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1 Pró-Reitoria Acadêmica Escola de Saúde e Medicina Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA QUALIDADE DE VIDA E NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E NÃO INSTITUCIONALIZADOS Brasília - DF 2017 Autor: Clarissa Marreiros Lages da Silveira Orientador: Prof. Dr. Vicente Paulo Alves 2 CLARISSA MARREIROS LAGES DA SILVEIRA INFLUÊNCIA DA ESPIRITUALIDADE NA QUALIDADE DE VIDA E NA CAPACIDADE FUNCIONAL DE IDOSOS INSTITUCIONALIZADOS E NÃO INSTITUCIONALIZADOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Gerontologia. Orientador: Prof. Dr. Vicente Paulo Alves Brasília 2017 3 Ficha elaborada pelo Sistema de Bibliotecas da Universidade Católica de Brasília (SIBI/UCB) Bibliotecária Joanita Pereira Basto CRB1/2.430 S587i Silveira, Clarissa Marreiros Lages da. Influência da espiritualidade na qualidade de vida e na capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados / Clarissa Marreiros Lages da Silveira. – 2017. 75 f. ; 30 cm. Dissertação (Mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2017. Orientação: Prof. Dr. Vicente Paulo Alves. 1. Idosos - Espiritualidade. 2. Qualidade de vida. 3. Aptidão física. I. Alves, Vicente Paulo. II. Título. CDU 613.98: 130.122 4 5 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus e a meu pai Wolner (in memorian) por terem iluminado minha trajetória desde o inicio do mestrado, me encorajando nos momentos de dificuldades e fraqueza. Acredito que sem eles nada disso seria possível. Aos meus avós Rogério e Izaura pelo estímulo ao estudo desde pequena e por me proporcionarem o crescimento dentro da minha profissão. Obrigada por vocês sempre acreditarem no meu potencial e não medirem esforços para que eu chegasse ao final de mais essa etapa. Vocês são meu porto seguro. A minha irmã Marcelle por toda ajuda durante a coleta de dados e por toda paciência nos momentos em que me via desesperada achando que não daria certa. Você e sua companhia foram fundamentais para tornar tudo isso mais leve. A minha mãe Cristiane e meu irmão Guilherme; Aos meus tios Ronildo e Yula, e meus primos Alana, Henrique, Ítalo e Yuri por toda torcida e incentivo desde sempre, saber que posso contar com vocês me faz ter força para seguir em frente. Ao meu namorado Felipe muito obrigado pela companhia nos dias em Brasília, e pelas palavras de incentivo a todo o momento. Aos responsáveis pelas Instituições de Longa Permanência e pelos programas desenvolvidos nas igrejas Católicas e Evangélicas, que não mediram esforços para me ajudar durante a coleta de dados. A Lidiane nossa secretária, que nuca mediu esforços para tirar nossas duvidas e solucionar problemas burocráticos. Ao meu orientador Prof. Vicente Paulo Alves não tenho nem palavras para dizer tamanha gratidão. Obrigada por todos os ensinamentos e por sempre está disponível para esclarecimentos. Obrigada também pela paciência durante os momentos mais difíceis, onde o senhor sempre tinha uma solução. Muito Obrigada a Todos! 6 RESUMO Referência: SILVEIRA, Clarissa Marreiros Lages. Influência da Espiritualidade na Qualidade de Vida e na Capacidade Funcional de Idosos Institucionalizados e Não Institucionalizados. 2017. 75 folhas. Dissertação (Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Gerontologia) - Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2017. O envelhecimento acelerado da população já é algo consolidado na literatura. Atrelado a esse processo há o aparecimento de doenças crônicas com consequente perda da capacidade funcional e da qualidade de vida. O objetivo da presente pesquisa foi comparar a relação entre espiritualidade, qualidade de vida e capacidade funcional de idosos institucionalizados e aqueles participantes de atividades nas igrejas cristãs na cidade de Teresina - PI. A amostra foi de 121 idosos do sexo masculino e feminino, com 60 anos ou mais, institucionalizados e participantes de atividades desenvolvidas em igrejas católicas e evangélicas. A coleta de dados foi realizada por meio de aplicação de questionários. Para avaliação da capacidade funcional foi utilizado o Índice de Katz e Escala de Lawton e Brody. A qualidade de vida e a espiritualidade foram avaliadas por meio do WHOQOL-bref e escala de Duke-Durel respectivamente. Os resultados foram analisados por meio de estatística simples. Utilizou-se os testes Qui-quadrado, T-student e para correlacionar os dados foi feita a correlação de Pearson. Dentre os idosos avaliados a maioria foi classificada como independente para as ABIVDs. Não houve correlação entre a capacidade funcional e a espiritualidade, talvez pelo fato dos altos scores estabelecidos à espiritualidade pelas duas populações investigadas. No entanto houve correlação entre espiritualidade e a qualidade de vida, com interferência em todos os domínios analisados no questionário. Palavras-chave: Idoso. Espiritualidade. Capacidade funcional. Qualidade de Vida. 7 ABSTRACT Accelerated aging of the population is already somewhat consolidated in literature. Linked to this stage, comes chronic diseases with consequent loss of functional capacity and quality of life. This study aimed to compare the relationship between spirituality, quality of life and functional capacity of institutionalized elderly people and those participants of activities in the Christian churches in the city of Teresina - PI. The specimen consisted in 121 male and female elderly, with 60 years of age or older, institutionalized and participants in activities developed in churches Catholic and Evangelic. The data collection was carried through questionnaires. For functional capacity assessment it was used Katz and Lawton, and Brody Scales. Quality of life and spirituality were assessed using the WHOQOL-bref and Duke-Durel scale respectively. The results were analyzed via common statistics. The Chi-squared, T-student tests were used, and to correlate data was made the Pearson correlation. Among the elderly assessed, the majority was classified as independent for ABIVDs. There was no correlation between functional capacity and spirituality, perhaps because of the high scores established for spirituality by the two populations investigated. However, there was a correlation between spirituality and quality of life, interference in all domains analyzed in the questionnaire. Keyword: Aged. Spirituality. Functional capacity.Quality of life. 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Caracterização sociodemográfica dos idosos frequentadores de igreja católica e evangélica e dos idosos institucionalizados de Teresina, PI. (N = 121) Tabela 2: Comparação da Capacidade Funcional e da Espiritualidade entre idosos frequentadores de igrejas e idosos institucionalizados de Teresina, PI. (N = 121) Tabela 3: Comparação dos valores médios obtidos no questionário de qualidade de vida entre idosos frequentadores de igreja e idosos institucionalizados (n=121). Teresina-PI, 2017. 9 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Análise da correlação da capacidade funcional (ABVDs) e espiritualidade Gráfico 2: Análise da correlação da capacidade funcional (AIVDs)e espiritualidade Gráfico 3: Análise da correlação entre a Espiritualidade e a Qualidade de Vida geral 10 LISTA DE SIGLAS ABVD: Atividade Básica de Vida Diária AIVD: Atividade Instrumental de Vida Diária DCNT: Doenças Crônicas Não Transmissíveis ILPIs: Instituição de Longa Permanência para Idosos QV: Qualidade de Vida IFI: Idosos Frequentadores de Igreja 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 12 2 REVISÃO DE LITERATURA....................................................................... 16 2.1 ENVELHECIMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO................................ 16 2.2 CAPACIDADE FUNCIONAL E INDEPENDÊNCIA................................ 18 2.3 QUALIDADE DE VIDA........................................................................... 22 2.4 ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NA VELHICE........................................................................................................ 24 3 OBJETIVOS................................................................................................ 28 3.1 OBJETIVO GERAL................................................................................ 28 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS................................................................. 28 4 ARTIGO....................................................................................................... 29 1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 29 2. MÉTODOS................................................................................................. 32 2.1 2.1 Tipo de Estudo.................................................................................. 32 2.2 Área de Trabalho.............................................................................. 32 2.3 Amostra............................................................................................. 33 2.4 Procedimentos e Coleta de dados.................................................. 33 2.5 Análise Estatística............................................................................ 35 3. RESULTADOS.......................................................................................... 35 4. DISCUSSÃO.............................................................................................. 40 5. CONCLUSÃO............................................................................................ 