Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR ESCOLA DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS Eustáquio Cordeiro dos Santos Glauco Henrique da Silva Lehônidas Santos Souza ANÁLISE DA EFICÁCIA, EFICIÊNCIA E EFETIVIDADE DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA NA PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE VIOLENTA NO ANEL RODOVIÁRIO DE BELO HORIZONTE NO PERÍODO DE 2019 E 2020 Belo Horizonte 2021 Eustáquio Cordeiro dos Santos Glauco Henrique da Silva Lehônidas Santos Souza ANÁLISE DA EFICÁCIA, EFICIÊNCIA E EFETIVIDADE DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA NA PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE VIOLENTA NO ANEL RODOVIÁRIO DE BELO HORIZONTE NO PERÍODO DE 2019 E 2020 Monografia apresentada à Escola de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar como requisito parcial para obtenção do título de Bacharelado em Ciências Militares. Orientador: Fábio Oliveira de Almeida Belo Horizonte 2021 FOLHA DE APROVAÇÃO Eustáquio Cordeiro dos Santos Glauco Henrique da Silva Lehônidas Santos Souza ANÁLISE DA EFICÁCIA, EFICIÊNCIA E EFETIVIDADE DA ATUAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA NA PREVENÇÃO DA CRIMINALIDADE VIOLENTA NO ANEL RODOVIÁRIO DE BELO HORIZONTE NO PERÍODO DE 2019 E 2020 Monografia apresentada para conclusão do Curso de Formação de Oficiais da Escola de Formação de Oficiais da Academia de Polícia Militar de Minas Gerais como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares. Monografia depositada e aprovada em ____ de_____________ de 2021. Banca examinadora: _______________________________________________________________ Ten Cel PM Fábio Oliveira de Almeida (Orientador) ______________________________________________________________ Cel PM Silvio José de Souza Filho (Avaliador) _______________________________________________________________ Maj PM Ricardo L A Gontijo Foureaux (Avaliador) Acima de tudo, agradecemos a Deus por mais esta realização. Dedicamos a nossa família, amigos e a todos que colaboraram durante o desenvolvimento deste trabalho. AGRADECIMENTOS Ao nosso Orientador, pela disponibilidade, por nos guiar neste caminho e tornar possível a execução deste trabalho. Ao nosso professor de Metodologia da Pesquisa Científica, senhor Major Foureaux, pelo brilhantismo e qualidade das aulas ministradas. Às nossas esposas, filhos e filhas pela compreensão da ausência, agradecemos o apoio e incentivo incondicional para o êxito deste trabalho. À Polícia Militar de Minas Gerais, por meio do Batalhão de Polícia Militar Rodoviária pela disponibilização dos dados para a execução da pesquisa. Aos familiares que sempre nos enviam mensagens de incentivo, nosso alicerce para alcançar sucesso nesta empreitada. RESUMO A presente monografia tem como objetivo geral analisar a atuação do policiamento rodoviário no Anel Rodoviário de Belo Horizonte e áreas limítrofes e, também seus efeitos na prevenção à criminalidade violenta. Para isso, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: analisar a relação entre a atuação preventiva do policiamento rodoviário na região de Belo Horizonte e os resultados alcançados nos anos de 2019 e 2020, com foco nos indicadores e metas previstos na Gestão de Desempenho Operacional; identificar os principais impactos do policiamento rodoviário nas Unidades com responsabilidade territorial limítrofes do Anel Rodoviário nos anos de 2019 e 2020; aferir o desempenho global do policiamento rodoviário no Anel Rodoviário de Belo Horizonte nos anos de 2019 e 2020. Tendo como pergunta- problema: A atuação do policiamento rodoviário no Anel Rodoviário de Belo Horizonte contribuiu para a redução criminal na área de atuação e melhoria do desempenho operacional das Unidades com responsabilidade territorial limítrofes? Ela contribuiu também para o cumprimento das metas operacionais da Instituição, conforme indicadores previstos na Gestão do Desempenho Operacional? A presente pesquisa identifica-se como exploratória, pois traduz-se em levantar novas informações a respeito deste tema, haja vista, poucos estudos acerca desta abordagem temática e delineou-se pela seguinte hipótese: Se, a atuação do policiamento rodoviário no Anel Rodoviário de Belo Horizonte pode ter melhorado o desempenho operacional na área de atuação, em unidades limítrofes e, mediante esta atuação pode ter contribuído para o cumprimento das metas estabelecidas na Gestão de Desempenho Operacional. Para a realização de coleta de dados, esta pesquisa utilizou-se de documentação indireta, com utilização de artigos científicos, obras literárias, normas institucionais, além de pesquisa documental em fontes primárias como resoluções, memorandos, instruções e diretrizes da PMMG, além de decretos, leis federais e estaduais. Realizada a análise dos dados, constatou-se que as ações operacionais desempenhadas pelo policiamento rodoviário contribuíram parcialmente para a melhora do desempenho operacional das Unidades. Palavras-chave: Policiamento Rodoviário; Anel Rodoviário; Gestão de Desempenho Operacional. ABSTRACT This monograph has as general objective to analyze the performance of road policing in the Belo Horizonte Ring Road and neighboring areas, and also its effects in preventing violent crime. To this end, the following specific objectives were established: to analyze the relationship between the preventive action of road policing in the Belo Horizonte region and the results achieved in 2019 and 2020, focusing on the indicators and targets provided for in Operational Performance Management; identify the main impacts of road policing on the Units with territorial responsibility bordering the Ring Road in the years 2019 and 2020; to assess the overall performance of road policing on the Belo Horizonte Ring Road in the years 2019 and 2020. Having as a problem question: The role of road policing on the Belo Horizonte Ring Road contributed to the reduction of crime in the area of operation and improvement in performance operating units with bordering territorial responsibility? Did it also contribute to the achievement of the Institution's operational goals, according to indicators provided for in the Operational Performance Management? This research is identified as exploratory, as it translates into raising new information on this topic, as there are few studies on this thematic approach and was outlined by the following hypothesis: If, the role of road policing in the Ring Road of Belo Horizonte may have improved the operational performance in the area of operation, in neighboring units and, through this action, it may have contributed to the fulfillment of the goals established in the Operational Performance Management. To carry out data collection, this research used indirect documentation, using scientific articles, literary works, institutional norms, in addition to documentary research in primary sources such as resolutions, memos, instructions and guidelines of the PMMG, in addition to decrees, federal and state laws. After analyzing the data, it was found that the operational actions performed by road policing partially contributed to the improvement of the operational performance of the Units. Keywords: Road Policing. Ring Road. Operational Performance Management. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Base de Segurança Rodoviária .................................................................. 62 Figura 2 – Operações conjuntas no Anel Rodoviário .................................................. 62 Gráfico 1 – Acidentes com vítima nas rodovias sob responsabilidade do BPMRv no período de janeiro de 2019a dezembro de 2020 ....................................................... 60 Gráfico 2 - Percentual de Crimes Violentos por natureza, somados os anos de 2019 e 2020 .............................................................................................................................. 71 Mapa 1 - Bairros adjacentes ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte .......................... 69 Mapa 2 - Companhias Adjacentes ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte ................ 69 Mapa 3 – Concentração (Mapa de Kernel) dos Crimes violentos nas adjacências ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte no ano de 2019 ................................................... 81 Mapa 4 - Concentração (Mapa de Kernel) dos Crimes violentos nas adjacências ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte no ano de 2020 ................................................... 82 Tabela 1 - Comparativo das teorias administrativas ................................................... 21 Tabela 2 - Diferenças entre Eficiência e Eficácia ........................................................ 35 Tabela 3 - Indicadores monitorados no programa de incentivo à produtividade (PIP) do CPRv, 2021 ............................................................................................................. 54 Tabela 4 - Indicadores de Proatividade Operacional do Policiamento Militar Rodoviário, Minas Gerais 2021 .................................................................................... 55 Tabela 5 – Vilas (aglomerados) nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte ...................................................................................................................................... 57 Tabela 6 – Unidades da PMMG com responsabilidade territorial no entorno do Anel Rodoviário ..................................................................................................................... 