), na sua maioria 
incapacitante, tornam-se as principais queixas nos postos de atendimento à 
saúde (Reis, Noronha & Wajnman, 2016). 
O aparecimento gradativo das DCNT associado à diminuição 
significativa da massa e da função muscular provoca alteração da capacidade 
funcional, que de acordo com Kagawa e Corrente (2015) é definida como a 
30 
 
capacidade que o individuo possui de manter suas habilidades físicas e 
mentais podendo dessa forma ter uma vida independente e autônoma nas 
atividades básicas e instrumentais de vida diária. A avaliação funcional em 
idosos serve como guia das possíveis intervenções nessa população, pois 
através dela é possível mensurar de forma objetiva a probabilidade de futura 
dependência e outras complicações advindas da senescência e da senilidade 
(Camara et al., 2008; Lustosa et al., 2016). 
O declínio físico e mental decorrente do envelhecimento normal 
observado nas pessoas idosas demanda cuidados especiais, que requerem 
disponibilidade de tempo e dedicação dos mais próximos, a fim de proporcionar 
vida digna a elas. Infelizmente a falta de tempo, recurso, paciência e cuidados 
por parte dos familiares e cuidadores são alguns dos fatores determinantes 
para a institucionalização dessas pessoas (Araújo, Souza & Faro, 2010). 
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na 
Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283 (Brasil, 2005), as Instituições 
de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) são definidas como instituições 
governamentais ou não governamentais destinadas a moradia de pessoas com 
60 anos ou mais, com ou sem base familiar, em condição de liberdade, 
dignidade e cidadania. No Brasil em 2010 foram identificadas 3549 ILPIs, 
sendo a maioria na Região Sudeste, demonstrando ser ai a maior 
concentração dessa população. Neste mesmo ano foi constatado que cerca de 
30% dos idosos vivem como residentes nesse tipo de instituição (Camarano & 
Kanso, 2010; Kanso et al., 2010). 
As internações podem por muitas vezes levar ao isolamento e à privação 
social do idoso desencadeando novas adaptações e aprendizados longe do 
meio familiar, com a necessidade de formar novos ciclos de amizades e de se 
acostumar com as novas rotinas. No entanto, existem casos onde a ILPI é a 
oportunidade de uma melhor vida para aquele individuo (Araújo et al., 2014). 
Independente da causa da internação, o abalo emocional provocado pela 
mudança de ambiente e pelas modificações advindas do processo de 
envelhecimento afetam o modo de viver do idoso, ou seja, sua qualidade de 
vida (Silva et al., 2017). 
A qualidade de vida (QV) é algo subjetivo e para mensurar é necessário 
pensar no indivíduo como um ser integral, considerando suas condições físicas 
31 
 
e psicológicas, o meio em que vive, suas relações sociais e sua satisfação com 
a saúde e o lazer (Silva et al., 2014). Devido ainda haver divergências entre 
qual a verdadeira influência destes fatores sobre a QV, faz-se necessário 
proceder à mensuração dela com diferentes populações, inseridas em culturas 
e valores específicos de cada região, pois dessa forma poder-se à favorecer a 
compreensão sobre o processo de envelhecimento, estimulando a implantação 
de programas mais personalizados para os idosos (Paula et al., 2016). 
Poder quantificar a QV dos idosos em diferentes situações de vivência 
demonstra o interesse que está despertando para o futuro onde viver mais será 
sinônimo de viver bem, com qualidade e dignidade, sem desperdícios de 
gastos, pois com planejamento, existirá adaptação às necessidades individuais 
de cada um (Paula et al., 2016). Dentre as variáveis investigadas na 
mensuração da QV, a espiritualidade é a mais referida pelos idosos de mais 
idade, como suporte de enfrentamento das dificuldades e dos medos 
adquiridos com o passar dos anos, sejam idosos institucionalizados ou que 
estão no convívio familiar (Oliveira & Alves, 2014). 
As pessoas quando se aproximam da finitude podem passar a procurar 
mais as práticas religiosas e espirituais para buscar entender questões 
relacionadas à vida e ao seu sentido, isso sem necessariamente ter que 
comparecer a cultos e igrejas, celebrações ou rituais, porque o entendem que 
basta realizar individualmente suas orações e meditações em casa sem ter que 
ir aos templos (Silva, 2015). 
A busca pelo significado da vida é algo transcendental, sem exigir uma 
religião específica e que alguns autores dão o nome de espiritualidade. Ela 
pode estar ou não vinculada à religiosidade, no entanto existem conceitos 
diferentes, onde a religiosidade relaciona-se à prática doutrinária e social, 
exigindo a presença em celebrações rituais, com cultos e missas. Já a 
espiritualidade caracteriza-se pelo transcendental, onde a pessoa acredita em 
algo superior que possa dar esclarecimentos sobre as dificuldades enfrentadas 
e que não necessariamente esteja ligada a um nome divino (Duarte et al., 
2008). 
A espiritualidade tem sido associada aos tratamentos de saúde, tanto 
em relação ao paciente quanto à equipe médica envolvida. Escolas médicas de 
todo mundo passaram a inserir a espiritualidade nos estudos de formação de 
32 
 
