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Cartilha_IDENTIFICAÇÃO_E_CONTROLE_DE_Amaranthus_palmeri_E_Amaranthus

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- 2021 - 
• Marcelo Nicolai • Acácio Gonçalves Netto • Saul Jorge Pinto de Carvalho 
• Laís Sousa Resende • Jéssica Cursino Presoto 
• Jeisiane de Fátima Andrade • Pedro Jacob Christoffoleti 
IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE 
Amaranthus palmeri E Amaranthus hybridus 
IMPORTÂNCIA 
 
O gênero Amaranthus é composto por 60 espécies, das quais aproximadamente 20 possu-
em importância como plantas daninhas nos cultivos agrícolas em regiões tropicais e subtropicais 
(KISSMANN; GROTH, 1997). No Brasil, cerca de 10 espécies têm ocorrência, sendo as mais 
encontradas: A. hybridus (caruru-roxo), A. deflexus (caruru-rasteiro), A. lividus (caruru-folha-de-
cuia), A. retroflexus (caruru-gigante), A. spinosus (caruru-de-espinho) e A. viridis (caruru-de-
mancha) (CARVALHO et al., 2006). 
Quando infestam culturas agrícolas, os carurus podem ser caracterizados como plantas de 
difícil manejo, devido ao extenso período de germinação do banco de sementes, rápido cresci-
mento e desenvolvimento, elevada produção de sementes viáveis, longa viabilidade de suas se-
mentes no solo e dificuldade na identificação das diferentes espécies no campo (HORAK; 
LOUGHIN, 2000; CARVALHO, 2015). O hábito de crescimento agressivo e a enorme produção 
de sementes oferecem às plantas do gênero Amaranthus grande competitividade com as cultu-
ras por luz, água e nutrientes (GUO; AL-KHATIB, 2003; SILVA et al., 2010; BARROSO et al., 
2012). 
Além das características citadas, a ocorrência de biótipos resistentes no campo atribui 
grande importância ao gênero Amaranthus, com destaque para A. palmeri e A. hybridus. No Bra-
sil, no ano de 2015, foi relatado a ocorrência de Amaranthus palmeri resistente ao glifosato em 
áreas agrícolas do estado de Mato Grosso (CARVALHO et al., 2015). No mesmo ano também 
se confirmou a resistência múltipla ao herbicida glifosato e aos herbicidas inibidores da ALS 
(GONÇALVES NETTO et al., 2016). Recentemente, um novo caso de A. hybridus com resistên-
cia múltipla ao glifosato e inibidores da ALS foi constatado no Paraná (PENCKOWSKI; MASCHI-
ETTO, 2019). Os casos de resistência do gênero Amaranthus são preocupantes, pois pode estar 
ocorrendo a hibridação interespecífica e a transferência do gene de resistência à herbicidas a 
outras espécies de caruru (GAINES et al., 2012). 
No caso do Amaranthus palmeri existem hoje no total de 68 casos de resistência reporta-
dos no mundo, sendo dois destes no Brasil (Tapurah – MT e Ipiranga do Norte – PR). Esses ca-
sos estão também distribuídos nos países: Argentina, Israel, México, Espanha e Estados Uni-
dos. Aproximadamente 91% desses casos ocorrem nos Estados Unidos. 
 Nesse sentido, já foram relatados resistência a oito mecanismos de ação, sendo que 39% 
dos casos referem-se à resistência a EPSPS, 15% a herbicidas inibidores da ALS e 16% a resis-
tência múltipla aos herbicidas inibidores da EPSPS e ALS. 
O primeiro caso de A.palmeri resistente no mundo ocorreu em 1989, nos Estados Unidos, 
ao herbicida trifluralina. A partir dessa data, passaram-se 30 anos e foram relatados no total 68 
casos, o que na média resulta em 2,3 casos de resistência novos por ano. 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: (HEAP, 2020) 
 
