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AUXILIAR DE NECROPSIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GRUPO VISUAL 
 
 
 
 
Aluno:____________________________ 
 
Docente:__________________________ 
 
 
FRANCISCO BELTRÃO – PR 
 
 
 
 
 
Sumário 
MEDICINA LEGAL ............................................................................................................................................... 5 
AULA 1 - CONCEITOS GERAIS E HISTÓRICO DA MEDICINA LEGAL ..................................................................... 5 
AULA 2 - A CADEIA DE CUSTÓDIA E OS PERITOS AUXILIARES E ASSISTENTES ................................................. 16 
AULA 3 - DOCUMENTOS LEGAIS E QUESITOS OFICIAIS ................................................................................... 23 
AULA 4 - SEXOLOGIA FORENSE ........................................................................................................................ 27 
AULA 5 - PERÍCIA EM NASCITUROS ................................................................................................................. 34 
AULA 6 - ANTROPOLOGIA FORENSE ................................................................................................................ 45 
AULA 7 - TOXICOLOGIA E ANATOMOPATOLOGIA FORENSE ........................................................................... 50 
ÉTICA, BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA ............................................................................................................... 57 
AULA 1 - MORAL E ÉTICA ................................................................................................................................. 58 
AULA 2 - CONCEITO DA BIOÉTICA.................................................................................................................... 61 
AULA 3 - BIOÉTICA – CASOS CONCRETOS PARA REFLETIR E DEBATER ............................................................ 65 
AULA 4 - BIOÉTICA APLICADA AO I.M.L ........................................................................................................... 69 
AULA 5 - BIOSSEGURANÇA – PARTE 1 ............................................................................................................. 73 
AULA 6 - BIOSSEGURANÇA – PARTE 2 ............................................................................................................. 80 
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA ................................................................................................................ 84 
AULA 1 - INTRODUÇÃO À ANATOMIA ............................................................................................................. 84 
AULA 2 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS, ANOMALIAS E MONSTRUOSIDADES ..................................................... 92 
AULA 3 - POSIÇÃO ANATÔMICA E PLANOS ANATÔMICOS .............................................................................. 97 
AULA 4 - SISTEMAS DO CORPO HUMANO ..................................................................................................... 101 
AULA 5 - ESTUDO DAS CÉLULAS .................................................................................................................... 106 
AULA 6 - SISTEMA RESPIRATÓRIO – PARTE 1 ................................................................................................ 114 
AULA 7 - SISTEMA RESPIRATÓRIO – PARTE 2 ................................................................................................ 119 
AULA 8 - SISTEMA CARDIOVASCULAR – PARTE 1 .......................................................................................... 123 
AULA 9 - SISTEMA CARDIOVASCULAR – PARTE 2 ......................................................................................... 136 
AULA 10 - SISTEMA DIGESTÓRIO ................................................................................................................... 139 
AULA 11 - SISTEMA NERVOSO ....................................................................................................................... 150 
AULA 12 - SISTEMA ESQUELÉTICO ................................................................................................................. 159 
AULA 13 - SISTEMA MUSCULAR – PARTE 1 ................................................................................................... 169 
AULA 14 - SISTEMA MUSCULAR – PARTE 2 ................................................................................................... 179 
AULA 15 - SISTEMA EXCRETOR ...................................................................................................................... 183 
AULA 16 - SISTEMA REPRODUTOR ................................................................................................................ 188 
TANATOLOGIA FORENSE ............................................................................................................................... 194 
AULA 1 - CONCEITOS DE TANATOLOGIA ....................................................................................................... 194 
 
 
 
 
 
AULA 3 - ENTOMOLOGIA FORENSE ............................................................................................................... 217 
AULA 4 - CONTINUAÇÃO À ENTOMOLOGIA FORENSE .................................................................................. 222 
AULA 5 - CASUÍSTICA DE ENTOMOLOGIA FORENSE ...................................................................................... 230 
AULA 6 - EXPERIMENTO PRÁTICO DE TANATOLOGIA FORENSE – PARTE 1 .................................................. 238 
AULA 7 - EXPERIMENTO PRÁTICO DE TANATOLOGIA FORENSE – PARTE 2 .................................................. 249 
AULA 8 - REVISÃO DO CONTEÚDO ................................................................................................................ 252 
TRAUMATOLOGIA FORENSE .......................................................................................................................... 254 
AULA 1 - INTRODUÇÃO À TRAUMATOLOGIA FORENSE ................................................................................ 254 
AULA 2 - ESPÉCIES DE LESÕES ....................................................................................................................... 267 
AULA 3 - CONTINUAÇÃO AO ESTUDO DA BALÍSTICA FORENSE ..................................................................... 279 
AULA 4 - LESÕES PRODUZIDAS POR INSTRUMENTOS CORTO CONTUNDENTES ........................................... 283 
AULA 5 - ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA – PARTE 1 ......................................................................................... 290 
AULA 6 - ENERGIAS DE ORDEM FÍSICA – Parte 2 ........................................................................................... 298 
AULA 7 - AGENTES DE ORDEM QUÍMICA PARTE 1..................................................................................... 305 
AULA 8 - AGENTES DE ORDEM QUÍMICA PARTE 2..................................................................................... 313 
AULA 9 - CINEMÁTICA DO TRAUMA – Parte 1............................................................................................... 321 
AULA 10 - CINEMÁTICA DO TRAUMA – Parte 2 ............................................................................................ 333 
AULA 11 - CINEMÁTICA DO TRAUMA – Parte 3 ............................................................................................ 346 
AULA 12 - ENERGIAS DE ORDEM BIOQUÍMICA ............................................................................................. 348 
TÉCNICAS DE NECROPSIA .............................................................................................................................. 356 
Aula 1 - INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE NECROPSIA ..................................................................................... 356 
Aula 2 - PROCEDIMENTOS GERAIS DENECROPSIA - Parte 1 ......................................................................... 362 
Aula 3 - PROCEDIMENTOS GERAIS DE NECROPSIA - Parte 2 ......................................................................... 366 
Aula 4 - PROCEDIMENTOS GERAIS DE NECROPSIA - Parte 3 ......................................................................... 369 
Aula 5 - PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS DE NECROPSIA ............................................................................... 371 
Aula 6 - NECROPSIA EM CADÁVER DE AVANÇADO ESTADO DE CARBONIZAÇÃO ......................................... 379 
Aula 7 - NECROPSIA EM CADÁVER AFOGADO ............................................................................................... 390 
Aula 8 - EXAME NECROSCÓPICO EM FETOS E RECÉM-NASCIDOS ................................................................. 395 
Aula 9 - EXAME DE PLACENTA ....................................................................................................................... 399 
Aula 10 - PREPARO DE OSSADAS ................................................................................................................... 403 
TANATOPRAXIA COM ÊNFASE EM NECROMAQUIAGEM .............................................................................. 410 
AULA 1 - INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA ESTÉTICA MORTUÁRIA ................................................................... 410 
AULA 2 - O ESTUDO DA TANATOPRAXIA ....................................................................................................... 416 
AULA 3 - PROCEDIMENTOS DE TANATOPRAXIA PARTE 1 ............................................................................ 422 
AULA 4 - PROCEDIMENTOS DE TANATOPRAXIA PARTE 2 ............................................................................. 430 
AULA 5 - PROCEDIMENTOS DE TANATOPRAXIA PARTE 3 ............................................................................ 431 
 
 
 
 
 
AULA 6 - FINALIZAÇÃO DA TANATOPRAXIA PARTE 1 .................................................................................. 433 
AULA 7 - FINALIZAÇÃO DA TANATOPRAXIA PARTE 2 .................................................................................. 438 
AULA 8 - FINALIZAÇÃO DA TANATOPRAXIA PARTE 3 .................................................................................. 439 
AULA 9 - FINALIZAÇÃO DA TANATOPRAXIA PARTE 4 .................................................................................. 443 
AULA 10 - RECONSTRUÇÃO FACIAL – PARTE 1 .............................................................................................. 445 
AULA 11 - RECONSTRUÇÃO FACIAL – PARTE 2 .............................................................................................. 453 
AULA 12 – PLASTINAÇÃO, UMA TÉCNICA DA TANATOPRAXIA ..................................................................... 461 
AULA 13 – ASPECTOS LEGAIS DA TANATOPRAXIA ........................................................................................ 473 
TÉCNICAS DE SUTURA .................................................................................................................................... 480 
AULA 1 – INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE SUTURA - PARTE 1 ....................................................................... 480 
AULA 2 – INTRODUÇÃO ÀS TÉCNICAS DE SUTURA - PARTE 2 ....................................................................... 488 
AULA 3 - TÉCNICAS DE SUTURA – PARTE 1 .................................................................................................... 493 
AULA 4 - TÉCNICAS DE SUTURA – PARTE 2 .................................................................................................... 496 
AULA 5 - TÉCNICAS DE SUTURA – PARTE 3 .................................................................................................... 498 
REVISÃO DE CONTEÚDO ................................................................................................................................ 504 
AULA DE REVISÃO 1 ....................................................................................................................................... 504 
AULA DE REVISÃO 2 ....................................................................................................................................... 513 
AULA DE REVISÃO 3 ....................................................................................................................................... 520 
AULA DE REVISÃO 4 ....................................................................................................................................... 528 
AULA DE REVISÃO 5 ....................................................................................................................................... 533 
AULA DE REVISÃO 6 ....................................................................................................................................... 548 
AULA DE REVISÃO 7 ....................................................................................................................................... 561 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
MEDICINA LEGAL 
AULA 1 - CONCEITOS GERAIS E HISTÓRICO DA 
MEDICINA LEGAL 
 A medicina legal é uma das ciências mais antigas da nossa civilização e remete 
ao século treze, em que o papel do investigador era não só desvendar o crime, mas 
também averiguar as circunstâncias em que o crime aconteceu. 
 
 Era comum que antigamente os investigadores, comissários de justiça e 
delegados fossem estudiosos da área das ciências humanas como medicina ou 
enfermagem, entendessem de corpo humano e que inclusive as necropsias fossem 
realizadas até mesmo nos locais de crime, sem que fosse necessário encaminhar o 
cadáver até o IML. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta obra chama-se LIÇÃO DE ANATOMIA DO DR. PULP e foi pintada no 
século XVI pelo artista Rembrandt, atendendo a pedidos da Associação de cirurgiões 
de Amsterdã. Na época, como não havia registro fotográfico, as pessoas mais abastadas 
pagavam o que fosse preciso para que fosse eternizado em pintura suas riquezas. 
 
 
 
 
 
6 
 O quadro retrata uma aula de anatomia do doutor Nicolaes Tulp, onde ocorre a 
dissecação da mão esquerda de Aris Kindt, um marginal condenado à morte por assalto 
a mão armada no dia anterior à data em que o quadro foi pintado. 
 
 Lições de anatomia realmente existiram, e lecionadas por doutores anatomistas 
e aconteciam em anfiteatros específicos. Desta maneira, a pintura não foi considerada 
vulgar na época. 
 
 A obra foi feita quando Rembrandt tinha apenas 26 anos, logo após se mudar 
para Amsterdã. O quadro, realista, retrata o desejo e inquietação do homem em busca 
de conhecimento sobre o funcionamento do corpo humano, seu comportamento e suas 
verdades. 
 
 Na aula de hoje iremos aprender sobre os primeiros resquícios da medicina 
legal na nossa civilização, desde o período antigo, romano, idade média e idade 
moderna até chegar aos dias de hoje. 
Mas afinal, para que serve a MEDICINA LEGAL? 
 A medicina legal é o ramo da ciência que estuda e relaciona as leis e a medicina. 
Ela auxilia no esclarecimento de fatos relevantes em um processo judicial. 
 
 Atualmente a medicina legal deve ser considerada como um ramo do direito que 
usa o conhecimento de diversas outras disciplinas como a biologia, a física, a química 
e a psicologia para prestar esclarecimentos para a justiça. 
 
 A lei diz que para toda infração que deixar vestígios será indispensável o corpo 
de delito. E a medicina legal vem justamente para descrever esse corpo de delito e 
auxiliar na investigação criminal, muitas vezes inclusive inocentando pessoas ou 
prendendo os verdadeiros culpados. 
 
 Uma perícia médico legal consiste em um exame minucioso que pode ser 
realizada em pessoas vivas, cadáveres, esqueletos, membroshumanos e fetos humanos. 
O objeto de análise de uma perícia médico legal recebe o nome de CORPO DE 
DELITO. 
 
 Neste módulo iremos aprender sobre os conceitos de medicina legal, quais os 
profissionais que compõem a equipe de perícia de um IML; como acontecem as 
perícias nos institutos médico-legais, a diferença entre serviço de verificação de óbito 
e serviço médico legal e os principais exames realizados no IML. 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nicolaes_Tulp
 
 
 
 
 
7 
 Temos muito conteúdo pela frente, uma recomendação para estudar e ter o 
melhor aproveitamento da matéria e um alto desempenho nas provas é baixar o nosso 
material de apoio e acompanhar junto com a vídeo aula, anotando os principais tópicos 
e resolvendo as questões. 
Objetivos da medicina legal: 
O objetivo da Medicina Legal é esclarecer os problemas do Direito, respondendo 
ao juiz, promotor e advogados as questões jurídicas como: 
 
• A causa e a hora da morte; 
 
• Se o indivíduo foi assassinado ou se cometeu suicídio; 
 
• Qual a arma utilizada para cometer o crime; 
 
• Se o acusado possui algum tipo de insanidade mental; 
 
• Se a vítima estava grávida quando ocorreu o crime; 
 
 Essas respostas acontecem em forma de laudo e os laudos podem ser de 
múltiplos quesitos, direto ou indireto, sem falar que o perito pode até mesmo, caso o 
juiz entenda necessário, ser intimado para comparecer em juízo e falar durante o 
processo acerca daquele caso periciado por ele. 
 
 Basicamente, quando se tratar de exame em um vivo, a perícia médico legal terá 
como objetivo: 
 
• Diagnosticar lesões corporais em casos de violência, acidentes de trabalho ou 
acidente de trânsito; 
 
• Afirmar ou descartar conjunções carnais ou ato libidinoso; 
 
• Comprovar doenças profissionais ou acidentes de trabalho; 
 
• Dentre outras questões solicitadas pela delegacia de polícia civil ou juiz. 
Já nos mortos a perícia médico legal tem como objetivo: 
• Fornecer o diagnóstico da causa da morte; 
 
 
 
 
 
8 
• A causa jurídica de morte e do tempo aproximado da morte; 
 
• A identificação do morto; 
 
 Se a morte ocorreu por intoxicação, seja por veneno ou outra substância que 
cause a morte ou se ocorreu a ingestão de drogas de abuso que tornem a vítima mais 
vulnerável à violência sexual; 
Mas e nos casos em que for encontrado somente uma ossada humana? 
 Em casos de encontros de ossada ou de cadáveres que o estado de putrefação 
impossibilite o reconhecimento e que o estudo dos tecidos moles do corpo humano já 
não seja possível, a perícia médico legal seguirá caminhos diferentes: 
 
• Afirmar ou descartar a hipótese da ossada encontrada ser de um exemplar 
humano; 
 
• Atuar na identificação do morto, com base nos conhecimentos da antropologia 
forense, para afirmar se o indivíduo pertencia ao sexo feminino ou masculino, 
com base na estrutura óssea; 
 
• Atestar a causa da morte, quando possível; 
 
 
Caso exista uma provável identificação da vítima, deverá ser coletado 
fragmentos de ossos. Os principais ossos ou materiais para o confronto genético 
são: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
• O osso do fêmur, que é o osso que sai da nossa bacia e vai até o joelho. Deverá 
ser coletada a cabeça do fêmur e enviada para o laboratório de genética forense. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
• Os arcos costais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
• Dentes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Ou até mesmo a mandíbula toda, na hipótese da seção médico legal contar com 
um profissional da odontologia, quando poderá ser solicitada a perícia odonto 
legal, que irá confrontar os registros de tratamento odontológico da possível 
vítima e a arcada dentária da ossada encontrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
Parte histórica da medicina legal 
Mas no início, como era a MEDICINA LEGAL? 
Período antigo 
 Para entendermos melhor vamos retornar para o período antigo da civilização, 
onde a lei aplicada era a Lei de Talião que pregava que o mal que fosse feito ao próximo 
deveria ser devolvido da mesma forma. Daí surge a expressão olho por olho e dente 
por dente, transcrita do Código de Hamurabi. 
 
 Nesse momento da história a medicina legal tratava de discutir e examinar as 
questões referentes à virgindade, ao estupro, ao homicídio, às lesões corporais e aos 
problemas de ordem moral. 
 
 Se um indivíduo cometesse uma das atitudes descritas, um perito nomeado pelo 
chefe local iria analisar e constatar se houve falta grave de acordo com as leis da época 
e devolver “na mesma moeda” ao agressor. Esta era a lei e a justiça da época. 
Período clássico 
 
 Já em Roma a medicina legal foi utilizada para examinar e descrever a morte do 
imperador Júlio César. Segundo os relatos dos livros, Julio César foi vítima de um 
golpe político e sofreu violência de mais de sessenta pessoas após haver desprezado a 
opinião de seus adversários. 
 
 Em 15 de março de 44 antes de Cristo Julio Cesar foi vítima de um ataque 
provindo de sessenta Senadores, liderados por seu filho adotivo Marcus Julius Brutus 
e por Caio Cássio. 
 
 O exame em tela foi realizado por Antístio, Médico e amigo de Júlio César, que 
verificou a existência de 23 golpes de adaga, sendo apenas um deles mortal. 
Idade média 
 No Período da Idade Média, o imperador Justiniano reconheceu os Médicos 
como testemunhas especiais em juízo; 
 
 
 
 
 
13 
 Outro imperador Carlos Magno escreveu leis que prescreviam que os 
julgamentos deveriam ser pautados em pareceres médicos, devendo os Juízes tomarem 
depoimentos dos médicos nos casos de lesão corporal, infanticídio, tortura, estupro e 
outros delitos. 
 
 É no Período Canônico, de 1200 a 1600, que a perícia médica ganha realmente 
importância e passa a ser obrigatória para os casos de feridos levados aos Tribunais e 
então a palavra do Médico passa a ter fé pública em assuntos médicos. Na França, 
Felipe "O Audaz" emite as Cartas Patentes, em 1278, fazendo referência a cirurgiões 
juramentados junto ao Rei, e a nomeação de médicos, parteiras e barbeiros para 
exercerem as funções de perito em casos de lesão corporal e morte violenta. 
 
 As necropsias continuavam a ser realizadas clandestinamente pelos anatomistas, 
na calada da noite, através do saque aos túmulos e cemitérios. Não era permitida por 
ser considerada, à época, uma violação divina. 
 
 No ano de 1374, o Papa Gregório XI concedeu à Faculdade de Medicina 
de Montpellier a primeira autorização para exames de estudos anatômicos e clínicos. 
 
 Em 1521 quando o Papa Leão X veio a óbito com suspeita de envenenamento, 
seu corpo foi necropsiado. Em 1532 a promulgação da Constituição Criminal do 
imperador alemão Carlos V, marcou de maneira incomparável a história da Medicina 
Legal. 
 
 Em 1575, é publicado o primeiro livro de Medicina Legal do Ocidente, por 
Ambroisé Paré, que por tal façanha é aclamado, principalmente pelos franceses, como 
o "pai da Medicina Legal". 
Período moderno 
 Já no Período Moderno, na Itália, Paulus Zacchias, publica o primeiro Tratado 
de Medicina Legal, em 1621. Tal obra ficou denominada como Todas as Questões de 
Medicina Legal, e fez com que seu autor ficasse reconhecido como o verdadeiro pai e 
fundador da Medicina Legal. 
 
 Sob a influência das obras escritas, análises em anatomia e exames cadavéricos, 
percebeu-se a importância dessa disciplina, bem como a necessidade de uma formação 
específica nessa área, que tanto se relacionava com o Direito. 
 
 Surge assim, o primeiro curso especializado em Medicina Legal, na Faculdade 
de Medicina da Alemanha, em 1650. 
 
 
 
 
 
14Em 1682 é realizada a prova hidrostática de Galeno em caso de infanticídio, 
substituindo-se a confissão da mãe por prova pericial. 
 
 Em nosso material de apoio é possível compreender em que consiste o exame e 
quão importante este exame foi e vem sendo realizado até os dias de hoje. 
Imprescindível para a aplicação da justiça em casos de suspeita de infanticídio. 
 
 Foi no período moderno em que a disciplina da medicina legal passou a ter 
relevância em decisões judiciais e passaram a ter bastante importância e contam até 
hoje com uma grande aliada na demonstração da verdade dos fatos. 
 
 Em meados do século XIX, as Ciências Biológicas, fazendo uso de método 
científico, acarretaram um grande progresso nos diagnósticos médicos de doenças, 
surgiram aos poucos as especialidades clínicas e cirúrgicas, tudo na esteira dos estudos 
dos pesquisadores da área pericial, e, sendo assim, a Medicina Legal passou a ser 
considerada uma ciência da medicina aplicada. 
 
 No Brasil, de acordo com Croce e França, foi Raymond Nina Rodrigues o 
fundador, na cidade de Salvador, da primeira Escola de Medicina Legal do país, sendo 
considerado a figura que nacionalizou o ensino e a pesquisa dessa prática médica. 
 
 A partir de 1891, a disciplina de Medicina Legal passa a configurar como 
obrigatória nos cursos de Direito do país, após ser proposta por Rui Barbosa perante a 
Câmara dos Deputados. 
 
 A perícia médica criminal foi instituída oficialmente no Brasil em 1932, quando 
o ramo do Processo Penal é estruturado no país, por força da criação do Código Penal 
Imperial. Antigamente, no Brasil, na ausência de um perito aprovado em concurso 
público, o imperador poderia nomear alguém como perito criminal. 
 
 A vigência do Código de Processo Penal de 1941, em vigor até os dias atuais, 
determina que as perícias sejam procedidas apenas por Peritos oficiais aprovados em 
concurso público. 
 
 Em 20 de outubro de 1967 foi fundada a Associação Brasileira de Medicina 
Legal, sendo hoje a Medicina Legal reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina, 
pela Associação Médica Brasileira e pela Comissão Nacional de Residência Médica do 
Ministério da Educação como especialidade médica. 
 
 Os principais expoentes da Medicina Legal no Brasil são os doutores e 
professores Hygino Hércules e Genival Veloso França. 
 
 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1028351/código-processo-penal-decreto-lei-3689-41
 
 
 
 
 
15 
Quiz: 
 
 Corpo de delito deve ser definido como o exame: 
 
a) De qualquer objeto encontrado em local de crime; 
 
b) De elementos materiais resultantes de um delito; 
 
c) De pessoa vítima de um crime; 
 
d) Feito por perito em qualquer foro, penal, civil ou administrativo. 
 
 
 Vamos considerar primeiro a definição de CORPO DE DELITO: 
 
 O corpo de delito é o conjunto de vestígios materiais produzidos pelo crime, ou 
seja, é a sua materialidade, é aquilo que é palpável, que se vê, se ouve ou se sente, 
isto é, que é perceptível pelos sentidos. 
 
 São os vestígios do crime, marcas, pegadas, impressões, rastros, resíduos, 
resquícios e fragmentos de materiais deixados no local, sendo instrumentos ou produtos 
do crime. 
 
 Logo, não podemos considerar a assertiva A, pois NÃO É qualquer objeto 
encontrado em local de crime que será considerado um corpo de delito. 
 
 A assertiva B está CORRETA, pois devemos sempre considerar que a 
investigação criminal busca unir indícios e materialidades. Se há materialidade, deverá 
obrigatoriamente, haver um corpo de delito. É inclusive o que diz o Código Penal: 
 
Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de 
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado. 
 
A letra C está incorreta, pois nem todo crime ocorre mediante violência. Temos 
por exemplo a calúnia, a difamação, ou até mesmo o furto, que dispensam o exame de 
corpo de delito, pois não há violência na conduta do agente que pratica o crime. 
 
Para compreender que a letra D está errada, devemos sempre lembrar que a 
perícia criminal será feita sempre pela delegacia de polícia civil, científica, ou pela 
Polícia Federal e sempre na esfera CRIMINAL. 
 
 
 
 
 
 
 
16 
AULA 2 - A CADEIA DE CUSTÓDIA E OS PERITOS 
AUXILIARES E ASSISTENTES 
Na aula de hoje aprenderemos o conceito e a importância da cadeia de 
custódia no processo penal e acerca dos operadores do Direito e da Medicina Legal 
responsáveis por esses vestígios e provas, quem são, suas funções e 
responsabilidades na perícia criminal. 
 
 Diversos agentes se relacionam com o corpo de delito desde o momento em que 
a polícia toma conhecimento do fato criminoso até o momento em que este corpo será 
liberado para a família. 
 
 Portanto devemos compreender que a perícia criminal se inicia com o 
deslocamento da polícia investigativa até a cena do crime constatando que ali ocorreu 
um fato delituoso com resultado morte. 
 
 De forma alguma a polícia militar, guarda municipal ou outras autoridades 
policiais poderão tocar ou violar a cena do crime, pois é necessário que todos os objetos 
e elementos da cena do crime estejam preservados até a chegada da equipe 
investigativa. 
 
 O código de processo penal estabelece que quando a autoridade policial tiver 
conhecimento da prática da infração penal, deverá: 
 
 “Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e 
conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;” 
 
 Essa exigência tem como objetivo assegurar a “cadeia de custódia” que na 
prática quer dizer que só poderá se relacionar com o corpo de delito e os demais 
elementos da cena do crime os responsáveis pela perícia criminal e tem como 
finalidade garantir a correta aplicação da justiça. 
 
 Esse tema é algo recente e foi incluído no código de processo penal em 2019, 
logo, a possibilidade de ser cobrado em concursos é algo muito grande! Devemos ter 
atenção nos conceitos da cadeia de custódia. 
 
 A melhor definição de CADEIA DE CUSTÓDIA é a que vem da lei do processo 
penal: 
 
 
 
 
 
 
17 
 “Considera-se cadeia de custódia o conjunto de todos os procedimentos 
utilizados para manter e documentar a história cronológica do vestígio coletado em 
locais ou em vítimas de crimes, para rastrear sua posse e manuseio a partir de seu 
reconhecimento até o descarte.” 
Quando se inicia a cadeia de custódia? 
 “O início da cadeia de custódia dá-se com a preservação do local de crime ou 
com procedimentos policiais ou periciais nos quais seja detectada a existência de 
vestígio.” 
Quem é o responsável pela cadeia de custódia? 
 “O agente público que reconhecer um elemento como de potencial interesse para 
a produção da prova pericial fica responsável por sua preservação.” 
 
 Está previsto inclusive a responsabilização criminal aos que violarem as cenas 
de um crime antes da chegada da equipe investigativa. Chama-se crime de fraude 
processual. 
 
 “É proibida a entrada em locais isolados bem como a remoção de quaisquer 
vestígios de locais de crime antes da liberação por parte do perito responsável, sendo 
tipificada como fraude processual a sua realização.” 
 
 Já no local, com a chegada da equipe investigativa serão enumerados e 
fotografados os vestígios 
 
 A coleta deverá ser realizada preferencialmente por perito oficial, que dará o 
encaminhamento necessário para a central de custódia, mesmo quando for necessária 
a realização de exames complementares. 
 
 Todos vestígios coletados no decurso do inquérito ou processo devem ser 
tratados como descrito nesta Lei, ficando órgão central de perícia oficial de natureza 
criminal responsável por detalhar a forma do seu cumprimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
O que é feito com esse vestígio? 
 Esse vestígio deverá ser coletado e armazenado em embalagens específicas, 
obedecendo a natureza do material para ser enviado para oslaboratórios e centrais de 
análises de vestígios. 
 
 Os materiais de cunho genético, como facas ou lâminas sujas de sangue, fios de 
cabelo, unhas, roupas íntimas que guardem relação com crimes sexuais, dentre outros 
vestígios biológicos serão acondicionados e encaminhados ao laboratório de genética 
forense. 
 
 O laboratório de toxicologia será o órgão responsável por analisar teor de drogas 
ou substâncias entorpecentes apreendidas, venenos, pesticidas, bem como análise de 
vísceras de indivíduos em casos em que ocorra a suspeita de envenenamento ou 
intoxicação. 
 
 Todos os Institutos de Criminalística deverão ter uma central de custódia 
destinada à guarda e controle dos vestígios, e sua gestão deve ser vinculada diretamente 
ao órgão central de perícia oficial de natureza criminal. 
 
 A cadeia de custódia é algo levado muito a sério. Todas as pessoas que tiverem 
acesso ao vestígio armazenado deverão ser identificadas e deverão ser registradas a 
data e a hora do acesso. 
 
 Com o encerramento da perícia de local de crime estará então liberada a remoção 
do cadáver. Nesse momento o perito responsável pelo local de crime acionará os 
agentes de perícia para realizar a remoção do cadáver, que será levado até o I.M.L pelo 
veículo oficial popularmente conhecido como “rabecão”. 
 
 A autópsia será feita pelo menos seis horas depois do óbito, salvo se os peritos, 
pela evidência dos sinais de morte, julgarem que possa ser feita antes daquele prazo, o 
que declararão no auto. 
 
 Nos casos de morte violenta, bastará o simples exame externo do cadáver, 
quando não houver infração penal que apurar, ou quando as lesões externas permitirem 
precisar a causa da morte e não houver necessidade de exame interno para a verificação 
de alguma circunstância relevante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
Conheceremos agora a equipe que compõe a perícia criminal 
 Já vimos em um primeiro momento que a perícia em local de crime será realizada 
pelo perito do instituto da criminalística que deverá fotografar não só o corpo na 
posição em que se encontrar, mas também todos os objetos que fizerem parte da cena 
daquele crime. 
 
 Após as diligências necessárias liberará a cena do crime para então os agentes 
de perícia do Instituto Médico Legal removerem o cadáver e levarem até o I.M.L para 
realizar a necropsia. 
 
 No instituto médico legal o cadáver será periciado por uma equipe composta 
pelo agente de necropsia que é o profissional que domina os procedimentos de abertura 
de cavidades e armazenamento das análises que possam interessar para a perícia. O 
médico legista, por sua vez, é responsável por coordenar os procedimentos e realizar o 
laudo cadavérico. 
 
 O laudo cadavérico será lavrado e encaminhado à delegacia e por ser de 
fundamental importância servirá para que o delegado compreenda melhor a dinâmica 
dos fatos e circunstâncias daquele crime. 
 
 Os elementos coletados durante uma perícia, sejam eles biológicos, como 
fragmentos de vísceras para análise toxicológica, dentes, sangue, urina e ossos, serão 
acondicionados em embalagens específicas e enviados para os respectivos laboratórios 
de análise, são estes: O LABORATÓRIO DE GENÉTICA MOLECULAR FORENSE 
OU O LABORATÓRIO DE TOXICOLOGIA FORENSE. 
 
 Lá nesses laboratórios existe uma vasta equipe de perícia responsável pelas 
análises de todo o Estado. Essa equipe é composta por biomédicos, médicos 
patologistas e auxiliares de laboratório. 
 
 Já os elementos não biológicos como projeteis de arma de fogo serão analisados 
pelos Institutos de Criminalística pelos peritos criminais que trabalham no órgão. 
Quiz: 
1. São exemplos de vestígios e evidências biológicas de interesse pericial: 
 
a) Sangue e projéteis de arma de fogo. 
 
 
 
 
 
20 
b) Fios de cabelo e fibras de tecido. 
 
c) Vestes e sêmen. 
 
d) Material fetal e saliva. 
 
 Temos de ter muita atenção na leitura do comando da questão que quer a 
alternativa que contenha evidências biológicas. Ou seja, aquilo que faça parte de um 
corpo humano, como destacamos na aula. 
 
 Na alternativa A temos sangue e projeteis de arma de fogo. Os projeteis de arma 
de fogo, ainda que sejam indícios de um crime, não são elementos biológicos. Logo, 
descartamos a alternativa A. 
 
 Na alternativa B temos fibras de tecido que tampouco são elementos biológicos. 
A fibra de um tecido é um material sintético. 
 
 Na alternativa C lembramos que vestes podem conter material biológico, mas 
não necessariamente são materiais biológicos. 
 
 E finalmente, a alternativa CORRETA, a letra D – MATERIAL FETAL E 
SALIVA, é a alternativa correta, pois o material fetal corresponde a um material 
biológico que deverá ser periciado, bem como a saliva, que pode ser encontrada em 
bitucas de cigarro, chicletes e alimentos e é um material biológico genético muito 
utilizada pelos laboratórios de genética forense para produzir provas contra suspeitos 
de ter cometido crimes. 
 
2. Durante a perícia em um caso de homicídio, ocorrido em uma via pública, 
o responsável solicita ao auxiliar que observe o local e aponte vestígios de 
interesse forense considerando o caso. O cadáver, ainda no local, foi 
analisado preliminarmente, tendo sido identificadas lesões provocadas por 
arma branca. 
 
 Assinale a alternativa que NÃO apresenta, nessa situação e relacionado ao 
caso, vestígios que o auxiliar mencionaria. 
 
a) Os danos no tecido do vestuário da vítima em compatibilidade com as lesões 
pérfuroincisas. 
 
b) Um automóvel estacionado a alguns metros do cadáver juntamente com outros 
veículos. 
 
c) Manchas de sangue próximas ao corpo formadas por espargimento arterial. 
 
 
 
 
 
21 
d) Uma faca situada nas redondezas e compatível com o instrumento causador das 
lesões. 
 
 Em uma perícia de local de crime, não é qualquer coisa que será considerada 
vestígio. É necessário por parte da equipe investigativa um filtro entre o que é 
considerado um vestígio e o que é irrelevante para a investigação do crime. 
 
 Na questão exposta, o examinador quer saber o que NÃO tem necessidade de ser 
informado no laudo. 
 
 A letra A menciona os buracos na roupa da vítima produzidos por um 
instrumento perfuro inciso. Assim como a arma do crime e o corpo com os ferimentos 
produzidos pela arma branca, a roupa da vítima também traz o resultado dos golpes 
sofridos pela vítima, logo, é algo importante para ser coletado. 
 
 A letra B fala acerca de um automóvel, junto a outros veículos que estão 
estacionados perto da vítima, mas não dá detalhes da relevância destes automóveis para 
a perícia. Logo, a letra B não apresenta vestígio relevante para ser mencionado no 
laudo. 
 
 A letra C fala acerca de manchas de sangue formadas que jorraram da artéria da 
vítima. É um vestígio relevante e deverá ser fotografado. 
 
 A letra D menciona uma faca localizada nas redondezas do crime. Esta faca é 
um vestígio que deverá ser coletado para analisar se os ferimentos são compatíveis com 
a faca e também se as digitais no instrumento são do agressor. A arma do crime ser 
compatível com as lesões indica a materialidade do delito. 
 
3. Assinale a alternativa que NÃO apresenta uma finalidade do levantamento 
de local de crime. 
 
a) Buscar e reconhecer vestígios e elementos com potencial interesse para a 
produção da prova pericial. 
 
b) Perpetuar a situação em que se encontrava o local, os vestígios e suas posições 
relativas, a fim de que possam, em qualquer tempo, serem exibidos como prova. 
 
c) Levar a termo as declarações das testemunhas em procedimento de 
interrogatório, constituído por duas partes: sobre a pessoa do acusado e sobre os 
fatos. 
 
 
 
 
 
 
22 
d) Fotografar os cadáveres na posição em que forem encontrados, bem como, na 
medida do possível, todas as lesões externas e vestígios deixados no local do 
crime. 
 
 A questão quer saber o que é relevante constar emum laudo de local de crime e 
o que não tem relevância, então vamos lá: 
 
 A letra A fala sobre a busca e o reconhecimento dos vestígios, fator de suma 
importância para a perícia de local de crime e que deve ocorrer em 100% dos casos. 
 
 A letra B se refere a perpetuar, ou seja, fotografar ou reproduzir o local da cena 
do crime, seja por meio de fotos, croquis, vídeos ou esquemas, para que posteriormente, 
possam ser utilizados como prova. 
 
 A letra C diz respeito ao trabalho da Delegacia de Polícia, na função do 
investigador policial, que tem como meta arrolar testemunhas e suspeitos, coordenar 
os interrogatórios e intimar os acusados pelo crime. Como não é este o trabalho do 
perito criminal, esta é a alternativa incorreta. 
 
 A letra D, assim como a alternativa B, traz uma importante função do perito 
criminal, que será fotografar o cadáver, as lesões e os vestígios na cena daquele crime, 
para que posteriormente, possa ser utilizado pelo delegado no inquérito e pelo juiz no 
processamento da ação penal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
AULA 3 - DOCUMENTOS LEGAIS E QUESITOS 
OFICIAIS 
Na aula de hoje iremos aprender acerca dos documentos que envolvem a 
rotina do trabalho no Instituto Médico Legal. 
 
A Declaração de Óbito é o documento preenchido pelo agente de perícia ou 
médico legista e tem várias finalidades, dentre elas: 
 
• Confirmar a morte da vítima 
 
 • Determinar a causa da morte 
 
• Extinguir direitos e obrigações de ordem civil, estatística, demográfica e 
político-sanitária. Por exemplo: É com a emissão da declaração de óbito que se solicita 
a abertura de um inventário e partilha, extingue-se uma dívida, dentre outras várias 
consequências que advêm da morte. 
 
 Inicialmente vamos tratar da Declaração de Óbito, vejamos o que a lei diz: 
 
“Nenhum sepultamento ou cremação serão feitos sem certidão de oficial de 
registro do local de falecimento, extraída após lavratura do assento de óbito, em vista 
de atestado médico, se houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas 
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.” 
 
O atestado de óbito que a lei se refere é a Declaração de Óbito é da 
responsabilidade do médico que atestou a morte. 
 
A morte será atestada pelo médico legista do Instituto Médico Legal quando se 
tratar de morte com circunstância suspeita, violenta ou criminosa. É considerada uma 
morte violenta o suicídio, o acidente de trânsito, o homicídio, o afogamento, decorrente 
de incêndio e asfixias. Caso a morte decorra de circunstâncias naturais será 
responsabilidade do serviço de verificação de óbito do município atestar o óbito. 
Diferença entre serviço de verificação de óbito e serviço médico legal. 
Inicialmente é importante conceituarmos em que consiste um serviço de 
verificação de óbito, então vamos lá: 
 
 
 
 
 
 
24 
O serviço de verificação de óbito tem como finalidade atender aqueles 
indivíduos que vieram a óbito sem acompanhamento médico, porém, sem que seja 
decorrente de morte violenta como homicídio, suicídio, afogamento ou acidente de 
trânsito ou sem qualquer suspeita de causa externa, como envenenamento ou 
intoxicação. 
 
 Sendo assim, estes corpos serão encaminhados até o serviço de verificação de 
óbito para que sejam realizados os exames necessários para constatar a morte natural, 
para que ocorra a lavratura da declaração de óbito e o preenchimento da declaração de 
óbito. 
 
A finalidade do S.V.O é oferecer informações estatísticas ao município ou Estado 
para subsidiar pesquisas e campanhas epidemiológicas e de políticas sanitárias. Por 
exemplo: 
 
• Quantas pessoas faleceram em decorrência da dengue em 2019 no estado do 
Paraná. 
 
• Quantas pessoas acima dos 70 anos faleceram em 2019. 
 
 Com base nessas informações o município ou o estado consegue trabalhar 
campanhas de vacinação contra doenças como o sarampo, a rubéola, a prevenção ao 
contágio de doenças venéreas, políticas públicas contra a dengue ou a chicungunha. 
 
É importante anotar: 
 
O serviço de verificação de óbito atende os casos de morte natural sem 
assistência médica. 
 
E o I.M.L, além dos casos de morte violenta ou com indício de crime deverá 
atender também as mortes em residência em avançado estado de decomposição bem 
como aquelas pessoas sem identificação. 
Quiz: 
Foi solicitada ao IML a remoção de um corpo encontrado dentro de uma 
residência. A vítima estava completamente dependurada por uma corda, presa ao 
pescoço, e com um bilhete dentro de um dos bolsos da calça, comunicando que não 
desejava viver por mais tempo. 
 
 
 
 
 
 
25 
Julgue os itens a seguir, relativos ao exame do cadáver mencionado na 
situação hipotética acima. 
 
Qualquer médico poderia assinar a declaração de óbito, pois a morte por 
enforcamento é evidente, dispensando o exame necroscópico no IML existente naquela 
localidade. 
 
•Certo 
 
•Errado 
 
A afirmativa está ERRADA. Pois ainda que as circunstâncias do levantamento 
do local apontem para um suicídio por enforcamento, o suicídio é, de acordo com o 
código penal, um crime, e, portanto, uma morte violenta de competência do Instituto 
Médico Legal. O detalhe é que o sujeito que comete o crime já não é punível pois está 
morto, mas poderá responder pelo crime alguém que tenha auxiliado ou de alguma 
forma colaborado para a conduta. 
 
O procedimento padrão de necropsia nos casos de enforcamento consiste na 
descrição do sulco reproduzido pela corda no pescoço, a descrição da presença de 
congestão ocular, a protusão de língua. 
 
Em alguns casos é possível verificar a fratura dos ossos do pescoço. 
 
A coleta de sangue e urina para triagem toxicológica é um procedimento padrão 
e pode oferecer mais subsídios para a investigação criminal. 
 
Se o perito achar necessário, pode solicitar também pela abertura da cavidade 
torácica, em que examinando os vasos da base do coração e os pulmões, poderão estar 
congestionados e com pequenos pontos arroxeados, que recebem o nome de petéquias. 
Quiz: 
Assinale a alternativa incorreta. O médico legista é obrigado a preencher a 
declaração de óbito quando tiver realizado necrópsia de: 
 
 A - Criança que nasceu viva e morreu logo após o nascimento. 
 
B - Morte suspeita. 
 
C - Cadáveres de adultos não qualificados. 
 
 
 
 
 
26 
D - Falecidos por morte natural. 
 
A questão pede a alternativa incorreta. Logo, analisamos que a letra A trata de 
um caso onde a perícia consiste em verificar se a acriança nasceu viva ou já estava 
morta durante o momento da concepção. Ainda que o médico legista não tenha de 
imediato o suficiente para atestar a causa do óbito, deverá preencher a declaração de 
óbito como causa indeterminada. 
 
A alternativa B diz respeito a um caso de competência do I.M.L, pois as mortes 
suspeitas deverão ser encaminhadas para se apurar se há indícios de crime ou não. Ao 
final da perícia, do médico legista preencherá a declaração de óbito com a causa da 
morte. 
 
 A letra C se refere aos cadáveres de desconhecidos que devem ser periciados 
pelo I.M.L, onde será preenchida a declaração de óbito com a causa da morte e será 
aguardado a família para possível identificação. 
 
 Letra D - Já os falecimentos por morte natural, como vimos na aula de hoje, é 
uma competência do médico do serviço de verificação do óbito, que deverá atestar o 
óbito, e não do perito médico legista do IML. Portanto, a alternativa CORRETA é a 
letra D. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
AULA 4 - SEXOLOGIA FORENSE 
 Na aula de hoje iremos aprender sobre sexologia forense e os procedimentos 
realizados pela perícia médico legal na atuação contra os crimes sexuais. 
 
 Inicialmente vamos compreender o conceito de Genival Veloso França acerca 
da sexologia forense:Trata-se da parte da Medicina Legal que estuda as questões 
médico-biológicas e periciais ligadas aos delitos contra a dignidade e a liberdade 
sexual. 
 
 Segundo a Organização Mundial da Saúde a violência sexual é: “O uso 
intencional da força ou o poder físico, de fato ou como ameaça, contra uma pessoa ou 
um grupo ou comunidade, que cause ou tenha possibilidade de causar lesões, morte, 
danos psicológicos, transtornos do desenvolvimento ou privações’’. 
 
 A dignidade sexual do ser humano é considerada um bem precioso e que não 
deve ser violado em circunstância alguma. Caso isso ocorra, cabe ao Direito Penal, 
através de um trabalho investigativo apurar e punir o infrator na medida da sua conduta. 
 
 A definição da lei para violência sexual encontra-se no artigo 213 do Código 
Penal que fala acerca do estupro: 
 
 “Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção 
carnal ou a praticar ou permitir com que ele se pratique outro ato libidinoso’’. 
É importante esclarecer que: 
• Homem e mulher poderão ser sujeitos ativo ou passivo no crime de estupro. 
 
• Conjunção carnal é a penetração do pênis na vagina. 
 
• Entende-se por ato libidinoso ato diverso da conjunção carnal. É todo ato 
praticado com a finalidade de satisfazer o apetite sexual. 
 
• Grave ameaça é uma modalidade de violência moral em que a resistência é 
vencida pela promessa de prática de violência física ou chantagem contra a 
vítima ou qualquer pessoa próxima. 
 
 
 
 
 
 
28 
• Quando o estupro é praticado mediante grave ameaça, não deixa vestígios de 
violência no corpo da vítima, o que dificulta o trabalho pericial. 
 
• Segundo estimativas, ocorrem 527 mil casos de violência sexual no Brasil 
anualmente (IPEA, 2014); 
Quanto ao ESTUPRO DE VULNERÁVEL, a lei traz uma outra 
definição: 
 Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 anos. 
 Para configuração do delito de estupro de vulnerável são irrelevantes a 
experiência sexual ou o consentimento da vítima menor de 14 anos. Não há aceite da 
vítima se ela é menor de 14 anos, pois presume-se que a vítima menor de 14 anos não 
tem o discernimento para decidir sobre isso. 
Perícia em estupro 
Existem duas classes de sinais que a perícia procura identificar para constatar a 
ocorrência de conjunção carnal, são esses: 
 
• Sinais duvidosos de conjunção, que indicam a possibilidade de ocorrência, mas 
não a caracterizam; Sinais certos, que, uma vez constatados, caracterizam a 
ocorrência da conjunção carnal. 
 
 Quando a polícia toma conhecimento que ocorreu um crime contra a dignidade 
sexual em algum local específico as medidas a serem tomadas são: 
Perícia em local de crime sexual 
• O local onde se deu a agressão sexual deve ser inteiramente preservado e 
protegido. 
 
• A descrição do ambiente e das alterações nele encontrada devem ser minuciosas. 
 
• Procurar objetos pessoais da vítima ou do agressor, incluindo peças íntimas, 
pontas de cigarro. 
 
 
 
 
 
29 
• Procurar manchas e outros elementos biológicos. 
Perícia sobre a vítima 
• O Exame de corpo de delito realizado em local adequado e com privacidade. 
 
• Ter sempre o consentimento livre e esclarecido da vítima e, em casos menores, 
obter o consentimento dos seus representantes legais. 
 
• Em casos de exames em menores, ter sempre alguém da família presente. 
 
• Aceitar a recusa ou o limite do exame pela vítima. 
 
• As amostras coletadas devem ser sempre em número de duas ou mais para 
possível contraprova. 
 
 Existem exames específicos para determinadas conjunções e atos libidinosos, 
sempre com o objetivo de encontrar vestígios biológicos do agressor no corpo da 
vítima. 
O perito deve se atentar para certos sinais, que podem ser divididos em: 
Sinais duvidosos: 
• Dor: quando ocorre o rompimento do hímen, é natural sentimento de dor, que 
pode se prolongar por algum tempo. O grau e intensidade da dor vai depender 
das condições em que o ato foi realizado, e também da sensibilidade individual 
de cada mulher. 
 
• Hemorragia: o hímen é um tecido e, quando se rompe, é natural o início de uma 
hemorragia. O grau e intensidade da hemorragia também é variável, de acordo 
com cada caso: existem casos em que a hemorragia não ocorre, e existe caso 
relatado na literatura de hemorragia até a morte da mulher. A perícia deve tomar 
cuidado especial quanto à simulação. 
 
• Lesões: além do rompimento do hímen propriamente dito, podem ocorrerem 
ainda escoriações, equimoses e lesões vulvares ou perigenitais, decorrentes em 
 
 
 
 
 
30 
regra do emprego de violência para a efetivação da conjunção carnal, que 
eventualmente podem ser identificadas pelos peritos. 
 
