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Centro de Tecnologia e Ciências Exatas - CCET Departamento de Física - DFI Laboratório de Física B PRIMEIRA E SEGUNDA LEI DE OHM Discentes: São Cristóvão Janeiro de 2024 1. Introdução A corrente elétrica, resultante do movimento ordenado de elétrons, é gerada pela presença de uma diferença de potencial (ddp) em um condutor. A oposição a esse movimento é denominada resistência elétrica, representada pela equação R = ΔV / I, onde R é a resistência, ΔV é a voltagem e I é a corrente. Essa grandeza é medida em ohms (Ω), sendo a unidade do Sistema Internacional. A constância da resistência para a maioria dos materiais, em relação a diferentes voltagens aplicadas, é um comportamento descrito pela primeira Lei de Ohm. Materiais que seguem essa lei são denominados ôhmicos, exibindo uma relação linear entre voltagem e corrente. Em contrapartida, materiais não-ôhmicos não obedecem à primeira Lei de Ohm, apresentando resistência variável e, portanto, uma falta de relação linear entre voltagem e corrente elétrica. Diodos, como dispositivos semicondutores, são exemplos de elementos não-ôhmicos, agindo como válvulas de sentido único para a corrente. Uma classe particular de diodos é conhecida como LEDs (diodos emissores de luz). Ao aplicar uma polarização direta (tensão direta) com um valor acima de um limiar específico, permite-se a passagem de corrente elétrica. A recombinação dos portadores de carga na junção resulta na emissão de luz, com frequência determinada pelo material semicondutor utilizado. Além da primeira Lei de Ohm, este experimento também abordou a Segunda Lei de Ohm, a qual estende o conceito de resistência para elementos que apresentam não apenas resistência elétrica, mas também indutância e capacitância, proporcionando uma compreensão mais abrangente do comportamento de alguns materiais em resposta à variação da frequência da corrente elétrica. 2. Objetivos O objetivo deste experimento é explorar os princípios fundamentais da corrente elétrica, resistência elétrica e comportamento de materiais em circuitos elétricos. Sendo os objetivos específicos: 1. Verificar a primeira Lei de Ohm: Investigar experimentalmente se a relação linear entre voltagem e corrente, conforme descrito pela Lei de Ohm, é observada em materiais ôhmicos. 2. Identificar Materiais Ôhmicos e Não-Ôhmicos: Classificar materiais quanto à sua obediência ou não à Lei de Ohm, diferenciando entre aqueles com resistência constante e aqueles cuja resistência varia. 3. Estudar Diodos e LEDs: Explorar o comportamento de diodos, dispositivos semicondutores, e investigar as características específicas dos LEDs, compreendendo como a emissão de luz é desencadeada pela passagem de corrente através desses componentes. 4. Analisar a Segunda Lei de Ohm: Investigar o comportamento de elementos que apresentam não apenas resistência elétrica, mas também indutância e capacitância, proporcionando uma compreensão mais abrangente do comportamento de alguns materiais em resposta à variação da frequência da corrente elétrica. 3. Procedimento: 1° Parte: 1° Lei de Ohm: 1. Efetuamos a medida da resistência do resistor disponível na bancada com o multímetro e anotamos o valor na Tabela 2. 2. Montamos o circuito de acordo com a Figura 1, seguindo os procedimentos de segurança aprendidos na aula anterior. Com muita atenção na inserção dos instrumentos. Colocamos o amperímetro em série e o voltímetro em paralelo. 3. Notamos que o LED precisava estar alimentado com polarização direta, ou seja, polo positivo do LED ligado ao polo positivo da fonte de tensão e negativo do LED com negativo da fonte. 4. Aplicamos os valores de tensão indicados na Tabela 2, medimos a tensão no Resistor, no LED e na Lâmpada, utilizando sempre a escala mais adequada. 5. Anotamos a corrente no circuito. Lembrando que em um circuito em série a corrente é a mesma em todos os componentes. Verificamos a escala adequada para não danificar o amperímetro. Figura 1 - Esquema de montagem do circuito utilizado na prática. 2° Parte: 2° Lei de Ohm: 1. Conectamos as ponteiras nos respectivos bornes do multímetro na função ohmímetro. 2. Medimos o valor da resistência interna do ohmímetro na escala de 200 Ω (que foi a escala usada no experimento). Para isso, encostamos as ponteiras uma na outra e verificamos o valor indicado no instrumento. Anotamos o valor na Tabela 3. 