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Autor: Prof. Vanderlei da Silva Colaboradores: Profa. Glaucia Aquino Profa. Amarilis Tudela Nanias Prof. Livaldo dos Santos Princípios Básicos da Administração Professor conteudista: Vanderlei da Silva Professor Mestre Vanderlei da Silva, doutorando em Educação pela Universidade de Sorocaba – UNISO; Mestre em Educação pela Universidade de Sorocaba – UNISO (2009); Pós-graduado em Direito do Terceiro Setor pela Fundação Getúlio Vargas – FGV (2005); Graduado em Direito pela Universidade de Sorocaba (2004). Atualmente é Gerente Administrativo e Financeiro do Serviço de Obras Sociais – SOS (www.sossorocaba.org.br), ocupando o mesmo cargo no SOS Saúde – Serviço Operacional de Saúde. Participante do Grupo de Estudos e Pesquisa sobre o Cotidiano Escolar da Universidade de Sorocaba, atua como voluntário no Conselho Municipal de Assistência Social de Sorocaba, na Cáritas Arquidiocesana de Sorocaba e na Associação Pró Mulher de Votorantim. Presidente da Comissão de Direito do 3º Setor da OAB Votorantim, vice-presidente da União das Organizações – UNIONG. Membro da Academia Votorantinense de Letras, Artes e História. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S586 Silva, Vanderlei da Princípios Básicos da Administração. / Vanderlei da Silva. - São Paulo: Editora Sol. 2011. 128 p. il. Notas este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XVII, n. 2-027/11, ISSN 1517-9230. 1.Administração 2.Serviço Social 3.Terceiro Setor I.Título CDU 658.8:361 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades Universitárias Prof. Dr. Yugo Okida Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez Vice-Reitora de Graduação Unip Interativa – EaD Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Souza Profa. Melissa Larrabure Material Didático – EaD Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dr. Cid Santos Gesteira (UFBA) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) Apoio: Profa. Cláudia Regina Batista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Andréia Andrade Sumário Princípios Básicos da Administração APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................8 Unidade I 1 TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO E O PAPEL DO ADMINISTRADOR .......................................9 1.1 Visão geral e principais conceitos ....................................................................................................9 1.2 Histórico ................................................................................................................................................... 18 1.3 O surgimento do Estado moderno ................................................................................................ 20 1.4 A Revolução Industrial ....................................................................................................................... 21 1.5 Teorias científicas da administração ............................................................................................ 24 2 CARACTERIZANDO AS ORGANIZAÇÕES ................................................................................................. 27 2.1 Organização ............................................................................................................................................ 27 2.2 A organização das organizações .................................................................................................... 30 3 A TEORIA BUROCRÁTICA E SUA APLICAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ........................ 31 3.1 Teoria burocrática ................................................................................................................................ 31 3.2 A aplicação do modelo burocrático .............................................................................................. 35 3.3 A burocracia na realidade brasileira .............................................................................................. 36 3.4 A gestão pública e a reforma do Estado ..................................................................................... 37 3.5 As funções do Estado a partir da reforma ................................................................................. 38 3.6 Administração pública e gestão pública ..................................................................................... 39 3.7 Princípios da administração pública ............................................................................................. 40 4 CARACTERIZANDO ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA .......................................... 40 4.1 Administração pública direta .......................................................................................................... 40 4.2 Órgãos públicos ..................................................................................................................................... 41 4.3 Administração pública indireta ...................................................................................................... 42 4.4 Delegação de serviços públicos ...................................................................................................... 42 4.5 Os contratos administrativos ........................................................................................................... 43 4.6 Licitação ................................................................................................................................................... 44 4.7 Espécies de licitação ............................................................................................................................ 44 4.8 Bens públicos ......................................................................................................................................... 52 4.9 Diferenças entre setor público e setor privado ........................................................................ 53 Unidade II 5 ADMINISTRAÇÃO DOS TRÊS SETORES DA ECONOMIA ..................................................................... 61 5.1 Aspectos administrativos para organizações do Primeiro, Segundo e Terceiro Setor ................................................................................................................................................. 61 5.2 Planejamento estratégico ................................................................................................................. 63 5.3 Planejamento orçamentário ............................................................................................................ 76 5.4 Controle e Avaliação ........................................................................................................................... 77 6 ADMINISTRAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS ................................................ 80 6.1 Empreendimento compartilhado ................................................................................................... 80 6.2 As empresas e a responsabilidade social .................................................................................... 83 6.3 Filantropia das empresas para o TerceiroSetor ....................................................................... 87 6.4 Parcerias para o Terceiro Setor ....................................................................................................... 89 7 TENDÊNCIAS ADMINISTRATIVAS DO TERCEIRO SETOR .................................................................... 92 7.1 Balanço Social e capital humano no Terceiro Setor .............................................................. 92 7.2 Gestão de políticas públicas ............................................................................................................ 95 7.3 Marketing para o Terceiro Setor ..................................................................................................... 