• Contaminações: a contaminação da vítima por doença venérea é um indício de 
contato íntimo. Entretanto, por si só não caracteriza a conjunção, pois pode 
resultar de prática libidinosa diversa da conjunção. A perícia deve avaliar a 
existência da doença também no agressor e, ainda, verificar se a evolução da 
doença coincide com a data alegada da conjunção. 
Sinais certos: 
• Esperma na vagina: a existência de esperma no interior da vagina é a prova 
certa da conjunção carnal. Existem dificuldades periciais em se constatar sua 
existência, como o lapso de tempo entre a relação e a perícia, bem como a própria 
higiene da mulher. A prova pericial se faz com a coleta do material na vagina. 
 
• Gravidez: tempo compatível. 
 
• Ruptura do hímen: só é um sinal certo da conjunção quando se trata de mulher 
virgem, não se aplicando às defloradas. Existem casos em que o hímen é 
rompido por outras razões: queda sobre objetos rígidos ou pontiagudos, exames 
médicos realizados com imperícia, masturbação (geralmente violenta, praticada 
por outro e ainda por doenças (muito raro). 
Tempo de ruptura do hímen: 
• Recentíssima: ocorreu há poucas horas, as bordas estão sangrantes; 
 
• Recente: em cicatrização, pois ocorreu até 15 dias atrás; 
 
 Há outros pontos a esclarecer na perícia do estupro. Entre outros, a identidade e 
o estado mental do agressor a fim de medir sua capacidade de entendimento ao fato 
delituoso e, também, averiguar suas possibilidades físicas de constranger e dobrar a 
vítima aos seus instintos sexuais. 
 
 Atualmente existem protocolos para investigação de crimes específicos. Os 
protocolos são sequências de procedimentos padrões determinados pelos órgãos 
periciais com o objetivo de uniformizar os exames realizados em um I.M.L. Por 
exemplo, o crime do feminicídio tem como natureza ofender e atentar contra o gênero 
 
 
 
 
 
31 
feminino. Muitas vezes o agressor viola a dignidade sexual da vítima nestes crimes e 
por isso é necessária uma atenção maior na busca de vestígios. 
 
 Caso o agressor tenha, por exemplo, praticado a conjunção antes de atentar 
contra a vida da vítima, a lei prevê um aumento de pena. O mesmo ocorre se a vítima 
estiver gestante, lactante ou recentemente dado a luz. Uma das provas mais evidentes 
para afirmar se ocorreu a prática delituosa são os exames produzidos no I.M.L. 
 Exame objetivo específico – coitos 
 O perito deverá posicionar a vítima em decúbito dorsal, com as pernas 
entreabertas e analisar e fotografar o orifício anal em busca de lesões locais como 
equimoses, rupturas, coleta de pelos e por fim realizar o procedimento de suabe para 
coletar amostras de sêmen, para identificação pelos testes de DNA. 
 
• Coito vaginal: 
 
 O perito deverá posicionar a vítima em decúbito dorsal, com as pernas 
entreabertas e analisar e fotografar o orifício anal em busca de lesões locais como 
equimoses, rupturas, coleta de pelos e por fim realizar o procedimento de suabe 
para coletar amostras de sêmen, para identificação pelos testes de DNA. 
 
• Coito oral: 
 
 O perito solicitará, em caso de perícia em vivos, que ocorra o estudo das lesões 
labiais e linguais, coleta de amostra de material biológico, pesquisa depossíveis lesões 
traumáticas e possíveis componentes do objeto usado na penetração. 
Quiz: 
1. Vítima de estupro, sexo feminino, 24 anos, chega para exame pericial. A 
vítima refere que o agressor a ameaçou com arma branca e obrigou-a a 
manter com ele conjunção carnal. Assinale a alternativa correta sobre esse 
caso. 
a) Trata-se de estupro de vulnerável, visto que a vítima foi ameaçada pelo agressor 
com emprego de arma branca. 
 
 
 
 
 
 
32 
b) Se o agente tivesse obrigado, sob ameaça com arma branca, a vítima a praticar 
conjunção carnal com terceira pessoa, estaria descaracterizado o crime de 
estupro. 
 
c) É irrelevante do ponto de vista pericial que a vítima informe a respeito de 
conjunção carnal consentida prévia. 
 
d) Caso a vítima tivesse menos de 14 anos de idade, mesmo que não houvesse 
ameaça por parte do agente e mesmo que a vítima consentisse a relação sexual, 
estaria caracterizado o crime de estupro. 
 
 A letra A está incorreta, pois o fato, por si só, do agressor empregar uma arma 
branca e ameaçar a vítima não a coloca na condição de vulnerável. O vulnerável é 
considerado o menor de 14 anos, doente mental ou em condição psíquica que a torne 
vulnerável, como a ingestão de substâncias consideradas drogas para abuso, como, por 
exemplo, o Boa Noite Cinderela. 
 
A afirmativa letra B é falsa, pois o Código Penal prevê que também se considera 
estupro obrigar a vítima a praticar conjunção carnal com terceiro. 
 
A respeito da letra C, questões como o consentimento da vítima em se relacionar 
com o acusado são de extrema relevância para o laudo e inquérito policial, pois 
descaracterizam um estupro. Portanto a letra C não está correta. 
 
 Por fim, a alternativa CORRETA, a opção D. Caso a vítima tivesse menos de 
14 anos a relação sexual seria considerada conjunção carnal. Isso ocorre, pois, a lei 
brasileira entende que a pessoa com idade MENOR que 14 anos não tem a maturidade 
necessária para decidir se quer se relacionar sexualmente com outra pessoa. Esse 
entendimento tem por base o critério biopsicológico do indivíduo. 
2. A respeito da perícia médico-legal em crimes contra a dignidade sexual, 
assinale a alternativa correta. 
a) Conjunção carnal é a introdução completa ou incompleta do pênis na cavidade 
vaginal ou no ânus, ocorrendo ou não ejaculação. 
 
b) A constatação de esperma na cavidade vaginal é de muita importância na 
comprovação da conjunção carnal e pode auxiliar na identificação do agressor. 
 
c) Ruptura himenal recente é conclusiva com relação à ocorrência de estupro. 
 
 
 
 
 
 
33 
d) Não é possível encontrar integridade himenal em mulher com vida sexual 
iniciada. 
 
 Inicialmente já podemos descartar a letra A, pois a conjunção carnal é definida 
pelo código penal como a penetração do pênis na vagina. 
 
A opção CORRETA, a letra B corresponde ao que vimos na aula de hoje, a 
constatação do esperma na cavidade vaginal é importante prova contra o possível 
agressor pois o sêmen corresponde a material genético que permite a identificação do 
autor do crime. 
 
Sobre a letra C, nem sempre a ruptura recente do hímen caracteriza o estupro, 
pois não necessariamente a ruptura recente ocorreu por conta de uma conjunção carnal 
não consentida. 
 
Com relação a letra D temos de considerar uma característica de hímen não tão 
comum, mas existente, o hímen complacente, que significa hímen elástico, e que 
muitas vezes não se rompe nem com o início das atividades sexuais. Logo, existem 
mulheres com vida sexual ativa e que possuem ainda hímen complacente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
AULA 5 - PERÍCIA EM NASCITUROS 
Na aula de hoje iremos aprender sobre quem é o nascituro, seus direitos e a 
perícia em nascituros e bebês, bem como o aspecto legal e criminal dos delitos que 
envolvam o nascituro, natimorto e os bebês. 
 
A expressão “nascituro” decorre do código civil que estabelece que “A 
personalidade civil do homem começa com o nascimento com vida, mas a lei põe a 
salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.” 
 
Nascituro é, então aquele ser que foi concebido e ainda não nasceu. É o bebê que 
encontrasse no ventre materno e já tem um conjunto de direitos, como a vida, mas que 
ainda não nasceu. Esse entendimento da lei brasileira, inclusive, é o que justifica 
constituir crime o aborto, pois sub entende-se que aquele organismo na barriga da mãe 
tem uma expectativa de direito à vida, que se concretizará com o nascimento, e por 
isso, não poderá ter a vida interrompida, a não ser nos casos que veremos a seguir. 
Aborto legal 
Existem situações concretas em que a vida da gestante se encontra em risco e o 
aborto é a única medida a ser tomada para poupar a morte dessa gestante. O código 
penal estabelece no artigo 128 que não será considerado crime o aborto médico ou o 
aborto necessário nos casos de perigo de vida da gestante ou quando a gravidez resultou 
de estupro. 
Aborto criminoso 
A lei penal classifica o aborto entre os crimes contra a vida e diz que: 
 
• É crime provocar aborto em si mesma ou permitir que outro lhe provoque e a 
pena prevista é a de detenção de 1 a 3 anos. 
 
• Já o indivíduo que provoca o aborto da gestante, sem o consentimento da mesma 
sofrerá uma pena de 3 a 10 anos. 
 
O código penal diz ainda que será imputado ao agente a pena de reclusão de 1 a 
4 anos àquele que provocar aborto com o consentimento da gestante. 
 
 
 
 
 
 
35 
Será aplicada essa mesma pena se a gestante é menor de 14 anos, ou é alienada 
ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, violência ou grave 
ameaça. 
 
Ainda está previsto que serão aumentadas em um terço as penas se em 
consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofrer 
lesão de natureza grave. 
 
 Caso a gestante venha a óbito, as penas serão duplicadas. 
 
Se o aborto for provocado pela ingestão de substâncias tóxicas abortivas o 
organismo da mulher poderá sofrer desde os simples efeitos da intoxicação até o efeito 
letal. 
 
Já os abortos em que se empregam meios mecânicos para a retirada do feto 
podem ocorrer efeitos colaterais como embolias gasosas, perfurações de útero, lesões 
das alças intestinais, tétano e infecções hospitalares. 
Quiz: 
1. O médico está autorizado a praticar o aborto com conhecimento da gestante 
ou de seu representante legal (artigo 128, inciso II, do Código Penal), 
quando a gestante for vítima de estupro: 
 
a) Após estar convencido de que tal circunstância tenha ocorrido; 
 
b) Após o registro do fato na Delegacia de Polícia; 
 
c) Após o oferecimento da Denúncia contra o autor do fato; 
 
d) Após a condenação do autor do fato; 
 
e) Após a condenação transitada em julgado em face do autor do fato. 
 
Para responder à questão deve ser considerado o que diz o Ministério da Saúde 
1.145/05 que explica que não é necessária a existência de boletim de ocorrência para a 
realização do aborto sentimental. 
 
A lei não exige que haja condenação prévia do autor da violência sexual, que 
haja ação penal em curso, autorização judicial, ou, ainda, que exista instauração de 
inquérito policial. Basta que o médico forme seu convencimento com base em indícios 
razoáveis da ocorrência do crime. 
 
 
 
 
 
36 
 
Uma vez convencido da existência do crime sexual, poderá realizar a intervenção 
cirúrgica. 
 
A alternativa CORRETA é a letra A. 
 
2. Com relação ao aborto necessário, marque a opção correta. 
 
a) Pode ser realizado quando houver gravidez de risco. 
 
b) Precisa de consentimento da gestante ou de seu representante legal. 
 
c) É a interrupção artificial da gravidez para repelir perigo certo e inevitável à vida 
da gestante, na ausência de outro método eficaz. 
 
d) É aquele praticado na presunção de que o futuro filho herdaria dos pais doenças 
ou anormalidades físicas ou mentais.Vamos entender melhor o tema? Veja só o que diz a lei penal sobre o 
aborto: 
 Não se pune o aborto praticado por médico. 
Aborto necessário 
 I - Se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
Aborto de gravidez decorrente de estupro 
 II - Se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da 
gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
 
Ou seja, a primeira hipótese de aborto é aquela que coloca em xeque a vida da 
mãe e a única alternativa para assegurar a vida da gestante é o procedimento abortivo. 
Sendo assim, a lei penal permite expressamente que o aborto seja realizado nesses 
casos. 
 
 
 
 
 
 
37 
A letra A fala acerca da gravidez de risco, o que não é uma circunstância que 
permite o aborto e sim a exigência de cuidados especiais durante a gestação. É o que é 
chamado de aborto terapêutico ou necessário. Portanto, a alternativa A está errada. 
 
Já a letra B fala acerca do consentimento da gestante. É importante 
considerarmos situações como a que a gestante pode estar inconsciente e 
impossibilitada de informar ao médico que autoriza o aborto. Este, no entanto, tem o 
dever legal de assegurar a vida da gestante, e se entender que o aborto é a única medida 
cabível para assegurar a vida daquela gestante, deverá realizar os procedimentos. Por 
esse motivo a alternativa B está incorreta. 
 
A letra C traz perfeitamente o que diz a lei penal quanto ao aborto necessário. 
Alternativa CORRETA. 
 
Quanto a letra D, o Brasil não permite o aborto nos casos em que os filhos 
possam herdar doenças congênitas, seja física ou mental, alternativa incorreta. 
 
 Uma mulher de vinte e oito anos de idade foi presa acusada do crime de 
infanticídio, após ter jogado em uma centrífuga o bebê que ela havia dado à luz. 
Segundo a ocorrência policial, um familiar da suspeita disse que ela havia escondido a 
gravidez e que negava que houvesse praticado aborto. 
 
 A partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir. 
 
3. Caso a docimasia pulmonar hidrostática de Galeno evidencie franca flutuação 
desde a primeira fase, excluindo-se as causas de falso-positivos, deverá concluir 
que o nascituro não respirou. 
 
• Certo 
 
• Errado 
 
A alternativa está INCORRETA, pois o resultado do exame é claro. Se o 
pulmão, ao ser colocado no recipiente com água, subir até a superfície e boiar, é um 
sinal que a criança respirou, e, portanto, viveu. 
Infanticídio e estado puerperal 
A lei penal estabelece como uma “causa privilegiada” o crime de “matar, sob a 
influência do estado puerperal o, o próprio filho, durante o parto ou logo após. 
 
 
 
 
 
 
38 
Causa privilegiada é uma circunstância que atenua, nesse caso, o crime de 
infanticídio. 
 
Já o estado puerperal é definido como um momento até alguns dias após o parto 
em que a mulher se encontra em uma situação de trauma psicológico, seja por motivos 
como angústia, aflição, dores, bem como a uma deficiência de alguns níveis hormonais 
que a medicina entende que podem levar a mulher a cometer o gesto criminoso. 
 
A perícia para caracterizar ou não infanticídio é algo muito complexo e exige um 
estudo detalhado, pois a falha do perito nesse momento pode não só deixar impune 
quem cometeu o crime como pode também acarretar na prisão injusta de um inocente. 
Exame pericial 
O exame pericial tem como objetivo determinar se aquele cadáver analisado tem 
status de: 
 
• Natimorto, que é o indivíduo que já saiu da barriga morto, por alguma 
circunstância como síndrome, complicação de parto ou erro médico e, portanto, 
nunca respirou. 
 
• Recém-nascido, que é aquele bebê que foi expelido do útero, respirou e 
posteriormente, por causa natural ou violenta, veio a óbito. 
Docimasia de galeno 
A professora Silvia Mota, em breve explicação sobre o referido exame, diz o 
seguinte: 
 
 "A palavra docimasia tem origem no grego dokimasia e no francês docimasie 
(experiência, prova). 
 
Trata-se de medida pericial, de caráter médico-legal, aplicada com a finalidade 
de verificar se uma criança nasce viva ou morta e, portanto, se chega a respirar. 
 
Após a respiração o feto tem os pulmões cheios de ar e quando colocados num 
vasilhame com água, flutuam; não acontecendo o mesmo com os pulmões que não 
respiram. Se afundarem, é porque não houve respiração; se não afundarem é porque 
houve respiração e, consequentemente, vida. Daí, a denominação docimasia pulmonar 
hidrostática de Galeno. 
 
 
 
 
 
39 
No âmbito jurídico a docimasia é relevante porque contribui para a determinação 
do momento da morte, pois se a pessoa vem à luz viva ou morta, as consequências 
jurídicas serão diferentes em cada caso. 
 
Exemplos: 
 
Quando um homem, ao morrer, deixa a mulher grávida e a criança vêm à luz 
morta, o patrimônio do de cujus transmitir-se-á aos herdeiros deste, que poderão ser 
seus genitores. 
 
Se, por outro lado, a criança nascer viva e morrer imediatamente após o 
nascimento, o patrimônio do pai passará aos seus herdeiros, no caso, a mãe da criança." 
Quiz: 
4. Em relação ao infanticídio, é correto afirmar que: 
 
a) É necessária a presença do estado puerperal da mulher 
 
b) A verificação de vida extrauterina não é importante 
 
c) É possível sua configuração em natimorto 
 
d) A docimasia de galeno não permite verificar que houve vida extrauterina. 
 
A lei diz que o infanticídio é o crime cometido pela mãe durante ou minutos após 
o parto quando tomada pelo “estado puerperal” de descontrole emocional. 
 
O professor Genival França diz que este é um estado de descontrole e depressão 
hormonal onde a mulher não tem entendimento e autodeterminação alguma, portanto 
não responde por seus atos. 
 
Como a letra A expõe, o infanticídio só se configura quando a mulher se encontra 
acometida pelo estado puerperal. Portanto, alternativa CORRETA. 
 
A alternativa B está incorreta. A verificação de vida extrauterina é extremamente 
importante e inclusive papel do legista determinar, pois caso estiver comprovado que 
o bebê respirou, estará configurado o infanticídio. 
 
A letra C está incorreta e o raciocínio é muito simples. O natimorto é aquele ser 
que nunca respirou, portanto nunca teve vida. Logo, não pode ser morto o que nunca 
viveu, estando desconfigurado o infanticídio. 
 
 
 
 
 
40 
A letra D está incorreta pelo fato de que a Docimasia de Galeno é o exame 
realizado pelo I.M.L para afirmar se houve ou não vida extrauterina. 
 
 
5. Uma mulher de vinte e oito anos de idade foi presa acusada do crime de 
infanticídio, após ter jogado em uma centrífuga o bebê que ela havia dado 
à luz. Segundo a ocorrência policial, um familiar da suspeita disse que ela 
havia escondido a gravidez e que negava que houvesse praticado aborto. A 
partir dessa situação hipotética, julgue o item a seguir. 
 
Caso a docimasia pulmonar hidrostática de Galeno evidencie franca flutuação 
desde a primeira fase, excluindo-se as causas de falso-positivos, dever-se-á concluir 
que o nascituro não respirou. 
 
• Certo 
 
• Errado 
 
A alternativa está INCORRETA, pois o resultado do exame é claro. Se o 
pulmão, ao ser colocado no recipiente com água, subir até a superfície e boiar, é um 
sinal que a criança respirou, e, portanto, viveu. 
 
Critérios para Investigação do Óbito Infantil e fetal 
 São adotados critérios mínimos de referência para investigação no âmbito 
nacional, de modo a permitir o dimensionamento dos óbitos investigados no âmbito 
estadual e municipal, respeitando-se a realidade e as iniciativas locais de implantação 
das equipes de vigilância. 
 
 São critérios mínimos sugeridos para investigação todos os óbitos de residentes 
no município ou Regional: 
 
• Pós-neonatais (28 dias a 1 ano incompleto de vida); 
• Neonatais (0 a 27 dias de vida) com peso ao nascer ≥ 1.500 gramas; 
• Fetais (natimortos) com peso ao nascer ≥ 2.500 gramas; 
• Óbitos ocorridos em domicílio.Considerando-se o critério de investigação dos óbitos potencialmente evitáveis, 
podem ser excluídos os óbitos por malformação congênita grave/complexa/letal. 
 
 
 
 
 
 
41 
 Os municípios com maior capacidade de operacionalização podem estender 
estes critérios, assumindo, por exemplo, a investigação de óbitos ocorridos em 
domicílio, fetais com peso ao nascer ≥ 1500 gramas, todos os óbitos neonatais, óbitos 
de crianças menores de 5 anos, como já acontece em alguns municípios do País. 
 
 Se o peso de nascimento da criança não está disponível na DO, pode ser 
necessário o levantamento de dados da Declaração de Nascidos Vivos - DNV (para 
crianças nascidas vivas) ou do prontuário hospitalar, para seleção do caso segundo o 
critério de inclusão. 
Classificação de Wigglesworth modificada e Classificação de 
Wigglesworth Expandida 
 A classificação de Wigglesworth, (Wigglesworth, 1980; Keeling et al, 1989; 
CEMACH, 2005) é utilizada em diversos países do mundo para análise do óbito 
perinatal (fetais e neonatais precoces). Aponta os principais grupos de causas de óbito 
perinatal, considerando o peso ao nascer e a relação com as circunstâncias do óbito e o 
momento da assistência à saúde. Utiliza informações clínicas que podem ser obtidas 
por meio da análise de prontuários, selecionando os aspectos passíveis de intervenção 
pelos serviços. Essa classificação pode ser aplicada, também, para os óbitos infantis 
por causas perinatais; não contempla os óbitos infantis por outras causas. 
 
 Os grupos de causas são excludentes, ou seja, cada caso deve ser categorizado 
em apenas um grupo de causas. No Anexo VII é apresentado o fluxograma para sua 
utilização. 
 
Grupo de causas 
 
1 Anteparto: morte fetal que ocorre antes do trabalho de parto. Taxas elevadas: 
falhas na atenção pré-natal e condições maternas adversas. 
 
2 Malformação congênita: Taxas elevadas: falhas no diagnóstico / terapia na 
gravidez (lesões potencialmente tratáveis). 
 
3 Imaturidade: nascidos vivos com < 37 semanas de gestação, sem 
hipóxia/anóxia; todos os nascidos vivos com peso ao nascer <1000 gramas. 
Taxas elevadas: falhas no manejo obstétrico /neonatal. 
 
4 Asfixia: perda fetal intraparto; óbito fetal sem maceração; “fresh stillbirth”, ou 
seja, natimorto recente (<12 horas); óbitos neonatais por hipóxia, exceto PN< 
1000g. Taxas elevadas: falhas no manejo obstétrico e/ou reanimação neonatal. 
 
 
 
 
 
42 
5 Causas específicas: óbitos por infecções especificas (TORSCH), causas típicas 
de prematuridade em RNT, outros. 
 
 Taxas elevadas: falhas na assistência pré-natal e assistência ao RN 
 
 A Calssificação da CEMACH – Confidential Enquiry into Maternal and Child 
Health (Reino Unido, 2008) propõe 9 grupos de causas de óbitos excludentes como a 
classificação original. Acrescenta os grupos de causas relacionados à infecção, causas 
externas, morte súbita e “não classificadas”, como apresentado a seguir: (Anexo VIII) 
 
• Grupo 1. Malformação Congênita (letal ou severa); 
• Grupo 2 Morte fetal anteparto de causa desconhecida; 
• Grupo 3 Morte intraparto („asfixia ‟, „anoxia ‟ou „trauma ‟); 
• Grupo 4 Imaturidade/ prematuridade; 
• Grupo 5 Infecção; 
• Grupo 6 Outras causas específicas de morte; 
• Grupo 7 Causa externa; 
• Grupo 8 Morte súbita, causa desconhecida; 
• Grupo 9 Não classificadas. 
 
 Ressalte-se que toda análise de evitabilidade do óbito infantil e fetal deve levar 
em conta o peso ao nascer, dado que este é o fator isolado de maior importância para a 
sobrevivência infantil. Isto significa dizer que o óbito de uma criança com baixo peso 
(<2500g) deve ser considerado de maneira diferenciada em relação a uma criança com 
peso ao nascer acima de 2500g. Esse diferencial é ainda mais importante para crianças 
com peso ao nascer <1000g, quando a viabilidade fetal é bastante restrita. 
 
 Recomendasse, portanto, que a análise e a classificação de evitabilidade do óbito 
infantil e fetal sejam realizadas com a avaliação do peso ao nascer, tanto por meio de 
números absolutos (em situações com pequeno número de óbitos) quanto pelo cálculo 
da proporção e taxas de mortalidade. A análise dos óbitos pode ser feita com a seguinte 
estratificação por faixas de peso ao nascer: 500-999g; 1000 a 1499g; 1500 a 1999g; 
2000 a 2499g; 2500 a 2999g; 3000 gramas ou mais. 
 
 A produção dos dados e a sistematização da informação devem ser realizadas de 
forma cotidiana e institucionalizada pelas áreas técnicas das secretarias de saúde e 
gestores dos serviços de saúde (da atenção básica, urgências e hospitais). A equipe de 
vigilância deve monitorar e acompanhar sistematicamente os indicadores da assistência 
 
 
 
 
 
43 
obstétrica, neonatal e de saúde da criança, tanto indicadores do processo assistencial 
quanto de resultados da atenção. 
Divulgação da investigação dos óbitos e propostas de intervenção 
 As recomendações para redução das mortes infantis e fetais devem ser 
encaminhadas aos gestores de saúde em todos os níveis, como parte do trabalho da 
vigilância de óbitos. Devem ser apontadas as medidas de prevenção de novas 
ocorrências de óbitos potencialmente evitáveis e as medidas de intervenção para a 
reorganização da assistência. 
 
 Deve ser promovida a interlocução permanente da equipe de vigilância de óbitos 
e/ou dos Comitês com os gestores da saúde, para participação na elaboração dos 
PLANOS DE REDUÇÃO DA MORTALIDADE INFANTIL E FETAL e interferência 
de forma eficiente nas políticas públicas dirigidas às necessidades da população. 
 
 Igualmente importante é a divulgação dos resultados e a integração com as 
demais políticas públicas sociais e de educação para uma atuação intersetorial com 
vistas à promoção das condições de vida da população e interferência sobre os 
determinantes sociais da mortalidade infantil. 
 
 Recomenda-se a elaboração de relatórios periódicos contendo as estratégias de 
prevenção formuladas para a redução da mortalidade infantil na localidade. Relatórios 
semestrais ou anuais, conforme acordo local, devem ser encaminhados ao Comitê 
Estadual. 
 
 A maneira de organização destes relatórios pode ficar a cargo de cada equipe. 
Alguns indicadores são sugeridos como referência: 
 
• Número total de nascidos vivos e de óbitos do município. 
 
• Taxa de mortalidade infantil por componente (neonatal precoce, neonatal tardio 
e pós-neonatal) e taxa de mortalidade fetal do município. Em municípios 
menores de 80 mil habitantes é mais adequado apresentar os números absolutos 
ao invés das taxas. 
 
• Percentual de óbitos investigados, segundo critérios adotados. 
 
• Proporção de óbitos por período de ocorrência: fetais, neonatais (precoces e 
tardios) e pós-neonatais. 
 
 
 
 
 
 
44 
• Proporção de óbitos segundo peso ao nascer. 
 
• Proporção de óbitos segundo idade gestacional. 
 
• Proporção de óbitos de crianças com asfixia ao nascer (Índice de Apgar <7 no 5º 
minuto de vida). 
 
• Proporção de óbitos e taxa de mortalidade segundo instituição de ocorrência. 
 
• Proporção de óbitos por grupos de causa (CID, 10ª revisão). 
 
• Proporção de óbitos considerados evitáveis. 
 
• Proporção de óbitos segundo critério de evitabilidade: considerar os diversos 
momentos da assistência conforme listados anteriormente, as dificuldades 
sociofamiliares e os problemas institucionais ou do sistema de saúde. Um caso 
pode ser enquadrado em mais de um desses itens. 
 
• Principais fatores intervenientes para os óbitos considerados evitáveis, de acordo 
com os problemas identificados. 
 
• Recomendações/propostas e ações de saúde ou medidas de intervenção para 
redução da mortalidade infantil e fetal potencialmente evitáveis. 
 
• Número de reuniões realizadas pelo Comitê. 
 
 Outros indicadores podem ser construídos, como a condição socioeconômica das 
famílias utilizando-se, por exemplo, o grau de escolaridade da mãe, características da 
mãe (idade,paridade), da assistência pré-natal, ao parto, ao RN, entre vários outros 
fatores disponíveis nos instrumentos de coleta de dados. 
 
 Os resultados obtidos podem ser divulgados para entidades científicas 
(Sociedade Brasileira de Pediatria - SBP, Federação Brasileira das Associações de 
Ginecologia e Obstetrícia – FEBRASGO, outras), bem como escolas médicas, de 
enfermagem e demais profissionais de saúde, Conselhos de Saúde e de Direitos da 
Criança, sociedade civil, de maneira a promover a mobilização de todos os atores a fim 
de subsidiar ações de redução da mortalidade infantil e fetal. Devem ser considerados 
os canais de divulgação, publicações médicas e de saúde (sítios das secretarias de saúde 
e do Ministério da Saúde na internet, revista, boletins, outros), publicações oficiais do 
Sistema de Saúde, por exemplo, os boletins informativos da vigilância epidemiológica 
e outros meios de comunicação. 
 
 
 
 
 
 
45 
AULA 6 - ANTROPOLOGIA FORENSE 
Na aula de hoje iremos compreender acerca dos principais conceitos da 
antropologia e da identidade do ser e a importância de reconhecer as características 
únicas de um ser para a perícia médico legal. 
 
 Identidade é o conjunto de características que tornam uma pessoa individual e 
permite a diferenciar das outras. 
 
 O primeiro achado médico legal que utilizou a antropologia forense para 
reconhecer um corpo ocorreu, segundo os livros, em 1889, em Lião na França, onde 
foi encontrado um corpo humano altamente putrefeito e coube ao professor e perito 
Alexander Lacassagne identificá-lo. 
Este fragmento foi retirado do livro MEDICINA LEGAL – 10a Edição 
– de Genival Veloso França 
 A primeira iniciativa do mestre foi a transladação do corpo para o necrotério, 
situado em uma velha barca ancorada às margens do rio Rhône. 
 
 Era um ambiente repulsivo e deprimente, somente alguém dotado de obstinação 
e apaixonado pela ciência e pela perícia resistiria a tamanha precariedade. 
 
 O cheiro da decomposição avançada podia ser sentido a metros de distância, 
mas, incumbido de do dever legal, iniciou-se a necropsia abrindo a cavidade 
abdominal. 
 
 Não constatando útero nem ovários, mas próstata, confirmou que era indivíduo 
do sexo masculino. 
 
 Utilizando, em seguida, a Tabela Osteométrica multiplicou suas constantes pelo 
comprimento dos ossos longos dos membros superiores e inferiores. Assim, achou a 
altura em torno de 1,78 m. 
 
 Ao limpar os músculos da perna direita, notou-os mais fracos que os da 
esquerda. Pesando separadamente os ossos do pé direito e do pé esquerdo, percebeu 
pequena diferença naqueles, como também uma infecção óssea antiga nos mais leves. 
Desta forma, chegou à dedução de que o examinado claudicava da perna direita. 
 
 
 
 
 
 
46 
 Pelo desgaste da dentina, pelo acúmulo de tártaro nas raízes dos dentes e pelo 
adelgaçamento dessas raízes, concluiu ele tratar-se de alguém com cerca de 50 anos. 
 
Com base em todas essas descrições perfeitas para a época, surgiram amigos e 
parentes de um desaparecido, alegando ser este portador de todos aqueles detalhes 
descritos pelo mestre de Lião. 
 
 E, sendo Lacassagne apontado naquele instante como um homem de misteriosos 
poderes e detentor de uma ciência curiosa e apaixonante, limitou-se ele a dizer apenas: 
“O grande mérito foi do morto. O cadáver é a testemunha mais importante de um 
crime.” 
 
 De fato, há sempre um grito silencioso na mudez do cadáver. 
Identificação médico-legal 
 Neste processo de identificação, exigem-se não só conhecimentos e técnicas 
médico-legais, como também entendimento de suas ciências acessórias. Sempre é feita 
por legistas. A identificação médico-legal pode ser efetuada quanto aos seguintes 
aspectos. 
 
Espécie humana ou animal: Quando se encontra um animal, vivo ou morto, 
com configuração normal, a identificação é uma tarefa fácil. 
 
Às vezes, no entanto, podem-se surpreender fragmentos ou partes de seu corpo, 
inspirando maiores cuidados na sua distinção com restos humanos. Este estudo pode 
ser levado a efeito nos elementos definidos a seguir. 
 
Análise dos ossos: Primeiramente será feita uma análise morfológica dos ossos 
dos animais e dos homens, pelo exame de suas dimensões e caracteres que os tornam 
diferentes. Veremos na disciplina de anatomia que o corpo humano possui um conjunto 
de ossos específicos com relações proporcionais entre si. Estas proporções permitem 
concluir se se trata de uma ossada humana ou animal. 
 
 É feita também uma análise Microscópica, onde a diferença é dada pela análise 
da disposição do tamanho dos canais de Havers. 
 
 Os canais de Havers são estruturas de vasos sanguíneos que passam entre os 
ossos. 
 
 Os animais possuem um número muito maior dessas estruturas que os humanos. 
 
 
 
 
 
 
47 
 Nos animais, são mais estreitos, redondos e mais numerosos, chegando a 40 por 
mm².Finalmente, pelas reações biológicas, usando-se as provas de anafilaxia, fixação 
do complemento e soro precipitação. 
Sangue 
 A primeira providência é saber se o material que está sendo examinado é sangue 
isso utiliza-se uma técnica muito simples, que consiste na procura dos cristais de 
Teichmann. 
 
 Para evidenciar esses cristais, coloca-se um pouco do material sobre a lâmina, 
cobre-se com a lamínula e deita-se uma gota de ácido acético glacial, levando-a ao 
calor para uma evaporação lenta, repetindo-se algumas vezes o mesmo processo. Em 
seguida, leva-se a lâmina ao microscópio e, nos casos positivos, observa-se a presença 
dos cristais, de forma rômbica, alongados, cor de chocolate, isolados ou em grupos ou 
em forma de charuto ou de roseta, conforme a disposição em que se encontrem. 
 
 Atualmente existe um conceito mais adequado para diferenciar os grupos 
humanos de fenótipos característicos, chamaremos de Tipos étnicos fundamentais ao 
invés de raça, como chamavam antigamente. 
 
Tipo caucásico. Pele branca ou trigueira; cabelos lisos ou crespos, louros ou 
castanhos; íris azuis ou castanhas; contorno craniofacial anterior ovoide ou ovoide-
poligonal; perfil facial ortognata e ligeiramente prognata. 
 
Tipo mongólico. Pele amarela; cabelos lisos; face achatada de diante para trás; 
fronte larga e baixa; espaço interorbital largo; maxilares pequenos e mento saliente. 
 
Tipo negroide. Pele negra; cabelos crespos, em tufos; crânio pequeno; perfil 
facial prognata; fronte alta e saliente; íris castanhas; nariz pequeno, largo e achatado; 
perfil côncavo e curto; narinas espessas e afastadas, visíveis de frente e circulares. 
 
Tipo indiano. Não se afigura como um tipo racial definido. Estatura alta; pele 
amarelo-trigueira, tendente ao avermelhado; cabelos pretos, lisos, espessos e luzidios; 
íris castanhas; crânio mesocéfalo; supercílios espessos; orelhas pequenas; nariz 
saliente, estreito e longo; barba escassa; fronte vertical: zigomas salientes e largos. 
 
Tipo australoide. Estatura alta; pele trigueira; nariz curto e largo; arcadas 
zigomáticas largas e volumosas; prognatismo maxilar e alveolar; cintura escapular 
larga e pélvica estreita; dentes fortes; mento retraído; arcadas superciliares salientes e 
crânio dolicocéfalo. 
 
 
 
 
 
 
48 
 Diferenciando as ossadas humanas pertencentes a um homem e a uma 
mulher 
 
 Os ossos cranianos do homem têm saliências e sua fronte é achatada, enquanto 
o crânio da mulher é mais liso e a fronte reta. 
 
 Essas diferenças aparecem após a puberdade e são disparadas por hormônios. 
 
 A pelve feminina tem formato mais circular, possui uma grande abertura redonda 
ao centro e é mais larga que a do homem e uma cavidade pélvica maior que facilita a 
passagem do bebê no parto. 
 
 A pelve do homem também tem uma abertura, mas menor e em forma de 
coração. Quanto aos outros ossos, os do homem são habitualmente maiores e mais 
pesados que os da mulher. 
 
 O tórax do homem assemelha-sea um cone invertido; o da mulher tem a 
semelhança de um ovoide. Na mulher, vê-se uma predominância da cintura pélvica, 
enquanto, no homem, nota-se a cintura escapular mais larga. 
Tatuagem: 
É comum em casos em que o reconhecimento do corpo não possa ocorrer pela 
via facial que seja relatado a comunidade e prováveis familiares as tatuagens 
encontradas no indivíduo. Os livros chamam de “cicatrizes que falam”. 
 
As tatuagens também são importantes marcas na criminalidade, um universo de 
códigos próprios. Na cadeia, por exemplo, outros presos conhecidos como “tatuadores” 
costumam marcar na pele os outros presos, com base nos crimes que cometeram. No 
mundo do crime essa não é uma opção. Vejamos alguns significados de tatuagens e 
como a compreensão desses símbolos pode ajudar a polícia na busca por suspeitos: 
 
 Índia: A tatuagem de uma mulher índia pode indicar que o criminoso é 
especialista em roubo, com grande habilidade de criar maneiras de atrair as vítimas. O 
símbolo também é muito utilizado por traficantes no Rio de Janeiro. Os membros da 
quadrilha que recebem esse desenho estão autorizados a usar as armas mais pesadas, 
como fuzis. 
 
 Jesus: O uso da imagem de Jesus Cristo tem origem na máfia russa, mas foi 
apropriado também por quadrilhas brasileiras. O desenho representa alguém que foi 
condenado a pagar uma pena muito longa. Se o desenho estiver na perna ou no peito, 
 
 
 
 
 
49 
significa que o criminoso está envolvido em latrocínio – roubo seguido de morte. 
Também pode representar uma proteção. 
 
 Amor só de mãe: A frase parece ser inofensiva, mas representa um ato de 
discriminação que gera grande martírio para os detentos. Esse é o código usado para 
identificar homossexuais na cadeia. Marcado com essa tatuagem, o detento pode ser 
obrigado a manter relações sexuais com outros presos, podendo ser estuprado diversas 
vezes no mesmo dia. 
 
 Dentre outras tatuagens que trazem características com base no crime que o 
apenado cometeu. 
 
Cicatrizes: São caracteres valiosos para ajudar uma identificação individual. 
Devem ser estudadas quanto à forma, região, dimensões, colorido, resistência e 
mobilidade. Têm interesse não apenas quanto à identificação, mas também no que se 
refere a fatos ocorridos anteriormente. Essas cicatrizes podem ser traumáticas, por ação 
de agentes mecânicos, por queimaduras ou por ação de cáusticos; patológicas, como as 
da vacina ou da varíola; e, finalmente, cirúrgicas. 
 
 Nesse último caso é importante destacar que nas hipóteses de ser impossível 
realizar o reconhecimento facial, a equipe médico legal pode questionar a família se a 
suposta vítima realizou em vida algum procedimento cirúrgico como pinos, parafusos 
ou placas. Em caso da resposta ser afirmativa, a busca por uma característica pode ser 
de fundamental importância para a identificação, inclusive utilizando radiografias que 
podem ser fornecidas pela família para auxiliar na identificação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
50 
AULA 7 - TOXICOLOGIA E ANATOMOPATOLOGIA 
FORENSE 
Na aula de hoje iremos aprender acerca dos exames de toxicologia forense, a 
necessidade e os casos em que são necessários, bem como a coleta e o armazenamento 
e transporte destes materiais até os laboratórios. Iremos aprender também acerca dos 
exames complementares realizados pelo I.M.L e como eles auxiliam na descoberta da 
causa da morte. 
 
A toxicologia forense tem a finalidade de identificar a presença de substâncias 
químicas em casos de investigação de violência, homicídios, suicídios, acidentes e uso 
de drogas de abuso para auxiliar na investigação criminal e nos processos cíveis. 
Matrizes toxicológicas 
Uma matriz toxicológica é o elemento utilizado para realizar aquela triagem 
toxicológica. São matrizes toxicológicas utilizadas pelos laboratórios de investigação: 
 
• Sangue 
 
Quando o resultado é positivo, indica que a exposição da vítima à toxina foi recente, 
pois as substâncias desaparecem do sangue rapidamente. 
 
 Utilizando seringa comum de 10ML, deve ser coletado de partes específicas do 
corpo, são elas: 
 
• Cavidade cardíaca 
 
• Artéria femoral 
 
 
• Artéria subclávia 
 
 
Após a coleta o sangue deverá ser depositado em frascos adequados para o 
armazenamento e refrigerado. Coleta-se dois tubos de 5 ML cada. 
 
• Urina 
 
 
 
 
 
51 
 A urina, coletada da bexiga da vítima poderá ser acessada pelo púbis, 
externamente, ou internamente acessando a bexiga pelo abdômen da vítima. Tem um 
tempo de detecção de 1 a 3 dias para a maioria das substâncias. Após a coleta a urina 
deverá ser armazenada em frasco limpo e refrigerado. 
 
• Líquido estomacal 
 
 O conteúdo estomacal é uma matriz utilizada em situações específicas para os 
casos em que exista a suspeita que a vítima tenha ingerido alguma substância tóxica, 
seja acidental ou intencionalmente, em hipóteses de suicídio ou até mesmo 
envenenamento. 
 
 A coleta do líquido estomacal é feita com a retirada em bloco do estômago da 
vítima. Aberta a cavidade torácica, o estômago é amarrado em sua parte superior, no 
esôfago que é o início do estômago e amarrado também no início do duodeno, que é a 
saída para o intestino. 
 
 Já em um padrão nos Institutos Médico Legais que as mortes suspeitas em 
instituições carcerárias sejam realizadas a coleta do estômago da vítima para verificar 
se ocorreu o famoso “Gatorade” como é conhecido no meio policial, em que a vítima 
é coagida a ingerir a substância e logo em seguida tem uma morte súbita, normalmente 
decorrente de infarto, semelhante a overdose. 
Síndrome de body packer 
Os indivíduos chamados “Body Packer” pronúncia BARI PÉQUER são 
classificados como uma classe de transportadores de drogas que utilizam o próprio 
corpo para tal finalidade, ingerindo a droga em sacos plásticos para embarcar em 
aeroportos e cadeias. 
 
É comum que com o rompimento destas embalagens dentro do estômago a droga 
seja absorvida pelo corpo em excesso, levando a convulsões e rapidamente ao óbito. 
Quando o indivíduo consegue com sucesso chegar até o local de entrega a droga é 
retirada por laparotomia que consiste na abertura cirúrgica da cavidade abdominal, o 
que também pode causar o óbito pois ocorrem em clínicas clandestinas sem a 
higienização e o cuidado adequado para realizar um procedimento cirúrgico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
52 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fígado 
O acesso ao fígado é feito através da abertura da cavidade torácica, coletando 
fragmentos do fígado não maiores que 10 gramas do tecido, que deverá ser 
acondicionado em frasco limpo e logo em seguida refrigerado. 
 
É o principal órgão responsável pela metabolização de fármacos e drogas, o que 
explica as elevadas concentrações observadas neste órgão, permitindo que os tóxicos 
sejam facilmente detectados mesmo quando presentes em baixas concentrações no 
sangue 
Toxicologia nos crimes de trânsito 
Nos crimes de trânsito com vítimas fatais a perícia toxicológica se faz 
fundamental. Deve ser coletado sangue e urina da vítima. A triagem solicitada ao 
laboratório é a triagem toxicológica e alcoolêmica. 
 
Os exames laboratoriais nos crimes de trânsito têm como objetivo oferecer 
respaldo nos processos cíveis e penais. 
 
 
 
 
 
 
53 
Por exemplo, se o laudo cadavérico da vítima acusar a ingestão de álcool ou 
qualquer outra droga de abuso como medicamentos ou cocaína, poderá ser alegado 
culpa exclusiva ou parcial da vítima, fazendo com que os familiares da vítima deixem 
de receber o Seguro DPVAT. 
 
Eventualmente juízes podem também ordenar que o causador do acidente de 
trânsito seja encaminhado ao IML para realizar exames de triagem toxicológica ou 
alcoólica. 
 
No entanto vale lembrar que ninguém é obrigado a produzir provas contra si 
mesmo. 
Toxicologia nos crimes sexuais 
A toxicologia noscrimes sexuais tem como objetivo detectar a ingestão de 
drogas que facilitem o abuso sexual, como o popularmente conhecido “BOA NOITE 
CINDERELA” dentre outras. 
 
Essa categoria de droga é conhecida como “rape drugs” que significa drogas para 
abusar e são utilizadas para cometer desde crimes de violência sexual até outros delitos 
como roubo e sequestro. 
 
A triagem toxicológica nesses casos busca detectar remédios como o 
ROHYPNOL e o princípio ativo como o HGB que é um depressor do sistema nervoso 
central. 
Anatomopatologia forense 
Os exames anatomopatológicos são exames complementares realizados em um 
I.M.L e tem como objetivo analisarem microscopicamente os órgãos da vítima para 
verificar se há alguma alteração que justifique a falência daquele órgão. 
Por exemplo, um exame anatomopatológico do coração poderá afirmar se houve um 
infarto ou não, pois nem sempre a ruptura das fibras musculares cardíacas é visível “a 
olho nu”. 
 
Já um exame de pulmão de um cadáver carbonizado poderá definir se ocorreu a 
asfixia por dióxido de carbono daquela vítima ou se ele morreu decorrente de algum 
outro fator, seja acidente, queda, ou qualquer outra circunstância não evidenciada no 
exame cadavérico. 
 
 
 
 
 
 
54 
Esses exames são de fundamental importância para esclarecer mortes suspeitas 
ou mortes por causa indeterminada. 
 
As vísceras que serão enviadas para análise deverão ser acondicionadas em 
frascos contendo formol e armazenados em temperatura ambiente, não havendo 
necessidade de refrigerá-las. 
Quiz 
1. Em relação à coleta de material nas necropsias, aponte aquele que geralmente 
deve ser guardado, quando se suspeita da ingestão de substância tóxica após o 
óbito. 
 
a) Estômago com seu conteúdo. 
 
b) Cérebro e cerebelo. 
 
c) Pulmões. 
 
d) Sangue. 
 
 
Vimos neste capítulo que as matrizes toxicológicas ideais devem ser eleitas com 
base nas circunstâncias e suspeitas. 
 
No caso acima, estamos diante de uma suspeita de ingestão de substância tóxica, 
como uma comida ou uma bebida envenenada. 
 
A matriz ideal, portanto, será o estômago, que deverá ser coletado em bloco, 
amarrado como uma bexiga, sem que o conteúdo em seu interior extravase. A 
alternativa CORRETA é a letra A. 
 
 
2. A polícia civil levou a um pronto-socorro um rapaz suspeito de ter ingerido 
cápsulas de drogas ilícitas. No momento do atendimento médico, ele estava 
assintomático, e seu exame físico não evidenciou anormalidades. 
 
 No entanto, o exame radiográfico gastrintestinal revelou estruturas radiopacas 
com halo de hiper transparência circundante, compatíveis com a suspeita de ingestão 
de drogas. 
 
 O quadro evoluiu para excitação motora, agitação e morte. 
 
 
 
 
 
55 
 Nesse caso, se for constatada a ingestão de cocaína, a morte sempre ocorrerá 
com a intoxicação aguda causada pela droga ingerida, e os exames toxicológicos de 
urina e sangue poderão revelar a droga transportada na proporção de sua ingestão. 
 
 Com referência às informações objeto da situação anteriormente apresentada, 
assinale a opção correta. 
 
• Certo 
 
• Errado 
 
 
 
 A assertiva está CORRETA, pois o enunciado fala acerca do “body packer”, 
indivíduo popularmente conhecido como mula e que utiliza seu corpo para transportar 
substâncias entorpecentes. 
 
 Caso a substância que está sendo transportada for cocaína, a matriz ideal para 
detecção da substância na proporção ingerida será a urina e o sangue do indivíduo. 
 
3. Em relação à coleta e armazenamento das amostras para exame toxicológico, 
assinale a afirmativa correta: 
 
a) As amostras de vísceras não devem ser armazenadas em formol, mas 
refrigeradas em congelador para impedir a putrefação do tecido. 
 
b) O sangue deve ser coletado em frasco contendo substância formolizada para 
evitar a coagulação da amostra. 
 
c) O estômago deve ser esvaziado para realização do exame toxicológico em 
amostra da mucosa gástrica. 
 
d) As amostras devem ser armazenadas à temperatura ambiente. 
 
A alternativa CORRETA é a letra A. Devemos sempre estar cientes que quando 
se tratar de material coletado para toxicológico não deverá, em hipótese alguma, 
adicionar formol ou qualquer outro composto. Devendo somente acondicionar em 
recipiente ideal e congelar a amostra para análise. 
 