3. Medimos os valores de resistência correspondentes a cada um dos comprimentos sugeridos na Tabela 3 para as quatro réguas de Constantan, Ferro e Cobre. 4. Subtraímos de cada valor do item III o valor determinado no item I, pois os valores do item III são referentes à associação em série da resistência interna do instrumento com a resistência do fio metálico. 4. Resultados e Discussões: TABELA DE DADOS TABELA 2: DADOS COLETADOS RELATIVOS À 1º LEI DE OHM Resistência medida do Resistor = (560 ±5%) Ω V FONTE VR σVR V LED σVLED I σI 0,5 0,00 0,01 0,63 0,01 0,00 0,01 1,0 0,00 0,01 0,96 0,01 0,00 0,01 1,5 0,00 0,01 1,59 0,01 0,00 0,01 2,0 0,00 0,01 2,08 0,01 0,01 0,01 2,5 0,29 0,01 2,28 0,01 0,53 0,01 3,0 0,67 0,01 2,35 0,01 1,20 0,01 3,5 1,16 0,01 3,42 0,01 2,12 0,01 4,0 1,58 0,01 3,47 0,01 2,88 0,01 4,5 2,01 0,01 2,52 0,01 3,66 0,01 5,0 2,44 0,01 2,56 0,01 4,41 0,01 5,5 2,92 0,01 2,60 0,01 5,30 0,01 6,0 3,27 0,01 2,64 0,01 5,95 0,01 6,5 3,76 0,01 2,67 0,01 6,85 0,01 7,0 4,21 0,01 2,71 0,01 7,66 0,01 7,5 4,64 0,01 2,73 0,01 8,45 0,01 8,0 5,16 0,01 2,77 0,01 9,39 0,01 8,5 5,63 0,01 2,79 0,01 10,24 0,01 9,0 6,03 0,01 2,81 0,01 10,95 0,01 9,5 6,45 0,01 2,83 0,01 11,75 0,01 10,0 6,97 0,01 2,86 0,01 12,69 0,01 10,5 7,44 0,01 2,88 0,01 13,54 0,01 11,0 7,88 0,01 2,90 0,01 14,35 0,01 11,5 8,34 0,01 2,92 0,01 15,19 0,01 12,0 8,75 0,01 2,93 0,01 15,95 0,01 TABELA 3: DADOS COLETADOS RELATIVOS À 2º LEI DE OHM Resistência Interna do Ohmímetro Material: Constantan; Diâmetro: 0,20 mm Comprimento (mm) σL(mm) Resistência ( Ω ) σR ( Ω ) 400 5 7,5 0,01 800 5 13,6 0,01 1200 5 19,7 0,01 1600 5 25,8 0,01 2000 5 32,0 0,01 Material: Constantan; Diâmetro: 0,40 mm Comprimento (mm) σL(mm) Resistência ( Ω ) σR ( Ω ) 400 5 7,5 0,01 800 5 13,6 0,01 1200 5 19,7 0,01 1600 5 25,8 0,01 2000 5 32,0 0,01 Material: Cobre; Diâmetro: 0,20 mm Comprimento (mm) σL(mm) Resistência ( Ω ) σR ( Ω ) 400 5 3,5 0,01 800 5 5,1 0,01 1200 5 6,8 0,01 1600 5 8,5 0,01 2000 5 10,0 0,01 Material: Ferro; Diâmetro: 0,20 mm Comprimento (mm) σL(mm) Resistência ( Ω ) σR ( Ω ) 400 5 4,0 0,01 800 5 5,7 0,01 1200 5 7,8 0,01 1600 5 9,5 0,01 2000 5 11,7 0,01 4.1. Gráfico de Tensão (V) vs Corrente (I): Figura 2 - Gráfico de Corrente (I) em função da Tensão (V) feito no programa SciDAVis. Na Figura 2, temos o gráfico que relaciona a corrente (I) e a tensão (V), apresentando resultados notáveis e confirma a validade da Lei de Ohm para o material investigado. A regressão linear aplicada aos dados apresenta um coeficiente de determinação (R2) extremamente próximo de 1, com um valor de R2 = 0,999998201200957. Esse valor próximo de 1 indica que a relação entre a corrente e a tensão é altamente linear, validando a conformidade do material com a Lei de Ohm. O coeficiente angular da reta de melhor ajuste, foi calculado como R = 0,5491, com uma incerteza de +/- 0,0003. A proximidade desse valor ao esperado, juntamente com a pequena incerteza, fortalece a precisão da medida. Este resultado reforça a relação linear entre a voltagem e a corrente, evidenciando a constância da resistência elétrica do material sob diferentes condições de voltagem. É importante destacar que a linearidade observada no gráfico sustenta a classificação do material como ôhmico, pois apresenta uma resistência constante. Esse comportamento é crucial em diversas aplicações práticas, desde o projeto de circuitos elétricos até a fabricação de dispositivos eletrônicos. 4.2. Gráfico de Tensão (V) vs Corrente (I) em LED: Figura 3 - Gráfico de Tensão (V) em função da Corrente (V) em um LED feito no programa SciDAVis. O gráfico que relaciona a corrente (I) e a tensão (V) em um LED, revelacaracterísticas distintas associadas ao comportamento não-ôhmico desse dispositivo semicondutor. Ao ajustar uma regressão linear aos dados experimentais, observamos um coeficiente de determinação (R2) R2 = 0,320094918571155. Embora este valor não alcance a perfeita linearidade, é comum para LEDs apresentarem uma resposta não linear em relação à voltagem, especialmente nas proximidades da tensão limiar. A inclinação da reta de melhor ajuste, que representa a resistência (R), foi calculada como R = 0,0694, com uma incerteza de +/- 0,02155. A presença de