58 Tabela 7 - Acidentes com vítima na subárea da 1ª Cia PMRv/ BPMRv nos anos de 2019 e 2020 .................................................................................................................. 60 Tabela 8 - Acidentes com vítima na subárea da 1ª Cia PMRv/ BPMRv nos primeiro semestre dos anos de 2019 e 2020 ............................................................................ 61 Tabela 9 – Total de Crimes violentos nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte e variação entre os períodos .............................. 70 Tabela 10 – Comparativo dos Crimes Violentos por mês nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte .................................................... 72 Tabela 11 - Comparativo das Operações Realizadas pelo BPMRv por mês nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte ................... 72 Tabela 12 - Comparativo dos Crimes Violentos por dia da semana nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte ................................. 73 Tabela 13 - Comparativo das Operações Realizadas pelo BPMRv por dia da semana nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte ... 73 Tabela 14 - Comparativo dos Crimes Violentos por faixa horária nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte .................................... 73 Tabela 15 - Comparativo das Operações Realizadas pelo BPMRv por faixa horária nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte ... 74 Tabela 16 – Variação de Crimes Violentos, por bairro adjacentes ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte, nos anos de 2019 e 2020 ............................................................. 74 Tabela 17 – Variação das operações realizadas pelo BPMRv no Anel Rodoviário, considerando a responsabilidade territorial das Companhias PM/BPM .................... 77 Tabela 18 – Comparativo da Produtividade da 1ª Companhia de Polícia Militar Rodoviária nos anos de 2019 e 2020 .......................................................................... 78 Tabela 19 – Comparativo das prisões realizadas pelo BPMRv no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, por área dos BPM com responsabilidade territorial, nos anos de 2019 e 2020 ........................................................................................................................... 79 Tabela 20 - Comparativo das prisões realizadas pelo BPMRv no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, por subárea das Companhias PM, nos anos de 2019 e 2020 ......... 79 Tabela 21 - Comparativo das prisões realizadas pelo BPMRv no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, por bairros, nos anos de 2019 e 2020 ............................................... 80 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 11 2 A ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES ...................................................... 17 2.1 Conceito ............................................................................................................ 17 2.2 Histórico ............................................................................................................ 18 2.3 Principais teorias ............................................................................................. 20 2.3.1 Escola da Administração Científica .................................................................... 22 2.3.2 Teoria Burocrática ............................................................................................... 23 2.3.3 Teoria Clássica .................................................................................................... 24 2.3.4 Teoria das Relações Humanas .......................................................................... 25 2.3.5 Teoria Estruturalista ............................................................................................ 27 2.3.6 Teoria dos Sistemas ........................................................................................... 27 2.3.7 Teoria Neoclássica .............................................................................................. 28 2.3.8 Teoria do Desenvolvimento Organizacional....................................................... 30 2.3.9 Teoria da Contingência ....................................................................................... 31 2.4 Eficiência ........................................................................................................... 31 2.5 Eficácia .............................................................................................................. 33 2.6 Efetividade ........................................................................................................ 35 2.7 Avaliação nas organizações ........................................................................... 36 3 O PAPEL DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA NA PREVENÇÃO À CRIMINALIDADE VIOLENTA ............................................................................................. 39 3.1 Fundamento Constitucional ........................................................................... 39 3.2 Diretrizes Institucionais com foco na prevenção criminal ......................... 41 3.3 Histórico da Polícia Militar Rodoviária .......................................................... 45 3.3.1 Estratégias de atuação no Policiamento Rodoviário ......................................... 50 3.4 O Anel Rodoviário de Belo Horizonte............................................................ 56 3.5 Principais estratégias da Polícia Militar Rodoviária no Anel Rodoviário de Belo Horizonte ............................................................................................................ 59 4 METODOLOGIA .........................................................................................................63 4.1 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 63 4.1.1 Quanto ao Objetivo ............................................................................................. 63 4.1.2 Segundo o Modelo Conceitual Operativo ........................................................... 64 4.2 Natureza da Pesquisa ....................................................................................... 65 4.3 Método de Abordagem ..................................................................................... 65 4.4 Métodos de Procedimento ............................................................................... 65 4.5 Técnicas de Coletas de Dados ........................................................................ 66 4.5.1 Documentação Indireta ....................................................................................... 66 4.6 Delimitação da pesquisa .................................................................................. 67 4.7 Tratamento estatístico ...................................................................................... 67 5 ANÁLISE DAS INFORMAÇÕES .............................................................................. 68 5.1 Quantitativo de Crimes Violentos por ano, período: 2019 e 2020 .............. 70 5.2 Percentual de Crimes Violentos por natureza, somados os anos de 2019 e 2020 .............................................................................................................................. 70 5.3 Crimes Violentos por mês nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte .......................................................................... 71 5.4 Crimes Violentos por dia da semana nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte .............................................. 72 5.5 Crimes Violentos, por faixa horária, nos anos de 2019 e 2020 nas adjacências do Anel Rodoviário de Belo Horizonte .............................................. 73 5.6 Variação de Crimes Violentos nos bairros adjacentes ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte, nos anos de 2019 e 2020 .......................................................... 74 5.7 Produtividade do BPMRv na subárea da 1ª Cia PM Rv nos anos de 2019 e 2020 .............................................................................................................................. 78 5.7.1 Prisões ................................................................................................................. 79 5.8 Mapas de Kernel ................................................................................................ 81 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 83 REFERÊNCIAS ........................................................................................................... 88 11 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como tema a atuação do policiamento rodoviário na prevenção aos crimes violentos1 no Anel Rodoviário de Belo Horizonte. A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 05 de outubro de 1988, dispõe no Título V, capítulo III, que a segurança pública é responsabilidade de todos, porém, cabe ao Estado a sua obrigação e insere a Polícia Militar como um dos órgãos de Estado aptos a garantir a segurança pública. A Constituição do Estado de Minas Gerais, estabelecida pelo Poder Constituinte Decorrente, ratifica o texto da Carta Maior, bem como amplia as atribuições da Polícia Militar de Minas Gerais ao dispor seu papel de polícia ostensiva de segurança do trânsito urbano e rodoviário. Percebe-se que a milícia de Tiradentes, ao longo de sua bicentenária história, acompanha a evolução da sociedade e, com isso, a sua forma de fazer segurança pública. Nesse diapasão, temos que a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), instituição de vanguarda ao longo da história, vem colhendo bons frutos. Inegavelmente, desde a publicação do seu primeiro Plano Estratégico, em 2004, essa evolução é ainda mais perceptível. Assim, com a edição do Plano Estratégico 2016-2019 (2015), confeccionado no ano de 2015, que contava com 19 (dezenove) objetivos estratégicos, a PMMG deu início a reestruturação organizacional interna, redistribuindo o efetivo das atividades de suporte e realocando parte desse efetivo para prestação de serviços pautados diretamente ao cidadão. 