4. O exame anatomopatológico auxilia no diagnóstico por meio da avaliação macro 
e microscópica dos tecidos e das células. Para a conservação adequada da peça 
para exame, deve-se utilizar: 
 
 
 
 
 
 
56 
a) Solução alcoólica a 70% 
 
b) Solução de formalina a 5% 
 
c) Solução de formalina a 10% 
 
d) Solução alcoólica a 50% 
 
 O objetivo da conservação adequada é impedir a autólise, que significa 
degradação do tecido que será analisado. 
 
 O produto adequado para impedir a decomposição será o formol, tecnicamente 
conhecido como formalina e o percentual indicado de volume do líquido de formol é 
de 10 vezes o volume da peça, portanto, alternativa C, solução de formalina a 10% é a 
alternativa CORRETA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
ÉTICA, BIOÉTICA E BIOSSEGURANÇA 
Neste módulo iremos estudar a ética, seu significado e a importância da ética 
para o convívio e para a sociedade. 
 
Iremos estudar também a bioética, que é a disciplina responsável por abordar os 
conflitos éticos existentes nas ciências biológicas, tais como: O aborto, a eutanásia, a 
morte e o luto, dentre outras temáticas. 
 
E por fim, mas não menos importante, a biossegurança que é a disciplina que 
aborda e capacita o indivíduo para atuar no campo das ciências biológicas tendo 
conhecimento do uso e manuseio dos equipamentos de proteção individual e 
dominando os procedimentos que tem como objetivo minimizar os riscos de acidentes 
e de contágio por parte dos agentes físicos, químicos e biológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
58 
AULA 1 - MORAL E ÉTICA 
Na aula de hoje iremos aprender acerca do surgimento do estudo da ética, o 
significado da ética em nossas vidas e o que é ser um sujeito ético hoje em dia. 
Significado da palavra ética: 
A palavra ética vem do grego, que chamam de “ethos” e significa caráter. 
 
Os gregos entendiam que a Ética é a junção equilibrada de outras palavras, como: 
 
DIREITOS, DEVERES, RESPONSABILIDADE e LIBERDADE. 
História da ética: 
Os primeiros escritos acerca da ética surgiram no século 5 a.C, com o filósofo 
grego Sócrates. 
 
Sócrates tinha como hábito indagar e estimular os debates na Ágora, que eram 
as praças da Grécia Antiga. Lá se reuniam outros homens livres e debatiam por horas 
questões relacionadas à guerra, a política, a ciência, a democracia e a ética. 
 
Sócrates defendia que se todos os indivíduos seguissem um conjunto de valores 
pautados em respeito e diálogo sempre em busca da verdade, as sociedades alcançariam 
a vida em convivência. 
 
Sócrates chamava de MAIÊUTICA, que significa “parto de uma ideia” a busca 
pela verdade, pois defendia que somente indagando e se perguntando o ser humano 
conseguiria dar à luz e fazer nascer uma ideia capaz de libertar e de criar a paz. 
 
A ética e a moral são debates que acompanham a história da humanidade desde 
então e não devem nunca serem interpretadas como sinônimos, pois são duas coisas 
totalmente diferentes. 
 
Por exemplo, em 1941 a 1945 o Mundo viveu o maior massacre de um povo da 
história humana, você sabe do que estamos falando? 
 
 
 
 
 
 
59 
Esse período da história foi chamado de HOLOCAUSTO e consistiu no 
assassinato em massa de onze milhões de pessoas em sua maioria de origem judia, mas 
também de ciganos, negros, deficientes e homossexuais. 
 
Na época o líder da Alemanha, Adolph Hitler, ordenou que as pessoas que não 
fizessem parte de uma raça, segundoele, pura, não teria o direito de residir na Europa 
e deveria ser capturada e levada aos campos de concentração, onde seria submetida ao 
trabalho forçado e teria como fim a execução. 
 
Essa decisão do líder do partido nazista foi uma lei e estabelecia, inclusive, que 
os alemães deveriam denunciar ao estado alemão pessoas que estivessem escondidas, 
e os alemães que soubessem e não denunciassem poderiam ser presos por traição e até 
mesmo assassinados. 
 
Onde queremos chegar é que a moral da época na Alemanha Nazista obrigava os 
alemães a denunciar os judeus e outros povos, colaborando para a morte dos mesmos. 
 
No entanto, internamente todo indivíduo sabia dentro de si que tirar a vida ou 
colaborar para a morte de alguém é algo errado, e, portanto, antiético. 
Esse exemplo nos mostra que ética e moral nem sempre caminham juntas. Esse período 
da história inclusive, é tema de discussões filosóficas muito longas sobre a dualidade 
da ética e da moral. 
 
Ética nos dias atuais: 
 
Hoje em dia temos uma definição mais objetiva de ética, que significa: Princípios 
morais pelos quais uma pessoa se guia. 
 
Esses princípios morais sofrem influência do espaço em que o indivíduo está 
situado, das leis e dos costumes de determinada localidade. 
 
Enquanto a moral é externa ao indivíduo e tem como base leis, normas, regras e 
hábitos a ética é o questionamento filosófico do comportamento para questões como: 
 
• Devo sempre dizer a verdade ou as vezes posso mentir? 
 
• Será que é correto tomar determinada atitude? 
 
• Devo ajudar um amigo? 
 
• Será que alguém vai ver se eu furar a fila? 
 
 
 
 
 
 
60 
 Essas e outras perguntas que estão dentro da nossa cabeça e guiam nosso 
comportamento são questionamentos éticos acerca da vida. 
 
 A ética é, então, uma coisa intrínseca ao ser, ela habita o nosso peito e está dentro 
de nós. 
 
 A conduta ética nos acompanha o tempo todo, seja no convívio com a família, 
nas relações profissionais e na nossa vida social a todo momento, quando estacionamos 
um carro na rua, quando atravessamos a faixa de pedestres e até mesmo quando vamos 
ao super mercado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
61 
AULA 2 - CONCEITO DA BIOÉTICA 
 Na aula de hoje iremos aprender sobre a bioética, ou seja, a ética que permeia as 
ciências biológicas. 
 
A bioética é ramo de estudo da ética que sempre acompanhará o profissional da 
saúde e da segurança pública, pois tem relação direta com as características inerentes 
ao ser humano, como a sensibilidade, o medo, a angústia, o respeito e a insegurança. 
 
Muitas vezes a formação do profissional dessas áreas não contempla o estudo da 
bioética, mas será justamente durante o exercício diário da profissão que essas questões 
aparecerão. 
A definição mais adequada e presente nos livros acerca da bioética diz 
que: 
 A bioética estuda “um conjunto de preocupações, discursos e práticas 
relacionadas com a vida, os seus limites e as suas interligações” 
 
A bioética cientificamente tem como objetivo analisar desde o início da vida, 
sendo a matriz de debates longos como a concepção, o estudo de células-tronco, o 
aborto, a captação de órgãos, como: 
 
• Qual o início da vida, se após o nascimento com vida ou se durante a 
concepção; 
 
• Quais os direitos do feto; 
 
• Qual o direito da mulher de optar pelo aborto e em quais circunstâncias tem 
esse direito; 
 
• A transfusão de sangue e as religiões conservadoras que vedam essa prática; 
 
• A captação de órgãos. 
 Dentre outras temáticas que abordaremos no decorrer desse módulo. 
 
 Para fazermos uma imersão nesse tema tão interessante que é a bioética, iremos 
estudar um caso concreto onde aplica-se a bioética e refletiremos acerca. Imaginemos 
 
 
 
 
 
62 
que você é um profissional da saúde e atua em determinado hospital de referência no 
tratamento de Câncer na sua cidade. 
 
Na data de hoje uma pessoa conhecida por Tião dá entrada no hospital com sinais 
característicos de leucemia, uma doença que acomete os glóbulos brancos do corpo 
humano e tem como consequência, se não tratar, a morte. 
 
O diagnóstico se confirma com exames complementares do sangue e plaquetas 
do paciente, mas o mesmo se recusa a iniciar o tratamento, pois segundo o mesmo, sua 
religião não permite a transfusão de sangue. 
 
Sabendo que se o paciente não iniciar o tratamento, irá morrer, você tenta 
convencê-lo, sem sucesso. 
 
Os profissionais da saúde são incumbidos de um dever absoluto de zelar pela 
vida de seus pacientes e assegurar a vida, realizando as manobras e os tratamentos 
necessários para evitar a morte. 
 
Esse caso acima é a realidade de muitos hospitais, tendo inclusive vários 
julgamentos dos Tribunais de Justiça que se posicionam acerca desse tema, pois é 
comum que os hospitais entrem na justiça com ações exigindo o tratamento do paciente 
que se nega a se tratar com fundamento na religião e no direito constitucional a exercer 
sua crença. 
Vejamos uma notícia sobre o mesmo tema: 
Respeitar os preceitos de uma religião é respeitar a dignidade humana. 
Com este entendimento, o desembargador Paulo Alcides Amaral Salles, do Tribunal de 
Justiça do Estado de São Paulo, acolheu recurso de um homem que busca o direito de 
não fazer transfusão de sangue. 
 
O autor da ação é testemunha de Jeová, e a religião tem como norma orientar 
seus fiéis, a não fazer transfusão de sangue. No caso, o homem está com leucemia e a 
transfusão é o único tratamento. Mesmo assim, ele se recusa a fazer. 
 
O hospital foi à Justiça para obrigar o homem a se tratar. O primeiro grau acolheu 
o pedido. A decisão de agora do TJ é liminar, sendo que um colegiado ainda irá decidir 
de forma definitiva. 
 
O relator afirma que apesar do direito à vida ser fundamental, o autor da ação é 
adulto e capaz e pode decidir. Isso porque respeitar os preceitos religiosos é "expressão 
da dignidade humana". 
 
 
 
 
 
63 
Nas palavras do desembargador, ele fundamenta sua decisão da seguinte forma: 
 
 "A priori, vislumbro legitimidade na recusa do agravante de se submeter às 
transfusões de sangue, visto que tal procedimento, para ele, implicaria em tratamento 
degradante por afrontar as suas crenças". Afirma 
Princípios da bioética: 
A bioética é norteada por princípios que permitem ao profissional tomar as 
medidas mais justas e necessárias para cada caso concreto. 
São estes princípios: 
A. A autonomia, ou mais precisamente, o respeito pela legítima autonomia das 
pessoas, pelas suas escolhas e decisões, desde que sem nenhum tipo de coação 
externa, constitui o princípio fundamental da liberdade, o respeito pela dignidade 
humana. 
 
B. A beneficência consiste no dever de fazer o que é melhor para o doente, agir no 
seu melhor interesse, ou seja, promover positivamente o seu bem. 
 
C. A não maleficência baseia-se na simples condição de, antes de tudo, não 
prejudicar, o que implica ter sempre em mente a obrigação de não fazer mal a 
outrem. 
 
D. A justiça, que se trata de equalizar todos os demais princípios já expostos sempre 
em busca da verdade e do bem. 
 
 São estes os princípios gerais que o profissional que atua direta e indiretamente 
em atendimentos clínicos, seja na área da saúde e segurança pública devem sempre ter 
como norte em suas atitudes e em suas condutas. 
 Questões bioéticas na prática médico legal 
A perícia médico legal é pautada por princípios específicos como a livre 
convicção das provas. 
 
 Não importa para a equipe médico legal de plantão se o cadáver do indivíduo 
que está sendo periciado foi em vida uma boa ou uma má pessoa. 
 
 
 
 
 
64 
 
É claro que ter conhecimento da dinâmicados fatos permite realizar uma perícia 
muito mais consistente e verossímil, porém a perícia deve ser ausente de julgamentos 
e se ocupar com questões precisas e objetivas. 
 
Por exemplo: No caso de um indivíduo que entra em um estabelecimento com 
ânimo de roubar e vem a óbito vítima de disparos de arma de fogo por parte da polícia, 
não cabe à equipe médico legal “julgá-lo” por tal conduta e sim apurar as circunstâncias 
objetivas daquela dinâmica, tais como: 
 
• Retirar eventuais projetis de arma de fogo no corpo da vítima. 
 
• Atestar a hora e a causa do óbito. 
 
• Descrever os ferimentos e as lesões presentes no cadáver. 
 
• Realizar o reconhecimento e a liberação aos familiares. E principalmente nesse 
momento é necessário colocar em prática todos os princípios estudados e a 
desenvolver a empatia para compreender que os familiares merecem sempre o 
melhor tratamento pautado no princípio da IMPESSOALIDADE: 
 
 Tratar a todos da mesma forma, independente de poder aquisitivo, cor, religião 
ou circunstância. A forma para tratar é o respeito, a polidez, a educação e a cortesia 
profissional. 
 
MOMENTO FILOSOFIA Tema: EUTANÁSIA 
 
Hoje vimos acerca de um tema muito questionado na bioética, a eutanásia. 
 
Aproveite para refletir acerca e aprofundar os estudos em bioética pesquisando 
acerca do assunto. Quanto mais informação você tiver, mais perto estará de ser um 
melhor profissional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
65 
AULA 3 - BIOÉTICA – CASOS CONCRETOS PARA 
REFLETIR E DEBATER 
Na aula de hoje iremos discutir os temas mais polêmicos acerca da bioética. 
Doação de órgãos 
É o ato de coletar o órgão ou tecido de um indivíduo chamado de doador e 
implantá-lo em outro indivíduo chamado de receptor. 
 
Pode ocorrer entre dois indivíduos vivos ou entre um doador morto para um 
receptor vivo. 
 
No Brasil, a lei que regula o tema é a lei 9.434 de 1997 que diz que: 
 
A disposição gratuita de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, em vida ou 
após a morte, para fins de transplante e tratamento, é permitida na forma da lei. 
 
A realização de transplante ou enxertos de tecidos, órgãos ou partes do corpo 
humano só poderá ser realizada por estabelecimento de saúde, público ou privado, e 
por equipes médico-cirúrgicas de remoção e transplante previamente autorizados pelo 
órgão de gestão nacional do Sistema Único de Saúde. 
 
A realização de transplantes ou enxertos de tecidos, órgãos e partes do corpo 
humano só poderá ser autorizada após a realização, no doador, de todos os testes de 
triagem para diagnóstico de infecção e infestação exigidos em normas regulamentares 
expedidas pelo Ministério da Saúde. 
 
A retirada após a morte de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano destinados 
a transplante ou tratamento deverá ser precedida de diagnóstico de morte encefálica, 
constatada e registrada por dois médicos não participantes das equipes de remoção e 
transplante, mediante a utilização de critérios clínicos e tecnológicos definidos por 
resolução do Conselho Federal de Medicina. 
 
Será admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato 
da comprovação e atestação da morte encefálica. 
 
A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para 
transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou 
 
 
 
 
 
66 
parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo 
grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à 
verificação da morte. 
 
 A remoção de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa juridicamente 
incapaz poderá ser feita desde que permitida expressamente por ambos os pais, ou por 
seus responsáveis legais. 
 
É vedada a remoção de tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoas não 
identificadas após a morte. 
 
Com tanta lei e regulamentação e procedimentos rígidos acerca do controle dos 
tecidos retirados, ainda assim não existe limite para a ganância e a venda de órgãos no 
mercado negro é uma realidade da criminalidade há anos, em esquemas que envolvem 
vários países. 
Pesquisas científicas em animais 
A bioética ocupa-se também de debater questões como a experimentação de 
substâncias e medicamentos em animais. 
Atualmente existem diversos institutos que realizam pesquisas no Mundo todo 
com o objetivo de desenvolverem novos medicamentos, fármacos, cosméticos, vacinas 
e outros itens químico biológicos. 
 
Maior parte das pesquisas realizadas são testadas inicialmente em cobaias, como 
roedores, cachorros, ovelhas e outros animais domésticos e silvestres. 
 
A cobaia é utilizada nestes ambientes de pesquisa científica como modelo vivo, 
para que os cientistas possam avaliar as reações vitais de circulação do sangue, 
coagulação, processos inflamatórios diversos. 
 
Os cientistas defendem que se trata de prudência não realizar os testes em vidas 
humanas e sim animais. Salientam também que existem modelos similares ao corpo 
humano que reproduzem texturas, aspectos do tecido, no entanto, são incapazes de 
reproduzir as características de ação e reação dos agentes, como um organismo vivo 
faz. 
 
O principal argumento dos cientistas é que se trata do sacrifício de alguns animais 
em prol do avanço científico e que essas pesquisas são fundamentais para salvar vidas. 
 
 
 
 
 
 
67 
Por outro lado, os ativistas e defensores dos animais argumentam que não há 
interesse por parte dos cientistas em desenvolverem novas matrizes de testes, como 
protótipos similares do corpo humano que substituam os animais. 
 
Pode parecer complexo opinar acerca do assunto pois são diversos pontos de 
vista que estão em jogo e devem ser analisados, no entanto, o caminho para decidir 
sempre da forma mais coerente e justa é o através do estudo da bioética. 
Pesquisa com células tronco 
Células tronco são células do corpo dotadas de uma alta capacidade de 
multiplicação. Elas estão presentes no primeiro estágio de vida humana, na forma 
embriológica e são encontradas também em sua fase adulta dentro de ossos, compondo 
a medula óssea. 
 
As pesquisas com células tronco podem ser realizadas com células tronco 
embrionárias ou células tronco adultas. As primeiras, obtidas de embriões humanos em 
seus primeiros estágios de desenvolvimento possuem um potencial de utilização muito 
superior ao das células tronco adultas, porém a polêmica é ainda maior. 
 
O Brasil é signatário de um pacto entre países chamado Declaração dos Direitos 
Humanos que coíbe o uso de células tronco embrionárias. As pessoas mais 
conservadoras da sociedade invocam que as pesquisas que utilizem tal recurso humano 
estão na contramão do pacto realizado pelo nosso país. 
 
No entanto, o Brasil editou uma lei em 2005 conhecida como Lei de 
Biossegurança que permitiu expressamente a pesquisa com células tronco embrionárias 
com algumas restrições, em seu artigo 5o, que: 
Lei 11.105/2005 
• Deverão ser utilizadas células tronco de embriões produzidos artificialmente; 
 
• De embriões congelados a mais de 3 anos; 
 
• Deve haver o consentimento dos genitores; 
 
• É vedada a comercialização de qualquer tipo de venda ou comércio dos embriões 
ou produto da pesquisa; 
 
 
 
 
 
 
68 
A principal questão que causa a polêmica do tema é que a lei brasileira garante o 
direito do embrião a vida. Aquela sementinha de vida chamada de embrião tem, por 
lei, o direito de crescer e se tornar um ser humano vivo, assim como nós. 
 
Foi com base nessa garantia fundamental à vida que o Procurador Geral da 
República Brasileira entrou com uma ação direta de inconstitucionalidade no Supremo 
Tribunal de Justiça argumentando que a lei de biossegurança fere o direito do embrião 
à vida. 
 
O Supremo Tribunal Federal, que tem o dever de se posicionarem último caso, 
sobre questões como essa, decidiu que: 
 
As pesquisas com células tronco são compatíveis com o direito à vida. Segundo 
os ministros que votaram a favor da continuidade das pesquisas, o direito à vida deve 
ser assegurado ao feto, na fase em que ele estiver no ventre materno. 
 
A parte positiva das pesquisas com células tronco é que o desenvolvimento das 
mesmas pode permitir que deficientes físicos e portadores de doenças degenerativas 
recuperem os movimentos e passem a ter uma vida normal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
69 
AULA 4 - BIOÉTICA APLICADA AO I.M.L 
Agrotóxicos, transgênicos e a biossegurança 
Você sabe a diferença entre os alimentos transgênicos e os convencionais? 
 
Esse é um tema muito debatido no Brasil e os pontos de vista são muito divididos 
pois vivemos em um país cuja economia vem, boa parte, do agronegócio, e os 
produtores sempre estão procurando formas de otimizar suas produções e colher frutos 
com uma maior qualidade e diminuindo os riscos de bactérias, fungos e pragas que 
costumam se alimentar das lavouras e diminuem a qualidade da safra. 
 
Para isso recorrem a uma modificação genética da planta, fazendo com que a 
planta passe a ser mais resistente às pragas, agrotóxicos e outros microorganismos. 
 
 A definição do Instituto Brasileiro de Defesa ao Consumidor acerca dos 
alimentos transgênicos é a seguinte: 
 
“São alimentos modificados geneticamente com a alteração do código genético, 
isto é, é inserido no organismo gene proveniente de outro. Esse procedimento pode ser 
feito até mesmo entre organismos de espécies diferentes, como a inserção de um gene 
de um vírus em uma planta, por exemplo. O procedimento pode ser realizado com 
plantas, animais e microorganismos”. 
 
Segundo o IDEC são vários e graves os riscos potenciais para a saúde, tendo os 
cientistas apontado como os principais deles: 
 
• Aumento das alergias; 
 
• Aumento de resistência aos antibióticos; 
 
• Aumentos das substâncias tóxicas; 
 
• Maior quantidade de resíduos de agrotóxicos. 
 
Já os riscos para o meio ambiente, segundo o IDEC, também não são poucos pois 
a inserção de genes de resistência a agrotóxicos em certos produtos transgênicos faz 
com que as pragas e as ervas-daninhas desenvolvam a mesma resistência, tornando-se 
"superpragas" e "superervas". 
 
 
 
 
 
 
70 
O instituto conclui que para o Brasil, detentor de uma biodiversidade ímpar, os 
prejuízos decorrentes da poluição genética e da perda de biodiversidade são outros 
graves problemas relacionados aos transgênicos. Existem vários argumentos a favor e 
também contrários ao uso dos agrotóxicos e das pesquisas e desenvolvimento de 
plantas modificadas geneticamente. 
 
Lembra do que vimos aula passada? Ter conhecimento acerca do assunto é o 
mais importante na hora de dar a opinião sobre determinado fato. 
Bioética aplicada ao IML 
As aulas de anatomia ocorrem no mundo todo através da dissecação de peças 
cadavéricas formolizadas, sendo essa metodologia mais consagrada no meio 
anatômico. 
 
Atualmente existem vários equipamentos modernos que auxiliam o processo 
pedagógico, como os programas computacionais e materiais sintéticos 
 
Entretanto nos últimos anos houve uma redução crescente do número de 
cadáveres humanos cedidos ao ensino e à pesquisa. 
 
No Brasil, apesar das campanhas para doação de corpos ou partes deles para o ensino 
e pesquisa científica, o tema é bastante questionável. São vários fatores que 
influenciam essas doações: 
 
A delicadeza do assunto, bastante triste, dada a repulsa que a morte causa, 
passando pela cultura dos povos, falta de conhecimento e interesse, até a observação 
das crenças religiosas, demonstrada ao longo da história do uso do cadáver humano. 
 
O homem que cede seu cadáver a uma instituição científica é amparado pela lei 
e consagrado pelos costumes. Se a questão se passa em termos de cessão, é plenamente 
aceitável. 
A lei diz que: 
Art. 14. “É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita 
do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.” 
 
 
 
 
 
 
71 
A pessoa pode dispor do corpo após a morte, com objetivo a fins científicos, ou 
seja, doar o seu próprio corpo para uma universidade para fazer estudos, ou laboratórios 
de pesquisa cientificas. 
 
Como funciona? Basicamente o indivíduo que tem o desejo de dispor de seu 
corpo para alguma instituição de pesquisa deve ir até um cartório e preencher um 
documento chamado de “ESCRITURA PÚBLICA DE DISPOSIÇÃO DO CORPO 
APÓS A MORTE”, devendo indicar a instituição para qual deseja dispor seu corpo. E 
você? Teria coragem? 
 
A bioética está presente durante todo o tempo na rotina de um profissional do 
Instituto Médico Legal, desde o respeito com o cadáver e o compromisso com a justiça 
até a forma de tratamento com os familiares, que deve ser sempre com empatia e 
educação, procurando a forma mais adequada para assegurar a eficácia nos 
procedimentos sem constranger os familiares da vítima. 
 
Por exemplo, o agente de perícia responsável por realizar o procedimento de 
reconhecimento do cadáver poderá, ao invés de convidar os familiares para ir até o 
I.M.L, mostrar uma fotografia da face ou outra característica que permita o 
reconhecimento, como um membro com uma tatuagem, uma mão com anéis, uma foto 
da face ou dorso da vítima. 
 
É adequado tomar medidas como essa nos casos em que o familiar se encontrar 
em estado de choque ou que algum outro elemento agrave ainda mais o procedimento 
de reconhecimento e torne esse momento ainda mais desconfortável para a família, 
como o risco da exposição a algum agente infeccioso, o cheiro da carbonização ou 
putrefação daquele cadáver que está aguardando para ser reconhecido. 
 
Por fim, nosso último debate acerca da bioética nos tempos atuais. 
O direito de viver em detrimento de outros - covid-19 
No ano de 2020, mais precisamente em março eclodiu o debate acerca do direito 
de viver de alguns em detrimento de outros. 
 
Com o início da pandemia no Brasil e uma previsão que o aumento do 
contágio pelo vírus covid 19 seria muito superior à capacidade dos estados brasileiros 
de construírem e equiparem hospitais com os recursos necessários para tratar todos os 
pacientes infectados pelo COVID-19 iniciou o seguinte debate: 
 
Diante de um déficit de equipamentos, ventiladores e leitos como selecionar as 
pessoas que terão acesso aos recursos para o tratamento necessário? 
 
 
 
 
 
72 
 
As diretrizes produzidas pela associação britânica British Medical Association, 
por exemplo, orientam que pacientes idosos ou outros com maior probabilidade de 
morrer, assim como os que precisem de cuidados intensivos por mais tempo, devem 
ser secundarizados na avaliação de viabilidade para a assistência à saúde. 
 
É uma realidade em todos os países do Mundo onde o número de infectados já é 
muito maior que o número de leitos e a adoção de critérios para o tratamento é 
necessária. 
 
O Doutor Christian Salaroli, responsável pelo processo de ressuscitação de um 
hospital em Bérgamo na Itália prestou o seguinte comunicado à imprensa: “Decidimos 
quem terá direito ao tratamento com base na idade e na condição de saúde. Como em 
todas as situações de guerra.” 
 
Segundo ele, apesar de existir um critério de limite de idade para ser admitido na 
Unidade de Terapia Intensiva, não é unicamente a idade o critério a ser adotado. O 
doutor salienta: “Só a idade, não”, e relata já ter admitido em terapia intensiva um 
paciente com Covid-19 de 85 anos, sem histórico médico e completamente autônomo 
até então. Enquanto alguém na casa dos 40 com cirrose e que continua a beber, não terá 
vez. 
 
Vários médicos por todo o Mundo relatam a dificuldade de fazer escolhas como 
essa, um dilema que virou recorrente na bioética,visto que o valor de uma vida não 
deve se sobrepor ao de outra vida, no entanto, medidas de saúde coletiva são 
necessárias para não gerar um colapso ainda maior no sistema de saúde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
73 
AULA 5 - BIOSSEGURANÇA – PARTE 1 
Na aula de hoje iremos aprender o conceito de biossegurança e a importância 
dessa disciplina no dia a dia do profissional de necropsia. 
 
Num aspecto geral podemos dizer que BIOSSEGURANÇA significa “vida com 
segurança”, ou seja, a vida livre de perigos. 
 
A biossegurança é composta por um conjunto de ações destinadas a prevenir, 
controlar, mitigar e eliminar riscos inerentes às atividades que possam interferir ou 
comprometer a qualidade de vida, a saúde humana e o meio ambiente. 
 
O conceito de biossegurança pode ser definido como procedimentos, 
metodologias e equipamentos capazes de eliminar ou minimizar riscos inerentes as 
atividades prestadas em diversos ambientes. 
 
Nesse módulo focaremos especificamente nas atividades realizadas 
habitualmente nos Institutos de Perícia, Institutos Médico Legais e Clínicas de 
Tanatopraxia e funerárias, como reduzir e prevenir riscos biológicos, as principais 
formas de contágio e o correto uso dos equipamentos de proteção individual e coletivo. 
Os riscos: 
Os riscos analisados pela bioética são divididos em: 
Risco físico: 
São Aqueles riscos decorrentes de alguma forma de energia como: 
 
• a RADIAÇÃO que é causada por ondas eletromagnéticas 
 
• A TEMPERATURA decorrente de ondas de calor emitidas por determinados 
equipamentos e a própria energia solar e o fogo. 
 
• As VIBRAÇÕES decorrentes de energias mecânicas de determinados 
equipamentos como tratores e equipamentos agrícolas, perfuratrizes, serras 
elétricas, dentre outros equipamentos, inclusive muito utilizado em 
determinados procedimentos de necropsia. 
 
 
 
 
 
 
74 
• PRESSÃO como uma força física que se opõe ao organismo humano, como a 
que sofrem os profissionais que precisam trabalhar debaixo d´agua ou em alturas 
elevadas. 
 
• RUÍDO que também é uma energia mecânica causada pelas ondas sonoras que 
determinados equipamentos emitem. 
Risco químico: 
Consideram-se agentes de risco químico as substâncias, compostos ou produtos 
que possam penetrar no organismo do trabalhador principalmente pela via respiratória, 
nas formas de poeiras, fumos, gases, neblinas, névoas ou vapores, ou pela natureza 
da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através 
da pele, mucosas como boca, olhos e nariz ou pela ingestão. 
 
As áreas do corpo humano que são sujeitas à entrada do agente químico no 
organismo humano chamam-se VIA DE ACESSO e varia de acordo com o agente 
químico que está sendo utilizado. 
 
Como vimos aula passada, o manuseio do formaldeído que será utilizado na 
conservação das vísceras para serem encaminhadas para exame laboratorial deve 
ocorrer com a devida paramentação específica para evitar a inalação do formaldeído 
pelas vias aéreas e olhos, por conta de sua característica volátil, similar ao vapor. 
 
Sendo assim o profissional deverá estar equipado com óculos de proteção, 
máscara com respirador e também utilizando luvas afim de evitar o contato pela pele e 
evitar queimaduras pelo produto químico. 
 
Já um outro procedimento realizado na perícia gera um outro tipo de agente de 
risco biológico do tipo poeira. Estamos falando da abertura da cavidade craniana para 
exame necroscópico que consiste em serrar a calota craniana com um serrote elétrico. 
 
Inevitavelmente, o procedimento faz com que fragmentos ósseos reduzidos a 
poeira se desprendam e fiquem no ambiente, como uma “poeira de osso”. Esses 
fragmentos fazem mal para o pulmão, olhos e garganta, sendo extremamente 
importante que durante o procedimento os profissionais estejam paramentados com 
óculos de vedação total contra poeiras, líquidos e fragmentos, um capacete “shield” e 
máscara tipo PFF2. 
 
 
 
 
 
 
 
75 
Risco biológico: 
São considerados riscos biológicos: vírus, bactérias, parasitas, protozoários, 
fungos e bacilos. 
 
Os riscos biológicos ocorrem por meio de microorganismos que, em contato com 
o homem, podem provocar inúmeras doenças. 
 
Muitas atividades profissionais favorecem o contato com tais riscos. É o caso 
dos Institutos Médico Legais, Serviços de Verificação de Óbito, clínicas de 
tanatopraxia e funerárias. 
 
É impossível desconsiderar que a atividade pericial e de preparação dos corpos 
realizada por estas instituições seja insalubre e de elevado risco de contágio, sendo 
obrigatória a utilização de EPI para todo e qualquer procedimento pois em quase 100% 
dos cadáveres encaminhados não há qualquer tipo de informação quanto às doenças 
infectocontagiosas e venéreas. 
 
Não obstante devemos mencionar que o material de trabalho do profissional 
trata-se de material cirúrgico como lâminas, bisturis, facas, agulhas, seringas e serras, 
ou seja, instrumentos perfurocortantes, que exigem cuidado e atenção por parte do 
agente que está manuseando. 
 
São necessárias medidas preventivas para que as condições de higiene e 
segurança nos diversos setores de trabalho sejam adequadas. 
 
Recentemente surgiram uma série de novos protocolos de biossegurança 
destinados aos profissionais da saúde que atuam na linha de frente do COVID-19, um 
vírus de elevado risco de contágio e considerado de risco elevado podendo ser fatal ao 
ser humano. 
 
Ocorre que diversos desses procedimentos já eram realizados pelos IML e IGP, 
visto que também visam prevenir doenças como hepatite viral, meningite, aids, dentre 
outras. 
 
O Ministério da Saúde do Mato Grosso, em conjunto com a Universidade 
Federal do Mato Grosso produziram um vídeo que demonstra como deve ocorrer a 
paramentação nos casos de suspeita de COVID-19 por parte do paciente que está sendo 
tratado/periciado. 
 
A melhor medida de profilaxia é, sem dúvidas, o cuidado e a atenção com os 
procedimentos realizados durante a necropsia. 
 
 
 
 
 
76 
Ainda assim, na hipótese de ocorrerem acidentes com os materiais de trabalho 
ou alguma exposição a gotículas, resíduos, dentre outros agentes biológicos, é 
necessário realizar a PEP, sigla para Profilaxia Pós Exposição. 
Risco ergonômico: 
Também conhecido como risco postural, o risco ergonômico é aquele que 
envolve fatores biomecânicos e que causam desconforto e afetam a saúde do indivíduo. 
 
Esses riscos são ocasionados por diversos fatores que vão desde uma postura 
inadequada para a realização das atividades até jornadas longas e extenuantes e também 
a repetitividade de determinados procedimentos e atividades realizadas que causam a 
famosa LER. 
 
A seguir veremos de forma isolada os principais riscos ergonômicos presentes 
nas atividades realizadas no âmbito dos Institutos Médico Legais e Institutos Gerais de 
Perícia. 
Má Postura e Manuseio de Carga: 
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde mais de 80% das pessoas terão 
pelo menos duas crises de dor intensa na coluna durante a vida. Entre as muitas doenças 
que afetam nossa coluna, muitas vão se manifestar após um período acumulativo de 
má postura. 
 
A má postura ainda pode causar enfraquecimento e lesões em outras áreas do 
corpo, como ombros e pulsos. 
Para os médicos, técnicos, auxiliares e outros envolvidos no trabalho pericial é 
importante ter consciência da postura correta, que deve ser sempre com a espinha ereta, 
desde a lombar até o pescoço. Vale lembrar que um 
 
procedimento pode durar horas, requerendo ao profissional envolvido um bom 
condicionamento e postura. 
 
A carga excessiva é também um problema recorrente do trabalho, visto que um 
cadáver adulto pode pesar muito e que fenômenos como a rigidez cadavérica dificultam 
ainda mais o manuseio desse corpo para periciar.https://www.reliza.com.br/2017/10-otimas-razoes-para-ficar-atento-sua-postura-sentado/
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77 
Caso seja necessário manusear o corpo para realizar a perícia é importante que 
o procedimento seja realizado em conjunto, de modo que o peso seja dividido entre os 
outros profissionais envolvidos, evitando assim a sobrecarga e acidentes de trabalho. 
Trabalhos monótonos e repetitivos: 
Tarefas muito burocráticas, paradas e maçantes contribuem para o 
desenvolvimento de distúrbios psicológicos como ansiedade, estresse e depressão, 
afetando a produtividade e qualidade de vida do profissional. 
 
Vale mencionar também que a natureza da profissão pode ser impactante de 
início, não sendo incomum que vários profissionais ingressem na área e desistam após 
vivenciarem situações de violência, tragédias, desastres e que exponham a fragilidade 
humana, acarretando muitas vezes em distúrbios como os já mencionados. Nesses 
casos o ideal é buscar ajuda profissional de um psicólogo, procurar ter uma vida mais 
equilibrada e, em última hipótese, expor ao Departamento de Recursos Humanos o 
problema desenvolvido, para que possam alocar o servidor em atividade com menor 
risco de estresse e desconforto profissional. 
 
Já a repetição dos movimentos é um fator que requer atenção pois é possível que 
os profissionais passem a desenvolver lesões por esforço repetitivo, a famosa LÉR. 
 
A recomendação para evitar o surgimento dessa moléstia profissional tão comum 
aos profissionais que utilizam as mãos e dedos para trabalhar é o alongamento dos 
músculos e tendões envolvidos nos procedimentos e também a realização de pausas ao 
longo do expediente para relaxar os músculos. 
Biossegurança na prática. 
Equipamentos de proteção individual e coletivo: 
• A Vestimenta do profissional da área de ciências mortuárias é o Pijama cirúrgico 
ou jaleco, devendo a sua higienização ocorrer ao final de todos os procedimentos 
em máquina de lavar reservada unicamente para a limpeza desse vestuário. A 
solução utilizada para a lavagem pode ser produto de uso comum como 
amaciante, sabão em pedra ou sabão em pó. 
 
• Botas 
 
 
 
 
 
78 
• Traje completo para casos específicos de trabalho com putrefeitos, 
carbonizados e COVID-19 que deverão ser descartados ao final do 
procedimento. 
 
• Luvas de vinil e látex, descartados ao final do procedimento. 
 
• Óculos de proteção. 
 
• Touca, Propé e Máscara PFF2 que deverão ser descartados ao final do 
procedimento. 
Material de trabalho – uso correto, higiene, esterilização e descarte: 
• Serrote elétrico. Utilizado para abertura da cavidade craniana. É comum que 
técnicos mais antigos utilizem serrotes manuais, no entanto, a força física 
exigida para realizar o mesmo procedimento será muito maior. Atualmente 
utiliza-se o serrote elétrico pela destreza. 
 
• Existe uma variação de abertura da cavidade craniana que utiliza a serra circular 
que permitirá a visualização do encéfalo de forma mais íntegra, pois ao invés de 
cortar o crânio e o encéfalo, a serra circular serra apenas o perímetro da calota 
craniana. 
 
• Tesourão, utilizado para realizar a abertura da cavidade torácica. Esse 
equipamento adaptado nas necropsias é utilizado especificamente para quebrar 
os arcos costais, facilitando a abertura e visualização das vísceras torácicas. 
 
 
• Instrumental cirúrgico geral, composto pelas pinças dente de rato e pinça 
anatômica, sendo preferível as de medidas entre 10 a 20 centímetros para realizar 
os procedimentos de necropsia. 
 
• Lâmina bisturi e cabo de bisturis 
 
• Tesouras fina e reta e tesoura curva. 
 
• Pinça backhaus. 
 
• Formão. 
 
 
 
 
 
 
79 
Esse material deverá ser higienizado sempre ao final do procedimento em água 
corrente e sabão comum. Após o enxague, deixar imerso em solução de hipoclorito de 
sódio para descontaminação e esterilização final. 
 
O material descartável do tipo perfurocortante como seringas, agulhas e bisturis 
deve ser descartado em lixo coletor que serão coletados por empresa específica que 
realizam o descarte conforme os parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde. Img 
coletor. 
 
Os materiais não reutilizáveis do tipo vestimenta, curativos, fraldas, lençóis, luvas 
e máscaras deverão ser descartados em lixo específico. São as lixeiras revestidas com 
sacos brancos próprias para o descarte de resíduos potencialmente infectantes. 
 
Essas exigências são de extrema importância durante a execução do serviço e dos 
procedimentos, pois o descarte incorreto pode ocasionar no acidente e até mesmo na 
infecção e contaminação dos profissionais responsáveis pela coleta dos resíduos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
80 
AULA 6 - BIOSSEGURANÇA – PARTE 2 
 Na aula de hoje iremos aprofundar nossos estudos acerca dos resíduos e da 
biossegurança e a legislação vigente. Iremos estudar também sobre um caso real de não 
observância dos princípios da biossegurança que causou uma tragédia no Brasil, o 
acidente com Césio em Goiânia. 
A coleta dos lixos hospitalares 
 O lixo produzido por instituições funerárias, Instituto médico legal e Institutos 
gerais de Perícia é considerado lixo hospitalar. Para lidarmos melhor com o descarte 
do lixo hospitalar de modo a prevenir acidentes que atinjam diretamente a população 
ou os profissionais que trabalham com a coleta, de acordo com a Resolução RDC № 
33/03, os resíduos são classificados como: 
 
• Grupo A (potencialmente infectantes) 
 
 São os materiais que tenham presença de agentes biológicos que apresentem 
risco de infecção. 
 
• Grupo B (Químicos) 
 
 Materiais que contenham substâncias químicas capazes de causar risco à saúde 
ou ao meio ambiente, independentemente de suas características inflamáveis, de 
corrosividade, reatividade e toxicidade. 
 
• Grupo C (rejeitos radioativos) 
 
 São os materiais que contém radioatividade em carga acima do padrão e que não 
podem ser reutilizados. 
 
• Grupo D (resíduos comuns) 
 
Qualquer lixo que não tenha sido contaminado ou possa provocar acidentes, 
como gesso, luvas, gazes, materiais passíveis de reciclagem e papéis. 
 
• Grupo E (perfurocortantes) 
 
 
 
 
 
 
81 
 São objetos e instrumentos que possam furar ou cortar, como lâminas, bisturis, 
agulhas e ampolas de vidro. Esses resíduos devem ser descartados em lixos específicos 
para evitar a contaminação ou acidentes envolvendo a equipe de coleta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acidentes de Trabalho 
 Ainda que acidentes de trabalho sejam situações extremamente indesejáveis a 
todos os trabalhadores, é importante e fundamental dominar os procedimentos no caso 
de acidentes, pois quanto antes serem tomadas as medidas cabíveis de profilaxia menor 
serão os riscos de contágio. 
 
 A definição de “acidente de trabalho” é dada pelo artigo 19 da Lei № 8.213/91 
que diz: “Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da 
empresa ou pelo exercício do trabalho, provocando lesão corporal ou perturbação 
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da 
capacidade para o trabalho.” Ou seja, tudo o que acontece com o profissionaldurante o trabalho, que provoque problemas ao mesmo é considerado acidente de 
trabalho. 
 
Existem outros dois conceitos, são eles: 
 
 
 
 
 
 
82 
Doença profissional: São todas as doenças causadas pela constante exposição 
dos profissionais à fatores de risco e que consequentemente causaram algum dano ao 
mesmo. 
 
Doença do Trabalho: Doença causada pelas condições ambientais do local e 
trabalho. 
 
 Caro aluno, preparamos um passo a passo com as principais medidas de 
biossegurança no trabalho para evitar acidentes. É importante que essas medidas sejam 
tomadas todos os dias, independente da circunstância e principalmente da experiência 
prática do profissional com aquela rotina de trabalho. Em outras palavras, é importante 
alertar que o excesso de confiança é o maior causador de acidentes de trabalho, pois 
leva o funcionário a desacreditar na necessidade de seguir os procedimentos de 
segurança e de prevenção. 
Regras fundamentais durante o trabalho 
• Usar os EPIS corretos, como luvas, máscaras, óculos de proteção, capotes e 
aventais. 
 
• Nunca reencapar agulhas, nem as quebrar, entortar ou desconectá-las das 
seringas. 
 
• Descartar todo o material perfurocortante em local adequado, nunca no lixo 
comum. 
 
• Respeitar rigorosamente o limite da capacidade do coletor de material 
perfurocortante. 
 
• Manusear materiais cortantes com calma, atenção e cuidado, nunca com pressa. 
Regras fundamentais a serem seguidas após a exposição 
• Procurar orientação para avaliar o risco do acidente logo após o ocorrido. 
 
• No caso de exposição percutânea ou contato com a ple: lavar bem o local com 
água e sabão. 
 
• Exposição de mucosas: lavar bem com água e/ou solução fisiológica. Jamais 
utilizar éter, hipoclorito ou qualquer outra solução irritante. 
 
 
 
 
 
83 
 
• Manter a área exposta protegida, evitando manipulá-la ou mexer no membro 
exposto. 
Acidentes envolvendo secreção orgânica 
• Saber imediatamente qual foi o cadáver que estava sendo periciado, coletar 
amostra de sangue para realizar análise e verificar se o cadáver possuía alguma 
doença transmissível. 
 
• Avaliar necessidade de medicação como, por exemplo, para HIV, vacina 
imunológica contra hepatite b, entre outros. 
 
• Notificar o acidente em protocolo específico, em duas vias, anexar a declaração 
de testemunhas, protocolar o acidente E encaminhar uma cópia da notificação 
ao setor de Biossegurança – vigilância sanitária do estado ou município. (sesa). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
84 
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA 
AULA 1 - INTRODUÇÃO À ANATOMIA 
Olá alunos! Iniciaremos mais uma etapa da nossa aprendizagem sobre o corpo 
humano e as ciências mortuárias. 
 
Estamos iniciando o módulo de Anatomia e Fisiologia Humana, uma ciência que 
tem como estudo as partes do corpo humano e o funcionamento de cada uma delas. 
 
O objetivo do curso é fazer com que o aluno aprenda o funcionamento do corpo 
humano e a função e a localização de cada órgão dentro do corpo. 
 
• Aprenderemos a anatomia humana desde o seu surgimento, nos tempos antigos 
até os dias de hoje. 
 
• A posição anatômica, os planos anatômicos e as formas de se referir a cada parte 
do corpo humano. 
 
• Aprenderemos o que é considerado normal no corpo humano e os conceitos de 
anomalia e monstruosidade. 
 
• Estudaremos também os órgãos, matéria que aprenderemos de forma individual 
e divididos em sistemas que realizam alguma função essencial para o corpo 
humano. 
 
Serão passadas muitas dicas e formas de estudo da anatomia e da fisiologia humana. 
 
A anatomia humana é uma disciplina necessariamente cobrada em editais de 
concurso público voltados para as áreas da saúde como pronto atendimento e 
atendimentos emergenciais e também para exercer a função de necropsista nas 
delegacias civis, institutos médico legais e institutos gerais de perícia. 
 
A Anatomia Humana é a principal ferramenta de trabalho em um Instituto Médico 
Legal ou Instituto Geral de Perícia. 
 
Poderíamos dizer que começamos a estudar agora a primeira disciplina prática do 
curso de auxiliar de necropsia pois a anatomia é exigida em 100% dos procedimentos 
realizados em um órgão pericial. 
 
 
 
 
 
85 
Uma instrução preciosa para ter um bom desempenho na matéria e aprender a 
anatomia humana é não só assistir completamente as aulas e realizar o quiz com 
atenção e auxílio do material de apoio, mas também realizar o estudo complementar 
indicado ao final de cada vídeo. 
 
Em toda aula estarei indicando temas da anatomia humana para complementar 
nossos estudos, seja em forma de vídeo, aplicativos, filmes e séries e livros. 
 
Começaremos agora o estudo pelo maravilhoso universo do corpo humano e suas 
particularidades!!! 
Parte Histórica da Anatomia 
A palavra Anatomia vem do grego e significa cortar em partes. O primeiro relato 
da anatomia aconteceu 500 anos antes de Cristo, na região que hoje é o Sul da Itália. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O grego Alcmeón de Crotona selecionou alguns animais e realizou a dissecação 
de seus tecidos e o estudo das unidades anatômicas daqueles animais. Até então não 
havia nenhum relato da prática em humanos. 
 
 
 
 
 
86 
 
No ano 300 antes de Cristo passaram a acontecer estudos avançados em corpos 
de humanos. O pioneiro foi Herófilo, a primeira pessoa a realizar dissecações humanas 
de modo sistemático. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por razões éticas e religiosas no ano 150 depois de Cristo, o Papa Pio primeiro 
proibiu a realização de dissecações e estudos anatômicos em cadáveres humanos. Essa 
ideologia da igreja católica durou até o ano 200 depois de Cristo. 
 
 
 
 
 
 
87 
O primeiro médico que surgiu no mundo ocidental foi Claudio Galeno, 
contemporâneo ao momento em que as dissecações de humanos eram proibidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Galeno voltou seus estudos então para a dissecação e vivissecção de macacos e 
porcos, e passou então, a aplicar os conhecimentos anatômicos desses animais em 
humanos, quase sempre acertando em suas teorias. 
 
Em 161 depois de Cristo esse pesquisador da medicina foi convocado para servir 
como médico do filho do imperador Marco Aurélio e médico dos gladiadores, que eram 
guerreiros que lutavam pela vida em arenas abertas ao público. Este era o 
entretenimento das pessoas da época, que assistiam em arenas enormes, como o 
Coliseu, dezenas de prisioneiros de outras nacionalidades a lutarem pela vida contra 
outros guerreiros e animais. 
 
 
 
 
 
88 
Galeno, influenciado pelos ideais e pela ciência da época acreditava em uma 
interrelação entre os órgãos, o sistema do corpo humano e o eixo da terra e os elementos 
da natureza. 
 