44 Conflito de interesse.............................................................................. 44 Agradecimentos..................................................................................... 44 Financiamento........................................................................................ 45 REFERÊNCIAS........................................................................................... 45 REFERÊNCIAS.............................................................................................. 49 APÊNDICES................................................................................................... 56 APÊNDICE A – TERMO DE CONSETIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO... 56 APÊNDICE B.................................................................................................. 58 ANEXOS......................................................................................................... 59 ANEXO A – NORMAS PUBLICAÇÃO DA REVISTA ARCHIVES OF GERONTOLOGY AND GERIATRIC.................................................................... 59 ANEXO B – QUESTIONÁRIO SOCIODEMOGRÁFICO................................ 65 ANEXO C - ÍNDICE DE KATZ PARA ATIVIDADE DE VIDA DIÁRIA............. 67 ANEXO D - ESCALA DE LAWTON E BRODY PARA ATIVIDADE INSTRUMENTAL DE VIDA DIÁRIA............................................................... 69 ANEXO E - WHOQOL-ABREVIADO PARA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA......................................................................................................... 70 ANEXO F - ESCALA DE RELIGIOSIDADE DA DUKE – DUREL.................. 75 12 1 INTRODUÇÃO O acelerado crescimento da população brasileira acima de sessenta anos é uma realidade descrita por vários estudos atuais. Essa transição demográfica é observada na tendência à inversão da pirâmide como decorrência da redução da população jovem e da natalidade, juntamente com o notável aumento da longevidade (GONÇALVES, 2015). De acordo com o último censo geral de 2010 do IBGE (2011) a população de idosos no Brasil praticamente dobrou entre os anos de 1970 e 2010, possibilitando uma estimativa de crescimento para 2050 de cerca de 24% da população total (IBGE, 2013). O envelhecimento é um processo natural e comum a todos os seres humanos, caracterizado por declínios e perdas nos sistemas fisiológico, morfológico, funcional e psicológico de forma que os estudos apontam que nesta etapa ocorre uma desregulação dos mecanismos responsáveis pela homeostase do organismo (JACOB FILHO, 2009). Toda essa modificação nos sistemas do corpo do idoso pode está relacionada a transição epidemiológica, onde as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), na sua maioria incapacitante, tornam-se as principais queixas nos postos de atendimento à saúde (REIS; NORONHA; WAJNMAN, 2016). O aparecimento gradativo das DCNT associado à diminuição significativa da massa e da função muscular provoca alteração da capacidade funcional, que de acordo com Kagawa e Corrente (2015) é definida como a capacidade que o individuo possui de manter suas habilidades físicas e mentais podendo dessa forma ter uma vida independente e autônoma nas atividades básicas e instrumentais de vida diária. A avaliação funcional em idosos serve como guia das possíveis intervenções nessa população, pois através dela é possível mensurar de forma objetiva a probabilidade de futura dependência e outras complicações advindas da senescência e da senilidade (CAMARA et al., 2008; LUSTOSA et al., 2016). O declínio físico e mental decorrente do envelhecimento normal observado nas pessoas idosas demanda cuidados especiais, que requerem disponibilidade de tempo e dedicação dos mais próximos, a fim de proporcionar 13 vida digna a elas. Infelizmente a falta de tempo, recurso, paciência e cuidados por parte dos familiares e cuidadores são alguns dos fatores determinantes para a institucionalização dessas pessoas (ARAÚJO; SOUZA; FARO, 2010). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283 (BRASIL, 2005), as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) são definidas como instituições governamentais ou não governamentais destinadas a moradia de pessoas com 60 anos ou mais, com ou sem base familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania. No Brasil em 2010 foram identificadas 3549 ILPIs, sendo a maioria na Região Sudeste, demonstrando ser ai a maior concentração dessa população. Neste mesmo ano foi constatado que cerca de 30% dos idosos vivem como residentes nesse tipo de instituição (CAMARANO; KANSO, 2010; KANSO et al., 2010). As internações podem por muitas vezes levar ao isolamento e à privação social do idoso desencadeando novas adaptações e aprendizados longe do meio familiar, com a necessidade de formar novos ciclos de amizades e de se acostumar com as novas rotinas. No entanto, existem casos onde a ILPI é a oportunidade de uma melhor vida para aquele individuo (ARAÚJO et al., 2014). Independente da causa da internação, o abalo emocional provocado pela mudança de ambiente e pelas modificações advindas do processo de envelhecimento afetamo modo de viver do idoso, ou seja, sua qualidade de vida (SILVA et al., 2017). A qualidade de vida (QV) é algo subjetivo e para mensurar é necessário pensar no indivíduo como um ser integral, considerando suas condições físicas e psicológicas, o meio em que vive, suas relações sociais e sua satisfação com a saúde e o lazer (SILVA et al., 2014). Devido ainda haver divergências entre qual a verdadeira influência destes fatores sobre a QV, faz-se necessário proceder à mensuração dela com diferentes populações, inseridas em culturas e valores específicos de cada região, pois dessa forma poder-se à favorecer a compreensão sobre o processo de envelhecimento, estimulando a implantação de programas mais personalizados para os idosos (PAULA et al., 2016). Poder quantificar a QV dos idosos em diferentes situações de vivência demonstra o interesse que está despertando para o futuro onde viver mais será sinônimo de viver bem, com qualidade e dignidade, sem desperdícios de 14 gastos, pois com planejamento, existirá adaptação às necessidades individuais de cada um (PAULA et al., 2016). Dentre as variáveis investigadas na mensuração da QV, a espiritualidade é a mais referida pelos idosos de mais idade, como suporte de enfrentamento das dificuldades e dos medos adquiridos com o passar dos anos, sejam idosos institucionalizados ou que estão no convívio familiar (OLIVEIRA; ALVES, 2014). As pessoas quando se aproximam da finitude podem passar a procurar mais as práticas religiosas e espirituais para buscar entender questões relacionadas à vida e ao seu sentido, isso sem necessariamente ter que comparecer a cultos e igrejas, celebrações ou rituais, porque o entendem que basta realizar individualmente suas orações e meditações em casa sem ter que ir aos templos (SILVA, 2015). A busca pelo significado da vida é algo transcendental, sem exigir uma religião específica e que alguns autores dão o nome de espiritualidade. Ela pode estar ou não vinculada à religiosidade, no entanto existem conceitos diferentes, onde a religiosidade relaciona-se à prática doutrinária e social, exigindo a presença em celebrações rituais, com cultos e missas. Já a espiritualidade caracteriza-se pelo transcendental, onde a pessoa acredita em algo superior que possa dar esclarecimentos sobre as dificuldades enfrentadas e que não necessariamente esteja ligada a um nome divino (DUARTE et al., 2008). A espiritualidade tem sido associada aos tratamentos de saúde, tanto em relação ao paciente quanto à equipe médica envolvida. Escolas médicas de todo mundo passaram a inserir a espiritualidade nos estudos de formação de novos médicos por perceberem que ela é um fator que contribui para a qualidade de vida e melhoria da saúde dos idosos internados (REGINATO; BENEDETTO; GALLIAN, 2016). Acredita-se que a espiritualidade auxilie as pessoas idosas no enfrentamento de questões existenciais principalmente relacionadas às doenças crônicas que se fazem presentes nessa fase, bem como saber lidar com as perdas frequentes. Esse amparo dado pelas crenças melhora a percepção de qualidade de vida, e estimula o indivíduo a se reinventar, buscando novas formas de um melhor viver com independência e autonomia (VIEIRA; AQUINO, 2016). 15 Diante do exposto, pretendeu-se realizar um estudo em que fosse possível comparar espiritualidade dos idosos com sua capacidade funcional e qualidade de vida, mensurando a capacidade funcional dos idosos que estão inseridos nas atividades realizadas dentro das igrejas católicas e evangélicas, bem como daqueles institucionalizados, investigando também as relações entre o ambiente do idoso e as condições de saúde, levando em consideração a pontuação na escala de religiosidade, avaliando os níveis de espiritualidade dos grupos investigados e a qualidade de vida de idosos inseridos em diferentes ambientes. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ENVELHECIMENTO E INSTITUCIONALIZAÇÃO O envelhecimento é um processo natural, gradual e irreversível, que se inicia por volta dos 30 anos de idade, quando começa o declínio das funções orgânicas, perdendo-se 1% da função a cada ano (CAPORICCI; NETO, 2011). Segundo o Fundo das Nações Unidas para a População – UNFPA (2012), o processo de envelhecer é um fenômeno real, de grande abrangência e que já não pode ser ignorado. Foi observando o crescimento populacional dessa faixa etária e a consequente inversão da pirâmide decorrente da redução da natalidade com aumento da longevidade, que por volta da década de, 1960 houve o despertar pela Geriatria (GONÇALVES, 2015). No entanto Freitas (2013) afirma em seu estudo que bem antes disso, na década de 1930, Nascher e Marjory Warren já haviam tentado convencer médicos da época que envelhecer era algo muito além do sair da adolescência ou da vida adulta, e que neste processo se escondiam recursos nunca antes explorados, que poderiam fazer a diferença para as futuras gerações. Todavia foi somente após a pesquisa de Warren em um asilo, onde ela comprovou que idosos dependentes funcionais poderiam ter alterações no seu quadro quando submetidos à reabilitação seletiva. Mais tarde os demais pesquisadores passaram a estudar esse fenômeno, e o denominaram de life-span, que significa desenvolvimento ao longo da vida. Mesmo após todas as pesquisas já realizadas a visão negativista acerca do envelhecimento ainda prevalece na maioria da população, algo que na sociedade primitiva não ocorria, pois a pessoa idosa era supervalorizada, e seus ensinamentos eram acatados por todos como sinal de grande experiência já vivida (FREITAS, 2013). Porém, desde a Revolução Industrial até os dias atuais, a sociedade passou a valorizar a produção, a força, o rendimento, a juventude e a beleza, e com isso a figura do idoso passou a ser desprezada, sendo sinônimo de improdutividade e peso aos orçamentos públicos (FERREIRA et al., 2010). 17 De fato, tornar-se velho não é algo simples e de fácil aceitação por quem vive e convive com ele. Esta etapa da vida é acompanhada de alterações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas, podendo está atrelada ao predomínio de doenças crônicas, declínios, vulnerabilidade, inatividade, depressão e dependência. Por isso se faz necessário à conscientização dos atuais jovens, pois o idoso de amanhã será consequência das atitudes e atividades praticadas quando mais novo (FERREIRA et al, 2012; OLIVEIRA; GARCIA, 2011). Todavia não depende apenas da sociedade, é preciso dar condições para um bom envelhecimento, e estas vem das ações governamentais. Saúde, moradia, lazer e aposentadoria segundo a pesquisa de Cupertino, Rosa e Ribeiro (2007), são fundamentais quando se remete a um envelhecimento com qualidade, e são esses quatro elementos que devem fazer parte do plano de governo que vise um melhor envelhecer (VERAS, 2009). Os países em desenvolvimento como o Brasil, cujo número de pessoas acima de 60 anos de idade corresponde a 10,8% da população total (IBGE, 2010), não possuem preparo suficiente para atender às demandas desses indivíduos, que a cada dia se tornam mais longevos e com acúmulo de fragilidade decorrente da própria senescência por muitas vezes da senilidade, devido à associação com diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que podem ocasionar a incapacidade funcional e a dependência (ALVES; LEITE; MACHADO, 2010). A fragilidade aumenta a necessidade de auxílio por algumas atividades do cotidiano, tornando o idoso dependente e privado da sua autonomia (GUIDETTI; PEREIRA, 2008). Esses cuidados que devem ser individuais e específicos para as necessidades apresentadas pelo indivíduo são realizados algumas vezes pelos familiares, no entanto existem casos em que a família não dispõe de recursos e capacidade para cuidardesse idoso, e por causa disso as ILPIs tornam-se a única opção (LIMA et al., 2016). Segundo a Resolução RDC nº 283, de 26 de novembro de 2005, as ILPIs podem ser definidas como instituições governamentais ou não governamentais de caráter residencial destinadas à moradia de pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos de idade, com ou sem suporte familiar, 18 que visam proporcionar condições dignas de cidadania para seus residentes (BRASIL, 2005). Toda ILPI tem por obrigação elaborar um plano de trabalho que atenda as atividades previstas pela equipe administradora e que discrimine a função de cada funcionário do estabelecimento. Além disso, faz-se também necessário um plano de atenção integral à saúde do idoso residente, onde este deve ser compatível com os princípios da equidade e integralidade, visando à promoção, proteção e prevenção (WATANABE; GIOVANNI, 2009). Para o cumprimento das atividades de coordenação, cuidados com os idosos, lazer, limpeza e alimentação, todas as instituições devem contar com profissionais devidamente capacitados com o curso superior e/ou técnico nas referidas áreas de atuação, sendo necessária a constante realização de atividades de educação em gerontologia direcionada à toda a equipe (BRASIL, 2005). A institucionalização se dá por diversos motivos, onde os mais comumente referidos em pesquisas anteriores são a falta de familiares com quem morar, recursos insuficientes para arcar com as despesas do idoso, dificuldade de encontrar um cuidador, incapacidade de cuidar, abandono da família e, em alguns casos, por opção do próprio idoso, por se achar sem função no seio familiar (OLIVEIRA et al., 2012; MARIN et al., 2012). O velho quando submetido à institucionalização pode ser uma pessoa desmotivada, sem expectativas, infeliz e com uma eterna esperança de retorno ao seio familiar (MARIN et al., 2012). Isto porque ele espera de seus familiares a atenção necessária para enfrentar as dificuldades da vida nessa fase, almejando ter o apoio incondicional dos seus, mesmo que seja como forma de retribuição e agradecimento pelas abdicações que ele fez um dia por estes (GUIDETTI; PEREIRA, 2008). Embora as ILPIs se preocupem em atender às necessidades de seus residentes, tais como higiene, alimentação, moradia e cuidados em geral, o sentimento de solidão e abandono se faz sempre presente, pois esse idoso internado quase sempre é privado do convívio familiar e social, vivendo assim numa rotina imposta e limitada (LIMA et al., 2016). A sensação de solidão é um dos principais sintomas da depressão e que podem levar ao isolamento do idoso dentro das ILPIs. No estudo realizado por Pagotto et al. (2016) foi verificado que os residentes das ILPIs, que 19 apresentavam quadro depressivo tiveram maior prevalência de incapacidade funcional, relatando maior dependência para manter a continência, vestir-se e banhar-se. A perda da capacidade funcional está presente na senescência e faz parte do declínio fisiológico normal, no entanto estimular a manutenção da capacidade funcional prolonga a independência do indivíduo, proporcionando uma melhor qualidade de vida (CORDEIRO et al., 2014). O estímulo dos cuidadores dentro das ILPIs e dos familiares que tomam conta de idosos fora das instituições faz total diferença na manutenção da capacidade funcional, pois o que é visto constantemente é a falta de tempo ou até mesmo de paciência do acompanhante para esperar que o idoso realize tal tarefa (PAGOTTO et al., 2016). 2.2 CAPACIDADE FUNCIONAL E INDEPENDÊNCIA O acúmulo de anos desencadeia perdas e mudanças na vida do indivíduo, provocando nele a necessidade de adaptação. A redução da capacidade funcional é a mais perceptível tanto por quem passa pelo processo, quanto por quem acompanha, pois nesta vê-se a redução da velocidade da marcha e dos demais movimentos do corpo, a diminuição de amplitude de movimento das articulações, a dificuldade de realizar atividades cotidianas e a limitação para efetuar obrigações fora de casa (MACIEL, 2010). Kagawa e Corrente (2015) afirmam que capacidade funcional é quando o indivíduo consegue manter suas habilidades físicas e mentais podendo dessa forma ter uma vida independente e autônoma nas atividades básicas e instrumentais. As atividades básicas de vida diária (ABVDs) são aquelas relacionadas ao autocuidado como banhar-se, vestir-se, ter controle dos esfíncteres, alimentar-se, mobilizar-se e arrumar-se. Já as atividades instrumentais de vida diária (AIVDs) estão relacionadas à capacidade do individuo em ter uma vida independente dentro da sociedade em que vive, desempenhando atividades como ir ao supermercado, utilizar telefone, fazer pagamentos, cuidar da casa, pegar transporte e tomar medicamentos (KAGAWA; CORRENTE, 2015; DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007; PEREIRA et al., 2014). 