1 MEMORANDO Nº 8.064.1 /2019-ADO/EMPM - Definição do conjunto de naturezas de ocorrências da Diretriz Integrada de Ações e Operações (DIAO) que compõem os Crimes Violentos (CV) no âmbito da PMMG. 12 Os ideais estratégicos do referido ano, mostraram-se bastante oportunos, uma vez que durante sua vigência percebeu-se uma expressiva redução nas taxas de crimes violentos (TCV), tais como homicídio consumado, além da menor TCV desde 2013. Com as estratégias implementadas, a redução das taxas de crimes violentos de forma quantitativa mostrou-se bastante eficaz. Porém, um dos grandes desafios para o atual Plano Estratégico 2020-2023 (2021) é continuar a redução criminal obtida no Plano anterior, bem como traduzir essa redução em aumento sensação de segurança. Com isso, a atuação da Polícia Militar estará alinhada com o cenário prospectivo da nova missão trazida pelo plano. O atual Plano Estratégico (2021) apresenta como visão da corporação, a busca constante de melhoria organizacional, e com isso, diante da essencialidade da segurança pública para a sociedade, táticas foram traçadas para o fortalecimento dos serviços voltados à prevenção e repressão qualificada. Tendo por base seus objetivos e perspectivas para com: sociedade, processos, pessoas, logística, tecnologia e finanças, este planejamento apresenta 12 (doze) objetivos que se subdividem em iniciativas que irão compor o objetivo finalístico. Ademais, tem-se como iniciativa no plano vigente a reestruturação do policiamento rodoviário, o qual tem por objeto a revisão doutrinária, reestruturação logística e a capacitação dos executores do serviço. Esta reestruturação encontra-se intimamente ligada com a inteligência trazida pela Emenda Constitucional 19 (dezenove) que, em 1998, abandona a administração pública burocrática e inaugura a administração Pública Gerencial. Com isso, inseriu- se a eficiência no rol de princípios explícitos da carta magna. O princípio da eficiência tem como premissa a busca do melhor resultado com a utilização de um menor esforço ou recurso possível, seja ele humano ou logístico. Alinhado a esse princípio a Polícia Militar traduz a eficiência na realização do serviço prestado à sociedade com a máxima do fazer mais com menos. 13 Importante ressaltar, que as ações estratégicas para a potencialização de resultados finalísticos, como consta no Plano Estratégico 2020-2023, com ações integradas, visam uma maior proteção das rodovias e podem contribuir para a redução de índices criminais, bem como o aumento da sensação de segurança. Outrossim, tendo por missão a promoção da segurança pública por intermédio do policiamento ostensivo e da garantia da ordem pública, a PMMG ao garantir um ambiente seguro para se viver traz dentre seus objetivos prospectivos, a busca do aumento da sensação de segurança. Por outro lado, na busca de um reconhecimento institucional em gestão e inovação, tem-se como aspiração a prestação de serviços de segurança pública por meio de sustentabilidade e efetividade. Assim, para alcançar e garantir uma excelência na prestação dos serviços, implementou-se a Gestão de Desempenho Operacional (GDO). A Gestão Desempenho Operacional na PMMG, regulamentada pela Diretriz nº 3.01.07/2017-CG em sua3ª edição revisada, baseando-se na Diretriz 8002.2/2020- CG, teve sua gênese a partir da dificuldade dos gestores da instituição em regular de uma maneira clara a pesquisa do fenômeno criminal. Além disso, busca-se também, determinar respostas e ações para o enfrentamento tanto da alta da criminalidade quanto da sensação de insegurança da população. Objetiva-se com esta atualização, a redistribuição das metas institucionais para o ano de 2021, com os indicadores voltados para a atividade-fim até o nível de Unidade de Execução Operacional (UEOP). Nesse sentido, os indicadores têm por objetivo avaliar e averiguar a efetividade das ações implementadas pela PMMG na prevenção e redução da criminalidade, além do aumento da sensação de segurança, bem como a sintonia com as prospecções do Plano Estratégico 2020-2023. A Polícia Militar Rodoviária desde a sua criação, foi instituída pelo Decreto nº 1.831, de março de 1946, vem se reestruturando, seja em sua atuação ou no modo de emprego operacional. Neste contexto, a Polícia Militar Rodoviária possui um papel primordial e tem como missão basilar a garantia e a prevenção da segurança no 14 trânsito para os usuários na via pública, prevenindo acidentes e também atuando na prevenção de crimes. Face a especialidade da atuação da Polícia Militar Rodoviária e as incessantes operações em rodovias, em especial o Anel Rodoviário de Belo Horizonte, este que se encontra inserido na setorização dos batalhões 5º, 13º, 16º, 34º e 41º Batalhão de Polícia Militar (BPM), concentra-se, além de problemas atinentes a trânsito, problemas criminais e sociais. Destarte, definiu-se como objetivo geral deste trabalho: Entender e observar os impactos do policiamento militar rodoviário no desempenho de suas atividades operacionais de prevenção aos crimes violentos na região do Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Os objetivos específicos a serem estudados serão: a) analisar a relação entre a atuação preventiva do Policiamento Rodoviário no Anel Rodoviário de Belo Horizonte e áreas limítrofes e os resultados alcançados nos anos de 2019 e 2020, com foco nos indicadores e metas previstos na Gestão do Desempenho Operacional (GDO); b) identificar os principais impactos do Policiamento Rodoviário nas Unidades com responsabilidade territorial limítrofes do Anel Rodoviário nos anos de 2019 e 2020; c) aferir o desempenho global do Policiamento Rodoviário no Anel Rodoviário de Belo Horizonte nos anos de 2019 e 2020. O Anel Rodoviário Celso de Mello Azevedo é uma via expressa criada nos anos 50 com o intuito de reduzir o tráfego de veículos de carga, como caminhões e carretas, nas vias internas do centro de Belo Horizonte. Iniciando-se da união das rodovias BR- 262 e BR-381, altura dos bairros Goiânia e Nazaré, ambos setores do 16º BPM, porção nordeste de Belo Horizonte e terminando no encontro com a BR-040, bairro Olhos D´água, setor do 5º BPM. Com a extensão de 26,5 km, estima-se que o fluxo diário de veículos seja de 120 (cento e vinte) mil. Nesse sentido, por se tratar de rodovia federal, a atribuição pertence quanto a fiscalização à Polícia Rodoviária Federal (PRF), contudo a Polícia Militar Rodoviária realiza a fiscalização por meio de convênio com a PRF. Assim, os 15 trechos na BR-040 entre os marcos quilométricos 533 ao 544 e na BR-381 entre os marcos 458 a 473, são considerados para fins de autuações e ocorrências pela Polícia Militar Rodoviária por delegação da PRF. O policiamento no Anel Rodoviário se faz importante, porque os problemas não se limitam tão somente em questões relacionadas à trânsito, mas também problemas sociais e criminais, tais como, roubo de veículos, tráfico de drogas, roubo a transeuntes entre outros. Nesse sentido, a ocorrência de crimes violentos no local e nas áreas limítrofes afeta diretamente os índices criminais dos batalhões responsáveis pelo setor. A pesquisa se mostra importante devido a relevância das ações implementadas pelo Batalhão de Polícia Militar Rodoviária, no que se refere ao planejamento e execução de operações policiais ao longo do Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Nesse sentido, o estudo busca mensurar o impacto da atuação da Polícia Militar Rodoviária na redução da criminalidade violenta, tendo como base os indicadores da GDO, nos setores dos batalhões limítrofes da rodovia, a qual poderá servir de laboratório para outras rodovias do estado com características semelhantes. A fim de delimitar geograficamente o tema a ser pesquisado, o estudo se dará nas áreas limítrofes com abrangência de até 1 km da margem da rodovia adentrando a área de responsabilidade territorial dos seguintes batalhões: 5º BPM, 13º BPM, 16º BPM, 34º BPM e 41º BPM totalizando aproximadamente uma extensão de 27 quilômetros. Já em relação à delimitação temporal a pesquisa será realizada analisando os dados estatísticos dos anos de 2019 e 2020. Período este por coincidir com a publicação e vigência do novo plano estratégico da PMMG 2019-2023 que tem como uma de suas iniciativas estratégicas projeto reestruturação do policiamento rodoviário. Trata-se da pergunta-problema, bem como em relação à hipótese: a atuação do Policiamento Rodoviário no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, contribuiu para a redução criminal na área de atuação no Anel Rodoviário e na melhoria do desempenho operacional das Unidades com responsabilidade territorial limítrofes, 16 bem como para o cumprimento das metas operacionais da Instituição, conforme indicadores previstos na Gestão do Desempenho Operacional? Formulou-se como hipótese deste trabalho: se, o policiamento rodoviário