Em uma de suas teorias Galeno registrou que a vida seria mantida pelo equilíbrio 
entre quatro líquidos dentro do corpo: 
 
 Sangue, representado pelo coração, o sistema respiratório a qual ele chamava de 
fleuma, o fígado, representado por uma secreção biliar amarela e o baço, a bílis negra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ele foi o responsável pela descoberta que mudaria os rumos da medicina: Provou 
que as artérias do nosso corpo transportam não só ar, como até então se acreditava, mas 
sangue, pelo qual o ar se liga e nutre nosso corpo com oxigênio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
89 
Ele catalogou os ossos do corpo humano que possuem cavidade produtora de 
medula óssea, como as costelas, a cabeça do fêmur e o osso que temos entre o tórax. O 
conhecimento desses ossos e dessas estruturas é importantíssimo no momento de 
realizar a extração de tecido ósseo para D.N.A em umaperícia cadavérica. 
 
Galeno morreu por volta do ano 200 depois de Cristo e suas inúmeras 
contribuições para a medicina são aplicadas até os dias de hoje, fazendo com que ele 
seja considerado um dos precursores do estudo da anatomia humana. 
 
Passado um bom tempo a influência da modernidade e dos ideais iluministas de 
avanço e progresso científico chegaram até a anatomia e a medicina e o estudo da 
anatomia passou a crescer desde então. O século quinze ficou conhecido como o século 
da iniciação científica e foi com o surgimento de pintores humanistas e renascentistas 
que os estudos da anatomia e das estruturas do corpo humano passaram a ser cada vez 
mais recorrentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
90 
Atualmente a ciência e as pesquisas mudaram totalmente a forma e a expectativa 
da vida humana, fazendo com que pessoas com limitações, deficiências e síndromes 
adquiridas passassem a ter cada vez mais acessibilidade. Aumentando a eficácia dos 
tratamentos de saúde e devolvendo qualidade de vida a milhões e milhões de pessoas 
por todo o Mundo. 
 
Para termos uma noção do avanço e da melhoria da vida das pessoas com a 
medicina vou mostrar a vocês uma condição recorrente em algumas crianças que 
nascem prematuras e são expostas a tratamento antibiótico ototóxico. 
 
Quando o bebê nasce muito prematuro é necessário adotar alguns procedimentos 
de medicação contra agentes biológicos que podem ser fatais ao bebê. Esses 
antibióticos, ainda que fundamentais para proteger os recém nascidos podem causar 
lesões em tecidos irreparáveis. Um desses tecidos é a cóclea, que temos dentro do nosso 
ouvido e é responsável e fundamental para a nossa audição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recentemente enquanto elaborava essa aula de anatomia entrei em uma longa 
conversa com um grande amigo que relatou que durante a gestação de seus filhos 
bivitelinos ocorreram algumas complicações que fizeram com que o nascimento 
ocorresse de forma prematura. 
 
Após o nascimento permaneceram dias na UTI onde receberam medicação 
antibiótica. Após a bateria de exames pós natal o médico percebeu que um de seus 
 
 
 
 
 
91 
filhos, uma menina que iremos preservar o nome, apresentou lesão na cóclea, ou seja, 
ela não escutava sons. 
 
Após muito estudo e pesquisas dos pais da nossa pequenina, depois da opinião 
de diversos especialistas, chegaram a decisão de adquirir o aparelho auditivo 
convencional que capta os sons por um microfone externo e amplifica esses sons dentro 
do ouvido do paciente, mas com o passar do tempo perceberam que o desenvolvimento 
da fala da filha deles ficou limitado quanto a alguns sons, que não conseguia reproduzir 
sons fricativos, que são aqueles sons que esprememos a língua entre dois ou mais 
dentes como o C H ao falar CHAVEIRO, o SS ao pronunciar ASSADO, e o Z ao falar 
o nome zebra. 
 
Seu cérebro passou então a aprender conforme escutava as palavras, e quando ia 
pronunciar palavras como PASSARINHO, dizia PAPAINHO. Foi quando seus pais 
perceberam que havia uma lacuna na audição de sua filha que o aparelho auditivo 
convencional não conseguia suprir. 
 
Após muita pesquisa conheceram o trabalho do médico Rogério Hamer 
Schimidt, que já realizou mais de 500 implantes cocleares mudando totalmente a vida 
dessas pessoas. 
 
Nossa pequenina realizou a cirurgia então com o doutor otorrinolaringologista 
Rogério Hamer Schimidt e implantou o chamado “ouvido biônico”. Fazem seis meses 
da data da produção desse material que foram realizados os procedimentos de implante 
e segundo seu pai, hoje ela possui uma vida normal, escuta e pronuncia os sons como 
qualquer outra pessoa que sempre escutou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
92 
AULA 2 - VARIAÇÕES ANATÔMICAS, ANOMALIAS 
E MONSTRUOSIDADES 
 Os livros de anatomia trazem alguns exemplos e modelos de estruturas do corpo 
humano que recebem o nome de padrões anatômicos, mas temos de nos lembrar que 
as pessoas são diferentes por fora e por dentro. 
 
 Cada indivíduo na Terra é diferente na sua estatura, cor e impressão digital. As 
pessoas podem ter diferentes tamanhos de nariz, boca, mãos, pés, e ainda assim serão 
todas consideradas pessoas como as outras. 
 
 Se somos tão diferentes por fora, porque seríamos todos iguais por dentro, não é 
mesmo?! Isso quer dizer que as variações anatômicas também são visíveis nos nossos 
órgãos e tecidos internos. 
 
 Por exemplo, nosso corpo possui dimensões proporcionais e por isso podemos 
comparar o tamanho do nosso músculo do coração com o tamanho do nosso punho 
fechado. Seguindo esse raciocínio, vou te apresentar uma pessoa! 
 
 Esse é o Sultan. O homem vivo mais alto do Mundo. Ele possui 2 metros e 38 
centímetros de altura e é também detentor do recorde da pessoa com as maiores mãos 
do Mundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O Sultan vive uma vida com algumas dificuldades pois a maior parte das coisas 
que usamos no nosso cotidiano não são feitas para pessoas tão altas. Imagine só em 
quantos carros que você já entrou o Sultan caberia, não é mesmo? 
 
 
 
 
 
 
93 
 Apesar das dificuldades que ele enfrenta por ser uma pessoa tão alta, as funções 
do seu corpo funcionam normalmente e a sua diferença é compatível com a vida. 
Proporcionalmente, seu coração também é um órgão maior do que o coração da maior 
parte das pessoas no Mundo, pois é necessário um coração bem grande para bombear 
todo o sangue que uma pessoa desse tamanho precisa para viver. 
 
 Vamos agora ver um exemplo de variação anatômica que deu muito certo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Você já deve ter ouvido falar do Michael Phelps. Ele ficou famoso por ter ganho 
no ano de 2008. 8 medalhas de ouro em provas de natação, nos jogos olímpicos de 
verão em Pequim na China. 
 
 Em uma das provas ele nadou 200 metros em 1 minuto e 43 segundos. Um 
recorde até então. Veja só como foi a prova. 
 
 Além de uma mentalidade e uma vida toda dedicada ao esporte, Michael Phelps 
é privilegiado por ter condições anatômicas que favorecem sua alta performance na 
água. 
 
 Enquanto a maioria das pessoas possui uma envergadura de tamanho 
aproximado a altura, a envergadura do Michael Phelps é 10 centímetros maior que a 
sua altura. 
 
 
 
 
 
 
94 
 A sua envergadura é o comprimento dos seus braços abertos, da ponta de uma 
mão até a outra. Essa medida é aproximada à sua altura. 
 
 O Michael Phelps, o atleta que citamos possui um metro e noventa de altura, mas 
o comprimento da sua mão a outra tem mais que 2 metros, o que oferece a ele uma 
aceleração muito maior na água, nadando muito mais rápido que os outros atletas. 
 
 Suas articulações são duas vezes mais flexíveis que de uma pessoa normal e além 
disso ele possui um metabolismo totalmente diferente de uma pessoa comum, pois seu 
corpo gasta três vezes mais energia por conta do alto desempenho na água, exigindo 
dele uma dieta de aproximadamente 12 mil calorias para aguentar os treinos sem sentir 
fome. 
 
 Em um dia comum Michael Phelps come tudo isso: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Essa diferença anatômica que beneficiou e permitiu que Michael Phelps entrasse 
para o Livro dos Recordes como um dos mais rápidos nadadores da história tem vários 
motivos que veremos a seguir e recebe o nome de fatores de variação anatômica. 
 
 Estudamos no módulo de medicina legal alguns fatores de variação anatômica 
que diferenciam o esqueleto humano do sexo masculino e feminino. 
 
 O primeiro fator de variação anatômica que iremos citar é, portanto, o gênero. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
95 
Fatores anatômicos 
Gênero 
Existem variações anatômicas musculares, endócrinas e principalmente genitais 
entre homens e mulheres.Etnia 
São grupos humanos que possuem características físicas comuns, externa e 
internamente, pelos quais se distinguem dos demais. 
Ambiente 
Fatores ambientais como o sol, o clima e a alimentação exercem influência no 
desenvolvimento do indivíduo. Por exemplo, pessoas que se alimentam mal durante as 
fases de desenvolvimento, como a infância e adolescência tendem a ter desnutrição, 
não crescendo e nem se desenvolvendo o quanto deveriam. 
 
Outra modificação anatômica decorrente do ambiente que podemos citar é o caso 
dos indivíduos que moram próximo da região da montanha Everest. Essas pessoas 
possuem uma condição muito superior às pessoas do resto do Mundo de viver em 
ambientes elevados e com menos oxigênio. A vida nesses lugares fez com que as 
pessoas dessa região se adaptassem e seus corpos passassem a utilizar menos oxigênio 
para realizar suas funções vitais. Podemos dizer que o pulmão das pessoas dessa região 
possui uma anatomia micro celular muito diferente do comum. 
Biotipo 
O biotipo é a soma dos fatores etnia e ambiente. Os livros de anatomia 
consideram três principais biotipos: 
 
• Ectomorfos: Tem uma constituição leve, com articulações pequenas e 
predominância de massa muscular magra. 
 
 Normalmente o ectomorfo tem membros longos e finos com a musculatura 
fibrosa. Os Ombros tendem a ser mais finos que a cintura. 
 
 
 
 
 
 
96 
 As pessoas que tem esse biotipo tem uma maior dificuldade para ganhar peso 
devido ao seu metabolismo rápido. 
 
• Mesomorfos: Tem como principal característica uma estrutura óssea grande, 
grandes músculos e um corpo naturalmente atlético. 
Tem extrema facilidade em ganhar e perder peso. 
 
• Endomorfos: Ganham gordura com muita facilidade, geralmente tem membros 
mais curtos, com braços e pernas grossas. 
 
Tem a musculatura forte, especialmente nas pernas. 
Idade 
E por fim, a idade. Um fator que influencia na variação das estruturas 
anatômicas. 
 
Por exemplo, os músculos de um jovem possuem fibras muito mais elásticas que 
os músculos de uma pessoa com mais idade. 
 
Os bebês possuem uma calcificação óssea incompleta que se desenvolve durante 
os primeiros estágios da vida. 
 
Podemos dizer que as variações anatômicas ocorrem durante toda a vida, nos 
estágios iniciais, na vida adulta e na velhice. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
97 
AULA 3 - POSIÇÃO ANATÔMICA E PLANOS 
ANATÔMICOS 
Na nossa aula passada aprendemos as divisões do corpo, os conceitos de 
anomalia, monstruosidade e variação anatômica. 
 
Na nossa aula de hoje iremos aprender acerca das posições anatômicas, os planos 
anatômicos e como iremos nos referir e descrever cada parte do corpo humano de forma 
correta. 
 
Na rotina de trabalho da equipe responsável pelos exames de necropsia nos I.M.L 
e I.G.P é necessário sempre realizar o laudo com o máximo de conhecimento anatômico 
para descrever o local das lesões e ferimentos no corpo da vítima. 
 
A anatomia humana é a principal ferramenta de trabalho desse profissional, que 
deverá descrever anatomicamente aquele corpo que está sendo periciado de forma que 
todos que lerem o laudo possam compreender a violência que foi praticada contra 
aquela vítima e fazer uma reconstituição para entender a dinâmica dos fatos. 
 
Para que a referência das partes do corpo se tornasse um padrão e para facilitar 
a compreensão ficou estabelecido que sempre que nos referirmos a uma parte do corpo 
humano ou mais partes estaremos nos referindo ao corpo na seguinte posição: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso quer dizer que sempre que estivermos periciando um cadáver no I.M.L e 
quisermos nos referir a determinada parte ou região do corpo, temos de levar em 
consideração a figura anatômica padrão. 
 
 
 
 
 
 
98 
Acontece que a anatomia é uma linguagem universal e quando adotamos uma 
figura padrão não iremos nunca nos confundir. 
Planos anatômicos 
Os planos anatômicos são nada mais nada menos que linhas imaginárias que nos 
auxiliam a descrever e especificar determinadas regiões do corpo. São usados como 
referência na leitura de exames e principalmente no momento de descrever os 
ferimentos e lesões no corpo da vítima. 
 
São 3 os planos anatômicos. 
Plano sagital 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Traça uma linha média dividindo o corpo em duas metades iguais: DIREITA e 
ESQUERDA. 
 
Outro plano de referência no estudo da anatomia é o Plano transversal que 
divide o corpo em duas metades, traçando uma linha aproximadamente na linha do 
quadril. A metade da linha pra cima será chamada de SUPERIOR enquanto que a 
metade pra baixo será chamada de INFERIOR. 
 
 
 
 
 
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E por fim o terceiro plano anatômico, conhecido como Plano frontal, que 
divide o corpo na metade da frente conhecida como ANTERIOR e a metade de trás, 
conhecida como POSTERIOR. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vou dar um exemplo para vocês: 
 
Em uma perícia de vítima de ferimento por arma branca que tentou se defender 
foi verificado lesões de defesa nas mãos e braços. 
 
Ao descrever uma lesão causada por arma branca na palma da mão, por exemplo, 
o perito deverá descrever que se trata de um ferimento compatível com lesão de defesa 
em face anterior do membro superior esquerdo da vítima com determinados 
centímetros de extensão. 
 
 
 
 
 
100 
Termos anatômicos 
Os termos anatômicos são expressões utilizadas para se referir a partes 
específicas do corpo no momento de realizar aquele exame de necropsia. 
 
Não basta escrever no laudo que o ferimento se encontra, por exemplo, na face 
anterior do ante braço esquerdo. É necessário ser mais específico, o laudo deve ser rico 
em detalhes e não deixar dúvidas. Para isso, foram criadas algumas expressões para se 
referir e detalhar ainda mais aquela região estudada. 
 
Distal é utilizado para se referir aquilo que está mais distante à raiz do membro. 
 
A raiz do membro inferior é a pelve, pois é ela que conecta a perna ao tronco. 
 
A parte da perna que está mais próxima à pelve recebe o nome de PROXIMAL. 
Enquanto que o que está mais longe da pelve recebe o nome de DISTAL que significa 
distante. E tudo que está no meio do caminho recebe o nome de MEDIAL. 
 
Por exemplo, o joelho encontra-se na face anterior da região proximal da perna. 
Entenderam? 
 
Já com relação aos membros superiores, os nossos braços, sabemos que a raiz 
do membro é o ombro, pois é ele que liga o braço ao tronco do corpo. Sendo assim, a 
parte mais próxima do ombro recebe o nome de PROXIMAL, e a parte mais próxima 
ao cotovelo recebe o nome de DISTAL. 
 
No momento de descrever o antebraço, temos de considerar a raiz desse membro 
como o próprio cotovelo, pois é ele que liga o antebraço ao braço que por sua vez se 
liga ao corpo. 
 
Tudo que está mais próximo ao cotovelo receberá o nome de PROXIMAL e tudo 
que está próximo ao punho receberá o nome de DISTAL. 
 
 
 
 
 
 
 
 
101 
AULA 4 - SISTEMAS DO CORPO HUMANO 
Na aula passada aprendemos acerca das posições anatômicas e dos planos 
anatômicos. 
 
Na aula de hoje iremos aprender sobre os sistemas do corpo humano, que será a 
partir de agora o conteúdo das nossas aulas de anatomia. 
 
O corpo humano é formado por órgãos que não funcionam sozinhos e sim 
interligados e inter-relacionados no que chamamos de SISTEMAS. 
 
Um sistema é um conjunto de órgãos e estruturas presentes no corpo humano 
que exercem uma ou mais funções no corpo para manter nossa vida e nossa saúde em 
equilíbrio. 
 
Por exemplo, o sistema respiratório que estudaremos nas próximas aulas é 
composto de diversas estruturas que são responsáveis por receber e permitir passagem 
do ar e a chegada do ar até os pulmões, para que esses realizem a troca gasosa que é 
mandar o oxigênio para todo o corpo através do fluxo sanguíneo. 
 
Cada estruturatem sua importância, não podemos pensar somente nos pulmões 
como responsáveis pela respiração pois sem o nariz, a traqueia e o diafragma não 
haveria respiração nenhuma. 
 
O que veremos nessa aula é uma breve explanação sobre cada sistema do corpo 
humano e a forma que estudaremos cada um, focado na necropsia e nos procedimentos 
realizados nos I.M.L e I.G.P. 
 
O primeiro sistema que estudaremos recebe o nome de: 
Sistema cardiovascular 
O sistema cardiovascular é composto pelo sangue, coração e vasos sanguíneos. 
Para que o sangue possa atingir as células corporais ele deve ser constantemente 
impulsionado ao longo dos vasos sanguíneos. O coração é a bomba que promove a 
circulação de sangue por cerca de 100 mil quilômetros de vasos sanguíneos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
102 
Sistema respiratório 
O sistema respiratório humano é constituído por um par de pulmões e por vários 
órgãos que conduzem o ar para dentro e para fora das cavidades pulmonares. Esses 
órgãos são as fossas nasais, a boca, a faringe, a laringe, a traqueia, os brônquios, os 
bronquíolos e os alvéolos, os três últimos localizados nos pulmões. 
Sistema Digestório 
O sistema digestório é o sistema responsável por algumas funções como 
mastigação, deglutição, metabolização e absorção dos alimentos. Além disso, tudo 
aquilo que não é aproveitado pelo nosso corpo é excretado ainda pelo sistema 
digestório 
Sistema Endócrino 
Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam como 
atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que são 
lançados na corrente sanguínea e irão atuar em outra parte do organismo, controlando 
ou auxiliando o controle de sua função. 
Sistema Musculoesquelético 
O sistema locomotor tem a função de movimento, locomoção e deslocamento 
dos seres vivos. Faz parte desse sistema um conjunto de ossos, músculos e articulações. 
O esqueleto sustenta a estrutura do corpo, protege os órgãos internos, armazena mineral 
e produz células sanguíneas. 
Sistema Nervoso 
O sistema nervoso é a parte do organismo que transmite sinais entre as suas 
diferentes partes e coordena as suas ações voluntárias e involuntárias. 
 
O sistema central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. Todas as 
partes do encéfalo e da medula estão envolvidas por três membranas de tecido 
conjuntivo que recebem o nome de meninges. O encéfalo, principal centro de controle, 
é constituído por cérebro, cerebelo, tálamo, hipotálamo e bulbo. 
 
 
 
 
 
103 
Vimos uma breve apresentação dos órgãos que compõem cada sistema do corpo 
humano, a partir de agora em nossas aulas passaremos a estudar de forma específica 
cada sistema do corpo humano. O estudo será dividido entre parte anatômica do sistema 
e do órgão, por exemplo, sua composição e tipo de tecido e a sua fisiologia, ou seja, a 
sua função no corpo e o seu funcionamento. 
 
Durante o decorrer das aulas você perceberá que existem órgãos do corpo 
humano que serão estudados e mencionados em mais de um sistema. 
 
Isso acontece porque o corpo humano tem um funcionamento sistêmico, ou seja, 
o corpo humano é como um jogo de engrenagens interligadas em que cada uma 
representa um papel essencial para o bom funcionamento do corpo todo. 
 
Não há respiração pulmonar sem coração, nem sistema muscular sem sistema 
esquelético. Não há vida sem sistema endócrino e nem movimento algum sem sistema 
cerebral. O agrupamento dos órgãos do corpo humano em sistemas é uma forma de 
facilitar o estudo das partes do corpo. Após o estudo da anatomia estudaremos a 
fisiologia de cada sistema e como ele se relaciona com os demais órgãos do corpo 
humano e permitem a vida em equilíbrio. 
 
Por exemplo: O estômago, que estudaremos no sistema digestório é um dos 
lugares pelo qual a comida que ingerimos todos os dias passa e permanece, com o 
objetivo de realizar o processo de nutrição. Nessa estrutura chamada estômago que fica 
na nossa barriga é que a comida vai para nutrir todas as partes do nosso corpo. 
 
Quando a fome passa e estamos saciados, algumas terminações nervosas que vão 
do nosso cérebro até nossa barriga emitem impulsos ao nosso cérebro que nos diz que 
não precisamos mais comer, pois estamos satisfeitos. 
 
Quer dizer também que pessoas que possuem algum tipo de compulsão por 
determinados alimentos podem na verdade ter um problema não na barriga, como a 
maioria das pessoas acreditam, mas sim no hipotálamo, uma estrutura que fica dentro 
do cérebro e veremos nas aulas aprofundadas sobre o sistema nervoso. 
 
Mas antes de nos aprofundarmos nos estudos dos sistemas do corpo humano, 
quero passar a vocês um mapa das regiões externas do abdômen. 
 
Como já expliquei a vocês, meus alunos, durante o trabalho no Instituto Médico 
Legal ou Instituto Geral de Perícia é muito importante descrever os ferimentos externos 
do cadáver. As regiões do corpo que possuem marcas de agressão, sejam ferimentos 
por projetis de arma de fogo ou ferimentos por arma branca. 
 
 
 
 
 
 
104 
O abdômen é uma região extensa do nosso corpo, cavidade responsável por 
acondicionar importantes órgãos como estômago, intestino, fígado, dentre vários 
outros que veremos nas próximas aulas. 
 
Conhecer as regiões do abdômen é ter conhecimento para pressupor qual órgão 
foi ferido ou danificado com aquela agressão. 
 
A parte superior do abdômen recebe o nome de hipocôndrio, e são divididas em 
duas metades sagitais, que como vimos na aula anterior, correspondem aos lados direito 
e esquerdo. 
 
Nas nossas próximas aulas aprenderemos que é na parte superior esquerda do 
abdômen onde fica o baço, órgão responsável pela filtragem do sangue. 
 
Ao iniciarmos a perícia de uma vítima de ferimento por arma branca que possui 
um único ferimento na parte superior esquerda do abdômen, aplicando essa forma 
lógica da anatomia é possível supor que a arma branca utilizada para cometer o crime 
possivelmente tenha lesionado o baço, o que ocasionou um derrame de sangue na 
cavidade abdominal, que é o que chamamos de hemoperitôneo. 
 
Aplicar esse raciocínio lógico faz com que as necrópsias sejam mais eficazes, 
pois assim a equipe médico legal sabe ir diretamente na busca da “causa mortis”. 
 
Nesse caso, bastará o médico legista abrir a cavidade abdominal e examinar o 
baço e os outros órgãos que estão anatomicamente alocados na parte superior esquerda 
do abdômen. 
 
Se realmente for constatada a lesão de baço, estômago ou outras vísceras e a 
vítima não ter qualquer outro ferimento externo em nenhuma outra parte do corpo o 
legista poderá afirmar no laudo que foi dispensada a abertura de outras cavidades, como 
a torácica e craniana, pelo fato da necrópsia ter sido conclusiva. 
 
Veremos agora a classificação das regiões externas do abdômen, a região do 
corpo que se inicia no diafragma, na linha inferior do osso esterno torácico e se estende 
até o início da pelve. Serve como eixo de sustentação do nosso tronco, possui músculos 
importantes para o processo de rotação do quadril e tórax e armazena nossas vísceras 
como estômago, intestino, baço, fígado, pâncreas e vários outros tecidos importantes. 
 
No nosso material de apoio PDF você terá acesso a essa imagem e poderá 
imprimir ou copiar em seu caderno e utilizá-la no dia da nossa avaliação, pois esse 
tema é bem cobrado nas provas e provavelmente teremos uma questão sobre isso em 
nossa avaliação. 
 
 
 
 
 
 
105 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
106 
AULA 5 - ESTUDO DAS CÉLULAS 
Na aula anterior vimos rapidamente os sistemas do corpo humano e a forma de 
estudo da anatomia. 
 
Estudamos também os planos do corpo humano e as divisões externas do 
abdômen. 
 
Hoje estudaremos a menor unidade que forma o corpo, a célula. Estamos 
começando agora a nossa aula de Citologia, a disciplina que estuda a célula. 
 
As células sãounidades microscópicas que juntas formam um órgão, um sistema 
e assim por diante. 
 
Cada célula do seu corpo é um organismo vivo e funcional. Por exemplo, o seu 
dedão do pé é formado por milhões e milhões de células que possuem diversas funções 
necessárias para que você possa movimentar o seu dedão e para que ele possa existir. 
 
Cada uma dessas células é muito menor que a ponta de uma agulha, mas juntas 
representam uma parte do seu corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A célula é a menor unidade que forma o seu corpo. Várias e várias células 
formam uma outra estrutura, que chamamos de tecido. 
 
 
 
 
 
 
107 
Um tecido pode formar um órgão, que por sua vez, auxilia na formação de um 
sistema. Todos os sistemas vitais do corpo humano ajudam a formar um único 
organismo, um ser. 
 
Um corpo humano possui diversos tipos de células, cada uma com uma função 
dentro do corpo e com uma determinada característica. Por exemplo, a célula que 
compõe sua pele recebe o nome de CÉLULA EPITELIAL. 
 
Outras partes do corpo humano também são formadas pelas células epiteliais e 
são totalmente diferentes da célula que cobre a palma da nossa mão, por exemplo. O 
estômago, a uretra, a mucosa do nariz e da boca também são tecidos compostos por 
células epiteliais, mas que possuem uma organização celular diferente. 
 
Confuso né??? É que a célula é tão pequena que nosso olho não consegue 
enxergá-la. Ela só pode ser vista através de um microscópio. Mas se conseguíssemos 
enxergar as células epiteliais do corpo, elas seriam mais ou menos assim: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Além das células epiteliais temos as células ósseas: 
 
Especializadas em formar a estrutura do nosso corpo, originando o nosso 
esqueleto. São células vivas. 
 
 
 
 
 
108 
Isso explica porque muitas vezes um osso tende a se recuperar após uma fratura. 
Apesar de ser diferente, também é possível analisarmos a cicatrização de um tecido 
ósseo. 
 
O osso está em constante reconstrução durante toda a vida humana. Isso ocorre 
por conta de duas células que possuem um metabolismo ósseo e formam a estrutura 
óssea: Os Osteoblastos e os Osteoclastos. 
 
Os Osteoclastos atuam na desmineralização dos ossos, enquanto que os 
osteoblastos atuam na mineralização dos ossos. Quando essas duas células trabalham 
em conjunto elas criam um tecido flexível e resistente como os ossos. 
 
Você sabia que o osso do fêmur pode suportar até 9 mil quilos? 
 
Temos também as células musculares, que originam não só os músculos do 
corpo humano, mas compõem também o coração, que é uma musculatura cardíaca, e 
também órgãos como o diafragma que é responsável pela respiração e também os 
tecidos como o intestino e o estômago. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Falaremos agora de um outro tipo de célula, as células nervosas. 
 
As células nervosas são as responsáveis por comunicar todas as partes do nosso 
corpo ao cérebro. Essa célula recebe o nome de neurônio e tem como função transmitir 
os impulsos nervosos. 
 
 
 
 
 
109 
 
Se o nosso olho conseguisse enxergar um único neurônio, viríamos algo muito 
pequeno e parecido com isso: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mas quando olhamos para um cérebro humano não enxergamos um, mas 
milhares e milhares de células nervosas que formam nosso encéfalo, representado por 
essa figura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um grande detalhe sobre as células nervosas é que elas não ficam só na nossa 
cabeça, compondo o encéfalo, mas vão desde a nossa cabeça até a nossa medula 
espinhal e os nervos inseridos nos músculos e ossos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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E vamos agora falar de um tipo de célula que realiza funções vitais no nosso 
corpo: O Sangue. 
 
O sangue que circula em nosso corpo é composto por dois tipos de células. Se 
você já fez alguma vez um exame de sangue provavelmente já mediu a taxa de glóbulos 
vermelhos e glóbulos brancos do seu sangue. 
 
Os glóbulos vermelhos são chamados de hemácias ou eritrócitos, enquanto que 
os glóbulos brancos, responsáveis pelo nosso sistema imunológico recebe o nome de 
leucócitos. Temos uma terceira célula que compõe nosso sangue: As plaquetas. Elas 
desempenham papel fundamental na coagulação do sangue e na reparação dos vasos 
sanguíneos. 
 
Apesar de ser imperceptível pelos nossos olhos, essas três células do sangue 
existem em milhões por todo nosso corpo e têm como objetivo executar funções como 
levar nutrientes e o ar dos pulmões para o corpo todo, nutrindo as outras células 
espalhadas pelo corpo; realizar a defesa imunológica do nosso corpo, nos protegendo 
dos vírus, bactérias e outras doenças e realizam funções de coagulação no sangue 
quando sofremos algum tipo de lesão ou ferimento, impedindo que o sangue saia do 
nosso corpo com tanta velocidade e leve a óbito rapidamente. 
 
É um mecanismo fundamental para a saúde do corpo todo e uma pequena 
alteração na contagem dessas células pode fazer com que o corpo todo entre em 
colapso. 
 
Estudaremos agora sobre os glóbulos vermelhos. 
 
 
 
 
 
111 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Essa célula presente no sangue, com um formato de disco achatado, é a hemácia, 
célula responsável por carregar o ar oxigênio que entra pelos pulmões. 
 
Lá dentro do nosso peito, nos pulmões ocorrem as trocas gasosas. Essas 
hemácias possuem em sua constituição uma proteína chamada hemoglobina, que é rica 
em ferro, um nutriente que tem como característica atrair o oxigênio. A hemácia é o 
verdadeiro veículo do nosso sangue para carregar o oxigênio até as demais células. 
Produção das hemácias 
As hemácias se originam na nossa medula óssea vermelha, uma parte do nosso 
corpo que possui células que tem a capacidade de criar outras células. Essa medula 
óssea vermelha fica no interior de alguns ossos específicos, como o fêmur. Esse 
processo de criação de célula vermelha leva cerca de 3 dias em um corpo sadio e essas 
hemácias vivem aproximadamente 120 dias. Elas estão em constante mudança. Quando 
atingem seu prazo de validade o corpo trata de encaminhá-las até um outro órgão 
chamado de baço, responsável por quebrar essas células e devolvê-las ao restante do 
corpo. Esse processo recebe o nome de ERITROPOIESE. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
112 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quando o corpo possui uma condição de deficiência na produção dos glóbulos 
vermelhos, estamos diante de uma ANEMIA. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A anemia mais comum no Brasil é a Anemia Ferropriva que é a deficiência da 
hemácia em se ligar ao oxigênio por conta de uma deficiência no nutriente Ferro. Pode 
ser resultado de fatores como: 
 
• Alimentação inadequada; 
 
• Má absorção do nutriente do corpo; 
 
 
 
 
 
 
113 
• Perda crônica de sangue em decorrência de de hemorragia pela via 
gastrointestinal ou por menstruação abundante. 
 
Agora iremos falar sobre a segunda célula presente no nosso sangue, chamados 
de glóbulos brancos, os leucócitos são os soldados do nosso corpo, defendendo nosso 
corpo contra os vírus, bactérias e outras substâncias tóxicas, causadoras de infecções e 
outras doenças. 
 
Os glóbulos brancos estão envolvidos no reconhecimento de invasores nocivos 
e na criação de anticorpos que protegem o corpo contra a exposição futura de agentes 
biológicos. 
 
O processo de surgimento dos glóbulos brancos também ocorre na medula óssea, 
como vimos anteriormente. 
 
A seguir será exibido um vídeo que mostra a ação do vírus COVID-19 no corpo 
e como nosso sistema imunológico procura combater esse tipo de infecção. 
 
O HIV, sigla para vírus da imunodeficiência adquirida é uma doença que ataca o 
sistema imunológico humano. Diferente do que muitaspessoas pensam, o HIV não age 
sozinho, mas enfraquece e desabilita o nosso sistema imunológico fazendo com que as 
chamadas doenças oportunistas como a tuberculose e a pneumonia ataque nosso corpo. 
Sem a defesa dos linfócitos, desativados pelo HIV, nosso corpo fica suscetível a essas 
doenças. 
 
A seguir será exibido um vídeo de como o HIV age afetando os glóbulos brancos 
do nosso corpo. 
 
Como o sangue é importante, não é mesmo? Aprenderemos mais sobre ele no 
estudo dos sistemas do corpo humano, quando formos falar do sistema cardiovascular 
e respiratório, assunto que iniciaremos na próxima aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
114 
AULA 6 - SISTEMA RESPIRATÓRIO – PARTE 1 
Na aula anterior aprendemos sobre a menor unidade do corpo humano: As 
células. 
 
Na aula de hoje iremos iniciar no estudo do primeiro sistema do corpo humano: 
O Sistema Respiratório. 
 
O sistema respiratório é um dos sistemas vitais do corpo humano. Ele é, 
resumidamente, o conjunto de órgãos e estruturas do corpo humano que permite ao 
corpo absorver oxigênio através do ar. 
 
Sem oxigênio no planeta Terra não haveria vida. 
 
O oxigênio é um elemento vital para nós desde o momento que saímos da barriga 
de nossas mães até o último dia de nossas vidas. 
 
É um elemento abundante na atmosfera terrestre e é ele o responsável pelo 
fenômeno chamado de troca gasosa que ocorre em nossos corpos. 
 
Como vimos aula passada, todas as células do nosso corpo precisam receber 
oxigênio para realizarem suas funções metabólicas e permitirem o funcionamento do 
corpo. 
 
Esse oxigênio percorre diversos caminhos no nosso corpo até ir para a corrente 
sanguínea que levará o oxigênio na hemácia até cada célula. 
 
Veremos a partir de agora todas as estruturas envolvidas no processo 
respiratório! 
Fossas nasais 
O primeiro local por onde o ar passa. Nelas é possível observar três regiões: o 
vestíbulo, a área respiratória e a área olfatória. 
 
O vestíbulo é a parte anterior e dilatada das fossas nasais. É o primeiro lugar por 
onde o ar passa. Ali acontece o primeiro filtro respiratório. Os pelos presentes no 
vestíbulo do nariz fazem com que partículas de poeira e outros corpos estranhos não 
penetrem no sistema respiratório. 
 
 
 
 
 
 
115 
A região respiratória corresponde à maior parte das fossas nasais. Por fim, temos 
a área olfatória que corresponde à parte superior das fossas nasais, a qual é rica em 
quimiorreceptores de olfação. 
 
São células cuja função é captar os cheiros que penetram pela cavidade nasal e 
emitir sinais para que nosso cérebro possa então interpretar do que se trata. 
Faringe 
A faringe é um órgão membranoso que faz parte de dois sistemas: O sistema 
digestório e o sistema respiratório. 
 
A região que faz parte do sistema respiratório é denominada de nasofaringe, 
enquanto a parte digestória é denominada de orofaringe. A nasofaringe está localizada 
depois da cavidade nasal. 
Laringe 
A laringe é um tubo de cerca de 5 cm de comprimento que atua conectando a 
faringe e a traqueia. 
 
Na laringe, é possível perceber a válvula epiglote, que nada mais é do que um 
prolongamento da laringe em direção à faringe e evita que alimento entre pelo sistema 
respiratório. 
Epiglote 
É uma válvula que abre e fecha fazendo com que o alimento e os líquidos desçam 
pelo caminho correto. 
 
Além da epiglote, encontramos na laringe a presença das chamadas pregas 
vocais, que são responsáveis pela produção de som. 
 
A seguir veremos o funcionamento das cordas vocais dentro da laringe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
116 
Traqueia 
 A traqueia é um tubo formado por cartilagens em formato de C e fica logo depois 
da laringe. A traqueia ramifica-se dando origem a dois brônquios, denominados de 
brônquios primários. 
Os Brônquios 
São ramificações da traqueia que penetram cada um em um pulmão. Esses 
brônquios, denominados de brônquios primários ou principais, penetram pelos 
pulmões e ramificam-se em três brônquios no pulmão direito e dois no pulmão 
esquerdo. 
 
Esses brônquios, chamados de secundários ou lobares, ramificam-se dando 
origem a brônquios terciários, que se ramificam dando origem aos bronquíolos. 
Os Bronquíolos 
São ramificações dos brônquios, possuem diâmetro de cerca de 1 milímetro e 
não possuem cartilagem. 
 
Eles se ramificam formando os bronquíolos terminais e, posteriormente, os 
bronquíolos respiratórios. Os bronquíolos respiratórios marcam a transição para a parte 
respiratória e abrem-se no chamado ducto alveolar, uma estrutura repleta por unidades 
de alvéolos. 
 
Os Alvéolos pulmonares são estruturas que fazem parte da última porção do 
sistema respiratório e estão localizadas no final dos ductos alveolares. 
 
São estruturas que parecem com pequenas bolsas, apresentam uma parede 
epitelial fina e são o local onde ocorrem as trocas gasosas. 
 
Trocas gasosas, também chamado de HEMATOSE é o nome correto para o 
processo de respiração que estamos estudando. Quando o ar entra pelo nariz e passa 
por todas as estruturas mencionadas e chega até o pulmão ocorre as trocas gasosas. 
 
Quando ocorre alguma exposição a agentes biológicos que possam fazer mal 
para nosso corpo, como os vírus e bactérias, estamos diante de uma possível infecção. 
 
 
 
 
 
 
117 
Uma infecção do sistema respiratório recebe o nome de Pneumonia e é uma 
doença capaz de diminuir consideravelmente a capacidade respiratória do ser humano 
e muitas vezes causando até a morte. 
Pulmões 
Os pulmões são duas estruturas esponjosas. Possuem esse aspecto por conta dos 
alvéolos, as pequenas bolsinhas que temos dentro do peito e permitem que nosso corpo 
realize a hematose. Nos pulmões existem cerca de 300 milhões de alvéolos. 
 
Ao redor das estruturas esponjosas, observa-se a presença de uma membrana 
chamada de pleura. 
 
Essa membrana reveste internamente a cavidade torácica e externamente os 
pulmões, recebendo o nome de pleura parietal e pleura visceral, respectivamente. Vale 
destacar que uma pleura mantém continuidade com a outra. 
 
Entre as pleuras é possível verificar líquido. Esse líquido garante o deslizamento 
de uma pleura sobre a outra no momento em que o pulmão se enche e libera o ar nos 
movimentos respiratórios. 
 
O pulmão esquerdo é formado por dois lobos, um superior e outro inferior, em 
virtude da presença de apenas uma fissura. 
 
O pulmão direito, por sua vez, é dividido em lobo superior, lobo médio e lobo 
inferior em virtude da presença de duas fissuras. 
 
Em cada um dos pulmões, observa-se a presença do hilo, local onde penetram 
os brônquios, as artérias pulmonares e saem as veias pulmonares. 
 
O pulmão direito é maior que o esquerdo. Isso se dá pela posição anatômica do 
coração do lado esquerdo da cavidade torácica, ocupando parte do espaço do pulmão. 
 
Durante uma necropsia, ao examinar um cadáver que supostamente foi vítima 
de asfixia, seja por esganadura ou enforcamento, é extremamente relevante realizar o 
exame dos pulmões, que poderá estar repleto de petéquias, que são pontos arroxeados 
que representam lesão àquele tecido. 
 
As petéquias normalmente encontradas na região do mediastino do pulmão são 
elementos que caracterizam a falência daquele órgão como causa mortis. Ao faltar 
oxigênio nos alvéolos surgem essas petéquias, que podem ser visualizadas na foto a 
seguir. 
 
 
 
 
 
118 
Existem diversos agentes que fazem com que o sistema respiratório entre em 
colapso. Como exemplo podemos listar a poluição, principalmente o dióxido de 
carbono de veículos como caminhões e a poluição produzida pelas indústrias. 
 
 Um outro agente de risco é o hábito de fumar. Os componentes químicos do 
cigarro e a fumaça que é um produto da combustão desses componentes podem causar 
diversos malefícios ao corpo humano, como veremos a seguir.119 
AULA 7 - SISTEMA RESPIRATÓRIO – PARTE 2 
Na aula passada aprendemos sobre as estruturas que compõem o sistema 
respiratório e o caminho percorrido pelo ar dentro do corpo. 
 
Aprendemos também sobre a fisiologia dos alvéolos, estrutura responsável por 
realizar a troca gasosa, chamada de hematose. 
 
Aprendemos que essa troca gasosa é o nome dado ao fenômeno que ocorre no 
interior das células pulmonares, os alvéolos, que são pequenas estruturas que lembram 
bolsas e que agem misturando o oxigênio ao sangue, o precursor de todo o nutriente e 
oxigênio que deve chegar às nossas células. 
 
Na aula de hoje aprenderemos sobre os órgãos e tecidos envolvidos na 
respiração. O primeiro órgão que iremos falar é o diafragma. Um músculo que 
divide a cavidade torácica da cavidade abdominal. 
 
É um tecido muscular que se liga em sua parte inferior à parede abdominal e ao 
coração e pulmões e auxilia no processo de respiração. 
 
Quando o diafragma está relaxado, possui o formato de uma abóbada. 
 
Durante o processo de inspiração, este se contrai e ao distender-se irá diminuir a 
pressão intratorácica e comprimir as vísceras abdominais. 
 
Deste modo, o ar tende a entrar nos pulmões e auxilia na circulação sanguínea 
na veia cava inferior. 
 
Quando há o relaxamento deste músculo, o ar presente nos pulmões é expulso. 
Como seus movimentos fazem pressão no trato gastrointestinal, ele tem um papel 
importante no processo de digestão dos alimentos; é importante também nos 
mecanismos de tosse, espirro, parto e defecação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.infoescola.com/fisiologia/movimentos-respiratorios/
https://www.infoescola.com/fisiologia/movimentos-respiratorios/
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/pulmoes/
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/pulmoes/
https://www.infoescola.com/anatomia-humana/pulmoes/
https://www.infoescola.com/fisiologia/espirro/
https://www.infoescola.com/fisiologia/espirro/
 
 
 
 
 
120 
Você sabe para que serve esse equipamento? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esse é um ventilador pulmonar. Também chamado de Respirador Artificial, é um 
equipamento utilizado para auxiliar pacientes que estão com a capacidade de respirar 
reduzida, como em um quadro de insuficiência respiratória. 
 
O aparelho funciona administrando a quantidade de ar que entra e sai do pulmão. 
 
Normalmente o ventilador pulmonar é utilizado por pacientes que se encontram 
sedados, em um quadro de coma induzido. Nessa condição, ele perde a capacidade de 
respirar sozinho. 
 
O aparelho funciona assim: 
 
Ele realiza a mistura de ar e oxigênio na concentração desejada e envia uma 
quantidade predeterminada desse volume de ar para os pulmões que irão se expandir e 
receber o oxigênio que entrará na corrente sanguínea. Logo depois, o gás carbônico 
produzido pelo organismo é expulso pelos pulmões que se esvaziam através da 
expiração. 
 
A necessidade de usar o ventilador se dá pela insuficiência respiratória, que é 
quando o indivíduo sente um cansaço respiratório tão intenso que a musculatura fica 
incapaz de movimentar o diafragma e as costelas para puxar o ar. 
 
 
 
 
 
 
121 
A seguir veremos o funcionamento de um ventilador mecânico sendo testado em 
um bloco pulmonar de uma ovelha. 
 
Dentre as estruturas mencionadas, a única que pertence tanto ao sistema 
respiratório quanto ao sistema digestivo é a faringe. Vamos olhar a seguinte figura: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nela podemos identificar as três divisões da faringe: A NASOFARINGE, A 
OROFARINGE e a LARINGOFARINGE. Essa é a única estrutura que auxilia tanto na 
respiração, servindo de caminho para o ar chegar até os pulmões quanto no sistema 
digestório, para que o alimento vá até o estômago. 
 
Aprendemos na nossa aula que o sistema respiratório é composto por diferentes 
órgãos e tecidos que atuam em conjunto para fazer com que o ar entre pelo nosso nariz 
e chegue até todas as células do nosso corpo. 
 
O ar que entra pelo nariz passa pelas fossas nasais e segue seu caminho pela 
faringe, até chegar à traqueia. 
 
No final da traqueia temos os brônquios direito e esquerdo, por onde o ar passa 
até chegar nos pulmões. Dentro dos pulmões os brônquios se dividem em bronquíolos 
que por sua vez irão se dividir e se ramificar em estruturas chamadas de alvéolos 
pulmonares. 
 
Os alvéolos pulmonares são estruturas ricas em capilares que são pequenos vasos 
por onde passa o sangue que será enriquecido com oxigênio. Os cientistas acreditam 
que cada pulmão humano possui aproximadamente 200 milhões de alvéolos 
pulmonares. São os alvéolos que dão ao pulmão uma consistência esponjosa. 
 
 
 
 
 
 
122 
Aprendemos que o processo de puxar o ar rico em oxigênio recebe o nome de 
inspiração, que é quando o diafragma se expande apertando as vísceras abdominais e 
aumentando a caixa torácica. 
 
Já o processo contrário recebe o nome de expiração, que é quando o diafragma 
aperta a caixa torácica, expulsando ar rico em gás carbônico dos nossos pulmões. 
 
Aprendemos também que nossos pulmões direito e esquerdo são diferentes um 
do outro. Enquanto o pulmão direito é dividido em 3 lobos, chamado de lobo superior, 
lobo médio e lobo inferior o pulmão esquerdo possui apenas 2 lobos, superior e inferior. 
Essa diferença se dá pelo fato de que o coração está entre os dois pulmões, na linha 
sagital que divide o corpo humano, com seu ápice voltado para o lado esquerdo. 
 
Espero que tenham aprendido bastante, não se esqueçam de realizar o download 
do nosso material PDF e realizar o quiz da aula de hoje. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
123 
AULA 8 - SISTEMA CARDIOVASCULAR – PARTE 1 
Na aula anterior aprendemos sobre o funcionamento do sistema respiratório. 
 
Na aula de hoje iremos estudar o sistema cardiovascular, que interage com o 
sistema respiratório e é também um dos sistemas mais importantes do corpo humano, 
responsável pelo transporte do oxigênio, nutrientes e sangue para todas as estruturas 
do corpo humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
124 
O sistema cardiovascular é formado pelo coração, um músculo responsável por 
bombear o sangue e os vasos sanguíneos, que são caminhos por onde circula o sangue 
no nosso corpo. Esses vasos sanguíneos podem ser artérias ou veias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vamos analisar o posicionamento do músculo cardíaco, o nosso coração: 
 
O coração, órgão que falaremos nessa aula está posicionado no centro do nosso 
corpo, com a sua ponta, que chamamos de ápice, voltada para a esquerda. 
 
Podemos visualizar na imagem que o coração não está do lado esquerdo e sim 
centralizado, levemente voltado para a esquerda e entre os dois pulmões do corpo 
humano, na região chamada de mediastino. 
 
Anatomicamente podemos dividir o coração em duas partes. Essa divisão tem 
como objetivo facilitar o estudo das partes do coração. 
 
A base do coração, que é a parte de cima do coração, onde são encontradas as 
artérias e veias e a região chamada de ápice do coração. 
 
O coração fica dentro de uma estrutura chamada de saco pericárdio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
125 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O saco pericárdio é uma espécie de pacote onde o coração fica dentro. É uma 
espécie de membrana elástica e tem como função fazer com que o coração fique em 
seu devido lugar enquanto bate. Ele tem um papel fundamental em manter o ritmo do 
batimento do coração. Dentro do saco pericárdio há um líquido branco amarelado e 
sua função é lubrificar as membranas que o envolvem, permitindo que o coração bata 
perfeitamente dentro do peito. 
 
O coração é um músculo chamado de miocárdio, diferente dos demais 
músculosque temos no nosso corpo. O seu tecido muscular recebe o nome de 
músculo estriado cardíaco e realiza contrações involuntárias. 
O que isso quer dizer? 
Quer dizer que diferente dos músculos que compõem o seu braço, por exemplo, 
você não escolhe quando deseja contraí-lo. 
 