97 7.4 Redes Sociais ........................................................................................................................................100 8 O TERCEIRO SETOR E A GESTÃO SOCIAL ..............................................................................................102 8.1 Gestão Social ........................................................................................................................................102 8.2 Funções da Gestão Social ...............................................................................................................105 8.3 Empreendedorismo no Terceiro Setor ........................................................................................106 7 APRESENTAÇÃO A Teoria Geral da Administração é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo da administração das organizações, sejam elas com ou sem fins lucrativos. A sociedade atual, pós-moderna, é formada por organizações que se ocupam das atividades que estão relacionadas com a produção de bens (produtos) ou com a prestação de serviços (atividades especializadas). E, para que essas organizações consigam atingir os objetivos para os quais foram criadas, é necessário que as suas atividades sejam devidamente planejadas, coordenadas, dirigidas, executadas e controladas. Dessa forma, a administração tem a finalidade de cuidar do planejamento, da direção e do controle das atividades existentes dentro de uma organização. A palavra administração tem sua origem no latim e pode ser traduzida como “aquele que executa uma função sob o comando de outro”. Porém, através dos tempos, a palavra tem passado por mudanças e, hoje, o administrador é o responsável pela interpretação dos objetivos propostos pelas organizações de forma que possa transformá-los em ações. Essa função do administrador, de transformar objetivos em ações, é interpretada de diferentes formas, de acordo com as diferentes teorias que existem sobre o assunto. Por esse motivo, a Teoria Geral da Administração também tem como objetivo estudar as principais teorias da administração existentes, para que o aluno possa conhecer as várias formas de abordagem do assunto, tendo dessa forma condições de ter uma visão comparativa de cada uma delas. Cada organização possui características próprias, e isso faz com que cada administrador avalie a situação e defina estratégias próprias para cada caso, dimensionando a utilização dos recursos e planejando sua aplicação. Por isso, cada organização avalia e seleciona o seu administrador de formas diferenciadas, levando em conta não apenas os seus conhecimentos administrativos, mas também o seu modo de agir e suas atitudes. O aprendizado de alguns conceitos básicos da administração não está circunscrito apenas ao profissional especializado da área, mas também outros profissionais precisam ter conhecimentos de técnicas administrativas, uma vez que as organizações necessitam de equipes de pessoas com conhecimentos que permitam a transformação de seus objetivos em ações. Na disciplina, também será discutida a administração de organizações do Terceiro Setor, uma vez que hoje existe um entendimento de que a economia está dividida em três setores, quais sejam: Primeiro Setor, que é o Estado, responsável pela distribuição das riquezas produzidas; Segundo Setor, formado pelas empresas produtoras de bens e serviços; e Terceiro Setor, formado pelas organizações sem fins lucrativos que atuam junto aos outros setores, visando ajudar a diminuir as desigualdades sociais existentes. Segundo informações apresentadas pela Rede de Informações do Terceiro Setor (Rits), existem hoje no Brasil mais de 250 mil organizações não governamentais que compõem o Terceiro Setor. As informações da Rits também mostram que aproximadamente 2 milhões de pessoas são empregadas por essas organizações. 8 Diante da grande expressão que o setor representa, cada vez mais os interessados pelo Terceiro Setor têm ido em busca de aperfeiçoamento profissional e aprimoramento nas questões relativas à gestão e ao empreendedorismo social. Para a elaboração das informações contidas na Unidade II, que trata da administração de organizações do Terceiro Setor, será utilizado o livro Gestão Social, estratégias e parcerias: redescobrindo a essência da administração brasileira de comunidades para o Terceiro Setor, organizado pela Professora Doutora em Administração Marly Cavalcanti, que traz dados atualizados e importantes informações sobre a administração de organizações não governamentais. O conceito de gestão social está relacionado com toda ação gerencial eticamente orientada, que leva em conta as necessidades e os pontos de vista dos vários atores envolvidos, visando à promoção do desenvolvimento de pessoas e da sociedade. INTRODUÇÃO A disciplina Princípios Básicos da Administração tem por objetivo fomentar a reflexão sobre a evolução das teorias de administração e suas influências no desenvolvimento do trabalho, nas esferas pública e privada, trazendo a compreensão da importância da administração na elaboração e na execução de projetos que permitam a transformação de objetivos em ações. Por meio da análise das teorias da administração existentes, este livro-texto vai discorrer sobre a responsabilidade do administrador em gerir uma organização, executando atos de gestão pelos quais a organização realiza os seus objetivos, sejam eles com ou sem fins lucrativos ou econômicos. 9 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 1 TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO E O PAPEL DO ADMINISTRADOR 1.1 Visão geral e principais conceitos Os primeiros agrupamentos humanos sentiram necessidade de se organizar para o desenvolvimento de atividades de sobrevivência, tais como caça, proteção contra os ataques de animais e de outros grupos humanos. A organização é, portanto, um elemento fundamental na sociedade humana, fornecendo condições para o atendimento das necessidades básicas dos indivíduos, seja através de serviços públicos, como saúde, saneamento básico, água, energia, segurança pública, controle de poluição, educação, seja através de atividades privadas empresariais ou de associações, clubes, sindicatos, etc. É a partir de tais organizações que as pessoas obtêm os meios para a satisfação de suas necessidades. O avanço do processo da organização está diretamente ligado à história do homem, pois as sociedades da Antiguidade distinguiam-se umas das outras em função de vários fatores, entre eles o seu grau de organização. Uma organização é uma unidade social, em torno da qual se reúnem pessoas para alcançar objetivos específicos. Para isso, fazem planos, estabelecem e dimensionam recursos (humanos, materiais, financeiros, de informação, espaço e tempo). Na sociedade moderna, as pessoas nascem, crescem, aprendem, vivem, trabalham, se divertem, são tratadas e morrem dentro de organizações. As organizações são extremamente heterogêneas e diversificadas, de tamanhos diferentes, de características diferentes, de estruturas diferentes, de objetivos diferentes. Existemorganizações lucrativas (chamadas empresas) e organizações não lucrativas (como Exército, Igreja, serviços públicos, entidades filantrópicas, organizações não governamentais (ONGs) etc.). A Teoria das Organizações (TO) é o campo do conhecimento humano que se ocupa do estudo das organizações em geral (CHIAVENATO, 2007, p. 2). A origem da palavra administração vem do latim ad (direção, tendência para) e minister (subordinação ou obediência) e se refere àquele que realiza uma função sob o comando de outro. Porém, a palavra tem passado por transformações que mudaram seu sentido original, e a função do administrador passou a ser daquele que deve interpretar os objetivos que são propostos pela organização e transformá-los em uma ação por meio do planejamento, organização, direção e controle em todos os níveis organizacionais. Unidade I 10 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Para Chiavenato (2007, p. 11), a administração é o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de recursos a fim de alcançar objetivos organizacionais. Uma das razões para as mudanças do significado da palavra administração foi o surgimento de muitas teorias ou escolas que abordam o assunto de formas variadas e trazem suas críticas. Sendo que essas teorias apresentam seis variáveis – tarefas, estrutura, pessoas, ambiente, tecnologia e competitividade –, e cada uma delas vai enfatizar uma ou outra dessas seis variáveis. As teorias administrativas começaram a ser desenvolvidas na Europa e nos Estados Unidos a partir do final do século XIX e início do século XX, em função do avanço do processo de industrialização. Independente do seu enfoque, todas essas teorias são consideradas válidas, pois cada uma delas surgiu como resposta aos problemas empresariais, que eram os mais relevantes para a sua época. E, partindo desse raciocínio, podemos dizer que todas as teorias foram eficientes, pois apresentaram respostas satisfatórias aos problemas que foram surgindo. Para melhor compreensão das principais teorias administrativas e seus principais enfoques, vamos reproduzir um quadro elaborado por Chiavenato (2007, p.12), o qual demonstra claramente cada teoria e seu respectivo enfoque: Quadro 1 Ênfase Teorias Administrativas Principais enfoques Nas tarefas Administração científica Racionalização do trabalho no nível operacional Na estrutura Teoria Clássica Teoria Neoclássica Organização formal Princípios gerais da administração Funções do administrador Teoria da Burocracia Organização forma burocrática Racionalidade organizacional Teoria Estruturalista Múltipla abordagem Organização formal e informal Análise intraorganizacional e análise interorganizacional Nas pessoas Teoria das relações humanas Organização informal Motivação, liderança, comunicações e dinâmica de grupos Teoria do comportamento organizacional Estilos de administração Teoria das decisões Integração dos objetivos organizacionais e individuais Teoria do desenvolvimento organizacional Mudança organizacional planejada Abordagem de sistema aberto No ambiente Teoria estruturalista Análise intraorganizacional e análise ambiental Abordagem de sistema aberto 11 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Teoria da contingência Análise ambiental (imperativo ambiental) Abordagem de sistema aberto Na tecnologia Teoria da contingência Administração da tecnologia (imperativo tecnológico) Na competitividade Novas abordagens na administração Caos e complexidade Aprendizagem organizacional Capital intelectual Fonte: Chiavenato, 2007, p. 12. Na sociedade moderna, a