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Violência contra negras aumenta 54 nos últimos 10 anos

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Violência contra negras aumenta 54%, nos últimos 10 anos
A faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais divulgou um mapa da violência no Brasil. De acordo
com o levantamento, a morte de mulheres brancas vítimas de violência diminuiu 10% e a de negras
aumentou em 54%.
Esses números se desenrolaram ao longo de 10 anos, entre 2003 e 2013. O aumento considerável de
morte de mulheres afrodescendentes causa revolta e indignação, uma vez que a violência contra as
mulheres de pele branca sofreu redução no mesmo período do levantamento.
De acordo com a coordenadora do Coletivo de Mulheres Negras de Minas Gerais, Benilda Regina Paiva
Brito, as questões de raça têm impacto nas de gênero. “Todas as estatísticas são piores para nós. A Lei
Maria da Penha não teve impacto sobre nossas vidas. Uma raça aumenta enquanto a outra diminui. Se
você é preto e pardo e tem entre 15 e 29 anos, a sua chance de ser assassinado no Brasil aumenta
147%. Treze mulheres morrem assassinadas por dia no País. Estamos na base da pirâmide, somos as
mais impactadas pela desigualdade social”, declara a coordenadora.
Foto: depositphotos
Um dos indicativos dessa discriminação, segundo Ana Paula Martins, atuante do movimento Angola
Janga, é que as próprias escolas nacionais não colocam em prática a Lei 10.639 de 2003, que obrigam
as escolas públicas e particulares a ensinarem a história e a cultura afro-brasileira.
“Crianças e adolescentes negros conscientes de sua identidade são um perigo para a nossa sociedade
racista, por isso, nenhuma instituição coloca isso em prática. E a maior militância da mulher negra é
sobreviver”, afirma Ana Paula.
Opinião compartilhada também pela subsecretária de Estado de Igualdade Racial, Cleide Hilda de Lima
Souza. “Diariamente a polícia mata um avião de jovens negros. É um racismo disfarçado de questão
estrutural. O Governo Federal não fará nada por nós. Os primeiros ministérios que acabaram foram o
nosso e o das mulheres. No poder, inverteríamos a lógica dos investimentos, e é isso que eles temem”.
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O levantamento para identificar o número de mulheres negras vítimas de violência torna-se mais
complexo pois não há a identificação da raça nos formulários de atendimento à mulher.
“Não sabemos quantas mulheres negras atendemos, e isso é um absurdo. Essa situação acontece não
só em Minas, mas em todos os estados. Não enxergamos as negras, não sabemos o que elas passam
quando chegam lá. Ela já sofre tantas violências e, quando chega até nós, tratamos apenas da violência
doméstica. Desprezamos a violência social”, é o que afirma a defensora pública, Samantha Vilarinho
Mello Alves.

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