Quando pegamos uma carga que está no chão e levantamos ela acima da nossa 
cabeça, utilizamos um conjunto de músculos que são recrutados para permitir esse 
movimento. Nós tivemos a intenção de levantar o peso e nosso cérebro mandou 
estímulos nervosos aos nossos braços, pernas e tronco para que nossos músculos 
levantassem a carga. 
 
 
 
 
 
126 
Se fizermos isso dez vezes seguidas ficaremos exaustos. Essa sensação é uma 
fadiga muscular e é justamente essa a diferença do tecido muscular cardíaco: Ele não 
cansa. 
 
Nosso coração irá contrair e relaxar até o resto das nossas vidas, todos os dias, 
sem nunca se cansar! E digamos que se você, nesse momento, tentar ordenar seu 
coração a não se mexer, você com certeza não terá nenhum resultado! 
 
Você não consegue desligar seu coração ou ordenar que ele bata de forma 
diferente porque a característica do tecido muscular do miocárdio é realizar 
movimentos involuntários e ritmados. 
 
O nosso coração é uma verdadeira válvula de sangue, feita para funcionar ao 
ritmo de 72 batidas por minuto. São cerca de 2,5 bilhões de pulsações ao longo da 
vida. 
 
A quantidade de sangue bombeada por dia pelo nosso coração é de 
aproximadamente 9 mil litros de sangue por dia. 
 
Esses batimentos são pulsos magnéticos emitidos pelo coração. Isso explica 
porque alguns médicos recorrem ao marca passo para ajustar o coração de seus 
pacientes e também porque descargas elétricas de alta voltagem podem fazer com que 
o coração pare de bater, levando a vítima a óbito por parada cardiorrespiratória. 
 
É comum também que socorristas e outros profissionais da área da saúde 
emergencial utilizem um equipamento chamado desfibrilador, um equipamento 
comum nas manobras de ressuscitação. Esse equipamento tem como objetivo gerar 
uma descarga elétrica no coração e fazer com que este volte a bater, revertendo um 
caso de parada cardiorrespiratória. 
 
Veremos agora a estrutura interna do coração. 
 
O coração é um órgão oco. Se fizermos um corte no coração ao meio veremos 
a seguinte imagem: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
127 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses espaços ocos são chamados de câmaras cardíacas, que podem ser átrios 
ou ventrículos. As câmaras superiores são os átrios, enquanto que as câmaras 
inferiores são os ventrículos. 
 
Entre o átrio direito e o ventrículo direito há uma válvula chamada de válvula 
tricúspide. A função da válvula tricúspide é impedir o refluxo do sangue. 
 
Na saída do ventrículo direito e a artéria pulmonar temos a válvula pulmonar. A 
função dessa válvula é jogar o sangue do coração até a circulação pulmonar, 
permitindo assim as trocas gasosas que estudamos na aula passada. 
 
Já do lado esquerdo do coração entre o átrio esquerdo e o ventrículo esquerdo 
temos a válvula mitral ou bicúspide. 
 
Na saída do coração entre o átrio esquerdo e a aorta temos a válvula aórtica, 
que manda o sangue bombeado para toda a corrente sanguínea. 
 
Essa anatomia do coração, cheia de cavidades e válvulas existe exatamente 
para que o sangue simplesmente não espirre por todos os espaços durante as 
contrações e relaxamentos. 
 
Passaremos agora a falar sobre um tema muito importante: O funcionamento 
do sistema cardiovascular. 
 
 
 
 
 
 
128 
O nosso coração funciona em um ciclo, chamado de ciclo cardiovascular. Esse 
ciclo é composto de dois movimentos: A SÍSTOLE e a DIÁSTOLE. 
 
A Sístole é a contração do músculo cardíaco. 
 
Enquanto que a Diástole é o movimento de relaxamento da musculatura 
cardíaca. 
 
Os movimentos acontecem de forma ritmada. Primeiramente ocorre a 
contração atrial, ou seja, da parte superior do coração. Em seguida ocorre a contração 
ventricular. 
 
Esse fenômeno que faz com que nossa circulação sanguínea esteja em 
funcionamento o tempo todo e permite ao nosso coração bater ocorre por conta de 
dois fatores que estão envolvidos: Volume e Pressão. 
 
Para compreendermos os dois movimentos realizados pelo coração, podemos 
pensar da seguinte forma: 
 
A palavra diástole significa a distensão do músculo do coração, que é quando 
ele aumenta de tamanho para acomodar um volume maior de sangue dentro de suas 
cavidades. Nesse momento ocorre um relaxamento na pressão do músculo e um 
aumento do volume de sangue nos ventrículos. 
 
No movimento chamado de sístole ocorre a contração do músculo cardíaco, 
fazendo com que a pressão da cavidade ventricular aumente, jogando o sangue para 
os vasos sanguíneos que por sua vez irão irrigar todo o corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
129 
Estudaremos agora as outras estruturas do sistema cardiovascular: Os vasos 
sanguíneos. 
 
Quando o sangue sai do coração pelas artérias ele vai circular pelo corpo com o 
objetivo de irrigar todos os nossos órgãos e membros. O caminho percorrido pelo 
sangue será dos vasos de maior calibre para os vasos de menor calibre, ou seja, das 
artérias até os capilares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tanto as veias quanto as artérias são formadas por três camadas de um tecido 
chamado de túnica. Esse tecido é uma espécie de membrana muscular fina que tem a 
capacidade de contrair e relaxar. 
 
Esse fenômeno recebe o nome de vaso constrição, que é quando o calibre do 
vaso diminui. 
 
Já a vasodilatação ocorre quando o espaço interno do vaso sanguíneo aumenta. 
 
Esse mecanismo serve para que o vaso sanguíneo controle quando quer receber 
mais sangue ou menos sangue em determinada região do corpo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As principais diferenças entre as veias e artérias é que as artérias transportam 
sangue rico em oxigênio que sai do coração. Esse sangue que sai do coração pelas 
 
 
 
 
 
130 
artérias sai com muita pressão e esse é o motivo pelo qual as artérias são os vasos 
sanguíneos com uma maior capacidade de dilatação, dilatando e contraindo de acordo 
com o fluxo sanguíneo. Isso é possível porque as artérias tem paredes mais elásticas e 
fortes que os outros vasos do corpo humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Já as veias fazem o caminho reverso no corpo, transportando o sangue que está 
voltando dos tecidos para o pulmão para ser novamente oxigenado. Quando 
comparadas com as artérias podemos dizer que as veias são menos calibrosas, ou 
seja, a pressão interna das veias é maior que a das artérias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
131 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso permite às veias vencer a força da gravidade e permitir que o sangue 
retorne, por exemplo, das pernas para o coração. 
 
Já os capilares são os vasos sanguíneos mais finos e periféricos do corpo 
humano. A principal função deles é permitir as trocas gasosas entre o sangue e os 
tecidos, garantindo que sangue e nutrientes sejam passados para as células. São vasos 
bem finos, com aproximadamente 8 milímetros e formados por uma única camada de 
túnica. 
 
Nosso corpo é formado por inúmeras artérias e veias, cada uma com uma 
função especial no corpo humano. 
 
Por exemplo: A artéria femoral leva sangue rico em oxigênio do coração para 
os membros inferiores, e pode ser apalpada na altura do encaixe do nosso fêmur no 
quadril. 
 
 
 
 
 
 
 
132 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 - Artéria circunflexa ilíaca profunda 
2 - Artéria circunflexa ilíaca superficial 
3 - Ramo ascendente da artéria circunflexa femoral lateral 
4 - Ramo transversal da artéria circunflexa femoral lateral 
5- Artéria circunflexa femoral lateral 
6 - Ramo descendente da artéria circunflexa femoral lateral 
7 - Artéria profunda da coxa 
8 - Ramos perfurantes 
9 - Artéria genicular lateral superior 
 
 
 
 
 
133 
10 - Anastamoses patelares 
11 - Artéria genicular lateral inferior 
12 - Ramo fibular circunflexo da artéria tibial anterior 
13 - Artéria tibial anterior 
14 - Artéria ilíaca externa 
15 - Artéria epigástrica inferior 
16 - Artéria epigástrica superficial 
17 - Artéria pudenda externa superficial 
18 - Artéria pudenda externa profunda (corte) 
19 - Artéria obturadora (da artéria ilíaca interna) 
20 - Artéria femoral 
21 - Artéria femoral circunflexa medial (artéria profunda da coxa) 
22 - Ramos musculares 
23 - Hiato adutor 
24 - Artéria genicular descendente 
25 - Ramo articular da artéria genicular descendente y 
26 - Ramo safeno da artéria genicular descendente 
27 - Artéria genicular medial superior 
28 - Artéria genicular medial inferior 
 
Já a artéria subclávia que se encontra abaixo da nossa clavícula, próximo ao 
pescoço, é o vaso responsável por transportar o sangue rico em oxigênio que sai do 
coração para os membros superiores. 
 
Decorar todas essas veias, artérias e ramificações não é um trabalho fácil, mas 
essa é uma matéria de extrema importância para a área da saúde e inclusive para o dia 
a dia de trabalho na perícia criminal. 
 
Aprendemos que o laudo cadavérico deve constar todas as lesões da vítima, 
inclusive quando ocorrer o rompimento de vasos que acarretaram no óbito daquela 
vítima. 
 
 
 
 
 
 
134 
Além disso também é realizada a coleta de sangue para toxicológico e DNA e 
nesse momento o conhecimento dos vasos e artérias permite agilidade e eficiência 
nesse procedimento. 
Principais vasos sanguíneos no corpo humano 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
135 
Veremos agora algumas patologias relacionadas ao sistema cardiovascular e 
respiratório relevantes durante as perícias nos Institutos Médico Legais e Institutos 
Gerais de Perícia: 
 
Iremos falar agora sobre o TROMBOEMBOLISMO PULMONAR, conhecido 
no meio médico como TEP. 
 
É uma doença em que uma ou mais artérias pulmonares ficam bloqueadas por 
um coágulo sanguíneo. 
 
Na maioria das vezes, a embolia pulmonar é causada por coágulos de sangue 
originários das pernas ou, em casos raros, de outras partes do corpo. 
 
Normalmente em casos de vítimas de acidente de trânsito quando o paciente 
apresenta muitas lesões e fraturas nos membros inferiores e um quadro de melhora 
lento, evoluindo a óbito por parada cardiorrespiratória, um dos objetivos da perícia 
médico legal é verificar se ocorreu um trombo embolismo pulmonar. 
 
O trombo é quando o corpo, na tentativa de conter uma hemorragia, provoca a 
formação de coágulos de sangue que se desprendem e caem na corrente sanguínea 
venosa e sobem até o coração. Na subida desse sangue, eles entopem algum vaso, 
normalmente a artéria pulmonar, obstruindo e impedindo a passagem de sangue até o 
coração. 
 
Nesse momento ocorre a parada cardiorrespiratória, que é quando o coração 
fica sem sangue para bater. 
 
Durante a perícia, com a cavidade torácica do cadáver aberta, é realizada a 
incisão da artéria pulmonar para tentar localizar o trombo que tenha entupido o 
coração da vítima. Em alguns casos é possível localizar o trombo entre o ventrículo 
direito e a válvula do tronco pulmonar. 
 
Quando essa obstrução é parcial e acarreta na necrose do tecido do miocárdio 
por falta de irrigação sanguínea estamos falando de um ataque cardíaco, também 
chamado de INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
136 
AULA 9 - SISTEMA CARDIOVASCULAR – PARTE 2 
Na aula de hoje daremos continuidade ao estudo do sistema cardiovascular. 
 
Estudaremos as doenças causadas pelo mal funcionamento do coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Infarto do miocárdio é a necrose de uma parte do músculo cardíaco causada pela 
ausência da irrigação sanguínea que leva nutrientes e oxigênio ao coração. 
 
É o resultado de uma série complexa de eventos acumulados ao longo dos anos, 
mas geralmente está ligado aos ateromas, placas de gordura e outras substâncias que 
se formam nas paredes das artérias. 
 
Essas placas podem crescer até entupir a artéria, ou se romper e liberar 
fragmentos que irão obstruir vasos que levam ao coração, causando o infarto, que é a 
falência do músculo do miocárdio por falta de oxigênio. 
 
O músculo cardíaco é irrigado por duas artérias, que são chamadas de artéria 
coronária esquerda e artéria coronária direita. 
 
O que acontece é que o coração precisa estar recebendo sangue o tempo todo. 
Quando um ateroma começa a obstruir a artéria, a parte que fica sem receber sangue 
https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/coracao/
https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/coracao/
https://drauziovarella.uol.com.br/corpo-humano/coracao/
 
 
 
 
 
137 
que chamaremos de área de risco, é afetada, e aí acontece o rompimento de algum feixe 
da musculatura do miocárdio. 
 
O sangue dentro da cavidade começa então a extravasar da cavidade cardíaca e 
passa a encher o saco pericárdio, a estrutura que estudamos que reveste o coração como 
uma espécie de sacola. 
 
Esse sangue que vai se acumulando entre o coração e o saco pericárdio faz com 
que a pressão externa do coração seja maior que a pressão interna, impedindo o órgão 
de bombear o sangue, o que se não tratado rapidamente, será fatal. 
 
Os sintomas de um infarto podem durar de minutos a horas, ser fracos ou 
intensos, desaparecer ou surgir novamente. 
 
As pessoas que sofreram infarto do coração relatam na maioria das vezes os 
seguintes sintomas: 
 
• Dor ou desconforto na região peitoral que pode irradiar para costas, rosto, braço 
esquerdo e braço direito. 
 
• Sensação de peso ou aperto sobre o tórax; 
 
• Suor frio e 
 
• Desmaio. 
 
Existem alguns procedimentos cirúrgicos emergenciais que podem reverter o 
quadro do paciente, evitando que este venha a óbito. Veremos a seguir dois 
procedimentos cardíacos realizados nesse caso. 
 
Quando o entupimento da artéria é identificado preliminarmente através de exames 
uma das indicações é a intervenção cirúrgica para evitar que ocorra a obstrução total 
da artéria e cause o infarto. 
 
Nesses casos, é indicado o procedimento de cateterismo, que consiste em acessar o 
local que está entupindo a veia através da artéria femoral do paciente e chegar até o 
coração. Lá será colocado um tubo chamado de stent que aumenta a vasão da artéria, 
impedindo que as paredes da artéria se fechem. 
 
Uma outra alternativa cirúrgica para os pacientes que estão com a artéria coronária 
entupida é fazer um bypass coronário. Isso é, desviar o fluxo sanguíneo fazendo uma 
espécie de estrada alternativa ao caminho obstruído. Nesses casos, é retirado um 
 
 
 
 
 
138 
pedaço da veia safena da parte posterior da perna e com a safena é feita a ponte, por 
isso o procedimento leva o nome de ponte de safena. 
 
Veremos agora algumas dicas sobre como cuidar desse órgão tão importante que é 
o coração e como melhorar o funcionamento dele e prolongar a nossa vida, evitando 
doenças cardíacas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tenha o controle de seu peso. Um dos fatores de risco para um ataque cardíaco 
é a obesidade. Sendo assim cuidar da alimentação, ingerindo menos açúcar, menos sal 
e dar preferência para alimentos ricos em colesterol bom, como peixes, aves e 
castanhas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma ótima dica também é criar o hábito de praticar atividades físicas com 
frequência. A atividade física faz com que o coração entre em exercício bombeando 
mais sangue para o corpo, otimizando seu funcionamento. 
 
 
 
 
 
 
139 
AULA 10 - SISTEMA DIGESTÓRIO 
Na aula passada estudamos o sistema cardiovascular, aprendemoscomo 
funciona o coração e como o sangue flui através de nossas veias e artérias e chega até 
todo o nosso corpo. 
 
Na aula de hoje iremos aprender sobre o sistema digestório, o órgão humano 
responsável pelo processo de ingestão e absorção dos nutrientes que obtemos através 
da alimentação. 
 
Esse processo de ingestão e absorção ocorre através da ação de vários órgãos e 
glândulas que formam o canal alimentar, que agem sintetizando substâncias essenciais 
no processo de digestão. 
 
Os órgãos que compõem o sistema digestório são a boca, a faringe, o esôfago, o 
estômago, o intestino delgado, o intestino grosso e o ânus. Já as glândulas acessórias 
desse sistema são as glândulas salivares, o pâncreas e o fígado. 
Órgãos do sistema digestório 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os órgãos do sistema digestório são responsáveis por garantir a ingestão do 
alimento, sua digestão, absorção dos nutrientes e a eliminação do que não é necessário 
para o corpo. 
 
 
 
 
 
 
140 
A seguir conheceremos melhor cada componente do sistema digestório e o 
funcionamento de cada estrutura no papel da digestão. 
Boca 
A boca é o local onde a digestão começa. Nossos dentes realizam a digestão 
mecânica, garantindo que o alimento seja rasgado, amassado e triturado. 
 
Além da atuação dos dentes, o alimento que está na boca sofre a ação da saliva, 
que é secretada pelas glândulas salivares. 
 
A saliva contém a enzima amilase, também conhecida por ptialina, que promove 
o início da digestão dos carboidratos, os açúcares que ingerimos. 
 
A língua também é importante nessa etapa, garantindo que o alimento se misture 
à saliva e forme o chamado bolo alimentar. É a língua também que ajuda na deglutição 
do bolo alimentar, empurrando-o em direção à faringe. 
Faringe 
Como estudamos nas aulas passadas, esse é um órgão comum ao sistema 
digestório e respiratório, abrindo-se em direção à traqueia e ao esôfago. O bolo 
alimentar segue da faringe para o esôfago. 
Esôfago 
É o órgão tubular e musculoso que conecta a faringe com o estômago. O bolo 
alimentar atinge o estômago graças às contrações do músculo liso que forma o esôfago. 
Essas contrações são chamadas de contrações peristálticas. 
Estômago 
O estômago está localizado logo abaixo do diafragma. Nesse órgão, o bolo 
alimentar sofre a ação do suco digestivo, chamado suco gástrico, que é misturado 
graças à atividade muscular do órgão. 
 
Nesse momento, o bolo alimentar passa a ser chamado de quimo. 
 
 
 
 
 
 
141 
O suco gástrico apresenta entre seus componentes a pepsina, que atua na digestão 
de proteínas, e o ácido clorídrico, que torna o pH do estômago baixo e promove a 
ativação da pepsina. Geralmente, o ácido clorídrico e a pepsina não causam irritação 
na parede do estômago, pois esta apresenta um muco que a reveste. Além disso, há a 
renovação constante das células que revestem o interior do estômago. 
Intestino delgado 
Trata-se da porção mais longa do sistema digestório, que possui cerca de 6 m de 
comprimento. 
 
Possui três segmentos: o duodeno, o jejuno e o íleo. 
 
Nessa porção do sistema digestório, a digestão é finalizada e há absorção de 
nutrientes. O órgão é responsável pela maior parte do processo de digestão. 
 
Na primeira porção, chamada de duodeno, o quimo, vindo do estômago, sofre a 
ação das secreções pancreáticas, da bile e de secreções produzidas pelo próprio 
intestino delgado. 
 
A secreção pancreática, rica em bicarbonato, ajuda a neutralizar a acidez do 
quimo. Além disso, apresenta enzimas diversas, como a tripsina e a quimiotripsina, que 
atuam nas proteínas. 
 
A bile, produzida pelo fígado e armazenada na vesícula biliar, atua como 
emulsificante, facilitando a digestão dos lipídios. Já a secreção produzida pelo intestino 
delgado é rica em enzimas, que agem quebrando o alimento para facilitar a absorção 
dos nutrientes. 
 
O jejuno e íleo, as porções seguintes do intestino delgado, atuam, 
principalmente, na absorção de nutrientes, graças à presença de vilosidades e 
microvilosidades. As vilosidades são dobras no revestimento do intestino, enquanto as 
microvilosidades são projeções nas células epiteliais do intestino. 
Intestino grosso 
Com cerca de 1,5 metros de comprimento, esse órgão é responsável pela 
absorção de água e formação da massa fecal. 
 
Além disso, divide-se em ceco, cólon e reto. 
 
 
 
 
 
142 
 
No ceco, observa-se uma projeção chamada de apêndice, bastante conhecida por 
sua inflamação, que é chamada de apendicite. 
 
O reto termina em um estreito canal, chamado de canal anal que se abre para o 
exterior no ânus, por onde as fezes são eliminadas. 
Glândulas acessórias do sistema digestório 
As glândulas acessórias do sistema digestório liberam secreções que participam 
do processo de digestão. São elas: 
 
Glândulas salivares: responsáveis pela produção da saliva, uma substância 
rica em água, mas que também apresenta outros componentes, como enzimas e 
glicoproteínas. A saliva ajuda a lubrificar o bolo alimentar e também possui ação 
antibacteriana. 
 
Pâncreas: glândula mista, ou seja, possui funções endócrinas e exócrinas. Sua 
porção exócrina é responsável pela produção do suco pancreático, que apresenta uma 
série de enzimas que atuam na digestão, além de bicarbonato, que neutraliza a acidez 
do quimo. A porção endócrina do pâncreas é responsável pela produção dos hormônios 
insulina e glucagon. 
 
Fígado: Segundo maior órgão do corpo humano, perdendo apenas para a pele. 
Atua em diversas funções no organismo, porém, na digestão, seu papel é garantir a 
produção da bile, uma substância que é armazenada na vesícula biliar e, 
posteriormente, é lançada no duodeno. 
 
A bile atua na emulsificação de gorduras, funcionando como uma espécie de 
detergente, facilitando a ação das enzimas responsáveis pela quebra de gordura. 
 
Agora que vimos rapidamente todos os órgãos e glândulas que compõem o 
sistema digestório aprenderemos a função e a a anatomia de cada parte envolvida no 
processo de ingestão do alimento até a sua completa absorção dos nutrientes e 
eliminação, através das fezes. 
A Boca 
É a porta por onde entra o alimento no nosso corpo. Esse primeiro momento em 
que colocamos o alimento na boca é fundamental para nossa nutrição. É nesse estágio 
 
 
 
 
 
143 
em que o alimento começa a ser triturado, com auxílio dos dentes que tem a função de 
transformar o alimento em partículas menores, um processo chamado mastigação. 
 
Temos também alguns receptores nervosos em nossa boca que mandam sinais 
para o cérebro produzir mais ou menos saliva, de acordo com a necessidade daquele 
alimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A saliva tem como função lubrificar e diluir o alimento, facilitando a mastigação, 
a gustação e a deglutição, além de proteger contra bactérias e umedecer a boca. 
 
Uma pessoa adulta produz cerca de 1 a 2 litros de saliva por dia e ao ingerir 
algum alimento, a quantidade de saliva secretada aumenta. 
 
Ficamos com “água na boca” porque o nosso sistema nervoso estimula a 
produção de saliva pelas glândulas salivares quando sentimos o cheiro ou o sabor de 
algum alimento. 
 
Em verde podemos ver a parótida, glândula que fica dentro da nossa bochecha e 
é responsável por produzir a saliva, que vai até a nossa boca através de dutos que 
atravessam os músculos da face e se inserem dentro da nossa boca. 
 
 
 
 
 
 
144 
A língua também é uma estrutura encontrada na boca e possui relevância no 
processo de digestão, uma vez que mistura o alimento triturado com a saliva e empurra-
o para trás para que ocorra a deglutição. 
 
Além disso, é importante para a fala e também para a percepção de sabores, pois 
possui papilas gustativas, que são células receptoras que tem a capacidade de distinguir 
os sabores e criam o nossopaladar. 
 
Elas são encontradas em áreas diferentes da língua, vejam só: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
145 
Depois que o alimento entra em nossa boca, é triturado e é empurrado para baixo 
pela língua ele chega até a faringe, que possui musculaturas que contraem 
involuntariamente. 
 
 Uma importante estrutura da traqueia é a epiglote, que também já estudamos. 
Ela está sincronizada com a respiração. Quando estamos prestes a engolir a comida a 
língua empurra o alimento. Através desse movimento o palato mole que fica no céu da 
boca sobe e fecha a passagem de ar entre a boca e o nariz, impedindo que a comida 
suba até as fossas nasais. 
 
Esse movimento faz com que a válvula epiglote abra o tubo alimentar e feche o 
tubo respiratório, fazendo com que o alimento caia até o esôfago. 
 
Esse movimento de contração muscular recebe o nome de movimento 
peristáltico e é ele que faz a comida descer por todos os tubos e chegar corretamente 
até o seu destino final. 
 
Quando alguma coisa de errada acontece nós nos engasgamos, que é também 
uma reação do corpo de tirar a comida que está entalada na faringe, que é quando 
vomitamos. 
 
Em seguida a comida passa até o esôfago, um canal que conduz o alimento até 
o estômago. 
 
Ele é composto por uma mucosa que reveste o canal esofágico, uma submucosa, 
uma camada muscular que é responsável por realizar os movimentos peristálticos e 
uma camada chamada de adventícia, que é a parte de fora do tubo esofágico, onde 
passam as artérias que mandam sangue para o esôfago e irrigam o estômago. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
146 
Depois do esôfago, temos o estômago, a porção mais dilatada do tubo digestivo, 
logo abaixo do diafragma, entre o esôfago e o duodeno, no lado superior esquerdo do 
abdômen. 
 
Pode ser dividido em quatro partes: 
 
• Cárdia, que comunica o órgão com o esôfago; 
 
• Fundo gástrico, parte superior à entrada do esôfago; 
 
• Corpo, parte intermediária e principal; 
 
• E piloro, na junção com o duodeno do intestino, que regula a passagem do quimo 
de um órgão para o outro e impede o refluxo. 
 
O estômago é revestido pela mucosa gástrica, uma camada de tecido pregueado. 
Em seu interior se encontram as glândulas gástricas, que produzem o suco gástrico. 
 
Quando o alimento é engolido, passa pelo esôfago e chega ao estômago, onde 
esse suco envolve os alimentos em digestão e, através dos movimentos peristálticos, 
transforma o bolo alimentar em quimo. 
 
O estômago continua o processo de digestão dos carboidratos que foi iniciado 
na boca e inicia a digestão das proteínas. 
 
Vazio, esse órgão parecido com um balão possui um volume de 
aproximadamente 50 mililitros, mas seu tecido elástico pode expandir sua capacidade 
para até 4 litros. 
 
Possui duas válvulas ou esfíncteres, que mantêm o conteúdo do órgão em seu 
interior. 
 
O esfíncter esofágico fica na parte superior do estômago e o esfíncter pilórico, 
na parte inferior, separando o órgão do intestino delgado. 
 
Após o alimento que ingerimos passar pelo estômago ele cai no intestino 
delgado, que também faz parte do sistema digestório. Um órgão de formato tubular que 
vai do estômago até o intestino grosso. 
 
É composto de três partes: duodeno, que fica logo após o estômago, o jejuno na 
parte central e o íleo, que fica próximo do intestino grosso e que estudaremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
147 
O intestino delgado inicia-se no piloro, constrição musculosa que separa o 
estômago do intestino delgado, e segue até a válvula ileocecal, que separa os dois 
intestinos. O duodeno é a primeira parte do intestino delgado, já o jejuno e o íleo não 
são fáceis de diferenciar. 
 
O interior do intestino delgado é revestido de vilosidades intestinais que 
absorvem as substâncias digeridas. Cerca de 80% da digestão ocorre no duodeno, 
região rica em enzimas, produzidas por 3 órgãos como o próprio duodeno, o fígado e 
o pâncreas. 
 
O duodeno produz o suco intestinal, que se mistura ao suco pancreático que é 
produzido no pâncreas e ao suco biliar, produzido no fígado e expulso pela vesícula 
biliar, para auxiliarem a digestão. 
 
O duodeno recebe o quimo e graças à ação das enzimas ali encontradas, este é 
transformado em quilo, produto final da digestão. 
 
As vilosidades intestinais, então, absorvem os nutrientes úteis ao organismo e as 
substâncias residuais do processo digestivo passam para o intestino grosso. 
 
O intestino grosso é a parte final do tubo digestivo, possui cerca de 1 metro e 
meio e divide-se em três partes: ceco, cólon e reto. 
 
O ceco corresponde à parte que se conecta ao intestino delgado e onde se localiza 
o apêndice cecal. 
 
O cólon atravessa quase todo o abdômen e é dividido em quatro partes: cólon 
ascendente, cólon transverso, cólon descendente e cólon sigmoide. 
 
O reto possui uma dilatação chamada ampola retal que acumula as fezes, 
iniciando o processo de defecação. Faz a comunicação do cólon com o ambiente 
exterior por meio do ânus, que possui um músculo em forma de anel chamado esfíncter 
anal. 
 
No intestino grosso ocorre a parte final da digestão. Nele se acumulam os 
resíduos do processo digestivo em forma de fezes. Esse órgão também é responsável 
pela absorção de água, que determina a consistência do bolo fecal. 
 
Aprenderemos agora sobre os órgãos que auxiliaram no processo digestório 
como o fígado e o pâncreas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
148 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O fígado é a maior glândula do corpo humano, podendo pesar até 1 quilo e meio 
e suas principais funções no corpo humano é de metabolizar e armazenar nutrientes. 
 
Ele desempenha um papel muito importante na digestão pois é responsável pela 
produção e secreção da bile, uma substância formada principalmente por ácidos 
biliares, colesterol e a bilirrubina. 
 
A bile derrete as gorduras que comemos, ajudando nosso corpo a digeri-las. Ela 
age como um detergente, facilitando a quebra das moléculas de gordura. O fígado é 
também o órgão responsável por filtrar o sangue. 
 
Por esse motivo que diversos problemas relacionados à má alimentação causam 
problemas no fígado, como a cirrose que é o excesso de cereais como o álcool e a 
desnutrição. 
Pâncreas 
Uma outra glândula que age no processo de digestão do corpo humano é o 
pâncreas, órgão responsável pela produção de insulina e de enzimas que ajudam à 
digestão, bem como de outras substâncias que regulam os níveis de açúcar no sangue 
e participam de reações metabólicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
149 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agora Iremos falar de um tema muito importante que é a nossa nutrição e a 
importância da escolha dos alimentos que comemos diariamente e como eles podem 
impactar no funcionamento do nosso cérebro e da nossa disposição. 
 
Existe uma relação direta entre os alimentos que ingerimos, o nosso intestino e 
o nosso sistema nervoso que veremos nas próximas aulas. 
 
Quer dizer que determinados alimentos que ingerimos pode nos fazer produzir 
hormônios específicos ou deixar de produzir hormônios essenciais. Esses hormônios, 
por sua vez, têm influência no nosso humor, no nosso sono e na nossa energia. Veremos 
a seguir o que diz o doutor Wilson Della Paschoa Junior em seu vídeo chamado 
Intestino, o segundo cérebro. 
 
Chegamos até o fim de mais uma aula. Espero que tenham aprendido bastante. 
Até a próxima aula! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
150 
AULA 11 - SISTEMA NERVOSO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na aula anterior aprendemos sobre o sistema digestório, os órgãos e tecidos 
envolvidos e o seu funcionamento dentro do corpo humano. 
 
Na aula de hoje estudaremos o sistema nervoso, as estruturas responsáveis 
pelo comando de todo o nosso corpo. 
 
 
É elequem comanda todos os nossos órgãos, músculos e sentidos, como a visão, 
o olfato e o paladar, mas diferente do que boa parte das pessoas pensam, o sistema 
nervoso não é composto somente pelo cérebro, aquela massa cinzenta que temos dentro 
da cabeça. 
 
O sistema nervoso é muito mais complexo do que isso, e é por isso que iremos 
dividir o sistema nervoso em sistema nervoso central e sistema nervoso periférico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
151 
O sistema nervoso central é composto pelo Encéfalo e pela Medula espinhal. 
 
O encéfalo é composto pelo cérebro, que é o centro de comandos do nosso corpo. 
É para lá que convergem todas as informações que recebemos. 
 
O cérebro pesa aproximadamente 2% da massa total do nosso corpo e utiliza 
20% da energia e do oxigênio que respiramos para realizar suas funções e coordenar 
nosso corpo. Ele é o responsável por comandar as atividades como o controle das ações 
motoras do nosso corpo, pela integração dos estímulos sensoriais e pelas atividades 
neurológicas como a memória e a fala. 
 
É formado por dois tecidos: o córtex cerebral, mais externo e mais extenso, de 
coloração cinza, composto pelos corpos celulares dos neurônios e outras células 
nervosas e um tecido de coloração branca é o núcleo cerebral, rico em fibras nervosas 
que estabelecem comunicação entre o córtex cerebral, os órgãos sensoriais e os 
músculos de todo o corpo. 
 
O cérebro é dividido em lobos, cada um com uma importância e um centro de 
controle específico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
152 
Lobo frontal 
É o maior dos quatro, se estende por trás da testa. Responsável pelos mais 
simples movimentos físicos, como também pelas funções do aprendizado, do 
pensamento, da memória e da fala. 
Lobo parietal 
Localizado por trás do lóbo frontal, se estende até a parte posterior da cabeça. 
Responsável pela percepção espacial e pelas informações sensoriais de dor, calor e frio. 
Lobo Occipital 
É o menor dos quatro lobos, situado na parte posterior do cérebro, recebe e 
processa as imagens visuais. 
Lobo temporal 
Localizado na base do lobo parietal até a altura dos ouvidos é responsável pelos 
estímulos auditivos. 
 
O cérebro é dividido também em dois hemisférios, representados pelo lado 
direito e esquerdo. Veja a imagem a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
153 
A metade esquerda controla o lado direito do organismo. Isso quer dizer que o 
movimento de levantar o braço direito é um impulso nervoso gerado pelo hemisfério 
esquerdo do cérebro. Se o hemisfério dominante é o lado direito do cérebro a pessoa 
será canhota. 
 
Cada hemisfério controla uma série de funções, por exemplo, o hemisfério 
direito é que nos confere a capacidade de reconhecer rostos e objetos. Já o lado 
esquerdo do cérebro controla nossa capacidade de leitura e escrita, assim como nos 
permite identificar regras gramaticais. 
 
No entanto, esses hemisférios atuam em conjunto e em algumas funções são 
comprovadamente controladas pelos dois lados, como a fala, por exemplo. Estudos 
com pessoas que tiveram um dos hemisférios lesionados e continuaram a falar 
mostraram esse resultado. 
 
Abaixo do cérebro temos um órgão também muito importante, o cerebelo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É a parte do encéfalo responsável pela manutenção do equilíbrio, pelo controlo 
do tónus muscular, dos movimentos involuntários e aprendizagem motora. 
 
O cerebelo é uma região do cérebro localizada na fossa craniana posterior. Ele 
é dividido anatomicamente em dois hemisférios laterais denominados de hemisférios 
cerebelares e uma região mediana, denominada vérmis. 
 
Essa estrutura apresenta ainda uma região superficial, chamada de córtex 
cerebelar, uma parte intermediária, denominada de substância branca, e uma porção 
mais interna, onde são encontrados os núcleos do cerebelo ou núcleos centrais. 
 
 A substância branca é constituída por dois conjuntos de fibras nervosas e, como 
em todo o sistema nervoso central, é a via de transmissão dos impulsos nervosos. Já os 
https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/sistema-nervoso.htm
https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/sistema-nervoso.htm
https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/sistema-nervoso.htm
 
 
 
 
 
154 
núcleos do cerebelo ou núcleos centrais são constituídos por uma massa de substância 
cinzenta, formada pelos corpos dos neurônios. 
 
Quando acontecem lesões cerebelares, os seus principais sintomas são chamados 
de ipsilaterais, pois eles ocorrem do mesmo lado em que houve a lesão. As lesões na 
região denominada de vérmis apresentam sinais e sintomas no tronco da pessoa, como 
tórax e abdômen. Já as lesões ocorridas nos hemisférios cerebelares manifestam-se nos 
membros como as pernas e os braços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Veremos agora a última estrutura que compõe o encéfalo: 
O tronco encefálico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
155 
Localizado na parte inferior do encéfalo, o tronco encefálico conduz os impulsos 
nervosos do cérebro para a medula espinhal e vice-versa. 
 
Além disso, produz os estímulos nervosos que controlam as atividades vitais 
como os movimentos respiratórios, os batimentos cardíacos e os reflexos, como a 
tosse, o espirro, a deglutição, a transpiração, a micção e excitação sexual. 
 
Abaixo do tronco encefálico temos a medula espinhal que é um cordão cilíndrico 
composto de células nervosas, localizada no canal interno das vértebras. 
 
É constituída de tecido nervoso, situada no interior da coluna vertebral e se 
estende desde o final do tronco encefálico até mais ou menos a região da segunda 
vértebra lombar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A medula se torna mais fina no final formando o cone medular. Abaixo da 
vértebra, envolvendo o cone e um filamento terminal, estão as meninges e raízes 
nervosas dos últimos nervos que juntos formam a cauda equina. 
 
A medula óssea é responsável por comandar as ações reflexas do nosso corpo 
que são respostas rápidas, involuntárias, que são controladas pela substância cinzenta 
da medula antes mesmo de atingir o cérebro, sendo, portanto, importantes na defesa do 
corpo em situações de emergência. 
 
 
 
 
 
 
156 
Por exemplo, quando encostamos a mão em local muito quente, graças ao ato 
reflexo tiramos a mão imediatamente para não nos queimarmos. 
 
Após receber o estímulo, as fibras sensitivas da raiz nervosa dorsal passam sinais 
aos neurônios associativos localizados no interior da medula, na substância cinzenta 
que por sua vez, os repassam para as fibras motoras das raízes nervosas ventrais. Estas 
fibras enviam resposta aos órgãos que efetuarão a ação. 
 
Todas essas estruturas que vimos agora compõem o Sistema Nervoso Central. 
 
Vamos ver novamente e memorizar: 
 
O Sistema Nervoso Central é composto pelo encéfalo e pela medula espinhal. A 
medula espinhal é uma extensão de comando de impulsos do encéfalo e vai do tronco 
encefálico até a segunda vértebra lombar. 
 
O encéfalo, por sua vez é composto pelas seguintes estruturas: cérebro, cerebelo 
e tronco encefálico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
157 
Agora vamos aprender sobre o sistema nervoso periférico, que também pertence 
ao sistema nervoso e é a estrutura responsável por ligar o Sistema Nervoso Central aos 
outros órgãos do corpo e com isso realizar o transporte de informações que chegam em 
forma de sinapses, os estímulos neurológicos que veremos adiante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses estímulos que são comandos que nosso cérebro manda para as outras 
partes do corpo chegam através dos nervos e gânglios. 
 
Os nervos são cordões esbranquiçados formados de fibrasnervosas unidas por 
tecido conjuntivo. Os nervos têm como função levar ou trazer impulsos. 
 
Já os gânglios nervosos são aglomerados de corpos celulares de neurônios 
localizados fora do sistema nervoso central. Os gânglios aparecem como pequenas 
dilatações em certos nervos. 
 
Para compreendermos melhor como esses comandos neurológicos vão tão 
rápido de diferentes partes do cérebro até nossas mãos, pés, braços e pernas iremos 
estudar a estrutura da célula neurológica: O Neurônio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
158 
Neurônios são as células responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos. 
Eles são constituídos basicamente por três estruturas: um corpo celular, dendritos e 
axônios. Neurônios são as células responsáveis pela transmissão dos impulsos nervosos 
e constituem cerca de 10% do tecido nervoso. 
 
Os neurônios são células altamente especializadas em processar informações. 
São responsáveis pela propagação do impulso nervoso e pelas sinapses, de modo que 
fazem a comunicação entre o sistema nervoso e o restante do corpo, conduzindo 
respostas a determinados estímulos. 
 
O poder do neurônio resulta da sua capacidade de se interligar com os outros 
milhares de neurônios que temos espalhados por nossas células nervosas no corpo todo. 
Um padrão de ligações neurológicas é o que cria sensações como o medo, a alegria, a 
tristeza e a felicidade, ativa memórias, gera impulsos e espasmos. 
 
A medicina moderna ainda não aprendeu a decifrar esses códigos neurológicos 
para saber como evitar ou como reproduzir determinada sensação ou como ativar 
determinada lembrança, mas sabemos que os neurônios agem através de impulsos que 
são como micro descargas que carregam os neurônios, fazendo com que eles passem 
essa descarga uns aos outros, se polarizando, como microbaterias capazes de carregar 
pulsos pelas suas estruturas. 
 
Esse é um neurônio: Ele possui uma cabeça, chamada de corpo celular, que 
possui ramificações que chamaremos de dendritos. A sua calda, por onde passa o 
impulso nervoso gerado nos dendritos recebe o nome de axônio, e é composta por uma 
outra estrutura polarizada chamada de bainha de mielina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
159 
AULA 12 - SISTEMA ESQUELÉTICO 
Na aula de hoje aprenderemos sobre o sistema esquelético, suas funções, a 
composição óssea e as divisões do esqueleto e o nome dos principais ossos do corpo 
humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sistema esquelético é constituído de ossos e cartilagens, além dos ligamentos 
e tendões. O esqueleto é responsável por sustentar e dar forma ao corpo. Ele também 
protege os órgãos internos e atua em conjunto com os sistemas muscular e articular 
para permitir o movimento. 
 
Os ossos são um tecido vivo do corpo humano, irrigados por vasos sanguíneos e 
por esse motivo estão em constante dinâmica dentro do nosso corpo. Apresentam uma 
capacidade de se regenerar que explica como os ossos se regeneram quando caímos e 
quebramos. 
 
 Também são fundamentais para o processo de produção de células sanguíneas 
na medula óssea e armazenamento de sais minerais, como o cálcio. 
 
Veremos agora como são formados os ossos: 
 
 
 
 
 
 
160 
A estrutura óssea é constituída pelos tecidos ósseo, adiposo, cartilaginoso, 
sanguíneo e nervoso. 
O periósteo 
 
 
 
 
 
 
É a camada mais externa, sendo uma membrana fina e fibrosa que envolve o 
osso, exceto nas regiões de articulação. É no periósteo que se inserem os músculos e 
tendões. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
161 
 
Osso Compacto 
O tecido ósseo compacto é composto de cálcio, fósforo e fibras de colágeno que 
lhe dão resistência. É a parte mais rígida do osso, formada por pequenos canais que 
circulam nervos e vasos. Entre estes canais estão espaços onde se encontram os 
osteócitos. 
Osso Esponjoso 
O tecido ósseo esponjoso é uma camada menos densa. Em alguns ossos apenas 
essa estrutura está presente e pode conter medula óssea. 
Canal Medular 
É a cavidade onde se encontra a medula óssea, geralmente presente nos ossos 
longos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
162 
Medula Óssea 
A medula vermelha produz células sanguíneas, existe somente em alguns ossos 
como o fêmur, por exemplo. Em outros há somente medula amarela, um tecido adiposo 
que é uma espécie de tutano que armazena gordura. 
 
O esqueleto humano é composto por 206 ossos com diferentes tamanhos e 
formas. Eles podem ser longos, curtos, planos, suturais, sesamoides ou irregulares. 
 
Cada um deles apresenta suas funções próprias e para isso, o esqueleto é dividido 
em axial e apendicular. 
 
Os ossos do esqueleto axial estão na parte central do corpo, ou próximo da linha 
sagital, que é o eixo vertical do corpo. 
 
Os ossos que compõem essa parte do esqueleto são: 
 
• O crânio e ossos da face. 
 
• A coluna vertebral e as vértebras. 
 
• As costelas e o esterno. 
 
• O osso hioide 
 
A cabeça é formada por 22 ossos, sendo 14 da face e 8 da caixa craniana; e há 
ainda 6 ossos que compõem o ouvido interno. 
 
O crânio é extremamente resistente, seus ossos são intimamente ligados através 
de fissuras e sem movimentos. Ele é responsável por proteger o cérebro, além de 
possuir os órgãos do sentido. 
Coluna Vertebral 
A coluna é formada por vértebras que são ligadas entre si por articulações, o que 
torna a coluna bem flexível. Possui curvaturas que ajudam a equilibrar o corpo e 
amortecem os choques durante os movimentos. 
 
Ela é constituída por 24 vértebras independentes e 9 que estão fundidas. 
 
 
 
 
 
 
163 
A região cervical é formada por 7 vértebras do pescoço. São elas que permitem 
o movimento do crânio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A região torácica ou dorsal é formada por 12 vértebras e articulam-se com as 
costelas. 
 
A região lombar é formada por 5 vértebras. São as mais resistentes e que 
suportam mais peso. 
 
O cóccix é formado por 4 vértebras coccígeas que também se unem no início da 
vida adulta. 
Tórax 
O tórax é constituído por 12 pares de costelas ligadas umas às outras pelos 
músculos intercostais. São ossos chatos e encurvados que se movimentam durante a 
respiração. As costelas são ligadas às vértebras torácicas na sua parte posterior. 
 
Os sete primeiros pares de costelas que chamamos de costelas verdadeiras ligam-
se ao esterno. 
 
 
 
 
 
 
164 
As três últimas costelas que chamaremos de falsas ligam-se entre si, e os dois 
últimos pares que chamamos de flutuantes não se ligam a nenhum osso. 
 
O esterno é um osso plano que se liga às costelas por meio de cartilagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esqueleto Apendicular 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
165 
O esqueleto apendicular corresponde aos ossos dos membros superiores e 
inferiores. 
 
Além disso, o esqueleto apendicular possui os ossos que os ligam ao esqueleto 
axial, as chamadas cinturas escapular e pélvica, além de ligamentos, juntas e 
articulações. 
 
A cintura escapular é formada pelas clavículas e escápulas. 
 
A clavícula é longa e estreita, se articula com o esterno e na outra extremidade 
com a escápula, que é um osso chato e triangular articulado com o úmero, formando a 
articulação do ombro. 
Membros Superiores 
Os membros superiores correspondem aos braços. O braço é formado pelo 
úmero que é o osso mais longo do braço. Ele se articula com o rádio, que é o mais curto 
e lateral, e também com a ulna, osso chato e bem fino. 
 
Os ossos da mão são 27, divididos em carpos, metacarpos e falanges. 
Cintura Pélvica 
A cintura pélvica é formada pelos ossos do quadril, os ossos ilíacos que são 
constituídos pelo ílio, ísquio e púbis fundidos e são firmemente ligadosao sacro. 
 
A união dos ossos ilíacos, do sacro e do cóccix formam a pelve, que nas mulheres 
é mais larga, menos profunda e com a cavidade maior. 
 
É essa formação que permite a abertura da pélvis no momento do parto para a 
passagem do bebê. 
Membros inferiores 
Tradicionalmente chamados de pernas são responsáveis por funções básicas 
como a locomoção e a sustentação do peso do corpo. Ao garantir a movimentação, 
esses membros também promovem o equilíbrio. 
 
 
 
 
 
 
166 
Os membros inferiores são formados por 62 ossos, que estão conectados ao 
restante do esqueleto pela cintura pélvica. Os ossos desse membro são divididos em 
quatro grupos principais: ossos do quadril, coxa, perna e pé. 
 
Coxa: Essa região é formada pela patela e o fêmur que é o maior e mais resistente 
osso do corpo humano. 
 
A patela, por sua vez, é um osso pequeno que se articula apenas com o fêmur. 
Sua função é aumentar a ação de alavanca dos músculos do joelho e proteger a 
articulação dessa região. 
 
A perna é formada pela tíbia e pela fíbula. A tíbia é o segundo maior osso do 
corpo humano, seguido pela fíbula, que fica em terceiro lugar. A fíbula é o osso mais 
delgado do organismo e dispõe-se de forma paralela à tíbia. 
 
Já os pés são formados pelos ossos do tarso, metatársicos e falanges. 
 
Os ossos do tarso são pequenos e formam um grupo de sete ossos: o calcâneo, 
tálus, navicular, cuboide, cuneiforme medial, cuneiforme intermédio e cuneiforme 
lateral. 
 
Os ossos metatársicos, por sua vez, são um grupo formado por cinco ossos 
longos. 
 
Por fim, temos as falanges dos pés, que são um grupo de 14 ossos longos que 
formam os dedos dos pés, que são chamados de pododáctilos. 
 
 
Iremos falar agora de um problema que acomete boa parte das pessoas acima dos 
cinquenta anos, a osteoporose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
167 
Apesar de parecerem estáticos, os ossos do corpo humano estão o tempo todo se 
reconstruindo microscopicamente para assegurar que nossos ossos sejam sempre 
firmes e resistentes. 
 
Uma dieta balanceada e rica em minerais e vitaminas como o potássio, o cálcio 
e a vitamina D são excelentes para a saúde dos nossos ossos e podem ser encontrados 
no leite, em vegetais de folha verde escura como o, brócolis e em castanhas, nozes e 
peixes, prevenindo a osteoporose, uma doença que acomete os ossos, tornando-os 
fracos e quebradiços. 
 