Para o Amaranthus hybridus há no total 32 casos relatados no mundo, com um caso relata-
do no Brasil. Desses casos, já foram relatados resistência nos países: Argentina, Bolívia, Cana-
dá, França, Israel, Itália, África, Suíça e Estados Unidos. A maioria dos casos, está concentrado 
na Estados Unidos (53%) e Argentina (16%). 
O primeiro relato de resistência foi registrado em 1972, nos Estados Unidos, com o herbici-
da atrazina. Desde então, são 46 anos que produtores e pesquisadores lidam com essa proble-
mática, o que na média resulta em 1,4 caso novo a cada ano. 
Até o momento, foram registrados resistência a 5 mecanismos de ação, sendo a maioria 
dos casos referentes aos herbicidas inibidores do fotossistema II (53%) e ALS (25%), respectiva-
mente. 
3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: HEAP, 2020 
 
IDENTIFICAÇÃO DAS ESPÉCIES 
 
A identificação correta de espécies no campo é determinante no manejo de plantas dani-
nhas, pois define a escolha dos herbicidas que podem ser utilizados para o controle. No campo, 
a identificação de espécies de Amaranthus não é simples, pois as espécies possuem elevada 
plasticidade fenotípica (CARVALHO, S. J. P.; CHRISTOFFOLETI, P. J; 2007), além da possibili-
dade de hibridação (GAINES et al., 2012). 
 
 
4 
Amaranthus palmeri 
O A. palmeri é uma espécie dióica, ou seja, parte das plantas de uma população tem so-
mente flores femininas e outra parte, somente flores masculinas. Essa é uma característica que 
facilita a identificação de A. palmeri, uma vez que a maioria das outras espécies de caruru já 
identificadas no Brasil têm flores masculinas e femininas na mesma planta, sendo classificadas 
como monoicas. As sementes são produzidas somente nas plantas com flores femininas, mas 
há um detalhe importante e agravante da reprodução da espécie: flores femininas podem produ-
zir sementes mesmo sem a ocorrência de polinização (LEGLEITER; JOHNSON, 2013). Além 
disso, na inflorescência das plantas femininas há a presença de folhas rudimentares (brácteas) 
duras que podem ser facilmente percebidas ao serem tocadas (Figura 1). 
As formas das folhas podem variar bastante dentro uma única espécie, no entanto, as fo-
lhas de A. palmeri são mais largas e ovais e apresentam pecíolo longo que pode ser maior que o 
limbo foliar. Na ponta da folha, nota-se uma pequena reentrância (invaginação) onde se localiza 
um pequeno espinho. Entretanto, a presença deste espinho pode ocorrer também em outras es-
pécies como o A. hybridus. Na axila das folhas e na inserção dos ramos nos caules também são 
encontradas estruturas espinescentes. Além disso, outra característica que aparece eventual-
mente, é a presença de uma marca d´ água branca ou uma mancha esbranquiçada nas folhas 
na forma de “V” (LEGLEITER; JOHNSON, 2013) (Figura 1). 
 
Amaranthus hybridus 
A principal característica que diferencia as duas espécies em questão de Amaranthus é a 
estrutura das flores, sendo o A. hybridus caracterizado como uma espécie monoica, ou seja, as 
flores femininas e masculinas estão presentes na mesma planta. Como características similares 
podemos citar o pecíolo longo, o espinho na extremidade da folha e a marca d´água em forma 
de “V” nas folhas (Figura 1). 
Além disso, trata-se de uma planta anual, ereta e com folhas lanceoladas dispostas de for-
ma alterna helicoidal. Possui inflorescência terminal e axilar, sendo que a inflorescência axilar 
aparece apenas nas axilas das folhas superiores. Essa planta possui duas subespécies sendo 
elas: Amaranthus hybridus var. paniculatus e Amaranthus hybridus var. patulus. As duas subes-
pécies se diferenciam devido a coloração da inflorescência, sendo o A. hybridus var. paniculatus 
caracterizado pela presença de inflorescência paniculada terminal de coloração roxa e o A. 
hybridus var. patulus com inflorescência paniculada terminal de cor esverdeada (Figura 1). 
As flores femininas possuem tépalas lanceoladas e as flores masculinas possuem cinco 
estames. A flor masculina e a flor feminina ficam protegidas por 2 brácteas do tamanho ou pouco 
maiores que as tépalas e ligeiramente aristadas. Os frutos são deiscentes do tipo pixídio 
(LORENZI, 2000; SENNA et al., 2015) (Figura 1). 
 