novos médicos por perceberem que ela é um fator que contribui para a 
qualidade de vida e melhoria da saúde dos idosos internados (Reginato, 
Benedetto & Gallian, 2016). 
Acredita-se que a espiritualidade auxilie as pessoas idosas no 
enfrentamento de questões existenciais principalmente relacionadas às 
doenças crônicas que se fazem presentes nessa fase, bem como saber lidar 
com as perdas frequentes. Esse amparo dado pelas crenças melhora a 
percepção de qualidade de vida, e estimula o indivíduo a se reinventar, 
buscando novas formas de um melhor viver com independência e autonomia 
(Vieira & Aquino, 2016). 
Diante do exposto, pretendeu-se realizar um estudo em que fosse 
possível comparar espiritualidade dos idosos com sua capacidade funcional e 
qualidade de vida, mensurando a capacidade funcional dos idosos que estão 
inseridos nas atividades realizadas dentro das igrejas católicas e evangélicas, 
bem como daqueles institucionalizados, investigando também as relações entre 
o ambiente do idoso e as condições de saúde, levando em consideração a 
pontuação na escala de religiosidade, avaliando os níveis de espiritualidade 
dos grupos investigados e a qualidade de vida de idosos inseridos em 
diferentes ambientes. 
 
2. MÉTODOS 
 
2.1 Tipo de Estudo 
 
Trata-se de um estudo de campo do tipo exploratório, transversal, com 
abordagem quantitativa. A pesquisa de campo do tipo exploratória procura 
aprofundar-se em uma realidade específica, através da aplicação de 
questionários ou entrevistas a fim de captar maiores informações sobre 
determinada população, com o objetivo de possibilitar uma visão geral a cerca 
de um tema pouco explorado (Gil, 2008). 
 
2.2 Área de Trabalho e População 
 
33 
 
A pesquisa foi realizada na cidade de Teresina (estado do Piauí – 
Brasil), em sete instituições de longa permanência (ILPIs) cadastradas na 
prefeitura, cinco igrejas católicas e duas evangélicas, onde ambas 
desenvolvem atividades de ressocialização e espiritualizaçãocom grupos de 
idosos em horários diferentes ao das celebrações. 
 
2.3 Amostra 
 
Foram avaliados 128 idosos, com idades compreendidas entre os 60 e 
os 106 anos, sendo 57 frequentadores da igreja católica, 27 das igrejas 
evangélicas e 44 residentes nas ILPIs. Destes foram incluídos na amostra 121 
idosos, baseado nos seguintes critérios de inclusão: ter 60 anos ou mais, estar 
presente no local da coleta no dia e horário agendado. Foram excluídos da 
pesquisa, idosos com qualquer diagnóstico de demência, déficit na fala 
(afasias) e acamados. 
 