administração passou a ocupar a condição de fenômeno universal, principalmente pelas condições de alta competitividade existentes. Nesse cenário, cada organização precisa alcançar os seus objetivos de forma eficiente e sem cometer erros ou fazer apostas arriscadas; pois isso significaria que o administrador está levando seus subordinados por caminhos que são os menos indicados. Nesse sentido, o administrador é considerado como um agente não só de condução, mas também de mudanças e de transformação das organizações. Sendo, por isso, visto como um verdadeiro educador e orientador, pois com suas atitudes tem a capacidade de modificar comportamentos e atitudes das pessoas. A administração possui, entre outras, características como universalidade, especificidade, unidade temporal, valor instrumental, amplitude de exercício e flexibilidade. Possui, também, elementos como eficiência, eficácia, produtividade, coordenação de recursos, objetivos e grupos sociais que a fazem diferente de outras disciplinas. O processo administrativo compreende atividades inter-relacionadas de planificação, organização, direção e controle de todas as etapas que implicam relações humanas e tempo. A administração nada mais é do que a condução racional das atividades de uma organização, seja ela lucrativa ou não lucrativa. A administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorram dentro de uma organização (CHIAVENATO, 2007, p. 2). A administração de empresas possui cinco variáveis principais que constituem seu estudo: tarefa, pessoas, tecnologia, ambiente e estrutura. Dessa forma, o processo administrativo é imprescindível para a existência, sobrevivência e sucesso das organizações; pois, se não houvesse uma administração, não haveria possibilidade de as organizações existirem e crescerem. Na sociedade moderna, a administração tem se revelado como um campo de conhecimento complexo e com muitos desafios, por isso o administrador pode atuar das mais diferentes formas dentro de uma organização, do nível hierárquico de supervisão elementar ao de dirigente máximo. 12 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Segundo Robert L. Katz (apud CHIAVENATO, 2007, p. 3), o profissional que desempenha atividades administrativas precisa possuir habilidades técnicas, humanas e conceituais, conforme explica: Habilidades técnicas envolvem o uso de conhecimento especializado e facilidade na execução de técnicas relacionadas com o trabalho e com os procedimentos de realização. É o caso de habilidades em contabilidade, em programação de computador, engenharia etc. As habilidades técnicas estão relacionadas com o fazer, isto é, com o trabalho com “coisas”, como processos materiais ou objetos físicos e concretos. É relativamente fácil trabalhar com coisas e com números porque eles são estáticos e inertes, não contestam nem resistem à ação do administrador. Habilidades humanas estão relacionadas com o trabalho com pessoas e referem-se à facilidade de relacionamento interpessoal e grupal. Envolvem a capacidade de comunicar, motivar, coordenar, liderar e resolver conflitos pessoais ou grupais. As habilidades humanas estão relacionadas com a interação com as pessoas. O desenvolvimento da cooperação dentro da equipe, o encorajamento da participação, sem medos ou receios, e o envolvimento das pessoas são aspectos típicos de habilidades humanas. Saber trabalhar com pessoas e por meio das pessoas. Habilidades conceituais envolvem a visão da organização ou da unidade organizacional como um todo, a facilidade em trabalhar com ideias e conceitos, teorias e abstrações. Um administrador com habilidades conceituais está apto a compreender as várias funções da organização, complementá-las entre si, como a organização se relaciona com o pensar, com o raciocinar,com o diagnóstico das situações e com a formulação de alternativas de solução dos problemas. Representam as capacidades cognitivas mais sofisticadas do administrador e que lhe permitem planejar o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e perceber oportunidades onde ninguém enxerga nada. Na medida em que um administrador faz carreira e sobe na organização, ele precisa, cada vez mais, desenvolver as suas habilidades conceituais para não limitar a sua empregabilidade. O autor explica que o administrador deve saber combinar essas habilidades e, conforme se sobe para os níveis mais elevados da organização, há uma diminuição da necessidade das habilidades técnicas e exigem-se mais habilidades conceituais. Isso ocorre pelo motivo de que nos níveis inferiores da administração existe a necessidade da habilidade técnica dos administradores para poderem trabalhar com os problemas operacionais concretos que fazem parte do cotidiano da organização. Além dessas habilidades, o administrador precisa fazer um investimento contínuo no seu capital intelectual, uma vez que a sociedade atual passa por constantes transformações. Por esse motivo, os profissionais precisam adquirir competências que sejam duráveis, ou seja, aquelas que, mesmo em uma sociedade em constante mutação, não sejam descartáveis nem se tornem obsoletas. 13 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Segundo Chiavenato (2007, p. 5), para que o administrador possa ser bem-sucedido profissionalmente, ele precisa desenvolver três competências que são consideradas duráveis, ou seja, o conhecimento, a perspectiva e a atitude. A seguir, o autor explica as características principais dessas competências: Conhecimento – significa todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências, aprendizagens que o administrador possui a respeito de sua especialidade. Como o conhecimento muda a cada instante em função da mudança e da inovação que ocorrem com intensidade cada vez maior, o administrador precisa atualizar-se constantemente e renová-lo continuamente. Isso significa aprender a aprender, a ler, a ter contato com outras pessoas e profissionais e, sobretudo, reciclar-se continuamente para não tornar-se obsoleto e ultrapassado em seus conhecimentos. Todavia, as empresas estão repletas de profissionais com excelentes currículos e um enorme cabedal de conhecimentos, mas que não são capazes de transformar a sua bagagem pessoal em contribuições efetivas ao negócio e criar valor para a organização. Eles têm o conhecimento para si e não disponível para a organização. Têm o conhecimento, mas não sabem como utilizá- lo ou aplicá-lo. O conhecimento é necessário e fundamental; mas não é suficiente para o sucesso profissional. Ele precisa ser adicionado a duas outras competências duráveis: a perspectiva e a atitude. Perspectiva – significa a capacidade de colocar o conhecimento em ação. Em saber transformar a teoria em prática. Em aplicar o conhecimento na análise das situações e na solução dos problemas e na condução do negócio. Não basta apenas possuir o conhecimento; ele pode ficar apenas em estado potencial. Torna-se necessário saber como utilizá-lo e aplicá- lo nas diversas situações e na solução dos diferentes problemas. A perspectiva representa a habilidade de colocar em ação os conceitos e as ideias abstratas que estão na mente do administrador. Em visualizar as oportunidades que nem sempre são percebidas pelas pessoas comuns e transformá-las em novos produtos, serviços ou ações pessoais. Na realidade, a perspectiva é a condição pessoal que torna o administrador capaz de diagnosticar situações e propor soluções criativas e inovadoras. É a perspectiva que dá autonomia e independência ao administrador, que não precisa perguntar ao chefe o que deve fazer e como fazer nas suas atividades. Contudo, o conhecimento e a perspectiva são fundamentais, mas carecem de uma terceira competência durável: a atitude. Atitude – significa o comportamento pessoal do administrador frente às situações com que se defronta no seu trabalho. A atitude representa o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, de motivar, de comunicar e de levar as coisas para a frente. Envolve o impulso e a determinação de inovar e a convicção de melhorar continuamente, o espírito empreendedor, o inconformismo com os problemas atuais e, sobretudo, a facilidade de trabalhar com outras pessoas e fazer as suas cabeças. É esta competência durável que transforma o administrador em um agente de mudança nas empresas e organizações e não simplesmente um agente de conservação. 