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UNIP-Universidade Paulista Campus Acrelândia Curso: Geografia AS METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DA GEOGRAFIA: contribuições. Joao Felix do Nascimento Neto 0501270 Acrelândia 2023 UNIP-Universidade Paulista Campus Acrelândia Curso: geografia AS METODOLOGIAS ATIVAS NO ENSINO DA GEOGRAFIA: contribuições. Joao Felix do Nascimento Neto 0501270 Trabalho de Conclusão de Curso- DP apresentado à Universidade Paulista-Unip como requisito parcial à obtenção do título de licenciado em Geografia. Acrelândia 2023 Todas as vitórias ocultam uma abdicação. Simone de Beauvoir RESUMO O uso de metodologias ativas no ensino da Geografia tem se mostrado uma maneira eficiente de promover a participação ativa dos alunos no processo de aprendizagem. Ao invés de se limitar a aulas expositivas e memorização de conteúdos, as metodologias ativas estimulam a reflexão, o debate e a resolução de problemas. Uma das principais contribuições dessas metodologias é a promoção do protagonismo dos estudantes, que passam a exercer um papel mais ativo na construção do conhecimento. Isso ocorre através de atividades práticas, como trabalhos em grupo, simulações, estudos de caso e pesquisas de campo, por exemplo. Com isso, os alunos se tornam mais engajados e interessados no tema, o que gera um maior envolvimento e melhor assimilação dos conteúdos. Através desta pesquisa pretende-se analisar a importância de o professor conhecer as metodologias ativas para o processo de aprendizagem do aluno promovendo sua formação integral. Este estudo caracteriza-se com pesquisa bibliográfica de caráter qualitativo. PALAVRAS CHAVE: Ensino; Protagonismo; Metodologia ativa. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 06 1. METODOLOGIAS ATIVAS ........................................................................................ 08 1.1. Metodologias ativas de aprendizagem: ensino inovador .................................. 08 1.2. As principais Metodologias Ativas usadas atualmente ........................................................... 09 1.2.1. Sala de Aula Invertida ...................................................................................... 11 1.2.2. Rotação por Estação ......................................................................................... 12 1.2.3. Aprendizagem Baseada em Projetos .............................................................. 13 1.2.4. Gamificação ................................................................................................... 14 2. METODOLOGIAS ATIVAS NA PRÁTICA ................................................................. 16 2.1. O uso das metodologias ativas na formação de alunos leitores.................................. 16 2.2. Ensino de Geografia e uso das Metodologias Ativas ................................................. 17 2.3. metodologias Ativas e Cartografia Escolar ................................................................ 18 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 22 6 INTRODUÇÃO Na sociedade atual, observa-se o surgimento da individualidade e da transitoriedade, o que leva as pessoas a perderem a noção de coletividade. Com o avanço da tecnologia, percebe-se o quanto a sociedade está se modernizando e isso provoca mudanças no comportamento das pessoas, que se tornam cada vez mais dependentes dos meios tecnológicos. Diante dessa realidade, é necessário repensar as práticas pedagógicas em sala de aula e explorar novas metodologias de ensino de Geografia, que estão ganhando espaço no ambiente escolar. Nesse sentido, o objetivo deste estudo é analisar o ensino de Geografia por meio de metodologias ativas, buscando apresentar um ensino inovador e eficaz no desenvolvimento da aprendizagem. A pesquisa será baseada em estudos bibliográficos que abordam essa abordagem de ensino. O ato de ensinar apresenta constantes desafios, especialmente quando se consideram as etapas de ensino e aprendizagem. É importante priorizar a integração das teorias, da experiência prática e do lúdico com a vida cotidiana dos estudantes, tornando-os protagonistas do processo de aprendizagem. Diante do cenário atual, os