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Espelho do Acórdão Processo Mandado de Segurança 1.0000.00.277307-5/000 2773075-63.2000.8.13.0000 (1) Relator(a) Des.(a) Eduardo Andrade Órgão Julgador / Câmara Câmaras Cíveis Isoladas / 1ª CÂMARA CÍVEL Súmula DENEGARAM A SEGURANÇA Data de Julgamento 15/10/2002 Data da publicação da súmula 18/10/2002 Ementa MANDADO DE SEGURANÇA - PRISÃO EIVADA DE NULIDADE - MENOR DE 21 ANOS - CURADOR - AUSÊNCIA - RELAXAMENTO DA PRISÃO - ILEGALIDADE NO ATO - AUSÊNCIA - ORDEM DENEGADA. Se, em verdade, os crimes hediondos são insusceptíveis de concessão de liberdade provisória (artigo 2º da Lei 8.072/90), é certo que ao réu menor de vinte e um anos é obrigatória a nomeação de curador (artigo 15 do Código de processo Penal), sob pena de nulidade do processo. Assim, por entender a autoridade coatora que, diante das defesas conflitantes, deveria ter sido nomeado um advogado para cada uma das partes, a declaração de nulidade da prisão em flagrante, com o relaxamento da prisão do acusado, não configura ato ilegal ou abusivo, a embasar a impetração do ""mandamus"". A discussão de tal aspecto da ação penal deverá ser feita pelas vias normais do processo e não pela ação mandamental, destinada a amparar atos praticados com ilegalidade ou abuso de poder. Ordem denegada. Inteiro Teor EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA - PRISÃO EIVADA DE NULIDADE - MENOR DE 21 ANOS - CURADOR - AUSÊNCIA - RELAXAMENTO DA PRISÃO - ILEGALIDADE NO ATO - AUSÊNCIA - ORDEM DENEGADA. Se, em verdade, os crimes hediondos são insusceptíveis de concessão de liberdade provisória (artigo 2º da Lei 8.072/90), é certo que ao réu menor de vinte e um anos é obrigatória a nomeação de curador (artigo 15 do Código de processo Penal), sob pena de nulidade do processo. Assim, por entender a autoridade coatora que, diante das defesas conflitantes, deveria ter sido nomeado um advogado para cada uma das partes, a declaração de nulidade da prisão em flagrante, com o relaxamento da prisão do acusado, não configura ato ilegal ou abusivo, a embasar a impetração do "mandamus". A discussão de tal aspecto da ação penal deverá ser feita pelas vias normais do processo e não pela ação mandamental, destinada a amparar atos praticados com ilegalidade ou abuso de poder. Ordem denegada. MANDADO DE SEGURANÇA Nº 000.277.307-5/00 - COMARCA DE POUSO ALEGRE - IMPETRANTE(S): MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS, PJ V CR MENORES COMARCA POUSO ALEGRE - javascript: window.print(); javascript: window.print(); http://www4.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_resultado2.jsp?listaProcessos=10000002773075000 http://www4.tjmg.jus.br/juridico/sf/proc_resultado2.jsp?listaProcessos=10000002773075000 javascript:mostrarOcultarPanel(1); mostrarOcultarPanel(2); javascript:mostrarOcultarPanel(1); mostrarOcultarPanel(2); javascript: void(0); javascript: void(0); javascript: void(0); javascript: void(0); COATOR(A)(S): JD VARA CRIMINAL COMARCA POUSO ALEGRE - RELATOR: EXMO. SR. DES. EDUARDO ANDRADE ACÓRDÃO Vistos etc., acorda a PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, incorporando neste o relatório de fls., na conformidade da ata dos julgamentos e das notas taquigráficas, à unanimidade de votos, EM DENEGAR A SEGURANÇA. Belo Horizonte, 15 de outubro de 2002. DES. EDUARDO ANDRADE - Relator NOTAS TAQUIGRÁFICAS O SR. DES. EDUARDO ANDRADE: VOTO Trata-se de mandado de segurança, com pedido de liminar, impetrado pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais, através do ilustrado Promotor de Justiça, Décio Monteiro Moraes, objetivando que seja concedido efeito