contribuiu para a redução criminal no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, bem como na melhoria do desempenho operacional das unidades com responsabilidade territorial limítrofe. Além da introdução, o trabalho é composto por mais 5 (cinco) seções. Na Seção 2, buscou-se o referencial teórico, com foco no histórico e principais teorias de prevenção criminal, bem como teorias da administração com foco nos conceitos de eficiência, eficácia e efetividade. Na Seção 3, realizou-se a revisão e análise das principais diretrizes, conceitos, gestão de desempenho, análise dos indicadores e metas, além da análise criminal quantitativa e qualitativa. Na Seção 4, é exibida a metodologia de pesquisa apresentada, por intermédio do tipo de pesquisa, objeto e delimitação do tema a respeito do estudo, no que tange a atuação e prevenção de crimes em áreas limítrofes ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Na Seção 5, são apresentados os resultados obtidos pela Polícia Militar Rodoviária por intermédio das análises dos números obtidos nos anos referenciais, bem como seus reflexos na redução criminal dos batalhões limítrofes ao Anel Rodoviário de Belo Horizonte. Na Seção 6, buscou-se construir as considerações finais, demonstrando os resultados apresentados no presente trabalho, além de sugestões de atuação para aprimoramento da Polícia Militar Rodoviária visando atingir atividades operacionais desta especializada. Em seguida, são apresentadas as referências. 17 2 A ADMINISTRAÇÃO DAS ORGANIZAÇÕES O presente capítulo realiza o embasamento teórico de maneira sucinta sobre a administração das organizações e as diretrizes implementadas no Programa de Reestruturação da PMMG, que influenciou na implantação da GDO na organização. O estudo sobre a temática já envolveu e mobilizou vários pesquisadores. Isso porque o tema sobre a administração das organizações contempla a área de humanas, que é instigante e complexa. Outro ponto importante é focarmos na necessidade do programa para a realização de uma prestação de serviço cada vez melhor para a sociedade mineira. Ao longo do capítulo, expor-se-á o conceito sobre a Administração das Organizações; conceituar-se-áhistoricamente, ressaltando as principais teorias, eficiência, eficácia e efetividade. Finalizar-se-á com a avaliação nas organizações contemplando as teorias de avaliação de resultados. 2.1 Conceito O conceito de administração para a corporação da Polícia Militar de Minas Gerais é muito mais amplo do que em outros segmentos da sociedade mineira. Conceitua-se Administração para designar autoridade pública, como o governo e/ou autoridade privada, como diretores de uma empresa. Além disso, a Administração refere-se ao funcionamento, à estrutura e ao rendimento das organizações no que diz respeito ao desempenho organizacional dela. Chiavenato (2003, p. 13) reforça esse conceito com a seguinte afirmativa: “A palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e significa aquele que realiza uma função sob o comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro.” A empresa e/ou órgão público é como se fosse uma grande engrenagem para o funcionamento de uma organização. A Administração pública e/ou privada é o processo de tomada de decisão colocando em prática os objetivos traçados pela 18 equipe de pessoas que compõem a organização, além de utilizar os recursos materiais e humanos disponíveis. As palavras-chave mais utilizadas e que definem o conceito de administração são objetivos, decisões e recursos. 2.2 Histórico Buscou-se apresentar neste subitem um breve histórico sobre a importância da Administração Pública no Estado Democrático de Direito a partir de uma pesquisa bibliográfica com os principais teóricos. A Administração Pública como Estado Democrático de Direito surgiu a partir da Revolução Francesa após o fracasso da centralização da administração do território a particulares. Com isso, houve a descentralização da execução da Administração Pública em 1549 através das capitanias hereditárias e da instituição do Governo Geral. As fases da ciência administrativa que podemos observar ao longo da história do Brasil são: Estado Administrativo, Estado para o Desenvolvimento, Estado intervencionista e Estado Regulador. Em 1988, consagrou-se a Constituição Federal do Brasil, que vigora até os dias atuais e que norteia os princípios básicos da atuação da Administração Pública no intuito de garantir o cumprimento de direitos e o bem- estar da sociedade. Dentre os séculos XVIII e XIX, a Administração Pública começou a organizar-se no Brasil. Entretanto, de maneira sutil e embrionária devido ao Estado Absolutista, que centralizava o poder e o desenvolvimento público não era permitido na época. A elaboração normativa baseada nos princípios constitucionais da Administração Pública que é notório nos dias atuais ainda não era possível. Na época que imperava o Estado Absolutista existia apenas algumas poucas obras e regras, nada concreto ou linear, do que seria o início da elaboração dos conceitos atuais sobre direitos constitucionais e administrativos. O Direito Administrativo começou a ganhar forma com o estabelecimento do Estado de Direito, juntamente com o Direito Constitucional e as demais vertentes do Direito Público. Isso porque houve a separação dos poderes do Estado. Além disso, um dos princípios que se constituíram foi o Princípio da Legalidade, visando oferecer mais 19 segurança na garantia dos direitos do povo tanto nas relações particulares quanto nas relações públicas. Nesse contexto, a Administração Pública é vista como aparelhamento do Estado, que se organiza para a realização de seus serviços, buscando atender ao bem comum. Meirelles (1994, p.55) reforça quando afirma que “O estudo da Administração Pública em geral, compreendendo a sua estrutura e as suas atividades, deve partir do conceito de Estado, sobre o qual repousa toda a concepção moderna de organização e funcionamento dos serviços públicos a serem prestados aos administrados”. Entre os anos de 1789 e 1799, ocorreu a chamada Revolução Francesa, que foi marcada pelo término dos privilégios da Aristocracia e pelo término do Antigo Regime. Um dos marcos históricos mais importantes que disseminou a Revolução pela França foi a queda da Bastilha no dia 14 de julho de 1789. Assim, o Estado de Direito consolidou-se a partir da Revolução Francesa, por meio da separação dos três poderes que permitiu o início da delimitação das normas que organizariam a Administração Pública. Visto que se retirou a aplicação do direito privado das relações jurídicas em que o Estado participava. Além disso, há a ampliação do direito administrativo para atividades que anteriormente executadas pelo direito privado, com a mudança na legislação, estenderam-se as atividades visando promover o bem-estar social, principalmente nas áreas como educação, saúde, segurança e cultura. A Teoria das Organizações é uma forma de analisar a Administração por proporcionar estudos sobre a forma como os seres humanos administram os seus recursos (humanos, materiais e não-materiais). Além de examinar como interagem com o meio externo para alcançar os seus objetivos. Percebe-se que a Administração Pública dos dias atuais é fruto de séculos de evoluções conceituais. Destaca-se que o direito administrativo no Brasil, ao longo da sua trajetória, sofreu influência da Alemanha, da França e da Itália na sua formação como um ramo autônomo. Houve distinção da inclinação do direito desses três países. 20 A França influenciou a estruturação do direito administrativo brasileiro. Já a elaboração científica do direito administrativo como ciência sob a responsabilidade do direito alemão. E a contribuição da Itália foi na elaboração sistemática da administração do direito administrativo no Brasil. Conclui-se que a Administração Pública Brasileira se desenvolveu como ciência administrativa atravessando quatro fases. Apesar da Polícia Militar de Minas Gerais estar presente nos oitocentos e cinquenta e três municípios do Estado de Minas Gerais, as pessoas que compõem essa corporação buscam alinhar o trabalho de Administração Pública em todo o Estado. Nos últimos anos a PMMG visou aprimorar as ferramentas de administração institucionais, procurando novas estratégias e processos de gestão operacional focando na melhoria da prestação de serviço de segurança pública diante de uma sociedade cada vez mais exigente. 