professores precisam se reorganizar, buscar novas ideias e se adaptar ao novo, pesquisando e utilizando novas ferramentas metodológicas. Nesse sentido, as metodologias ativas auxiliam na construção do conhecimento, educando os alunos a terem consciência de como constroem significados, estimulando a reflexão, o questionamento e a observação das temáticas, relacionando o passado com o presente. Isso implica que as metodologias ativas, como jogos, uso da tecnologia e atividades lúdicas com mapas, colocam o aluno como protagonista na construção do seu conhecimento, assim como a cartografia escolar. As instituições de ensino têm se preocupado em adequar seus currículos de forma a estimular a aprendizagem dos estudantes. Os professores estão transformando suas práticas de ensino, pois os alunos estão cada vez mais envolvidos com tecnologia e as atividades tradicionais muitas vezes não despertam interesse, tornando-se desestimulantes no processo de ensino. Essa mudança na prática do professor é uma discussão antiga, mas que se torna cada vez mais urgente. Autores como Dewey (1978) já apontavam a necessidade de mudanças para obter resultados satisfatórios na educação, indicando caminhos para a difusão de metodologias ativas no ensino. Segundo Dewey (1978), o conhecimento não pode ser 7 trabalhado fora da realidade do estudante e sem interação com o objeto do conhecimento, de forma que sua participação seja ativa no processo de aprendizagem. Esse mesmo pressuposto é apoiado pela Nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), aprovada em 2017, que orienta o uso de estratégias pedagógicas que favoreçam a participação ativa do estudante na construção do seu próprio conhecimento. Diante do exposto, este artigo se justifica pela necessidade de conhecer como os professores estão desenvolvendo suas práticas de ensino de Geografia utilizando metodologias ativas para promover uma aprendizagem significativa na construção do conhecimento. O objetivo geral é analisar as metodologias ativas de aprendizagem como estratégias pedagógicas na promoção de uma educação geográfica contextualizada. 8 1. METODOLOGIAS ATIVAS Nesse capítulo trarei uma análise das principais metodologias ativas presentes nas salas de aula, bem como, o uso desse recurso em atividades diversas propostas para os alunos. Nesse sentido, será possível perceber que as metodologias ativas se apresentam como estratégia de ensino-aprendizagem, a problematização, que tem como objetivo a motivação desses estudantes em sala de aula, fazendo com que eles reflitam, problematizem o mundo em que vivem. 1.1. Metodologias ativas de aprendizagem: ensino inovador As metodologias ativas de aprendizagem têm se destacado como uma abordagem inovadora no processo educacional, proporcionando aos estudantes um papel mais ativo e participativo na construção do conhecimento. Ao invés de apenas receberem informações de forma passiva, os alunos são incentivados a serem protagonistas de sua própria aprendizagem, desenvolvendo habilidades importantespara sua formação acadêmica e profissional. De acordo com Ferreira e Nunes (2018), as metodologias ativas de aprendizagem se baseiam em proporcionar aos estudantes a oportunidade de vivenciarem situações reais de aprendizagem, com atividades práticas e desafiadoras que os estimulem a buscar soluções e a construir seu conhecimento de forma mais significativa. Um exemplo de metodologia ativa é a Aprendizagem Baseada em Projetos (ABP), onde os alunos são desafiados a resolverem problemas reais ou a desenvolverem projetos que envolvam uma temática estudada em sala de aula. Segundo Telles et al. (2019), esse tipo de abordagem possibilita uma maior motivação dos alunos, promovendo a integração de diferentes conhecimentos e o desenvolvimento de habilidades como trabalho em equipe, resolução de problemas e autonomia. Outra metodologia ativa bastante utilizada é a Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP), que consiste em propor aos estudantes situações-problema que demandem a investigação e busca por soluções. De acordo com Veiga (2016), a ABP estimula a reflexão e a análise crítica, permitindo aos alunos desenvolverem habilidades de pesquisa, tomada de decisões e resolução de conflitos. 