2.4 Procedimento e Coleta de Dados 
 
A coleta foi realizada no mês de abril de 2017, no turno da manhã, pela 
própria pesquisadora nos locais e horários marcados antecipadamente com os 
responsáveis pelas ILPIs e pelos projetos desenvolvidos nas igrejas. Os 
questionários foram aplicados individualmente com cada participante, 
proporcionando maior discrição e liberdade no momento das respostas. 
Para definição do perfil sociodemográfico da população estudada foi 
aplicado um questionário semi-estruturado elaborado pela pesquisadora 
(ANEXO B) baseado nos questionários utilizados nas pesquisas de Pereira et 
al. (2014) e Barbosa et al. (2014). 
Para avaliação da capacidade funcional fez-se uso do índice de Katz 
(Lino et al., 2008) (ANEXO C) e da escala de Lawton e Brody (Santos & 
Virtuoso Junior, 2008) (ANEXO D). Foi investigada a capacidade do idoso de 
desempenhar as ABVDs (banho, vestir-se, transferência, uso do vaso sanitário, 
alimentação e continência) e as AIVDs (uso do telefone, viagens, compras, 
preparo de refeições, trabalho doméstico, controle de medicações e do 
dinheiro). 
34 
 
O índice de Katz foi aplicado no formato Likert que pontua cada item de 
1 a 3, onde a pontuação 1 representa “Independência” e está relacionada com 
o uso de ajuda não-humana (bengalas, barras, apoio em móveis); 2 relaciona-
se a ajuda humana e representa “Dependência Parcial” e 3 pontua como 
“Dependência Completa’. Ao final, quanto maior o escore maior a dependência 
do paciente (Afonso et al., 2013; Oliveira; Goretti & Pereira, 2006). Na escala 
de Lawton e Brody a nota foi atribuída baseada na necessidade de ajuda, 
qualidade da execução e iniciativa, podendo variar de 1 a 3, onde a nota 1 está 
relacionada a incapacidade para realização da atividade, a nota 2 representa a 
necessidade de ajuda ou companhia e 3 refere total independência para função 
referida. Deste modo o idoso pôde ser classificado como dependente total 
(pontuação até 5), dependente parcial (de 5 até 20 pontos) e independente (21 
pontos) (Santos & Virtuoso Júnior, 2008; Pereira et al., 2014). 
A qualidade de vida foi mensurada através do questionário da 
Organização Mundial da Saúde (OMS), na versão abreviada (WHOQOL-BREF) 
(ANEXO E). Este questionário foi validado no Brasil por Fleck et al. (2000), e é 
constituído de 26 questões, onde 24 abrangem quatro domínios para avaliação 
da qualidade de vida (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente) e 
as duas restantes avaliam a percepção global da qualidade de vida e saúde 
(Fleck et al., 2000; Santos et al., 2014). 
As questões foram formuladas para respostas na escala tipo Likert, 
abrangendo intensidade (nada e extremamente), capacidade (nada e 
completamente), frequência (nunca e sempre) e avaliação (muito insatisfeito, 
muito satisfeito, muito ruim e muito bom). A nota variou de 1 a 5 dependendo 
da escolha da alternativa, e em ordem crescente de qualidade, ou seja, quanto 
maior a nota melhor a percepção de qualidade de vida do participante (Stival et 
al., 2014). 
A avaliação da religiosidade foi realizada através da versão em 
português da Escala de Religiosidade da Duke-Durel (Almeida et al., 2008) 
ANEXO F). Essa escala Durel possui cinco itens que captam as três dimensões 
religiosa que mais tem relação com a saúde, que são elas: religiosidade 
organizacional (RO), religiosidade não organizacional ou privada (RNO) e 
religiosidade intrínseca (RI). As duas primeiras questões abordam RO e RNO, 
e estão relacionadas à saúde física, mental e suporte social, ou seja, a 
35 
 
frequência em encontros religiosos (missas, cultos, grupos de oração) e os 
hábitos e comportamentos religiosos que independem do local ou interação 
com outras pessoas. As três restantes de RI se relacionam com a 
internalização e vivência da religiosidade, isto é, compreensão da crença 
religiosa em si (Koenig et al., 1997; Martinez et al., 2014). 
A pontuação das dimensões RO e RNO variam de 1 a 6 e a dimensão RI 
varia de 1 a 5 podendo obter uma nota máxima de 15 pontos. Ao final do teste 
o escore encontrado deve ser analisado separadamente para cada dimensão, 
e jamais devem ser somados no final com objetivo de um escore total 
(Martinez, 2014; Marques & Aguiar, 2014). 
Além disso, para avaliar a espiritualidade foi aplicada uma escala de 
autopercepção (APÊNDICE B) ao participante sobre o quanto ele se considera 
religioso e espiritualizado, com uma definição prévia do conceito de 
religiosidade e espiritualidade para que desta forma ele pudesse pontuar 
corretamente de 0 a 10. 
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da 
Universidade Católica de Brasília com o parecer nº 1.984.644. Todos os 
participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 
 