14 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Para poder exercer de maneira eficiente seu papel, o administrador precisa desempenhar vários papéis, que consistem num conjunto de expectativas da organização no que diz respeito ao comportamento de uma pessoa. Dessa forma, os papéis dos indivíduos representam atividades que cabem ao administrador conduzir para sejam cumpridas as tarefas. Chiavenato descreve três papéis essenciais ao administrador: 1 – Papéis interpessoais que representam as relações com outras pessoas e estão relacionados às habilidades humanas; 2 – Papéis informacionais que descrevem as atividades necessárias para se manter e desenvolver uma rede de informações; 3 – Papéis decisórios que envolvem eventos e situações nas quais o administrador deve fazer uma escolha ou opção. Para esclarecer melhor esses três papéis, que na prática se subdividem em outros dez papéis do administrador, Chiavenato (2007, p. 7) apresenta um quadro explicativo: Quadro 2 Categoria Papel Atividades Interpessoal Representação Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visitante, assina documentos legais. Liderança Dirige e motiva pessoas, treina, aconselha, orienta e se comunica com os subordinados. Ligação Mantém redes de comunicação, dentro e fora da organização, usa malotes, telefonemas e reuniões. Informacional Monitoração Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios, mantém contatos pessoais. Disseminação Envia informações para os membros de outras organizações, memorandos e relatórios, telefonemas e contatos. Porta-voz Transmite informações para pessoas de fora, através de conversas, relatórios e memorandos. Decisorial Empreendimento Inicia projetos, identifica novas ideias, assume riscos, delega responsabilidade de ideias para outros. Resolução de conflitos Toma ação corretiva em disputas ou crise, resolve conflitos entre subordinados, adapta o grupo a crises e mudanças. Alocação de recursos Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades. Negociação Representa interesses da organização em negociações com sindicatos, em vendas, compras e financiamentos. Fonte: Chiavenato, 2007, p. 7. Assim como em tempos passados, a administração passou por transformações, e isso também vai ocorrer no futuro. Hoje a forma organizacional predominante é a burocrática; porém, devem surgir outros tipos de administração que respondam de forma mais adequada às demandas da era pós-industrial. 15 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Segundo Chiavenato (2007, p. 15), existem algumas fraquezas no modelo tradicional da organização burocrática, e as alternativas para esses pontos fracos servirão de base para futuros sistemas organizacionais. A seguir, o autor nos apresenta três aspectos que demonstram essa tendência: 1–Mudanças rápidas e inesperadasno mundo dos negócios, nos campos do conhecimento e da explosão populacional, impondo novas e crescentes necessidades a que as atuais organizações não têm como atender. 2 – Crescimento e expansão das organizações, que se tornam complexas e globalizadas. 3 – Atividades que exigem pessoas de competências diversas e especializadas envolvendo problemas de coordenação e, principalmente, de atualização em função de rápidas mudanças. Portanto, a função do administrador do futuro será incerta e desafiadora diante das mudanças e das transformações pelas quais passa a sociedade. O profissional precisa se preparar para enfrentar e resolver diversas situações, com exigências de diversos atores sociais, como: a sociedade, os clientes, os fornecedores, as agências regulamentadoras e concorrentes. Além disso, deverá atender aos interesses da alta administração, dos subordinados e dos acionistas. Chiavenato cita alguns fatores que criarão impacto sobre as organizações de uma forma geral, como crescimento, concorrência mais aguda, sofisticação da tecnologia, taxas elevadas de inflação, globalização da economia e internacionalização dos negócios e visibilidade maior das organizações. Aliados a esses fatores, o autor cita ainda a questão das transformações sociais, que geram impacto no cotidiano das organizações, uma vez que estas são parte integrante e inseparável da sociedade. Chiavenato cita algumas dessas transformações, as quais ele denomina de “megatendências”: 1 – Da sociedade industrial para a sociedade da informação; 2 – Da tecnologia simples para a tecnologia sofisticada; 3 – Da economia nacional para a economia mundial; 4 – Do curto para o longo prazo; 5 – Da democracia representativa para a democracia participativa; 6 – Das hierarquias para a comunicação lateral intensiva; 7 – Da opção dual para a opção múltipla; 8 – Da centralização para a descentralização; 9 – Da ajuda institucional para a autoajuda. Diante desse quadro, o futuro das empresas e dos administradores vai depender muito da capacidade de ler e interpretar a realidade externa para poder reconhecer as ameaças e as dificuldades e diminuir seus impactos negativos na organização. Portanto, a administração necessita ser um processo de ajustes constantes, pois novos e diferentes problemas vão surgir e precisarão de uma resposta para sua solução. 16 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Exemplo sobre a importância da administração de uma organização O modelo de excelência da gestão® Modelo de Excelência da Gestão® Uma visão sistêmica da gestão organizacional Inform ações e Conhecimento Liderança Estratégias e Planos Clientes Pessoas Processos Sociedade Resultados Informações e Conhec imen to Fonte: Fundação Nacional da Qualidade – FNQ. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/site/374/default.aspx>. Acesso em: 28/5/2011. A Administração nada mais é do que o gerenciamento ou a gestão de uma organização. Atualmente a questão da gestão é um fator bastante relevante para o sucesso de uma organização, independentemente se ela é pública ou privada, com ou sem fins lucrativos. Uma gestão de excelência pode ser o grande diferencial de uma organização no mundo globalizado, onde as tecnologias, as comunicações e a disseminação de informações estão disponíveis a todos. Partindo dessa premissa, vários países do mundo passaram a adotar um modelo de excelência da gestão que serve de referência para as organizações verificarem o estágio em que se encontram nessa área. 17 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 No Brasil, desde 1991, a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ) administra o Prêmio Nacional da Qualidade® (PNQ). A missão da FNQ é “Disseminar os fundamentos da Excelência em Gestão para o aumento de competitividade das organizações e do Brasil”. O desenho inserido no início deste texto é o Modelo de Excelência da Gestão®, o qual representa uma visão sistêmica da gestão organizacional e pode ser compreendido pelos seguintes aspectos: qualquer que seja o tipo da organização, ela desenvolve suas atividades num ambiente onde existe uma alteração constante nas informações e nos conhecimentos. A liderança dessa organização precisa saber utilizar essas informações e esses conhecimentos para atender às necessidades dos clientes e da sociedade. Para que isso seja possível, a liderança conta com os processos desenvolvidos pelas pessoas dentro das organizações. E, a fim de que os processos e as atividades das pessoas produzam um resultado, é necessário que a liderança desenvolva suas estratégias e planos. A organização que deseja ser reconhecida como aquela que possui uma gestão de excelência deve colocar em prática na sua administração os “Fundamentos da Excelência”, que são: 1. Pensamento sistêmico. 2. Aprendizado Organizacional. 3. Cultura de Inovação. 4. Liderança e Constância de Propósitos. 5. Orientação por Processos e Informações. 6. Visão de Futuro. 7. Geração de Valor. 8. Valorização das Pessoas. 9. Conhecimento sobre o Cliente e o Mercado. 10. Desenvolvimento de Parcerias. 11. Responsabilidade Social. Saiba mais O modelo de Excelência da Gestão® está alicerçado em um conjunto de conceitos fundamentais descritos na publicação Conceitos Fundamentais da Excelência em Gestão, disponível para download gratuito no Portal da FNQ. Nessa publicação, também estão descritos o contexto social, tecnológico e econômico em que as organizações se encontram, bem como o posicionamento conceitual da FNQ. FNQ – Fundação Nacional da Qualidade <http://www.fnq.org.br/site/376/default.aspx> 18 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Quadro das megatendências segundo Jonh Naisbitt, apresentado por Chiavenato Quadro 3 DE PARA ALTERAÇÃO Sociedade industrial Sociedade da informação Inovação e mudança Tecnologia simples Tecnologia sofisticada Maior eficiência Economia nacional Economia mundial Globalização e competitividade Curto prazo Longo prazo Visão do negócio e do futuro Democracia representativa Democracia participativa Pluralismo e participação Hierarquia Comunicação lateral Democratização e empowerment Opção dual ou binária Opção múltipla Visão sistêmica e contingencial Centralização Descentralização Incerteza e imprevisibilidade Ajuda institucional Autoajuda Autonomia e serviços diferenciados Fonte: Chiavenato, 2007, p. 19. 