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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CLÍNICA MÉDICA MATEUS RENNÓ DE CAMPOS Avaliação do perfil de resistência de bactérias isoladas de hemoculturas em um hospital terciário no peŕıodo de 2009 a 2018 Ribeirão Preto 2022 MATEUS RENNÓ DE CAMPOS Avaliação do perfil de resistência de bactérias isoladas de hemoculturas em um hospital terciário no peŕıodo de 2009 a 2018 Versão original Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universi- dade de São Paulo para obtenção do t́ıtulo de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Cĺınica Médica. Área de concentração: Cĺınica Médica Orientador: Prof. Dr. Valdes Roberto Bollela Ribeirão Preto 2022 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Campos, Mateus Rennó de Avaliação do perfil de resistência de bactérias isoladas de hemoculturas em um hospital terciário no período de 2009 a 2018. Ribeirão Preto, 2022. 80 p. : il. ; 30 cm Dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP. Área de concentração: Clínica Médica. Orientador: Roberto Bollela, Valdes. 1. Infectologia. 2. Controle de infecções. 3. Infecção hospitalar. 4.Infecções bacterianas. 5. Resistência microbiana às drogas. Dissertação de autoria de Mateus Rennó de Campos, sob o t́ıtulo “Avaliação do perfil de resistência de bactérias isoladas de hemoculturas em um hospital terciário no peŕıodo de 2009 a 2018”, apresentada à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para obtenção do t́ıtulo de Mestre em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Cĺınica Médica, na área de concentração Cĺınica Médica, aprovada em de de pela comissão julgadora constitúıda pelos doutores: Prof. Dr. Instituição Presidente Prof. Dr. Instituição Prof. Dr. Instituição Agradecimentos Agradeço primeiramente a Deus, por ter me concedido esta chance de crescer, trabalhar e melhorar sempre, e por me dar forças em todos os momentos de dificuldade. Aos meus pais, Telmo e Maria Cristina, por todo o cuidado, est́ımulo e apoio desde sempre. À minha esposa Mônica, pelo companheirismo, compreensão, carinho e amor em todos os momentos. Ao meu orientador, Prof. Dr. Valdes Roberto Bollela, pela disponibilidade, com- petência e pela paciência ao longo desses anos. À minha amiga Cinara, pelo importante aux́ılio ao longo do projeto, pelas ideias e pelas cobranças. Aos meus amigos da Vigilância Epidemiológica e da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, por todo aux́ılio em diferentes momentos. Ao Diego Moroço, pela ajuda fundamental na extração dos dados que permitiram esta pesquisa. A todos que trabalham e trabalharam no Laboratório de Microbiologia do HCRP, sem os quais eu não poderia realizar este projeto. A todos os amigos que torceram por mim e que ajudaram de alguma maneira na realização deste trabalho. “Temos que continuar aprendendo. Temos que estar abertos. E temos que estar prontos para espalhar nosso conhecimento a fim de chegar a uma compreensão mais elevada da realidade.” (Thich Nhat Hanh) Resumo CAMPOS, MR. “Avaliação do perfil de resistência de bactérias isoladas de hemoculturas em um hospital terciário no peŕıodo de 2009 a 2018”. 2022. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2022. Infecções associadas à assistência à saúde são um problema crescente, e a o aumento na resistência bacteriana aos antimicrobianos causa maior dificuldade no tratamento levando a maior morbimortalidade. Conhecer o perfil de resistência aos antimicrobianos do serviço é importante para o uso racional de antimicrobianos. O objetivo deste trabalho foi avaliar o perfil de resistência das bactérias isoladas em hemoculturas em um hospital terciário. Realizou-se um estudo retrospectivo descritivo, utilizando os resultados de hemoculturas coletadas entre 2009 e 2018. De um total de 165.844 hemoculturas, 20.476 eram positivas. Selecionando a primeira amostra de cada agente, para cada paciente, nas duas unidades do hospital, avaliamos 17.698 hemoculturas. As bactérias mais frequentes foram estafilococos coagulase negativos (46,29% do total), Staphylococcus aureus (10,13%), Klebsiella pneumoniae (7,53%), Escherichia coli (6,72%), Acinetobacter baumannii (4,73%) e Pseudomonas aeruginosa (4,20%). O Acinetobacter baumannii apresentou os maiores ı́ndices de resistência, com destaque para a sensibilidade ao meropenem que diminuiu de 64,04% em 2009 para 24% em 2018. O Staphylococcus aureus apresentou 45,27% de resistência à oxacilina. A Escherichia coli apresentou um aumento importante na resistência às cefalosporinas, com perfil ESBL em 9,26% em 2009 e 46,91% em 2018, e quinolonas (20,37% de resistência em 2009, 50,61% em 2018). De maneira geral, a presença de resistência aos antimicrobianos esteve associada ao uso prévio de maior número de antibióticos. Palavras-chaves: Infectologia. Controle de infecções. Infecção hospitalar. Infecções bacteri- anas. Resistência microbiana às drogas. Abstract CAMPOS, MR. Evaluation of the resistance profile of bacteria isolated from blood cultures in a tertiary care hospital from 2009 to 2018. 2022. 80 p. Dissertation (Master of Science) – Ribeirão Preto School of Medicine, University of São Paulo, São Paulo, 2022. Healthcare-associated infections are a growing problem worldwide, and the increasing bacterial resistance to antibiotics leads to a more difficult treatment, resulting in greater morbidity and mortality. Knowing the local resistance patterns is essential for a rational use of antibiotics. This study’s objective was to describe the resistance pattern of bacteria isolated from blood cultures in a tertiary-care hospital. We designed a retrospective descriptive study, evaluating blood cultures from 2009 to 2018. From a total of 165.844 samples, 20.476 were positive for bacterial growth. After selecting only the first isolate for each patient, we evaluated 17.698 blood culture isolates. The most frequent species were coagulase-negative staphylococci (46,29%), Staphylococcus aureus (10,13%), Klebsiella pneumoniae (7,53%), Escherichia coli (6,72%), Acinetobacter baumannii (4,73%) and Pseudomonas aeruginosa (4,20%). Acinetobacter baumannii had the worst resistance profile, with emphasis on meropenem sensitivity, which fell from 64,04% in 2009 to 24% in 2018. Staphylococcus aureus was resistant to oxacillin in 45,27% of isolates. Escherichia coli had a significant increase in cephalosporin resistance, with an ESBL pattern growing from 9,26% in 2009 to 46,91% in 2018, and quinolone resistance (20,37% resistance in 2009 to 50,61% in 2018). In general, antibiotic resistance was associated with a prior use of a greater number of antibiotics. Keywords: Infectious diseases. Infection control. Healthcare-associated infection. Bacterial infection. Antibiotic resistance. Lista de figuras Figura 1 – Evolução da sensibilidade do Acinetobacter baumannii aos antimicrobianos 39 Figura 2 – Evolução da sensibilidade do Enterococcus faecalis aos antimicrobianos 41 Figura 3 – Evolução da sensibilidade da Escherichia coli aos antimicrobianos . . . 45 Figura 4 – Evolução da sensibilidade da Klebsiella pneumoniae aos antimicrobianos 49 Figura 5 – Evolução da sensibilidade da Pseudomonas aeruginosa aos antimicrobianos 53 Figura 6 – Evolução da sensibilidade do Staphylococcus aureus aos antimicrobianos 57 Figura 7 – Evolução da sensibilidade do Staphylococcus epidermidis aos antimicro- bianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Figura 8 – Evolução da sensibilidadedo Streptococcus pneumoniae aos antimicro- bianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 Lista de tabelas Tabela 1 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Tabela 2 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva (Campus) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . . . . 30 Tabela 3 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . . . . . . 31 Tabela 4 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Unidade de Terapia Intensiva Pós-Operatória peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . 31 Tabela 5 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Enfermaria de Cĺınica Médica (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . . . . . . 32 Tabela 6 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Sala de Urgência da Cĺınica Médica (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . 32 Tabela 7 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Enfermaria de Cirurgia (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Tabela 8 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Enfermaria de Pediatria (Campus) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . . . . . . . 34 Tabela 9 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva Pediátrico (Campus) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . 34 Tabela 10 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva Pediátrico (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . 35 Tabela 11 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na UETDI peŕıodo de 2009 a 2018 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Tabela 12 – Distribuição espacial do Acinetobacter baumannii . . . . . . . . . . . . 