2.5 Análise Estatística 
 
Os dados foram processados e analisados por meio do programa 
estatístico Bioestatic, versão 5.0. Inicialmente, foi aplicado o teste de 
kolmogorov-smirnov para a averiguação da normalidade dos dados. Em 
seguida, as variáveis categóricas (dados sociodemográficos) foram descritas 
por meio de frequências e porcentagem e as numéricas por meio de média ± 
desvio padrão. 
Para comparações de dados categóricos foram utilizados o teste do Qui-
quadrado ou teste G para os dados contínuos foram utilizados o teste 
paramétrico de T Student (para amostras independentes) e o não paramétrico 
de Man-Whitney. Para análise da correlação entre variáveis foi utilizado o teste 
de correlação linear de Pearson. Foi considerado estatisticamente significativo 
valor de p<0,05. 
 
36 
 
3. RESULTADOS 
 
Foram coletados dados de 128 idosos que estavam presentes nos locais 
da coleta. No entanto houve uma perda de aproximadamente 7% da amostra, 
por preenchimento de forma incorreta dos questionários ou por estarem fora da 
idade mínima exigida nos critérios de inclusão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A média de idade dos participantes foi de 70 anos (dp = 8,12) para os 
idosos frequentadores de igreja (IFI) e de 78 anos (dp = 9,99) para os idosos 
institucionalizados (ILPI), variando de 60 a 106 anos de idade. A maior parte da 
amostra tanto dos frequentadores de igrejas quanto dos institucionalizados foi 
composta de idosos do sexo feminino (86% IFI e 69% ILPI), brancos (36% IFI e 
50% ILPI), praticantes da religião católica (58% IFI e 83% ILPI) e portadores de 
doenças crônico não-degenerativa associadas (35% IFI e 28% ILPI). 
No entanto existiram dados independentes e diferentes em cada 
população, como por exemplo, a média do tempo de institucionalização (42, 6 
meses) e a escolaridade que teve predomínio de ensino fundamental 
incompleto (19%) e ensino superior (19%) nos IFI, enquanto nos idosos 
institucionalizados predominou a ausência de escolaridade (33,33%). Os 
demais dados estão descritos na Tabela 1. 
 
 
 
 
 
 
 
 
População Total = 128 
 
Idade inferior a 60 
anos = 4 
 
Não responderam os 
questionários de 
forma correta = 3 
 Amostra = 121 
 
37 
 
 
Tabela 1 Caracterização sociodemográfica dos idosos frequentadores de 
igreja católica e evangélica e dos idosos institucionalizados de 
Teresina, PI. (N = 121) 
Variáveis 
Idosos 
Frequentadores de 
Igreja (n=79) 
Idosos 
Institucionalizados 
(n=42) 
 
Idade 
 
70,72 ± 8,12 
 
78,76 ± 9,99 
SEXO 
Masculino 
Feminino 
 
11 (13,92%) 
68 (86,08%)13 (30,95%) 
29 (69,05%) 
COR 
Branco 
Preto 
Mulato/caboclo/pardo 
Indígena 
Amarelo 
Não respondeu 
 
29 (36,71%) 
22 (27,85%) 
26 (32,91%) 
1 (1,27%) 
0 (0,00%) 
1 (1,27% 
 
21 (50,00%) 
19 (45,24%) 
2 (4,76%) 
0 (0,00%) 
0 (0,00%) 
0 (0,00%) 
ESCOLARIDADE 
Nenhuma 
Ensino Fund Incomp 
Ensino Fund Comp 
Ensino Médio 
Ensino Superior 
 
11 (13,92%) 
15 (18,99%) 
12 (15,19%) 
26 (32,91%) 
15 (18,99%) 
 
14 (33,33%) 
12 (28,57%) 
6 (14,29%) 
7 (16,67%) 
3 (7,14%) 
RELIGIÃO 
Católica 
Evangélica 
Espirita 
Budista 
Apenas acredita em 
Deus 
Nenhuma religião 
 
46 (58,23%) 
29 (36,71%) 
1 (1,27%) 
0 (0,00%) 
2 (2,53%) 
 
1 (1,27%) 
 
