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das ramificações aumenta a superfície de absorção do sistema radicular e melhora a capacidade de fixação da planta ao solo As raízes podem ser classificadas de acordo com dois aspectos: quanto à origem de formação e quanto ao hábitat Origem Vimos que uma semente em germinação gera a ra- dícula, que origina a raiz adulta. No entanto, há as raízes adventícias, que não são provenientes da radícula; elas podem ser formadas por folhas ou caules. Uma folha de violeta, por exemplo, se for cortada e colocada em um re- cipiente com água, gera, em poucos dias, grande número de raízes adventícias. O caule da samambaia, por exemplo, é do tipo rizoma e dele saem raízes adventícias laterais (Fig. 3). Folha H 2 O Raízes adventícias Folha Solo Caule Fig. 3 Raízes adventícias são provenientes de folhas ou de caules. Hábitat Raízes de plantas recebem classificações diversas de acordo com o hábitat nos quais se desenvolvem. As raízes dos diferentes hábitats podem ser divididas em aquáticas, aéreas e subterrâneas. Veremos alguns exemplos a seguir. Aquáticas y Raiz aquática: as raízes de plantas aquáticas de senvolvem-se submersas na água Normalmente, essas plantas possuem folhas e/ou caule flutuantes, mas também existem espécies que se desenvolvem totalmente submersas. Como exemplos de raízes aquáticas, podem ser citadas as das ninfeias (Fig 4), e de plantas que sobrevivem totalmente submersas, como a Cabomba, muito utilizada em aquários R l/ W ik im e d ia C o m m o n s Fig. 4 Exemplar de ninfeia (Nymphea sp.); possui folhas e flores flutuantes. Aéreas y Raiz-escora (suporte): originadas do caule e emitidas em direção ao solo, assim aumenta o apoio do próprio caule. São, portanto, responsáveis por ajudar na sus- tentação da planta. Exemplo: as raízes que saem da base do milho (Tab. 1) e da cana-de-açúcar. y Raiz sugadora: é característica de plantas parasitas, que retiram seiva de uma planta hospedeira (Tab 1). A raiz sugadora tem uma dilatação denominada apres- sório, que se liga à hospedeira. O interior do apressório tem estruturas filamentosas, os haustórios, que atin- gem os vasos condutores da hospedeira. Há dois tipos de plantas parasitas: as hemiparasitas e as holopara- sitas As hemiparasitas, como a erva-de-passarinho, também conhecidas como parasitas parciais, são plan- tas clorofiladas (realizam fotossíntese) cujos haustórios retiram da hospedeira água e nutrientes minerais (seiva bruta, transportada pelo xilema). As holoparasitas, ou parasitas totais, como o cipó- -chumbo, são plantas aclorofiladas (não realizam fotossíntese), cujos haustórios retiram da hospedeira água e substâncias orgânicas (seiva elaborada, trans- portada pelo floema). y Raiz estrangulante: ocorre no mata-pau, planta da fa- mília das figueiras; envolve o tronco de uma planta hospedeira, mas não suga sua seiva. Essa raiz atinge o solo, absorve água e sais minerais e os envia às folhas, que estão se desenvolvendo sobre a copa da hos- pedeira. O mata pau não é parasita, pois é capaz de realizar fotossíntese e retirar nutrientes do solo. No en- tanto, quando o tronco da árvore hospedeira cresce em espessura, seus vasos são esmagados pelas raízes es- trangulantes do mata-pau. A planta hospedeira acaba morrendo e, com o tempo, seu tronco e outras partes são utilizadas como alimento por cupins, fungos e bac- térias, até desaparecerem por completo. O mata-pau toma conta do espaço antes ocupado pela hospedeira. Trata-se de uma relação ecológica de competição inte- respecífica (Tab. 1). y Raiz respiratória: também conhecida como pneu- matóforo, constitui ramos de raízes que crescem verticalmente para fora do solo (Tab. 1) Apresenta fendas (os pneumatódios) através das quais ocorrem trocas gasosas