1.2 Histórico A Administração nasceu no século XX e, para seu processo de formação, contou com a contribuição cumulativa de filósofos, físicos, economistas, estadistas, empresários. Esses atores sociais foram desenvolvendo suas teorias e obras de acordo com seu campo de atuação. Dessa forma, a moderna administração emprega diversos conceitos e princípios que também são utilizados em outras ciências. Apesar de a ciência da administração ser relativamente nova, para que ela se formasse foram necessários uma preparação e antecedentes históricos suficientemente capazes de permitir e viabilizar seu surgimento. A evolução da administração relaciona-se, principalmente, a dois fatores que se interligam: à administração das estruturas de governos existentes ao longo da história e à administração de organizações de caráter privado. Somente a partir do processo de industrialização sentiu-se a necessidade de aprimorar as organizações existentes, o que é um fenômeno relativamente recente em nossa sociedade. Nas sociedades pré-industriais, as organizações humanas eram tribo, família, igrejas, exércitos e governos. Um dos mais antigos exemplos de organizaçãoé o exército, já que todas as campanhas militares tendiam a exigir uma grande organização para as conquistas, para a defesa e para a administração governamental, decorrendo daí as primeiras noções de organização. Nesse período, dois temas aparecem constantemente: 1. Noção relativamente limitada das funções administrativas; 19 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 2. Pouca consideração pela atividade comercial. Vários indícios na história antiga mostram-nos que o homem utilizou planos formais, organizações de trabalho, aproveitamento de lideranças e sistemas de avaliação, pois as grandes construções indicam uma prática eficiente das funções administrativas. Os egípcios desenvolveram grandes projetos arquitetônicos e de engenharia, como as pirâmides e os canais de irrigação. Para possibilitar tais empreendimentos, alguns métodos, sofisticados para a época, foram adotados: divisão de trabalho entre pessoas e departamentos, planejamento, criação da função de “administrador”. A Babilônia também desenvolveu atividades que merecem ser estudadas quando falamos de administração: o Código de Hamurábi (governador da Babilônia no período de 2000 a 1700 a. C.), um conjunto de leis que orientou o povo, estabeleceu o princípio do trabalho remunerado, instituiu o princípio da paga mínima, dos contratos de trabalho e recibos de pagamento, controlando as transações comerciais e as relações trabalhistas. Na Grécia Antiga (400 a. C.), Sócrates cria a universidade da administração. Platão, no livro A República, coloca seu ponto de vista sobre a administração dos negócios públicos e o princípio da especialização. Entre os grandes escritos de Platão, destacamos, em primeiro lugar, a classificação das formas de governo, que estão divididas em: • aristocracia: governo da nobreza ou classe alta; • oligarquia: governo de apenas uma classe social; • democracia: governo do povo; • tirania: governo de uma só pessoa. Platão preocupou-se ainda com a criação de uma classificação para as classes sociais, dividindo-as em: ouro (os governantes); prata (os guerreiros); e bronze (os artesãos). Aristóteles (300 a. C.), em seu livro A Política, distingue três formas de administração pública: Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário, e classificou as formas de governo em monarquia (governo de uma só pessoa); aristocracia (governo da classe alta); e democracia (governo do povo). O Império Romano, uma das civilizações que mais influenciaram o pensamento administrativo, serviu de base para a sociedade moderna e influenciou também na definição dos nomes atribuídos às pessoas que ocupavam cargos: gestores ou mandatários. Em Roma, também as empresas foram classificadas de três formas: públicas (empresas que realizavam atividades do Estado); semipúblicas 20 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 (as que pertenciam a sindicatos); e privadas (as que eram propriedade de civis, que também as gerenciavam). Roma desenvolveu um sistema semi-industrial de manufatura armamentista, de produção de cerâmica para o mercado mundial e, posteriormente, de produção têxtil para exportação. Seu sistema rodoviário foi construído para melhorar a distribuição de bens, assim como para agilizar o movimento de tropas para as colônias. O Estado regulava todos os aspectos da vida econômica: as corporações, determinava as tarifas comerciais, a armazenagem dos produtos e usava esses rendimentos para a guerra. Organizações de grande porte eram proibidas quando seu objetivo era outro que não a execução de contratos públicos. A Igreja Católica herdou muitas das tradições administrativas dos romanos, a começar pela administração geográfica, que representa um exemplo interessante de prática de administração. A estrutura atual da Igreja, que foi estabelecida em torno do século II (d. C.), quando se definiram com mais rigor seus objetivos e doutrinas, centralizou-se em Roma e criou uma estrutura hierárquica simples, composta dos seguintes níveis: Papa, Cardeais, Arcebispos e Párocos, que se reproduziu ao longo de quase dois mil anos. Ao longo dos séculos, a Igreja Católica estruturou sua organização com uma hierarquia de autoridade, um estado-maior (assessoria) e a coordenação funcional para assegurar integração. A organização hierárquica da Igreja é tão simples e eficiente que sua enorme organização mundial pode operar sob o comando de uma só cabeça executiva: o Papa, cuja autoridade coordenadora lhe foi delegada de forma imediata por uma autoridade divina superior. A estrutura da organização eclesiástica serviu de modelo para as demais organizações que, ávidas de experiências bem sucedidas, passaram a incorporar os princípios e normas utilizados pela Igreja Católica (CHIAVENATO, 2007, p. 32). 1.3 O surgimento do Estado moderno A centralização do poder político e a formação das monarquias europeias são indicadores da transição gradativa da Idade Média para a Idade Moderna. Mediante um processo lento, mas contínuo, durante os séculos XIV e XV, ocorrem a desagregação do sistema feudal e a formação dos Estados modernos. Maquiavel (1469-1527), ao refletir sobre a realidade de sua época, elaborou não uma teoria de Estado moderno, mas uma teoria de como se formam os Estados, de como, na verdade, se constitui o Estado moderno. Para ele, o Estado passa a ter suas próprias características, faz política, segue suas técnicas, suas próprias leis. Em sua obra O Príncipe faz recomendações sobre como um governante deve comportar-se. Acreditava em trabalho de equipe, recomendava que o príncipe deveria procurar os colaboradores 21 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 individualmente capazes, que também soubessem trabalhar em equipe. A aprovação dos governados é essencial, independentemente da forma de chegada ao poder (usurpação ou herança). O governante deveria, pelo exemplo pessoal, inspirar os governados. Em situação de crise, o príncipe deveria tentar fortalecer o moral e o espírito de seus governados, incentivando-os com o uso de suas qualidades intangíveis de liderança. Quadro 4 Características do Estado moderno Serve de base para as outras instituições formais Passa a ser a fonte do direito positivo, legitimado pela sociedade É, inicialmente, absoluto e mercantil Cria condições para que ocorra a Revolução Industrial De maneira geral, o Estado moderno pressupunha: • a delimitação de um território com fronteiras bem-definidas; • a legitimidade social do poder político; • a centralização política; • a constituição de uma estrutura administrativa mínima (exército, tributos e os primórdios da burocracia). Do final do século XVIII até o século XX, dois processos modificaram o desenho do Estado: a luta democratizadora por direitos civis, políticos e sociais – realizada em meio a revoluções e tentativas de incorporação de novos atores ao processo político, e que redundou na criação de instrumentos e políticas estatais voltados para esses direitos – e a expansão do capitalismo, que fez surgir meios de proteção à propriedade e aos contratos, uma infraestrutura para o desenvolvimento econômico e diversas formas de intervenção, diretas e indiretas, para constituir e regular o mercado interno. Observação Surge com as mudanças estrutural e cultural ocorridas na sociedade. Nesse novo cenário, as organizações passam a participar do desenvolvimento do Estado, uma vez que a formação dos mesmos possibilitou a existência de um mercado seguro para o comércio.Dessa forma, houve ganhos resultantes da produtividade e da divisão do trabalho. 1.4 A Revolução Industrial Completada a revolução de formação do Estado moderno e não obstante o domínio da nova teoria econômica liberal a partir de Adam Smith (A Riqueza das Nações é de 1776), só setenta anos mais tarde a Inglaterra adotou o liberalismo comercial. As instituições mercantis haviam sido fundamentais para seu desenvolvimento; chegava a hora das instituições liberais. 22 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 A instituição do Estado moderno permitiu às nações que primeiro realizaram um processo de unificação do Estado saírem do período medieval e evoluírem para o mercantilismo, tendo seu grande despertar no princípio do século XVI, com as grandes descobertas através da navegação e das invenções, iniciando-se, assim, o que podemos chamar de primórdios da Revolução Industrial. Lembrete A Revolução Industrial é consequência e complemento da revolução capitalista. Prova disso é que as nações que conseguiram promover e completar sua revolução industrial também foram as primeiras que alcançaram o desenvolvimento econômico, como Inglaterra, EUA e França. Os argumentos de Adam Smith sobre a vantagem econômica que as organizações e a sociedade poderiam obter com a divisão de trabalho fundamentaram-se na estrutura da indústria de fabricação dos alfinetes. Smith menciona que dez indivíduos, cada um realizando uma atividade especializada, poderiam produzir ao todo cerca de 48 mil alfinetes ao dia. Entretanto, se esses mesmos indivíduos trabalhassem de forma separada e independente, com um pouco de sorte, somente poderiam fabricar duzentos alfinetes ao dia. Smith concluiu que a divisão de trabalho aumenta a produtividade ao incrementar a habilidade e a destreza de cada trabalhador. A grande popularidade que a especialização do trabalho ganhou, durante o processo de desenvolvimento da Revolução Industrial, permitiu que os mais variados segmentos industriais aplicassem sua teoria. A Revolução Industrial promoveu uma grande mudança nos modelos de produção artesanal para o processo de divisão de trabalho apoiado nas ideias de Adam Smith. A produção manual, na qual o artesão domina todo o processo produtivo, passa a ser segmentada em vários níveis, permitindo aos detentores dos meios de produção subjugar o trabalhador, que passou a executar somente uma pequena parte da tarefa produtiva. As principais mudanças implementadas pela Revolução Industrial foram: mudanças dos sistemas de produção; diminuição dos custos de produção; surgimento dos grandes inventos, que permitiram que a Revolução Industrial se ampliasse nos diferentes setores; o surgimento de uma nova classe social, os operários; desaparecimento do pequeno artesão e busca da competência e especialização. Chiavenato apresenta uma divisão da Revolução Industrial em dois períodos distintos: Quadro 5 Período de 1780 a 1860 1º Revolução Industrial ou Revolução do carvão e do ferro Período de 1860 a 1914 2º Revolução Industrial ou Revolução do aço e da eletricidade Fonte: Chiavenato, 2007. 