37 Tabela 13 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico 38 Tabela 14 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para E. faecalis, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Tabela 15 – Distribuição espacial do Enterococcus faecalis . . . . . . . . . . . . . . 42 Tabela 16 – Distribuição espacial da Escherichia coli . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Tabela 17 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para E. coli, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 Tabela 18 – Distribuição espacial da Klebsiella pneumoniae . . . . . . . . . . . . . 48 Tabela 19 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para K. pneumoniae, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Tabela 20 – Distribuição espacial da Pseudomonas aeruginosa . . . . . . . . . . . . 52 Tabela 21 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para P. aeruginosa, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Tabela 22 – Distribuição espacial do Staphylococcus aureus . . . . . . . . . . . . . . 56 Tabela 23 – Média e IC95 de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para S. aureus, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Tabela 24 – Distribuição espacial do Staphylococcus epidermidis . . . . . . . . . . . 60 Tabela 25 – Média e IC95 de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para S. epidermidis, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Tabela 26 – Distribuição espacial do Streptococcus pneumoniae . . . . . . . . . . . 63 Tabela 27 – Média e IC95 de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para S. pneumoniae, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 Lista de abreviaturas e siglas CLSI Clinical & Laboratory Standards Institute CTI Centro de Terapia Intensiva EUA Estados Unidos da América EUCAST European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing FMRP Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto HC Hospital das Cĺınicas HCRP Hospital das Cĺınicas de Ribeirão Preto MDR Multi-droga resistente OMS Organização Mundial da Saúde PDR Pan-droga resistente UE Unidade de Emergência UETDI Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecciosas UTIPO Unidade de Terapia Intensiva Pós-Operatória USP Universidade de São Paulo XDR Extensively drug resistant Sumário 1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.1 Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde . . . . . . . . . . . . . 15 1.2 Resistência aos Antimicrobianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 1.3 Bactérias de maior relevância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.3.1 Acinetobacter sp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 1.3.2 Enterococcus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.3.3 Escherichia coli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.3.4 Klebsiella pneumoniae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 1.3.5 Pseudomonas aeruginosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.3.6 Staphylococcus aureus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 1.3.7 Staphylococcus epidermidis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.3.8 Streptococcus pneumoniae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 1.4 Local do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 3.1 Objetivo geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 3.2 Objetivos espećıficos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 4 Materiais e métodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 4.1 Caracteŕısticas do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 4.2 Critérios de inclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 4.3 Coleta dos dados do prontuário eletrônico . . . . . . . . . . . . . . . . 25 4.4 Análise dos dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 4.5 Identificação das bactérias e perfil de resistência . . . . . . . . . . . . 26 4.5.1 Distribuição espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.5.2 Uso prévio de antimicrobianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.6 Aspectos éticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 4.7 Financiamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 5 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 5.1 Agentes mais frequentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 5.2 Prevalência por local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5.2.1 Centros de Terapia Intensiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5.2.2 Unidade de Emergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 5.2.3 Pediatria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 5.2.4 UETDI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 5.3 Resultados por agente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 5.3.1 Acinetobacter baumannii . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 5.3.2 Enterococcus faecalis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 5.3.3 Escherichia coli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 5.3.4 Klebsiella pneumoniae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 5.3.5 Pseudomonas aeruginosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 5.3.6 Staphylococcus aureus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 5.3.7 Staphylococcus epidermidis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 5.3.8 Streptococcus pneumoniae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 6 Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 6.1 Perfil das bactérias analisadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 6.1.1 Acinetobacter . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 6.1.2 Enterococcus faecalis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 6.1.3 Escherichia coli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 6.1.4 Klebsiella pneumoniae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 6.1.5 Pseudomonas aeruginosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 6.1.6 Staphylococcus aureus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 6.1.7 Staphylococcus epidermidis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 6.1.8 Streptococcus pneumoniae . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 6.2 Aplicações do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 6.3 Limitações do estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 7 Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 7.1 Prevalência das bactérias mais frequentemente isoladas . . . . . . . . 71 7.2 Evolução temporal da resistência aos principais antimicrobianos . . . 71 7.3 Associação entre uso prévio de antimicrobianos e a presença de re- sistência bacteriana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 8 Sugestões para trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 Anexo A – Aprovação no Comitê de Ética . . . . . . . . . . . . 78 15 1 Introdução 1.1 Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde Infecção Relacionada a Assistência à Saúde (IRAS) é definida como ”aquela adqui- rida após admissão do paciente e que se manifesta após a internação ou a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares”(Centro de Vigilância Epidemiológica Prof. Alexandre Vranjac, 2018). As IRAS são associadas a importante aumento de mortalidade, duração de in- ternação e custo. Um estudo de 1994 encontrou mortalidade atribúıvel de 35%, aumento da mediana de tempo de internação de 26 para 40 dias, e custos extras devidos à infecção de US$40.000,00 por sobrevivente (PITTET; TARARA; WENZEL, 1994). Em unidades de terapia intensiva, a ocorrência de infecção é associada de modo independente com aumento de mortalidade, principalmente nos casos de infecção por bactéria multirresistente (VINCENT et al., 2009). Dados nacionais de pacientes com infecção primária de corrente sangúınea (IPCS) por Staphylococcus aureus encontrou dados semelhantes, com aumento de duração de internação de 16,2 para 48,3 dias, mortalidade atribúıvel de 45,2%, e aumento de custo de US$ 40.247,00 para US$ 123.065,00 (PRIMO et al., 2012). As IRAS de maior relevância no momento atual são: • Pneumonia Associada à Ventilação • Infecção do Trato Urinário (ITU) associada ao uso de sonda vesical de demora (SVD) • Infecção Primária de Corrente Sangúınea (IPCS) • Infecção de Śıtio Cirúrgico (ISC) Dentre estas infecções, se destacam principalmente a PAV e a ITU por serem os principais śıtios de infecção e de colonização por bactérias multirresistentes. Além do Staphylococcus aureus, outros patógenos vêm ganhando importância na ocorrência de IRAS. Entre elas, se destaca o Acinetobacter baumannii, pela sua capacidade de sobreviver por peŕıodos prolongados no ambiente hospitalar, como em grades de camas (CATALANO et al., 1999) e outros equipamentos hospitalares (DENTON et al., 2005), e por sua crescente resistência aos antimicrobianos (PELEG; SEIFERT; PATERSON, 2008; LIN; LAN, 2014). Caṕıtulo 1. Introdução 16 1.2 Resistência aos Antimicrobianos As bactérias podem ser intrinsecamente resistentes a determinados antibióticos, como resultado de caracteŕısticas funcionais ou estruturais inerentes à espécie, ou se tornar resistentes por mutações cromossômicas ou por transferência horizontal de genes (BLAIR et al., 2015). As mutações adquiridas conferem resistência por quatro mecanismos principais: presença de bombas de efluxo, diminuição da penetração dos antibióticos, alteração no alvo do antibiótico (por mecanismos genéticos ou pós-traducionais), ou por inativação do antibiótico (BLAIR et al., 2015). Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mostram progres- sivamente um aumento na prevalência de bactérias resistentes aos antimicrobianos. Em pacientes com IPCS internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), a prevalência em 2016 de resistência à oxacilina em S. aureus foi de 63,1%, e de resistência à vancomicina em Enterococcus spp. foi de 25,8%. Ambas apresentaram aumento em relação a 2012 (52,9% e 19,1%, respectivamente) (ANVISA, 2016). Entre os gram-negativos, destaca-se uma prevalência de resistência aos carba- penêmicos pelo Acinetobacter de 85,0%; resistência aos carbapenêmicos também é vista em 42,9% dos isolados de Pseudomonas aeruginosa, 46,8% em Klebsiella pneumoniae e 9,9% em Escherichia coli (ANVISA, 2016). O aumento progressivo da resistência aos antimicrobianos é motivo de preocupação entre órgãos de saúde, motivado pela escassez de opções terapêuticas eficazes, aliado a um perfil aceitável de efeitos colaterais. Cada vez mais, restam apenas opções terapêuticas outrora abandonadas como a Polimixina B e Polimixina E (Colistina), com estreita janela terapêutica e alto ı́ndice de efeitos colaterais. Faz-se necessário conhecer os perfis de sensibilidade das bactérias de cada instituição de saúde para racionalizar o uso dos antimicrobianos, além de estabelecer protocolos terapêuticos baseado no perfil microbiológico das unidades internação. Dessa maneira, é posśıvel individualizar a indicação de antimicrobianos de maior espectro, além de propor medidas de prevenção de transmissão de bactérias multirresistentes (MDR), extensivamente resistentes (XDR) e pan-droga resistentes (PDR). Bactérias MDR são definidas como portadoras de resistência adquirida a pelo menos um agente em três ou mais categorias Caṕıtulo 1. Introdução 17 de antimicrobianos; bactérias XDR são as que apresentam sensibilidade a apenas uma ou duas categorias de antimicrobianos; já as bactérias PDR são resistentes a todos os antimicrobianos. (MAGIORAKOS et al., 2012). 1.3 Bactérias de maior relevância Algumas bactérias se destacam pela sua importância epidemiológica, tanto como causadoras de infecções comunitárias, quanto pela prevalência em infecções relacionadas a assistência à saúde ou pelo seu elevado ńıvel de resistência a antimicrobianos. A seguir, listamos algumas das bactérias de maior relevância cĺınica e epidemiológica, em ordem alfabética. 1.3.1 Acinetobacter sp. O gênero Acinetobacter corresponde a um grupo de mais de 30 espécies de cocoba- cilos gram-negativos, aeróbios estritos, catalase-positivos, oxidase-negativos, imóveis. As espécies mais frequentemente relatadas como patogênicas são o A. baumannii, A. calcoaceticus e A. lwoffi. Resistência do Acinetobacter aos antimicrobianos As bactérias do gênero Acinetobacter, em especial da espécie A. baumannii, vêm ao longo das últimasdécadas se tornando progressivamente mais resistentes aos antimicrobia- nos. De acordo com o estudo SENTRY, na América Latina as bactérias do complexo A. calcoacetius-A. baumannii apresentavam 81,3% de sensibilidade ao meropenem e 87,8% ao imipenem no peŕıodo de 1997-2000. Já em 2013-2016, esta sensibilidade caiu para 13,7% e 14,4% respectivamente. (GALES et al., 2019) Caṕıtulo 1. Introdução 18 1.3.2 Enterococcus O gênero Enterococcus consiste em bactérias gram-positivas, anaeróbias facultativas, catalase-negativas. Possuem forma ovóide, podendo se apresentar em formatos de cadeia, em pares ou isolados. (MURRAY, 1990). As duas espécies mais relacionadas a IRAS são o E. faecalis e o E. faecium. Nos EUA durante o peŕıodo de 2015 a 2017, estas duas espécies foram a 5ª e a 8ª mais prevalentes, respectivamente; juntas, corresponderam a 11,7% dos agentes notificados. (WEINER-LASTINGER et al., 2020) Os enterococos são colonizantes de trato gastrointestinal, apresentando geralmente uma baixa virulência. Entretanto, apresentam resistência intŕınseca a alguns antimicrobi- anos (cefalosporinas, aminoglicośıdeos e clindamicina) e recentemente vêm se tornando um problema mais sério com a emergência de cepas resistentes à vancomicina. (ARIAS; MURRAY, 2012) Resistência do Enterococcus aos antimicrobianos O estudo SENTRY avaliou 49.491 amostras de enterococos durante o peŕıodo de 1997 a 2016 (correspondendo a 6,5% de todas as bactérias analisadas). A espécie mais prevalente foi o E. faecalis, seguida pelo E. faecium. Outras espécies (E. casseliflavus, E. avium, E. gallinarium, entre outras) foram bem menos prevalentes. A resistência à vancomicina foi de 2,5% no E. faecalis e 47,3% no E. faecium (dos isolados de E. faecium resistentes à vancomicina, 90,9% também eram resistentes à teicoplanina). (PFALLER et al., 2019) 1.3.3 Escherichia coli A Escherichia coli é um bacilo gram-negativo, colonizante de trato gastrointestinal e causa importante de doenças intestinais e extra-intestinais. Mais frequentemente é causa infecções do trato urinário e de diarreia infecciosa, porém pode infectar qualquer śıtio extra-intestinal (VILA et al., 2016). Caṕıtulo 1. Introdução 19 A E. coli foi o agente mais notificado como causa de IRAS nos EUA no peŕıodo 2015-2017, correspondendo a 17,5% dos patógenos isolados (WEINER-LASTINGER et al., 2020). Em relação a infecção de corrente sangúınea, dados do estudo SENTRY de 1997 a 2016 mostraram que a E. coli foi o segundo agente mais comum (20,5% dos casos), pouco atrás do Staphylococcus aureus (20,7%). (DIEKEMA et al., 2019a). Resistência do Escherichia coli aos antimicrobianos Em pacientes estadunidenses com ICS no peŕıodo de 2015-2017, a E. coli apresentava resistência a cefalosporinas de amplo espectro (terceira e quarta gerações) entre 27,4 e 40,3% (maior incidência nos hospitais de longa permanência), e resistência às quinolonas entre 47,1 e 60,2%. A resistência a carbapenêmicos foi rara (1,2 a 2,3%), e entre 14,1 e 26,3% dos isolados foram classificados como MDR (WEINER-LASTINGER et al., 2020). 1.3.4 Klebsiella pneumoniae A Klebsiella pneumoniae é um bacilo gram-negativo pertencente à famı́lia En- terobacteriaceae. Assim como a E. coli, também faz parte da flora habitual do trato gastrointestinal humano (PODSCHUN; ULLMANN, 1998). Infecções por K. pneumoniae são menos frequentes na comunidade, porém são comuns no ambiente hospitalar, responsáveis por cerca de 3 a 8% de todas as infecções bacterianas nosocomiais. A bactéria é associada principalmente a pneumonia nosocomial, infecções de corrente sangúınea, de ferida e do trato urinário (PODSCHUN; ULLMANN, 1998). Uma meta-análise de 2017 mostrou que a mortalidade por infecções por K. pneumo- niae aumentou de 21,16% para 42,14% quando o isolado era resistente a carbapenêmicos (XU; SUN; MA, 2017). Resistência do Klebsiella pneumoniae aos antimicrobianos A K. pneumoniae vem se tornando um patógeno cada vez mais resistentes aos antimicrobianos, sendo frequentemente resistente a quase todos os antibióticos dispońıveis Caṕıtulo 1. Introdução 20 clinicamente. O estudo SENTRY, realizado nos EUA, identificou entre 2007 a 2009 uma prevalência de K. pneumoniae resistentes a carbapenêmicos de 6,1% (KAISER et al., 2013). Já em 2021, a OMS reportou uma resistëncia da K. pneumoniae ao meropenem de 11,0% e à ceftriaxona de 54,2% em amostras de sangue. (World Health Organization, 2021). 1.3.5 Pseudomonas aeruginosa A Pseudomonas aeruginosa é um bacilo gram-negativo fortemente associado com infecções nosocomiais, sendo uma causa rara de doença em pacientes da comunidade. Mais frequentemente é causa de infecções de corrente sangúınea e de pneumonia nosocomial, incluindo pneumonia associada à ventilação mecânica. Também é causa de infecção de pele e partes moles, trato urinário e intra-abdominais (SHORTRIDGE et al., 2019). Resistência da Pseudomonas aeruginosa aos antimicrobianos O estudo SENTRY avaliou amostras de P. aeruginosa entre 1997 e 2016. Neste estudo, em pneumonia nosocomial e infecção de corrente sangúınea o fenótipo MDR foi encontrado em 23,7% e 27,7% dos casos respectivamente; o fenótipo XDR em 17,4 e 19%, e o fenótipo pan-droga resistente em 0,1% dos casos. 22,3 a 27,1% dos isolados foram resistentes ao Meropenem. (SHORTRIDGE et al., 2019). 