uma resistência não nula reflete a complexidade do comportamento do LED, que não se enquadra completamente na Lei de Ohm devido às propriedades semicondutoras do material. A análise do gráfico permite determinar a tensão limiar do LED, representada pelo ponto em que a corrente começa a aumentar significativamente. Esse ponto de inflexão na curva corrente-tensão é crucial para entender o momento em que o LED começa a conduzir corrente elétrica de maneira efetiva. A tensão limiar, que pode ser aproximadamente identificada a partir do ponto onde a corrente começa a aumentar de forma perceptível, é um indicativo da energia necessária para iniciar o processo de emissão de luz no LED. A incerteza associada à inclinação da reta de melhor ajuste deve ser considerada na interpretação desses resultados, indicando a variabilidade potencial nos dados experimentais. No entanto, a observação do comportamento não linear é consistente com as propriedades esperadas de um LED. 4.3. Gráfico de Resistência (R) e Comprimento (L) / Área (A) para o material constantan de 0,20 mm de diâmetro: Figura 4 - Gráfico de Resistência (Ω ) em função do Comprimento (L) / Área (A) do fio de Constantan (0,20mm) feito no programa SciDAVis. O gráfico de resistência em função do comprimento/área para o fio de Constantan (0,20mm) apresenta resultados notáveis e permite a análise da resistividade do material. A regressão linear aplicada revelou um coeficiente de determinação (R2) extremamente próximo de 1, com um valor de R2 = 0,999998275074039. Essa alta linearidade indica uma correlação robusta entre a resistência do fio de Constantan, seu comprimento e área transversal, fortalecendo a confiabilidade dos dados obtidos. A inclinação da reta de melhor ajuste, representando a resistência específica (ρ), foi calculada como ρ = 4,80419999969376 x 10-7, com uma incerteza de +/- 9,06439900796074 x 10^-10. A resistividade específica é uma propriedade intrínseca do material e reflete a sua capacidade de resistir ao fluxo de corrente elétrica em condições específicas. A consistência entre os resultados experimentais e teóricos, evidenciada pelo alto valor de R2 e a pequena incerteza associada à resistividade, sugere uma excelente concordância entre a teoria e as medições práticas. Considerando a Segunda Lei de Ohm, a resistência (R) de um condutor é proporcional ao seu comprimento (L) e inversamente proporcional à sua área transversal (A), sendo expressa por R = ρ * L/A. A dependência esperada da resistência com o comprimento e o diâmetro é coerente com a lei, indicando que, à medida que o comprimento aumenta, a resistência também deve aumentar, enquanto um aumento no diâmetro (redução na área transversal) resultará em um aumento na resistência. 4.4. Gráfico de Resistência (R) e Comprimento (L) / Área (A) para o material constantan de 0,40 mm de diâmetro: Figura 5 - Gráfico de Resistência (Ω ) em função do Comprimento (L) / Área (A) do fio de Constantan (0,40mm) feito no programa SciDAVis. Já para o fio de Constantan (0,40mm) é possível analisar detalhadamente a dependência da resistência em relação ao comprimento e à área transversal do condutor. A regressão linear aplicada aos dados experimentais demonstra uma excelente correlação, com um coeficiente de determinação (R2) muito próximo de 1, apresentando um valor de R2 = 0,999995203256914. Essa alta linearidade sugere uma relação precisa entre a resistência, comprimento e área transversal do fio de Constantan, reforçando a qualidade dos dados experimentais. A inclinação da reta de melhor ajuste, representando a resistência específica (ρ), foi calculada como ρ = 6,10957364213796 com uma incerteza de +/- 5,20334793663823. Considerando novamente a Segunda Lei de Ohm, a resistência a dependência esperada da resistência com o comprimento e o diâmetro é coerente com a lei, indicando que um aumento no comprimento resultará em um aumento na resistência, enquanto um aumento no diâmetro (redução na área transversal) também resultará em um aumento na resistência. A comparação entre os dados experimentais e a teoria revela uma boa concordância, indicando que as medidas realizadas estão alinhadas com os princípios fundamentais da resistência elétrica. Qualquer desvio observado pode ser atribuído a fatores experimentais, como imprecisões nas medidas ou variações nas propriedades reais do fio de Constantan. 