A osteoporose é uma condição causada por uma irregularidade no trabalho das 
duas células ósseas, os osteoblastos e osteoclastos. 
 
Os osteoclastos agem reabsorvendo os minerais presentes nos nossos ossos, 
eliminando tecido ósseo antigo e criando cavidades que serão preenchidas por células 
ósseas novas. Já os osteoblastos agem regenerando esse novo esqueleto, criando novas 
células ósseas e recompondo nosso esqueleto. Esse trabalho é tão constante que se 
estima que em 3 meses cerca de 10% do esqueleto é reconstruído. 
 
Quando há um desequilíbrio entre as células de absorção e de regeneração e os 
osteoclastos passam a agir mais rapidamente, degradando os ossos com maior 
velocidade do que os osteoblastos são capazes de repor, aí estamos diante de um quadro 
de osteoporose. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
168 
Articulações 
 Os ossos são unidos aos outros através das articulações, que é o tecido que 
iremos aprender agora! 
 
Uma articulação pode ser definida como a junção entre dois ou mais ossos. 
 
 Elas permitem a amplitude de movimento dos membros e estruturas do corpo 
humano e podem ser divididas em: 
 
• Articulações sinoviais 
 
• Fibrosas 
 
• Cartilagíneas 
 
As articulações sinoviais são as que mais permitem a mobilidade dos membros. 
Isso acontece porque essa espécie de articulação que liga os ossos possui uma cápsula 
que é preenchida pelo líquido sinovial que amortece o atrito entre os ossos. É possível 
ver essa estrutura articular nos joelhos e nos ombros. 
 
Já as articulações fibrosas possuem pouca ou nenhuma mobilidade. Essa 
articulação junta o osso através de uma membrana fibrosa e pode ser observada entre 
as fissuras do crânio, por exemplo. 
 
E por fim, as articulações cartilagíneas que unem os ossos e dão sustentação, 
amortecem impactos e permitem leves movimentações entre os ossos, evitando o 
desgaste. É possível ver essa espécie de tecido nos discos intervertebrais, que 
funcionam como amortecedores dos discos, reduzindo o impacto e o desgaste ósseo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
169 
AULA 13 - SISTEMA MUSCULAR – PARTE 1 
Na aula de hoje iremos aprender sobre os músculos do crânio, tórax e o abdômen. 
 
 Na aula de hoje iremos aprender sobre os músculos do corpo humano, a função 
e o funcionamento desse tecido tão importante para o corpo humano. 
 
 Os músculos são tecidos, cujas células ou fibras musculares possuem a função 
de permitir a contração e produção de movimentos. 
 
 O Sistema Muscular é responsável por exercer algumas funções que são 
fundamentais para o corpo humano, como: 
 
• A Estabilidade corporal; 
• A Produção de movimentos; 
• Promover a manutenção da temperatura corporal; 
• Auxiliar nos fluxos sanguíneos. 
• E ainda exerce a função de servir de estrutura para o corpo. 
 
 O corpo humano é formado por aproximadamente 600 músculos que, em 
conjunto com outros tecidos como as articulações e os tendões nos permitem realizar 
diversos movimentos. 
 
 Para facilitar a aprendizagem dos músculos faremos a divisão dos músculos da 
seguinte forma: 
 
• músculos da cabeça e do pescoço; 
• músculos do tórax e abdômen; 
• músculos dos membros superiores, e; 
• músculos dos membros inferiores. 
 
 Os músculos da cabeça são agrupados em dois conjuntos, de acordo com as suas 
funções. 
 
 O primeiro grupo, chamado de músculo da mastigação tem como função 
movimentar a mandíbula, fechando e abrindo a boca. Esse movimento da mandíbula 
 
 
 
 
 
170 
pode ser uma oclusão ou elevação, que é quando fechamos o maxilar ou pode ser uma 
retração que é quando abrimos a boca e aproximamos o queixo do pescoço. 
 
 Os músculos e articulações envolvidos nesse processo recebem o nome de 
articulação temporomandibular ou ATM, que é o termo mais utilizado no meio médico. 
 
 Os músculos envolvidos na ATM são os seguintes: 
Masseter 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Temporal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
171 
Pterigoide medial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 As fibras musculares da ATM estão dispostas de forma que sua contração e 
relaxamento movimente a mandíbula e ocorra a mastigação. Veremos agora onde estão 
localizados e inseridos no crânio cada um desses três músculos: 
 
 O Músculo Masseter é o principal músculo da mastigação, responsável pela 
elevação e abertura da mandíbula e também por auxiliar os outros músculos a mover 
lateralmente a mandíbula. Esse músculo é inervado pelo ramo massetérico do nervo 
mandibular. 
 
 O músculo temporal eleva e retrai a mandíbula. Ele se origina na linha temporal 
inferior. Suas fibras convergem em um formato de leque por toda a fossa, e 
se inserem no processo coronóide da mandíbula. Esse músculo é rebatido e dissecado 
nos procedimentos de necropsia que envolvem a abertura da cavidade craniana. Para 
sentir a atividade de contração dessa musculatura basta posicionar os dedos na região 
temporal de sua cabeça e fechar a mandíbula. Dessa forma é possível sentir como o 
funcionamento dos músculos da ATM são relacionados. 
 
 O músculo pterigoide é responsável pela movimentação lateral da mandíbula. O 
músculo possui uma cabeça superficial e uma profunda. Elas se originam da superfície 
medial da placa pterigoide. 
 
 
 
 
 
 
172 
 O outro grupo de músculos da cabeça são os músculos da mímica facial, que 
funcionam movimentandoos tecidos moles da face e permitem as expressões faciais 
como franzir a testa quando estamos irritados, levantar as sobrancelhas quando estamos 
surpresos, sorrir quando estamos felizes, movimentar os olhos e piscar dentre outras 
expressões fundamentais na nossa comunicação não verbal. 
Músculos do pescoço 
 É muito importante dominar e compreender os músculos da região do pescoço, 
pois é comum realizar dissecações nessa região afim de esclarecer possíveis asfixias e 
estrangulamentos. 
 
 A principal função da musculatura dessa região é dar sustentação à cabeça e 
permitir a movimentação do crânio. Como podemos perceber, o nosso pescoço permite 
movimentarmos a cabeça para vários ângulos. Isso acontece porque a musculatura do 
pescoço é formada por vários músculos que se inserem em diferentes ângulos. 
Músculo Platisma 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 É um músculo dérmico muito extenso e delgado que possui forma quadrangular. 
 
 
 
 
 
173 
 
 Recobre a região antero lateral do pescoço e a parte inferior da face. Estende-se 
do tórax até a mandíbula e está situado imediatamente abaixo da pele. 
 
 Tem origem na base da mandíbula e se insere abaixo da clavícula. 
 
 Esse tecido muscular tem como função esticar a pele do pescoço. Em pessoas de 
idade avançada é comum notar o envelhecimento desse tecido, o que faz com que a 
pele da região do pescoço fique mais flácida. 
Músculo Esternocleidomastóideo 
 É um músculo cilíndrico e robusto que se estende obliquamente pela face ântero-
lateral do pescoço. É dotado de duas porções, uma esternal e outra clavicular. A porção 
esternal tem características tendíneas e a porção clavicular é mais achatada, com 
características aponeuróticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Outro importante músculo do pescoço é chamado de triângulo, e são três feixes 
de músculo que se estendem da orelha até a clavícula e recebem esse nome por 
possuírem um formato de vértice que se assemelha a figura geométrica de um triângulo. 
 
 
 
 
 
 
174 
 Tem como função proteger e dar a sustentação para importantes vasos 
sanguíneos que passam pelo pescoço, como a artéria carótida e a veia jugular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
175 
Músculos do tórax e abdômen 
Na face anterior do tórax temos a musculatura do peitoral, que é composta por 
três porções: O peitoral maior, que é o feixe muscular mais superficial; 
 
O peitoral menor, um músculo mais profundo que representa a parte inferior do 
peitoral. 
 
E a porção subclavicular, localizada na parte superior do peitoral, abaixo do osso 
da clavícula. 
 
Essa musculatura é nitidamente mais desenvolvida nos homens do que nas 
mulheres, e isso se deve a fatores principalmente genéticos e hormonais. Nas mulheres 
adultas a musculatura do peitoral fica debaixo dos seios, um tecido composto de 
glândulas mamárias responsável pela lactação, ou seja, a produção do leite materno. 
O peitoral maior 
É um músculo forte e tem um formato parecido com um leque. 
 
Ele inicia na metade medial da clavícula e vai até a região do esterno no espaço 
compreendido pela 2ª e a 7ª cartilagem costal. Está inserido dentro do úmero, na região 
óssea que chamamos de crista do tubérculo. 
 
O músculo peitoral maior é o mais importante músculo para a adução e ante 
versão da articulação do ombro, motivo pelo qual ele é conhecido entre os nadadores 
como músculo do “estilo peito”. 
 
Ele roda a porção superior do braço internamente e realiza um poderoso 
movimento de remada quando os braços estão elevados. 
 
Peitoral menor 
O peitoral menor está debaixo do peitoral maior e está inserido nessa região que 
chamamos de apófise coracoide da omoplata e vai até a terceira e quinta costela. 
 
 
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176 
Subclávia 
A porção subclávia do peitoral tem sua inserção lateral na face inferior da 
clavícula e inserção medial na primeira costela e cartilagem costal. É bastante utilizado 
em exercícios que exigem a elevação dos braços acima da cabeça, como a atividade de 
cortar lenha por exemplo. 
 
 Já a face posterior do tórax, chamada de região costal é composta dos músculos 
intercostais internos e externos. 
 
São estruturas musculares firmes que formam juntamente com as nossas costelas 
uma verdadeira proteção aos nossos órgãos torácicos, além de exercerem papel 
fundamental na respiração, pois são eles que rebaixam as costelas no momento da 
expiração, fazendo com que o ar saia do corpo. 
 
Estudaremos agora a musculatura da região abdominal, responsável por proteger 
nossas vísceras e também pela sustentação e equilíbrio do nosso tronco. 
 
A parte anterior do abdômen recebe o nome de região Antero lateral do abdômen 
e é composta pela estrutura muscular do reto abdominal, que começa desde o púbis e 
se estende até o final do osso esterno e pelas porções laterais direita e esquerda que 
recebem o nome de oblíquos do abdômen. 
 
Há ainda uma camada muscular mais profunda abaixo desses dois músculos que 
dá sustentação para estabilizar a camada lombar e recebe o nome de transverso do 
abdômen. Esse conjunto de músculos e feixes que se sobrepõem e se entrelaçam 
formam nossa musculatura abdominal. 
 
Na região posterior do abdômen encontramos nosso quadrado lombar, composto 
pela musculatura da região lombar e por um músculo muito profundo que está entre a 
lombar e o quadril, inserido nas últimas vértebras lombares. Esse músculo forma a 
pelve, uma estrutura fundamental para o equilíbrio e a boa postura. 
 
E por fim, um importante músculo do abdômen que aprendemos em nossa aula 
de sistema respiratório: 
O diafragma 
Ele ocupa a porção superior do abdômen e marca a transição entre tórax e 
abdômen. 
 
 
 
 
 
 
177 
Auxilia no processo respiratório e é um tecido muscular muito denso e elástico 
que eleva e abaixa os pulmões para que estes por sua vez se encham e se esvaziem de 
ar, realizando a respiração pulmonar. 
 
Falaremos agora dos membros superiores, os nossos: 
Braços 
No entanto, o que é o "braço"? É todo o membro superior, do ombro até a ponta 
dos dedos, certo? Errado! 
 
Em termos de anatomia macroscópica, o "braço" refere-se à porção entre as 
articulações do ombro e cotovelo. 
 
Suas principais funções incluem o movimento do antebraço, a transmissão de 
movimento e a passagem de estruturas neuro vasculares ao longo do membro superior. 
 
Os músculos do braço atuam nas articulações do cotovelo e do ombro para gerar 
os vários movimentos do antebraço. 
 
Dois músculos do braço desempenham um papel nesses movimentos: Os bíceps 
e o tríceps. 
 
Os dois primeiros estão envolvidos principalmente na flexão do antebraço, 
portanto são chamados de flexores. 
 
Eles ocupam o compartimento anterior ou flexor do braço. 
O bíceps 
Está envolvido principalmente na extensão do antebraço. Está localizado no 
compartimento posterior ou extensor do braço. 
 
• O músculo consiste em duas cabeças, longa e curta. 
 
• A cabeça longa se origina do tubérculo supra glenoideo da escápula. 
 
• A cabeça curta se origina do processo coracoide da escápula. 
 
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178 
• As duas cabeças se fundem distalmente, terminando em um tendão único do 
bíceps que se insere na tuberosidade radial. 
 
O estudo de anatomia dos músculos do braço seria incompleto sem conhecer o: 
Tríceps braquial 
O maior músculo dessa região. É o único ocupante do compartimento posterior 
do braço, sendo claramente visível em formato de ferradura na parte de trás do braço, 
especialmente em atletas bem treinados. 
 
Como o próprio nome sugere, o tríceps é composto por três cabeças: longa, 
lateral e medial. 
 
A cabeça longa se origina no tubérculo infra glenoideo da escápula. As cabeças 
lateral e medial se originam na superfície posterior do úmero, superiormente e 
inferiormente ao sulco radial, respectivamente. As três cabeças se fundem em um único 
tendão que se insere na ulna e no antebraço. 
 
As inserções do tríceps braquial implicam no seu envolvimento em duas 
articulações, a do ombro e a do cotovelo. 
 
A principal função desse músculo é a extensão do antebraço através da tração da 
ulna. 
 
A cabeça medial gera a maior quantidade de força, seguida pela lateral. A cabeça 
longa é a parte extensora menos ativa, mas ela executa outras funções tais como a 
extensão do braço e a adução ao redor da articulação do ombro. O tríceps braquial é 
inervado pelo nervo radial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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179 
AULA 14 - SISTEMA MUSCULAR – PARTE 2 
Na aula de hoje daremos continuidade ao estudo da musculatura dos membros 
superiores e inferiores do corpo humano. 
O tríceps 
 O estudo de anatomia dos músculos do braço seria incompleto sem conhecer o 
tríceps braquial, o maior músculo dessa região. É o único ocupante do compartimento 
posterior do braço, sendo claramente visível em formato de ferradura na parte de trás 
do braço, especialmente em atletas bem treinados. 
 
 Como o próprio nome sugere, o tríceps é composto por três cabeças: longa, 
lateral e medial. 
 
 A cabeça longa se origina no tubérculo infra glenoideo da escápula. 
 
 As cabeças lateral e medial se originam na superfície posterior do úmero, 
superiormente e inferiormente ao sulco radial, respectivamente. 
 
 As três cabeças se fundem em um único tendão que se insere na ulna e no 
antebraço. 
 
 As inserções do tríceps braquial implicam no seu envolvimento em duas 
articulações, a do ombro e a do cotovelo. 
 
 A principal função desse músculo é a extensão do antebraço através da tração da 
ulna. 
 
 A cabeça medial gera a maior quantidade de força, seguida pela lateral. A cabeça 
longa é a parte extensora menos ativa, mas ela executa outras funções tais como a 
extensão do braço e a adução ao redor da articulação do ombro. O tríceps braquial é 
inervado pelo nervo radial 
Antebraço 
O antebraço é uma das regiões do corpo humano com maior número de músculos 
envolvidos. Os músculos do antebraço se inserem nos dedos, chamados de metacarpos 
e se estendem como feixes musculares por toda a extensão do membro. São divididos 
 
 
 
 
 
180 
em músculos flexores e músculos extensores e são eles que nos permitem segurar e 
agarrar os objetos. 
 
E por fim, aprenderemos sobre os: 
Membros inferiores 
O membro inferior é formado pelo quadril, região glútea, coxa, perna e pé e são 
os músculos mais fortes e resistentes do corpo humano pois são eles que fazem o 
processo de locomoção, sustentação do corpo e postura. 
 
Os glúteos são divididos em três feixes musculares: O glúteo máximo, o glúteo 
médio e o glúteo mínimo. 
 
O músculo glúteo máximo constitui a camada mais superficial da musculatura 
dorsal glútea e, assim, forma a anatomia superficial da região glútea. 
 
 Ele tem origem na estrutura óssea que forma a crista ilíaca e está inserido na 
tuberosidade glútea do osso do fêmur. 
 
O músculo glúteo médio forma a camada média, enquanto o músculo glúteo 
mínimo pertence à camada mais profunda, junto com os rotadores da articulação do 
quadril. 
 
Desenvolver os músculos do glúteo é fundamental para evitar dores nos joelhos, 
nas pernas e na lombar. Isso ocorre porque os glúteos agem conectando o quadril ao 
fêmur e acaba sendo a primeira musculatura a ser recrutada quando levantamos ou 
quando caminhamos. Por isso é importante praticar atividades físicas que coloquem 
todo o corpo em atividade. 
A coxa 
A coxa é composta por um conjunto de músculos com diferentes funções e 
inserções que servem para sustentar o peso do nosso tronco. 
 
Um dos maiores músculos desse membro é o quadríceps, que fica na porção 
anterior da coxa e recebe esse nome porque é formado por 4 feixes musculares: O reto 
femoral, o vasto médio, o vasto lateral e o vasto intermediário. 
 
 
 
 
 
 
181 
Os quatro feixes musculares se inserem na patela, através do ligamento patelar, 
na tuberosidade da tíbia e são recrutados principalmente nos movimentos em que 
estendemos o joelho e quando flexionamos o quadril. 
 
A ação de chutar uma bola de futebol utiliza esses músculos. Esse é o motivo 
pelo qual os jogadores de futebol que vemos na televisão investem tanto no treinamento 
dessa região da coxa. Uma musculatura maior e mais exercitada permite com que esses 
atletas chutem com muito mais força e velocidade. 
 
O outro músculo importante da coxa fica na região posterior e recebe o nome de 
bíceps femoral. É composto por duas cabeças que se inserem na cabeça do osso da 
fíbula e vão até o osso do sacro. 
 
Essa musculatura é responsável pela extensão do quadril e pela rotação lateral 
do joelho. 
 
Os corredores e ciclistas costumam utilizar muito esse músculo, pois é a parte 
posterior da coxa que empurra o chão para trás e permite a passada, no caso da corrida, 
e no caso do ciclismo, empurra o pedal da bicicleta para baixo permitindo a tração da 
correia que por sua vez movimenta a bicicleta. 
 
Um outro grupo muscular da coxa e que apesar de ser pequeno realiza diversas 
funções da nossa perna é o grupo de músculos adutores, que é composto pelo músculo 
adutor magno, adutor curto, adutor longo, pectíneo e grácil. 
 
Os adutores estão inseridos no tubérculo púbico, no osso do púbis e do outro 
lado no osso da tíbia. 
 
Eles são os responsáveis por permitir a abertura das pernas. Em esportes de 
curtas corridas de potência e de contato é comum os atletas sofrerem o estiramento 
dessa musculatura, lesionando os tendões que ligam os feixes musculares à pelve. 
 
E com isso encerramos nossos estudos de músculos da coxa. 
 
E por fim, iremos estudar os músculos da perna, que são divididos em plano 
anterior, posterior e lateral. 
 
Na região anterior da perna temos dois feixes musculares responsáveis por 
movimentar os nossos dedos do pé. 
 
O primeiro feixe muscular é chamado de extensor longo dos dedos, está inserido 
de modo proximal na cabeça lateral da tíbia e vai até os dedos dos pés, onde se insere 
na falange média e distal do segundo e quinto dedo do pé. 
 
 
 
 
 
182 
Esse é o músculo responsável por movimentar os dedos dos pés e realizar a 
extensão dos mesmos. 
 
Já o hálux, popularmente conhecido como dedão do pé tem o movimentode 
extensão realizado pelo músculo extensor longo do hálux, que se insere proximal mente 
na metade da fíbula e distalmente na falange do hálux. 
 
Na parte posterior da perna temos o gastrocnêmio: 
 
O gastrocnêmio, conhecido como panturrilha ou batata da perna insere-se 
proximal mente no côndilo medial do fêmur e distalmente no osso do calcâneo. É um 
músculo muito resistente, responsável por sustentar todo o peso do corpo quando 
estamos de pé. 
 
Logo, o estresse muscular dessa região é contínuo, o que faz com que a 
musculatura dos gastrocnêmios seja mais densa e resistente que o restante do corpo. 
 
É conhecida também como segundo coração, pois bombeia o sangue venoso 
novamente para o coração, sendo um músculo fundamental para o processo de retorno 
venoso do sangue. 
 
Esse é um dos motivos dos especialistas recomendarem que pessoas hipertensas 
ou com algum tipo de problema cardiovascular realize caminhadas com frequência. 
 
Temos também outros dois músculos que completam a parte posterior da perna: 
O sóleo e o plantar, que juntos com o gastrocnêmio permitem ao nosso corpo nos 
movermos, ficarmos na ponta dos pés, corremos longas distâncias e também nos 
permite realizar várias outras atividades locomotoras. 
 
Na face lateral da perna temos a musculatura fibular, um feixe de músculo que 
se insere proximal mente na cabeça da fíbula e distalmente nos metatarsos, ou seja, nos 
dedos da ponta dos pés. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
183 
AULA 15 - SISTEMA EXCRETOR 
Na aula de hoje aprenderemos sobre o sistema excretor, o responsável por 
eliminar substâncias que podem ser tóxicas para o organismo humano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fazem parte do Sistema Excretor o sistema urinário, os rins, a bexiga, ureteres, 
a uretra e as glândulas sudoríparas. 
 
O Sistema Excretor é o conjunto de órgãos e estruturas responsáveis por filtrar 
o sangue humano e eliminar as substâncias em excesso e que podem ser tóxicas para o 
organismo. Essas substâncias são resultantes de reações químicas que acontecem 
dentro das células do corpo humano, durante os processos metabólicos que as células 
realizam. 
 
O Sistema Excretor também é responsável pela homeostase do organismo, isto 
é, pelo equilíbrio químico interno que controla a quantidade de água e de sais minerais, 
fazendo com que todas as etapas do metabolismo sejam realizadas de forma correta. 
 
O nome da eliminação de substâncias tóxicas ao organismo se chama excreção, 
e os produtos dessa excreção são chamados de “excretas”, que são provenientes das 
células e são passadas para o sangue, posteriormente eliminados na urina, na respiração 
ou no suor. 
 
O primeiro órgão que iremos estudar são os rins. 
 
https://beduka.com/blog/exercicios/biologia-exercicios/exercicios-sobre-sistema-excretor/
https://beduka.com/blog/exercicios/biologia-exercicios/exercicios-sobre-sistema-excretor/
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184 
Os rins são órgãos em formato de feijão, podem ser encontrados nos quadrantes 
abdominais superiores à direita e à esquerda. 
 
O rim direito está localizado levemente inferior ao esquerdo, devido ao tamanho 
e à localização do lobo direito do fígado, em comparação ao lobo esquerdo, que é muito 
menor e são constituídos por uma cápsula formada de tecido conjuntivo denso, por uma 
região cortical e uma região medular. As regiões corticais e medulares recebem sangue 
pela artéria renal e são drenadas pela veia renal. A região cortical é onde estão presentes 
os néfrons, que são as unidades funcionais dos rins. 
 
Os néfrons, são, uma importante estrutura do rim que funciona como um filtro, 
estão localizados nos rins em grandes quantidades de aproximadamente 1 milhão em 
cada rim e são os responsáveis pela formação da urina, filtrando os elementos do 
plasma sanguíneo e, posteriormente, eliminando a urina. 
 
As substâncias eliminadas pelos rins são: ureia, creatinina, ácido úrico e toxinas 
do sangue. O rim também atua na regulação de volume de líquidos no corpo humano e 
na manutenção da pressão arterial do sangue. 
 
A urina resulta da depuração do sangue sendo um produto de excreção de 
composição variada. 
 
Formam-se nos rins, mais especificamente, nas unidades funcionais chamadas 
néfrons, através de 3 processos: 
 
• Filtração 
 
• Reabsorção 
 
• Secreção 
 
A formação da urina inicia com a entrada do sangue em alta pressão na cápsula 
de bowman através da arteríola aferente e se ramifica em capilares originando o 
glomérulo de malpighi. 
 
A maior parte do plasma sanguíneo passa dos capilares para a cápsula em um 
processo chamado de filtração, do qual resulta o filtrado glomerular. 
 
Do filtrado fazem parte substâncias como: água, glicose, aminoácidos, sais 
minerais, ureia, ácido úrico e creatinina. 
 
https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/figado
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185 
Em seguida o filtrado inicia seu percurso pelo tubo urinífero percorrendo o tubo 
contornado proximal e o tubo contornado distal. 
 
Ao longo destes tubos a composição do filtrado vai se alterando devido a 
absorção e secreção. 
 
Na reabsorção grande parte do volume do filtrado é reabsorvido pelos capilares 
sanguíneos. 
 
Isso é, cerca de 98% da água e substâncias úteis para o organismo, quase toda a 
glicose, aminoácidos e vitaminas e alguns sais minerais. No entanto, os produtos 
resultados como a ureia e o ácido úrico e ainda a água e os sais minerais permanecem 
no filtrado. 
 
O tubo urinífero é formado por estruturas de redes de capilares sanguíneos que 
fazem com que durante esse processo substâncias como hormônios e medicamentos 
sejam lançadas diretamente pelo tubo urinífero. 
 
O resultado final é a formação da urina, composta pelas substâncias não 
reabsorvidas e secretadas, essencialmente água e creatinina. 
 
A urina continua seu trajeto até o tubo coletor. 
 
 Lá também poderá ocorrer a reabsorção de água, de acordo com as necessidades 
do organismo, o que levará a uma maior ou menor quantidade de urina excretada. 
Após a formação da urina no rim temos uma outra estrutura que se assemelha a um 
cano e são responsáveis por levar a urina do rim à bexiga. Eles realizam movimentos 
peristálticos que ajudam na condução da urina até a bexiga, sendo um ureter para cada 
rim. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
186 
Em seguida temos a bexiga, um órgão que armazena a urina produzida pelos rins 
e transportada pelos ureteres. Ela também é a responsável por eliminar a urina e possui 
uma alta capacidade elástica, podendo armazenar até 800 ml de urina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A uretra é responsável por expelir a urina para fora do organismo, durante a 
micção. Ela faz parte também do sistema reprodutor no caso dos homens, é o local por 
onde o sêmen é expelido na ejaculação. Entretanto, nas mulheres, a uretra é restrita ao 
sistema excretor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Uma boa dica para cuidar dos nossos rins e prevenir doenças renais é a ingestão 
de água. 
 
Devemos ingerir uma quantidade de água proporcional ao nosso peso. Por 
exemplo: Uma pessoa que pesa cinquenta quilos deve tomar em média 2 litros de água 
por dia, enquanto que uma pessoa de 80 quilos deve tomar aproximadamente 3 litros 
de água. 
 
Isso ocorre por conta da propriedade da água de manter nosso corpo em 
equilíbrio, fazendo com que ela seja um dos elementos mais importantes para o nosso 
corpo. A seguir veremos um vídeo de como prevenir doenças adotando hábitos 
saudáveis diariamente. 
 
As doenças mais comuns relacionadas ao sistema renal são: 
 
 
 
 
 
 
187 
Infecção Urinária: Uma doença infecciosa que pode ocorrer em qualquer parte 
do sistema urinário, como rins, ureteres, bexiga e uretra, sendo maiscomum nos dois 
últimos. É também conhecida como Infecção do Trato Urinário e os sintomas 
normalmente incluem ardência ao urinar e incontinência urinária. 
 
Insuficiência renal crônica: trata-se da deterioração gradual das funções dos 
rins. Com o tempo, os órgãos perdem a vitalidade, e então a filtragem das substâncias 
precisa ser feita por meio de hemodiálise ou de diálise peritoneal. 
 
Estão mais propensas a desenvolver a insuficiência renal crônica, pessoas com 
diabetes tipo 1 e 2, hipertensos, fumantes e idosos. Em muitos casos, o transplante de 
rim é o mais indicado para quem sofre dessa doença. 
 
Nefrite: essa doença está associada à inflamação do glomérulo e pode ser aguda, 
cuja recuperação é espontânea, ou crônica, que pode se desenvolver e atingir os rins 
inteiros. Os sintomas para os casos de nefrite são a diminuição da quantidade de urina 
produzida, a ardência ao urinar e a mudança na coloração da urina. 
 
Cálculo renal: conhecido popularmente como “pedra no rim”, o cálculo renal é 
formado por cristais presentes na urina que se unem e aumentam de tamanho. A 
formação das pedras está associada a diferentes motivos, entre eles o consumo 
exagerado de sal, o baixo consumo de água e distúrbios metabólicos. 
 
Uma outra excreção realizada pelo nosso corpo é o suor, que está relacionado a 
capacidade do corpo de regular nossa temperatura corporal e manter nosso corpo em 
equilíbrio. 
 
Através do suor são eliminados sais minerais, como o cloreto de sódio, e água 
sendo que, devido a sua enorme importância para a célula, ela fica conservada em 
grande parte no organismo. Essa excreção ocorre através das glândulas sudoríparas. 
 
As glândulas sudoríparas encontram-se em quase toda a extensão da pele. Elas 
são glândulas exócrinas, responsáveis pela eliminação do suor e consequentemente 
pela termorregulação do organismo. A função do suor é refrigerar o corpo, liberando o 
excesso de calor e promovendo a termorregulação do organismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
188 
AULA 16 - SISTEMA REPRODUTOR 
Na aula de hoje vamos aprender sobre o sistema reprodutor, que também é 
chamado de sistema genital e tem como principal função garantir a reprodução da 
espécie humana. 
 
Estudaremos o sistema reprodutor masculino e feminino, as estruturas que 
compõem esses dois sistemas e a fisiologia da reprodução humana, isto é, como o corpo 
masculino e o corpo feminino se prepara para reproduzir. 
 
Vamos começar aprendendo sobre o sistema reprodutor masculino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sistema reprodutor masculino é formado pelas seguintes estruturas: 
 
Os Testículos que são as gônadas masculinas. 
 
Gônada é o nome da glândula que tem como função produzir os hormônios 
sexuais. 
 
Cada testículo é composto por um emaranhado de tubos, os ductos seminíferos. 
 
 
 
 
 
 
189 
Esses ductos são formados pelas células de Sértoli e pelo epitélio germinativo, 
que é onde ocorre a formação dos espermatozoides. É no meio dos ductos seminíferos 
em que as células de Leydig produzem os hormônios sexuais masculinos, sobretudo a 
testosterona, responsável pelo desenvolvimento dos órgãos genitais masculinos e das 
características secundárias. É esse hormônio o responsável por: 
 
 Estimular os folículos pilosos para que façam crescer a barba masculina e o pêlo 
pubiano. 
 
• Estimular o crescimento das glândulas sebáceas e a elaboração do sebo. 
 
• Produzir o aumento de massa muscular nas crianças durante a puberdade, pelo 
aumento do tamanho das fibras musculares. 
 
• Ampliar a laringe e tornam mais grave a voz. 
 
• Fazer com que o desenvolvimento da massa óssea seja maior, protegendo contra 
a osteoporose. 
 
 No sistema reprodutor masculino existem estruturas que são fundamentais para 
a formação do espermatozoide, como os epidídimos que são dois tubos enovelados que 
partem dos testículos, onde os espermatozoides são armazenados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
190 
• Os Canais deferentes que são dois tubos que partem dos testículos, circundam 
a bexiga urinária e unem-se ao ducto ejaculatório, onde desembocam as 
vesículas seminais. 
 
• As Vesículas seminais que são responsáveis pela produção de um líquido, que 
será liberado no ducto ejaculatório que, juntamente com o líquido prostático e 
espermatozoides, entrarão na composição do sêmen. O líquido das vesículas 
seminais age como fonte de energia para os espermatozoides. 
 
• A Próstata que é a glândula localizada abaixo da bexiga urinária. É ela quem 
secreta substâncias alcalinas que neutralizam a acidez da urina e ativa os 
espermatozoides. 
 
• As Glândulas Bulbo Uretrais que produzem uma secreção transparente que é 
lançada dentro da uretra para limpá-la e preparar a passagem dos 
espermatozoides. Também tem função na lubrificação do pênis durante o ato 
sexual. 
 
O genital externo do homem é formado pelo Pênis que é considerado o principal 
órgão do aparelho sexual masculino, sendo formado por dois tipos de tecidos 
cilíndricos e dois corpos cavernosos e um corpo esponjoso que envolve e protege a 
uretra. 
 
 A uretra é comumente um canal destinado para a urina, mas os músculos na 
entrada da bexiga se contraem durante a ereção para que nenhuma urina entre no sêmen 
e nenhum sêmen entre na bexiga. 
 
Todos os espermatozoides não ejaculados são reabsorvidos pelo corpo dentro de 
algum tempo. 
 
É no saco escrotal em que os espermatozoides são produzidos, em um processo 
que leva cerca de 70 dias. 
 
Para que os testículos se desenvolvam a temperatura deve estar inferior a 36 
graus célsius. 
 
 É por isso que anatomicamente os testículos ficam suspensos do corpo pela 
bolsa escrotal, que tem a função de termorregulação fazendo com que ela retraia e 
aproxime-se do corpo ou relaxe e afaste os testículos do corpo, mantendo-os a uma 
temperatura geralmente em torno de 1 a 3 °C abaixo da corporal. 
 
 
 
 
 
 
 
191 
Agora iremos aprender sobre o sistema reprodutor feminino. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vagina 
A vagina é um canal de 8 a 10 cm de comprimento, de paredes elásticas, que liga 
o colo do útero aos genitais externos. Contém de cada lado de sua abertura duas 
glândulas denominadas glândulas de Bartholin, que secretam um muco lubrificante. 
 
A entrada da vagina é protegida por uma membrana circular chamada hímen que 
fecha parcialmente o orifício vulvovaginal e é quase sempre perfurado no centro, 
podendo ter formas diversas. Geralmente, essa membrana se rompe nas primeiras 
relações sexuais. 
 
A vagina é o local onde o pênis deposita os espermatozoides na relação sexual. 
Além de possibilitar a penetração do pênis, possibilita a expulsão da menstruação e, na 
hora do parto, a saída do bebê. 
 
A genitália externa que também recebe o nome de vulva é delimitada e protegida 
por duas pregas intensamente irrigadas e inervadas que são chamadas de grandes 
lábios. 
 
Quando a mulher atinge a idade reprodutiva os grandes lábios são recobertos por 
pelos pubianos. Internamente há uma prega que envolve a abertura da vagina. São os 
pequenos lábios que protegem a abertura da uretra e da vagina. 
 
Na vulva também está o clitóris que é formado por um tecido esponjoso erétil. 
 
 
 
 
 
 
192 
Útero 
No final do canal vaginal encontra-se o útero que é um órgão muscular com 
formato de pera invertida e quando não está fecundado mede aproximadamente 7 
centímetros. 
 
Ele possui uma capacidade muito grande de expansão para acomodar um bebê 
quando está gravídico. 
 
Ele é constituído por uma parede espessa, formada por três camadas. 
 
Uma camada interna ou de revestimento chamada endométrio. A serosa que é a 
camada de tecido que cobre a parte externa do útero e uma parte medial que forma uma 
camada espessa de músculo que é o miométrio. 
OváriosCada lado do útero possui um Ovário. O par de ovários que se ligam ao útero 
são as gônadas femininas. As gônadas são as glândulas responsáveis pela síntese dos 
hormônios sexuais. Elas produzem estrógeno e progesterona, os hormônios sexuais 
femininos que estudaremos mais adiante. 
 
Esses ovários ligam-se ao útero através de uma estrutura chamada de tuba uterina 
ou trompa de falópio. Medem aproximadamente 10 centímetros de extensão cada uma 
e se estendem do ângulo lateral do útero para os lados da pelve. As tubas uterinas 
transportam os óvulos que romperam a superfície do ovário até a cavidade do útero. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
193 
No final do desenvolvimento embrionário de uma menina, ela já tem todas as 
células que irão transformar-se em gametas nos seus dois ovários. 
 
Estas células - os ovócitos primários - encontram-se dentro de estruturas 
denominadas folículos de Graaf ou folículos ovarianos. A partir da adolescência, sob 
ação hormonal, os folículos ovarianos começam a crescer e a desenvolver. 
 
Os folículos em desenvolvimento secretam o hormônio estrógeno. 
 
Mensalmente, apenas um folículo geralmente completa o desenvolvimento e a 
maturação, rompendo-se e liberando o ovócito secundário (gameta feminino): 
fenômeno conhecido como ovulação. 
 
Após seu rompimento, a massa celular resultante transforma-se em corpo lúteo 
ou amarelo, que passa a secretar os hormônios progesterona e estrógeno. 
 
Com o tempo, o corpo lúteo regride e converte-se em corpo albicans ou corpo 
branco, uma pequena cicatriz fibrosa que irá permanecer no ovário. 
 
O gameta feminino liberado na superfície de um dos ovários é recolhido por 
finas terminações das tubas uterinas - as fímbrias. 
 
Tubas uterinas, ovidutos ou trompas de Falópio: são dois ductos que unem o 
ovário ao útero. Seu epitélio de revestimento é formado por células ciliadas. Os 
batimentos dos cílios microscópicos e os movimentos peristálticos das tubas uterinas 
impelem o gameta feminino até o útero. 
 
Útero: órgão oco situado na cavidade pélvica anteriormente à bexiga e 
posteriormente ao reto, de parede muscular espessa (miométrio) e com formato de Pêra 
invertida. É revestido internamente por um tecido vascularizado rico em glândulas - o 
endométrio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
194 
TANATOLOGIA FORENSE 
AULA 1 - CONCEITOS DE TANATOLOGIA 
 Iniciaremos nossos estudos no módulo de TANATOLOGIA, a matéria que irá 
nos dar o conhecimento necessário para responder questões como: 
 
• Porque o corpo esfria e endurece; 
 
• Qual o tempo aproximado que este cadáver foi assassinado; 
 
 E também aprenderemos uma abordagem psicológica da profissão, 
compreendendo os processos de luto, a cultura sobre a morte e como a nossa sociedade 
encara a passagem da vida. 
 
 Nessa nossa primeira aula veremos como a psicologia classifica os cinco estágios 
do luto na sociedade moderna e veremos também as primeiras manifestações da 
ausência de vida no corpo, que iremos chamar de fenômenos imediatos e de fenômenos 
consecutivos. 
 
 A palavra Tanatologia tem sua origem no idioma grego na união dos radicais 
Thanatos e Logos. 
 
 Na mitologia grega, Thanatos era uma entidade masculina, representativa da 
morte. Filho da noite e irmão do sono, era constantemente representada com asas, tendo 
nas mãos uma foice e uma urna com cinzas e uma borboleta que simboliza a esperança 
de uma vida nova. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
195 
Quanto a Logos, significa estudo. Assim, o significado de Tanatologia, juntando 
as duas palavras é de “estudo da morte”. 
 
Podemos dizer que a Tanatologia estuda não só a morte, mas também os 
processos de morrer, o luto e as perdas. 
 
É competência da tanatologia forense investigar as circunstâncias envolvidas na 
morte, como alterações corporais que acompanham a morte e o período pós morte 
através de exame de necropsia, coleta de dados clínicos da vítima e exames 
complementares que poderão conduzir as causas e circunstâncias da morte. 
 
A Tanatologia como ciência tem como objetivo geral estudar os processos do morrer 
e do luto. Como alguns dos objetivos antropológicos, podemos citar: 
 
• Estudar a dicotomia entre a vida e a morte; 
 
• Abordar particularidades do processo de morrer para auxiliar a compreensão 
daqueles pacientes em estado terminal e seus familiares. 
 
• Identificar meios de lidar e avaliar a dor psíquica e as dificuldades impostas pela 
morte 
Vamos iniciar nossos estudos analisando os aspectos psicossociais do luto e da 
morte. 
Luto 
 É um processo, um conjunto de reações e emoções, resultado de uma perda 
muito impactante. 
 
A verdade é que podemos nos esforçar para definir o que é luto, mas não 
conseguiremos jamais ser precisos. Isso porque ele é extremamente particular, 
individual. 
 
 Cada um elabora o sofrimento, a desestrutura, a ideia de fim, de modo singular. 
Inclusive, ao vivenciar diferentes lutos, um mesmo indivíduo pode e provavelmente irá 
reagir de forma única a cada um dos processos. 
 
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/sofrimento-por-que-e-ou-para-que/
 
 
 
 
 
196 
 Embora não possamos comparar ou estabelecer parâmetros fixos, as 5 fases do 
luto, propostas pela psiquiatra suíça Elisabeth Kübler-Ross, sugerem um princípio de 
entendimento. 
 
 Assim, partimos deles para refletirmos sobre o assunto. 
Os 5 estágios do luto 
Elisabeth Kübler-Ross observou 5 reações recorrentes em pessoas diante da morte. 
1. Estágio da negação 
 Se amamos a pessoa que partiu o luto é natural. Quando uma pessoa nos deixa 
para sempre, esse tempo sem a pessoa causará estranheza. 
 
 Quanto mais somos apegados à pessoa que partiu mais constante é a falta que a 
presença da pessoa faz em nossa vida. Logo, negar essa nova realidade não parece uma 
alternativa de difícil compreensão. 
 
 A negação pode ser íntima e silenciosa. Pode ser comparada a um pesadelo, à 
ideia de uma suspensão temporária da realidade concreta. 
 
 Em alguns casos, pode ser uma desconfiança das informações. Como uma 
discreta esperança do anúncio do engano. 
 
 Em outros casos, a negação é anunciada. Tanto pela voz quanto pelo 
comportamento, que pode deixar claro que a ausência não foi aceita. 
 
 É possível permanecer longo tempo nessa etapa. Algumas pessoas jamais saem 
dela. 
 
 Por quê? Porque a negação nos protege da ruptura, deixando a morte como um 
assunto pendente, ao mesmo tempo em que alivia a perda do controle emocional. 
 
 Não há regras para a duração da fase de negação. Se a fase de negação pode 
durar 10 anos para uns, para outros, pode ocorrer em 10 segundos. Não há regras ou 
conceitos de certo e errado. 
 
https://www.vittude.com/blog/cinco-estagios-do-luto/
https://www.vittude.com/blog/cinco-estagios-do-luto/
https://www.vittude.com/blog/cinco-estagios-do-luto/
 
 
 
 
 
197 
 Todavia, a demora neste estágio deve ser observada não só pelo enlutado que 
pode muitas vezes não ter dimensão dos impactos da negativa em sua vida, mas 
também pelas pessoas que o cercam. 
 
 Nesses casos, é muito importante o papel da terapia no luto. Enquanto a negação 
se mantém, a vida segue presa a um passado de presente impossível. 
 
Um psicólogo pode oferecer um atendimento clínico diferente, trabalhando uma 
outra abordagem ao luto que não será a mesma que os amigos e parentes, ainda que 
esses, com as melhores intenções, estimulem a “seguir em frente.” 
 
Na terapia, encontramos uma conversa que respeita nossos entraves, mas nos provoca 
a pensamentos novos. Um psicólogo não nos consola e diz que “tudo ficará bem”. Mas 
nos ajuda a encontrar nossos próprios meios para, aos poucos, digerirmos a nova 
condição e nos adaptarmos, da melhor forma possível. 
2. Estágio da raiva 
A partir do momento em que o indivíduo toma consciência do caráter irreversível 
que éa morte e que a passagem daquela pessoa querida é irreversível surgem fortes 
emoções. 
 
Explosões de raiva, portanto, são bastante comuns, já que exteriorizam o 
sentimento de frustração. 
 
Por vezes, a raiva se dirige a um lugar ou objeto associado à morte. Em outras 
circunstâncias, a raiva encontra em pessoas vistas como culpadas o foco de sua direção. 
Também pode ser uma raiva menos específica, quando a vida e o destino são 
interpretados como algozes injustos. 
 
 O estágio da raiva pode ser passageiro, como um rompante. Ou pode persistir, 
alimentando uma revolta que torna os relacionamentos, em geral, um tanto quanto 
problemáticos. 
 
 A pessoa em luto pode ser bastante “difícil”, pois, com a raiva, é normal que ela 
se apresente menos cortês, de mau-humor e indisposta. 
 
É importante que o círculo de convivência dessa pessoa, como amigos e 
familiares ofereçam apoio e tenham paciência. 
 
 O acolhimento psicológico dialoga com todas as etapas do luto, incluindo a 
raiva. A terapia pode ser sugerida por familiares ou pessoas próximas, que notam 
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-psicoterapia/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-psicoterapia/
https://www.vittude.com/blog/raiva/
https://www.vittude.com/blog/raiva/
https://www.vittude.com/blog/frustracao-porque-ficamos-frustrados/
https://www.vittude.com/blog/frustracao-porque-ficamos-frustrados/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/morte-e-luto-e-preciso-saber-lidar/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/morte-e-luto-e-preciso-saber-lidar/
https://www.vittude.com/blog/relacionamentos/
https://www.vittude.com/blog/relacionamentos/
https://www.vittude.com/blog/distimia-sintomas-tratamento/
https://www.vittude.com/blog/distimia-sintomas-tratamento/
https://www.vittude.com/blog/psicologia-online/
https://www.vittude.com/blog/psicologia-online/
 
 
 
 
 
198 
excessos que apontam prejuízos maiores. Ou, muitas vezes, é procurada por iniciativa 
do próprio enlutado, quando este percebe o impasse de seus sentimentos. 
 
 Ao elaborar sua dor, com auxílio do psicólogo, o enlutado consegue administrá-
la melhor, visto que a terapia o conduz ao enfrentamento da morte — com gradual 
abandono de culpas, ressentimentos e revolta. 
3. Estágio de negociação ou barganha 
 Diante da morte consumada, a barganha geralmente se manifesta como 
imaginação temporária, como se fosse possível reverter o fato, com mudanças nos 
eventos que a desencadearam. 
 
 Fica mais claro quando entendemos que, nessa etapa do luto, especialmente para 
pessoas religiosas, busca-se negociar com o sobrenatural. Como se uma promessa a 
Deus ou entidade pudesse reverter o quadro, ou conferir um último momento extra. 
 
 Enquanto a morte ainda não é presente, mas se faz próxima, como no caso de 
uma doença grave, a barganha é mais evidente. 
 
 A pessoa enferma pode buscar uma chance de superar a ideia de morte, 
procurando novos comportamentos. É possível que ela se empenhe em criar hábitos 
mais saudáveis, maior generosidade e gentileza. 
 
Essa postura é positiva nesses casos e, sem dúvida, se não chega a interferir no 
tempo de vida, torna a qualidade desse tempo muito mais rica. 
 
 O risco é quando a barganha não logra êxito, o que inevitavelmente ocorre diante 
da morte consumada ou perante avanços da doença. A frustração leva a outros estágios 
do luto, que podem ser experimentados de forma bastante enfática, desestabilizando a 
saúde emocional. 
4. Estágio de depressão 
 Nesta fase, a falta do ente querido é sentida na intensidade de sua consciência. 
Negação, raiva e barganha falham. O que se materializa, é a tristeza profunda, um vazio 
que torna tudo desconexo, desinteressante e sem sentido. 
 
 A busca por apoio psicológico, na etapa de depressão, não deve ser entendida 
como a procura pelo fim do sofrimento. A dor do luto não é um transtorno mental que 
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/sobre-a-importancia-de-curar-a-dor/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/sobre-a-importancia-de-curar-a-dor/
https://www.vittude.com/blog/terapia-online/
https://www.vittude.com/blog/terapia-online/
https://www.vittude.com/empresas/blog/gentileza-como-cultivar-um-ambiente-de-trabalho-mais-saudavel/
https://www.vittude.com/empresas/blog/gentileza-como-cultivar-um-ambiente-de-trabalho-mais-saudavel/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/5-maneiras-de-cuidar-da-sua-saude-emocional/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/5-maneiras-de-cuidar-da-sua-saude-emocional/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/5-maneiras-de-cuidar-da-sua-saude-emocional/
https://www.vittude.com/blog/depressao-profunda/
https://www.vittude.com/blog/depressao-profunda/
 
 
 
 
 
199 
precisa ser curado ou medicado. O luto precisa ser vivido. E o papel do psicólogo é 
auxiliar a travessia, não a ignorar ou silenciar. 
 