1.3.6 Staphylococcus aureus O Staphylococcus aureus, um coco Gram-positivo, é um dos principais patógenos humanos, sendo causa de 20-30% de infecções de corrente sangúınea e de ferida operatória, além de até metade dos casos de infecções osteoarticulares (TONG et al., 2015). Resistência do Staphylococcus aureus aos antimicrobianos O S. aureus é um grande exemplo do desenvolvimento de resistência aos antimicro- bianos: inicialmente plenamente senśıvel à penicilina, começou a apresentar resistência Caṕıtulo 1. Introdução 21 poucos anos após sua introdução na cĺınica. Nos anos 70, a grande maioria dos isolados já era resistente à penicilina (CHAMBERS; DELEO, 2009). A principal droga com ação anti-estafilocócica é a oxacilina. No estudo SENTRY, a porcentagem de cepas resistentes à oxacilina (MRSA - Methicillin-resistant Staphylococcus aureus) foi de 40,3% no peŕıodo entre 1997 a 2016. A incidência de MRSA foi maior em infecções nosocomiais (47%), porém também foi alta em infecções comunitárias (36,8%) (DIEKEMA et al., 2019b). 1.3.7 Staphylococcus epidermidis O Staphylococcus epidermidis é um coco Gram-positivo, parte do grupo dos estafi- lococos coagulase-negativos. É uma bactéria da microbiota habitual da pele, sendo por este motivo frequentemente causa de contaminação em hemoculturas (HUTTENHOWER et al., 2012). Apesar de geralmente ser pouco patogênico, é uma causa importante de infecções relacionadas à assistência a saúde, como infecções de corrente sangúınea relacionadas a cateter, de endocardite e de infecções osteoarticulares (BECKER; HEILMANN; PETERS, 2014). Resistência do Staphylococcus epidermidis aos antimicrobianos Assim como outros agentes nosocomiais, a prevalência de resistência do S. epider- midis e outros estafilococos coagulase-negativos vem aumentando, limitando possibilidades terapêuticas. Diferentemente do S. aureus, o S. epidermidis na maioria das vezes é resis- tente à oxacilina (BECKER; HEILMANN; PETERS, 2014). Um estudo escocês encontrou 92% de resistência à penicilina em isolados de S. epidermidis no peŕıodo de 2014 a 2018 (ZALEWSKA et al., 2021). 1.3.8 Streptococcus pneumoniae O Streptococcus pneumoniae, um coco Gram-positivo, é o principal causador de pneumonia adquirida na comunidade, além de ser uma causa importante de meningite, Caṕıtulo 1. Introdução 22 otite média aguda e sinusite (JOHANSSON et al., 2010). Não é um agente implicado em IRAS, porém é um patógenode grande importância epidemiológica. Resistência do Streptococcus pneumoniae aos antimicrobianos Dados do estudo SENTRY entre 1997 e 2016 mostram que o S. pneumoniae mantém sensibilidade à penicilina entre 89,6% a 96,6% em infecções fora do sistema nervoso central. No caso de meningites, a sensibilidade variou de 55,2% a 71,6%. Na América Latina, a sensibilidade à ceftriaxona foi de 95,8%, à amoxicilina-clavulanato de 93,7% e à azitromicina de 72,8% (SADER et al., 2019). 1.4 Local do estudo A pesquisa foi realizada nas duas unidades do Hospital das Cĺınicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, a unidade Campus e a Unidade de Emergência. O Hospital das Cĺınicas de Ribeirão Preto é um hospital terciário, localizado no interior do estado de São Paulo, e é referência regional em atendimentos de alta complexidade. Possui duas unidades: • Campus: hospital geral, onde são realizados os atendimentos ambulatoriais, cirurgias e internações eletivas e semi-eletivas, além de receber pacientes oriundos da Unidade de Emergência. • Unidade de Emergência (UE): localizada no centro da cidade, recebe pacientes encaminhados via regulação médica oriundos de outros serviços de saúde. Em conjunto, estas duas unidades possuem 815 leitos gerais, 105 leitos de terapia intensiva, 36 salas cirúrgicas e 569 consultórios. Em 2019 foram realizadas 732.121 consultas e procedimentos, 33.932 internações, 26.313 cirurgias, 214 transplantes e 3.340.050 exames laboratoriais. (Hospital das Cĺınicas de Ribeirão Preto, 2021) 23 2 Justificativa A prevalência de infecções nosocomiais por bactérias multirresistentes está em constante aumento. É importante que os serviços de saúde conheçam o perfil de resistência local para nortear a escolha dos tratamentos mais eficazes. 24 3 Objetivos 3.1 Objetivo geral • Descrever a evolução do perfil de resistência das bactérias isoladas em hemoculturas em um hospital universitário de ńıvel terciário durante o peŕıodo de uma década. 3.2 Objetivos espećıficos • Descrever a prevalência das bactérias mais frequentemente isoladas em hemoculturas. • Descrever a evolução temporal da resistência aos principais antimicrobianos para cada agente etiológico. • Avaliar a associação entre uso prévio de antimicrobianos e a presença de resistência bacteriana. 25 4 Materiais e métodos 4.1 Caracteŕısticas do estudo Trata-se de um estudo do tipo descritivo retrospectivo de pacientes atendidos no complexo HC-FMRP-USP. 4.2 Critérios de inclusão Pacientes atendidos nas unidades de Ribeirão Preto do complexo HC-FMRP-USP no peŕıodo de 01 de janeiro de 2009 até 10 de julho 2018 que possuam cultura para bactérias positiva em amostras de sangue. 4.3 Coleta dos dados do prontuário eletrônico Foram coletados, a partir de pesquisa no banco de dados do HC-FMRP-USP realizada pelo Serviço de Dados Médicos do hospital, os resultados de todas as culturas para bactérias realizadas no hospital desde 01 de janeiro de 2009 até 10 de julho de 2018 (data da extração dos dados). Com base na lista de culturas, coletamos também dados demográficos básicos dos pacientes com culturas positivas, dados referentes aos atendimentos registrados dos pacientes e dados do sistema de Prescrição Eletrônica e do sistema “Beira Leito”, um sistema de registro eletrônico da administração dos medicamentos. Os dados coletados foram: registro do paciente, data de nascimento do paciente, laboratório (Unidade de Emergência ou Unidade Campus), número do exame, data de coleta, data e hora de entrada no laboratório, data e hora de liberação do resultado, enfermaria e leito do paciente, material da cultura, agente isolado, tempo de crescimento, antibiograma, tipo de atendimento (ambulatorial ou enfermaria), número de registro do atendimento, data de admissão se paciente internado, leitos ocupados pelo paciente, último atendimento registrado do paciente e data de óbito (se houver). Dados do sistema de Prescrição Eletrônica e “Beira Leito”: antimicrobianos prescritos, data e hora da prescrição, horário da primeira dose (se houve prescrição como “Imediato” ou com aprazamento), horário da administração do antimicrobiano. Caṕıtulo 4. Materiais e métodos 26 4.4 Análise dos dados Os dados foram avaliados utilizando a linguagem R versão 4.2.0 (R Core Team, 2021), por meio do software RStudio versão 2022.02.3+492 (RStudio Team, 2020), utilizando o pacote AMR versão 1.8.1 para interpretação dos resultados de resistência e construção dos gráficos (BERENDS et al., 2019). Foram utilizados os demais pacotes de código aberto para importação e tratamento dos dados: • cleaner 1.5.1 (BERENDS, 2020) • summarytools 1.0.1 (Dominic Comtois, ) • lubridate 1.8.0 (GROLEMUND; WICKHAM, 2011) • tidyverse 1.3.1 (WICKHAM et al., 2019) 4.5 Identificação das bactérias e perfil de resistência No peŕıodo analisado, o HCRP utilizava a metodologia Vitek 2 para identificação etiológica e determinação do perfil de sesnsibilidade. O Vitek 2 é um sistema de identificação automatizado, dispońıvel há mais de 40 anos. Se baseia na utilização de cartões plásticos que possuem poços onde ocorrem reações bioqúımicas. O perfil de reações realizadas pela bactéria avaliada é comparado com um banco de dados, permitindo a identificação do agente (PINCUS, 2005). Além da identificação etiológica, o sistema Vitek também realiza o teste de sensi- bilidade, por meio de poços com concentrações conhecidas dos diversos antibióticos. O sistema realiza leitura dos poços por fotometria a cada hora. Com base na presença ou não de crescimento, é determinada a concentração inibitória mı́nima (CIM), que é a menor concentração do antibiótico capaz de inibir o crescimento da bactéria (PINCUS, 2005). Para nossa análise, utilizamos os dados de resistência/sensibilidade liberados pelo laboratório no laudo do exame, que seguiam as recomendações vigentes na data do exame. Com base nas regras do European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (LECLERCQ et al., 2013), fizemos quando posśıvel a inferência da sensibilidade aos antibióticos que não possúıam resultado do teste de sensibilidade. Caṕıtulo 4. Materiais e métodos 27 Na estratificação da sensibilidade por ano, não foram mostrados os fármacos com menos de 10 resultados de teste de sensibilidade, pela possibilidade de representarem dados inacurados. 4.5.1 Distribuição espacial Os dados de distribuição espacial foram avaliados a partir do campo ”Cĺınica Solicitante”da primeira hemocultura positiva para cada agente de cada paciente. 4.5.2 Uso prévio de antimicrobianos Utilizando os dados do sistema de Prescrição Eletrônica, avaliamos o número de antibióticos utilizados por cada paciente no peŕıodo de 90 dias antes da coleta de cada hemocultura positiva. Não foram considerados na análise os medicamentos antifúngicos (Anfotericina, Itraconazol, Fluconazol, Voriconazol e Caspofungina). Comparamos então o número médio de antibióticos utilizados pelos pacientes, agrupados pela presença ou não de resistência a cada antibiótico. As médias foram comparadas utilizando o teste t de Student. 