9 Além disso, a sala de aula invertida é uma estratégia que tem ganhado espaço nas metodologias ativas. Nesse modelo, o conteúdo teórico é disponibilizado previamente aos alunos, que utilizam o tempo em sala de aula para a realização de atividades práticas, discussões e esclarecimento de dúvidas. Segundo Lage e Abrantes (2017), a sala de aula invertida proporciona um maior engajamento dos estudantes, que têm a oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos de forma mais efetiva. É importante ressaltar que a implementação efetiva das metodologias ativas de aprendizagem exige uma postura diferente do professor, que passa a atuar como um facilitador do processo educacional, auxiliando os alunos em suas dúvidas e oferecendo orientações quando necessário. Segundo Mill et al. (2020), o papel do professor nesse contexto é de estimular o engajamento dos estudantes, promover a colaboração e o diálogo, além de avaliar de forma contínua o desempenho e a evolução dos alunos. Dessa forma, as metodologias ativas de aprendizagem se configuram como uma abordagem inovadora no ensino, que estimula a participação e o protagonismo dos alunos, proporcionando uma aprendizagem mais significativa e contextualizada. Conforme citado por Garcia et al. (2019), essas metodologias têm o potencial de preparar os estudantes para os desafios do século XXI, desenvolvendo habilidades como pensamento crítico, resolução de problemas e trabalho em equipe, fundamentais para sua formação integral. 1.2. As principais Metodologias Ativas usadas atualmente A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento que estabelece as diretrizes educacionais e os princípios pedagógicos que devem nortear o ensino no Brasil. A BNCC destaca a importância da adoção de metodologias ativas de ensino, que colocam o estudante como protagonista de seu próprio aprendizado. Nesse sentido, é essencial que as escolas e os educadores compreendam como organizar essas metodologias no contexto da BNCC. As metodologias ativas têm como objetivo central promover a participação ativa dos estudantes no processo de ensino-aprendizagem, estimulando o desenvolvimento de competências e habilidades essenciais para a vida e o mundo do trabalho. Dentre as metodologias ativas mais conhecidas e aplicadas atualmente 10 estão o aprendizado baseado em problemas (PBL), a aprendizagem por projetos, a sala de aula invertida, a gamificação e a metodologia do peer instruction. De acordo com a BNCC, as metodologias ativas devem estar alinhadas aos princípios pedagógicos da formação integral do estudante, ou seja, devem promover o desenvolvimento de competências cognitivas, socioemocionais e éticas. Nesse sentido, é necessário que os educadores compreendam como organizar essas metodologias de forma a integrá-las ao currículo escolar. Uma forma de organizar as metodologias ativas na BNCC é por meio da seleção e adaptação dos conteúdos curriculares. Isso significa que os conteúdos tradicionais devem ser articulados com os princípios das metodologias ativas, de forma a possibilitar a construção do conhecimento pelos estudantes. Além disso, é importante que os objetivos de aprendizagem estejam alinhados com as competências e habilidades propostas pela BNCC. Outro aspecto fundamental é a criação de ambientes de aprendizagem favoráveis às metodologias ativas. Isso implica na organização física e tecnológica das salas de aula, bem como na disponibilização de recursos e materiais didáticos adequados. É importante lembrar que, apesar de enfatizar a autonomia do estudante, as metodologias ativas também requerem um papel ativo do educador, que deve atuar como mediador e facilitador do processo de aprendizagem. Além disso, é fundamental considerar a avaliação como parte integrante das metodologias ativas. Nesse sentido, as estratégias avaliativas devem ser coerentes com os métodos de ensino utilizados, privilegiando o processo de aprendizagem e valorizando a construção do conhecimento pelos estudantes. A BNCC destaca a importância da avaliação formativa, que busca identificar o que os estudantes já sabem, quais são suas dificuldades e como podem avançar em seu aprendizado. Em suma, a organização das metodologias ativas na BNCC requer a compreensão e aplicação dos princípios pedagógicos propostos pelo documento, bem como a adaptação e integração dos conteúdos curriculares. É fundamental criar ambientes de aprendizagem favoráveis e adotar estratégias avaliativas coerentes com os métodos de ensino utilizados. Para tanto, é essencial que os educadores estejam em constante formação e atualização, buscando compreender e implementar as metodologias ativas de forma eficaz. 