5 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1. AFlor feminina e flor masculina; BEspinho na extremidade da folha; CPecíolo longo; 
DAusência de estrutura espinescente na axila foliar; EFlor feminina; FFlor masculina; GEstrutura espinescente; 
HMarca d´água em forma de V. 
 
CONTROLE 
No Brasil, há vários relatos sobre a dificuldade em manejar áreas infestadas por diferentes 
espécies do gênero Amaranthus. Nesse sentido, cabe ressaltar a importância do manejo integra-
do de plantasdaninhas (MIPD) que consiste na associação de técnicas químicas e não químicas 
para a prevenção e controle de plantas daninhas resistentes a herbicidas. Por meio das estraté-
gias não químicas (rotação de culturas, medidas culturais e mecânicas) há a mortalidade de am-
bos os biótipos de plantas daninhas (suscetível e resistente) e a pressão de seleção é mantida. 
Já as estratégias químicas (herbicidas) podem ser usadas para reduzir a pressão de seleção por 
meio do uso de diferentes mecanismos de ação a fim de manter a diversidade de biótipos no 
banco de sementes do solo. 
 
ESTRATÉGIAS DE MANEJO 
1) Rotação de culturas 
A rotação de culturas proporciona maior oportunidade de usar herbicidas com diferentes 
mecanismos de ação na área. Além disso, considerando a facilidade de dispersão e a alta pro-
dução de sementes de Amaranthus spp. a rotação de culturas é uma estratégia importante para 
modificar também as condições em que a espécie irá crescer e se desenvolver, pois a variação 
do espaçamento entrelinhas ou da densidade de plantas na linha pode contribuir para a redução 
da interferência da planta daninha sobre a cultura. Assim, como há diversificação de herbicidas 
usados em cada cultura, diminui-se a pressão de seleção de determinado mecanismo de ação 
no controle desta espécie. Por meio dessa prática previne-se o aparecimento dos biótipos resis-
tentes, assim como facilita o manejo dos biótipos já existentes na área. 
6 
2) Arranquio manual 
A alta prolificidade de ambas as espécies faz com que rapidamente o banco de sementes 
no solo seja ampliado ou reposto. Por isso, em condições de alta infestação, é importante a reti-
rada das plantas que sobreviveram ao controle químico da área antes da emissão das inflores-
cências e da produção de sementes, pois estas podem facilmente rebrotar de caules remanes-
centes da capina, assim como se restabelecer pelo contato do solo com a raiz arrancada ou 
mesmo pela emissão de raízes em partes da planta em contato com o solo (IKEDA et al., 2019). 
É importante lembrar que as plantas arrancadas devem ser queimadas ou enterradas em altas 
profundidades. 
 
