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Biologia - Livro 3-0031

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das ramificações aumenta a superfície de absorção do
sistema radicular e melhora a capacidade de fixação da
planta ao solo
As raízes podem ser classificadas de acordo com dois
aspectos: quanto à origem de formação e quanto ao hábitat
Origem
Vimos que uma semente em germinação gera a ra-
dícula, que origina a raiz adulta. No entanto, há as raízes
adventícias, que não são provenientes da radícula; elas
podem ser formadas por folhas ou caules. Uma folha de
violeta, por exemplo, se for cortada e colocada em um re-
cipiente com água, gera, em poucos dias, grande número
de raízes adventícias.
O caule da samambaia, por exemplo, é do tipo rizoma
e dele saem raízes adventícias laterais (Fig. 3).
Folha
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Raízes
adventícias
Folha
Solo
Caule
Fig. 3 Raízes adventícias são provenientes de folhas ou de caules.
Hábitat
Raízes de plantas recebem classificações diversas de
acordo com o hábitat nos quais se desenvolvem. As raízes
dos diferentes hábitats podem ser divididas em aquáticas,
aéreas e subterrâneas. Veremos alguns exemplos a seguir.
Aquáticas
y Raiz aquática: as raízes de plantas aquáticas de
senvolvem-se submersas na água Normalmente,
essas plantas possuem folhas e/ou caule flutuantes,
mas também existem espécies que se desenvolvem
totalmente submersas. Como exemplos de raízes
aquáticas, podem ser citadas as das ninfeias (Fig 4),
e de plantas que sobrevivem totalmente submersas,
como a Cabomba, muito utilizada em aquários
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Fig. 4 Exemplar de ninfeia (Nymphea sp.); possui folhas e flores flutuantes.
Aéreas
y Raiz-escora (suporte): originadas do caule e emitidas
em direção ao solo, assim aumenta o apoio do próprio
caule. São, portanto, responsáveis por ajudar na sus-
tentação da planta. Exemplo: as raízes que saem da
base do milho (Tab. 1) e da cana-de-açúcar.
y Raiz sugadora: é característica de plantas parasitas,
que retiram seiva de uma planta hospedeira (Tab 1).
A raiz sugadora tem uma dilatação denominada apres-
sório, que se liga à hospedeira. O interior do apressório
tem estruturas filamentosas, os haustórios, que atin-
gem os vasos condutores da hospedeira. Há dois tipos
de plantas parasitas: as hemiparasitas e as holopara-
sitas As hemiparasitas, como a erva-de-passarinho,
também conhecidas como parasitas parciais, são plan-
tas clorofiladas (realizam fotossíntese) cujos haustórios
retiram da hospedeira água e nutrientes minerais (seiva
bruta, transportada pelo xilema).
As holoparasitas, ou parasitas totais, como o cipó-
-chumbo, são plantas aclorofiladas (não realizam
fotossíntese), cujos haustórios retiram da hospedeira
água e substâncias orgânicas (seiva elaborada, trans-
portada pelo floema).
y Raiz estrangulante: ocorre no mata-pau, planta da fa-
mília das figueiras; envolve o tronco de uma planta
hospedeira, mas não suga sua seiva. Essa raiz atinge o
solo, absorve água e sais minerais e os envia às folhas,
que estão se desenvolvendo sobre a copa da hos-
pedeira. O mata pau não é parasita, pois é capaz de
realizar fotossíntese e retirar nutrientes do solo. No en-
tanto, quando o tronco da árvore hospedeira cresce em
espessura, seus vasos são esmagados pelas raízes es-
trangulantes do mata-pau. A planta hospedeira acaba
morrendo e, com o tempo, seu tronco e outras partes
são utilizadas como alimento por cupins, fungos e bac-
térias, até desaparecerem por completo. O mata-pau
toma conta do espaço antes ocupado pela hospedeira.