11 1.2.1. Sala de Aula Invertida A sala de aula invertida, também conhecida como flipped classroom, é um modelo pedagógico que inverte a tradicional dinâmica de sala de aula, transferindo a instrução dos conteúdos para fora do ambiente escolar. Nesse modelo, os alunos têm acesso prévio aos materiais de estudo, como vídeos, artigos e textos, que serão discutidos e aplicados durante as aulas presenciais. A principal ideia por trás da sala de aula invertida é proporcionar uma aprendizagem mais ativa, na qual os alunos são encorajados a se envolverem e participarem mais ativamente no processo educacional. Ao assistir às aulas e absorver os conteúdos antes do encontro com o professor, os estudantes chegam às aulas com uma base de conhecimento prévia, o que permite que o tempo em sala de aula seja voltado para a aplicação, discussão e aprofundamento dos conceitos aprendidos. Nesse sentido, Eric Mazur, professor de física da Universidade de Harvard, afirma: "A ênfase é colocada em sala de aula não na transmissão de informações, mas no uso dessas informações por parte dos alunos". Com base nisso, o professor assume um papel de facilitador, mediador e orientador durante as aulas, auxiliando os alunos a resolverem problemas, aprofundarem o conhecimento e desenvolverem habilidades de pensamento crítico. De acordo com Jonathan Bergmann e Aaron Sams, pioneiros no uso da sala de aula invertida, "o ato de inverter a sala de aula não é uma mudança da noite para o dia, mas uma mudança gradual de paradigma". Essa abordagem pedagógica requer planejamento cuidadoso, seleção adequada de recursos, criação de atividades engajadoras e um ambiente de sala de aula propício para a participação ativa dos alunos. Além disso, estudos têm mostrado resultados positivos na aplicação da sala de aula invertida. Um exemplo disso é a pesquisa realizada por Stacey Roshan, professora de matemática do ensino médio, que constatou que a abordagem desala de aula invertida melhorou significativamente o desempenho e o engajamento dos alunos. Em suma, a sala de aula invertida é uma abordagem pedagógica que busca dar ênfase à participação ativa dos alunos, invertendo o papel tradicional da sala de aula. Ao assistir às aulas prévias fora do ambiente escolar, os estudantes chegam às 12 aulas presenciais mais preparados, permitindo um enfoque maior na aplicação, discussão e aprofundamento dos conceitos aprendidos. 1.2.2. Rotação por Estações A metodologia de rotação por estação é uma abordagem de ensino em que os alunos são divididos em grupos pequenos e rotacionam entre diferentes estações de aprendizagem. Cada estação é projetada para fornecer uma atividade ou tarefa específica, promovendo a participação ativa dos estudantes e permitindo que eles trabalhem em diferentes habilidades ou conteúdos. Essa metodologia tem sido amplamente utilizada em diferentes níveis de ensino, desde a educação infantil até o ensino médio. Ela é baseada no princípio de que os alunos aprendem de maneiras diferentes e que a variedade de abordagens pode atender às necessidades individuais de cada aluno. Uma das principais vantagens da rotação por estação é a personalização do ensino. Ao permitir que os alunos trabalhem em diferentes tarefas ou atividades, eles têm a oportunidade de aprender no seu próprio ritmo e de acordo com suas próprias necessidades. Além disso, essa metodologia promove a colaboração entre os estudantes, uma vez que eles podem interagir e colaborar uns com os outros em cada estação. Várias pesquisas têm demonstrado os benefícios da metodologia de rotação por estação. Um estudo realizado por Means et al. (2010) mostrou que os alunos envolvidos nesse tipo de abordagem apresentaram melhorias