23 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 O mesmo autor ensina que a 1º Revolução Industrial passou por quatro fases distintas: Quadro 6 1º fase: A mecanização da indústria e da agricultura 2º fase A aplicação da força motriz à indústria 3º fase O desenvolvimento do sistema fabril 4º fase Um espetacular aceleramento dos transportes e das comunicações Fonte: Chiavenato, 2007. A segunda fase da Revolução Industrial foi provocada por três importantes fatores: o surgimento de um processo para fabricação do aço; um aperfeiçoamento na utilização do dínamo; e a invenção do motor de combustão interna. Até 1850, a maioria das empresas não contava com os serviços de um administrador que se dedicasse exclusivamente a essa função, uma vez que as empresas eram pequenos negócios de família. A partir do momento em que várias pequenas empresas começaram a se agregar em uma federação, sob o controle de uma companhia holding, essas unidades deixaram de ser dirigidas pelas próprias famílias e começaram a ser administradas por gerentes assalariados. Problematização: a terceira e a quarta revolução industrial A partir da Segunda Guerra Mundial, a economia mundial começou a sofrer uma grande transformação. Essas mudanças são conceituadas como a Terceira Revolução Industrial, pois se estendem além das transformações ocorridas dentro das linhas de produção. Com o avanço dos conhecimentos tecnológicos, passou a existir uma integração entre vários ramos da ciência, possibilitando o surgimento de processos produtivos que independem do uso da mão de obra humana, como, por exemplo, o grande uso de sistemas robóticos nas linhas de produção industrial. As revoluções industriais que haviam ocorrido anteriormente tinham como finalidade o uso das tecnologias para produção de mercadorias a um custo reduzido e em quantidades suficientes para atender às demandas existentes; porém, em ambas, o uso da força de trabalho humano era necessário para que existisse a produção. A introdução de novas tecnologias no cotidiano da sociedade trouxe significativas mudanças dentro das organizações e também na vida das pessoas; pois a Terceira Revolução Industrial não ficou restrita aos países desenvolvidos, as transformações atingiram um nível globalizado. Hoje, os pesquisadores entendem que os avanços da globalização trouxeram muitos prejuízos para a humanidade, como a destruição do meio ambiente e de culturas milenares. Apesar das críticas decorrentes da substituição dos seres humanos por máquinas, que já podem participar de todo o processo produtivo, gerando um grande número de desempregados, os avanços da tecnologia, principalmente da informática e da genética, indicam que estamos caminhando para uma 24 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Quarta Revolução Industrial, ou seja, adentrando num mundo onde é possível alterar a natureza por meio da biotecnologia e trabalhar novas áreas das ciências exatas por meio da nanotecnologia. Saiba mais O sociólogo polonês Zygmunt Bauman é um dos pesquisadores mais citados quando se trata de discutir as mudanças pelas quais a nossa sociedade está passando. Ele denomina a época atual como a pós-modernidade, onde as relações humanas são consideradas como líquidas, ou seja, não existe segurança e tudo parece escorrer das nossas mãos. Por isso, alguns dos seus livros são chamados Amor Líquido e Medo Líquido. Segundo Bauman, na modernidade as relações sociais estavam baseadas na ética do trabalho e este era o balizador de todas as relações sociais e produzia uma segurança para quem tinha um emprego. Já na pós-modernidade as relações sociais estão baseadas na estética do consumo, ou seja, para que as pessoas sejam aceitas na sociedade precisam ser consumidores, e a estética do consumo está influenciando todas as relações humanas. Como o consumidor não pode se apegar ao produto, vivemos numa sociedade onde tudo é descartável, até mesmo as relações pessoais. Se for de seu interesse conhecer um pouco mais a opinião de Zygmunt Bauman sobre a história da globalização e a consequência desse processo, deve fazer a leitura do livro Globalização: as consequências humanas – Jorge Zahar Editor. E, no endereço eletrônico abaixo, é possível ler uma entrevista do sociólogo Zygmunt Bauman concedida à pesquisadora Maria Lúcia Garcia Pallares-Burke: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-20702004000100015&script=sci_arttext> 1.5 Teorias científicas da administração Dando mais um salto na história, passamos agora para a fase dos primeiros estudos formais da teoria da administração, que se situa nos séculos XIX e XX, período do surgimento da chamada Administração Científica, com a publicação dos Princípios da administração científica, em 1911, por Frederick Winslow Taylor, chamado pai da administração científica. Para esclarecermos o que vem a ser uma teoria, trazemos o comentário citado por Maximiano: Teoria se refere a um modo de se organizar os fatos, explicando-os, estabelecendo relações e dando oportunidade de serem utilizados para previsão e prognóstico da realidade. Teoria diz respeito à relação entre fatos 25 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 ou, em outros termos, à ordenação significativa desses fatos, consistindo em conceitos, classificações, correlações, generalizações, princípios, leis, regras, teoremas e axiomas (LACATOS; MARCONI, 1999, apud MAXIMIANO). Portanto, podemos dizer que uma teoria é um conjunto de proposições que procuram explicar os fatos da realidade. O trabalho de Frederick Winslow Taylor foi desenvolvido durante sua estada nas empresas Midvaley e Bethleen Steel, como engenheiro. Sua teoria partiu da constatação de que havia a necessidade de melhorar a qualidade do produto e reduzir os custos de produção, uma ideia que estava associada à produtividade. Segundo Taylor, esses problemas decorriam da falta de padrões de desempenho e eficiência e da necessidade de orientação para tomadas de decisão mais conscientes e dirigidas para problemas específicos, que geravam baixos níveis de interação entre o operário e o sistema produtivo. Taylor passou a cronometrar os movimentos dos trabalhadores e dividia-os nas tarefas que os compunham – chamando-as unidades básicas de trabalho. Procurava, dessa forma, a melhor maneira de executá-las e de combiná-las para a tarefa maior. Usava sistema de pagamento por peças produzidas ou por quantidade, provocando aumento do rendimento dos trabalhadores de acordo com seu esforço. Com isso, Taylor conseguiu aumentar a eficiência, pois a produtividade resultava da eficiência do trabalho, e não da maximização dos esforços (troca do trabalho duro pelo trabalho inteligente). Henry Ford adotou a linha de Taylor, em que a preocupação maior era a produtividade, sem considerar o homem e suas necessidades. Implantou e desenvolveu a divisão de trabalho na linha de montagem. Assim, cada operador era responsável por uma tarefa pequena, simples, que se completava com o trabalho de vários outros operadores, cada qual com operações igualmente simples. Desconhecendo o processo global, cada operador detinha o conhecimento de sua operação e de nada mais; muitas vezes não sabia a que se destinava a peça por ele fabricada. A intercambialidade de operadores permitia que trabalhadores sem nenhum tipo de conhecimento, experiência ou treinamento desenvolvessem bem a tarefa produtiva, e também que tal trabalhador fosse facilmente substituído. A produção uniformizada garantia à linha de montagem uma velocidade única para todos os operadores, facilitando o controle pelo supervisor. Tais práticas propiciaram o aparecimento de trabalhos indiretos: limpeza, abastecimento de insumos e coordenação de operações, garantindo que o trabalhador da linha de produção se fixasse apenas na sua tarefa. Juntamente com o americano Frederick Taylor, responsável pela chamada Escola da Administração Científica, outro engenheiro europeu também participou, no início do século XX, do desenvolvimento dos primeiros trabalhos sobre a administração. Henri Fayol, responsável pelo desenvolvimento da chamada Teoria Clássica, cuja base era a preocupação com o aumento da eficiência da empresa por meio de sua organização e da aplicação de princípios gerais da administração em bases científicas. As ideias desses dois engenheiros são responsáveis pela formação da chamada Abordagem Clássica da Administração, que perdurou durante as quatros primeiras décadas do século XX, no que se refere à administração das organizações. 