20 Essa perda de capacidade funcional é um processo natural na senescência, no entanto quando associada a DCNT e a não possuir um acompanhamento da evolução pode provocar consequências negativas tanto para o idoso quanto para familiares e cuidadores (SAQUETTO et al., 2013). Dentre as inúmeras DCNT as de maior frequência em relatos de participantes de pesquisas é a hipertensão arterial sistêmica (HAS), problemas na coluna, artrite/reumatismo, osteoporose, cardiopatias, diabetes e depressão (ALVES; LEITE; MACHADO, 2010). Nagi (1976) foi o primeiro a conceituar o termo “incapacitação”, dividindo esse processo em quatro etapas (patologia, deficiência, limitações funcionais e incapacidade). A primeira etapa patológica está relacionada ao aparecimento de uma condição que interrompe o funcionamento normal do corpo humano. Este desencadeia alterações nas estruturas e na função anatômica, fisiológica e psicológica, caracterizando a segunda etapa, deficiência. A terceira (limitações funcionais) se caracteriza pela inabilidade de executar atividades consideradas usuais para o indivíduo. A quarta e última (incapacidade) se relaciona a divergência entre o desempenho real do indivíduo em determinada função e o que a comunidade entende por normal para ele. No entanto o conceito de incapacidade passou por uma evolução nas últimas décadas, e hoje está relacionada a vários aspectos da saúde do indivíduo, exigindo assim uma avaliação multidimensional. À vista disso, Alves, Leite e Machado (2008) definem a incapacidade funcional como a dificuldade ou necessidade de ajuda para o indivíduo realizar as ABDVs e as AIVDs, não sendo capaz de viver com independência dentro da comunidade. A dependência funcional decorrente de um envelhecer sem acompanhamento afeta cerca de um quarto da população de idosos, sendo mais prevalente em mulheres e naqueles com 75 anos ou mais. Além disso, ela é a principal causa do ingresso de idosos nas ILPIs (OLIVEIRA et al., 2012). A diferença entre gêneros pode ser explicada devido às mulheres terem uma maior longevidade que os homens, se tornando suas cuidadoras quando nos referimos a casais (CAMPOS et al., 2016). Verbrugge e Jette (1994) apud D’ Orsi, Xavier e Ramos (2011) verificou que se tornar incapaz não depende apenas das DCNT ou do simples fato de se tornar velho. Em seus estudos eles afirmam que a incapacidade é baseada em 21 três aspectos: fatores predisponentes (características sociodemográficas), fatores intraindividuais (estilo de vida, maneiras de lidar com as dificuldades, doenças e modificações) e fatores extraindividuais (intervenções do serviço de saúde e reabilitação). Apesar disso, a dependência não é um estado permanente e pode ser evitada trabalhando-se a promoção e prevenção da saúde da pessoa idosa. Deste modo, é importante que a equipe multiprofissional tenha um embasamento teórico prático do longevo, para que dessa forma seja ofertado um atendimento integral visando a manutenção da independência e a recuperaçãoou preservação da autonomia, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida desses indivíduos nessa etapa final do ciclo da vida (MIRANDOLA, 2014). Para se desenvolver um bom protocolo de atendimento ao paciente se faz necessária uma avaliação multidimensional, que envolva aspectos fisiológicos, funcionais e psicoemocionais. Na avaliação funcional o principal objetivo é verificar em que nível as patologias diagnosticadas afetam o desempenho das ABVDs e AIVDs no idoso de forma independente, ou seja, sem que este necessite de adaptações ou auxílio de terceiros (DUARTE; ANDRADE; LEBRÃO, 2007). A escala/index de Katz (BARBOSA et al., 2014; KATZ et al., 1963; LINO et al., 2008) é uma das mais utilizadas para mensuração da funcionalidade dos idosos no desenvolvimento das atividades básicas realizadas dentro de casa. Essa escala é baseada em funções biológicas primárias e aborda seis atividades consideradas complexas, pois envolvem o domínio de vários sentidos e movimentos. Banhar-se, vestir-se, alimentar-se, ter controle de excreção e fazer transferência da cadeira para a cama e vice-versa, são as inicialmente perdidas. Para determinar o nível de independência do idoso nas atividades instrumentais, ou seja, o quão ele consegue viver sem ajuda de outras pessoas dentro da sociedade, a escala que mais se usa é a de Lawton e Brody (LAWTON; BRODY, 1970; PEREIRA et al., 2014; SANTOS; VIRTUOSO JUNIOR, 2008). Nela averígua-se o desempenho do individuo com o uso de telefone, fazer viagens, controle das suas finanças e dos seus medicamentos, fazer compras e realizar afazeres domésticos. 22 2.3 QUALIDADE DE VIDA Ter uma vida com qualidade é algo muito subjetivo e de difícil mensuração. Conquanto, na pesquisa realizada por Paskulin e colaboradores (2010) os 64 idosos entrevistados relataram que a qualidade de vida está relacionada a uma boa saúde, onde esta não se refere apenas a cuidados médicos, mas também a poder participar de atividades de lazer e continuar ativo na sua atividade laboral. Além disso, o convívio com a família e amigos, ter condições financeiras para custear seu envelhecimento e conseguir usufruir de uma boa alimentação foram citados como fundamentais para se viver bem (PASKULIN et al., 2010). Esse conceito é algo multável, individual e de complexa avaliação, pois os valores de referência modificam com o passar do tempo e das circunstâncias. Assim sendo, os jovens associam a boa qualidade de vida ao trabalho e às finanças, enquanto aqueles com mais de 60 anos dão maior destaque para a saúde e mobilidade, pois julgam como elementos cruciais para independência e autonomia (IRIGARAY; TRENTINI, 2009). Um grupo de especialistas da Organização Mundial de Saúde (Grupo WHOQOL) conceituou de forma mais completa a qualidade de vida, definindo como a percepção que o indivíduo possui sobre sua posição na vida, levando em consideração o meio social e cultural em que vive, tendo em vista as suas metas, expectativas, padrões e conceitos pessoais (WHOQOL Group, 1998). Apesar de toda essa relevância para um bom envelhecer, o termo qualidade de vida só passou a chamar atenção quando pesquisadores se deram conta do crescimento acelerado da população de idosos, e que com isso estava ocorrendo uma transição epidemiológica, onde as doenças crônicas passariam a fazer parte da vida desses indivíduos, trazendo consigo as incapacidades, as dependências, as necessidades de cuidados prolongados, as perdas do convívio social e autonomia, as internações nas ILPIs e os quadros de isolamento e depressão (MAUÉS et al., 2010). Avaliar essa percepção dos idosos quanto à sua sensação de bem-estar para com sua vida passou a ser essencial na elaboração de propostas de intervenção tanto de equipes de atendimento geriátrico quanto das políticas 23 sociais. Através dessa avaliação é possível proporcionar um atendimento contínuo, integral e eficaz para a saúde, visando a melhoria da qualidade de vida referida. No entanto, as condições sociais, ambientais, físicas e psicológicas devem ser levadas em conta, pois aquele idoso inserido no seio familiar e social possui uma expectativa de vida totalmente diferente daquele submetido à internação nas ILPIs, onde esse ambiente propicia o isolamento e a privação, prejudicando o estado geral de saúde desse indivíduo (ARAÚJO et al., 2014; DIAS; CARVALHO; ARAÚJO, 2013) No estudo comparativo entre idosos institucionalizados e idosos da comunidade, realizado por Vitorino, Paskulin e Vianna (2013), foi visto que de todas as variáveis relacionadas à qualidade de vida investigadas as únicas que tiveram diferença estatisticamente significativa entre as populações, foi a participação em atividades de lazer e a inserção no meio social. Esse resultado demonstra a importância das estratégias estimuladoras para os indivíduos com mais de 60 anos, onde estas devem ser feitas pelos cuidadores, familiares, coordenadores das ILPIs e equipes multiprofissionais. De fato as atividades de lazer e a participação no meio social são as que mais interferem na sensação de bem-estar subjetivo dos idosos. O incentivo às práticas de lazer, tais como, atividades artísticas e manuais (artesanato, bordado), jardinagem, culinária, ouvir música e participação em bailes, promovem a interação social entre indivíduos de uma mesma faixa etária, gerando consequentemente um aumento da autoestima e melhor condição de saúde (SANTOS et al., 2014; REIS et al., 2015). O Brasil é carente de atividade de promoção de saúde e prevenção dos prejuízos decorrentes das DCNT entre os idosos. A principal característica da medicina brasileira é ser curativa, onde desde jovens aprendemos que os serviços de saúde servem apenas para tratar e por isso só devemos procurá-lo nos casos quando a doença está avançada. Toda essa crença cultural ocasiona maiores gastos aos cofres públicos e reduz as chances de um bom prognóstico, acarretando em uma pior qualidade de vida (DIAS; DUARTE; LEBRÃO, 2010). Tendo em vista a melhoria das condições dos idosos a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2005) propôs uma nova forma de envelhecer denominado de “Envelhecimento Ativo”, cujo objetivo maior é aumentar a 24 longevidade saudável e a qualidade de vida de todas as pessoas que estão vivenciando essa fase, incluindo até mesmo aqueles considerados frágeis e/ou incapacitados. Manter o idoso ativo, autônomo e independente significa que este terá uma participação ativa na sociedade, com controle de suas finanças e interação em atividades culturais e espirituais (OMS, 2005). Dentre os inúmeros instrumentos utilizados para mensurar todas essas dimensões presente na qualidade de vida, o WHOQOL-bref criado por uma equipe especializada da OMS possui destaque e maior utilização, devido ser um questionário de fácil compreensão e com um número pequeno de perguntas, o que facilita a aceitação dos participantes. Nas vinte e seis questões que o compõe estão presentes quatro domínios (físico, psicológico, meio ambiente e relação social) fazendo dele um instrumento importante para avaliação da qualidade de vida (VITORINO; PASKULIN; VIANNA, 2013; SANTOS et al., 2014; REIS et al., 2015). Moraes e Witter (2007) avaliaram em sua pesquisa além da qualidade de vida de uma forma geral a subdivisão dela em extrínseca e intrínseca. A extrínseca refere-se ao ambiente físico em que vive, ao dinheiro que recebe ser suficiente para seus gastos, ao acesso à informação no dia a dia, a moradia, aos meios de transporte acessíveis e à segurança em geral. A intrínseca leva em consideração o aproveitamento da vida, o apoio recebido dos amigos, a capacidade de trabalhar, a frequência de sentimentos negativos, a relação com familiares, as oportunidades de lazer, a satisfação com a aparência física, a prática de relação sexual e o sentido da vida para eles. 2.4ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE NA VELHICE A religiosidade no Brasil é algo histórico que foi trazido pelos portugueses durante a colonização, onde os jesuítas educavam