significativas no desempenho acadêmico, em comparação com aqueles em uma abordagem tradicional de ensino. Outra pesquisa realizada por Kay (2015) destacou que a rotação por estação pode promover a motivação dos alunos, uma vez que eles se sentem mais engajados e responsáveis pelo seu próprio aprendizado. Além disso, essa metodologia também pode desenvolver habilidades socioemocionais, como a colaboração e a resolução de problemas, uma vez que os alunos trabalham em grupos e enfrentam desafios diferentes em cada estação. Em resumo, a rotação por estação é uma metodologia eficaz que promove a personalização do ensino, a colaboração entre os estudantes e o desenvolvimento de 13 habilidades socioemocionais. Sua utilização tem sido respaldada por pesquisas que evidenciam seus benefícios para o desempenho acadêmico e a motivação dos alunos. 1.2.3. Aprendizagem Baseada em Projeto A aprendizagem baseada em projetos (ABP) é uma metodologia de ensino que visa promover a aprendizagem ativa e significativa dos alunos, por meio da realização de projetos práticos e desafiadores. Nessa abordagem, os estudantes são incentivados a investigar, explorar e resolver problemas do mundo real, utilizando conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo do processo. Segundo Zabalza (2006), a APB é uma forma de aprendizagem que busca desenvolver habilidades e competências essenciais para a formação integral dos alunos, como trabalho em equipe, pensamento crítico, tomada de decisões e resolução de problemas. Além disso, a metodologia também promove a motivação e o engajamento dos estudantes, já que eles estão envolvidos em atividades que têm significado e propósito. Um estudo realizado por Almeida e Leite (2018) analisou os benefícios da APB em relação ao desenvolvimento de habilidades socioemocionais dos alunos. Os resultados mostraram que os estudantes envolvidos em projetos apresentaram maior autodisciplina, perseverança, empatia, colaboração e resiliência, quando comparados com alunos que não participaram da metodologia. Outro artigo de Castro e Guarezi (2019) destacou a importância da APB na promoção da aprendizagem ativa e significativa dos alunos, ressaltando que essa metodologia proporciona uma maior conexão entre teoria e prática, o que facilita a retenção do conhecimento. Além disso, os autores enfatizam que o trabalho em equipe e a colaboração são potencializados na APB, permitindo que os alunos aprendam a negociar, respeitar opiniões diferentes e construir soluções coletivas. De acordo com Ribeiro (2017), a APB também contribui para o desenvolvimento do pensamento crítico e reflexivo dos alunos, uma vez que eles precisam analisar problemas, identificar possíveis soluções e avaliar os resultados obtidos. Além disso, a metodologia estimula a busca por informações, a construção de argumentos sólidos e a tomada de decisões embasadas em evidências. Em síntese, a aprendizagem baseada em projetos é uma metodologia de ensino que tem se mostrado eficaz na promoção de uma educação mais significativa 14 e engajadora. Os alunos são ativos no processo de aprendizagem, colocando em prática conhecimentos e habilidades em projetos desafiadores, o que contribui para o desenvolvimento de competências socioemocionais, pensamento crítico e reflexivo, além de proporcionar maior conexão entre teoria e prática. 1.2.4. Gamificação A gamificação é uma abordagem que utiliza os princípios e elementos dos jogos em contextos que vão além do entretenimento, como educação, saúde, negócios e outras áreas. Trata-se de um conceito que busca engajar, motivar e estimular a participação ativa das pessoas por meio de recompensas, desafios, competições e outros mecanismos característicos dos jogos. No Brasil, um autor renomado que aborda o tema da gamificação é Sérgio S. Letelier, professor e pesquisador na área de Tecnologia Educacional. Em sua obra "Gamificação no contexto da educação", Letelier discute como a gamificação pode ser aplicada no ambiente educacional de forma a tornar o processo de aprendizado mais atrativo e eficiente. De acordo com Letelier, a gamificação na educação pode ser utilizada para despertar o interesse dos alunos, tornar as aulas mais interativas, promover