3) Colheita e limpeza de maquinários (https://youtu.be/bpIeHIq6NQE) 
As sementes de caruru podem ser facilmente dispersas por maquinários, principalmente 
por colhedoras. Para evitar a dispersão dessa espécie para outros talhões ou propriedades vizi-
nhas é recomendado que o produtor programe a colheita das áreas de alta infestação por último 
para não espalhar sementes para outras áreas. Além disso, ressalta-se a importância da limpeza 
de maquinários para evitar a introdução de biótipos na área e reduzir o acréscimo de sementes 
ao banco. É importante lembrar que a suspeita da introdução de A. palmeri no Brasil é oriunda 
de colhedoras de algodão sujas com sementes da planta daninha em questão. 
De acordo com Schwartz-Lazaro et al. (2017) A. palmeri retém 98% das sementes até a 
maturidade da soja, o que faz com que essas sementes possam ser colhidas juntamente com os 
grãos e redistribuídas em outras áreas durante essa operação. 
Outra via de introdução e disseminação de plantas daninhas é por meio das sementes da 
própria cultura. Por isso, é sempre recomendado utilizar sementes certificadas para que a produ-
ção agrícola não seja prejudicada ou inviabilizada. 
 
4) Cobertura de solo 
O uso de plantas de cobertura auxilia na supressão de plantas daninhas devido ao impedi-
mento físico, a redução das oscilações de temperatura e da qualidade da luz incidente no solo 
(JHA et al., 2010). Essa estratégia é uma boa opção principalmente pensando na entressafra. 
Nesse período há a multiplicação de muitas espécies enriquecendo o banco de sementes e a 
pressão de infestação. Logo, é recomendado não deixar as áreas em pousio na entressafra. 
A planta de cobertura centeio é uma das mais estudadas na supressão de A. palmeri 
(LEGLEITER; JOHNSON, 2020). DeVore et al. (2011) descreveram redução de 85% na emer-
gência de A. palmeri após revolvimento do solo no outono seguido da cobertura com o cereal 
centeio. 
7 
5) Revolvimento do solo 
Assim como para as outras espécies de plantas daninhas, o controle do banco de semen-
tes é essencial no manejo integrado. Segundo Ward (2013), a germinação e estabelecimento de 
plântulas de A. palmeri é amplamente reduzida quando as sementes são enterradas a profundi-
dades a partir de 5 cm. O revolvimento do solo irá enterrar as sementes de Amaranthus abaixo 
da profundidade de emergência preferencial da espécie. Essa estratégia não proporciona contro-
le total, mas pode reduzir o número de sementes que irá germinar. Segundo Legleiter; Johnson, 
(2020), em um campo totalmente infestado essa prática pode reduzir a população de A. palmeri 
em até 50%. Entretanto, os produtores devem observar o custo-benefício dessa prática levando 
em consideração o manejo de plantas daninhas e o sistema consolidado de plantio direto. 
 