26 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Fayol, em seus princípios da administração, expõe o seguinte: • Divisão de trabalho: resultando na especialização das funções e na separação dos poderes; • Autoridade e responsabilidade: a primeira, o direito de mandar e o poder de se fazer obedecer; a segunda, a sanção – recompensa ou penalidade – que acompanha o exercício do poder; • Disciplina: o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes; • Unidade de comando: forma de cada indivíduo ter apenas um superior; • Unidade de direção: um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo; • Subordinação do interesse individual ao interesse geral; • Remuneração do pessoal: de forma equitativa e com base tanto em fatores externos quanto internos; • Centralização: a concentração de poderes de decisão no chefe; • Linha de autoridade ou hierarquia: a série dos chefes, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas; • Ordem: um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar; • Equidade: o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários; • Estabilidade do pessoal: a manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento; • Iniciativa: faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes; espírito de equipe. A seguir, quadro representativo das duas correntes que fazem a Abordagem Clássica da Administração, apresentando suas principais orientações: Quadro 7 Escola da Administração Científica Corrente dos Anatomistas e Fisiologistas da Organização – Teoria Clássica Se forma nos Estados Unidos a partir dos trabalhos de Taylor Nasce na França com os trabalhos pioneiros de Fayol A preocupação básica era aumentar a eficiência da empresa por meio do aumento da eficiência no nível operacional (operários) A preocupação básica era aumentar a eficiência da empresa por meio da forma e da disposição dos órgãos componentes da empresa (departamentos) e de suas relações estruturais Enfatiza a divisão do trabalho do operário, ou seja, ênfase nas tarefas é sua principal característica Enfatiza a anatomia (estrutura) e a fisiologia (funcionamento) da organização, ou seja, ênfase na estrutura é a sua principal característica 27 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Predominava a atenção para o método de trabalho Predominava a atenção para a estrutura organizacional Permitia a especialização do operário e o reagrupamento de movimentos Permitia a melhor maneira de subdividir a empresa sob a centralização de um comando central Corrente de ideias desenvolvidas por engenheiros que procuravam elaborar uma engenharia industrial dentro de uma concepção pragmática Corrente teórica orientada administrativamente Fonte: Chiavenato, 2007. Desdobramento da abordagem clássica apresentada por Chiavenato: Abordagem Clássica da Administração Administração Científica Teoria Clássica Ênfase na estrutura Ênfase nas tarefas Fayol TaylorT AV Figura 1 Saiba mais O conceito de eficiência, eficácia e efetividade é muito importante para a administração e também para os projetos sociais. Assim, aqueles que quiserem conhecer melhor o assunto podem acessar o site indicado abaixo e ler o artigo Eficiência, Eficácia e Efetividade na AdministraçãoPública, de autoria do pesquisador Rodrigo Batista de Castro, no qual é tratada de forma mais abrangente essa questão. <http://www.anpad.org.br/enanpad/2006/dwn/enanpad2006-apsa- 1840.pdf> 2 CARACTERIZANDO AS ORGANIZAÇÕES 2.1 Organização Segundo Patrick (2005), o conceito de organização é essencialmente o mesmo para todos os tipos de atividades. Uma vez formulados os planos e os objetivos, a administração deve desenvolver um modo sistemático de reunir os recursos físicos e humanos essenciais à realização das metas da empresa. Maximiano (2007) entende organização como um sistema de recursos que procura alcançar objetivos. O processo de definir quais objetivos a organização pretende alcançar, com quais recursos, chama-se 28 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 planejamento. O processo de dividir o trabalho entre as pessoas, para realizar os objetivos, chama-se processo de organização. Caravantes (2007) define o conceito de organização social como muito amplo e capaz de englobar vários agrupamentos sociais, na medida em que os participantes estão interligados por uma rede de relações e comungam de certos valores e normas. O mesmo autor acrescenta, ainda, a necessidade de delimitar esse conceito. Sempre que usarmos o termo organização, devemos associá-lo a um termo delimitante, a um adjetivo, como formal, complexo ou burocrático. Dois autores destacaram-se no estudo das estruturas das organizações: o sociólogo alemão Max Weber, que viveu de 1854 a 1920, e um executivo de uma grande empresa norte-americana, Chester Barnard. Weber, citado por Caravantes (2007), chamou de grupo corporativo o que definiu como “uma relação social que ou é fechada, ou limitada à admissão de forasteiros através de regras”. E coloca três características básicas: • O grupo corporativo é caracterizado por fronteiras ou limites específicos, na medida em que pessoas são impedidas de participar ou sua participação é sujeita a especificações muito claras. Membros e não membros. • Existe um conjunto de normas e regras a ser seguido por todos que participam do grupo e que definem condutas consideradas aceitáveis – ou não aceitáveis – de seus membros. • A ordem existente é legal, na medida em que há uma diferença de poder entre os membros integrantes, existindo um subgrupo que decide exercer controle e administrar punições. Weber coloca ainda que uma organização deve apresentar duas características adicionais: • Deve ter um caráter comunal, pois é este último que faz com que as pessoas se reúnam e se agreguem; • Suas atividades devem ser implementadas de maneira sistemática, sem que haja interrupções significativas, e os objetivos perseguidos por seus membros, relativamente específicos. Segundo Chester Barnard (apud CHIAVENATO), uma organização é um subsistema de um sistema mais amplo, que ele chamou de sistemas cooperativos. Estes criam condições para que as limitações biológicas, físicas ou sociais sejam superadas. É um sistema cooperativo que se caracteriza por ser consciente, deliberado e com propósitos definidos. Para Barnard, necessita de três elementos: • Comunicação entre os indivíduos participantes; • Motivação para contribuir; • Propósito comum. 29 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Motivação Organização Comunicação Propósito comum Figura 2 Caravantes (2007) conclui que organizações são unidades sociais (grupos humanos) deliberadamente construídos e reconstruídos para atingirem objetivos específicos, tais como: corporações, exércitos, escolas, hospitais, igrejas e prisões. Estão incluídos ainda: tribos, classes, grupos éticos. Grupos de amizade e famílias estão excluídos. Saiba mais Pensamento sistêmico Trata-se do primeiro fundamento em que se baseiam os “Critérios Rumo à Excelência e Compromisso com a Excelência”, podendo ser descrito como “entendimento das relações de interdependência entre os diversos componentes de uma organização e o ambiente externo”. Nas organizações que desejam alcançar o sucesso, seus administradores devem entender que as organizações são formadas pela combinação dos recursos humanos e organizacionais, ou seja, apesar de haver divisões de setores para o melhor funcionamento, estes precisam estar interligados por uma rede de relacionamentos, formando um único conjunto. Para quem se interessar por esse assunto, uma boa dica é o artigo do pesquisador Laércio Cristino Martins, Pensamento sistêmico na gestão de organizações (PMEs) – Gestão Sistêmica de Organizações, que está disponível em: <http://www.isssbrasil.usp.br/pdfs2/gso_5.pdf> 30 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 2.2 A organização das organizações A. Divisão de trabalho, poder, responsabilidade pela comunicação, divisões que não são casuais ou tradicionalmente estruturadas, mas deliberadamente planejadas para alcançar e realizar objetivos específicos. B. A presença de um ou mais centros de poder que controlam os esforços planejados da organização e os dirigem para os objetivos dela. C. Substituição de pessoal, isto é, aqueles com desempenho não satisfatório podem ser removidos e suas tarefas podem ser atribuídas a outros. Patrick (2005) propõe que, ao nos organizarmos, devemos observar: • Unidade de propósito: concordar quanto ao trabalho a ser feito; • Divisão de trabalho: decidir o que deve ser feito para alcançar os propósitos; quais funções devem ser desempenhadas, quem irá desempenhá-las e que autoridade terá para desempenhá-las; • Preenchimento dos cargos: deve-se determinar o tipo, a quantidade e a experiência das pessoas que implementarão esse trabalho; • Estrutura ou arcabouço organizacional: garantirá que o trabalho de equipe seja eficaz em termos de relações de subordinação – a cadeia de comando e o fluxo de informações. Patrick (2005) acrescenta, ainda, que a atividade de organizar desempenhada no processo de administrar está descrita na figura abaixo: Organizar Criar estrutura Dividir trabalho Distribuir recursos Coordenar atividades Planejar Definir direção Avaliação e feedback Controlar Coordenar atividades Figura 3 31 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 A maneira como as diversas partes de uma organização são formalmente dispostas é chamada de organograma. No organograma, podemos ver: 1. Os níveis de administração: camadas verticais de administração. 