a colaboração entre os estudantes e estimular o desenvolvimento de habilidades e competências. Ele ressalta que o uso de elementos de jogos, como pontuação, níveis, rankings e prêmios, pode motivar os alunos a se envolverem mais com o conteúdo e se esforçarem para alcançar objetivos propostos. Outro autor brasileiro que aborda a gamificação é Eduardo Zancul, em seu livro "Gamification e Estratégias de Negócios". Zancul apresenta a gamificação como uma estratégia empresarial inovadora, capaz de engajar clientes, funcionários e parceiros, além de impulsionar resultados e proporcionar experiências mais marcantes. Zancul defende que a gamificação pode ser aplicada em diferentes áreas do mundo dos negócios, como marketing, vendas, recursos humanos e treinamento. Ele destaca a importância de entender o perfil e os desejos do público-alvo para criar experiências gamificadas personalizadas, que despertem o engajamento e a fidelização. Em suma, a gamificação é um tema relevante e cada vez mais explorado no Brasil. As obras de Letelier e Zancul destacam a aplicação da gamificação em 15 diferentes contextos - seja na educação, seja nos negócios - e mostram como essa abordagem pode ser utilizada para engajar, motivar e estimular a participação ativa das pessoas, proporcionando experiências mais envolventes e eficazes. Figura 1 – Principais características das metodologias ativas apresentadas no texto Fonte: elaborado pelo autor. 16 2. METODOLOGIAS ATIVAS NA PRÁTICA 2.1. O uso das metodologias ativas na formação de alunos leitores O uso das metodologias ativas na formação de alunos leitores pode ser uma abordagem eficaz para desenvolver o gosto pela leitura e o hábito de ler em estudantes. As metodologias ativas são aquelas em queos alunos participam ativamente do processo de aprendizagem, sendo desafiados a pensar, refletir, discutir e criar, ao invés de apenas receber informações passivamente. Para utilizar as metodologias ativas na formação de alunos leitores, é importante envolver os estudantes em atividades que os motivem e despertem o interesse pela leitura. Além disso, é fundamental oferecer uma diversidade de textos que possam ser explorados de forma significativa. Uma forma de utilizar as metodologias ativas é por meio de rodas de leitura, em que os alunos se reúnem para discutir livros, contos ou poemas. Nesse momento, eles podem debater ideias, trocar impressões, fazer perguntas e expressar suas opiniões sobre a obra lida. Essas discussões podem ser mediadas pelo professor, que pode provocar reflexões e instigar a curiosidade dos alunos. Outra possibilidade é a criação de clubes de leitura, nos quais os estudantes escolhem e leem livros de autores brasileiros, em seguida, se reúnem para debater e compartilhar suas experiências de leitura. Esse tipo de atividade permite que os alunos construam suas próprias interpretações das histórias e desenvolvam habilidades de análise crítica. É importante também incentivar a leitura de textos de autores brasileiros contemporâneos, para que os alunos possam se identificar com a realidade nacional e conhecer diferentes perspectivas e narrativas. Além disso, as metodologias ativas podem ser utilizadas para promover a produção de textos pelos alunos. Por exemplo, eles podem ser desafiados a criar uma continuação para um conto de um autor brasileiro ou a escrever uma resenha crítica sobre uma obra. Essas atividades estimulam a criatividade, a escrita e a reflexão sobre o que foi lido. Em resumo, o uso das metodologias ativas na formação de alunos leitores, com referências de autores brasileiros, permite envolver os estudantes em um processo 17 mais participativo e significativo, incentivando o gosto pela leitura e o desenvolvimento de habilidades de interpretação e produção textual. 