2.3 Principais teorias O estudo da administração pública é de suma importância para o sucesso de uma organização. Compreender os fundamentos e os conceitos mais modernos que envolvem a administração são decisivos para o cumprimento da nossa missão institucional de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública. Até o início do século XX, a administração evoluiu de forma muito lenta. Somente após a Revolução Industrial, com uma maior modernização da sociedade, é que o pensamento administrativo evoluiu consideravelmente, na tentativa de se adaptarem às grandes mudanças ocorridas nas organizações decorrentes dessas transformações. Ressalta-se que Administração Pública é todo e qualquer aparelhamento do Estado, que esteja direcionado para a realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades coletivas. Sendo assim, se faz necessário que as organizações evoluam e se atualizem constantemente para promover serviços com qualidade, 21 eficiência, eficácia e efetividade. Essa sistematização originou as chamadas teorias organizacionais ou teorias administrativas. Os fundamentos das Teorias da administração são baseados em alguns fatores como nas tarefas, estrutura, pessoas, tecnologia, ambientes e competitividade. Cada uma dessas cinco variáveis – tarefas, estrutura, pessoas, ambiente e tecnologia – provocou a seu tempo uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo no desenvolvimento da TGA. Cada teoria administrativaprivilegia ou enfatiza uma ou mais dessas cinco variáveis, omitindo ou relegando a segundo plano todas as demais. (CHIAVENATO, 2000, p. 5). Faz-se importante uma retrospectiva histórica, uma vez que, a Administração recebeu enorme influência da Filosofia desde a Antiguidade. No séc. XVII, Descartes já negava que todo saber fosse baseado em costumes e crenças, afirmando que esses deviam ser substituídos pelo racional, no qual trata o ordenamento dos pensamentos, dos mais fáceis e simples para os mais difíceis e complexos. E no séc. XVIII, o Racionalismo passou a ser aplicado às ciências naturais e sociais, porém o trabalho ainda não abandonara as antigas técnicas para adotar “a racionalização da organização e execução do trabalho”. (MOTTA; VASCONCELOS, 2002, p. 32). A Tabela 1 apresenta as principais teorias administrativas, com destaque para os seus principais enfoques. Tabela 1 - Comparativo das teorias administrativas Continua Teoria Ênfase Comportamento Administração científica Nas tarefas Ser isolado Teoria clássica Nas tarefas e na estrutura organizacional Ser isolado que reage como indivíduo Teoria das relações humanas Nas pessoas Ser social que reage como membro de um grupo social Teoria neoclássica No ecletismo: tarefas, pessoas e estrutura Ser racional e social voltado para o alcance de objetivos individuais e organizacionais 22 Conclusão Teoria Ênfase Comportamento Teoria da burocracia Na estrutura organizacional Ser isolado que age como ocupante de cargo Teoria estruturalista Na estrutura e no ambiente Ser social que vive dentro de organizações Teoria comportamental Nas pessoas e no ambiente Ser racional tomador de decisões quanto à participação nas organizações Teoria dos sistemas No ambiente Desempenho de papéis Teoria da contingência No ambiente e na tecnologia Desempenho de papéis Fonte: Elaborado pelos autores a partir de CHIAVENATO, 2000, p. 456. 2.3.1 Escola da Administração Científica A abordagem típica da Escola da Administração Científica é a ênfase nas tarefas. Segundo Chiavenato (2008), a Escola da Administração Científica foi iniciada no começo do século XX pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor, e provocou uma verdadeira revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial da sua época. Taylor preocupava em tentar eliminar o fantasma do desperdício e das perdas sofridas pelas indústrias americanas e elevar os níveis de produtividade através da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial. Ele buscou o aumento da eficiência através da racionalização do trabalho. Frederick Taylor ficou conhecido como autor da “Teoria da Administração Científica”, que estabelecia alguns parâmetros para uma administração eficiente e eficaz: Divisão do trabalho, definição de método, produção máxima com tempo definido e mínimo custo, além da supervisão sistemática das atividades. Nesse sentido, Taylor (1990) organiza suas ideias e as explica por meio de quatro grandes princípios dos quais se refere à essência da filosofia da administração 23 científica. Ao mesmo tempo, utiliza-se de mecanismos de ordem prática que, juntamente com os princípios, compõem sua maneira de organizar o trabalho. Em síntese, objetivava substituir o ritmo natural de trabalho do operário e sua escolha quanto aos meios de chegar ao resultado por um conjunto de regras impositivas de sistemas de trabalho. Tais regras tinham como premissa o controle em todas as variáveis do processo de trabalho. Nesse período, tem início em diversas fábricas a produção em massa, com o domínio dos chamados monopólios, principalmente nos Estados Unidos, tendo como uma das principais consequências, o aumento do número de assalariados nas indústrias, tornando-se prioridade evitar o desperdício de materiais (insumos), além de uma programação específica envolvendo a economia de mão-de-obra. Segundo Maximiano (2011), foi necessário, portanto, expandir as empresas industriais e desenvolver novos conceitos e métodos de Administração, pois existia uma variedade de empresas com tamanhos diferenciados, insatisfação com operários, alto volume de perdas e outros problemas. Chiavenato (2008), reitera que a principal preocupação desse modelo era aumentar a produtividade da empresa com foco no aumento da eficiência operacional, além da ênfase nas tarefas e atenção especial para o método de trabalho. 2.3.2 Teoria Burocrática A Teoria Burocrática de Max Weber foi popularizada após o ano de 1940, após a morte do autor, e surgiu em clara oposição às Teorias de Taylor e Fayol, criticadas ou pelo excesso de mecanicismo ou pelo ingênuo romantismo. Para tanto, é importante a definição do termo “burocracia”. Para Weber, a ideia de burocracia está intrinsecamente ligada ao conceito de autoridade. As origens da burocracia, como forma de organização humana, remontam à época da Antiguidade, quando o ser humano criou e registrou seus primeiros códigos de normatização das relações entre o Estado e as pessoas e entre as pessoas. 24 Segundo Rosses (2014), o sociólogo alemão Max Weber (1864 – 1920) desenvolveu uma teoria da administração burocrática que enfatizava a necessidade de uma hierarquia estritamente definida e governada por regulamentos e linhas de autoridade claramente estabelecidas. Essa teoria teve como ponto forte de origem a necessidade de uma abordagem generalista e integrada das organizações, fator praticamente não considerado pelas teorias anteriores. A Teoria Burocrática possui uma postura altamente técnica e mecanicista com alguns princípios essenciais como: estruturação hierárquica, racionalidade no papel desempenhado por cada indivíduo dentro da estrutura e existência de normas reguladoras das relações dentro das unidades produtivas. Nesse sentido, afirma Chiavenato (1987), que Max Weber foi o primeiro a analisar e sistematizar os princípios administrativos. Para tanto, utilizou-se de alguns princípios da sociologia, da ciência política e do direito, tendo o cuidado de não definir as organizações nem estabelecer padrões de administração (modelos de gestão), mas apenas realizar abstrações descritivas. Desta feita, a “Teoria da Burocracia” de Max Weber buscava a existência de um conjunto de normas gerais e racionais de controle, além da regularidade do funcionamento organizacional, visando o maior rendimento possível, sendo a maior crítica a essa teoria o fato que em razão dos deveres, responsabilidades e autoridade daqueles que ocupam determinado cargo, não raras vezes o cliente fica esquecido e somente o regulamento é considerado e lembrado. 2.3.3 Teoria Clássica Enquanto Taylor priorizava as tarefas de produção de uma empresa, Henry Fayol priorizou as tarefas de organização, com ênfase numa estrutura formal e implementação de princípios administrativos. Segundo essa nova visão administrativa, toda organização possui um conjunto específico de funções, desempenhadas por empregados que possuem 25 responsabilidades e talentos, e são responsáveis pelas atividades básicas e administrativas das empresas, inclusive ofertando oportunidades para o exercício de suas habilidades como gestores, com o consequente reconhecimento pelos serviços prestados. O sucesso organizacional depende mais das habilidades administrativas dos seus líderes do que de suas habilidades técnicas. Ainda segundo Fayol (1994), administrar é prever, organizar, comandar, coordenar e controlar e apresenta, então, o que se denominou Princípios de Administração: Divisão do trabalho, autoridade, disciplina, unidade de gestão, unidade de controle, subordinação dos interesses individuais ao bem comum, remuneração, centralidade, hierarquia, ordem, equidade, estabilidade, iniciativa e espírito. Chiavenatto (2008) ressaltaque na Teoria Clássica de Fayol tinha como objetivo aumentar a eficiência pela disposição da estrutura e dos componentes da organização, com ênfase no seu funcionamento. Tanto a “Escola de Administração Científica” quanto a “Teoria Clássica”, são duas Escolas clássicas do pensamento administrativo, que apesar de abordarem o assunto sob diferentes ângulos, completam-se com propriedade, pois enquanto a Teoria Clássica criou princípios para o comando e a alta direção, a Administração Científica tem seus princípios voltados para a execução dos trabalhos. 2.3.4 Teoria das Relações Humanas Devido a acelerada industrialização do início do século XX, a Administração Científica estava sendo acusada de massificar e tornar mecanicista o trabalho do homem nas empresas e crescia a insatisfação dos operários. Logo após a 1ª Guerra Mundial, a produção industrial americana apresenta um aumento exponencial, os lucros das empresas se tornam exorbitantes, no entanto, os salários dos trabalhadores permaneciam estagnados, tendo como principal consequência uma produção industrial muito maior que a oferta de procura, culminando com o desastre econômico mundialmente conhecido como “Crise de 1929”. 