4.6 Aspectos éticos O projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do HC-FMRP-USP e aprovado de acordo com o parecer de número 2.724.912 (anexo A). 4.7 Financiamento O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001. 28 5 Resultados Foram extráıdas do sistema de prontuário eletrônico todas as culturas no peŕıodo de 2009 a 2018. Um total de 526.621 pedidos de exame foram exportados, desconsiderando as amostras em duplicata (total de 938.213). Do total de exames, selecionamos as amostras de hemocultura (165.844, 31,4% do total),das quais 20.476 apresentavam crescimento de microorganismos (12,34% de positividade). Seguindo as recomendações do CLSI (HANDLER; STELLING, 2007), selecionamos apenas a primeira amostra positiva de cada agente, para cada paciente, no peŕıodo de 1 ano. Após excluir as amostras do Hospital Estadual de Ribeirão Preto (que são processadas pelo Laboratório de Microbiologia do HCRP), analisamos 17.698 hemoculturas. 5.1 Agentes mais frequentes A tabela 1 lista todos as espécies identificadas em 30 ou mais pacientes. A maioria dos isolados foi composta de estafilococos coagulase-negativos, totalizando 8.192 amostras, 46,29% do total de isolados (nem todas as espécies estão representadas na tabela abaixo). Incluindo o S. aureus, as bactérias do gênero Staphylococcus foram encontradas em 9.984 amostras, responsáveis por 56,41% das amostras. Dentre as bactérias Gram-negativas, as mais frequentes foram a Klebsiella pneumo- niae, a Escherichia coli e o Acinetobacter baumannii. Caṕıtulo 5. Resultados 29 Tabela 1 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus epidermidis 3.865 21,84 21,84 Staphylococcus aureus 1.792 10,13 31,96 Staphylococcus hominis 1.704 9,63 41,59 Staphylococcus haemolyticus 1.412 7,98 49,57 Klebsiella pneumoniae 1.332 7,53 57,10 Escherichia coli 1.189 6,72 63,82 Acinetobacter baumannii 837 4,73 68,54 Staphylococcus capitis 775 4,38 72,92 Pseudomonas aeruginosa 743 4,20 77,12 Enterococcus faecalis 422 2,38 79,51 Enterobacter cloacae 405 2,29 81,79 Streptococcus pneumoniae 267 1,51 83,30 Staphylococcus warneri 223 1,26 84,56 Proteus mirabilis 151 0,85 85,42 Serratia marcescens 148 0,84 86,25 Enterococcus faecium 140 0,79 87,04 Corynebacterium sp. 120 0,68 87,72 Streptococcus agalactiae 114 0,64 88,37 Stenotrophomonas maltophilia 113 0,64 89,00 Streptococcus mitis 110 0,62 89,63 Streptococcus sp. 91 0,51 90,14 Burkholderia cepacia 87 0,49 90,63 Morganella morganii 67 0,38 91,01 Klebsiella aerogenes 63 0,36 91,37 Klebsiella oxytoca 61 0,34 91,71 Mammaliicoccus lentus 59 0,33 92,04 Sphingomonas paucimobilis 59 0,33 92,38 Acinetobacter lwoffii 51 0,29 92,67 Haemophilus influenzae 49 0,28 92,94 Staphylococcus lugdunensis 49 0,28 93,22 Salmonella sp. 45 0,25 93,47 Citrobacter freundii 41 0,23 93,71 Bacillus sp. 39 0,22 93,93 Streptococcus pyogenes 39 0,22 94,15 Streptococcus salivarius 38 0,21 94,36 Staphylococcus saprophyticus 37 0,21 94,57 Streptococcus sanguinis 35 0,20 94,77 Corynebacterium jeikeium 34 0,19 94,96 Staphylococcus caprae 31 0,18 95,14 Staphylococcus sp. 31 0,18 95,31 Neisseria meningitidis 30 0,17 95,48 Outras bactérias 800 4,52 100,00 Total 17.698 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 30 5.2 Prevalência por local As tabelas abaixo mostram as bactérias mais frequentemente isoladas em hemocul- turas de alguns setores do hospital. Para esta análise, consolidamos todas as espécies de estafilococos coagulase negativos. 5.2.1 Centros de Terapia Intensiva Analisamos os agentes mais frequentemente isolados em hemoculturas de pacientes internados no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Campus, no CTI da Unidade de Emergência (UE) e na Unidade de Terapia Intensiva Pós Operatória (UTIPO). O CTI da UE possui duas unidades, localizadas no terceiro e no quarto andar do hospital, porém os exames foram agregados pois as duas unidades compartilham o mesmo código no sistema. A tabela 2 mostra os agentes mais frequentes no Centro de Terapia Intensiva da unidade Campus. Destaca-se a alta incidência do A. baumannii, que foi o gram-negativo mais frequentemente encontrado. Tabela 2 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva (Campus) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 363 41,53 41,53 Acinetobacter baumannii 100 11,44 52,97 Pseudomonas aeruginosa 86 9,84 62,81 Klebsiella pneumoniae 84 9,61 72,43 Staphylococcus aureus 66 7,55 79,98 Enterococcus faecalis 22 2,52 82,49 Escherichia coli 20 2,29 84,78 Enterobacter cloacae 18 2,06 86,84 Enterococcus faecium 14 1,60 88,44 Proteus mirabilis 11 1,26 89,70 Outras bactérias 90 10,30 100,00 Total 874 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 A tabela 3 mostra os agentes mais comumente encontrados no CTI da UE. Em relação ao CTI Campus, vemos um perfil semelhante, porém com maior incidência de estafilococos coagulase negativos (41,53% no CTI Campus versus 58,47% no CTI UE). Caṕıtulo 5. Resultados 31 Além disso, no CTI UE a Klebsiella pneumoniae foi mais frequente que a Pseudomonas aeruginosa, sendo que no CTI Campus esta relação se inverte. Tabela 3 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 797 58,47 58,47 Acinetobacter baumannii 122 8,95 67,42 Klebsiella pneumoniae 104 7,63 75,06 Pseudomonas aeruginosa 82 6,02 81,07 Staphylococcus aureus 74 5,43 86,50 Enterococcus faecalis 28 2,05 88,55 Escherichia coli 23 1,69 90,24 Enterobacter cloacae 18 1,32 91,56 Serratia marcescens 15 1,10 92,66 Burkholderia cepacia 13 0,95 93,62 Outras bactérias 87 6,38 100,00 Total 1.363 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 A primeira amostra de hemocultura positiva na UTIPO foi coletada em 26 de novembro de 2014. O menor número de amostras positivas em relação aos demais CTIs se dá em parte pelo menor tempo de funcionamento da unidade. Tabela 4 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Unidade de Terapia Intensiva Pós-Operatória peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 57 44,88 44,88 Klebsiella pneumoniae 14 11,02 55,91 Pseudomonas aeruginosa 13 10,24 66,14 Enterobacter cloacae 7 5,51 71,65 Acinetobacter baumannii 6 4,72 76,38 Enterococcus faecalis 3 2,36 78,74 Mammaliicoccus lentus 3 2,36 81,10 Serratia marcescens 3 2,36 83,46 Staphylococcus aureus 3 2,36 85,83 Stenotrophomonas maltophilia 3 2,36 88,19 Outras bactérias 15 11,81 100,00 Total 127 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 32 5.2.2 Unidade de Emergência As tabelas 5 e 6 mostram, respectivamente, os agentes mais frequentes nas amostras da Enfermaria de Cĺınica Médica da UE e da Sala de Urgência da Cĺınica Médica da UE. Tabela 5 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Enfermaria de Cĺınica Médica (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 747 60,29 60,29 Acinetobacter baumannii 91 7,34 67,64 Staphylococcus aureus 83 6,70 74,33 Klebsiella pneumoniae 60 4,84 79,18 Pseudomonas aeruginosa 44 3,55 82,73 Escherichia coli 42 3,39 86,12 Enterococcus faecalis 25 2,02 88,14 Corynebacterium sp. 20 1,61 89,75 Enterococcus faecium 16 1,29 91,04 Enterobacter cloacae 15 1,21 92,25 Outras bactérias 96 7,75 100,00 Total 1.239 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Tabela 6 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Sala de Urgência da Cĺınica Médica (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 1.023 50,05 50,05 Escherichia coli 226 11,06 61,11 Staphylococcus aureus 210 10,27 71,38 Klebsiella pneumoniae 85 4,16 75,54 Streptococcus pneumoniae 76 3,72 79,26 Pseudomonas aeruginosa 63 3,08 82,34 Acinetobacter baumannii 54 2,64 84,98 Streptococcus agalactiae 26 1,27 86,25 Streptococcus sp. 26 1,27 87,52 Enterobacter cloacae 24 1,17 88,70 Outras bactérias 231 11,30 100,00 Total 2.044 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 É interessante notar a diferença entre os dois setores. A Sala de Urgência recebe pacientes via Regulação Médica, e portanto possui um perfil com maiorincidência de bactérias relacionadas com infecções comunitárias, como a E. coli e o S. pneumoniae, que não aparecem entre os dez mais frequentes na Enfermaria. Caṕıtulo 5. Resultados 33 A enfermaria de Cĺınica Médica, por outro lado, possui pacientes com internação mais prolongada, incluindo pacientes com passagem pelos centros de terapia intensiva. Desse modo, apresenta uma incidência maior de bactérias comumente encontradas em infecções relacionadas à assistência à saúde, como o A. baumannii. A tabela 7 mostra os agentes mais frequentes na enfermaria de cirurgia da Unidade de Emergência. O perfil de bactérias é semelhante, com predomı́nio de Staphylococcus coagulase negativo e Staphylococcus aureus, com uma prevalência maior de enterobactérias em relação aos outros locais. Tabela 7 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Enfermaria de Cirurgia (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 267 50,95 50,95 Staphylococcus aureus 45 8,59 59,54 Klebsiella pneumoniae 35 6,68 66,22 Acinetobacter baumannii 29 5,53 71,76 Escherichia coli 29 5,53 77,29 Pseudomonas