Trata-se de uma relação ecológica de competição inte-
respecífica (Tab. 1).
y Raiz respiratória: também conhecida como pneu-
matóforo, constitui ramos de raízes que crescem
verticalmente para fora do solo (Tab. 1) Apresenta
fendas (os pneumatódios) através das quais ocorrem
trocas gasosas com o ar. Essas estruturas são encon-
tradas em algumas espécies dos manguezais, como a
Avicennia sp. O solo de manguezais é pobre em gás
oxigênio, sendo recoberto pela água na maré alta
y Raiz tabular: é lateralmente achatada, como uma tábua.
Esse tipo de raiz ocorre em árvores de grande porte e
ajuda na fixação e estabilidade da árvore, aumentando
sua base de apoio. O xixá, a figueira e a sapopema são
bons exemplos de plantas raízes tabulares. (Tab. 1).
y Raiz grampiforme (aderente): origina-se do caule (ad-
ventícias) e tem como função prender o vegetal em
estruturas suporte, sejam elas plantas ou não (Tab 1) A
raiz emite uma espécie de grampo que prende a planta,
como a hera em muros e estacas. O imbé (Philodendron
sp.) tem raízes aéreas que envolvem o tronco de uma
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árvore hospedeira; algumas de suas raízes ficam pen-
dentes e acabam crescendo em direção ao solo. O cipó
corresponde a esse tipo de raiz
Tipos de raízes
Características e
exemplos
Ilustração
Escora
Origina-se do caule
e aumenta a base de
fixação da planta.
Ex : milho
Sugadora
(haustório)
Retira seiva de uma
planta hospedeira.
Ex : cipó-chumbo (retira
água e açúcares) e
erva-de-passarinho
(retira água e sais
minerais).
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Estrangulante
Envolve o tronco
de uma árvore
hospedeira, que,
quando cresce em
circunferência, tem
seus vasos condutores
interrompidos,
podendo provocar
sua morte.
Ex : mata-pau.
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Respiratória
(pneumatóforo)
Cresce para fora do
solo e tem fendas
(pneumatódios)
que realizam trocas
gasosas com o ar.
Ex : Avicennia sp ,
planta comum em
manguezais.
Tabular
Apresenta aspecto de
placas, que crescem
acima da superfície
do solo. Aumenta a
sustentação mecânica
e realiza trocas
gasosas.
Ex.: figueira.
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Grampiforme
Permite aderência a
uma superfície, como
rochas, muros ou
troncos de árvores.
Ex.: hera e imbé.
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Velame
Tem envoltório
esponjoso que
permite obter umidade
presente no ar
Ex.: orquídea. A
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Tab. 1 Tipos principais de raízes aéreas.
y Raiz velame: é encontrada em muitas epífitas, como
as orquídeas, que se apoiam em árvores e conse-
guem acesso à luz. Raízes de orquídeas ligam-se à
superfície do caule de uma árvore, mas não retiram
seiva nem provocam seu esmagamento. Essas raízes
têm um envoltório esponjoso, capaz de absorver gotí-
culas de água que ficam em suspensão no ar; quando
chove, a água escorre pelo tronco da hospedeira e as
raízes da orquídea absorvem esse líquido, que tam-
bém contém nutrientes minerais (Tab. 1).
Subterrâneas
y Raiz axial (pivotante): as angiospermas podem ser
divididas em dois grupos, diferenciados, entre outras
características, pelo tipo de raiz. O grupo das dicoti-
ledôneas e também as gimnospermas têm raiz axial,
ou pivotante, que apresenta a raiz principal maior, em
diâmetro e comprimento, do que as raízes laterais,
sendo muito mais desenvolvida (Tab 2) Como exem-
plo, podem ser citados os pinheiros (gimnosperma) e
o manacá-da serra (angiosperma)
y Raiz fasciculada: já as monocotiledôneas, outro gru-
po pertencente às angiospermas, possuem raiz do
tipo fasciculada, que não apresenta uma raiz principal
(Tab. 2).
y Raiz tuberosa: converte-se em órgão de reserva para
a planta e armazena grande quantidade de subs-
tâncias nutritivas na forma de amido ou sacarose.
Exemplos: mandioca (macaxeira), cenoura, rabanete,
mandioquinha, beterraba, nabo e batata-doce (Tab. 2).
Tipos de
raízes
Características e
exemplos
Ilustração
Fasciculada
(em cabeleira)
Constituída por várias
raízes formadas a partir
da base do caule; cada
uma dessas raízes
ramifica-se
Ocorre em
monocotiledôneas.