26 Neste contexto é que surgem os princípios que regem a Teoria das Relações Humanas, princípios estes antagônicos ao proposto pelas teorias clássicas, uma vez que abrangem, além dos incentivos financeiros, o reconhecimento do trabalhador, estimulando a sua autoestima e o sentimento de realização. O indivíduo era motivado a trabalhar para o atingimento dos objetivos das organizações. Em 1924, a Academia Nacional de Ciências, dos Estados Unidos, fez uma pesquisa de verificação da correlação entre produtividade e iluminação do local de trabalho, dentro dos princípios da Administração Científica. Ao final da pesquisa e de diversos estudos, a Teoria das Relações Humanas apresentou um novo conceito em relação ao objetivo das organizações. Essa teoria concluiu pela existência de uma função social, focada na satisfação dos seus membros dentro de uma escala de necessidades, sendo que o clima organizacional e a liderança foram alguns dos temas introduzidos por essa nova escola. Para Chiavenato (2000), a compreensão da motivação do comportamento supõe o conhecimento das necessidades humanas. Enquanto a teoria clássica enfatizou a autoridade formal, a teoria das relações humanas identificou a existência de lideranças informais que influenciam no comportamento das pessoas. Reitera Chiavenato (2000), que a liderança é o processo de exercer influência sobre pessoas ou grupos, nos esforços para realização de objetivos em uma determinada situação. A escola das relações humanas concluiu que a moral, o clima organizacional e o papel desempenhado pelos líderes podem influenciar diretamente o desempenho do trabalhador, no entanto, uma das grandes críticas a essa teoria está diretamente ligada a um de seus princípios básicos, ou seja, que a produção de uma organização está diretamente ligada à sua felicidade pessoal. Uma vez que existem diversos artigos e pesquisas concluindo que não é uma verdade absoluta a vinculação de satisfação do trabalhador ao aumento da produtividade. 27 2.3.5 Teoria Estruturalista A Teoria Estruturalista apresenta ênfase tanto na estrutura como no ambiente. Sendo assim, ela tem uma abordagem plural que observa a organização, tanto no seu aspecto formal quanto informal, e o ambiente e como a organização interage e aprende com ele. Nesse sentido, a partir do momento em que o ambiente é incluído na estrutura sistêmica, observar-se o papel do principal agente: o gestor. Segundo Rosses (2014), a teoria estruturalista baseia-se no conceito de estrutura, que é um todo composto por partes que se interrelacionam, ou seja, o todo é maior do que a simples soma das partes, e isso significa que os sistemas organizacionais não são a mera justaposição das partes. A análise das organizações sob a ótica estruturalista é feita dentro de uma abordagem global e com a dualidade que sua origem compreende. Para os estruturalistas, a sociedade moderna e industrializada é uma sociedade de organizações das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer. Essas organizações são diferenciadas e requerem dos seus participantes determinadas características de personalidade. Essas características permitem a participação simultânea das pessoas em várias organizações, nas quais os papéis desempenhados variam. O estruturalismo ampliou o estudo das interações entre os grupos sociais - iniciado pela Teoria das Relações Humanas – para o das interações entre as organizações sociais. Da mesma forma como os grupos sociais interagem entre si também interagem entre si as organizações. CHIAVENATO (2008, p. 46) O sistema social é intencionalmente construído e reconstruído porque as organizações são sistemas em constante mutação e a concepção é de “homem organizacional”, que vive dentro das organizações, onde os conflitos são inevitáveis. 2.3.6 Teoria dos Sistemas A abordagem sistêmica da Administração, bem como sua estruturação e formalização na “Teoria Geral dos Sistemas”, mudou de forma profunda as organizações. Os paradigmas anteriores, amplamente conhecidos na abordagem clássica, permitia o entendimento dos fenômenos, ou também sistemas, com uma visão isolada do contexto ambiental, de forma estática e fechada. 28 Para Chiavenato (1993), sistema é um conjunto de elementos unidos por alguma forma de interação ou interdependência, ou ainda, qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado como um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo seja o ponto principal abordado. A Teoria Geral de Sistemas (TGS), contou com seus primeiros estudos ainda em 1950, como teoria científica, pelo biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy, que buscava um modelo científico explicativo do comportamento de um organismo vivo, abordando questões científicas e empíricas ou pragmáticas dos sistemas. Portanto, trata-se de uma teoria interdisciplinar que pode ser aplicada nas mais diversas áreas do conhecimento humano, como a computação e a administração. Nessa teoria, o sistema possui alguns elementos básicos: entrada (insumos), processamento (transformação), saída (resultados) e realimentação (informações vindas da saída para a entrada), e cada organização possui um complexo sistema de papéis, destacando que o homem funcional desempenha um determinado papel na organização e a sua interação com outros indivíduos altera ou reforça o seu papel. Segundo Chiavenato (1993), são pressupostos básicos da Teoria Geral de Sistemas (TGS), a nítida tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais, sendo que essa integração parece orientar-se rumo a uma teoria dos sistemas. A importância da teoria geral de sistemas é significativa tendo em vista a necessidade de se avaliar a organização como um todo e não somente em departamentos ou setores. O mais importante ou tanto quanto é a identificação do maior número de variáveis possíveis, externas e internas que, de alguma forma, influenciam em todo o processo existente na organização. A teoria de sistema ressalta a abordagem global, permitindo a inter-relação e integração de assuntos que são de natureza completamente distintas. 2.3.7 Teoria Neoclássica A década de 1950 e o período pós-Segunda Guerra Mundial trouxeram modificações econômicas e sociais que geraram grande desenvolvimento industrial. Nessa época, 29 as organizações passaram por transformações significativas, com o surgimento da televisão, do motor a jato e o avanço das telecomunicações, que tiveram influência sobre o mundo organizacional. Essas modificações ocorridas fizeram com que a ciência administrativa, em geral, sentissea repercussão do que estava ocorrendo, e após receber as inovações propostas das ciências sociais, passou-se a verificar que mudanças haviam acontecido e que os postulados clássicos, mesmo servindo de parâmetro, já não eram suficientes. Era necessário rever as teorias administrativas existentes e fazer adequações que se pudessem adaptar aos novos tempos, costumes e necessidades, (CHIAVENATO, 2003). Nesse sentido, a Teoria Neoclássica nada mais é do que a uma análise mais atualizada da Teoria Clássica, com um novo redimensionamento, levando-se em conta os novos problemas administrativos verificados, bem como o tamanho das organizações dos dias atuais, teoria esta que pode ser identificada através de algumas características marcantes: a ênfase na parte prática da Administração, o retorno a diversos postulados clássicos e o foco nos resultados e objetivos. Há de se ressaltar, inclusive, que a abordagem neoclássica apresenta enfoque na identificação das funções do administrador, e logo após, extrair de tais funções os princípios mais importantes da prática administrativa, numa abordagem normativa, com aspectos formais e informais. Para a maioria dos autores neoclássicos, a Administração consiste em orientar, dirigir e controlar os esforços de um grupo de indivíduos para um esforço comum, e o bom administrador é aquele que possibilita ao grupo alcançar seus objetivos com o mínimo dispêndio de recursos e de esforço e com menos atritos com outras atividades úteis. Conforme preconiza Chiavenato (2003), a abordagem neoclássica baseia-se nos fundamentos de que a Administração é um processo operacional composto por funções de planejamento, organização, direção e controle e, porque envolve uma série de situações organizacionais, necessita estar baseada em princípios em que se possam prever soluções administrativas. Esses princípios básicos da Administração devem ter a característica da universalidade e, a exemplo de outras ciências, serem logicamente verdadeiros, porque irão, com o decorrer do tempo, sofrer alterações do meio ambiente no quais se colocaram à prova. 30 2.3.8 Teoria do Desenvolvimento Organizacional Essa teoria surgiu em função das finanças das organizações em meados de 62. Ela representa a fusão de duas tendências, o estudo da estrutura e do comportamento humano a fim de adequar as estruturas convencionais diante do novo cenário. A Teoria do Desenvolvimento Organizacional é um desdobramento da Teoria Comportamental. Trata-se de uma teoria cujo objetivo é valorizar o indivíduo em detrimento às técnicas e recursos. Segundo Daft (1999), a habilidade humana é a capacidade para compreender outras pessoas para que elas interajam eficazmente. Essa compreensão associada às técnicas melhoram as relações internas, a eficiência de uma organização e consequentemente aumenta a capacidade de solução dos problemas. Enquanto Motta e Vasconcelos (2006) relacionam a três itens distintos: estratégia educacional, mudança planejada e comportamento, esses itens devem nortear as relações interpessoais, bem como as metas do trabalho. Chiavenato (2003) defende que para um negócio se preservar no mercado é necessário um conjunto de fatores como processo decisório, valores e métodos de organização, relacionamento interpessoal e cooperação entre os grupos. O Processo de Desenvolvimento Organizacional é responsável pela transformação das organizações mecanicistas em sistemas orgânicos. Quando as organizações se tornam sistemas orgânicos elas promovem a relação dos funcionários de forma globalizada, enfatizando a união, a cooperação, além da confiança de proprietário e funcionário. Chiavenato (2003) ressalta a importância da cultura, o ambiente organizacional, as relações interpessoais, hierárquicas e em grupo para o envolvimento contínuo de todos os envolvidos nas organizações. 