suspensivo ao recurso em sentido estrito interposto contra decisão que concedeu liberdade provisória ao acusado Antônio Marcos Machado de Paula, preso em flagrante pelo crime de tráfico de drogas. À f. 134/135 foi negada a liminar requerida pelo representante do Ministério Público, que objetivava a cassação do alvará de soltura, com o imediato recolhimento do acusado à Cadeia Pública de Pouso Alegre. Regularmente notificado, o ilustre Juiz da Vara Criminal da Comarca de Pouso Alegre, Dr. Antônio Krepp Filho, prestou informações à f. 141/143. Remetidos os autos à d. Procuradoria Geral de Justiça, a ilustre representante do Ministério Público, Dra. Myriam Regina X. N. Carvalhaes, opinou pela denegação da ordem (f. 179/183). Com a devida vênia do ilustre Promotor de Justiça, Dr. Décio Monteiro Moraes, o presente mandado de segurança não tem como prosperar. Isso porque, como disse na decisão de f. 134/135, se, em verdade, os crimes hediondos são insusceptíveis de concessão de liberdade provisória (artigo 2º da Lei 8.072/90), é certo que ao réu menor de vinte e um anos é obrigatória a nomeação de curador (artigo 15 do Código de processo Penal), sob pena de nulidade do processo. No caso sub examine, ocorreu a nomeação de curador/defensor aos presos, sendo dois os autuados (Michel Coelho Viana e Antônio Marcos de Paula), com defesas conflitantes, como se vê do auto de prisão em flagrante de f. 67. Assim, por entender a autoridade coatora que, diante das defesas conflitantes, deveria ter sido nomeado um advogado para cada uma das partes, declarou a nulidade da prisão em flagrante e determinou o relaxamento da prisão do acusado (f. 79/82). A decisão proferida pelo ilustre Juiz da Vara Criminal da Comarca de Pouso Alegre encontra-se em consonância com diversos julgados dos nossos tribunais, senão vejamos: "CRIME HEDIONDO - LATROCÍNIO - CONFISSÃO EXTRAJUDICIAL ROBORADA POR OUTROS ELEMENTOS PROBATÓRIOS - DECISÃO CORRETA - ADEQUAÇÃO DA PENA DE MULTA. RÉU MENOR AUSÊNCIA DE CURADOR QUANDO DO INTERROGATÓRIO NULIDADE RECONHECIDA. 1. Configurada a participação do apelante no crime de latrocínio, insuscetível de reparos e a sentença condenatória, ajustando-se, apenas, a pena de multa. 2. Segundo iterativa jurisprudência, inclusive desta corte, anula-se o processo quanto ao apelante Elnis Claudino, tendo em vista ser menor de 21 anos, por ausência de curador e defensor, inclusive, na instrução." (TAPR, 4ª Câm. Crim., ap. crim. 0055036500, Rel. Juiz Moacir Guimarães, julg. 10.12.92, p. 05.02.93). "PROCESSO PENAL: HABEAS CORPUS - TÓXICOS - ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA - ART. 14, DA LEI 6.368/76 - RÉU MENOR - INTERROGATÓRIO - AUSÊNCIA DE CURADOR E DE ADVOGADO - IMPRESCINDIBILIDADE DA NOMEAÇÃO - NULIDADE ABSOLUTA - DESNECESSIDADE DE PERQUIRIR-SE A EXISTÊNCIA OU NÃO DE PREJUÍZO PARA A DEFESA - ARTS. 194 E 262 DO CPP - ORDEM CONCEDIDA. É É causa de nulidade absoluta a não nomeação de curador ao acusado menor de idade para o interrogatório, por força do que dispõe os arts. 194 e 262 do CPP, ex vi do disposto no seu art. 564, III, "c". Nessa hipótese não cabe perquirir se houve ou não prejuízo para a defesa, pois o que se deve ter em atenção permanente é a intransigente observação dos constitucionais direitos do menor, já que a hipótese é de nulidade absoluta. Embora o crime imputado ao acusado seja considerado hediondo, e portanto inviável a concessão de fiança ou de liberdade provisória, a nulidade vicia inapelavelmente a relação processual, e sendo visível o constrangimento ilegal, é de se conceder a ordem para anular o feito a partir do Interrogatório, inclusive, expedindo-se o alvará de soltura. Ordem concedida." (TJDF, 1ª Turma Crim., Habeas Corpus nº 680995, rel. Des. P. A. Rosa de Farias., j. 30.03.1995, p. 03.05.1995). Por outro lado, a jurisprudência pátria repele o uso do mandamus como substituto de recurso ordinário na esfera penal, senão vejamos: "PROCESSUAL PENAL. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANÇA IMPETRADO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO ATRIBUINDO EFEITO SUSPENSIVO A RECURSO EM SENTIDO ESTRITO INTERPOSTO CONTRA DECISÃO CONCESSIVA DE LIBERDADE PROVISÓRIA. 1. O deferimento de liminar em Mandado de Segurança impetrado pelo Ministério Público para atribuir efeito suspensivo a recurso em sentido estrito interposto contra decisão concessiva de liberdade provisória, segundo entendimento pretoriano, empresta a este recurso uma amplitude e um efeito que a lei não lhe reconhece, inclusive dando margem a interpretação analógica,com o uso de "remédio constitucional voltado em primeira sede para tutelar direitos não amparados por Habeas Corpus que tiveram sua nascente na violação da liberdade mediata". 2. Habeas corpus concedido." (STJ, 6ª Turma, Habeas Corpus nº 6562/RJ, Rel. Min. Fernando Gonçalves. j. 02.12.1997, p. DJU 02.02.1998, p. 131). "CONSTITUCIONAL. PROCESSO PENAL. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. EFEITO SUSPENSIVO. Não é cabível Mandado de Segurança para dar efeito suspensivo a recurso suspensivo no qual se pretende o reconhecimento do direito da parte substituir testemunha. A discussão de tal aspecto da ação penal deverá ser feita pelas vias normais do processo e não pela ação mandamental, destinada a amparar atos praticados com ilegalidade ou abuso de poder." (TRF, 4ª Região, 1ª Turma, Mandado de Segurança nº 1998.04.01.012314-6/PR, Rel. Juiz Vladimir Freitas, j. 10.11.1998, p. DJU 09.12.98, p. 659). "MANDADO DE SEGURANÇA. Se o Recurso em Sentido Estrito não tem o efeito suspensivo pretendido pelo impetrante, este não pode buscá-lo através de outra via, sob pena de inverter a ordem jurídica vigente. Denegou-se a ordem." (TJDF, Mandado de Segurança nº 295292/DF, Rel. Des. Vaz de Mello., j. 08.10.1992, p. DJU 25.11.1992, p. 39.511). Assim, a discussão de tal aspecto da ação penal deverá ser feita pelas vias normais do processo e não pela ação mandamental, destinada a amparar atos praticados com ilegalidade ou abuso de poder. Por fim, como bem salientado no parecer da ilustre Procuradora de Justiça, Dra. Myriam Regina X. N. Carvalhaes: "... foi concedido ao acusado o relaxamento da sua prisão, uma vez que a mesma estava eivada de ilegalidade, e não a liberdade provisória. Ressalte-se, ainda, que o douto magistrado deixou de decretar a prisão preventiva do indiciado menor, haja vista inexistência de motivos para a decretação de tal medida, eis que é primário, possui bons antecedentes, residência fixa e ao que tudo indica não demonstrou intenção de burlar provas ou se furtar da aplicação da lei penal." (f. 183). Como se vê, o processo está correndo normalmente na Comarca de Pouso Alegre, sendo o acusado primário e de bons antecedentes, além de residente no distrito da culpa, e até o momento não se furtou a comparecer ao chamamento da justiça. Com essas considerações, por não vislumbrar qualquer ilegalidade no ato praticado pelo ilustre Magistrado monocrático, ou abuso de poder, denego a ordem. O SR. DES. GERALDO AUGUSTO: VOTO De acordo. O SR. DES. ORLANDO CARVALHO: VOTO De acordo. O SR. DES. FRANCISCO LOPES DE ALBUQUERQUE: VOTO De acordo. O SR. DES. CAETANO LEVI LOPES (CONVOCADO): VOTO De acordo. SÚMULA : DENEGARAM A SEGURANÇA.
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