aeruginosa 27 5,15 82,44 Enterococcus faecalis 24 4,58 87,02 Enterococcus faecium 8 1,53 88,55 Corynebacterium sp. 6 1,15 89,69 Enterobacter cloacae 6 1,15 90,84 Outras bactérias 48 9,16 100,00 Total 524 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 5.2.3 Pediatria A tabela 8 mostra os agentes mais frequentes nas hemoculturas de pacientes internados na Enfermaria de Pediatria do Campus, que funcionava no sétimo andar do Hospital das Cĺınicas. No final de 2018, esta enfermaria foi transferida para uma nova unidade (HC Criança), portanto os dados podem não refletir o novo cenário pelas novas caracteŕısticas de organização de leitos. As tabelas 9 e 10 mostram os agentes mais frequentes nos CTIs Pediátricos do Campus e UE, respectivamente. Comparativamente, vemos uma diferença no perfil dos bacilos gram-negativos encontrados nas duas unidades. Enquanto no Campus o mais frequente foi a K. pneumoniae, na UE a maior incidência foi do A. baumannii. Caṕıtulo 5. Resultados 34 Tabela 8 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na Enfermaria de Pediatria (Campus) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 238 37,84 37,84 Klebsiella pneumoniae 63 10,02 47,85 Staphylococcus aureus 58 9,22 57,07 Enterococcus faecalis 40 6,36 63,43 Pseudomonas aeruginosa 35 5,56 69,00 Enterobacter cloacae 31 4,93 73,93 Escherichia coli 31 4,93 78,86 Acinetobacter baumannii 21 3,34 82,19 Enterococcus faecium 9 1,43 83,62 Streptococcus mitis 9 1,43 85,06 Outras bactérias 94 14,94 100,00 Total 629 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Tabela 9 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva Pediátrico (Campus) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 168 60,22 60,22 Klebsiella pneumoniae 20 7,17 67,38 Staphylococcus aureus 20 7,17 74,55 Pseudomonas aeruginosa 12 4,30 78,85 Enterococcus faecalis 10 3,58 82,44 Escherichia coli 10 3,58 86,02 Acinetobacter baumannii 8 2,87 88,89 Enterobacter cloacae 5 1,79 90,68 Enterococcus faecium 4 1,43 92,11 Corynebacterium sp. 3 1,08 93,19 Outras bactérias 19 6,81 100,00 Total 279 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 5.2.4 UETDI A UETDI (Unidade Especial de Terapia de Doenças Infecciosas) é um setor do hospital dedicado ao tratamento de doenças infecto-contagiosas, sendo referência no tratamento da infecção pelo HIV. Os agentes mais frequentes em hemoculturas de pacientes internados na UETDI são mostrados na tabela 11. Destacamos a presença de Salmmonella, que não foi um dos agentes mais frequentes nas demais unidades. Caṕıtulo 5. Resultados 35 Tabela 10 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura no Centro de Terapia Intensiva Pediátrico (UE) peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 86 60,99 60,99 Staphylococcus aureus 11 7,80 68,79 Acinetobacter baumannii 9 6,38 75,18 Escherichia coli 5 3,55 78,72 Enterobacter cloacae 4 2,84 81,56 Klebsiella pneumoniae 4 2,84 84,40 Pseudomonas aeruginosa 4 2,84 87,23 Streptococcus pneumoniae 4 2,84 90,07 Enterococcus faecalis 3 2,13 92,20 Streptococcus pyogenes 2 1,42 93,62 Outras bactérias 9 6,38 100,00 Total 141 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Tabela 11 – Bactérias mais frequentes em amostras de hemocultura na UETDI peŕıodo de 2009 a 2018 Espécie Isolados Porcentagem Acumulado (%) Staphylococcus coagulase negativo 57 37,75 37,75 Staphylococcus aureus 14 9,27 47,02 Escherichia coli 12 7,95 54,97 Klebsiella pneumoniae 12 7,95 62,91 Acinetobacter baumannii 8 5,30 68,21 Pseudomonas aeruginosa 8 5,30 73,51 Streptococcus pneumoniae 8 5,30 78,81 Salmonella sp. 7 4,64 83,44 Salmonella enterica 4 2,65 86,09 Enterococcus faecium 3 1,99 88,08 Outras bactérias 18 11,92 100,00 Total 151 100,00 100,00 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 36 5.3 Resultados por agente Abaixo, apresentamos os achados de incidência e evolução de perfil de resistência das bactérias mais frequentemente encontradas nas amostras de hemocultura no hospital. Dentre os estafilococos coagulase-negativos, selecionamos apenas o S. epidermidis por ter sido o mais frequente nesta classe. 5.3.1 Acinetobacter baumannii Resultados No nosso serviço, encontramos 837 amostras de hemoculturas em que houve cresci- mento de bactérias do complexo Acinetobacter baumannii, o que corresponde a 4,73% do total de amostras positivas. Distribuição espacial A tabela 12 mostra a distribuição espacial das amostras de A. baumannii no complexo HCRP. Destaca-se a alta prevalência deste agente nos Centros de Terapia Intensiva, com 122 amostras no CTI da Unidade de Emergência e 100 na unidade do Campus. Juntos, são responsáveis por 26,53% dos isolados. Além do CTI, destaca-se a alta prevalência deste agente no serviço de Cĺınica Médica. A Enfermaria de Cĺınica Médica da UE é um dos destinos após a alta dos pacientes da terapia intensiva, portanto é plauśıvel que esta alta prevalência represente uma colonização anterior na passagem destes pacientes. Perfil de resistência Dentre as bactérias analisadas, o A. baumannii apresenta os maiores ı́ndices de resistência aos antimicrobianos, de maneira consistente com o que é relatado na literatura. Destaca-se a evolução da resistência ao Meropenem, carbapenêmico amplamente utilizado em infecções associadas à assistência à saúde. Em 2009, 64,04% das amostras Caṕıtulo 5. Resultados 37 T ab el a 12 – D is tr ib u iç ão d as am os tr as p os it iv as p ar a b ac té ri as d o co m p le x o A ci n et ob ac te r ba u m an n ii , d e ac or d o co m a cĺ ın ic a so li ci ta n te . C ĺı n ic a so li ci ta n te A m o st ra s p o si ti v a s P o rc e n ta g e m d o to ta l T o ta l d e a m o st ra s d o lo ca l In ci d ê n ci a lo ca l (p o r 1 0 0 0 a m o st ra s) C T I (U E ) 12 2 14 ,5 8 1. 36 3 89 ,5 1 C T I (C am p u s) 10 0 11 ,9 5 87 4 11 4, 42 E n fe rm ar ia d e C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 91 10 ,8 7 1. 23 9 73 ,4 5 S al a d e U rg ên ci a - C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 54 6, 45 2. 06 5 26 ,1 5 E n fe rm ar ia d e C ir u rg ia (U E ) 29 3, 46 52 4 55 ,3 4 H em at ol og ia (C am p u s) 24 2, 87 52 4 45 ,8 0 N eu ro lo gi a - Is ol am en to (U E ) 22 2, 63 21 3 10 3, 29 E n fe rm ar ia d e P ed ia tr ia (C am p u s) 21 2, 51 62 9 33 ,3 9 E n fe rm ar ia d e C li n ic a M éd ic a (C am p u s) 20 2, 39 53 1 37 ,6 6 G as tr o ci ru rg ia (C am p u s) 20 2, 3945 0 44 ,4 4 N ef ro lo gi a (C am p u s) 19 2, 27 50 1 37 ,9 2 M ol és ti as In fe cc io sa s (C am p u s) 18 2, 15 30 5 59 ,0 2 D er m at ol og ia (C am p u s) 14 1, 67 17 1 81 ,8 7 N eu ro lo gi a - E n fe rm ar ia (U E ) 14 1, 67 41 7 33 ,5 7 U n id ad e d e T ra n sp la n te d e F́ ıg ad o (C am p u s) 12 1, 43 22 6 53 ,1 0 O rt op ed ia (C am p u s) 11 1, 31 14 0 78 ,5 7 B er çá ri o (7 º an d ar - C am p u s) 10 1, 19 69 2 14 ,4 5 G as tr o en te ro lo gi a (C am p u s) 10 1, 19 23 0 43 ,4 8 N eu ro lo gi a - S em i- in te n si vo (U E ) 10 1, 19 15 9 62 ,8 9 O rt op ed ia (U E ) 10 1, 19 12 7 78 ,7 4 O u tr os lo ca is 20 6 24 ,6 1 6. 31 8 32 ,6 1 T o ta l 8 3 7 1 0 0 ,0 0 1 7 .6 9 8 4 7 ,2 9 F on te – M a te u s R en n ó d e C a m p o s, 2 0 2 2 Caṕıtulo 5. Resultados 38 apresentavam sensibilidade a este antibiótico. Em 2018, apenas 24% das amostras eram senśıveis ao fármaco. Também é importante ressaltar que até 2017 não foram detectados casos de re- sistência à Colistina (Polimixina E), opção terapêutica nos casos de resistência a carba- penêmicos. Já em 2018, dois pacientes apresentaram cultura positiva para A. baumannii resistente à Colistina. Entretanto, a metodologia utilizada para o antibiograma não é total- mente adequada para avaliar resistência à Colistina, podendo apresentar falsa resistência. Uso prévio de antibióticos Para cada paciente com hemocultura positiva para A. baumannii, avaliamos o número de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da respectiva hemocultura. A tabela 13 mostra o número médio de antibióticos utilizados, divididos de acordo com a sensibilidade ou resistência a cada um dos antibióticos testados para o agente. Os dados mostram que pacientes que apresentavam resistência aos antibióticos ha- viam utilizado em média um número maior de antibióticos em relação aos que apresentavam sensibilidade. Tabela 13 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico Antibiótico Senśıvel Resistente P-valor Ampicilina/sulbactam 2,85 (2,59 - 3,11) 4,33 (4,04 - 4,61) < 0,01 Meropenem 2,77 (2,51 - 3,03) 4,37 (4,13 - 4,6) < 0,01 Cefepime 2,53 (2,18 - 2,87) 4,05 (3,85 - 4,25) < 0,01 Amicacina 3,39 (3,14 - 3,64) 4,16 (3,86 - 4,46) < 0,01 Gentamicina 3,46 (3,22 - 3,7) 4,08 (3,79 - 4,38) < 0,01 Colistina 4,02 (3,79 - 4,25) 9,5 (-22,27 - 41,27) 0,27 Ciprofloxacina 2,61 (2,27 - 2,96) 4,07 (3,86 - 4,27) < 0,01 Ceftazidima 2,51 (2,12 - 2,89) 4,06 (3,86 - 4,27) < 0,01 Tigeciclina 4,04 (3,76 - 4,33) 4,25 (3,07 - 5,43) 0,72 Piperacilina/tazobactam 2,38 (1,91 - 2,84) 4,11 (3,78 - 4,44) < 0,01 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 39 Figura 1 – Evolução da sensibilidade do Acinetobacter baumannii aos antimicrobianos. n=61 n=29 