31 2.3.9 Teoria da Contingência A Teoria da Contingência enfatiza que não há nada absoluto nas organizações. Tudo é relativo. Ela descreve que existe uma relação entre as condições do ambiente e as técnicas administrativas apropriadas para o alcançar os objetivos da organização. Durante a década de 60 foram realizadas diversas pesquisas sobre a relação entre modelos e estruturas organizacionais e a eficácia para os diferentes tipos de indústria. Essas pesquisas buscavam compreender e explicar o modelo perfeito de administração organizacional. Após diversas pesquisas, os resultados foram surpreendentes, pois indicava que não havia uma forma única para o melhor funcionamento das organizações e sim que tanto a estrutura quanto o funcionamento em si dependiam de uma relação com o ambiente externo. Portanto a teoria contingencial busca implementar modelos organizacionais mais flexíveis e orgânicos, que valorizam o processo como um todo. Pesquisadores salientam a importância dos desafios diários que favorecem as empresas a inovar e necessitam de constante evolução. A Teoria da Contingência é a mais recente e encontra-se em constante evolução e aprimoramento nas últimas décadas. Não é possível definir um padrão de sistema de organização que engloba todos os tipos de empresa, pois existem vários fatores que interferem no desempenho. 2.4 Eficiência No decorrer da história do Brasil, permeia o modelo burocrático de administração. Entretanto, a partir da década de setenta ocorreram modificações significativas, já que eram utilizados procedimentos rígidos, hierarquizados e com divisão entre público e privado. Com o tempo esse modelo burocrático passou a não atender às principais exigências da Administração Pública a partir da ótica econômica, social e/ou administrativa. 32 Destaca-se que a crise fiscal assolou globalmente os países e, com isso, os governos enfrentaram obstáculos em todas as áreas. Com o surgimento da globalização e a revolução tecnológica, os governos perderam o controle financeiro e comercial, ou seja, houve a diminuição do poder afetando a diminuição também dos recursos para atendimento da população. É comum confundirmos EFICIÊNCIA e EFICÁCIA acreditando serem sinônimos devido ao significado semelhante entre as palavras. Entretanto, quando utilizadas na esfera da Administração é sutil a diferença entre suas definições. Chiavenato (1994) afirma que eficiência foca nos aspectos internos da organização, ou seja, preocupa-se com os meios e não com os fins. Já a eficácia visa atingir os objetivos, focando nos aspectos externos da organização. À medida que o administrador se preocupa em fazer corretamente as coisas, ele está se voltando para a eficiência (melhor utilização dos recursos disponíveis). Porém, quando ele utiliza estes instrumentos fornecidos por aqueles que executam para avaliar o alcance dos resultados, isto é, para verificar se as coisas bem feitas são as que realmente deveriam ser feitas, então ele está se voltando para a eficácia (alcance dos objetivos através dos recursos disponíveis) (Chiavenato, 1994, p. 70). A eficiência pressupõe a realização das atribuições que lhe são conferidas com qualidade, excelência e máxima presteza com rapidez e prontidão. Além disso, a eficiência é o princípio que busca realizar um trabalho quanti-qualitativamente evitando perdas e/ou desperdícios de tempo, de dinheiro e/ou de energia. A Administração Pública no desenvolvimento das suas atribuições pauta-se no regime jurídico-administrativo no intuito de proteger o interesse público. Para promover a proteção do interesse público, os membros da corporação da PMMG são condicionados a várias imposições previstas em lei com o cumprimento de deveres por meio de princípios, como o da eficiência. Um dos princípios constitucionais mais recentes da Administração Pública no Brasil é o princípio da eficiência. Esse princípio foi promulgado através da EmendaConstitucional n°19, de 1998 (EC 19/98). No intuito de implementar no Brasil a Administração Pública Gerencial, que tinha como característica principal controlar 33 resultados e não como a administração pública burocrática, que visava o controle por processos. Podemos conferir o Art. 37 da Constituição Federal (1988) reformulado: Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (...) Di Pietro (2005) corrobora pontuando os aspectos que norteiam o modo de atuação do agente público e o modo de estruturação da Administração Pública: O princípio da eficiência apresenta, na realidade, dois aspectos: pode ser considerado em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, para lograr os melhores resultados; e em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados na prestação do serviço público” (DI PIETRO, 2005, p. 84). Um dos objetivos da Administração Pública e dever do administrador é buscar uma gestão pública com eficiência. Além disso, quando se efetivou o princípio da Eficiência nas normas constitucionais ocasionou uma maior conscientização dos agentes públicos. Ressalta-se que o princípio da eficiência é imprescindível para combater a má gestão pública. Isso porque esse princípio legitima o controle das práticas administrativas e dos seus respectivos agentes públicos. 2.5 Eficácia O termo eficácia está diretamente ligado ao alcance dos objetivos propostos. Vale salientar que uma pessoa ou organização age com eficácia quando se busca cumprir, executar, operar e/ou finalizar determinada obrigação no intuito de obter o resultado almejado. Conforme Chiavenato (1994) “A eficácia é uma medida analisada sob o prisma dos resultados, numa relação entre custo e benefício, enquanto a eficiência é uma medida que envolve a utilização dos recursos no processo, buscando sempre a sua melhor aplicação”. 34 O pesquisador André (1993) reforça essa ideia quando afirma que “eficácia é o grau em que as metas estipuladas para um lapso temporal foram efetivamente atingidas.” Ou seja, é saber fazer as escolhas mais acertadas diante dos objetivos que acredita serem os melhores a serem alcançados. Já segundo Dalf (1999) “a eficácia organizacional é um conceito abrangente, que avalia a extensão em que os objetivos foram alcançados e leva em consideração um leque de variáveis tanto no nível organizacional como no departamental.” Assim, a eficácia organizacional diz respeito à administração pública eficaz que busca alcançar os resultados almejados pela organização com o auxílio das pessoas que compõem a corporação da Polícia Militar de Minas Gerais. A partir desses pesquisadores, percebemos o quão desafiador é as ciências administrativas na busca incessante da eficácia do serviço público. Isso porque é pertinente atingir os objetivos propostos e está diretamente ligado à decisão de uma autoridade competente, como o administrador público. Com isso, nota-se que o administrador público que possui o princípio da eficácia consegue manter o trabalho em equipe da corporação, promovendo uma unidade na execução das tarefas propostas para que a organização alcance os resultados almejados pelo grupo de trabalho. É esse princípio da eficácia que a corporação da Polícia Militar de Minas Gerais busca estimular seus membros no intuito de atender a sociedade mineira da melhor maneira possível visando a segurança pública de qualidade. Destaca-se que para o sucesso de uma organização, seja pública ou privada, a eficiência e a eficácia são fundamentais. Esses princípios são vitais, porque permitem realizar um planejamento satisfatório. Visto que a eficiência e a eficácia auxiliam na determinação dos objetivos mais acertados para, posteriormente, realizarmos a escolha dos melhores meios para atingi-los é fundamental (ALCÂNTARA, 2010) Na tabela a seguir apresentaremos a diferença entre eficiência e eficácia, de acordo com Chiavenatto (2003): 35 Tabela 2 - Diferenças entre Eficiência e Eficácia Eficiência Eficácia Ênfase nos meios Ênfase nos resultados Fazer corretamente as coisas Fazer as coisas certas Resolver problemas Atingir objetivos Salvaguardar os recursos Otimizar a utilização dos recursos Cumprir tarefas e obrigações Obter resultados Treinar os subordinados Dar eficácia aos subordinados Manter as máquinas Máquinas em bom funcionamento Presença nos templos Prática de valores religiosos Rezar Ganhar o céu Jogar futebol com arte Ganhar a partida Fonte: Elaborado pelos autores a partir de CHIAVENATO, 2003, p. 153. Conclui-se que os princípios da eficiência e da eficácia são importantíssimos para a boa Gestão da Administração Pública para desempenhar um trabalho eficiente e eficaz para sociedade mineira cada vez mais exigente. 2.6 Efetividade Efetividade é a junção de eficiência e eficácia. É a habilidade de ser eficiente e eficaz ao mesmo tempo, ou seja, de atingir as metas definidas no prazo e orçamento estabelecidos e conseguir apresentar o melhor resultado possível para a organização. Efetividade representa, portanto, a capacidade de reduzir os custos operacionais de determinada ação ou trabalho, mas ainda assim garantir que o produto final seja o melhor possível. Ou seja, aliar os dois conceitos anteriores (eficácia e eficiência) de maneira que, o trabalho final tenha gerado uma economia de recursos e tempo para a organização, mas sem perder em nada no quesito qualidade. 