6) Controle químico 
Ao se optar pela adoção do controle químico, é importante conhecer alguns fatores referen-
tes aos herbicidas como seletividade à cultura, espectro de controle e efeito residual. A aplica-
ção de herbicidas pós-emergentes tem como vantagem a facilidade da identificação das espé-
cies do gênero Amaranthus, pois as plantas já estão emergidas. Entretanto, nessa condição há a 
maior influência do tamanho das plantas no momento da aplicação. 
É importante ressaltar que o controle químico de Amaranthus spp. nos estádios iniciais das 
plantas é essencial para a eficácia de controle, sendo o recomendado de 2-4 folhas com no má-
ximo 5 cm de altura (GONÇALVES NETTO et al., 2019). A eficácia dos herbicidas é reduzida 
com o desenvolvimento das plantas. De acordo com Jordan; York (2010) as aplicações realiza-
das em plantas maiores que 8 cm resultam em nível de controle insatisfatório. 
O uso de herbicidas residuais é interessante devido ao controle dessas espécies em está-
dios iniciais de desenvolvimento favorecendo a dianteira competitiva da lavoura e reduzindo as 
aplicações em pós-emergência. Isso pode ser explicado devido a atividade residual desses her-
bicidas que controla os primeiros fluxos germinativos e previnem a matocompetição inicial. 
Outra prática envolvendo os herbicidas pré-emergentes é a aplicação de dois ou mais her-
bicidas para que haja a sobreposição do residual. Essa estratégia se baseia em aplicar um her-
bicida residual e antes que esse residual termine e novas plantas resistentes de A. palmeri e/ou 
A.hybridus germinem, é realizada a aplicação de um segundo herbicida para sobrepor o residual 
do primeiro. Essa sobreposição, também chamada de “overlapping” permite que o solo fique 
“limpo” por mais tempo e tem sido realizada com sucesso na Argentina e nos Estados Unidos 
(CHAHAL et al., 2018). 
Mesmo considerando a eficácia dos herbicidas pré-emergentes para as espécies de caruru 
em questão é comum a ocorrência de novas emergências ao longo do ciclo da cultura em fun-
ção do banco de sementes no solo e dos diversos fluxos de germinação. 
8 
7) Estratégias de controle químico na soja, no milho e no algodão 
Diversos herbicidas disponíveis nas culturas da soja, milho e algodão podem controlar 
A.palmeri e A.hybridus de forma a proporcionar alternativas de controle com diferentes mecanis-
mos de ação. Ressalta-se que nessa sessão realizou-se um compilado de herbicidas que podem 
ser usados para o controle dessas espécies, principalmente herbicidas que estão sendo eficazes 
na Argentina e Estados Unidos. Assim, para o uso de determinado herbicida, este deve possuir 
a indicação do uso na bula do produto e possuir registro no Ministério da Agricultura, Pecuária e 
Abastecimento (MAPA) (Tabela 1). 
Observa-se a possibilidade de rotação de mecanismos de ação na cultura do milho em 
áreas infestadas com caruru resistente a ALS e EPSPS. Muitos produtores têm utilizado pré-
emergentes pertencentes a ácidos graxosde cadeia longa complementando na pós com inibido-
res do FSII associado ao HPPD. O uso de amônio glufosinato em cultivares de milho tolerantes 
a essa molécula também é uma alternativa viável para o controle na pós-emergência dessas 
plantas daninhas. 
Em contraste com a cultura do milho, na soja a disponibilidade de herbicidas para a substi-
tuição do glifosato para o controle de A.hybridus e A.palmeri resistentes é limitado, principalmen-
te na pós-emergência (Tabela 1). O controle na pós-emergência restringe-se basicamente aos 
herbicidas inibidores da protox, os quais por serem herbicidas de contato podem causar fitotoxi-
cidade para a cultura da soja. Também na pós-emergência tem-se a opção do amônio glufosina-
to em cultivares tolerantes a esse herbicida. Além disso, para a utilização do 2,4 D ou dicamba 
na dessecação pré-plantio é importante salientar que o intervalo de plantio da soja pode variar 
entre 7 a 28 dias dependendo da dose, produto e condições ambientais (LEGLEITHER; JO-
NHSON, 2013). Com o advento das tecnologias para a soja Enlist® (2,4 D, glifosato e amônio 
glufosinato) e Intacta 2Xtend® (dicamba e glifosato) abre-se também as possibilidades para o 
uso dos herbicidas auxínicos dentro da cultura. 
O uso dos herbicidas pré-emergentes na cultura do algodão é uma ferramenta importante 
devido a restrição de possibilidades para o controle na pós-emergência. Além disso, devido ao 
lento estabelecimento da cultura essa modalidade de herbicidas ganha mais notoriedade. 
Para a cultura do algodão, antes da semeadura, o herbicida 2,4 D tem sido usado na des-
secação. Essa recomendação deve ser realizada com cautela respeitando o intervalo mínimo 
entre o uso do herbicida e a semeadura do algodão. Dependendo da cobertura vegetal e época 
de semeadura pode-se fazer a aplicação sequencial de herbicidas com a associação de herbici-
das residuais em pré-emergência na segunda aplicação. 
Para o controle em pré-emergência os ingredientes ativos mais utilizados visando o contro-
le de caruru no algodão são a trifluralina e o S-metalacloro, geralmente em associação ao diuron 
(CAVENAGHI; GUIMARÃES, 2015). Cabe ressaltar ainda a possibilidade do uso de herbicidas 
inibidores da protox para a rotação de herbicidas na cultura. 
 