 Vivemos numa condição que nos cobra produtividade e rápida superação de 
obstáculos. Aprendemos a ver a dor como inimiga e, mesmo quando é natural, 
acabamos querendo encurtar o processo. 
 
 Um remédio não ensinará como lidar com a perda de um ente querido. Nem o 
psicólogo apresentará, instantaneamente, a solução para que a vida volte ao normal. As 
sessões de terapia não objetivam fazer do luto uma doença a ser tratada. Mas sim uma 
conversa, uma narrativa que permita ao enlutado expressar toda a força da ausência. 
 
 É na vivência do luto que a superação, sem tempo certo para acontecer, se 
desenvolve. Os recursos terapêuticos favorecem o gradual reencontro do ânimo e da 
potência de novos sentidos. 
5. Estágio de aceitação do luto 
 É o momento em que os sentimentos já não bloqueiam a compreensão do fim, 
nem impedem que a vida se restabeleça. 
 
 É crucial que não se confunda aceitação com esquecimento. Não há como 
superar o luto imaginando que, um dia, ele será totalmente deletado da memória. 
 
 Aceitar também não é deixar de sentir. O luto se torna parte da essência, um 
marco indelével da história pessoal. O sentir se modifica, mas não se esgota. E pode 
provocar retornos a estágios de luto descritos anteriormente. Lembre-se de que não 
estamos falando de ciências exatas, mas de nossas emoções. 
 
 A etapa de aceitação significa a resiliência diante da morte. Para alguns, os 
projetos cotidianos ou o compromisso com membros da família podem representar a 
raiz da motivação. Para outros, o engajamento em causas ou projetos maiores é que 
sinalizará o norte para a retomada do movimento vital. 
 
 Cada pessoa encontrará sua trajetória ímpar de aceitação do luto. Não existem 
fórmulas, embora o exemplo do outro possa despertar encorajamentos e inspirações. 
 
 É necessário que o profissional que atue direta ou indiretamente na perícia 
criminal tenha noção e conhecimento destes processos individuais pois faz parte da 
rotina profissional lidar e atender pessoas enlutadas, sendo compreensíveis todos os 
reflexos de luto, devendo o profissional durante o atendimento manejar de forma a 
conter os ânimos e as emoções dos familiares 
https://www.vittude.com/blog/psicologo-online/
https://www.vittude.com/blog/psicologo-online/
https://www.vittude.com/blog/sentir-tristeza/
https://www.vittude.com/blog/sentir-tristeza/
https://www.vittude.com/blog/diferenca-entre-psicologo-e-psiquiatra/
https://www.vittude.com/blog/diferenca-entre-psicologo-e-psiquiatra/
https://www.vittude.com/blog/diferenca-entre-psicologo-e-psiquiatra/
https://www.vittude.com/blog/resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/emocoes-sentimentos-saude-mental/
https://www.vittude.com/blog/fala-psico/emocoes-sentimentos-saude-mental/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/o-que-e-resiliencia/
https://www.vittude.com/blog/5-razoes-para-fazer-terapia-familiar/
https://www.vittude.com/blog/5-razoes-para-fazer-terapia-familiar/
https://www.vittude.com/blog/5-razoes-para-fazer-terapia-familiar/200 
Cronotanatognose 
 Ainda sobre a análise cadavérica é importante dar destaque à Cronotanatognose 
que também é um ramo da tanatologia que realiza o estudo da passagem do tempo 
aplicada ao exame cadavérico. 
 São analisados fenômenos que se apresentam após o início da morte. 
 
 Esses fenômenos podem ser divididos em: 
Fenômenos abióticos imediatos 
 São aqueles comuns, ocorridos instantes após a morte, como parada respiratória 
e circulatória, palidez, faces hipocráticas e imobilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fenômenos abióticos consecutivos 
Aqueles que se sucedem a partir da morte declarada, como rigidez cadavérica, 
manchas de hipóstase, desidratação do cadáver, resfriamento corporal e ainda os 
espasmos cadavéricos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
201 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desidratação cadavérica 
O cadáver sujeito às leis físicas sofre evaporação tegumentar, variando de acordo 
com a temperatura ambiente com a circulação do ar, com a umidade local e com a causa 
da morte. A desidratação se traduz por: 
Decréscimo de peso 
A evaporação da água dos tecidos orgânicos após a morte leva, consequentemente, 
à diminuição de peso. É mais acentuada nos fetos e recém-nascidos, chegando a até 8 
g por quilograma de peso em um dia, alcançando, segundo Dupont, nas primeiras horas 
até 18 g/kg de peso. Deve-se levar em conta que este fenômeno varia de indivíduo para 
indivíduo, de acordo com o tipo de morte e condições ambientais. Para utilização dessa 
prática, faz-se mister o conhecimento do peso da pessoa ante mortem. 
Pergaminhamento da pele 
 Por efeito da evaporação tegumentar, a pele se desseca, endurece e torna-se 
sonora à percussão, tomando um aspecto de pergaminho. Apresenta-se de tonalidade 
pardacenta ou pardo amarelada e com estrias decorrentes de arborizações vasculares 
que se desenham na derme. Esse processo começa onde a pele é mais delgada, como 
no saco escrotal. 
Dessecamento das mucosas dos lábios 
 Principalmente nos cadáveres de recém-nascidos e de crianças, a mucosa dos 
lábios sofre desidratação, tomando uma consistência dura e tonalidade pardacenta. É 
 
 
 
 
 
202 
mais comum na porção mais externa da mucosa labial. Seu conhecimento é 
fundamental para não se atribuir a lesões traumáticas ou ação de substâncias cáusticas. 
Modificação dos globos oculares 
 A desidratação manifesta nos olhos certos fenômenos que devem ser conhecidos, 
como, por exemplo, a formação da tela viscosa, a perda da tensão do globo ocular, o 
enrugamento da córnea, a mancha negra da esclerótica e a turvação da córnea 
transparente. 
 
 O enrugamento da córnea, conhecido também como sinal de Bouchut, é outro 
fenômeno ainda decorrente da desidratação cadavérica. 
 
 A mancha da esclerótica conhecida por sinal de Sommer e Larcher, é explicada 
pela dessecação da esclerótica, mostrando, no quadrante externo ou interno do olho, 
uma mancha de cor enegrecida pela transparência do pigmento coroide ano. 
 
 A córnea, algumas horas depois da morte, perde sua transparência e se torna 
turva. Este fenômeno, no entanto, poderá ser observado no vivo, quando em estados 
agônicos prolongados. Após 8 h da morte, exercendo-se a pressão digital literalmente 
no globo ocular, pode ocorrer a deformação da íris e da pupila, chamado de sinal de 
Ripault. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esfriamento cadavérico (algor mortis). 
 Com a morte e a consequente falência do sistema termorregulador, a tendência 
do corpo é equilibrar sua temperatura com o meio ambiente. 
 
 
 
 
 
 
203 
 Embora esse esfriamento seja progressivo, não se observa sempre uma 
uniformidade rigorosamente precisa. 
 
 Ele começa pelos pés, mãos e face. Os órgãos internos mantêm-se aquecidos por 
24 h em média. 
 
 Quanto maior for o tecido adiposo apresentado pelo indivíduo, mais lento será o 
processo de resfriamento do corpo. 
 
 Os livros de Medicina Legal trazem o relato do caso de uma mulher de 150 kg 
que, após 12 h de morte ainda apresentava uma temperatura como se estivesse viva. 
 
 As crianças e os velhos esfriam mais facilmente que os adultos. O corpo, quando 
envolvido em roupas ou mantido em ambiente fechado, sofre um processo de 
esfriamento bem mais lento do que em outras circunstâncias. 
 
 Por outro lado, os que morrem de doenças crônicas, de traumas cranianos com 
lesões hipotalâmicas, hipotermia, desidratação e grandes hemorragias têm um 
esfriamento do corpo mais rápido. E os que padeceram de insolação, intermação, 
intoxicação por venenos e doenças infecciosas agudas apresentam um esfriamento mais 
lento. 
 
 A verificação da temperatura, no cadáver, é feita de preferência no reto, a uma 
profundidade de 10 cm, com termômetros especiais de hastes longas. 
 
 O estudo do esfriamento cadavérico é de grande importância na determinação 
do tempo aproximado de morte. 
Manchas de hipóstase cutâneas (livor mortis). 
 Também chamadas de manchas de posição ou livores cadavéricos, são 
fenômenos constantes, inexistindo apenas, e bem assim de modo irregular, em casos 
excepcionais de mortes por grandes hemorragias. 
 
 Com a parada da circulação, o sangue, pela lei da gravidade, vai se acumulando 
nas partes mais baixas, deixando de aparecer apenas nas superfícies de contato que o 
cadáver sofre por compressão sob o plano resistente. 
 
 Segundo Genival Veloso de França caracterizam-se pela tonalidade azul 
púrpura, de certa intensidade e percebidas na superfície corporal. 
 
 
 
 
 
 
 
204 
 São encontradas, de preferência, na parte de declive dos cadáveres e por isso 
chamadas de manchas de hipóstase, variando, logicamente, com a posição do corpo. 
 
 Apresentam-se em forma de placas, embora possam surgir as chamadas púrpuras 
hipostáticas. 
 
 As manchas hipostáticas cutâneas permanecem até o surgimento dos fenômenos 
putrefativos, quando elas são invadidas pela tonalidade verde enegrecida que aparece 
no cadáver devido à formação do hidrogênio sulfurado combinado com a hemoglobina. 
 
 Essas manchas, portanto, são importantes para o diagnóstico da realidade da 
morte, para o diagnóstico da causa da morte, para a estimativa do tempo de morte e 
para o estudo da posição em que permaneceu o cadáver depois da morte. 
 Em geral, começam a aparecer em torno de 2 a 3 horas após a morte. Sua 
distribuição varia de acordo com a posição do cadáver. 
 
 Assim, se o cadáver é colocado em decúbito dorsal, que é a mais comum das 
posições, a distribuição dos livores é na parte posterior do corpo, com exceção das 
escápulas, nádegas e face posterior das coxas e das pernas, pelo fato de essas regiões 
estarem sob a pressão do plano onde repousa o corpo. Não são vistos também nos locais 
pressionados pelas vestes, cintos, alças elásticas e pelas dobras e rugas da pele como 
no pescoço. 
 
 Sua intensidade varia de acordo com a fluidez do sangue, por isso são mais 
realçadas nos casos de asfixia. 
 
 
Aluno, chegamos ao final de mais uma aula. Espero que tenham aprendido 
e absorvido todo o conhecimento. Até a próxima aula. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
205 
AULA 2 - FENÔMENOS CADAVÉRICOS 
Na aula passada fizemos um estudo sobre os acontecimentos do corpo após a 
morte. Vimos como os psicólogos tratam o luto e a morte e começamos a estudar 
também os fenômenos cadavéricos. 
 
Na aula de hoje daremos continuidade ao estudo dos fenômenos cadavéricos. 
 
Os fenômenos cadavéricos são classificados em abióticos e transformativos; 
 
Os fenômenos abióticos ocorrem sem a interferência de agentes biológicos 
como as bactérias, enquanto nos fenômenos transformativos esta interferência é 
intensa, exceto a autólise, outro tema que veremos mais adiante. 
 
Os abióticos se dividem em imediatos e mediatos, já os transformativos são 
classificados em destrutivos e conservadores. 
 
Nós aprendemos que osfenômenos cadavéricos abióticos imediatos são 
aqueles que começam imediatamente após a cessação da vida, tal como a perda da 
consciência. 
 
O desaparecimento dos movimentos, a perda dos movimentos respiratórios e 
dos batimentos cardíacos, a perda da ação reflexa a estímulos táteis, térmicos e 
dolorosos e a perda das funções cerebrais. 
 
Já os fenômenos abióticos mediatos, que também podem ser chamados de 
consecutivos, que são aqueles que começam minutos ou horas após a morte são os 
seguintes: 
 
• desidratação, 
 
• resfriamento do corpo, 
 
• manchas de hipóstase, 
 
• rigidez cadavérica, 
 
• coagulação do sangue, 
 
• alterações oculares 
 
 
 
 
 
 
206 
• e autólise que é a destruição do tecido humano pelas próprias bactérias que 
vivem no corpo. 
 
Esses fenômenos abióticos consecutivos que vimos acima sofrem influência 
direta de fatores variáveis, como a causa da morte e o local em que ocorreu a morte. 
 
Isso quer dizer que um cadáver encontrado em uma margem de rio que é um 
ambiente úmido e frio terá um resfriamento muito maior que um cadáver encontrado 
no interior de uma residência, por exemplo. 
 
Veja só a manifestação dos fenômenos cadavéricos a seguir em algumas fotos. 
E um macete para decorar com facilidade é lembrar-se da chamada “tríade da morte”, 
composta pelo rigor mortis, livor mortis e algor mortis que como estudamos, 
representam os fenômenos de rigidez, mancha hipostática e resfriamento do cadáver. 
 
A respeito dos fenômenos cadavéricos. Existem vídeos e imagens que 
viralizaram na internet onde aparecem cadáveres que praticamente “voltam a viver”. 
 
Mas isso seria possível? Vimos que os sinais abióticos são conclusivos para 
constatar a morte. Como isso poderia acontecer? 
 
Para compreender melhor como isso pode acontecer, procuramos nos livros de 
ciência uma explicação para esse acontecimento e descobrimos que Sim! Braços e 
pernas podem se mover durante a rigidez cadavérica. Esse processo começa entre 
uma e duas horas após a morte e acaba em 24 horas. 
 
Quando estamos vivos, tanto a contração como o relaxamento dos músculos 
gastam moléculas armazenadoras de energia, conhecidas pela sigla ATP. Mas, quando 
morremos e as reservas de ATP se esgotam, os filamentos musculares de contração 
ficam permanentemente unidos. É nesse instante que pode haver uma movimentação 
brusca dos membros, se eles estiverem estendidos. 
 
Esse movimento tende a ser sempre em direção ao centro do corpo e pode ser 
influenciado por fatores como a temperatura ambiente e até a causa da morte. 
 
Fenômenos transformativos 
Separe uma folha nova para o caderno. Começaremos agora a aprender sobre 
os fenômenos transformativos, aquele fenômeno que age modificando o cadáver. Eles 
recebem esse nome porque modificam o corpo, diferente dos fenômenos abióticos, e 
podem ser chamados de fenômenos transformativos destrutivos e, conservadores. 
 
 
 
 
 
207 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os destrutivos 
como o nome já diz, agem destruindo o corpo, e são chamados de putrefação, 
maceração e autólise. 
 
Enquanto que os fenômenos transformativos conservadores ocorrem em um 
cadáver conservando o mesmo e são chamados de mumificação, saponificação e 
corificação. 
 
Vamos começar aprendendo sobre os fenômenos transformativos destrutivos! 
Fenômenos transformativos destrutivos 
 O primeiro que iremos falar será a Autólise: 
 
São vários fenômenos fermentativos anaeróbicos que ocorrem no interior das 
células do indivíduo após sua morte, ocorrem independentemente de qualquer ação 
de outros microrganismos. É o primeiro dos fenômenos cadavéricos. Palavras 
difíceis, não é mesmo? 
 
Vamos descomplicar então! 
 
 
 
 
 
 
208 
Somos compostos de pequenas estruturas que recebem o nome de células. 
Esses milhões de unidades que compõem nosso corpo possuem uma vida própria, se 
alimentam dos nutrientes que ingerimos e usam o mesmo ar que aspiramos pelo nariz 
e que preenche nosso pulmão. 
 
A partir do momento em que cessa a vida, deixamos de ingerir nutrientes e 
também de realizar a respiração. As células, por sua vez também ficam sem nutrientes 
e então entram em colapso. 
 
Em uma tentativa de deixar de usar energia para realizar suas funções elas se 
auto destroem. Por isso o nome autólise que significa auto destruição da célula. 
 
As primeiras células do corpo que realizam essa função são as células nervosas 
do nosso cérebro e medula, enquanto que as mais resistentes são as células ósseas. 
O segundo fenômeno destrutivo que iremos aprender é a Maceração. 
A maceração é o processo de transformação destrutiva em que ocorre o 
amolecimento dos tecidos e órgãos quando os mesmos ficam submersos em um meio 
líquido, comum no caso de cadáveres afogados e também em fetos onde ocorre a 
morte intrauterina, pois a cavidade uterina é repleta de líquido amniótico. 
 
Na maceração, a pele se torna esbranquiçada e enrugada e faz com que a 
epiderme se solte da derme e possa até se rasgar em grandes fragmentos. Isto é 
bastante evidente nas mãos onde a pele se desprende como se fossem “luvas”. 
 
Com o desprendimento da epiderme é possível então visualizar a derme, que é 
vermelha brilhante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
209 
E finalmente, vamos abordar o mais complexo dos fenômenos transformativos 
destrutivos: a Putrefação. 
 
 A PUTREFAÇÃO É DIVIDIDA EM QUATRO FASES: 
 
A PRIMEIRA FASE 
 
Recebe o nome de coloração. É nessa fase que surge a mancha verde 
abdominal. É possível observar o surgimento de uma mancha verde na parede 
abdominal da fossa ilíaca direita. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O sangue fica verde por conta de uma reação entre o gás sulfídrico e a 
hemoglobina que é a molécula do sangue. 
 
O que ocorre é que o tecido do corpo passa a sofrer a ação de bactérias que 
iniciaram a decomposição dos tecidos do corpo humano. Essas bactérias de 
decomposição produzem um cheiro similar ao enxofre, comum de ovos podres. Esse 
gás quando misturado com o sangue faz com que o sangue fique verde. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
210 
Essa mancha surge entre 18 e 24 horas após a morte e dura cerca de uma 
semana e com o passar do tempo será distribuída em todo o tronco, cabeça e 
membros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A SEGUNDA FASE 
 
Da putrefação é o período gasoso que dura em média duas semanas e ocorre 
porque o gás sulfídrico oriundo da putrefação migra para a superfície do corpo. O 
cadáver assume uma postura de boxeador, com face, tronco, pênis e escroto inchado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um outro sinal é a presença de circulação póstuma de Brouardel, caracterizada 
pelo Aparecimento na Pele de veias cheias de Sangue causada pelo Aumento de 
volume das cavidades abdominais pelos gazes gerados pela Putrefação cadavérica. 
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Pele
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Pele
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Pele
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Sangue
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Sangue
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Sangue
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Aumento
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Aumento
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Aumento
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Putrefa%C3%A7%C3%A3o
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Putrefa%C3%A7%C3%A3o
https://www.enciclopedia.med.br/wiki/Putrefa%C3%A7%C3%A3o
 
 
 
 
 
211 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERCEIRA FASE 
Chamado de estágio coliquativo, esse estágio é caracterizado pelo amolecimento e 
desintegração dos tecidos que se transformam em uma massa pastosa, chama 
putrilagem. 
 
O aspecto geral desse estágio é como se o cadáver estivesse derretendo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
212É nessa fase em que surgem as larvas e insetos necrófagos. 
 
Esses elementos vivos que podem ser visualizados em um cadáver são de 
extrema importância para elucidar importantes questões que como vimos nas aulas do 
módulo de Medicina Legal, são atribuições da Perícia Criminal resolver, como o 
momento estimado da morte, se o crime ocorreu no lugar em que o cadáver foi 
encontrado. 
 
Veremos no decorrer das nossas aulas de tanatologia a seriedade com que os 
pesquisadores e cientistas forenses tratam a Entomologia Forense que é a ciência 
responsável pelo estudo dos insetos que podem viver e se reproduzir em um cadáver 
e como estes insetos que recebem o nome de fauna cadavérica são muitas vezes os 
verdadeiros peritos, oferecendo aos profissionais respaldo para atestar o dia, a hora e 
circunstância do crime. 
 
 
QUARTA FASE: ESQUELETIZAÇÃO 
 
A esqueletização é a quarta fase de redução do cadáver. É o momento em que os 
tecidos considerados moles, como as camadas da epiderme, as cartilagens, os músculos 
e o tecido adiposo já se reduziram totalmente, e os ossos do cadáver começam a ficar 
à mostra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
213 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alguns autores também chamam de fase de ossificação, e ela ocorre após alguns 
fenômenos que ocorrem na fase coliquativa, como a desintegração da pele, tecidos 
moles e certos órgãos devido ao processo de liquefação, restando apenas os órgãos 
mais sólidos como o útero e a glândula da próstata, o coração e algumas vezes os 
tendões, as cartilagens, unhas e cabelo. O esqueleto pode também tornar-se 
desarticulado através de processos ambientais e biológicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
214 
Não é incomum que parte do cadáver composta por massa de menor densidade, 
como a cabeça, mãos, perna e pés, se apresente de forma ossificada. Isso ocorre porque 
a decomposição desses tecidos mais “magros” ocorre antes que os tecidos e órgãos da 
região torácica e abdominal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outros aspectos que catalisam a reação de putrefação é o aparecimento da fauna 
cadavérica, representada pela predominância de colônias de dípteras (moscas 
cosmopolitas) nas cavidades corpóreas como o nariz, a boca e os olhos. 
 
Por fim, é importante ter compreensão que as fases podem se conglobar. Isso é 
dizer, por exemplo, que um corpo pode manifestar-se como coliquativo e apresentar 
sinais iniciais da fase de esqueletização, que é marcada pela exposição óssea. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
215 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quis 
 
1. Com base no que estudamos sobre os fenômenos cadavéricos, assinale: 
O sinal mais precoce de putrefação do cadáver é uma mancha verde que 
aparece, primeiramente: 
 
A) na cabeça. D) nas costas. 
B) no tórax. E) nos pés. 
C) No abdômen. 
 
O gabarito correto é a letra C – No abdômen. Esse fenômeno cadavérico ocorre 
na primeira fase da putrefação, que recebe o nome de coloração. Nessa fase é 
possível observar no cadáver o surgimento da mancha verde abdominal, que se inicia 
na fossa ilíaca direita que é um local irrigado pela artéria femoral. O sangue fica 
verde por conta de uma reação entre o gás sulfídrico produzido pelas bactérias do 
intestino e a hemoglobina que é a molécula do sangue. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
216 
2. Em relação aos fenômenos cadavéricos, julgue a assertiva abaixo: A fase de 
esqueletização do período de putrefação cadavérica caracteriza-se pela posição 
de atitude de boxeador e face vultosa, com protrusão de língua e dilatação do 
saco escrotal. 
 
• certo 
 
• errado 
 
A assertiva a seguir está ERRADA. Não é na fase de Esqueletização em que 
observamos os sinais de face vultosa, protusão de língua e dilatação do saco escrotal 
e sim na fase enfisematosa ou fase gasosa, que pode ser observado a partir de uma a 
duas semanas após a morte. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
217 
AULA 3 - ENTOMOLOGIA FORENSE 
 Na aula passada concluímos o estudo dos fenômenos cadavéricos e iniciamos 
nossos estudos na Entomologia Forense que é a perícia realizada com o auxílio dos 
insetos necrófagos, como as moscas, larvas e besouros. 
 
 Na nossa aula de hoje continuaremos o estudo da entomologia forense. A 
entomologia forense pode ser definida como a aplicação do estudo da biologia de 
insetos e outros artrópodes em processos criminais. 
 
 A Entomologia Médico-Legal está relacionada com os processos criminais nos 
quais os insetos fornecem um conjunto adicional de informações para compor uma 
prova, especialmente no que diz respeito à determinação do tempo de morte. Essa 
ciência aborda elementos que abrangem a morte de humanos como os processos de 
decomposição dos cadáveres, a busca de evidências a serem utilizadas durante o 
julgamento de suspeitos e o esclarecimento de dúvidas. 
 
 A primeira aplicação da entomologia forense documentada ocorreu em um caso 
ocorrido em 1235 e está relatada em um manual Chinês de Medicina Legal do século 
13. Foi um caso de homicídio em que um lavrador apareceu degolado por um 
instrumento de ação corto-contundente. 
 
 Os investigadores, à procura de vestígios na redondeza, encontraram uma foice 
com moscas sobrevoando a seu redor, devido, provavelmente, aos odores exalados de 
substâncias orgânicas aderidas à lâmina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
218 
 Em vista disso, o proprietário da foice foi pressionado pela polícia, levando-o a 
confessar a autoria do crime. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Mas essa ciência tornou-se mundialmente conhecida apenas após 1894, com a 
publicação na França do livro chamado A Fauna dos Cadáveres do autor Mégnin, que 
fundamentou a descrição dos insetos e relatos de casos reais estudados por ele e seus 
colaboradores. 
Esses estudos são utilizados até os dias de hoje como padrão para os achados de 
insetos cadavéricos que se sucedem de modo previsível no processo de decomposição. 
No Brasil, o início dos estudos em Entomologia Forense está associado ao 
trabalho de Oscar Freire, em 1908, quatorze anos depois do trabalho de Mégin. 
Ele apresentou à Sociedade Médica da Bahia a primeira coleção de insetos 
necrófagos e os resultados de suas investigações, em grande parte obtidos do estudo de 
cadáveres humanos e carcaças de pequenos animais. 
A fauna entomológica cadavérica no Brasil apresenta vasta diversidade de 
espécies, uma vez que o processo de decomposição cadavérico apresenta condições 
ideais ao seu desenvolvimento. 
Os estudos da entomologia forense no Brasil indicam as moscas da ordem 
DIPTERA como os insetos de maior interesse na área, provavelmente pela diversidade 
deste grupo em regiões tropicais e principalmente pela atratividade que a matéria 
orgânica em decomposição exerce sobre esses insetos, influenciando no 
desenvolvimento, comportamento e dinâmica populacional das variadas espécies em 
nichos ecologicamente distintos. 
 
 
 
 
 
219 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O segundo grupo de insetos de maior interesse forense no Brasil são os besouros 
da ordem Coleóptera, frequentemente encontrados em carcaças, tanto na fase adulta de 
desenvolvimento, quanto na fase larval. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
220 
 Os conhecimentos entomológicos podem auxiliar a revelar o modo e a 
localização da morte do indivíduo, a estimar o tempo de intervalo pós morte, chamado 
de IPM, além de determinar o local onde a morte ocorreu. O intervalo pós-morte 
corresponde ao período de tempo entre a ocorrência da morte e o momento em que o 
corpo é encontrado. 
 
 A duração do desenvolvimento dos insetos encontrados no corpo, ou no local do 
crime, são usadas para calcular o IPM. 
 
 Os insetos que podem ser encontrados em um cadáversão divididos em quatro 
grupos: 
 
• Os insetos necrófagos, em sua grande maioria moscas e besouros se 
alimentam de tecido em decomposição. 
 
• Os omnívoros, que são insetos com uma dieta alimentar ampla pois se 
alimentam tanto dos corpos em decomposição quanto da fauna associada. São 
formigas, vespas e alguns besouros. 
 
• Os parasitas e predadores que utilizam a entomofauna cadavérica para 
retirar os meios para o seu próprio desenvolvimento e se alimentam dos insetos 
necrófagos, principalmente das larvas das moscas. Podemos citar nesse grupo os 
insetos dermápteros, como a tesourinha. 
 
• E o quarto grupo, os insetos acidentais, que são aqueles que se encontram 
ao acaso no cadáver, relacionados principalmente a área ecológica em que o 
cadáver estava ou foi encontrado. É comum ver aranhas, centopeias, ácaros e 
outros artrópodes nesse grupo. 
 
 Os insetos do primeiro grupo são os mais importantes no momento de determinar 
e estimar o IPM. Essa estimativa oferece um viés para a investigação criminal, pois 
através dela é possível estabelecer uma média de quanto tempo a pessoa está morta. 
 
 Essa estimativa é feita observando as fases do inseto. A mosca díptera, por 
exemplo, passa por três fases de desenvolvimento até se tornar uma mosca adulta. As 
fases são: o ovo, a larva e a pupa. 
 
 A mosca possui um olfato excelente. Ao sentir o cheiro de uma matéria em 
decomposição a mosca fêmea irá colocar ovos sobre esse substrato. Normalmente em 
lugares mais úmidos e que favoreçam a proliferação das larvas, como vísceras expostas 
e cavidades como orelha, olhos, nariz e boca. 
 
 
 
 
 
 
221 
 Um ovo demora 24 horas para eclodir. Desse ovo nascerá uma larva. 
 
 A duração do desenvolvimento do período larval é encontrada através da 
medição do tamanho das larvas. A mosca possui três estágios larvais, chamados de 
primeiro, segundo e terceiro ínstar. 
 
 Cada estágio larval demora 24 horas. Isso quer dizer que depois de vinte quatro 
horas que aquela larva nasceu do ovo, ela já estará se preparando para o segundo ínstar. 
 
 E após vinte quatro horas ela passará do segundo para o terceiro ínstar. 
 
 No terceiro ínstar a larva precisa se alimentar para adquirir energia suficiente 
para a terceira fase da sua metamorfose, que é chamada de pupa. 
 
 Para isso a larva do terceiro ínstar fica 72 horas se alimentando do substrato. 
Após esse período ela procurará um lugar adequado e seguro para se transformar em 
uma pupa. 
 
 A pupa é uma espécie de casulo em que ela permanecerá por 5 a 10 dias até virar 
uma mosca. 
 
 Essa disciplina é levada a sério pela biologia. Existem importantes laboratórios 
e centros de pesquisa responsável por estudar dia e noite a entomologia forense, como 
o Museu de História Natural, na Inglaterra, que tem como responsável o Doutor Martin 
Hall, um biomédico entomologista que presta auxílio a justiça na investigação criminal 
através dos conhecimentos da entomologia e da biologia dos insetos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
222 
AULA 4 - CONTINUAÇÃO À ENTOMOLOGIA 
FORENSE 
 Na aula passada aprendemos sobre a Entomologia Forense e os principais insetos 
aplicados nessa área do conhecimento. 
 
 Na aula de hoje veremos alguns casos concretos em que essa ciência foi utilizada 
a favor da justiça e os fenômenos de variabilidade da data estimativa da morte. 
 
 Quando aprendemos sobre as fases de decomposição vimos que eles levam 
determinado período de tempo para começarem a acontecer, mas essas estimativas são 
encontradas com base em uma média de tempo calculada no Brasil, em um clima fresco 
e aberto. 
 
 Mas nem sempre os cadáveres encontram-se expostos às mesmas temperaturas, 
espaços e ambientes. 
 
 Por exemplo, a decomposição de um cadáver dentro de uma residência fechada 
em uma cidade fria do Rio Grande do Sul seguirá fases e manifestações totalmente 
diferentes da decomposição de outro cadáver que se encontre na beira de um rio em 
uma cidade quente como o Rio de Janeiro, por exemplo. 
 
 Essa diferença acontece porque para determinar o IPM não basta somente 
conhecer o ciclo de vida dos insetos. Devemos também considerar a influência dos 
fatores ambientais como a temperatura, a umidade relativa, a latitude e a altitude da 
área que se encontra o corpo de delito analisado. 
 
 É necessário também considerar se o corpo está coberto com roupas e se ocorreu 
a presença de substâncias ingeridas ou se sobre o corpo há algum produto como 
combustíveis, lubrificantes ou tintas. 
 
 Tudo isso irá influenciar na chegada dos insetos até o cadáver e a proliferação 
dos mesmos na carcaça. 
 
 Veremos a seguir uma coletânea de casos onde a entomologia forense foi 
utilizada e aplicada juntamente com os métodos conservadores de uma investigação 
criminal. 
 
 
 
 
 
 
223 
Caso 1 
 Em 06 de julho de 1999, o corpo de uma mulher foi encontrado em um imóvel 
residencial. 
 
 As portas e janelas estavam lacradas e o corpo estava coberto por várias colchas 
e lençóis. Esses tecidos formaram uma espécie de barreira para o acesso dos insetos ao 
cadáver. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O corpo estava inchado, a língua estava protusa e exalava um odor fétido. 
 
 O relatório de investigação indicou que a mulher teria sido vista viva pela última 
vez, três dias antes da data em que o corpo foi encontrado. 
 
Apenas alguns ovos de mosca foram localizados atrás da orelha e eclodiram em 
laboratório. 
 
 
 
 
 
224 
 Essas larvas foram criadas até o estágio adulto. O grau dia acumulado foi 
calculado baseado no tempo de desenvolvimento para essa espécie sob condições de 
laboratório. 
 
 O GDA foi calculado para eclosão dos ovos resultando em um intervalo pós-
morte menor que um dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Esses resultados não coincidiram com a estimativa obtida pelos médicos legistas 
através de critérios usuais como aparência física, lividez, rigor mortis e principalmente 
o relatório da investigação. 
 
 Essa discrepância entre a estimativa alcançada pela análise das moscas e larvas 
e o resultado obtido através do relatório da investigação provavelmente aconteceu pelo 
atraso na chegada dos insetos ao corpo, porque as portas e janelas estavam fechadas e 
o copo estava coberto, criando uma barreira. 
 
 Se o corpo estivesse em um ambiente externo seria imediato o início do 
desenvolvimento entomológico e várias espécies de insetos estariam presentes, 
possibilitando os cálculos pela comparação de seus ciclos de vida, aumentando a 
acuidade do método. 
 
 
 
 
 
 
 
 
225 
Caso 2 
 Em 06 de julho de 1999 em um terreno baldio com piso de terra batida foi 
encontrado um cadáver masculino em avançado estágio de decomposição, já 
apresentando as características compatíveis com o estágio enfisematoso. Esse cadáver 
estava coberto por vegetação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O relatório da investigação indicou que o homem havia sido visto pela última 
vez a quatro dias atrás. Através da estimativa da morte e reconstruindo os últimos 
lugares e pessoas visitados pela vítima a polícia conseguiu chegar até a autoria daquele 
crime. 
 
 No cadáver a equipe de entomologia forense encontrou espécimes adultos dos 
insetos Chrysomya megacephala, Chrysomya macellaria e Sarcophaga ruficornis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
226 
 
 
 
 
 
 
 
 Quanto aos insetos imaturos, muitas larvas em terceiro ínstar foram encontradas, 
especialmente na região craniana. 
 
 A temperatura da massa larval foi medida em 31 graus célsius. 
 
 Em 14 de julho, depois de 141 horas, alguns espécimes de Chrysomya 
megacephala emergiram. 
 
 O grau dia acumulado foi calculado e o intervalo pós-morte mínimo foi estimado 
em 4 dias, o que coincidiu com a estimativa obtida pelos métodos usuais de 
investigação. 
Caso 3 
 Em 9 de agosto de 1999, o corpode um homem foi descoberto no meio de uma 
floresta. 
 
 Os investigadores verificaram que o homem teria sido visto pela última vez seis 
dias antes do corpo ser encontrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
227 
O corpo estava em recente estagio de decomposição e os espécimes adultos 
Calliphoridae e Sarcophagidae estavam presentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 Quanto aos insetos imaturos, larvas de terceiro ínstar estavam no corpo e 
pupários escuros foram encontrados no solo perto do corpo. 
 
 Em 13 de agosto de 1999, após 92 horas alguns espécimes de Cochliomya 
macellaria emergiram em laboratório. 
 
 O grau dia acumulado foi estimado em 5,5 dias, em conformidade com o 
intervalo obtido nas investigações. 
Caso 4 
 Em 19 de abril de 2004, os corpos de 26 homens foram encontrados na floresta 
da reserva indígena do Parque Nacional Aripuanã, no estado da Rondônia. 
 
 Segundo a investigação da Polícia Federal os garimpeiros teriam sido mortos 
durante um conflito com os índios por causa da extração ilegal de diamantes na reserva 
em abril de 2004. 
 
 Os corpos dos 29 garimpeiros foram achados pela Polícia Federal já em estado 
de decomposição. Na ocasião, helicópteros foram usados para retirar os cadáveres, 
colocados em 13 sacos de diferentes tamanhos. 
 
 Numa região de floresta densa e chuvosa. Os homens foram identificados como 
garimpeiros envolvidos em confronto com índios Cinta Larga. 
 
 
 
 
 
 
228 
 Os corpos estavam em diferentes posições, 23 juntos e três isolados, numa 
distância de 1000 metros dos outros. 
 
 Os corpos estavam vestidos com camisetas, shorts ou calças e em diferentes 
condições. 
 
 Os estágios de decomposição eram de saponificação e Esqueletização. 
 
 A necropsia indicou que a maior parte das mortes foi causada por traumatismo 
cranioencefálico. 
 
 Não havia patologistas nem entomologistas presentes na cena do crime. 
 
 Não foram coletados insetos, nem verificada a temperatura em umidade do local. 
Os corpos foram removidos e transportados de helicóptero para a cidade de Porto 
Velho, localizado a 500 quilômetros do local do crime. 
 
 Em 20 de abril, 2004, durante a necropsia foram coletadas 320 larvas dos corpos. 
As larvas foram imediatamente refrigeradas e encaminhadas para a Universidade de 
Brasília onde foram identificadas como Paralucilia fulvinota. 
 
 No laboratório as larvas que estavam em terceiro instar evoluíram para pupas em 
58 horas e em adultos em 110,5 horas. 
 
 O tempo total de desenvolvimento para Paralucilia fulvinota foi mensurado em 
experimentos realizados em Manaus dentro da floresta usando carcaça de porcos. 
 
 A idade estimada das larvas e o intervalo pós-morte mínimo foi de 5,7 dias. 
 
 O dia o mais provável que possa ter ocorrido o massacre foi no dia 15 de abril 
de 2004. 
 
 O que esses casos concretos nos mostram é que como o Brasil é um país que 
possui uma grande diversidade de climas e ambientes, é possível observar diferentes 
espécies entomológicas e diferentes estágios e ciclos de desenvolvimento desses 
insetos. 
 
 Por mais que na maior parte das vezes a estimativa do IPM obtida através da 
análise dos insetos irá coincidir com as informações e as provas investigativas, existem 
circunstâncias que podem alongar ou reduzir a estimativa do IPM. 
 
 
 
 
 
 
229 
Dinâmica de trabalho da equipe de trabalho da entomologia forense 
 A equipe pericial que trabalha em campo no atendimento de diversos locais de 
crime é normalmente composta por um perito criminal e um fotógrafo técnico-pericial, 
podendo ser incrementada com um desenhista técnico-pericial e um auxiliar de 
papiloscopia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Compete ainda ao perito criminal o exame Peri necroscópico do corpo humano 
envolvido em morte violenta ou em morte suspeita, ainda no local onde foi encontrado 
sendo, portanto, o primeiro agente do Estado a proceder o exame do cadáver, buscando 
relacionar as circunstâncias em que o corpo foi encontrado e suas eventuais lesões, com 
a cena do crime. 
 
 Esse profissional irá complementar seu laudo mencionando aspectos imediatos 
à consumação do crime como os atos preliminares, sua execução e os vestígios 
remanescentes do crime. Uma análise criteriosa desses vestígios poderá fornecer os 
elementos de convicção indispensáveis ao julgador. 
 
 É nesse campo que a Entomologia Forense ganha espaço, porém a sistemática 
para sua execução deve se adequar às peculiaridades, limitações e dificuldades 
enfrentadas pela equipe pericial, sob pena do seu potencial investigativo ser ignorado. 
 
 Encerramos a aula de hoje alunos. Espero que tenham aprendido bastante sobre 
esse universo da biologia e dos insetos necrófagos. Continuaremos na próxima aula 
com mais alguns casos práticos de como a perícia e os insetos são fundamentais em 
uma investigação criminal! Até a próxima aula 
 
 
 
 
 
230 
AULA 5 - CASUÍSTICA DE ENTOMOLOGIA 
FORENSE 
 Na aula passada aprendemos sobre os fatores de variabilidade na hora de apurar 
o intervalo após a morte. 
 
 Na aula de hoje veremos a aplicabilidade prática da Entomologia Forense na 
perícia criminal. 
 
 Esse caso se trata de um caso de homicídio que caminhava para arquivamento 
do Inquérito Policial como morte natural. 
 
 Um cadáver em avançado estado de putrefação com presença de colonização de 
larvas foi atendido na cidade de Franca em São Paulo, onde uma mulher cardiopata e 
que residia sozinha foi encontrada nua ao lado de sua cama, em decúbito ventral, com 
estimativa de morte para 7 dias e sem vestígios de violência naquele ambiente, nem 
rompimento de obstáculos como portas e janelas. 
 
 O Exame necroscópico foi efetuado e não foram encontrados traumas que 
sugerissem violência, mesmo porque o estágio putrefativo daquele cadáver impedia 
quaisquer considerações a respeito de eventuais lesões superficiais. O laudo médico-
legal foi emitido como provável causa mortis decorrente de falência cardiovascular, 
como um infarto. 
 
 Já o exame Peri necroscópico realizado pelo Perito Criminal de local constatou 
a presença de massa larval na nuca da vítima, na região occipital do crânio, o que 
chamou a atenção do perito criminal que fez constar o fenômeno em seu laudo pericial, 
alertando o delegado quanto à possibilidade de a vítima ter sofrido em vida alguma 
lesão na nuca que tenha causado o extravasamento sanguíneo. 
 
 Um caso que já caminhava para arquivamento ganhou novas diligências, 
inclusive com exumação do cadáver, que confirmou o laudo médico-legal, 
comprovando que não haviam traumatismos no esqueleto da vítima. 
 
 No curso das investigações os investigadores tiveram êxito em identificar um 
suspeito que teria invadido a residência da vítima no período estimado pelos peritos 
para a morte da vítima. Esse suspeito confessou a tentativa de estupro. 
 
 Ao tentar imobilizar a vítima no chão o agressor golpeou sua nuca contra o piso 
áspero, ocasião em que a vítima teria desfalecido e o autor do delito empreendido fuga. 
 
 
 
 
 
231 
 Mas antes o criminoso reorganizou o estado das coisas e trancafiou a porta com 
chave reserva, alterando a cena do crime. 
 
 A grande contribuição que os conhecimentos entomológicos prestaram à Justiça 
nesse caso demonstra o potencial dessa ciência. 
 
 Falaremos agora sobre os fenômenos cadavéricos transformativos 
conservadores, que são aqueles que agem transformando o cadáver, mas ao invés de 
reduzir e levar ao apodrecimento como a decomposição ou a maceração ele conservará 
o cadáver de alguma forma, preservando seu tecido e esqueleto. 
Mumificação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 A mumificação é um processo transformativo conservador do cadáver, podendo 
ser produzido por meio natural, artificial, natural e misto. 
 
 Nas mumificações artificiais os corpos são submetidos a processos especiais de 
conservação que tem como objetivopreservar o corpo por conta de alguma crença ou 
ritual. 
 
 Os primeiros registros desses acontecimentos são muito antigos. Eles eram feitos 
como embalsamamentos e eram praticados pelos povos egípcios, pelos nativos das 
Ilhas Canárias e pelos incas no Peru. 
 
 Atualmente existem relatos de cultura que realizam a preservação do corpo de 
seus familiares os mumificando, como os povos da Indonésia que enterram seus 
familiares e anualmente os desenterram para celebrar o dia dos mortos com seus 
familiares que já partiram. Diferente não é mesmo? Veja a seguir como é o Dia dos 
Mortos na Indonésia. 
 
 
 
 
 
232 
 A mumificação pode ocorrer também como um processo natural, mas é algo 
muito incomum e que dependerá de condições ambientais específicas que garantam a 
desidratação rápida, de modo a impedir a ação microbiana responsável pela putrefação. 
O cadáver, ficando exposto ao ar, em regiões de clima quente e seco, perde água 
rapidamente, sofrendo acentuado dessecamento. 
 
 Podemos citar por exemplo as múmias do deserto, que são cadáveres de pessoas 
que morreram e tiveram seus corpos desidratados ficando com um aspecto de 
mumificação. 
Saponificação 
 Também chamada de adipocera, a saponificação é um processo conservador que 
se caracteriza pela transformação do cadáver em substância de consistência untuosa, 
mole e quebradiça, de tonalidade amarelo-escura, dando uma aparência de cera ou 
sabão. 
 
 
 
 
 
 
 Ela surge depois de um estágio mais ou menos avançado de putrefação quando 
certas enzimas bacterianas hidrolisam as gorduras neutras, dando origem aos ácidos 
graxos, os quais em contato com elementos minerais da argila se transformam em 
ésteres. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
233 
 É raro encontrar um cadáver totalmente transformado por esse fenômeno 
especial. Mais comum é encontrar um cadáver com pequenas partes ou segmentos 
limitados, constituídos em adipocera. Inicia-se esse processo pelas partes do corpo que 
contêm mais gordura. 
 
 Esse fenômeno pode surgir espontaneamente, em geral após a sexta semana 
depois da morte, sendo, porém, a água parada e o solo argiloso os responsáveis. 
 
 O solo argiloso, úmido e de difícil acesso ao ar atmosférico facilita tal processo 
especial de transformação cadavérica. 
 
 Este processo é mais comum em cadáveres com mais tecido adiposo, 
normalmente observado em obesos. 
Calcificação 
 A calcificação é um fenômeno transformativo conservador que se caracteriza 
pela petrificação ou calcificação do corpo. Ocorre mais frequentemente nos fetos 
mortos e retidos na cavidade uterina, constituindo-se nos chamados litopédios, que 
significa criança de pedra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Corificação 
 A corificação é um fenômeno transformativo conservador muito raro, descrito 
por Della Volta em 1985, sendo encontrado em cadáveres que foram armazenados em 
urnas metálicas fechadas hermeticamente, principalmente em urnas de zinco. 
 
 
 
 
 
234 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O cadáver submetido ao fenômeno da corificação apresenta a pele de cor e 
aspecto do couro curtido recentemente. 
 
 O cadáver normalmente fica com o abdome achatado e deprimido, a musculatura 
e a tela subcutânea preservadas e os órgãos em geral amolecidos e conservados. 
 
 No interior da urna, pode-se encontrar relativa quantidade de um líquido viscoso, 
turvo e de tonalidade castanho-amarelada. 
 
 Acredita-se que nesse fenômeno o cadáver passa por um processo inicial de 
putrefação, mas que por motivos ainda não bem explicados seria interrompido, dando 
origem em seguida a um processo de mumificação natural, sendo responsável por isso 
certos ácidos graxos oriundos da decomposição da gordura e o ambiente fechado onde 
o cadáver se encontra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
235 
Congelação 
 Um cadáver submetido à baixíssima temperatura e por tempo prolongado vai se 
conservar integralmente por muito tempo. Há relatos de que foram encontrados corpos 
de animais pré-históricos com milhões de anos e que tiveram a aparência e a 
conservação preservadas. 
 
 Certos autores consideram que em temperaturas de menos 40 graus podem-se 
obter “uma preservação quase indefinida”, inclusive permitindo a conservação em 
condições vitais de alguns materiais orgânicos como ossos, tecidos e espermatozoides. 
 
 Como exemplo temos as múmias do gelo, que ficam preservadas por conta da 
baixa temperatura que anula a ação bacteriana e preserva a matéria. 
 
 A mais famosa dessas múmias é Ôtzzi, você já ouviu falar dele? 
 
 E por fim, iremos aprender sobre um fenômeno de conservação realizado por 
tribos indígenas da região da Amazônia. 
 
 O fenômeno das cabeças reduzidas, chamado de TsanTsan constituía-se em uma 
forma especial de conservação cadavérica utilizada por aborígines do Equador, 
Colômbia e Peru, com a finalidade de manter as cabeças de seus inimigos como troféu 
de guerra ou talismã. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Essas cabeças, além de conservadas, apresentavam-se com acentuada 
diminuição do seu volume. 
 
 
 
 
 
236 
 Muitos pensavam que esse processo era devido a uma prática capaz de reduzir o 
tamanho da cabeça. Na verdade tal redução se devia à retirada de todos os ossos do 
crânio e da face, com o cuidado de manter a pele íntegra. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Através de um corte na parte posterior do pescoço retiravam esses ossos e a bolsa 
de pele da cabeça era colocada em água fervente com ervas por 15 a 20 minutos, o que 
diminuía em cerca da metade o seu volume. 
 
 Em seguida, por meio da ação do calor conseguiam encolher e endurecer a pele 
da face e da cabeça, colocando nessa espécie de saco de pele humana uma pedra quente 
e recheio de areia que lhe servia de molde, o que diminuía pouco a pouco seu tamanho. 
 
 A isso, juntavam-se ainda certas ervas aromáticas e ricas em tanino, o que evitava 
o mau cheiro e a putrefação. 
 