com o ar. Essas estruturas são encon- tradas em algumas espécies dos manguezais, como a Avicennia sp. O solo de manguezais é pobre em gás oxigênio, sendo recoberto pela água na maré alta y Raiz tabular: é lateralmente achatada, como uma tábua. Esse tipo de raiz ocorre em árvores de grande porte e ajuda na fixação e estabilidade da árvore, aumentando sua base de apoio. O xixá, a figueira e a sapopema são bons exemplos de plantas raízes tabulares. (Tab. 1). y Raiz grampiforme (aderente): origina-se do caule (ad- ventícias) e tem como função prender o vegetal em estruturas suporte, sejam elas plantas ou não (Tab 1) A raiz emite uma espécie de grampo que prende a planta, como a hera em muros e estacas. O imbé (Philodendron sp.) tem raízes aéreas que envolvem o tronco de uma F R E N T E 2 91 árvore hospedeira; algumas de suas raízes ficam pen- dentes e acabam crescendo em direção ao solo. O cipó corresponde a esse tipo de raiz Tipos de raízes Características e exemplos Ilustração Escora Origina-se do caule e aumenta a base de fixação da planta. Ex : milho Sugadora (haustório) Retira seiva de uma planta hospedeira. Ex : cipó-chumbo (retira água e açúcares) e erva-de-passarinho (retira água e sais minerais). Jo ão M e d e iro s/ F lic kr Estrangulante Envolve o tronco de uma árvore hospedeira, que, quando cresce em circunferência, tem seus vasos condutores interrompidos, podendo provocar sua morte. Ex : mata-pau. F ir 0 0 0 2 / W ik im e d ia C o m m o n s Respiratória (pneumatóforo) Cresce para fora do solo e tem fendas (pneumatódios) que realizam trocas gasosas com o ar. Ex : Avicennia sp , planta comum em manguezais. Tabular Apresenta aspecto de placas, que crescem acima da superfície do solo. Aumenta a sustentação mecânica e realiza trocas gasosas. Ex.: figueira. se n e ca 77 /M o rg u e fi le m Grampiforme Permite aderência a uma superfície, como rochas, muros ou troncos de árvores. Ex.: hera e imbé. c h e ry /W ik im e d ia C o m m o n s Velame Tem envoltório esponjoso que permite obter umidade presente no ar Ex.: orquídea. A n d ré A u g u s to E s te v ã o Tab. 1 Tipos principais de raízes aéreas. y Raiz velame: é encontrada em muitas epífitas, como as orquídeas, que se apoiam em árvores e conse- guem acesso à luz. Raízes de orquídeas ligam-se à superfície do caule de uma árvore, mas não retiram seiva nem provocam seu esmagamento. Essas raízes têm um envoltório esponjoso, capaz de absorver gotí- culas de água que ficam em suspensão no ar; quando chove, a água escorre pelo tronco da hospedeira e as raízes da orquídea absorvem esse líquido, que tam- bém contém nutrientes minerais (Tab. 1). Subterrâneas y Raiz axial (pivotante): as angiospermas podem ser divididas em dois grupos, diferenciados, entre outras características, pelo tipo de raiz. O grupo das dicoti- ledôneas e também as gimnospermas têm raiz axial, ou pivotante, que apresenta a raiz principal maior, em diâmetro e comprimento, do que as raízes laterais, sendo muito mais desenvolvida (Tab 2) Como exem- plo, podem ser citados os pinheiros (gimnosperma) e o manacá-da serra (angiosperma) y Raiz fasciculada: já as monocotiledôneas, outro gru- po pertencente às angiospermas, possuem raiz do tipo fasciculada, que não apresenta uma raiz principal (Tab. 2). y Raiz tuberosa: converte-se em órgão de reserva para a planta e armazena grande quantidade de subs- tâncias nutritivas na forma de amido ou sacarose. Exemplos: mandioca (macaxeira), cenoura, rabanete, mandioquinha, beterraba, nabo e batata-doce (Tab. 2). Tipos de raízes Características e exemplos Ilustração Fasciculada (em cabeleira) Constituída por várias raízes formadas a partir da base do caule; cada uma dessas raízes ramifica-se Ocorre em monocotiledôneas. Axial (pivotante) Apresenta um eixo (raiz