35 (83,33%) 
3 (7,14%) 
1 (2,38%) 
0 (0,00%) 
0 (0,00%) 
 
3 (7,14%) 
Doenças 
Hipertensão 
Diabetes 
AVC 
Câncer 
Cardiopatias 
Osteoporose 
Artrite/Reumatismo 
Depressão 
Associação de doenças 
Não possuía nenhuma 
 
25 (31,65%) 
1 (1,27%) 
1 (1,27%) 
2 (2,53%) 
2 (2,53%) 
8 (10,13%) 
2 (2,53%) 
0 (0,00%) 
28 (35,44%) 
10 (12,66%) 
 
11 (26,19%) 
2 (4,76%) 
0 (0,00%) 
0 (0,00%) 
5 (11,90%) 
2 (4,76%) 
0 (0,00%) 
2 (4,76%) 
12 (28,57%) 
8 (19,05%) 
Tempo de 
Institucionalização 
(meses) 
 
- 
 
42,67 ± 54,94 
Fonte: Arquivo dos pesquisadores. Pesquisa Direta. 
 
 
Na comparação do nível de independência das atividades básicas e 
instrumentais de vida diária entre os grupos percebeu-se que ambos são 
independentes, no entanto, os valores das médias respectivas de cada teste do 
grupo de IFI reflete maior nível de independência (6,25 ± 0,98 Katz; 19,32 ± 
38 
 
2,56 LB) quando comparadas às médias do grupo de idosos institucionalizados 
(8,59 ± 3,05 Katz; 9,59 ± 2,16 LB). 
Com exceção da dimensão RI da escala de Duke-Durel, não foi 
constatada diferença significativa nas notas dadas à religião e espiritualidade 
pelos dois grupos. Esse fato pode ser devido à semelhança nos valores das 
notas atribuídas pelas populações, sendo a média dos IFI igual a 9,03 e a dos 
idosos institucionalizados igual a 8,40. Esses dados podem ser observados na 
Tabela 2. 
 
Tabela 2 Comparação da Capacidade Funcional e da Espiritualidade 
entre idosos frequentadores de igrejas e idosos 
institucionalizados de Teresina, PI. (N = 121) 
 
Variável 
Idosos 
frequentadores de 
igreja (média ± DP) 
Idosos 
Institucionalizados 
(média ± DP) 
P 
Escala de Katz 
6,25 ± 0,98 8,59 ± 3,05 0,0001* 
Escala Lawton e Brody 
19,32 ± 2,56 9,59 ± 2,16 0,0001* 
Nota Religiosidade 
8,68 ± 2,20 8 ± 3,34 0,6770 
Nota Espiritualidade 
9,03 ± 1,80 8,40 ± 2,90 0,7917 
Religiosidade 
Organizacional (RO) 
2,03 ± 1,04 2,16 ± 1,03 0,4204 
Religiosidade Não 
Organizacional (RNO) 
2,14 ± 0,83 2,42 ± 1,10 0,1840 
Religiosidade Intrínseca (RI) 
3,63 ± 1,10 4,69 ± 1,91 0,0030* 
* Teste Man-Whitney. p < 0,05 (significativo). 
 
 
Na Tabela 3 está descrito a comparação entre os grupos estudados com 
relação à qualidade de vida. Neste questionário foi constatada diferença 
significativa em todos os domínios abordados, onde o grupo dos idosos 
institucionalizados apresentou uma pior qualidade de vida subjetiva quando 
comparados aos IFI. Em relação aos domínios, os maiores scores foram 
obtidos nos domínios psicológico (3,96 ± 1,06 IFI), global (3,32 ± 0,85 ILPI) e 
relações sociais (4,18 ± 1,07 IFI; 3,48 ± 1,20 ILPI), enquanto as menores notas 
foram atribuídas ao domínio meio ambiente (1,88 ± 1,01 IFI; 2,33 ± 1,16 ILPI). 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
 
Tabela 3 Comparação dos valores médios obtidos no questionário de 
qualidade de vida entre idosos frequentadores de igreja e 
idosos institucionalizados (n=121). Teresina-PI, 2017. 
Domínios Idosos 
frequentadores de 
igreja (média ± DP) 
Idosos 
Institucionalizados 
(média ± DP) 
p 
Global 
3,90 ± 0,82 3,32 ± 0,85 0,0001* 
Físico 
3,68 ± 1,22 3,30 ± 1,17 0,0017* 
Psicológico 
3,96 ± 1,06 3,19 ± 1,20 0,0001* 
Relações Sociais 
4,18 ± 1,07 3,48 ± 1,20 0,0001* 
Meio ambiente 
1,88 ± 1,01 2,33 ± 1,16 0,0299* 
* Teste T student. p < 0,05 (significativo). 
Fonte: Arquivo dos pesquisadores. Pesquisa Direta. 
 