a população indígena através do cristianismo, na vertente católica. A partir de então ela entrou em um processo de expansão e consolidação, até passar por uma revitalização por volta do século XIX com influências de movimentos europeus que reavivaram as práticas religiosas. No entanto, no início do século XX foi percebido um declínio da prática religiosa, particularmente da prática católica 25 devido uma reconfiguração no campo religioso, onde outras doutrinas começaram a conquistar seus fiéis (SOUSA, 2011). No Brasil (IBGE, 2010) cerca de 92% da população se declara como praticante de alguma religião, subdivididas em católica (64,6%), evangélica (22,2%), espírita (2%), umbanda/candomblé (0,3%), outras religiosidades (2,7%) e sem religião (8%). A partir desses dados se observa a pluralidade religiosa, com um aumento significativo das pessoas que se consideram apenas evangélico e o declínio da quantidade de católicos. Considerando a correlação entra a faixa etária e a religião praticada, foi constatado que os de idade mais avançada são mais adeptos da religião espirita e evangélica juntamente com as crianças, enquanto que os adultos jovens constituem a maior parte dos praticantes do catolicismo. A religiosidade pode está vinculada à espiritualidade sem necessariamente uma anular a outra. Apesar disso é importante destacar que elas não podem ser consideradas sinônimas, pois a religião está relacionada a um comportamento específico e possui características sociais e doutrinárias, envolvendo a adoração, comumente praticada em grupos. Já a espiritualidade está associada a algo transcendental, respondendo a questões a cerca do significado da vida, e comumente praticada sozinha por meio de reflexões e/ou meditações. Não há espiritualidade sem religiosidade, no entanto é possível existir pessoas praticantes de uma religião sem espiritualidade (DUARTE et al., 2008). Barricelli et al. (2012), afirmam que existem dois tipos de religiosidade, que são elas: a intrínseca que abrange pessoas que demonstram o compromisso sincero com a fé, direcionada à busca de Deus, da verdade e do espirito de confraternização; e a extrínseca onde o indivíduo faz uso da religião em prol de alcançar outros fins particulares. Nesse último tipo ocorre a busca pela segurança, consolo, distração e auto absolvição. Para avaliar a religiosidade foi levado em conta essa subdivisão, como se vê na escala de Duke-Durel, onde são avaliados a religião em três dimensões: 1) organizacional, que envolve participação em atividades em grupo dentro das igrejas; 2) não organizacional que consiste em atividades mais individuais, como sendo uma espécie de internalização da religião (meditação, leitura da bíblia, etc); e; 3) intrínseca que são aquelas onde as 26 pessoas tem a religião como razão para viver (KOENIG et al., 1997; MARTINEZ et al., 2014; SOUZA, 2011). O fato de estar vivenciando a última etapa do ciclo da vida faz com que a pessoa idosa reflita um pouco mais acerca da morte e o que pode existir depois dela. A reflexão sobre a finitude, e sobre tudo que já foi vivido, desencadeia no idoso uma resiliência, que o ajuda a enfrentar os tormentos e dificuldades do envelhecer. Justamente nesse momento é constatado que há uma procura maior pelas crenças, pelas divindades e pelo entendimento da vida por parte daqueles que envelhecem (GUIDETTI; PEREIRA, 2008; GIACOMIN; SANTOS; FIRMO, 2013). Na pesquisa realizada por Carlos (2015), onde ele investigou a influência da espiritualidade na vida dos idosos, foi verificado que a maior parte dos idosos tem a religião como norteadora da vida e que as crenças auxiliam e dão força nos momentos difíceis. Além disso, foi constatado também que a espiritualidade os ajudou a ter mais esperança com a vida, relatando sentimento de mudança para melhor e aprendizado em relação ao dar valor às pequenas coisas que acontecem no cotidiano. Nesse mesmo estudo foi feito a correlação da espiritualidade com diversas variáveis e constatado que houve significância em relação aos seguintes itens: 1)contato com os familiares, 2) acreditar em Deus, 3) importância da religião na vida, 4) satisfação com a vida e 5) percepção de qualidade de vida e felicidade. Em todas foi observada uma relação direta, onde quanto maior for a espiritualidade maior é a percepção positiva em relação às variáveis. Por exemplo, idosos que relataram que Deus é muito importante e que sua vida está “muito boa” atingiram um nível alto de espiritualidade. Já aqueles que manifestaram não estar “nada satisfeito” e “nada feliz” com a vida tiveram um nível de espiritualidade baixo (CARLOS, 2015). Em uma pesquisa de revisão bibliográfica no qual o objetivo era averiguar o impacto da espiritualidade em inúmeros aspectos do envelhecimento, notou-se que existe essa interferência das crenças no envelhecimento bem-sucedido, na qualidade de vida do idoso, no convívio com as doenças crônicas e neuro-psiquiátricas, na funcionalidade e no lidar com a finitude. Apesar disso, foram visto outros aspectos negativos, em estudos que 27 mostram que aqueles idosos que vivem em conflito com sua espiritualidade/religiosidade, rodeado de dúvidas e conflitos apresentam maior mortalidade (LUCCHETTI et al., 2011). A espiritualidade ampara o idoso no enfrentamento de situações adversas, proporcionando a ele um conforto e estímulo para enxergar essa etapa da vida como sendo uma fase boa, como uma oportunidade de renovação e realização de sonhos. Isso foi confirmado na pesquisa feita por Teixeira et al. (2015), que comparou idosos não institucionalizados com institucionalizados, observando em ambas populações que Deus e a espiritualidade estão diretamente relacionados com a superação, o conforto, o apoio e a esperança. Vieira e Aquino (2016) através da aplicação de escalas mostravam também que a espiritualidade está diretamente relacionada com o sentido da vida das pessoas idosas. Os pesquisados referiram que o acreditar em algo superior pode ajudá-las a entender as questões existenciais, na busca do sentido da vida, já que a morte se aproxima, ou até mesmo para aumentar a confiança no sentido que já acreditam. 28 3 OBJETIVOS 3.1 OBJETIVO GERAL Descrever indicadores de religiosidade, capacidade funcional e qualidade de vida em dois grupos de idosos, a saber, institucionalizados e participantes de atividades de convivência de igrejas cristãs. Complementarmente, comparar as relações entre tais variáveis entre os dois grupos. 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Comparar espiritualidade dos idosos com sua capacidade funcional; Mensurar a capacidade funcional de idosos inseridos em atividades dentro das igrejas católicas e evangélicas e daqueles institucionalizados; Investigar as relações entre o ambiente do idoso e as condições de saúde, levando em consideração a pontuação na escala de religiosidade; Avaliar os níveis de espiritualidade dos grupos investigados; Avaliar a qualidade de vida de idosos inseridos em diferentes ambientes; 29 4 ARTIGO Influência da espiritualidade na qualidade de vida e na capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados Clarissa Marreiros Lages da Silveira Vicente Paulo Alves 1. INTRODUÇÃO O acelerado crescimento da população brasileira acima de sessenta anos é uma realidade descrita por vários estudos atuais. Essa transição demográfica é observada na tendência à inversão da pirâmide como decorrência da redução da população jovem e da natalidade, juntamente com o notável aumentoda longevidade (Gonçalves, 2015). De acordo com o último censo geral de 2010 do IBGE (2011) a população de idosos no Brasil praticamente dobrou entre os anos de 1970 e 2010, possibilitando uma estimativa de crescimento para 2050 de cerca de 24% da população total (IBGE, 2013). O envelhecimento é um processo natural e comum a todos os seres humanos, caracterizado por declínios e perdas nos sistemas fisiológico, morfológico, funcional e psicológico de forma que os estudos apontam que nesta etapa ocorre uma desregulação dos mecanismos responsáveis pela homeostase do organismo (Jacob Filho, 2009). Toda essa modificação nos sistemas do corpo do idoso pode está relacionada a transição epidemiológica, onde as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), na sua maioria incapacitante, tornam-se as principais queixas nos postos de atendimento à saúde (Reis, Noronha & Wajnman, 2016). O aparecimento gradativo das DCNT associado à diminuição significativa da massa e da função muscular provoca alteração da capacidade funcional, que de acordo com Kagawa e Corrente (2015) é definida como a 30 capacidade que o individuo possui de manter suas habilidades físicas e mentais podendo dessa forma ter uma vida independente e autônoma nas atividades básicas e instrumentais de vida diária. A avaliação funcional em idosos serve como guia das possíveis intervenções nessa população, pois através dela é possível mensurar de forma objetiva a probabilidade de futura dependência e outras complicações advindas da senescência e da senilidade (Camara et al., 2008; Lustosa et al., 2016). O declínio físico e mental decorrente do envelhecimento normal observado nas pessoas idosas demanda cuidados especiais, que requerem disponibilidade de tempo e dedicação dos mais próximos, a fim de proporcionar vida digna a elas. Infelizmente a falta de tempo, recurso, paciência e cuidados por parte dos familiares e cuidadores são alguns dos fatores determinantes para a institucionalização dessas pessoas (Araújo, Souza & Faro, 2010). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 283 (Brasil, 2005), as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) são definidas como instituições governamentais ou não governamentais destinadas a moradia de pessoas com 60 anos ou mais, com ou sem base familiar, em condição de liberdade, dignidade e cidadania. No Brasil em 2010 foram identificadas 3549 ILPIs, sendo a maioria na Região Sudeste, demonstrando ser ai a maior concentração dessa população. Neste mesmo ano foi constatado que cerca de 30% dos idosos vivem como residentes nesse tipo de instituição (Camarano & Kanso, 2010; Kanso et al., 2010). As internações podem por muitas vezes levar ao isolamento e à privação social do idoso desencadeando novas adaptações e aprendizados longe do meio familiar, com a necessidade de formar novos ciclos de amizades e de se acostumar com as novas rotinas. No entanto, existem casos onde a ILPI é a oportunidade de uma melhor vida para aquele individuo (Araújo et al., 2014). Independente da causa da internação, o abalo emocional provocado pela mudança de ambiente e pelas modificações advindas do processo de envelhecimento afetam o modo de viver do idoso, ou seja, sua qualidade de vida (Silva et al., 2017). A qualidade de vida (QV) é algo subjetivo e para mensurar é necessário pensar no indivíduo como um ser integral, considerando suas condições físicas 31 e psicológicas, o meio em que vive, suas relações sociais e sua satisfação com a saúde e o lazer (Silva et al., 2014). Devido ainda haver divergências entre qual a verdadeira influência destes fatores sobre a QV, faz-se necessário proceder à mensuração dela com diferentes populações, inseridas em culturas e valores específicos de cada região, pois dessa forma poder-se à favorecer a compreensão sobre o processo de envelhecimento, estimulando a implantação de programas mais personalizados para os idosos (Paula et al., 2016). Poder quantificar a QV dos idosos em diferentes situações de vivência demonstra o interesse que está despertando para o futuro onde viver mais será sinônimo de viver bem, com qualidade e dignidade, sem desperdícios de gastos, pois com planejamento, existirá adaptação às necessidades individuais de cada um (Paula et al., 2016). Dentre as variáveis investigadas na mensuração da QV, a espiritualidade é a mais referida pelos idosos de mais idade, como suporte de enfrentamento das dificuldades e dos medos adquiridos com o passar dos anos, sejam idosos institucionalizados ou que estão no convívio familiar (Oliveira & Alves, 2014). As pessoas quando se aproximam da finitude podem passar a procurar mais as práticas religiosas e espirituais para buscar entender questões relacionadas à vida e ao seu sentido, isso sem necessariamente ter que comparecer a cultos e igrejas, celebrações ou rituais, porque o entendem que basta realizar individualmente suas orações e meditações em casa sem ter que ir aos templos (Silva, 2015). A busca pelo significado da vida é algo transcendental, sem exigir uma religião específica e que alguns autores dão o nome de espiritualidade. Ela pode estar ou não vinculada à religiosidade, no entanto existem conceitos diferentes, onde a religiosidade relaciona-se à prática doutrinária e social, exigindo a presença em celebrações rituais, com cultos e missas. Já a espiritualidade caracteriza-se pelo transcendental, onde a pessoa acredita em algo superior que possa dar esclarecimentos sobre as dificuldades enfrentadas e que não necessariamente esteja ligada a um nome divino (Duarte et al., 2008). A espiritualidade tem sido associada aos tratamentos de saúde, tanto em relação ao paciente quanto à equipe médica envolvida. Escolas médicas de todo mundo passaram a inserir a espiritualidade nos estudos de formação de 32 novos médicos por perceberem que ela é um fator que contribui para a qualidade de vida e melhoria da saúde dos idosos internados (Reginato, Benedetto & Gallian, 2016). Acredita-se que a espiritualidade auxilie as pessoas idosas no enfrentamento de questões existenciais principalmente relacionadas às doenças crônicas que se fazem presentes nessa fase, bem como saber lidar com as perdas frequentes. Esse amparo dado pelas crenças melhora a percepção de qualidade de vida, e estimula o indivíduo a se reinventar, buscando novas formas de um melhor viver com independência e autonomia (Vieira & Aquino, 2016). Diante do exposto, pretendeu-se realizar um estudo em que fosse possível comparar espiritualidade dos idosos com sua capacidade funcional e qualidade de vida, mensurando a capacidade funcional dos idosos que estão inseridos nas atividades realizadas dentro das igrejas católicas e evangélicas, bem como daqueles institucionalizados, investigando também as relações entre o ambiente do idoso e as condições de saúde, levando em consideração a pontuação na escala de religiosidade, avaliando os níveis de espiritualidade dos grupos investigados e a qualidade de vida de idosos inseridos em diferentes ambientes. 2. MÉTODOS 2.1 Tipo de Estudo Trata-se de um estudo de campo do tipo exploratório, transversal, com abordagem quantitativa. A pesquisa de campo do tipo exploratória procura aprofundar-se em uma realidade específica, através da aplicação de questionários ou entrevistas a fim de captar maiores informações sobre determinada população, com o objetivo de possibilitar uma visão geral a cerca de um tema pouco explorado (Gil, 2008). 2.2 Área de Trabalho e População 33 A pesquisa foi realizada na cidade de Teresina (estado do Piauí – Brasil), em sete instituições de longa permanência (ILPIs) cadastradas na prefeitura, cinco igrejas católicas e duas evangélicas, onde ambas desenvolvem atividades de ressocialização e espiritualizaçãocom grupos de idosos em horários diferentes ao das celebrações. 2.3 Amostra Foram avaliados 128 idosos, com idades compreendidas entre os 60 e os 106 anos, sendo 57 frequentadores da igreja católica, 27 das igrejas evangélicas e 44 residentes nas ILPIs. Destes foram incluídos na amostra 121 idosos, baseado nos seguintes critérios de inclusão: ter 60 anos ou mais, estar presente no local da coleta no dia e horário agendado. Foram excluídos da pesquisa, idosos com qualquer diagnóstico de demência, déficit na fala (afasias) e acamados. 2.4 Procedimento e Coleta de Dados A coleta foi realizada no mês de abril de 2017, no turno da manhã, pela própria pesquisadora nos locais e horários marcados antecipadamente com os responsáveis pelas ILPIs e pelos projetos desenvolvidos nas igrejas. Os questionários foram aplicados individualmente com cada participante, proporcionando maior discrição e liberdade no momento das respostas. Para definição do perfil sociodemográfico da população estudada foi aplicado um questionário semi-estruturado elaborado pela pesquisadora (ANEXO B) baseado nos questionários utilizados nas pesquisas de Pereira et al. (2014) e Barbosa et al. (2014). Para avaliação da capacidade funcional fez-se uso do índice de Katz (Lino et al., 2008) (ANEXO C) e da escala de Lawton e Brody (Santos & Virtuoso Junior, 2008) (ANEXO D). Foi investigada a capacidade do idoso de desempenhar as ABVDs (banho, vestir-se, transferência, uso do vaso sanitário, alimentação e continência) e as AIVDs (uso do telefone, viagens, compras, preparo de refeições, trabalho doméstico, controle de medicações e do dinheiro). 34 O índice de Katz foi aplicado no formato Likert que pontua cada item de 1 a 3, onde a pontuação 1 representa “Independência” e está relacionada com o uso de ajuda não-humana (bengalas, barras, apoio em móveis); 2 relaciona- se a ajuda humana e representa “Dependência Parcial” e 3 pontua como “Dependência Completa’. Ao final, quanto maior o escore maior a dependência do paciente (Afonso et al., 2013; Oliveira; Goretti & Pereira, 2006). Na escala de Lawton e Brody a nota foi atribuída baseada na necessidade de ajuda, qualidade da execução e iniciativa, podendo variar de 1 a 3, onde a nota 1 está relacionada a incapacidade para realização da atividade, a nota 2 representa a necessidade de ajuda ou companhia e 3 refere total independência para função referida. Deste modo o idoso pôde ser classificado como dependente total (pontuação até 5), dependente parcial (de 5 até 20 pontos) e independente (21 pontos) (Santos & Virtuoso Júnior, 2008; Pereira et al., 2014). A qualidade de vida foi mensurada através do questionário da Organização Mundial da Saúde (OMS), na versão abreviada (WHOQOL-BREF) (ANEXO E). Este questionário foi validado no Brasil por Fleck et al. (2000), e é constituído de 26 questões, onde 24 abrangem quatro domínios para avaliação da qualidade de vida (físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente) e as duas restantes avaliam a percepção global da qualidade de vida e saúde (Fleck et al., 2000; Santos et al., 2014). As questões foram formuladas para respostas na escala tipo Likert, abrangendo intensidade (nada e extremamente), capacidade (nada e completamente), frequência (nunca e sempre) e avaliação (muito insatisfeito, muito satisfeito, muito ruim e muito bom). A nota variou de 1 a 5 dependendo da escolha da alternativa, e em ordem crescente de qualidade, ou seja, quanto maior a nota melhor a percepção de qualidade de vida do participante (Stival et al., 2014). A avaliação da religiosidade foi realizada através da versão em português da Escala de Religiosidade da Duke-Durel (Almeida et al., 2008) ANEXO F). Essa escala Durel possui cinco itens que captam as três dimensões religiosa que mais tem relação com a saúde, que são elas: religiosidade organizacional (RO), religiosidade não organizacional ou privada (RNO) e religiosidade intrínseca (RI). As duas primeiras questões abordam RO e RNO, e estão relacionadas à saúde física, mental e suporte social, ou seja, a 35 frequência em encontros religiosos (missas, cultos, grupos de oração) e os hábitos e comportamentos religiosos que independem do local ou interação com outras pessoas. As três restantes de RI se relacionam com a internalização e vivência da religiosidade, isto é, compreensão da crença religiosa em si (Koenig et al., 1997; Martinez et al., 2014). A pontuação das dimensões RO e RNO variam de 1 a 6 e a dimensão RI varia de 1 a 5 podendo obter uma nota máxima de 15 pontos. Ao final do teste o escore encontrado deve ser analisado separadamente para cada dimensão, e jamais devem ser somados no final com objetivo de um escore total (Martinez, 2014; Marques & Aguiar, 2014). Além disso, para avaliar a espiritualidade foi aplicada uma escala de autopercepção (APÊNDICE B) ao participante sobre o quanto ele se considera religioso e espiritualizado, com uma definição prévia do conceito de religiosidade e espiritualidade para que desta forma ele pudesse pontuar corretamente de 0 a 10. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Católica de Brasília com o parecer nº 1.984.644. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 2.5 Análise Estatística Os dados foram processados e analisados por meio do programa estatístico Bioestatic, versão 5.0. Inicialmente, foi aplicado o teste de kolmogorov-smirnov para a averiguação da normalidade dos dados. Em seguida, as variáveis categóricas (dados sociodemográficos) foram descritas por meio de frequências e porcentagem e as numéricas por meio de média ± desvio padrão. Para comparações de dados categóricos foram utilizados o teste do Qui- quadrado ou teste G para os dados contínuos foram utilizados o teste paramétrico de T Student (para amostras independentes) e o não paramétrico de Man-Whitney. Para análise da correlação entre variáveis foi utilizado o teste de correlação linear de Pearson. Foi considerado estatisticamente significativo valor de p<0,05. 36 3. RESULTADOS Foram coletados dados de 128 idosos que estavam presentes nos locais da coleta. No entanto houve uma perda de aproximadamente 7% da amostra, por preenchimento de forma incorreta dos questionários ou por estarem fora da idade mínima exigida nos critérios de inclusão. A média de idade dos participantes foi de 70 anos (dp = 8,12) para os idosos frequentadores de igreja (IFI) e de 78 anos (dp = 9,99) para os idosos institucionalizados (ILPI), variando de 60 a 106 anos de idade. A maior parte da amostra tanto dos frequentadores de igrejas quanto dos institucionalizados foi composta de idosos do sexo feminino (86% IFI e 69% ILPI), brancos (36% IFI e 50% ILPI), praticantes da religião católica (58% IFI e 83% ILPI) e portadores de doenças crônico não-degenerativa associadas (35% IFI e 28% ILPI). No entanto existiram dados independentes e diferentes em cada população, como por exemplo, a média do tempo de institucionalização (42, 6 meses) e a escolaridade que teve predomínio de ensino fundamental incompleto (19%) e ensino superior (19%) nos IFI, enquanto nos idosos institucionalizados predominou a ausência de escolaridade (33,33%). Os demais dados estão descritos na Tabela 1. População Total = 128 Idade inferior a 60 anos = 4 Não responderam os questionários de forma correta = 3 Amostra = 121 37 Tabela 1 Caracterização sociodemográfica dos idosos frequentadores de igreja católica e evangélica e dos idosos institucionalizados de Teresina, PI. (N = 121) Variáveis Idosos Frequentadores de Igreja (n=79) Idosos Institucionalizados (n=42) Idade 70,72 ± 8,12 78,76 ± 9,99 SEXO Masculino Feminino 11 (13,92%) 68 (86,08%)13 (30,95%) 29 (69,05%) COR Branco Preto Mulato/caboclo/pardo Indígena Amarelo Não respondeu 29 (36,71%) 22 (27,85%) 26 (32,91%) 1 (1,27%) 0 (0,00%) 1 (1,27% 21 (50,00%) 19 (45,24%) 2 (4,76%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) ESCOLARIDADE Nenhuma Ensino Fund Incomp Ensino Fund Comp Ensino Médio Ensino Superior 11 (13,92%) 15 (18,99%) 12 (15,19%) 26 (32,91%) 15 (18,99%) 14 (33,33%) 12 (28,57%) 6 (14,29%) 7 (16,67%) 3 (7,14%) RELIGIÃO Católica Evangélica Espirita Budista Apenas acredita em Deus Nenhuma religião 46 (58,23%) 29 (36,71%) 1 (1,27%) 0 (0,00%) 2 (2,53%) 1 (1,27%) 35 (83,33%) 3 (7,14%) 1 (2,38%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) 3 (7,14%) Doenças Hipertensão Diabetes AVC Câncer Cardiopatias Osteoporose Artrite/Reumatismo Depressão Associação de doenças Não possuía nenhuma 25 (31,65%) 1 (1,27%) 1 (1,27%) 2 (2,53%) 2 (2,53%) 8 (10,13%) 2 (2,53%) 0 (0,00%) 28 (35,44%) 10 (12,66%) 11 (26,19%) 2 (4,76%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) 5 (11,90%) 2 (4,76%) 0 (0,00%) 2 (4,76%) 12 (28,57%) 8 (19,05%) Tempo de Institucionalização (meses) - 42,67 ± 54,94 Fonte: Arquivo dos pesquisadores. Pesquisa Direta. Na comparação do nível de independência das atividades básicas e instrumentais de vida diária entre os grupos percebeu-se que ambos são independentes, no entanto, os valores das médias respectivas de cada teste do grupo de IFI reflete maior nível de independência (6,25 ± 0,98 Katz; 19,32 ± 38 2,56 LB) quando comparadas às médias do grupo de idosos institucionalizados (8,59 ± 3,05 Katz; 9,59 ± 2,16 LB). Com exceção da dimensão RI da escala de Duke-Durel, não foi constatada diferença significativa nas notas dadas à religião e espiritualidade pelos dois grupos. Esse fato pode ser devido à semelhança nos valores das notas atribuídas pelas populações, sendo a média dos IFI igual a 9,03 e a dos idosos institucionalizados igual a 8,40. Esses dados podem ser observados na Tabela 2. Tabela 2 Comparação da Capacidade Funcional e da Espiritualidade entre idosos frequentadores de igrejas e idosos institucionalizados de Teresina, PI. (N = 121) Variável Idosos frequentadores de igreja (média ± DP) Idosos Institucionalizados (média ± DP) P Escala de Katz 6,25 ± 0,98 8,59 ± 3,05 0,0001* Escala Lawton e Brody 19,32 ± 2,56 9,59 ± 2,16 0,0001* Nota Religiosidade 8,68 ± 2,20 8 ± 3,34 0,6770 Nota Espiritualidade 9,03 ± 1,80 8,40 ± 2,90 0,7917 Religiosidade Organizacional (RO) 2,03 ± 1,04 2,16 ± 1,03 0,4204 Religiosidade Não Organizacional (RNO) 2,14 ± 0,83 2,42 ± 1,10 0,1840 Religiosidade Intrínseca (RI) 3,63 ± 1,10 4,69 ± 1,91 0,0030* * Teste Man-Whitney. p < 0,05 (significativo). Na Tabela 3 está descrito a comparação entre os grupos estudados com relação à qualidade de vida. Neste questionário foi constatada diferença significativa em todos os domínios abordados, onde o grupo dos idosos institucionalizados apresentou uma pior qualidade de vida subjetiva quando comparados aos IFI. Em relação aos domínios, os maiores scores foram obtidos nos domínios psicológico (3,96 ± 1,06 IFI), global (3,32 ± 0,85 ILPI) e relações sociais (4,18 ± 1,07 IFI; 3,48 ± 1,20 ILPI), enquanto as menores notas foram atribuídas ao domínio meio ambiente (1,88 ± 1,01 IFI; 2,33 ± 1,16 ILPI). 39 Tabela 3 Comparação dos valores médios obtidos no questionário de qualidade de vida entre idosos frequentadores de igreja e idosos institucionalizados (n=121). Teresina-PI, 2017. Domínios Idosos frequentadores de igreja (média ± DP) Idosos Institucionalizados (média ± DP) p Global 3,90 ± 0,82 3,32 ± 0,85 0,0001* Físico 3,68 ± 1,22 3,30 ± 1,17 0,0017* Psicológico 3,96 ± 1,06 3,19 ± 1,20 0,0001* Relações Sociais 4,18 ± 1,07 3,48 ± 1,20 0,0001* Meio ambiente 1,88 ± 1,01 2,33 ± 1,16 0,0299* * Teste T student. p < 0,05 (significativo). Fonte: Arquivo dos pesquisadores. Pesquisa Direta. Nos gráficos abaixo se pode observar que não houve relação entre a espiritualidade e a capacidade funcional de ambos os grupos (p > 0,05). Esse fato pode ser devido aos altos valores atribuídos à espiritualidade por todos os grupos. Mesmo subdividindo os grupos em mais espiritualizados e menos espiritualizados, ainda assim não foi encontrado valores estatisticamente significantes, como mostram os Gráficos 1 e 2. Gráfico 1: Análise da correlação da capacidade funcional (ABVDs) e espiritualidade Idosos Frequentadores de Igreja Idosos Institucionalizados 40 Gráfico 2: Análise da correlação da capacidade funcional (AIVDs) e espiritualidade Ao correlacionar a espiritualidade com a qualidade de vida, diferentemente da capacidade funcional, observamos que houve significância (p < 0,05) onde o gráfico 3 abaixo demonstra que quanto maior a nota da espiritualidade melhor a qualidade de vida referida no WHOQOL-bref. Gráfico 3: Análise da correlação entre a Espiritualidade e a Qualidade de Vida geral. 