 Depois, quando a areia e a pedra começavam a esfriar, reiniciava-se o mesmo 
processo e com isso a cabeça ia encolhendo ainda mais. Durante esse procedimento, a 
cabeça ia sofrendo a ação da fumaça de carvão vegetal ou negro de fumo e por isso 
tinha sempre a tonalidade enegrecida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
237 
 Assim, a cabeça sem os ossos do crânio e da face ia encolhendo até adquirir o 
tamanho de um punho. 
 
 Enquanto durava essa operação, o corte da nuca continuava aberto, e quando a 
bolsa de pele chegava a uma forma e tamanho desejados faziam a sutura da incisão da 
nuca, costuravam os olhos, passavam azeite nos cabelos e faziam um orifício na parte 
superior da cabeça por onde colocavam um cordão para suspendê-la ou pendurá-la. 
 
 Muito curioso os fenômenos transformativos conservadores, não é mesmo?! Isso 
acontece porque a relação da vida após a morte é algo que sofre muita influência da 
cultura e da crença local e regional. Nossa cultura está sujeita a mudar e com isso 
mudam os costumes também, mas a história ficará preservada, assim como as múmias 
e os fenômenos transformativos conservadores! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
238 
AULA 6 - EXPERIMENTO PRÁTICO DE 
TANATOLOGIA FORENSE – PARTE 1 
 Nas últimas aulas aprendemos sobre o desenvolvimento dos insetos em um 
cadáver e como eles são fundamentais no estudo da Entomologia Forense. 
 
 Para termos um conhecimento concreto acerca do tema, realizamos nesse 
módulo de tanatologia um experimento que acompanhou a decomposição de duas 
cabeças de suíno por aproximadamente 90 dias, realizando o registro fotográfico, 
relatando e relacionando as principais modificações desse cadáver. 
 
 Os relatos técnicos e o material registrado através de vídeos e fotos servirãopara 
vermos na prática como acontece o surgimento dos insetos, larvas e suas diferenças, 
bem como o surgimento dos fenômenos transformativos. Espero que gostem do 
experimento, pois ele foi desenvolvido especialmente para aprimorar e desenvolver 
ainda mais o estudo de vocês! 
 
 Na aula de hoje aprenderemos na prática sobre os processos físico químicos 
que ocorrem na disciplina de Tanatologia Forense. 
Experimento prático de tanatologia forense 
 Esse estudo tem como objetivo analisar de maneira sistemática as fases da 
putrefação de um cadáver, usando como modelo animal carcaças de cabeças de suínos 
domésticos de nome científico sus scrofa Domésticus de aproximadamente 3 Kg cada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
239 
 As cabeças foram expostas em ambiente rural da região noroeste do Estado do 
Paraná, em um local próximo a uma represa chamada de Usina Mourão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Os porcos foram armazenados em armadilhas apropriadas, para evitar o ataque 
de bichos maiores que poderiam atrapalhar o experimento. 
 
 Ambos os suínos foram abatidos conforme procedimento realizado em 
abatedouros especializados. As cabeças foram adquiridas em açougue e no início do 
experimento estavam frescas e aptas para consumo. 
Local do experimento 
 Um dos experimentos ocorreu nas proximidades da represa, em uma distância 
de um metro da água e sem qualquer tipo de proteção contra o sol ou à chuva, 
simulando um achado de cadáver na beira da represa, em clima úmido e quente a maior 
parte do dia, com início de luz solar às 6 da manhã e ausência de luz solar às 18 horas. 
 
 A segunda cabeça de porco foi deixada em um local de cultivo de folhosas como 
o eucalipto. A vegetação local, composta de plantas altas que impediam o sol fez com 
que o local simulasse uma cena de crime de achado de cadáver em mata fechada. 
 
 
 
 
 
 
240 
 O clima do segundo local é frio a maior parte do dia e de incidência de sol 
praticamente nula, pois as árvores da região impedem que o sol chegue até o chão. O 
segundo local, portanto, não tem luz solar e mantém durante a maior parte do dia e 
noite uma temperatura média, sem picos de calor. 
 
 Para que fique mais fácil a identificação das amostras durante o experimento 
chamaremos o experimento da cabeça de porco que foi deixado na margem do rio de 
CADÁVER 1 e o porco que foi deixado em meio aos eucaliptos iremos chamar de 
CADÁVER 2. 
Metodologia utilizada na pesquisa e experimento 
 A identificação dos estágios de decomposição das carcaças de suínos foi feita 
através de observações pessoais juntamente com registros fotográficos diários, baseada 
em informações da literatura médico legal. 
Coleta de dados durante o experimento. 
 A coleta de dados durante o experimento ocorreu da seguinte forma: 
 
• Na primeira semana foi monitorado diariamente, no período da manhã e no 
período da tarde as duas cabeças de porco. 
 
• Foram registrados dados como temperatura e também as espécies dos insetos 
que foram observados nos experimentos. 
 
• Na segunda semana em diante o acompanhamento e as visitas aos locais 
passaram a ocorrer em menor frequência, ocorrendo semanalmente. 
Início do experimento 
 O experimento foi iniciado em 22 de julho de 2020 ao meio dia. A temperatura 
registrada no dia era de 27 graus célsius. 
 
 As gaiolas foram montadas utilizando tela de alumínio e arame e amarradas com 
corda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
241 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIA 1 - 22 de julho de 2020 
 Assim que as gaiolas foram devidamente instaladas e o experimento iniciou já 
chegaram algumas moscas nos porcos e começaram a voar em volta. 
 
 As moscas foram atraídas pelo cheiro da matéria sem vida, mas isso não está 
relacionado ao olfato da mosca. 
 
 O que acontece é que a mosca não tem nariz como nós, que captamos o odor 
através de terminações nervosas do nariz que enviam uma mensagem para o cérebro 
que por sua vez assimila o cheiro. 
 
 A mosca possui células sensoriais por todo o corpo, principalmente em suas 
antenas. É como se ela tivesse milhares de narizes espalhados por todo o seu pequeno 
corpo, o que faz com que ela consiga sentir o cheiro das coisas de uma distância muito 
maior do que nós humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
242 
DIA 2 – 23 de julho de 2020 
 Realizamos a visita na parte da manhã. Eram 9 horas da manhã. A temperatura 
do dia estava em 26 graus célsius e o suíno estava úmido por conta do orvalho e do 
sereno da noite. Havia cerca de 2 a 3 moscas varejeiras voando em volta da carcaça. 
 
 No porco de número 2, em mata fechada, foi possível observar a presença de 
diversas moscas pretas no porco, principalmente no focinho, que é o orifício mais 
úmido e frio do porco. Haviam aproximadamente 5 moscas pretas, chamada também 
de mosca cosmopolita ou doméstica, que é a mesma que vemos em lixeiras na cidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dia 23 de Julho de 2020, às 15 horas. 
 Faziam 28 graus célsius e o porco de número 1, que no dia de ontem apresentava 
uma coloração branco-rosada comum ao suíno doméstico hoje já estava com a cor do 
couro rosa amarelado. 
 
 Durante a verificação do experimento identificamos um inseto chamado de traça. 
Esse inseto se alimenta não só de amido presente em roupas, sapatos, livros e outros 
materiais sintéticos, mas também de ovos de moscas. Identificar esse inseto foi 
fundamental para afirmar que naquele dia se iniciou a contagem entomológica naquela 
carcaça. 
 
 
 
 
 
243 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Não foi possível sentir nenhum odor característico da putrefação, mas havia 
grande número de moscas verde metálicas e azul metálicas nas cavidades, 
principalmente orifícios do focinho e boca. 
 
 Uma informação interessante sobre as moscas verde e azul metálicas, 
popularmente chamadas de varejeiras é que elas são mais comuns em áreas rurais, 
afastadas dos centros urbanos, como por exemplo o local em que a cabeça de suíno 
número um foi deixada. 
 
 Já com relação ao suíno dois foi possível identificar um grande número de 
moscas domésticas, as moscas pretas ou cosmopolitas não só nas cavidades, mas 
também sobrevoando toda a carcaça, que já apresentava um odor desagradável, porém 
suportável. 
 
 Com relação ao couro do porco, o mesmo apresentou uma cor amarelo rosada, 
mais próxima da cor natural do dia anterior. 
 
 Provavelmente relacionada a não interferência do sol. No suíno número um a 
atividade solar cozinhou o couro do porco, enquanto que no suíno número dois não 
houve ação solar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
244 
24 de julho de 2020 
 Nessa data foram realizadas duas visitas ao experimento. Na parte da manhã, por 
volta de 8 horas da manhã faziam 26 graus célsius no local em que estava o suíno O 
mesmo apresentava um aspecto de úmido, provavelmente por conta do sereno e da 
proximidade da água. Também não foi identificado nenhum tipo de inseto próximo ao 
suíno ou nas cavidades. 
 
 Esse local do experimento do suíno número um atinge baixas temperaturas 
durante a noite, o que faz cessar toda a atividade entomológica durante a noite. A partir 
das 6 horas da manhã, conforme a luz solar surge, os insetos vão surgindo, atingindo o 
pico de atividade entomológica após o meio dia. No momento da visita ainda estava 
úmido e sem muitos insetos. 
 
 Já no local em que foi deixado o suíno número dois a temperatura era de 22 graus 
célsius. Haviam muitas moscas, mas o suíno ainda apresentava o mesmo aspecto 
amarelo-rosado de quando o experimento iniciou. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Foi possível verificar a presença de um grande número de moscas domésticas 
que voavam em volta da cabeça do suíno e na cavidade dos olhos foi possível constatar 
a presença de ovos demoscas. 
 
 Já na parte da tarde o examinador retornou até o local e verificou que a cor do 
suíno estava amarelo pardacenta, como se tivesse sido cozida lentamente, 
provavelmente decorrente da ação do tempo que fez com que o suíno ficasse com um 
aspecto de defumado. 
 
 
 
 
 
245 
 A textura do couro estava mais seca e firme. Não foi verificado nenhuma mosca 
varejeira, provavelmente pelo fato de que esse local do experimento é um local urbano, 
próximo de casas, e não uma área rural. 
 
 O examinador entrou em plantão no dia seguinte. Motivo pelo qual não 
conseguiu realizar as visitas técnicas por uma semana aos suínos. 
Dia 1 de Agosto de 2020 
 Passaram 7 dias da última visita e o examinador teve uma surpresa que QUASE 
afetou o experimento: 
 
 O porco número um foi parar acidentalmente dentro da água. Não se sabe se isso 
ocorreu pela ação de um animal que possa ter mexido na gaiola ou se algum ser humano 
teria jogado a gaiola na água por conta do mal cheiro, pois ali naquela região transitam 
alguns pescadores que podem ter visto o experimento. 
 
 Não se sabe exatamente em que dia o suíno teria sido arremessado na água, mas 
pelo grau de maceração que ele foi encontrado a estimativa seria entre dia 30 e 31 de 
julho. 
 
 A maceração, conforme estudamos, é o processo de transformação destrutiva em 
que ocorre o amolecimento dos tecidos e órgãos quando os mesmos ficam submersos 
em um meio líquido, como a água do rio em que o suíno ficou. 
 
 Nos achados de cadáver em beira de rio, analisar todos esses fenômenos permite 
reproduzir a dinâmica dos fatos e entender como e quando a morte aconteceu. 
 
 Por exemplo, a situação atual do suíno permite a equipe pericial afirmar que o 
suíno foi abatido há 3 dias, sendo que dois dias após o abatimento ele teria sido 
arremessado ao rio, vindo parar na margem daquela represa no momento em que foi 
encontrado. 
 
 Essa diferenciação é fundamental para esclarecer problemas como se a pessoa 
foi morta antes de ir à água ou se morreu afogada. 
 
 Mas voltando ao experimento, continuaremos realizando o acompanhamento 
desse suíno, mas agora foi escolhido um lugar não tão próximo do rio, mas ainda assim 
com a mesma temperatura e grau de umidade e de exposição solar. 
 
 Nesse dia fazia 30 graus célsius as 9 horas da manhã. O cheiro estava realmente 
muito desagradável, característico de uma matéria que estava se decompondo dentro 
 
 
 
 
 
246 
da água. O aspecto do suíno era como se ele estivesse se soltando, como se o tecido 
estivesse realmente desmanchando e amolecendo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 O suíno número dois estava totalmente diferente, apresentando uma cor marrom 
escura, com cheiro desagradável similar ao cheiro de bicho morto que sentimos as 
vezes em estradas e rodovias. 
 
 Mas diferentemente do porco 1, ele estava duro, como se o couro tivesse virado 
uma espécie de casca. 
 
 Já não havia mais globo ocular no suíno. As dípteras possuem o que a biologia 
chama de “boca atrofiada” e se alimenta somente de coisas pastosas e líquidas. Por 
conta do processo natural de decomposição, o globo ocular se liquefaz, sendo o 
primeiro tecido que serve de alimento para as moscas. 
 
 Nesse caso, o suíno dois já não tinha globo ocular, e essa cavidade deu lugar a 
um verdadeiro depósito de ovos de moscas que pode ser visto em amarelo na parte 
inferior do olho, dentro das cavidades nasais ou focinhos e também na parte superior 
do focinho. 
3 de agosto de 2020 
 Nesse dia foi realizada uma visita às 17 horas no local do experimento número 
um. A temperatura média do dia foi de 28 graus célsius e umidade relativa alta pois 
havia chovido bastante nos dias anteriores. 
 
 
 
 
 
247 
 Como vimos na literatura médico legal, situações como a de chuva, frio e 
umidade atrasam os fenômenos cadavéricos, então poderemos ter um atraso no 
surgimento de larvas e moscas por conta das variações de temperatura. 
 
 Ainda assim foi possível verificar no suíno número um a presença de larvas de 
primeiro ínstar, pequenas e recentes, principalmente dentro da cavidade oral do suíno 
e na cavidade ocular. 
 
 Na visita ao suíno de número dois, relata-se que a carcaça do suíno apresentava 
cor marrom escuro, sendo que o focinho já estava enegrecido por conta da 
decomposição. 
 
 O odor estava desagradável, porém suportável. A gordura presente na carcaça 
adquiriu uma coloração branca, parecida com um sabão. 
 
 Nesse dia foi possível observar larvas de primeiro ínstar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Elas tinham aproximadamente 3 milímetros e pelo tamanho das larvas indicavam 
que haviam eclodido dos ovos entre 12 horas a um dia. 
6 de agosto de 2020 
 No dia 6 de agosto de 2020 a visita ocorreu às 17 horas no local do experimento 
número um. A atividade solar diária já estava se encerrando e a temperatura média do 
dia foi de 33 graus célsius e umidade relativa baixa. 
 
 A cabeça do suíno estava cheia de larvas nas cavidades e na parte de baixo da 
carcaça. 
 
 
 
 
 
 
248 
 Vale mencionar que o suíno passou nesse momento a apresentar a característica 
de um fenômeno conservador transformativo raro, que é o aspecto de cera, que dá ao 
cadáver uma consistência untuosa, mole e quebradiça. 
 
 Normalmente nos livros de Medicina Legal esse fenômeno surge após a primeira 
semana, o que coincidiu com a cronologia do nosso experimento. Além do fato de que 
a reação química de saponificação ocorre pela hidrólise de gorduras neutras que 
liberam ácidos graxos. Isso quer dizer que esse fenômeno transformativo é mais 
comum em pessoas com muito tecido adiposo, como os obesos. No caso, o nosso suíno 
realmente possui bastante gordura, o que reafirma a tese dos livros. 
 
 Para o surgimento da saponificação ou adipocera não basta somente que seja um 
cadáver obeso ou com muito tecido adiposo, mas é necessário também que esse cadáver 
esteja em contato com um solo argiloso como o barro, pois essa reação química ocorre 
entre os minerais do barro e a gordura. 
 
 O tamanho das larvas coincidiu com a cronologia do experimento, pois as larvas 
estavam no primeiro estágio de desenvolvimento. Foi possível verificar também 
joaninhas, caramujos e outros insetos que se alimentam de larvas de moscas que 
provavelmente foram atraídos para a carcaça do suíno em busca de alimento. 
 
 Já no experimento número dois o odor começou a ficar insuportável. O porco já 
apresentava uma cor marrom escura, alguns ovos próximos aos olhos e da boca já 
haviam eclodido, mas o número de larvas não era tanto como no suíno de número um. 
Nesse estágio do experimento já foi possível concluir que a temperatura e a atividade 
solar é fundamental para o desenvolvimento da fauna entomológica e do surgimento 
dos fenômenos transformativos. O suíno de número um que teve muito mais exposição 
solar e calor apresentava naquele momento um número muito maior de larvas, moscas 
e outros insetos necrófagos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
249 
AULA 7 - EXPERIMENTO PRÁTICO DE 
TANATOLOGIA FORENSE – PARTE 2 
 Na aula de hoje daremos continuidade ao experimento prático de 
Tanatologia Forense. 
Dia 6 de Outubro de 2020 
 Se passaram 30 dias desde a última visita que ocorreu no dia 7 de setembro e 
fazem exatamente 75 dias que o experimento iniciou. 
 
 Na data desse relato de 6 de outubro, às 17 horas faziam 32 graus célsius e o 
examinador decidiu que este seria o último dia do experimento. 
 
 A carcaça do suíno já estava enrijecida e desidratada e a atividade entomológica 
já havia cessado a um bom tempo. As fibras musculares da face e o colágeno do couro 
do suíno já haviam desnaturado e virado uma espécie de casca, preservando a 
fisionomia e os traços e protuberâncias do focinho e boca. 
 
 Por conta da sucessão de fatores que influenciaram o experimentonão foi 
possível acompanhar até o fim o desenvolvimento da fauna entomológica dessa 
carcaça, no entanto pudemos ver na prática o processo de saponificação que age 
conservando o cadáver, quase como uma mumificação, mas de forma natural. 
 
 A explicação química para isso é que o solo argiloso da região onde o 
experimento aconteceu é rico em elementos como o hidróxido de magnésio e o 
potássio. 
 
 Esses elementos são o que chamamos na química de BASES. 
 
 Quando as bases entram em contato com um outro elemento chamado de 
triglicerídeo, que fica no nosso corpo em forma de reserva energética, ocorre uma 
reação chamada de saponificação. 
 
 A saponificação é um fenômeno conservador muito raro, pois exige condições 
específicas, como a que tivemos no experimento, para que aconteça. Normalmente é 
mais comum em cadáveres obesos e que tenham ficado em contato total com a terra 
vermelha e na exposição ao sol. 
 
 
 
 
 
 
250 
 O primeiro relato trazido pela Medicina Legal sobre um cadáver saponificado 
ocorreu no século dezenove na Filadélfia. Se trata do cadáver de um homem e de uma 
mulher que viraram múmias. Isso ocorreu devido à água que se infiltrou em seus 
caixões, transformando a gordura em adipocera. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 No caso da mulher, os pesquisadores acreditavam que ela havia falecido durante 
uma epidemia de febre amarela que atingiu a região em 1792, e que ela tinha por volta 
de 40 anos quando morreu. 
 
 Mas exames de raio X e estudos da antropologia forense realizados na década de 
80 revelaram que a mulher provavelmente era mais jovem, com cerca de vinte anos, e 
ela usava peças de roupa que só começaram a ser fabricadas após o ano de 1830, 
indicando que o sepultamento ocorreu décadas depois do que se pensava. 
 
 Atualmente, a “mulher de sabão”, como é conhecida, faz parte da coleção do 
Museu Mutter de Filadélfia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
251 
 Já no caso do cadáver masculino as análises realizadas no corpo revelaram que 
ele provavelmente morreu entre os anos de 1800 e 1810, com cerca de 40 anos de idade. 
E, assim como a mulher de sabão, a múmia do homem se encontra em exposição no 
Museu Nacional de História Natural de Washington. Veja a seguir a imagem da múmia 
de sabão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Acerca do nosso experimento prático, algumas considerações são importantes: 
 
 Primeiramente devemos considerar que a cabeça do suíno representou de forma 
fictícia um tecido em decomposição, mas não podemos ignorar o fato de que a 
decomposição se inicia de dentro pra fora. Isso quer dizer que as primeiras 
manifestações da morte e os principais fenômenos abióticos ocorrem da reação do 
sangue e da fermentação das bactérias que vivem no intestino. 
 
 No caso do experimento realizado, a carcaça do suíno já havia sido abatida a 
algum tempo, não possuía tronco e abdômen e, portanto, não tinha intestino e tampouco 
havia sangue na circulação sanguínea para se tornar sulfato hemoglobina. 
 
 Ainda assim foi possível comparar o desenvolvimento entomológico no suíno 
com o que é afirmado nos livros de Medicina Legal e Biologia. 
 
 Concluímos também que apesar dos locais dos experimentos serem 
próximos um do outro, as diferenças foram muito grandes, desde a espécie de 
insetos analisados, que no suíno um vimos ser predominante colonizado por 
varejeiras, que são moscas características de áreas rurais. 
 
 Já no suíno dois foi observada várias moscas domésticas, provavelmente 
pela proximidade do local do experimento e da zona residencial. 
 
 O calor e a presença do sol no experimento um também foi fundamental para 
fazer com que aquele suíno tivesse uma decomposição e uma transformação cadavérica 
muito mais acentuada. Concluímos então que o sol age como um catalisador, 
aumentando a atividade das bactérias. 
 
http://newsdesk.si.edu/snapshot/soapman
http://newsdesk.si.edu/snapshot/soapman
 
 
 
 
 
252 
AULA 8 - REVISÃO DO CONTEÚDO 
 O último tópico que estudamos no nosso módulo de tanatologia foi a 
Entomologia Forense, que é a área do conhecimento que combina os conhecimentos 
da biologia e a medicina legal. 
 
 A Entomologia Médico-Legal utiliza os insetos para compor uma prova ou 
comprovar uma tese investigativa, especialmente no que diz respeito à determinação 
do tempo de morte. 
 
 Essa ciência aborda elementos que abrangem a morte de humanos como os 
processos de decomposição dos cadáveres, a busca de evidências a serem utilizadas 
durante o julgamento de suspeitos e o esclarecimento de dúvidas. 
 
 Mas essa ciência tornou-se mundialmente conhecida apenas após 1894, com a 
publicação na França do livro chamado A Fauna dos Cadáveres do autor Mégnin, que 
fundamentou a descrição dos insetos e relatos de casos reais estudados por ele e seus 
colaboradores. 
 
 Aprendemos sobre a fauna entomológica cadavérica, que são os insetos que se 
alimentam da carcaça e de insetos que ficam na carcaça. Através desses insetos 
conseguimos afirmar se aquele cadáver foi movido de lugar, a causa mortis daquele 
indivíduo, se houve alguma intoxicação por substância e o tempo da morte, medido 
através do Intervalo Pós Morte ou IPM. 
 
 As DIPTERAS são os insetos de maior interesse na área, provavelmente pela 
diversidade deste grupo em regiões tropicais e principalmente pela atratividade que a 
matéria orgânica em decomposição exerce sobre esses insetos, influenciando no 
desenvolvimento, comportamento e dinâmica populacional das variadas espécies em 
nichos ecologicamente distintos. 
 
 O segundo grupo de insetos de maior interesse forense no Brasil são os besouros 
da ordem Coleóptera, frequentemente encontrados em carcaças, tanto na fase adulta de 
desenvolvimento, quanto na fase larval. 
 
 Esses dois grupos de insetos são chamados de necrófagos, pois se alimentam da 
matéria em decomposição. 
 
 Há também os omnívoros, que são insetos com uma dieta alimentar ampla pois 
se alimentam tanto dos corpos em decomposição quanto da fauna associada. São 
formigas, vespas e alguns besouros. 
 
 
 
 
 
253 
 Existe também o grupo dos insetos predadores que utilizam a entomofauna 
cadavérica para retirar os meios para o seu próprio desenvolvimento e se alimentam 
dos insetos necrófagos, principalmente das larvas das moscas. Podemos citar nesse 
grupo a tesourinha. 
 
 E o quarto grupo, os insetos acidentais, que são aqueles que se encontram ao 
acaso no cadáver, relacionados principalmente a área ecológica em que o cadáver 
estava ou foi encontrado. É comum ver aranhas, centopeias, ácaros e outros artrópodes 
nesse grupo. 
 
 A questão mais importante dentro da Entomologia Forense é o IPM. Através 
desse cálculo o legista poderá estimar a hora do óbito. Essa estimativa é feita 
observando as fases do inseto. A mosca díptera, por exemplo, passa por três fases de 
desenvolvimento até se tornar uma mosca adulta. As fases são: o ovo, a larva e a pupa. 
 
 Um ovo demora 24 horas para eclodir. Desse ovo nascerá uma larva. 
 
 A duração do desenvolvimento do período larval é encontrada através da 
medição do tamanho das larvas. A mosca possui três estágios larvais, chamados de 
primeiro, segundo e terceiro ínstar. 
 
 Cada estágio larval demora 24 horas. Isso quer dizer que depois de vinte quatro 
horas que aquela larva nasceu do ovo, ela já estará se preparando para o segundo ínstar. 
 
 E após vinte quatro horas ela passará do segundo para o terceiro ínstar. 
 
 No terceiro ínstar a larva precisa se alimentar para adquirir energia suficiente 
para a terceira fase da sua metamorfose, que é chamada de pupa. 
 
 Para isso a larva do terceiro ínstar fica 72 horas se alimentando do substrato. 
Após esse período ela procurará um lugar adequado e seguro para se transformar em 
uma pupa. 
 
 A pupaé uma espécie de casulo em que ela permanecerá por 5 a 10 dias até virar 
uma mosca. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
254 
TRAUMATOLOGIA FORENSE 
AULA 1 - INTRODUÇÃO À TRAUMATOLOGIA 
FORENSE 
 
No módulo de Traumatologia Forense iremos aprender sobre as lesões, os 
traumas bem como todos os objetos e instrumentos que possam ser utilizados para 
ofender a integridade física de outrem ou de si mesmo. 
 
Olá aluno. Fico feliz que esteja aprendendo sobre o universo da ciência criminal. 
 
Iremos iniciar hoje nossa primeira aula do módulo de Traumatologia Forense, a 
disciplina responsável por estudar as lesões, os acidentes e os instrumentos e os meios 
que causam essa violência. 
 
Na aula de hoje iremos aprender sobre a função da traumatologia e a sua 
aplicação prática na medicina legal. 
 
A traumatologia é a ciência que investiga as modalidades de energia que causam 
danos ao corpo humano. 
 
Por exemplo: Quando escutamos uma notícia que diz que determinada pessoa 
foi alvejada por um disparo de arma de fogo, podemos dizer que, através do ponto de 
vista da traumatologia forense, essa pessoa sofreu uma lesão causada por uma energia 
de ordem mecânica. 
 
Inicialmente iremos aprender quais são as energias estudadas pela traumatologia 
e suas respectivas ordens. 
 
Essas energias dividem-se em seis espécies de ordens. 
 
A primeira que iremos aprender é a energia de ordem mecânica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
255 
Energias de ordem mecânica 
Os meios mecânicos causadores do dano vão desde as armas propriamente ditas, 
como os punhais, revólveres, as armas eventuais, como uma faca, uma navalha, uma 
foice, um facão ou um machado e as armas naturais como os próprios punhos, os pés e 
até mesmo os dentes. Não podemos esquecer dos mais diversos meios imagináveis, 
como as máquinas, os animais, os veículos, as quedas, as explosões e as precipitações. 
 
As lesões produzidas por ação mecânica no ser humano podem ter suas 
repercussões externa ou internamente. 
 
Podem ter como resultado o impacto de um objeto em movimento contra o corpo 
humano parado, que iremos chamar de meio ativo, como um atropelamento de uma 
pessoa parada ou sentada. 
 
Ou o instrumento encontrar-se imóvel e o corpo humano em movimento, que 
chamaremos de meio passivo como é o caso da violência cometida contra uma pessoa 
que é empurrada contra um móvel. 
 
Ou os dois se acharem em movimento, indo um contra o outro, em uma ação 
mista, como no caso de alguém que é fortemente empurrado contra um veículo em 
movimento. 
 
Esses meios de ordem mecânica atuam por pressão, percussão, tração, torção, 
compressão, descompressão, explosão, deslizamento e contrachoque. 
 
Analisando as características que imprimem às lesões, os meios mecânicos 
classificam-se em: 
 
• Perfurantes 
 
• Cortantes 
 
• Contundentes 
 
• Perfurocortantes 
 
• Perfuro contundentes 
 
• corto contundentes. 
 
 
 
 
 
 
256 
E, por sua vez, produzem, respectivamente, feridas puntiformes, cortantes, 
contusas, perfurocortantes, perfuro contusas e corto contusas. 
 
Falaremos agora sobre as lesões produzidas por ação perfurante. 
 
As lesões causadas por meios ou instrumentos perfurantes, de aspecto pontiagudo, 
alongado e fino, e de diâmetro transverso reduzido, têm características bem próprias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os principais objetos utilizados para causar esse tipo de lesão estão: 
 
O estilete, a agulha e o furador de gelo, os quais quase sempre atuam por pressão, 
afastando as fibras do tecido e lesionam o corpo, podendo muitas vezes levar a óbito, 
caso penetrem algum órgão vital. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As lesões causadas por estes objetos são chamadas de feridas puntiformes ou 
punctórias, pela sua característica de forma de ponto. 
 
 
 
 
 
 
257 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os ferimentos possuem uma abertura estreita e raramente sangram. 
 
O trajeto dessas feridas é representado por um túnel estreito que continua pelo 
tecido lesado. 
 
Analisando o trajeto do golpe, os instrumentos perfurantes podem produzir 
ferimentos que penetrem e terminem em uma cavidade, ou podem transfixar um 
segmento, causando então dois orifícios: um de entrada e outro de saída, além de um 
trajeto. 
 
O orifício de entrada, como já se disse, tem formato de ponto, de reduzidas 
dimensões e pouco sangrante. 
 
O orifício de saída, quando existe, é muito parecido com o de entrada, 
apresentando, no entanto, suas bordas discretamente invertidas. 
 
A profundidade do trajeto do golpe dependerá do tamanho do instrumento 
utilizado e da força aplicada no golpe. 
 
A gravidade desses ferimentos dos órgãos e estruturas atingidos ou do 
surgimento de eventuais infecções causadas pela lesão. 
 
Sua causa jurídica é, na maioria das vezes, homicida, mas pode ocorrer também 
de forma acidental ou suicida. 
 
 
 
 
 
258 
Lesões produzidas por ação cortante 
Os meios ou instrumentos de ação cortante agem através de um gume mais ou 
menos afiado, por um mecanismo de deslizamento sobre os tecidos e, na maioria das 
vezes, em sentido linear. 
 
A navalha, a lâmina de barbear e o bisturi são exemplos de instrumentos 
cortantes. 
 
As feridas cortantes têm suas extremidades mais superficiais e a parte mediana 
mais profunda, nem sempre se apresentando de forma regular. 
 
Tem como característica principal a chamada “cauda de escoriação”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Essas feridas se caracterizam pelas seguintes características: 
 
• Forma linear 
 
• Regularidade das bordas 
 
• Regularidade do fundo da lesão 
 
 
 
 
 
259 
 
• Ausência de vestígios traumáticos em torno da ferida 
 
• Hemorragia quase sempre abundante 
 
• Predominância do comprimento sobre a profundidade 
 
• Afastamento das bordas da ferida 
 
• Presença de cauda de escoriação voltada para o lado onde terminou a ação do 
instrumento 
 
• Vertentes cortadas obliquamente 
 
• Centro da ferida mais profundo que as extremidades e 
 
• Paredes da ferida lisas e regulares 
 
A regularidade das bordas das feridas cortantes deve-se ao gume mais ou menos 
afiado do instrumento usado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os ferimentos geralmente são retilíneos devido à ação de deslizamento, embora 
às vezes possam ser curvos ou irregulares devido a rugas transitórias ou permanentes 
na área afetada. No entanto, esses desvios não produzem irregularidades nas bordas da 
ferida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
260 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nessas lesões não se observam escoriações, equimoses ou infiltração 
hemorrágica nas bordas ou em volta daquela ferida. 
 
Quando o golpe ocasionar uma secção dos vasos, poderá ocorrer uma 
hemorragia vultosa. 
 
 Outro fato explicativo desse fenômeno é a maior retração dos tecidos 
superficiais, deixando o sangramento se processar livremente. 
 
Quanto mais afiado for o gume do instrumento utilizado, a profundidade da lesão 
e a maior riqueza vascular da região atingida, mais abundante será a hemorragia. 
 
Nesse tipo de lesão há uma predominância do comprimento sobre a profundidade 
das feridas. 
 
Isso ocorre por conta da ação deslizante do instrumento e pelo movimento em 
arco exercido pelo braço do agente e ao abaulamento das regiões ou segmentos do 
corpo. 
 
O instrumento cortante, agindo por deslizamento e seguindo uma direção em 
semicurva condicionada pelo braço do agressor ou pela curvatura da região atingida 
deixa no final do ferimento uma cauda de escoriação. 
 
É difícil um tipo de instrumento cortante capaz de alcançar órgãos cavitários ou 
vitais, exceção feita ao pescoço, onde a morte pode sobrevir pela síndrome de 
“esgorjamento”. 
 
 
 
 
 
261 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O esgorjamentoé uma lesão produzida pelo corte das partes moles da região 
anterior do pescoço, sem que se desmembre a cabeça do tronco. 
Definição de arma branca 
Tudo o que for utilizado no universo criminal para ferir e lesionar e que não se 
enquadra como uma arma de fogo receberá o nome de “ARMA BRANCA”. 
 
As armas brancas são assim chamadas pela brancura e pelo brilho de suas 
lâminas. 
 
As armas brancas são caracterizadas pela agressividade de seu gume afiado ou 
de sua extremidade pontiaguda ou de ambos de uma vez só, e pelo uso dependente do 
manejo da ação humana. 
 
A finalidade, das armas brancas são diversas. Algumas são desenvolvidas e 
colocadas em circulação para o próprio ataque ou a defesa, enquanto que alguns 
instrumentos assim considerados também são destinados a outros fins como trabalhos 
artesanal, culinário ou doméstico. 
 
É importante compreender que as armas brancas não necessariamente são 
compostas por lâminas, como os cacetetes, nunchakus, dentre outros. 
 
 
 
 
 
262 
Lesões de defesa por arma branca 
Outro tema de grande importância na hora de analisar a característica das lesões 
provocadas por arma branca é verificar a existência das clássicas lesões de defesa, que 
são comuns em mãos, braços e até mesmo nos pés. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dentro do estudo das lesões produzidas por ação cortante, existe uma espécie de 
lesão chamada de esquartejamento, que é o desmembramento do corpo nas 
articulações, quase sempre como forma de o autor livrar-se criminosamente do cadáver 
ou impedir sua identificação. 
 
Uma outra lesão por arma branca é a decapitação, que se trata da separação da 
cabeça do corpo e pode ser oriunda de outras formas de ação além da cortante. Pode 
ser acidental ou homicida e, mais raramente, suicida. 
 
As decapitações depois da morte ocorrem com frequência, e o objetivo dos 
criminosos nesses casos é prejudicar a identificação da vítima ou ocultar o cadáver. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
263 
Nesse contexto é importante também falar sobre uma lesão conhecida por 
esgorjamento e que se caracteriza por uma longa ferida transversal do pescoço, de 
significativa profundidade, que pode lesionar não só o plano cutâneo, mas também 
tecidos vasculares, nervosos, musculares, e também órgãos internos como esôfago, 
laringe e traqueia. 
 
Essa lesão pode ser homicida ou suicida. Nos casos de suicídio, quando o 
indivíduo é destro, o ferimento ocorre normalmente da esquerda para a direita, sua 
localização é mais anterolateral esquerda e termina ligeiramente voltada para baixo. 
 
Sua profundidade é maior no início da lesão, pois no final da ação a vítima 
começa a perder as forças. 
 
As lesões da laringe e da traqueia no suicídio são menos graves. Nesses casos 
pode ocorrer também marcas no pescoço por conta de tentativas frustradas, 
principalmente quando elas são paralelas e próximas umas das outras. 
 
Na maioria das vezes, a mão da vítima que segura a arma está suja de sangue. 
 
A morte, nesses casos, ocorre pela hemorragia, causada pela secção dos vasos 
do pescoço ou por asfixia, decorrente da secção da traqueia e aspiração do sangue, 
causando uma embolia gasosa. 
 
Existem achados médico legais que permitem diferenciar o esgorjamento suicida 
e o homicida. 
 
Nos casos do esgorjamento homicida, normalmente o autor se coloca por trás da 
vítima, provocando ferimento da esquerda para a direita, em sentido horizontal, 
uniforme, terminando com a mesma profundidade do seu início, mas um pouco voltado 
para cima, atingindo algumas vezes a coluna vertebral, onde é comum ficar a marca do 
instrumento usado. 
Instrumentos de ação contundente e suas características 
Iremos estudar agora sobre as lesões produzidas através de uma ação contundente. 
 
 Entre os agentes mecânicos, os instrumentos contundentes são os maiores 
causadores de dano. 
 
 Normalmente esse tipo de lesão é produzida por um objeto que possui uma 
superfície, e suas lesões mais comuns se verificam externamente, embora possam 
repercutir na profundidade também, atingindo órgãos e até mesmo causando fraturas. 
 
 
 
 
 
264 
 A contusão pode ser ativa, passiva ou mista, de conformidade com o estado de 
repouso ou de movimento do corpo ou do meio contundente. 
 
 É ativa a contusão quando apenas o meio ou o instrumento se desloca. É passiva 
quando só o corpo humano está em movimento. 
 
 As contusões mistas também são chamadas de biconvergentes ou biativas. 
 O resultado da ação desses meios ou instrumentos é conhecido geralmente por 
contusão. 
Lesões causadas por instrumento contundente 
As lesões produzidas por essa forma de energia mecânica sofrem uma incrível 
variação. A seguir veremos cada lesão contundente: 
 
Rubefação 
 Não chega a ser uma lesão por não apresentar significativas e permanentes 
modificações de ordem estrutural. 
 
 A rubefação caracteriza-se pela congestão repentina e momentânea de uma 
região do corpo, atingida pelo traumatismo, evidenciada por uma mancha avermelhada, 
efêmera e fugaz, que desaparece em alguns minutos, daí sua necessidade de 
averiguação exigir brevidade. 
 
A bofetada na face ou nas nádegas de uma criança, onde muitas vezes ficam 
impressos os dedos do agressor é um exemplo de rubefação. 
 
 A rubefação é a menos severa das lesões produzidas por ação contundente. 
Equimose 
São lesões representadas por infiltração hemorrágica nas malhas dos tecidos. 
 
Para que ela se verifique, é necessária a presença de um plano mais resistente 
abaixo da região traumatizada e de ruptura capilar, permitindo, assim, o 
extravasamento sanguíneo. 
 
Em geral, são superficiais, mas podem surgir nas massas musculares, nas 
vísceras e no periósteo. 
 
 
 
 
 
265 
Alguns pesquisadores da Medicina Legal dizem que a equimose é uma prova 
irrefutável de reação vital. 
 
Quando se apresenta em forma de pequenos grãos, recebe o nome de sugilação 
e, quando em forma de estrias chama-se víbices, ou petéquias. 
 
São quase sempre agrupadas e caracterizadas por um pontilhado hemorrágico. 
 
As equimoses nem sempre surgem de imediato ou nos locais de traumatismo. 
Por exemplo, nos traumatismos cranioencefálicos mais graves, surgirem tardiamente 
equimoses palpebrais, subconjuntivas, mastóideas, faríngeas e, com menos frequência, 
cervicais. 
 
A forma das equimoses significa muito para o exame de necropsia. Às vezes o 
corpo fica com a marca dos objetos que lhe deram origem, como os dedos de uma mão, 
anéis e até mesmo a marca de pneus de um automóvel, nos casos de atropelamento, 
podem ser reproduzidas como equimoses no cadáver. 
 
A tonalidade da equimose é algo muito importante, pois através daí é possível 
concluir quanto tempo faz que o indivíduo sofreu aquela violência. 
 
Chamamos de espectro equimótico de legrãn du sule. No início ela possui a 
coloração vermelho-arroxeada. 
 
Depois, com o passar do tempo, ela se apresenta vermelho- escura, violácea, 
azulada, esverdeada e, finalmente, amarelada, desaparecendo, em média, entre 15 e 20 
dias. 
 
Simonin, um cientista médico legal foi o primeiro a estudar sobre as equimoses, 
e sua maior colaboração para a perícia criminal se traduz na frase: “uma equimose 
nitidamente caracterizada por sangue coagulado prova que a lesão se deu em vida”. 
Isso quer dizer que as equimoses são sempre vitais, isto é, não se produzem no 
cadáver”. 
 
No morto, por não haver circulação sanguínea ativa, o máximo que se pode ter 
é a tonalidade mantida da equimose do vivo até surgirem os fenômenos putrefativos 
que lhe modificam suas peculiaridades. 
 
 Mas nunca acontecerá o surgimento de uma equimose após a morte. Por essa 
razão que a equimose é de extrema importância nos nossos estudos de medicina legal. 
 
• Hematoma. 
 
 
 
 
 
 
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 Quando acontece o extravasamento de um vaso sanguíneo e esse sanguefica 
entre as malhas dos tecidos moles estamos diante de um hematoma. 
 
 Pode também ser profundo e encontrado nas cavidades ou dentro dos órgãos, e, 
por isso, é chamado de hematoma intra parenquimatoso. 
 
• Bossa sanguínea. 
 
 A bossa sanguínea diferencia-se do hematoma por apresentar-se sempre sobre 
um plano ósseo e pela sua saliência bem pronunciada na superfície cutânea. É muito 
comum nos traumatismos do couro cabeludo e é vulgarmente conhecida por “galo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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AULA 2 - ESPÉCIES DE LESÕES 
Na aula anterior iniciamos os estudos do módulo de traumatologia forense e 
aprendemos a distinguir lesões causadas por instrumentos perfurantes e contundentes. 
Aprendemos também as características dos objetos que produzem essas lesões. 
 
 Na aula de hoje iremos aprender sobre os objetos mistos, que são aqueles 
que podem produzir lesões com várias características que variam conforme o 
objeto é utilizado para lesionar. 
 
 Existem objetos que combinam características, sendo ora cortante e ora 
perfurante ou contundente, como um facão por exemplo, por isso é muito importante 
analisar não só o objeto, mas também a característica da lesão. 
 
Por exemplo, uma faca de cortar carne pode ser utilizada como instrumento 
perfurante, cortante ou perfurocortante. 
 
Ao apoiar uma faca como essa sobre um pedaço de carne, a mesma agirá 
cortando através do deslizamento do seu fio sobre o tecido. Nesse momento o 
instrumento está sendo usado como um objeto cortante. 
 
Caso esse mesmo objeto seja utilizado para golpear, por exemplo, como o 
presidente do Brasil foi golpeado, ele irá provocar uma lesão perfurocortante. 
 
Isso acontece porque a parte da ponta da faca ao entrar em contato com a pele 
irá inicialmente perfurar. Em seguida, irá agir por deslizamento, cortando. Por isso o 
nome perfurocortante. 
 
As lesões perfurocortantes são provocadas por instrumentos de ponta e gume, 
atuando por um mecanismo misto: penetram perfurando com a ponta e cortam com a 
borda afiada os planos superficiais e profundos do corpo da vítima. 
 
Esse mecanismo age por pressão e por secção. 
 
Dentre os instrumentos perfurocortantes há os de um só gume como a faca-
peixeira, o canivete, e a espada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Há também os perfuro cortantes de dois gumes, como o punhal, a faca “vazada” 
e também há os de três gumes ou triangulares, como a lima. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os ferimentos causados por arma de dois gumes produzem uma fenda de bordas 
iguais e ângulos agudos. 
 
A perícia, ao analisar as lesões deve também levar em conta a identificação da 
arma usada, a gravidade dos ferimentos, o tempo da lesão, se esta foi produzida em 
vida ou depois da morte, sua causa jurídica, a posição da vítima e do agressor, a ordem 
das lesões e o número de agressores. 
 
 
 
 
 
 
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No diagnóstico da arma usada, devem-se levar em consideração as dimensões, a 
forma e a profundidade do ferimento. 
 
A perícia criminal, nesse momento, deve sempre estar atenta ao fato que o 
tamanho das lesões, devido à elasticidade da pele, pode ser inferior, igual ou superior 
ao diâmetro da arma, não obedecendo necessariamente a regra de que o ferimento será 
do tamanho da lâmina. 
 
Os ferimentos penetrantes do abdome, por exemplo, podem ter um trajeto maior 
ou menor que o comprimento do objeto, e isto é explicado por circunstâncias como a 
movimentação aflita da vítima em uma luta corporal e pela posição da vítima durante 
o golpe. 
 
As feridas penetrantes são geralmente graves, não apenas pela infecção causada 
no interior do organismo, como também pelas lesões sofridas pelos órgãos de maior 
importância. 
 
As lesões mais graves e que exigem tratamento cirúrgico imediato são os golpes 
penetrantes da cavidade peritoneal. 
 
A mais comum das causas jurídicas dessas lesões é o homicídio, enquanto o 
suicídio e o acidente são mais raros. 
 
Uma forma de descaracterizar um suicídio é observar fatores como o número e 
o local dos ferimentos, outros sinais de violência, mais de dois ferimentos mortais, a 
variedade das feridas e o local da morte. 
 
É extremamente importante observar a presença de lesões de defesa na vítima. 
 
Elas podem ser encontradas na palma da mão, nas bordas mediais dos 
antebraços, no ombro, no dorso e até nos pés e simbolizam o homicídio como esforço 
da vítima na tentativa angustiante e desesperada de salvar a vida, expondo aquelas 
partes do corpo como escudo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Iremos agora estudar sobre as lesões mistas de natureza perfuro contundente. 
 
As feridas perfuro contusas são produzidas por um mecanismo de ação que 
perfura e contunde ao mesmo tempo. 
 
Na maioria das vezes, esses instrumentos são mais perfurantes que contundentes. 
 
Esses ferimentos são produzidos quase sempre por projéteis de arma de fogo; no 
entanto, podem também ser produzidos por objetos que tenham essa característica, 
como a ponta de um guarda-chuva, por exemplo. 
 
De todas as formas, a maior parte das lesões dessa natureza são produzidas por 
projéteis de arma de fogo, que será o principal objeto do nosso estudo a partir de agora! 
 
Veremos agora sobre o universo da Balística Forense, iniciando pelo conceito de 
arma de fogo: 
 
Arma de fogo é uma peça constituída de um ou dois canos, abertos em uma das 
extremidades e parcialmente fechados na parte de trás, por onde se coloca o projétil. 
Lesões por disparo de arma de fogo 
No momento de estudar e laudar as lesões produzidas por projéteis de arma de 
fogo devem-se considerar o ferimento de entrada, o ferimento de saída e o trajeto do 
tiro dentro do corpo. 
 
 
 
 
 
 
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Aprenderemos a seguir como reconhecer um ferimento compatível com a 
ENTRADA do projétil de arma de fogo. 
Ferimento de entrada de projétil de arma de fogo 
Eles podem ser resultantes de um tiro encostado, a curta distância ou a distância. 
Ferimentos de entrada nos tiros a curta distância 
Estes ferimentos possuem como característica: 
 
Borda arredondada ou elíptica 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orla de escoriação, que representa a primeira extremidade da região da pele que 
o tiro atingiu. Essa pele queimada forma a orla de escoriação, que serve para indicar a 
direção que veio o projétil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Caso o projétil penetre frontalmente o tecido, é possível que não haja orla de 
escoriação, ou que a orla de escoriação seja muito pequena. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Outro indicador de ferimento de entrada de disparo de arma de fogo é a zona de 
queimadura, que acompanha a circunferência do ferimento e é a queimadura que o 
projétil quente imprime na pele quando faz o primeiro contato, em um milésimo de 
segundo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Um importante indicador do disparo a curta distância, também chamado de 
queima-roupa é a zona de esfumaçamento, ou zona de tatuagem. 
 
 
 
 
 
 
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A zona de tatuagem é o nome da lesão decorrente da ação dos resíduos de 
combustão da pólvora quente que sai do cano da arma e queima a pele. 
 
Essa pólvora quente forma pequenos pontos enegrecidos na pele, próximo do 
ferimento de entrada. 
 
Analisando essas marcas de tatuagem a perícia pode determinar a distância exata 
do tiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ferimentos de entrada nos tiros a distância. 
 
Os ferimentos de entrada de bala, nos tiros a distância, têm as seguintes 
características: 
 
Diâmetro menor que o do projétil e uma forma arredondada

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