principal) de onde saem ramificações (raízes secundárias). Ocorre em dicotiledôneas e gimnospermas. Tuberosa Acumula grande quantidade de reservas alimentares. Ex : mandioca, mandioquinha, batata-doce, cenoura, rabanete, beterraba e nabo. J e a n S c h e ije n /S to c k .x c h n g Tab. 2 Tipos principais de raízes subterrâneas. BIOLOGIA Capítulo 14 Morfologia externa das plantas92 CauleA principal função do caule é a de estabelecer a ligação entre raízes e folhas, permitindo um fluxo de seiva por meio de seus vasos condutores. O caule e seus ramos fornecem suporte mecânico para as folhas, possibilitando a exposição à luz, utilizada na fotossíntese. Há diversos tipos de caules, que podem representar importantes adaptações das plantas ao seu ambiente Os caules podem ser divididos em dois grandes grupos: aé- reos e subterrâneos; caules aéreos, por sua vez, podem ser eretos ou rastejantes (desenvolvem-se apoiados no solo) Caules aéreos Rastejantes Não possuem tecidos de sustentação com a rigidez suficiente para permitir a manutenção independente de sua verticalidade. É o caso dos caules de melancia e de abóbora (Fig. 5). O caule do morango também é rastejante, sendo denominado estolho, ou estolão. Esse caule forma inúmeras gemas, cada qual com capacidade de originar uma nova planta completa. L a n k iv e il/ W ik im e d ia C o m m o n s N e d k o I v a n o v /W ik im e d ia C o m m o n s Fig. 5 A aboboreira e o morangueiro apresentam caules que se desenvolvem prostrados no solo. Eretos São de diversos tipos: haste, tronco, colmo, estipe e cladódio. y Haste: é um caule delgado e clorofilado, como o da plan ta do arroz (Tab. 3), do feijão, do trigo e do dente-de-leão. y Tronco: é o caule típico de árvores; tem casca revesti- da de súber (tecido conhecido como cortiça) e possui muitos ramos (galhos), que sustentam as folhas. Árvo- res com tronco são típicas de muitas gimnospermas e angiospermas dicotiledôneas (Tab. 3). y Colmo: tem formato cilíndrico e apresenta anéis conhe- cidos como nós. Cada nó pode apresentar meristema (chamado de meristema intercalar) e gerar folhas. São exemplos o milho e a cana-de-açúcar (Tab 3). y Estipe: também tem formato cilíndrico e nós em for ma de anéis, no entanto difere do colmo, porque suas folhas são formadas apenas na extremidade São exemplos de estipe o coqueiro (Tab 3) e as palmeiras, da família Arecaceae O palmito produzido por uma palmeira localiza se na extremidade do caule e cor responde à gema apical da planta O estipe só tem ramos situados perto da extremidade, que contém flo- res, as quais originam frutos e sementes y Cladódio: é o típico caule dos cactos, com grande quantidade de água armazenada e folhas modificadas em espinhos Essas são características adaptativas à prolongada escassez de água no ambiente, pois es- pinhos apresentam uma superfície reduzida, o que diminui a perda de água por transpiração (Tab 3) Tipos de caules Características e exemplos Ilustração Haste Delgado e clorofilado. Ex.: arroz, trigo e feijão. Ra n a M u ja h id A li/ 12 3 rf .c o m Tronco Espesso, ramificado, recoberto por súber (cortiça). Ex.: mangueira, ipê e pinheiro. b o s e la /m o rg u e fi le Colmo Cilíndrico, com nós paralelos ao longo do eixo; folhas ligadas ao caule em toda a sua extensão Ex.: milho e cana-de- -açúcar (ambos com colmo cheio); bambu (com colmo oco). m a rg o u il la t/ 12 3 rf .c o m Estipe Cilíndrico, com nós paralelos ao longo do eixo; folhas somente na extremidade Os ramos produzidos têm flores. Ex : coqueiro e palmeira. T o n o B a la g u e r/ 12 3 rf .c o m Cladódio Clorofilado, com água armazenada Ex.: cacto. a n d a lu s ia /M o rg u e fi le Tab. 3 Tipos principais de caules eretos. F R E N T E 2 93
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