n=75 n=28 n=45 n=19 n=49 n=16 n=74 n=30 n=46 n=50 n=55 n=30 n=37 n=58 n=41 n=35 n=26 n=24 n=21 n=67 n=17 n=86 n=14 n=58 n=15 n=54 n=17 n=85 n=15 n=81 n=25 n=59 n=20 n=75 n=12 n=61 n=13 n=36 n=27 n=63 n=18 n=84 n=15 n=60 n=15 n=56 n=19 n=84 n=15 n=81 n=26 n=59 n=21 n=74 n=13 n=63 n=12 n=38 n=47 n=43 n=46 n=57 n=38 n=36 n=44 n=27 n=50 n=53 n=61 n=32 n=59 n=26 n=66 n=29 n=58 n=18 n=34 n=16 n=27 n=40 n=19 n=74 n=8 n=22 n=4 n=11 n=5 n=22 n=9 n=16 n=7 n=30 n=7 n=35 n=5 n=24 n=57 n=31 n=53 n=47 n=40 n=35 n=37 n=33 n=60 n=44 n=61 n=35 n=61 n=23 n=51 n=44 n=32 n=41 n=21 n=29 n=22 n=67 n=17 n=86 n=15 n=60 n=15 n=55 n=16 n=87 n=16 n=80 n=24 n=61 n=19 n=76 n=13 n=63 n=10 n=40 n=46 n=0 n=26 n=0 n=45 n=0 n=89 n=0 n=91 n=0 n=79 n=0 n=94 n=0 n=65 n=0 n=44 n=2 n=57 n=32 n=51 n=52 n=34 n=34 n=29 n=40 n=30 n=73 n=23 n=73 n=29 n=56 n=23 n=72 n=14 n=62 n=12 n=38 n=41 n=0 n=50 n=3 n=26 n=2 n=27 n=4 n=50 n=2 n=40 n=4 n=44 n=0 n=64 n=2 n=44 n=0 n=36 n=0 Piperacilina/tazobactam Tigeciclina Gentamicina Meropenem Ciprofloxacina Colistina Ceftazidima Cefepime Amicacina Ampicilina/sulbactam 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Ano P ro po rç ão d e am os tr as Interpretação Sensível + Intermediário Resistente Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 40 5.3.2 Enterococcus faecalis Resultados No nosso serviço, encontramos 422 amostras de hemoculturas em que houve cresci- mento de Enterococcus faecalis, o que corresponde a 2,38% do total de amostras positivas. Distribuição espacial A tabela 15 mostra a distribuição espacial das amostras positivas para E. faecalis no complexo HCRP. Assim como o A. baumannii, a maioria das amostras foram isoladas nos Centros de Terapia Intensiva (Campus e UE) ou nas enfermarias de Cĺınica Médica. Entretanto, destaca-se a maior prevalência na enfermaria de Pediatria (40 amostras, 9,48% do total, com uma densidade de incidência de 63,59 / 1000 hemoculturas positivas na unidade) e nos Berçários (33 amostras, 7,82% do total). Perfil de resistência A figura 2 mostra a evolução do perfil de resistência do E. faecalis aos diversos antibióticos. Podemos perceber que este agente mantém um bom perfil de sensibilidade, com exceção do ciprofloxacino (resistência de 39,1% em 2018). A prevalência de E. faecalis resistente à vancomicina foi baixa no peŕıodo estudado. Uso prévio de antibióticos Para cada paciente com hemocultura positiva para E. faecalis, avaliamos o número de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da respectiva hemocultura. A tabela 14 mostra o número médio de antibióticos utilizados, divididos de acordo com a sensibilidade ou resistência a cada um dos antibióticos testados para o agente. Para os antibióticos avaliados, não houve diferença estatisticamente significativa entre o número de antibióticos utilizados pelos pacientes com E. faecalis resistente ou Caṕıtulo 5. Resultados 41 senśıvel aos antibióticos testados. Não foi avaliada a linezolida devido à ausência de amostras resistentes a este fármaco. Figura 2 – Evolução da sensibilidade do Enterococcus faecalis aos antimicrobianos. n=28 n=3 n=26 n=7 n=44 n=4 n=41 n=0 n=44 n=2 n=44 n=12 n=37 n=24 n=47 n=8 n=30 n=1 n=23 n=1 n=18 n=1 n=19 n=5 n=20 n=3 n=19 n=10 n=29 n=14 n=32 n=10 n=34 n=16 n=21 n=8 n=14 n=9 n=21 n=0 n=23 n=0 n=26 n=3 n=23 n=0 n=26 n=3 n=35 n=6 n=41 n=1 n=33 n=1 n=17 n=2 n=14 n=1 n=28 n=4 n=26 n=7 n=36 n=13 n=34 n=7 n=36 n=10 n=44 n=12 n=38 n=24 n=47 n=8 n=30 n=1 n=20 n=4 n=32 n=0 n=30 n=0 n=47 n=0 n=40 n=0 n=46 n=0 n=56 n=0 n=59 n=0 n=54 n=0 n=31 n=0 n=21 n=0 n=32 n=0 n=33 n=0 n=44 n=5 n=39 n=2 n=41 n=5 n=50 n=6 n=60 n=2 n=54 n=1 n=29 n=2 n=23 n=1 Teicoplanina Vancomicina Ciprofloxacina Linezolida Ampicilina Benzilpenicilina 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Ano P ro po rç ão d e am os tr as Interpretação Sensível + Intermediário Resistente Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Tabela 14 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocul- tura positiva para E. faecalis, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico Antibiótico Senśıvel Resistente P-valor PenicilinaG 2,88 (2,56 - 3,19) 3,2 (2,63 - 3,77) 0,32 Ampicilina 2,92 (2,62 - 3,23) 3 (2,31 - 3,69) 0,84 Vancomicina 2,88 (2,6 - 3,17) 4,11 (2,76 - 5,46) 0,08 Ciprofloxacina 3,21 (2,79 - 3,63) 3,08 (2,45 - 3,71) 0,73 Teicoplanina 3,19 (2,82 - 3,55) 3,55 (1,52 - 5,57) 0,71 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 42 T ab el a 15 – D is tr ib u iç ão d as am os tr as p os it iv as p ar a E n te ro co cc u s fa ec al is , d e ac or d o co m a cĺ ın ic a so li ci ta n te . C ĺı n ic a so li ci ta n te A m o st ra s p o si ti v a s P o rc e n ta g e m d o to ta l T o ta l d e a m o st ra s d o lo ca l In ci d ê n ci a lo ca l (p o r 1 0 0 0 a m o st ra s) E n fe rm ar ia d e P ed ia tr ia (C am p u s) 40 9, 48 62 9 63 ,5 9 C T I (U E ) 28 6, 64 1. 36 3 20 ,5 4 E n fe rm ar ia d e C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 25 5, 92 1. 23 9 20 ,1 8 S al a d e U rg ên ci a - C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 25 5, 92 2. 06 5 12 ,1 1 E n fe rm ar ia d e C ir u rg ia (U E ) 24 5, 69 52 4 45 ,8 0 C T I (C am p u s) 22 5, 21 87 4 25 ,1 7 B er çá ri o (7 º an d ar - C am p u s) 18 4, 27 69 2 26 ,0 1 B er çá ri o (8 º an d ar - C am p u s) 15 3, 55 33 9 44 ,2 5 N ef ro lo gi a (C am p u s) 15 3, 55 50 1 29 ,9 4 E n fe rm ar ia d e C li n ic a M éd ic a (C am p u s) 14 3, 32 53 1 26 ,3 7 U n id ad e d e T ra n sp la n te d e F́ ıg ad o (C am p u s) 13 3, 08 22 6 57 ,5 2 G as tr o ci ru rg ia (C am p u s) 11 2, 61 45 0 24 ,4 4 C T I P ed iá tr ic o (C am p u s) 10 2, 37 27 9 35 ,8 4 G as tr o en te ro lo gi a (C am p u s) 9 2, 13 23 0 39 ,1 3 A m b u la tó ri o (C am p u s) 8 1, 90 25 2 31 ,7 5 N u tr ol og ia (C am p u s) 8 1, 90 19 6 40 ,8 2 O n co lo gi a (C am p u s) 8 1, 90 14 4 55 ,5 6 S al a d e U rg ên ci a - C ir u rg ia (U E ) 8 1, 90 22 7 35 ,2 4 S al a d e U rg ên ci a - N eu ro lo gi a (U E ) 7 1, 66 37 0 18 ,9 2 E n fe rm ar ia d e P ed ia tr ia (U E ) 6 1, 42 16 3 36 ,8 1 O u tr os lo ca is 10 8 25 ,5 9 6. 40 4 16 ,8 6 T o ta l 4 2 2 1 0 0 ,0 0 1 7 .6 9 8 2 3 ,8 4 F on te – M a te u s R en n ó d e C a m p o s, 2 0 2 2 Caṕıtulo 5. Resultados 43 5.3.3 Escherichia coli Resultados Foram isoladas 1189 amostras de hemocultura positivas para Escherichia coli durante o peŕıodo avaliado, considerando apenas a primeira amostra do agente por paciente no intervalo de 12 meses. Distribuição espacial A tabela 16 mostra a distribuição espacial das amostras positivas para E. coli. O local de maior incidência deste agente foi a Sala de Urgência da Cĺınica Médica, na Unidade de Emergência, provavelmente por ser a E. coli um patógeno muito frequente na comunidade. Esta alta incidência refletiria a quantidade de pacientes que chegam à UE com quadros infecciosos adquiridos fora do hospital. Além disso, destaca-se que o segundo local de maior incidência foi a enfermaria de Hematologia, provavelmente pela ocorrência de translocação bacteriana pela mucosa intestinal nos pacientes neutropênicos. Perfil de resistência Vemos na figura 3 o perfil de resistência da E. coli aos antimicrobianos. Podemos ressaltar o aumento gradual da resistência a diversos agentes, como cefalosporinas e quinolonas. Destaca-se que a resistência às cefalosporinas ocorre de maneira combinada entre as diversas gerações, incluindo o cefepime (4ª geração). Provavelmente isto se dá pelo aumento de cepas produtoras de beta-lactamase de espectro estendido (ESBL - Extended Spectrum Beta-Lactamase). Durante o peŕıodo estudado, foram identificadas apenas 5 amostras com resistência a carbapenêmicos, uma incidência de 0,41%. Caṕıtulo 5. Resultados 44 T ab el a 16 – D is tr ib u iç ão d as am os tr as p os it iv as p ar a E sc he ri ch ia co li , d e ac or d o co m a cĺ ın ic a so li ci ta n te . C ĺı n ic a so li ci ta n te A m o st ra s p o si ti v a s P o rc e n ta g e m d o to ta l T o ta l d e a m o st ra s d o lo ca l In ci d ê n ci a lo ca l (p o r 1 0 0 0 a m o st ra s) S al a d e U rg ên ci a - C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 22 8 19 ,1 8 2. 06 5 11 0, 41 H em at ol og ia (C am p u s) 75 6, 31 52 4 14 3, 13 G as tr o ci ru rg ia (C am p u s) 51 4, 29 45 0 11 3, 33 E n fe rm ar ia d e C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 42 3, 53 1. 23 9 33 ,9 0 S al a d e U rg ên ci a - C ir u rg ia (U E ) 42 3, 53 22 7 18 5, 02 U n id ad e d e T ra n sp la n te d e F́ ıg ad o (C am p u s) 37 3, 11 22 6 16 3, 72 A m b u la tó ri o (C am p u s) 36 3, 03 25 2 14 2, 86 N ef ro lo gi a (C am p u s) 34 2, 86 50 1 67 ,8 6 T ra n sp la n te d e M ed u la Ó ss ea (C am p u s) 32 2, 69 24 7 12 9, 55 E n fe rm ar ia d e C li n ic a M éd ic a (C am p u s) 31 2, 61 53 1 58 ,3 8 E n fe rm ar ia d e P ed ia tr ia (C am p u s) 31 2, 61 62 9 49 ,2 8 E n fe rm ar ia d e C ir u rg ia (U E ) 29 2, 44 52 4 55 ,3 4 G as tr o en te ro lo gi a (C am p u s) 28 2, 35 23 0 12 1, 74 M ol és ti as In fe cc io sa s (C am p u s) 24 2, 02 30 5 78 ,6 9 B er çá ri o (7 º an d ar - C am p u s) 23 1, 93 69 2 33 ,2 4 C T I (U E ) 23 1, 93 13 63 16 ,8 7 C T I (C am p u s) 20 1, 68 87 4 22 ,8 8 G in ec ol og ia (U E ) 19 1, 60 10 2 18 6, 27 O n co lo gi a (C am p u s) 19 1, 60 14 4 13 1, 94 S al a d e U rg ên ci a - N eu ro lo gi a (U E ) 18 1, 51 37 0 48 ,6 5 O u tr os lo ca is 34 7 29 ,1 8 6. 