 
Nos gráficos abaixo se pode observar que não houve relação entre a 
espiritualidade e a capacidade funcional de ambos os grupos (p > 0,05). Esse 
fato pode ser devido aos altos valores atribuídos à espiritualidade por todos os 
grupos. Mesmo subdividindo os grupos em mais espiritualizados e menos 
espiritualizados, ainda assim não foi encontrado valores estatisticamente 
significantes, como mostram os Gráficos 1 e 2. 
 
 
 
 Gráfico 1: Análise da correlação da capacidade funcional (ABVDs) e espiritualidade 
 
 
 
Idosos Frequentadores de Igreja Idosos Institucionalizados 
40 
 
 
 Gráfico 2: Análise da correlação da capacidade funcional (AIVDs) e espiritualidade 
 
Ao correlacionar a espiritualidade com a qualidade de vida, 
diferentemente da capacidade funcional, observamos que houve significância 
(p < 0,05) onde o gráfico 3 abaixo demonstra que quanto maior a nota da 
espiritualidade melhor a qualidade de vida referida no WHOQOL-bref. 
 
 
Gráfico 3: Análise da correlação entre a Espiritualidade e a Qualidade de Vida geral. 
 
4. DISCUSSÃO 
 
No presente estudo houve predomínio de idosos do sexo feminino. Esse 
fenômeno de feminização na população de idosos também foi relatado nos 
estudos de Santos (2012) em Belo Horizonte, Silva (2015) em Uberaba e 
Carlos (2015) em Coimbra. Um pouco menos frequente e discordando dos 
achados anteriores, existem estudos com predomínio do sexo masculino, como 
foi o caso da pesquisa realizada por Pilger et al. (2017) em centros de diálise, 
fato esse que pode reafirmar a deficiência de cuidados à saúde por parte dos 
homens. 
Idosos Frequentadores de Igreja Idosos Institucionalizados 
41 
 
Outro fato relevante encontrado nessa pesquisa que corrobora com 
outros estudos realizados no Brasil foi a predominância da religião católica 
tanto entre os idosos institucionalizados quanto entre os IFI (Santos, 2012; 
Santos & Abdala, 2014; Silva, 2015). 
Segundo Santos & Abdala (2014), mesmo reduzindo a frequência aos 
encontros religiosos devido às limitações da idade, os idosos tem o 
envolvimento religioso como protetor para o bem-estar físico e como recurso 
terapêutico para uma boa saúde mental e física. No estudo de Oliveira & Alves 
(2014) com idosos institucionalizados do interior da Bahia também foi 
constatado que os participantes utilizam-se da fé como apoio e força para o 
enfrentamento das dificuldades adquiridas com a idade. 
Ainda sobre a religiosidade e espiritualidade das populações 
investigadas no presente estudo, foram observadas notas elevadas atribuídas 
por ambas, demonstrando que a fé se faz presente e influencia no modo de 
viver desses idosos. Silva (2015) em sua pesquisa verificou que pessoas 
idosas são mais religiosas que jovens, pois acreditam que a prática da 
religiosidade e da espiritualidade serve como subsídio para enfrentar 
positivamente os eventos estressores dessa fase. 
Diferente do encontrado no presente estudo, Carlos (2015) constatou 
baixos níveis de espiritualidade entre os idosos da sua pesquisa, onde 60% 
dos participantes não concordaram com a afirmação de que a vida muda para 
melhor ao atingir a velhice e referiram sentir abandono de Deus. 
Devido às incapacitações decorrentes da própria idade ou de patologias, 
a prática da religiosidade intrínseca (RI) foi a mais referida nos estudos de 
Santos (2012), Silva (2015) e Santos & Abdala (2014), ou seja, a incapacidade 
de locomoção ou a dependência de terceiros para o ir e vir, não impede a 
prática da fé entre os idosos. Na pesquisa realizada foi constatado que houve 
diferença entre a prática da RI, onde os IFI vivem mais intensamente os 
aspectos psicológicos e internos da sua religiosidade quando comparados aos 
institucionalizados. 
Em relação à capacidade funcional dos idosos pesquisados foi verificado 
que todos possuem grau de independência segundoas escalas de Katz e 
Lawton e Brodi, sendo que aqueles que participam de atividades realizadas nas 
igrejas obtiveram melhores escores, sendo classificados como mais 
42 
 