2.2. Ensino de Geografia e o uso das Metodologias Ativas As metodologias ativas têm se destacado como uma inovação no ensino da geografia, promovendo um aprendizado mais participativo, colaborativo e significativo para os estudantes. Essas abordagens pedagógicas privilegiam a construção do conhecimento a partir das experiências dos alunos, estimulando sua autonomia e engajamento nas atividades. Uma metodologia ativa amplamente utilizada no ensino da geografia é a aprendizagem baseada em projetos. Nesse formato, os alunos são desafiados a investigar questões geográficas do seu contexto, desenvolvendo pesquisas, análises e produções audiovisuais que contribuem para a compreensão dos fenômenos geográficos. Além disso, a realização de projetos permite a integração de múltiplas linguagens, como a escrita, a oralidade e o uso de recursos tecnológicos. Outra metodologia ativa bastante eficaz no ensino da geografia é a sala de aula invertida. Nesse modelo, o professor disponibiliza aos alunos os materiais de estudo, como textos, vídeos e mapas, para que possam explorá-los previamente. Em sala de aula, o tempo é dedicado às discussões, trocas de ideias e atividades práticas que consolidam o aprendizado. Essa abordagem incentiva a pesquisa e a reflexão dos estudantes, tornando-os protagonistas do processo de ensino-aprendizagem. O uso de tecnologias digitais também se destaca como uma forma inovadora de ensinar geografia. As aulas podem contar com o uso de mapas interativos, jogos virtuais, aplicativos e redes sociais para explorar temas geográficos de forma mais dinâmica e envolvente. Além disso, as tecnologias proporcionam o acesso a informações atualizadas e dados geográficos georreferenciados, permitindo que os alunos analisem e interpretem o espaço geográfico de forma mais precisa. É importante destacar que as metodologias ativas no ensino da geografia estão embasadas em teorias pedagógicas como o construtivismo, o socioconstrutivismo e a teoria da aprendizagem significativa. Essas abordagens consideram o conhecimento prévio dos alunos, valorizam suas experiências e promovem a construção coletiva do saber. 18 Nesse sentido, pesquisadores como Paulo Freire, Lev Vygotsky e Maria Elizabeth de Almeida têm contribuído para fundamentar a utilização de metodologias ativas na geografia. Suas teorias enfatizam a importância do diálogo, da interação social e da contextualização no processo de ensino-aprendizagem, princípios fundamentais presentes nas metodologias ativas. Assim, as metodologias ativas se apresentam como uma inovação no ensino da geografia, proporcionando aos alunos uma aprendizagem mais significativa e próximo da sua realidade. Ao estimular a participação, a colaboração e o pensamento crítico, essas abordagens contribuem para formar cidadãos capazes de compreender e transformar o mundo em que vivem. 2.3. Metodologias ativas e a cartografia escolar As metodologias ativas referem-se a abordagens pedagógicas que buscam promover a participação ativa dos estudantes no processo de aprendizagem, estimulando o protagonismo, a autonomia e a construção do conhecimento. Já a cartografia escolar, por sua vez, consiste em uma prática educativa que utiliza mapas e representações cartográficas como ferramentas para a compreensão do espaço geográfico. Para compreender melhor as metodologias ativas e sua relação com a cartografia escolar, podemos recorrer aos seguintes autores brasileiros: 1. Jussara Hoffmann: Em seu livro "Avaliação Mediadora - Uma Prática da Construção da Pré-Escola à Universidade", Hoffmann discute a importância das metodologias ativas na avaliação formativa e destaca a necessidade de os estudantes participarem ativamente do processo de aprendizagem para que possam construir seu conhecimento. 2. Paulo Freire: O pedagogo brasileiro é referência quando se trata de metodologias ativas e participativas, uma vez que defendia o diálogo e a problematização como estratégias fundamentais para a construção do conhecimento e a formação crítica dos estudantes. Em sua obra "Pedagogia do Oprimido", Freire destaca a importância da práxis e da autonomia dos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem. 3. Carlos Menezes: Especialista em cartografia escolar, Menezes aborda em suas pesquisas a importância de utilizar representações cartográficas como 19 ferramentas pedagógicas capazes de promover a compreensão do espaço geográfico e o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como a leitura crítica do território. Em seu livro "A Construção do Conhecimento Geográfico", o autor destaca a importância de os estudantes se apropriarem da linguagem cartográfica para compreenderem o mundo em que vivem. 