20 3 55 ,9 4 T o ta l 1 .1 8 9 1 0 0 ,0 0 1 7 .6 9 8 6 7 ,1 8 F on te – M a te u s R en n ó d e C a m p o s, 2 0 2 2 Caṕıtulo 5. Resultados 45 Figura 3 – Evolução da sensibilidade da Escherichia coli aos antimicrobianos. n=107 n=1 n=118 n=2 n=150 n=1 n=112 n=1 n=111 n=1 n=130 n=0 n=133 n=1 n=141 n=1 n=126 n=1 n=79 n=2 n=70 n=17 n=85 n=33 n=107 n=42 n=83 n=27 n=66 n=46 n=74 n=54 n=75 n=54 n=84 n=55 n=62 n=49 n=31 n=43 n=98 n=10 n=106 n=15 n=126 n=25 n=101 n=12 n=89 n=23 n=103 n=27 n=95 n=39 n=95 n=47 n=78 n=49 n=43 n=38 n=100 n=7 n=108 n=13 n=131 n=20 n=102 n=11 n=85 n=26 n=105 n=25 n=97 n=37 n=115 n=27 n=93 n=34 n=57 n=23 n=68 n=0 n=106 n=8 n=50 n=5 n=22 n=2 n=66 n=5 n=71 n=3 n=79 n=6 n=79 n=6 n=43 n=5 n=39 n=68 n=40 n=81 n=57 n=94 n=44 n=69 n=33 n=78 n=42 n=88 n=36 n=98 n=39 n=102 n=37 n=88 n=15 n=66 n=97 n=10 n=59 n=8 n=63 n=14 n=60 n=11 n=68 n=20 n=102 n=28 n=94 n=40 n=92 n=50 n=77 n=49 n=42 n=38 n=86 n=22 n=85 n=36 n=111 n=40 n=84 n=29 n=77 n=34 n=81 n=49 n=82 n=52 n=78 n=64 n=69 n=58 n=40 n=41 n=107 n=0 n=120 n=1 n=151 n=0 n=113 n=0 n=110 n=2 n=130 n=0 n=133 n=0 n=141 n=1 n=126 n=1 n=81 n=0 n=14 n=0 n=58 n=0 n=77 n=0 n=71 n=0 n=68 n=0 n=74 n=0 n=77 n=0 n=87 n=0 n=86 n=0 n=58 n=0 Piperacilina/tazobactam Tigeciclina Gentamicina Meropenem Cefepime Ciprofloxacina Ampicilina/sulbactam Ceftriaxona Amicacina Ampicilina 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Ano P ro po rç ão d e am os tr as Interpretação Sensível + Intermediário Resistente Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 46 Uso prévio de antibióticos Para cada paciente com hemocultura positiva para E. coli, avaliamos o número de antibióticos utilizadosnos 90 dias anteriores à coleta da respectiva hemocultura. A tabela 17 mostra o número médio de antibióticos utilizados, divididos de acordo com a sensibilidade ou resistência a cada um dos antibióticos testados para o agente. Os dados mostram que pacientes que apresentavam resistência aos antibióticos ha- viam utilizado em média um número maior de antibióticos em relação aos que apresentavam sensibilidade. Tabela 17 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para E. coli, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico Antibiótico Senśıvel Resistente P-valor Amicacina 1,78 (1,63 - 1,92) 3,25 (0,81 - 5,69) 0,2 Ampicilina 1,02 (0,84 - 1,2) 2,18 (1,99 - 2,38) < 0,01 Cefepime 1,45 (1,3 - 1,59) 3,04 (2,67 - 3,41) < 0,01 Ceftazidima 1,52 (1,36 - 1,68) 3,21 (2,81 - 3,61) < 0,01 Ceftriaxona 1,53 (1,36 - 1,69) 3,14 (2,75 - 3,53) < 0,01 Ciprofloxacina 1,4 (1,25 - 1,56) 2,58 (2,29 - 2,87) < 0,01 Gentamicina 1,62 (1,47 - 1,77) 2,62 (2,2 - 3,05) < 0,01 Meropenem 1,78 (1,64 - 1,92) 8 (5,09 - 10,91) < 0,01 Piperacilina/tazobactam 1,83 (1,62 - 2,04) 4,3 (3,29 - 5,32) < 0,01 Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 47 5.3.4 Klebsiella pneumoniae Resultados Foram analisadas 1332 amostras de hemocultura positivas para Klebsiella pneumo- niae. Distribuição espacial A K. pneumoniae foi mais frequentemente isolada em amostras de pacientes no CTI da Unidade de Emergência, na Sala de Urgência da Cĺınica Médica, na Hematologia e na Gastrocirurgia. Apesar da SU receber pacientes provenientes da comunidade, como no caso das infecções por E. coli, também é a porta de entrada para muitos pacientes acompanhados no HCRP, frequentemente onco-hematológicos e colonizados por outras bactérias. Esta alta incidência provavelmente reflete o grande número de infecções nesta população. Perfil de resistência A resistência da K. pneumoniae se manteve relativamente estável no peŕıodo analisado. Como esperado, não apresentou sensibilidade à ampicilina, por ser um agente intrinsecamente resistente às penicilinas. A resistência às cefalosporinas foi superior a 50%, tornando este antimicrobiano uma escolha ineficaz no tratamento emṕırico deste agente. É de se ressaltar a prevalência não despreźıvel de K. pneumoniae resistente a carbapenêmicos, de 27,3% em 2008. Uso prévio de antibióticos Para cada paciente com hemocultura positiva para K. pneumoniae, avaliamos o número de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da respectiva hemocultura. A tabela 19 mostra o número médio de antibióticos utilizados, divididos de acordo com a sensibilidade ou resistência a cada um dos antibióticos testados para o agente. Não foi avaliada a ampicilina pois todos os isolados eram resistentes a este fármaco. Caṕıtulo 5. Resultados 48 T ab el a 18 – D is tr ib u iç ão d as am os tr as p os it iv as p ar a K le bs ie ll a pn eu m on ia e, d e ac or d o co m a cĺ ın ic a so li ci ta n te . C ĺı n ic a so li ci ta n te A m o st ra s p o si ti v a s P o rc e n ta g e m d o to ta l T o ta l d e a m o st ra s d o lo ca l In ci d ê n ci a lo ca l (p o r 1 0 0 0 a m o st ra s) C T I (U E ) 10 4 7, 81 1. 36 3 76 ,3 0 H em at ol og ia (C am p u s) 88 6, 61 52 4 16 7, 94 S al a d e U rg ên ci a - C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 85 6, 38 2. 06 5 41 ,1 6 C T I (C am p u s) 84 6, 31 87 4 96 ,1 1 G as tr o ci ru rg ia (C am p u s) 84 6, 31 45 0 18 6, 67 E n fe rm ar ia d e P ed ia tr ia (C am p u s) 63 4, 73 62 9 10 0, 16 E n fe rm ar ia d e C ĺı n ic a M éd ic a (U E ) 60 4, 50 1. 23 9 48 ,4 3 E n fe rm ar ia d e C li n ic a M éd ic a (C am p u s) 57 4, 28 53 1 10 7, 34 N ef ro lo gi a (C am p u s) 54 4, 05 50 1 10 7, 78 B er çá ri o (7 º an d ar - C am p u s) 49 3, 68 69 2 70 ,8 1 E n fe rm ar ia d e C ir u rg ia (U E ) 35 2, 63 52 4 66 ,7 9 U n id ad e d e T ra n sp la n te d e F́ ıg ad o (C am p u s) 34 2, 55 22 6 15 0, 44 T ra n sp la n te d e M ed u la Ó ss ea (C am p u s) 33 2, 48 24 7 13 3, 60 P ro ct ol og ia (C am p u s) 25 1, 88 13 7 18 2, 48 N u tr ol og ia (C am p u s) 23 1, 73 19 6 11 7, 35 M ol és ti as In fe cc io sa s (C am p u s) 21 1, 58 30 5 68 ,8 5 A m b u la tó ri o (C am p u s) 20 1, 50 25 2 79 ,3 7 C T I P ed iá tr ic o (C am p u s) 20 1, 50 27 9 71 ,6 8 G as tr o en te ro lo gi a (C am p u s) 20 1, 50 23 0 86 ,9 6 S al a d e U rg ên ci a - C ir u rg ia (U E ) 19 1, 43 22 7 83 ,7 0 O u tr os lo ca is 35 4 26 ,5 8 6. 20 7 57 ,0 3 T o ta l 1 .3 3 2 1 0 0 ,0 0 1 7 .6 9 8 7 5 ,2 6 F on te – M a te u s R en n ó d e C a m p o s, 2 0 2 2 Caṕıtulo 5. Resultados 49 Figura 4 – Evolução da sensibilidade da Klebsiella pneumoniae aos antimicrobianos. n=106 n=18 n=180 n=16 n=142 n=10 n=144 n=11 n=111 n=1 n=123 n=4 n=138 n=1 n=138 n=1 n=110 n=3 n=72 n=5 n=47 n=77 n=43 n=81 n=48 n=53 n=32 n=57 n=41 n=48 n=70 n=56 n=63 n=73 n=61 n=78 n=55 n=58 n=31 n=46 n=47 n=77 n=65 n=131 n=58 n=94 n=57 n=98 n=52 n=60 n=70 n=56 n=63 n=76 n=61 n=78 n=55 n=58 n=31 n=46 n=104 n=3 n=98 n=0 n=90 n=6 n=83 n=5 n=92 n=11 n=108 n=6 n=120 n=8 n=74 n=3 n=51 n=3 n=73 n=51 n=106 n=90 n=81 n=71 n=84 n=71 n=77 n=35 n=98 n=29 n=97 n=42 n=101 n=38 n=75 n=38 n=49 n=28 n=59 n=32 n=63 n=123 n=27 n=38 n=11 n=12 n=63 n=27 n=59 n=31 n=59 n=37 n=57 n=27 n=31 n=21 n=0 n=124 n=0 n=196 n=0 n=152 n=0 n=155 n=0 n=112 n=0 n=127 n=0 n=139 n=0 n=139 n=0 n=113 n=0 n=77 n=41 n=64 n=64 n=131 n=52 n=70 n=36 n=83 n=43 n=49 n=56 n=48 n=56 n=67 n=57 n=76 n=45 n=50 n=29 n=45 n=68 n=56 n=97 n=99 n=64 n=88 n=70 n=84 n=70 n=42 n=84 n=42 n=89 n=50 n=76 n=63 n=74 n=39 n=40 n=37 n=71 n=20 n=122 n=71 n=88 n=62 n=88 n=66 n=81 n=30 n=99 n=28 n=106 n=33 n=100 n=39 n=88 n=25 n=56 n=21 n=98 n=26 n=124 n=72 n=90 n=60 n=92 n=63 n=83 n=29 n=102 n=24 n=107 n=32 n=101 n=38 n=88 n=25 n=56 n=21 n=44 n=1 n=114 n=6 n=98 n=4 n=78 n=13 n=69 n=6 n=82 n=8 n=73 n=22 n=78 n=21 n=66 n=10 n=51 n=8 Piperacilina/tazobactam Tigeciclina Gentamicina Meropenem Colistina Ertapenem Cefepime Ciprofloxacina Ceftriaxona Ceftazidima Amicacina Ampicilina 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 20 09 20 10 20 11 20 12 20 13 20 14 20 15 20 16 20 17 20 18 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% 0% 20% 40% 60% 80% 100% Ano P ro po rç ão d e am os tr as Interpretação Sensível + Intermediário Resistente Fonte – Mateus Rennó de Campos, 2022 Caṕıtulo 5. Resultados 50 O uso de antibióticos prévios foi maior entre os pacientes que apresentavam isolados resistentes. Tabela 19 – Média de antibióticos utilizados nos 90 dias anteriores à coleta da hemocultura positiva para K. pneumoniae, de acordo com presença de resistência a cada antibiótico Antibiótico Senśıvel Resistente P-valor Amicacina 3,13 (2,96 - 3,3) 4,58 (3,63 - 5,54) < 0,01 Ceftazidima 2,28 (2,02 - 2,53) 4,02 (3,78 - 4,26) < 0,01 Ceftriaxona 2,39 (2,13 - 2,64) 4,02 (3,77 - 4,27) < 0,01 Ciprofloxacina 2,54 (2,32 - 2,76) 4,06 (3,8 - 4,32) < 0,01 Colistina 3,36 (3,14 - 3,57) 6 (4,79 - 7,21) < 0,01 Ertapenem 2,63 (2,45 - 2,82) 4,93 (4,6 - 5,27) < 0,01 Gentamicina 2,68 (2,49 - 2,88) 4,22 (3,92 - 4,52) < 0,01 Meropenem 2,64 (2,46 - 2,82) 4,91 (4,57 - 5,25) < 0,01 Piperacilina/tazobactam 2,53 (2,26 - 2,8) 4,22 (3,88 - 4,56) < 0,01 Tigeciclina 3,1