9 
Considerando o A. hybridus e A. palmeri resistentes a EPSPS e herbicidas inibidores da 
ALS o uso de variedades transgênicas a exemplo do amônio glufosinato, também é uma boa op-
ção para alternar os mecanismos de ação visando o controle dessas espécies. Na pós-
emergência, o controle fica restrito aos herbicidas inibidores da PROTOX e FSII que podem ser 
aplicados em jato dirigido. 
 
Tabela 1. Herbicidas registrados para a cultura do milho, soja e algodão no Brasil para o contro-
le de A. hybridus e que demonstram ser efetivos nos Estados Unidos e Argentina para o controle 
de biótipos de A. palmeri resistente a inibidores da ALS + EPSPS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1Produtos não possuem registro no MAPA para o controle de Amaranthus palmeri. 2PRÉ - pré-emergentes; 
3PÓS - pós-emergentes. Para ser utilizado no Brasil, qualquer defensivo agrícola deve estar registrado no 
Ministério da Agricultura e cadastrado nos Estados para a espécie em questão. 
Tabela adaptada de Legleither; Jonhson (2013); Gonçalves Netto et al. (2019); Gazziero; Silva (2017). 
Cultura Herbicida Mecanismo de ação Modalidade de uso 
Milho 
2,4 D 4 (O) PÓS 
Atrazina 5 (C1) PRÉ/PÓS 
Amônio Glufosinato 10 (H) PÓS 
Isoxaflutole 27 (F2) PRÉ 
Mesotriona 27 (F2) PÓS 
Tembotriona 27 (F2) PÓS 
Saflufenacil 14 (E) PÓS 
S-metolacloro 15 (K3) PRÉ 
Soja 
2,4 D 4 (O) PÓS 
Amônio Glufosinato 10 (H) PÓS 
Clomazona 13 (F4) PRÉ 
Dicamba 4 (O) PÓS 
Flumioxazina 14 (E) PRÉ 
Fomesafem 14 (E) PÓS 
Lactofem 14 (E) PÓS 
Metribuzim 5 (C1) PRÉ 
Pendimentalina 3 (K1) PRÉ 
Saflufenacil 14 (E) PÓS 
Sulfentrazona 14 (E) PRÉ 
S-metolacloro 15 (K3) PRÉ 
Trifluralina 3 (K1) PRÉ 
Algodão 
2,4D 4 (O) PÓS 
Amônio Glufosinato 10 (H) PÓS 
Carfentrazona 14 (E) PÓS 
Clomazona 13 (F4) PRÉ 
Diurom 5 (C2) PÓS 
Flumioxazina 14 (E) PRÉ 
Fomesafem 14 (E) PÓS 
Oxyfluorfem 14 (E) PRÉ 
Pendimentalina 3 (K1) PRÉ 
Prometrina 5 (C1) PÓS 
Saflufenacil 14 (E) PÓS 
S-metolacloro 15 (K3) PRÉ 
Trifluralina 3 (K1) PRÉ 
10 
8) Monitoramento 
O monitoramento de plantas daninhas resistentes nos talhões deve ser realizado frequen-
temente observando-se principalmente a presença de escapes e reboleiras. Destaca-se também 
a ocorrência dessas plantas daninhas em áreas não agricultáveis como beiradas de estradas, 
canais de irrigação, cercas que podem servir de foco de contaminação para outras áreas. 
O monitoramento é de extrema importância para produtores e para a indústria de insumos, 
pois possibilita a detecção precoce dos casos de resistência e permite que estratégias para o 
manejo dessas plantas daninhas sejam implementados visando a sustentabilidade da produção 
agrícola. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Amaranthus palmeri. Cuiabá: Instituto Mato-Grossense do Algodão, 2018. (IMAMT. Circular Técnica, 
33). 
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