independentes para realização das ABIVDs. Tal fato também foi referido na 
pesquisa realizada por Costa (2017), que fez uso das mesmas escalas e 
constatou que os idosos institucionalizados apresentaram menor 
funcionalidade para realização das ABVDs e AIVDs. 
Ferreira et al. (2014) revelou em sua pesquisa que o tempo prolongado 
de institucionalização contribui para redução da capacidade funcional, pois 
acredita-se que a internação em ILPIs favorece a não realização das atividades 
de vida diária, o isolamento social e redução do autocuidados. No presente 
estudo o tempo médio de internação foi de aproximadamente 43 meses. 
Rocha & Ciosak (2014), relataram na sua pesquisa que 70% dos idosos 
da sua amostra foram classificados como independentes para realização das 
atividades diárias. No entanto, mesmo independentes, cerca de 65% 
declararam que o aparecimento das doenças crônicas, tais como hipertensão 
arterial, osteoporose e diabetes, reduz a capacidade de realizar atividades e 
aumenta a dependência. Tais patologias foram as mais referidas pelos idosos 
participantes do presente estudo. 
Essa alteração da capacidade funcional é tida como um dos principais 
conflitos vividos pelos idosos do estudo realizado por Santos (2012), que 
relatou que a incapacidade acarreta alteração do modo de vida, pois há déficit 
de força, velocidade e disposição. Nesse mesmo estudo, assim como no 
realizado por Silva (2015), a espiritualidade foi relatada como estratégia de 
enfrentamento, onde os idosos afirmam praticar a religiosidade intrínseca a fim 
de alcançar acolhimento e amparo de Deus, como também, acreditam que a 
devoção pode favorecer o sucesso do tratamento de doenças e possivelmente 
a cura. 
Também correlacionando a incapacidade funcional com as crenças 
religiosas, Santos et al. (2013), pôde verificar que o enfrentamento religioso 
utilizado pelos idosos nessas condições tem como principal função amenizar as 
respostas emocionais desencadeadas pela nova experiência de agora de não 
poderem conseguir realizar tarefas antes tidas como elementares. Lima, 
Valença & Reis (2016), constataram também que a fé e espiritualidade auxiliam 
na superação de angústias e sentimentos negativos decorrentes do 
aparecimento das doenças crônicas. 
43 
 
Discordando do mencionado acima, na presente amostra tal como no 
estudo realizado por Santos & Abdala (2014) não foi encontrada correlação 
estatisticamente significante entre a espiritualidade e os testes de capacidade 
funcional. Esse fato pode ser explicado devido aos altos valores atribuídos a 
espiritualidade pelos dois grupos investigados, demonstrando a relevância da 
prática religiosa para essa população. Além disso, todos os idosos 
participantes foram classificados como independentes para realização das 
ABIVDs, algo que contradiz os estudos referidos que associam o auxílio da 
espiritualidade aos idosos já dependentes. 
Com relação à interferência da espiritualidade na qualidade de vida (QV) 
o presente estudo verificou que houve correlação em todos os domínios do 
teste utilizado. Foi constatado ainda que os idosos que frequentam atividades 
nas igrejas católicas e evangélicas apresentaram melhor classificação, 
referindo ter melhor QV quando comparados aos idosos institucionalizados. 
Tais resultados corroboram com o que foi encontrado por Santos & 
Abdala (2014), onde os idosos que apresentaram melhor score na qualidade de 
vida foram aqueles que praticavam a religiosidade de maneira mais assídua 
tanto de forma extrínseca, com as idas às igrejas, quanto de forma intrínseca 
através das meditações. Carlos (2015) também referiu em sua pesquisa que os 
idosos com alto nível de espiritualidade apresentavam melhor qualidade de 
vida. 
Tal fato sugere que a espiritualidade e a fé podem fazer diferença no 
enfrentamento das dificuldades referidas nessa fase da vida, e que 
independente do local onde vive ou das limitações impostas por patologias ou 
idade, a fé sempre se faz presente no dia a dia das pessoas idosas. 
Pilger et al. (2017), em sua pesquisa com idosos submetidos à 
hemodiálise da mesma forma como no presente estudo correlacionou a 
qualidade de vida mensurada através do WHOQOL-bref ao bem estar 
espiritual, e pôde constatar significância em todos os domínios, com exceção 
do meio ambiente. Este domínio na nossa pesquisa apresentou o pior score, 
demonstrando a insatisfação dos idosos, principalmente daqueles que residem 
nas ILPIs. 
Mesmo apontando correlação significativa entre algumas variáveis o 
presente estudo apresenta limitações. A ausência de um questionário que 
44 
 