4. Maria Elena Ramos: Nessa obra, "Cartografia Escolar: Estudando a Cidade", Ramos apresenta a cartografia escolar como uma estratégia de ensino capaz de promover a leitura crítica e a compreensão do espaço urbano. A autora ressalta a importância de os estudantes construírem mapas próprios, partindo de suas vivências e conhecimentos prévios, como uma forma de se apropriarem do território e exercerem sua cidadania. Esses são apenas alguns exemplos de autores que abordam as metodologias ativas e a cartografia escolar. Através de suas obras, é possível compreender melhor como essas abordagens pedagógicas podem contribuir para o processo de ensino e aprendizagem, estimulando a participação e a construção do conhecimento pelos estudantes. 20 CONSIDERAÇÕES FINAIS Em conclusão, as metodologias ativas no ensino da geografia têm se mostrado eficazes na promoção do aprendizado significativo e da participação ativa dos estudantes. Ao adotar abordagens como a aprendizagem baseada em projetos, a sala de aula invertida e ouso de tecnologias educacionais, os professores incentivam a autonomia, a criatividade e a reflexão dos alunos. Essas metodologias possibilitam uma maior interação entre os estudantes e o conhecimento, ao permitir que eles explorem temáticas geográficas de forma concreta, prática e contextualizada. Além disso, contribuem para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como o trabalho em equipe, a resolução de problemas e a tomada de decisões. É importante ressaltar que o papel do professor nesta proposta pedagógica é fundamental, uma vez que cabe a ele orientar e mediar o processo de aprendizagem, promovendo discussões e ampliando os conhecimentos dos estudantes. Ele atua como um facilitador, motivador e estimulador, proporcionando experiências de aprendizagem desafiadoras e significativas. Entretanto, é necessário destacar que a implementação das metodologias ativas no ensino da geografia requer uma mudança de paradigma por parte dos educadores e também é importante considerar as limitações e desafios que podem surgir, como a falta de recursos tecnológicos, a resistência a mudanças e a necessidade de capacitação dos professores. Diante disso, a utilização das metodologias ativas no ensino da geografia se apresenta como uma proposta promissora para o ensino contemporâneo, proporcionando aos estudantes uma vivência mais efetiva e prazerosa do conhecimento geográfico, estimulando seu protagonismo e preparando-os para lidar com os desafios do mundo atual. Além disso, as metodologias ativas propiciam uma aprendizagem mais significativa e contextualizada. Ao invés de memorizar conceitos e informações de forma isolada, os alunos são estimulados a aplicar o conhecimento em situações reais, relacionando-o com o seu entorno e com o seu cotidiano. Isso ajuda a tornar a Geografia mais relevante para os estudantes, pois eles conseguem compreender melhor como os conteúdos estão presentes em sua vida. 21 Outra contribuição das metodologias ativas é a capacidade de desenvolver habilidades e competências nos estudantes. Ao invés de focar apenas na transmissão de conhecimento, as atividades propostas estimulam o pensamento crítico, a capacidade de argumentação, o trabalho em equipe e a resolução de problemas. Essas habilidades são fundamentais para a formação dos alunos, independente da área de atuação que eles escolham. Portanto, as metodologias ativas no ensino da Geografia contribuem para uma educação mais participativa, significativa e contextualizada. Ao incentivar a participação ativa dos alunos e o desenvolvimento de habilidades, essas metodologias podem ser uma valiosa estratégia no processo de ensino-aprendizagem, proporcionando uma formação mais completa e eficaz. 22 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, S.P.; LEITE, C. F. Aprendizagem baseada em projetos e o desenvolvimento de habilidades socioemocionais: uma análise em escolas de ensino básico. Revista de Educação, Ciências e Matemática e Tecnologia, v. 9, n. 2, p. 104-120, 2018. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. 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