Axial
(pivotante)
Apresenta um eixo (raiz
principal) de onde saem
ramificações (raízes
secundárias).
Ocorre em
dicotiledôneas
e gimnospermas.
Tuberosa
Acumula grande
quantidade de reservas
alimentares.
Ex : mandioca,
mandioquinha,
batata-doce, cenoura,
rabanete, beterraba
e nabo.
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Tab. 2 Tipos principais de raízes subterrâneas.
BIOLOGIA Capítulo 14 Morfologia externa das plantas92
CauleA principal função do caule é a de estabelecer a ligação
entre raízes e folhas, permitindo um fluxo de seiva por meio
de seus vasos condutores. O caule e seus ramos fornecem
suporte mecânico para as folhas, possibilitando a exposição
à luz, utilizada na fotossíntese.
Há diversos tipos de caules, que podem representar
importantes adaptações das plantas ao seu ambiente Os
caules podem ser divididos em dois grandes grupos: aé-
reos e subterrâneos; caules aéreos, por sua vez, podem ser
eretos ou rastejantes (desenvolvem-se apoiados no solo)
Caules aéreos
Rastejantes
Não possuem tecidos de sustentação com a rigidez
suficiente para permitir a manutenção independente
de sua verticalidade. É o caso dos caules de melancia e de
abóbora (Fig. 5). O caule do morango também é rastejante,
sendo denominado estolho, ou estolão. Esse caule forma
inúmeras gemas, cada qual com capacidade de originar
uma nova planta completa.
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Fig. 5 A aboboreira e o morangueiro apresentam caules que se desenvolvem
prostrados no solo.
Eretos
São de diversos tipos: haste, tronco, colmo, estipe e
cladódio.
y Haste: é um caule delgado e clorofilado, como o da plan
ta do arroz (Tab. 3), do feijão, do trigo e do dente-de-leão.
y Tronco: é o caule típico de árvores; tem casca revesti-
da de súber (tecido conhecido como cortiça) e possui
muitos ramos (galhos), que sustentam as folhas. Árvo-
res com tronco são típicas de muitas gimnospermas e
angiospermas dicotiledôneas (Tab. 3).
y Colmo: tem formato cilíndrico e apresenta anéis conhe-
cidos como nós. Cada nó pode apresentar meristema
(chamado de meristema intercalar) e gerar folhas. São
exemplos o milho e a cana-de-açúcar (Tab 3).
y Estipe: também tem formato cilíndrico e nós em for
ma de anéis, no entanto difere do colmo, porque suas
folhas são formadas apenas na extremidade São
exemplos de estipe o coqueiro (Tab 3) e as palmeiras,
da família Arecaceae O palmito produzido por uma
palmeira localiza se na extremidade do caule e cor
responde à gema apical da planta O estipe só tem
ramos situados perto da extremidade, que contém flo-
res, as quais originam frutos e sementes
y Cladódio: é o típico caule dos cactos, com grande
quantidade de água armazenada e folhas modificadas
em espinhos Essas são características adaptativas à
prolongada escassez de água no ambiente, pois es-
pinhos apresentam uma superfície reduzida, o que
diminui a perda de água por transpiração (Tab 3)
Tipos de
caules
Características e
exemplos
Ilustração
Haste
Delgado e clorofilado.
Ex.: arroz, trigo
e feijão. Ra
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Tronco
Espesso, ramificado,
recoberto por súber
(cortiça).
Ex.: mangueira, ipê
e pinheiro.
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Colmo
Cilíndrico, com nós
paralelos ao longo
do eixo; folhas ligadas
ao caule em toda a
sua extensão
Ex.: milho e cana-de-
-açúcar (ambos com
colmo cheio); bambu
(com colmo oco).
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Estipe
Cilíndrico, com nós
paralelos ao longo do
eixo; folhas somente
na extremidade
Os ramos produzidos
têm flores.
Ex : coqueiro
e palmeira.
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Cladódio
Clorofilado, com água
armazenada
Ex.: cacto.
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Tab. 3 Tipos principais de caules eretos.
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