4. DISCUSSÃO No presente estudo houve predomínio de idosos do sexo feminino. Esse fenômeno de feminização na população de idosos também foi relatado nos estudos de Santos (2012) em Belo Horizonte, Silva (2015) em Uberaba e Carlos (2015) em Coimbra. Um pouco menos frequente e discordando dos achados anteriores, existem estudos com predomínio do sexo masculino, como foi o caso da pesquisa realizada por Pilger et al. (2017) em centros de diálise, fato esse que pode reafirmar a deficiência de cuidados à saúde por parte dos homens. Idosos Frequentadores de Igreja Idosos Institucionalizados 41 Outro fato relevante encontrado nessa pesquisa que corrobora com outros estudos realizados no Brasil foi a predominância da religião católica tanto entre os idosos institucionalizados quanto entre os IFI (Santos, 2012; Santos & Abdala, 2014; Silva, 2015). Segundo Santos & Abdala (2014), mesmo reduzindo a frequência aos encontros religiosos devido às limitações da idade, os idosos tem o envolvimento religioso como protetor para o bem-estar físico e como recurso terapêutico para uma boa saúde mental e física. No estudo de Oliveira & Alves (2014) com idosos institucionalizados do interior da Bahia também foi constatado que os participantes utilizam-se da fé como apoio e força para o enfrentamento das dificuldades adquiridas com a idade. Ainda sobre a religiosidade e espiritualidade das populações investigadas no presente estudo, foram observadas notas elevadas atribuídas por ambas, demonstrando que a fé se faz presente e influencia no modo de viver desses idosos. Silva (2015) em sua pesquisa verificou que pessoas idosas são mais religiosas que jovens, pois acreditam que a prática da religiosidade e da espiritualidade serve como subsídio para enfrentar positivamente os eventos estressores dessa fase. Diferente do encontrado no presente estudo, Carlos (2015) constatou baixos níveis de espiritualidade entre os idosos da sua pesquisa, onde 60% dos participantes não concordaram com a afirmação de que a vida muda para melhor ao atingir a velhice e referiram sentir abandono de Deus. Devido às incapacitações decorrentes da própria idade ou de patologias, a prática da religiosidade intrínseca (RI) foi a mais referida nos estudos de Santos (2012), Silva (2015) e Santos & Abdala (2014), ou seja, a incapacidade de locomoção ou a dependência de terceiros para o ir e vir, não impede a prática da fé entre os idosos. Na pesquisa realizada foi constatado que houve diferença entre a prática da RI, onde os IFI vivem mais intensamente os aspectos psicológicos e internos da sua religiosidade quando comparados aos institucionalizados. Em relação à capacidade funcional dos idosos pesquisados foi verificado que todos possuem grau de independência segundoas escalas de Katz e Lawton e Brodi, sendo que aqueles que participam de atividades realizadas nas igrejas obtiveram melhores escores, sendo classificados como mais 42 independentes para realização das ABIVDs. Tal fato também foi referido na pesquisa realizada por Costa (2017), que fez uso das mesmas escalas e constatou que os idosos institucionalizados apresentaram menor funcionalidade para realização das ABVDs e AIVDs. Ferreira et al. (2014) revelou em sua pesquisa que o tempo prolongado de institucionalização contribui para redução da capacidade funcional, pois acredita-se que a internação em ILPIs favorece a não realização das atividades de vida diária, o isolamento social e redução do autocuidados. No presente estudo o tempo médio de internação foi de aproximadamente 43 meses. Rocha & Ciosak (2014), relataram na sua pesquisa que 70% dos idosos da sua amostra foram classificados como independentes para realização das atividades diárias. No entanto, mesmo independentes, cerca de 65% declararam que o aparecimento das doenças crônicas, tais como hipertensão arterial, osteoporose e diabetes, reduz a capacidade de realizar atividades e aumenta a dependência. Tais patologias foram as mais referidas pelos idosos participantes do presente estudo. Essa alteração da capacidade funcional é tida como um dos principais conflitos vividos pelos idosos do estudo realizado por Santos (2012), que relatou que a incapacidade acarreta alteração do modo de vida, pois há déficit de força, velocidade e disposição. Nesse mesmo estudo, assim como no realizado por Silva (2015), a espiritualidade foi relatada como estratégia de enfrentamento, onde os idosos afirmam praticar a religiosidade intrínseca a fim de alcançar acolhimento e amparo de Deus, como também, acreditam que a devoção pode favorecer o sucesso do tratamento de doenças e possivelmente a cura. Também correlacionando a incapacidade funcional com as crenças religiosas, Santos et al. (2013), pôde verificar que o enfrentamento religioso utilizado pelos idosos nessas condições tem como principal função amenizar as respostas emocionais desencadeadas pela nova experiência de agora de não poderem conseguir realizar tarefas antes tidas como elementares. Lima, Valença & Reis (2016), constataram também que a fé e espiritualidade auxiliam na superação de angústias e sentimentos negativos decorrentes do aparecimento das doenças crônicas. 43 Discordando do mencionado acima, na presente amostra tal como no estudo realizado por Santos & Abdala (2014) não foi encontrada correlação estatisticamente significante entre a espiritualidade e os testes de capacidade funcional. Esse fato pode ser explicado devido aos altos valores atribuídos a espiritualidade pelos dois grupos investigados, demonstrando a relevância da prática religiosa para essa população. Além disso, todos os idosos participantes foram classificados como independentes para realização das ABIVDs, algo que contradiz os estudos referidos que associam o auxílio da espiritualidade aos idosos já dependentes. Com relação à interferência da espiritualidade na qualidade de vida (QV) o presente estudo verificou que houve correlação em todos os domínios do teste utilizado. Foi constatado ainda que os idosos que frequentam atividades nas igrejas católicas e evangélicas apresentaram melhor classificação, referindo ter melhor QV quando comparados aos idosos institucionalizados. Tais resultados corroboram com o que foi encontrado por Santos & Abdala (2014), onde os idosos que apresentaram melhor score na qualidade de vida foram aqueles que praticavam a religiosidade de maneira mais assídua tanto de forma extrínseca, com as idas às igrejas, quanto de forma intrínseca através das meditações. Carlos (2015) também referiu em sua pesquisa que os idosos com alto nível de espiritualidade apresentavam melhor qualidade de vida. Tal fato sugere que a espiritualidade e a fé podem fazer diferença no enfrentamento das dificuldades referidas nessa fase da vida, e que independente do local onde vive ou das limitações impostas por patologias ou idade, a fé sempre se faz presente no dia a dia das pessoas idosas. Pilger et al. (2017), em sua pesquisa com idosos submetidos à hemodiálise da mesma forma como no presente estudo correlacionou a qualidade de vida mensurada através do WHOQOL-bref ao bem estar espiritual, e pôde constatar significância em todos os domínios, com exceção do meio ambiente. Este domínio na nossa pesquisa apresentou o pior score, demonstrando a insatisfação dos idosos, principalmente daqueles que residem nas ILPIs. Mesmo apontando correlação significativa entre algumas variáveis o presente estudo apresenta limitações. A ausência de um questionário que 44 verificasse a espiritualidade de fato, sem associar a religiosidade foi uma dificuldade encontrada. Além disso, a escassa população de evangélicos e a dificuldade de compreensão de algumas questões foram pontos que também dificultaram e podem ter interferido nos resultados finais. 5. CONCLUSÃO A população estudada foi predominantemente independente tanto nas atividades básicas quanto nas atividades instrumentais de vida diária, demonstrando a interferência do ambiente em que vivem, já que os institucionalizados foram tidos como dependentes parciais. O mesmo foi verificado na espiritualidade, com scores altos atribuídos por todos os idosos. Este fato pode ter sido o motivo para a não correlação entre a espiritualidade e a capacidade funcional dos idosos. A religiosidade intrínseca, ou seja, a prática da fé mesmo fora dos centros religiosos foi a única estatisticamente significativa entre os grupos, comprovando que mesmo diante das dificuldades os idosos têm em Deus um alicerce para o enfrentamento. Além disso, a interferência positiva constatada da espiritualidade na qualidade de vida dos idosos reforça a importância do estímulo ao cultivo da fé em todos os ambientes habitados por essa população, principalmente dentro das ILPIs, onde eles se veem distantes da família, amigos e sociedade. Os resultados encontrados contribuem para enfatizar a importância do estímulo da espiritualidade entre os idosos, uma vez que a influência dela no modo de viver e pensar foi positiva. Apesar disso, sugere-se novos estudos buscando novas associações com uma maior população de diferentes regiões, havendo assim possibilidades de resultados mais abrangentes. Conflito de interesse Os autores declaram não haver conflito de interesse no presente estudo. Agradecimento 45 Às diretoras e responsáveis pelas instituições de longa permanência e programas desenvolvidos nas igrejas católicas e evangélicas visitadas, que possibilitaram a coleta de dados com os idosos que gentilmente aceitaram participar da pesquisa. Financiamento Esta pesquisa foi financiada pelo próprio autor. REFERÊNCIAS Afonso, M.S. et al. (2013). Déficits funcionais de idosos correlacionados a cada década de vidas. Movimento & Saúde – Revista Inspirar, 5 (1),1-6. Araújo C.L.O, Souza L.A, & Faro ACM. (2010) Trajetória das Instituições de Longa Permanência para Idosos no Brasil. Hist. enferm., Rev. eletronica. Araújo, G.S. et al. (2014). Qualidade de vida de idosos residentes na Vila Vicentina de Bausu/SP. SALUSVITA, Bauru, 33 (1): 57-75. Barbosa, B.R, Almeida, J.M., Barbosa, M.R., & Rossi-Barbosa, L.A.R. (2014). Avaliação da capacidade funcional dos idosos e fatores associados à incapacidade. Ciência e saúde coletiva, 19(8), 3317-3325. BRASIL. RESOLUÇÃO RDC nº 283, de 2005 – Aprova o Regulamento Técnico que define normas de funcionamento para as Instituições de Longa Permanência para Idosos (2005). Diário Oficial da União, Brasília. Camara, F.C, Gerez, A.G., Miranda, M.L.J. & Velardi, M. (2008). Capacidade funcional no idoso: formas de avaliação e tendência.
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