36 O objetivo final da efetividade é, portanto, a otimização dos recursos disponibilizados, gerando um impacto positivo para a organização e possibilitando o alcance da qualidade das métricas traçadas, aprimorando a execução dos processos. Torres (2004), sintetiza sobre a efetividade: “É o mais complexo dos três conceitos, em que a preocupação central é averiguar a real necessidade e oportunidade de determinadas ações estatais, deixando claro que setores são beneficiados e em detrimento de que outros atores sociais. Essa averiguação da necessidade e oportunidade deve ser a mais democrática, transparente e responsável possível, buscando sintonizar e sensibilizar a população para a implementação das políticas públicas. Este conceito não se relaciona estritamente com a ideia de eficiência, que tem uma conotação econômica muito forte, haja vista que nada mais impróprio para a administração pública do que fazer com eficiência o que simplesmente não precisa ser feito”. (TORRES, 2004, p. 175). A efetividade, na esfera pública, tem uma grande importância na medida em que reside legitimação das atividades, controle do serviço público eficiente por parte dos servidores públicos com objetivo não só de garantir um serviço público de qualidade, mas também observando o cumprimento da lei com todas as cautelas necessárias. Além disso, ainda nas organizações públicas, a efetividade torna-se especialmente importante, pois permite constituir um objetivo mais importante do que o de desempenho das funções desenvolvimentistas para as quais foram criadas, levando- se em conta, nesse sentido, o desenvolvimento econômico e social (CASTRO, 2006). 2.7 Avaliação nas organizações O conceito de avaliação permite uma atribuição qualitativa ou quantitativa de valor a algum bem ou serviço. Isso se faz necessário para o entendimento da qualidade do que se mede e a sua aplicação prática. A avaliação nas organizações é um processo imprescindível para obtenção de resultados, existem váriosmodelos e formas de aplicação, escolhidos e baseados no tipo de organização, nos planejamentos estratégicos adotados, na missão organizacional e nos objetivos a serem alcançados por cada organização. 37 A avaliação de resultados é parte do processo do planejamento estratégico na gestão organizacional. Este método de avaliação é baseado na comparação entre os resultados previstos e realizados, tendo como parâmetro os indicadores de desempenho definidos. Segundo Marras (2002), a avaliação de resultados é uma ferramenta que permite o gestor ou administrador mensurar os resultados obtidos de um empregado ou grupo em um período determinado, a fim de identificar fraquezas ou pontos fortes do ponto de vista da organização a fim de aprimorar os processos, bem como o resultado final. É imprescindível que a avaliação de resultados de uma organização, bem como a sua correta relação com os seus objetivos e diretrizes, deve ser permanente, pois através da avaliação de desempenho, o gestor terá o real esclarecimento se o planejamento estratégico adotado está sendo cumprido, bem como os objetivos alcançados, ou será preciso revisar o planejamento e execução para um melhor resultado. A ausência de um sistema de medição de desempenho afeta negativamente o resultado global das organizações. Rummler e Branche (1994) destacam que o efeito negativo sobre o desempenho das organizações extrapola o nível da própria organização, afetando negativamente o comportamento humano. Uma avaliação de resultados satisfatória deverá, necessariamente, abranger indicadores de eficácia, eficiência e efetividade. Os indicadores organizacionais de desempenho, é Importante para estabelecer parâmetros para o planejamento estratégico da organização, ou seja, o conjunto de ações organizadas na busca do cumprimento das metas estabelecidas, sendo que o planejamento estratégico desdobra-se em objetivos. Segundo Miranda e Silva (2002), um dos maiores desafios na implantação de um sistema de avaliação de desempenho é a definição de quais indicadores atendem melhor às necessidades de informação dos gestores, que demonstrem a realidade que devem conhecer com mais transparência. 38 Uma organização para atingir seus objetivos de forma eficiente, eficaz e com efetividade, deve utilizar dos diversos modelos de avaliação de desempenhos, baseados em indicadores confiáveis advindos dos objetivos estratégicos da organização previamente definidos. 39 3 O PAPEL DA POLÍCIA MILITAR RODOVIÁRIA NA PREVENÇÃO À CRIMINALIDADE VIOLENTA 3.1 Fundamento Constitucional A Constituição Federal, em seu artigo 144, inciso V, atribuiu às polícias militares o desempenho da polícia ostensiva e a preservação da ordem pública. Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: (...) V - polícias militares e corpos de bombeiros militares. (grifo nosso) (...) § 5º Às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. (grifo nosso) Observa-se que é citado na Constituição Federal o termo “polícia ostensiva”, e não “policiamento ostensivo”, o que amplia o conceito e eleva-o para mais do que um procedimento, pois este é apenas uma fase da atividade de polícia. O policiamento trata-se de atividade de fiscalização. Assim, a expressão “polícia ostensiva” amplia a atuação das polícias militares à totalidade do exercício do poder de polícia. O adjetivo “ostensivo” refere-se à ação de presença, característica do policial fardado, que por intermédio da estrutura e estética militar, com uso de uniformes, equipamentos e distintivos próprios, representa e evoca a força da corporação policial. O Decreto-Lei Federal n. 667, de 02 de julho de 1969, recepcionado pela Constituição Federal, assevera a competência das polícias militares. Em seu art. 3º afirma que as polícias militares são “instituídas para a manutenção da ordem pública e segurança interna nos Estados, nos Territórios e no Distrito Federal [...]”. Igualmente, no mesmo art. 3º consta a competência das Polícias Militares: 40 a) executar com exclusividade, ressalvas as missões peculiares das Forças Armadas, o policiamento ostensivo, fardado, planejado pela autoridade competente, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a manutenção da ordem pública e o exercício dos poderes constituídos; b) atuar de maneira preventiva, como força de dissuasão, em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser possível a perturbação da ordem; c) atuar de maneira repressiva, em caso de perturbação da ordem, precedendo o eventual emprego das Forças Armadas; d) atender à convocação, inclusive mobilização, do Governo Federal em caso de guerra externa ou para prevenir ou reprimir grave perturbação da ordem ou ameaça de sua irrupção, subordinando-se à Força Terrestre para emprego em suas atribuições específicas de polícia militar e como participante da Defesa Interna e da Defesa Territorial; e) além dos casos previstos na letra anterior, a Polícia Militar poderá ser convocada, em seu conjunto, a fim de assegurar à Corporação o nível necessário de adestramento e disciplina ou ainda para garantir o cumprimento das disposições deste Decreto-lei, na forma que dispuser o regulamento específico. Portanto, a missão constitucionalmente prevista para a Polícia Militar, de executar com exclusividade o policiamento ostensivo, fardado, já era prevista em Lei. Logo, o policial militar, no exercício de suas funções constitucionais, isoladamente ou não, é autoridade policial militar. Essa autoridade advém do poder/dever do exercício das atividades da polícia ostensiva. Assim, a autoridade de um policial militar, em qualquer nível, requer direitos e responsabilidades. Por simetria, tem-se que a Constituição Estadual de Minas Gerais de 1989, ratifica o artigo 144 da CF/88,ao atribuir à Briosa a polícia ostensiva de prevenção criminal, além da segurança do trânsito seja ele urbano ou rodoviário, conforme aduz o artigo 142, inciso I da CE/89 Art. 142 – A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar, forças públicas estaduais, são órgãos permanentes, organizados com base na hierarquia e na disciplina militares e comandados, preferencialmente por oficial da ativa do último posto, competindo: I – à Polícia Militar, a polícia ostensiva de prevenção criminal, de segurança, de trânsito urbano e rodoviário, de florestas e de mananciais e as atividades relacionadas com a preservação e restauração da ordem pública, além da garantia do exercício do poder de polícia dos órgãos e entidades públicos, especialmente das áreas fazendária, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e de patrimônio cultural; [...] Em 1997, com a publicação do Código de Trânsito Brasileiro, foi delimitada a atuação da Polícia Militar no que tange a área de trânsito, pois o artigo 23, III do CTB limitou à execução da fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado. Art. 23 Compete às Polícias Militares dos Estados e do Distrito Federal: 41 I ´- vetado II - vetado III - executar a fiscalização de trânsito, quando e conforme convênio firmado, como agente do órgão ou entidade executivos de trânsito ou executivos rodoviários, concomitantemente com os demais agentes credenciados;[...] Diante do exposto, tanto a Constituição Federal quanto a Constituição Estadual ditam que o papel da Polícia Militar é realizar a preservação da ordem pública voltada para a prevenção criminal, incluindo a atividade de policiamento ostensivo de trânsito urbano e rodoviário. 3.2 Diretrizes Institucionais com foco
Compartilhar