verificasse a espiritualidade de fato, sem associar a religiosidade foi uma 
dificuldade encontrada. Além disso, a escassa população de evangélicos e a 
dificuldade de compreensão de algumas questões foram pontos que também 
dificultaram e podem ter interferido nos resultados finais. 
 
5. CONCLUSÃO 
 
A população estudada foi predominantemente independente tanto nas 
atividades básicas quanto nas atividades instrumentais de vida diária, 
demonstrando a interferência do ambiente em que vivem, já que os 
institucionalizados foram tidos como dependentes parciais. O mesmo foi 
verificado na espiritualidade, com scores altos atribuídos por todos os idosos. 
Este fato pode ter sido o motivo para a não correlação entre a espiritualidade e 
a capacidade funcional dos idosos. 
A religiosidade intrínseca, ou seja, a prática da fé mesmo fora dos 
centros religiosos foi a única estatisticamente significativa entre os grupos, 
comprovando que mesmo diante das dificuldades os idosos têm em Deus um 
alicerce para o enfrentamento. Além disso, a interferência positiva constatada 
da espiritualidade na qualidade de vida dos idosos reforça a importância do 
estímulo ao cultivo da fé em todos os ambientes habitados por essa população, 
principalmente dentro das ILPIs, onde eles se veem distantes da família, 
amigos e sociedade. 
Os resultados encontrados contribuem para enfatizar a importância do 
estímulo da espiritualidade entre os idosos, uma vez que a influência dela no 
modo de viver e pensar foi positiva. Apesar disso, sugere-se novos estudos 
buscando novas associações com uma maior população de diferentes regiões, 
havendo assim possibilidades de resultados mais abrangentes. 
 
Conflito de interesse 
 
Os autores declaram não haver conflito de interesse no presente estudo. 
 
Agradecimento 
 
45 
 
Às diretoras e responsáveis pelas instituições de longa permanência e 
programas desenvolvidos nas igrejas católicas e evangélicas visitadas, que 
possibilitaram a coleta de dados com os idosos que gentilmente aceitaram 
participar da pesquisa. 
 
Financiamento 
 
Esta pesquisa foi financiada pelo próprio autor. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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década de vidas. Movimento & Saúde – Revista Inspirar, 5 (1),1-6. 
 
Araújo C.L.O, Souza L.A, & Faro ACM. (2010) Trajetória das Instituições de 
Longa Permanência para Idosos no Brasil. Hist. enferm., Rev. eletronica. 
 
Araújo, G.S. et al. (2014). Qualidade de vida de idosos residentes na Vila 
Vicentina de Bausu/SP. SALUSVITA, Bauru, 33 (1): 57-75. 
 
Barbosa, B.R, Almeida, J.M., Barbosa, M.R., & Rossi-Barbosa, L.A.R. (2014). 
Avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados à 
incapacidade. Ciência e saúde coletiva, 19(8), 3317-3325. 
 
BRASIL. RESOLUÇÃO RDC nº 283, de 2005 – Aprova o Regulamento 
Técnico que define normas de funcionamento para as Instituições de Longa 
Permanência para Idosos (2005). Diário Oficial da União, Brasília. 
 
Camara, F.C, Gerez, A.G., Miranda, M.L.J. & Velardi, M. (2008). Capacidade 
funcional no idoso: formas de avaliação e tendência.

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