4.5. Gráfico de Resistência (R) e Comprimento (L) / Área (A) para o material cobre de 0,20 mm de diâmetro: Figura 6 - Gráfico de Resistência (Ω ) em função do Comprimento (L) / Área (A) do fio de Cobre (0,20mm) feito no programa SciDAVis. Os resultados indicam informações valiosas sobre as propriedades elétricas deste material condutor que é o cobre. A regressão linear aplicada aos dados experimentais revela uma excelente correlação, com um coeficiente de determinação (R2) muito bom, apresentando um valor de R2 = 0,999751858104477. Essa alta linearidade sugere uma relação precisa entre a resistência, comprimento e área transversal do fio de cobre, indicando que os dados experimentais estão em concordância com os princípios da resistência elétrica. Já a resistência específica (ρ) foi calculada como ρ = 1,28881159140783 x 10-7 com uma incerteza de +/- 1,43589758580159. A resistividade específica, sendo uma propriedade intrínseca do material, reflete a sua capacidade de resistir ao fluxo de corrente elétrica em função do seu comprimento e área transversal. Por meio da Segunda Lei de Ohm, a dependência esperada da resistência com o comprimento e o diâmetro é coerente com a lei, indicando que um aumento no comprimento resultará em um aumento na resistência, enquanto um aumento no diâmetro (redução na área transversal) resultará em uma redução na resistência. O Cobre é conhecido por ter uma resistividade muito baixa em comparação com muitos outros materiais condutores. Isso se deve às suas propriedades intrínsecas, como uma abundância de elétrons livres em sua estrutura cristalina. Os elétrons livres permitem uma condução eficiente da corrente elétrica, resultando em uma baixa resistividade. Além disso, o Cobre é um excelente condutor térmico, o que sugere uma estrutura cristalina que facilita tanto o movimento de elétrons quanto a dissipação de calor. 4.6. Gráfico de Resistência (R) e Comprimento (L) / Área (A) para o material ferro de 0,20 mm de diâmetro: Figura 7 - Gráfico de Resistência (Ω ) em função do Comprimento (L) / Área (A) do fio de Ferro (0,20mm) feito no programa SciDAVis. No gráfico do ferro foi encontrada uma regressão linear aplicada aos dados experimentais que revela uma boa correlação, sendo seu coeficiente de determinação (R2) de R2 = 0,998121041515687. Embora ligeiramente abaixo de 1, esse valor ainda indica uma relação linear forte entre a resistência, o comprimento e a área transversal do fio de Ferro, sugerindo uma concordância robusta entre os dados experimentais e a teoria da resistência elétrica. A inclinação da reta de melhor ajuste, dada pela resistência específica (ρ) encontrada foi de ρ = 1,47030681485194, com uma incerteza de +/- 8,33159784509489 x 10-8. A comparação entre os dados experimentais e a teoria revela uma boa concordância, sugerindo que as medidas realizadas estão em conformidade com os princípios fundamentais da resistência elétrica. Desvios podem ser atribuídos a fatores experimentais, como imprecisões nas medições ou variações nas propriedades reais do fio de Ferro. 5. ConclusãoTendo em vista os aspectos observados, a realização dos experimentos foi feita de maneira satisfatória, como pode ser comprovado com os resultados obtidos em cada experiência. Além disso, observou-se o funcionamento de um resistor e de um LED por meio da utilização de uma placa de circuitos, ohmímetro e voltímetro. E com a utilização de uma régua com fios condutores foi possível analisar a utilização da 2° Lei de Ohm. Sendo assim, foi possível ser visualizado a relação entre V x I nos resistores e LED, já na régua pudemos ver a dependência da resistência com o comprimento dos vários materiais utilizados, a partir da 2° Lei de Ohm. Como observação, os resultados com o cobre não foram os esperados, pois, por ter uma resistividade baixa, é necessária grandes variações de comprimento para variar sua resistência. 7. Referências: 1. Halliday, D., Resnick, R., & Walker, J. (2017). Fundamentos de Física. Vol. 3. 10ª ed. LTC Editora. 2. Young, H. D., & Freedman, R. A. (2012). Sears & Zemansky's University Physics. Vol. 2. 13ª ed. Pearson Education. 3. Serway, R. A., Jewett, J. W. (2014). Princípios de Física. Vol. 3. 9ª ed. Cengage Learning.