2. Relações de supervisão: linha mostrando quem se reporta a quem. 3. Subunidades principais: cargos que se reportam a um mesmo gerente. 4. Divisão de trabalho: cargos e títulos. 5. Canal de comunicação. Diretrizes para organizar: • Estar bem atento ao impacto de mudança sobre as pessoas, bem como sobre a estrutura; • Manter a estrutura enxuta e simples. Não desenvolver níveis demais para aprovação e revisão; • Uma vez desenvolvida a estrutura ideal, compatibilizar as pessoas da melhor forma possível. Saiba mais No site “Página de Direito”, é possível obter mais informações sobre a Administração. <http://www.angelfire.com/ar/rosa01/direito108.html> 3 A TEORIA BUROCRÁTICA E SUA APLICAÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 3.1 Teoria burocrática Max Weber, sociólogo alemão que viveu de 1854 a 1920, estudou a organização dentro de seu próprio quadro de referência e definiu a administração como um sistema social e burocrático, enfocando seus aspectos institucionais,tomando como base princípios da sociologia, da ciência política e do direito. É um dos autores mais discutidos e comentados, uma vez que seus princípios administrativos foram adaptados aos setores governamentais, uma das atividades predominantes no princípio da evolução das teorias administrativas. 32 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Com o aparecimento, crescimento e proliferação das burocracias, a teoria administrativa – até então introspectiva e voltada apenas para os fenômenos internos da organização – ganhou uma nova dimensão por meio a abordagem estruturalista: além do enfoque intraorganizacional, surgiu o enfoque interorganizacional. A visão estreita e limitada aos aspectos internos da organização passou a ser ampliada e substituída por uma visão mais ampla, envolvendo a organização e suas relações com outras organizações dentro de uma sociedade maior (CHIAVENATO, 2007, p. 255). Na administração pública, os estudos de Max Weber foram adotados para substituir a administração patrimonialista, na qual se baseavam as monarquias absolutistas. Patrimonialista, porque o patrimônio público e o privado eram confundidos. Esse tipo de Estado era governado pelo rei, cujo patrimônio individual confundia-se com o patrimônio público. O patrimonialismo revela-se incompatível com o capitalismo industrial e as democracias parlamentares que surgem no século XIX. Para o capitalismo, a separação clara entre Estado e mercado é essencial. A democracia só pode existir quando a sociedade civil, formada por cidadãos, distingue-se do Estado, ao mesmo tempo em que o controla. O aparecimento das burocracias coincidiu com o despontar do capitalismo, graças a inúmeros fatores, dentre os quais a economia do tipo monetário, o mercado de mão de obra, o aparecimento do Estado-nação centralizado e a divulgação da ética protestante (que enfatiza o trabalho como um dom de Deus e a poupança como forma de evitar a vaidade e a ostentação) (CHIAVENATO, 2007, p. 254). Os princípios organizacionais da burocracia se adaptam bem a essas necessidades, pois, além de uma clara distinção entre público e privado, fazem uma separação entre o político e o administrador público. Dessa forma, os princípios da administração burocrática moderna, racional-legal, serão usados na administração pública durante período significativo do século XX. Assim, a abordagem estruturalista passa a se impor sobre a abordagem clássica e a abordagem das relações humanas. A partir de então, a visão teórica adquire novas dimensões e novas variáveis, por meio da Teoria da Burocracia e da Teoria Estruturalista, conforme desdobramento da abordagem estruturalista demonstrada por Chiavenato. Abordagem Estruturalista Teoria da Burocracia Teoria Estruturalista Ênfase na estrutura, nas pessoas e no ambiente Ênfase na estrutura Figura 4 33 PRINCÍPIOS BÁSICOS DA ADMINISTRAÇÃO Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 Max Weber, estudando as relações entre a economia e a sociedade, trata, em sua obra, da questão da legitimidade que fundamenta o exercício da autoridade. Quais são os diversos tipos de autoridade existentes na sociedade e como elas se legitimam? Ao responder a essas questões, Weber define três tipos de autoridade: 1. Autoridade tradicional: baseia-se nos costumes e nas tradições de uma cultura. A autoridade dos patriarcas e dos anciãos nas sociedades antigas e o poder do senhor feudal. 2. Autoridade carismática: baseia-se nas características pessoais de um indivíduo. Os profetas, heróis, guerreiros e líderes normalmente são reconhecidos pelos seus feitos e qualidades pessoais. 3. Autoridade racional-legal: refere-se à autoridade baseada nas regras e nas normas estabelecidas por um regulamento reconhecido e aceito pelos membros de dada comunidade. O ordenamento jurídico estabelece competências, direitos e deveres atribuídos a cada função, e a autoridade se impõe pela obediência a esse princípio. O exercício da autoridade e da função é limitado pelas regras. Chiavenato apresenta uma tabela em que fica mais claro a tipologia de sociedade e a tipologia de autoridade e suas características segundo Weber. O poder é legitimado por meio de um método de dominação ou pela combinação dos três métodos descritos anteriormente. A burocracia é um sistema administrativo pelo qual o poder é legitimado e canalizado para a execução de tarefas orientadas para um objetivo. Quadro 8 Tipos de sociedade Características Exemplos Tradicional Patriarcal e patrimonialista Conservadorismo Clã, tribo, família, sociedade medieval Carismática Personalista, mística e arbitrária Revolucionária Grupos revolucionários, partidos políticos, nações em revolução Legal, racional ou burocrática Racionalidade dos meios e dos objetivos Estados modernos, grandes empresas, exércitos Fonte: Definições de Chiavenato (2004) relacionadas com os tipos de sociedade. Quadro 9 Tipos de autoridade Características Legitimação Aparato administrativo Tradicional Não é racional. Poder herdado ou delegado. Baseado no “senhor”. Tradição, hábitos, usos e costumes. Forma patrimonial e forma feudal. Carismática Não é racional, nem herdada, nem delegável. Baseada no carisma. Características pessoais (heroísmo, magia, poder mental) e carismáticas do líder. Inconstante e instável. Escolhido pela lealdade e devoção ao líder e não por qualificações técnicas. Legal, racional ou burocrática Legal, racional, impessoal formal. Meritocrática. Justiça da lei. Promulgação e regulamentação de normas legais previamente definidas. Burocracia. Fonte: Definições de Chiavenato (2004) relacionadas com os tipos de autoridade. 34 Unidade I Re vi sã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : K ar en - 1 6/ 05 /2 01 1 - 2ª R ev isã o: A nd ré ia - D ia gr am aç ão : J ef fe rs on - 0 2/ 06 /2 01 1 A administração burocrática propriamente dita constitui-se na determinação clara de um tratado, no qual são definidos aspectos como: • um conjunto de normas: cada cargo está associado a um conjunto de deveres, responsabilidades e autoridade; • o princípio de hierarquia: os cargos obedecem a uma hierarquia de importância e essa hierarquia é conhecida pelos elementos que os diferenciam; • a competência profissional: associada à divisão clara de tarefas, pela qual é definida a competência de cada um, e as pessoas são preparadas para desempenhar suas tarefas segundo padrões esperados; • o conhecimento técnico: todas as regras que definem o sistema social em que o indivíduo está envolvido e que determinam o desempenho do cargo. Em sua vertente estatal, o modelo burocrático weberiano baseava-se nas seguintes características: • separação nítida entre as esferas pública e privada, a fim de evitar a interferência de interesses particulares na administração pública – é a luta contra o patrimonialismo; • rotinas e procedimentos formalizados segundo regras definidas a priori; • impessoalidade e neutralidade do corpo de funcionários; • estrutura hierárquica funcional fortemente verticalizada; • seleção meritocrática do corpo de funcionários, a partir de critérios de seleção e promoção baseados em competências definidas pela especialização profissional; • profissionalização da carreira administrativa com critérios de proteção e ascensão definidos de antemão, em contraposição ao arbítrio pessoal; • predominância do controle legal como critério de avaliação da ação administrativa (due process); • eficácia como princípio norteador da racionalidade, isto é, a criação de meios para atingir certos resultados definidos como produtos tangíveis, com pouca preocupação pelos custos, pela otimização, pela
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