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Órgãos dos sentidos Os órgãos dos sentidos pertencem ao grupo das es- truturas conhecidas como receptoras. Essas estruturas recebem informações e as transmitem aos nervos sensi- tivos, cujos impulsos nervosos são enviados ao sistema nervoso central, onde são processadas. Há dois tipos de receptores: os que recolhem informações do próprio orga- nismo (os interoceptores e os proprioceptores) e os que recebem informações do ambiente (os exteroceptores). Os interoceptores enviam informações acerca das condições do organismo, como, por exemplo, o teor de gás oxigênio no sangue, o pH, a concentração plasmática etc Os proprioceptores permitem que o sistema nervoso central seja informado acerca da posição dos membros e da cabeça em relação ao organismo como um todo Já os exteroceptores recolhem informações do meio, como estímulos físicos e químicos do ambiente; estão localizados em músculos, tendões e articulações. Esses exteroceptores são componentes dos chamados órgãos dos sentidos, que são: tato, paladar, olfato, audição e visão. Vale ressaltar que os receptores do olfato e do gosto estão relacionados à percepção de substâncias químicas e são genericamente denominados quimioceptores. A seguir, serão descritos os sentidos Tato Os receptores responsáveis pelo sentido do tato estão distribuídos pela superfície do corpo. Esses receptores são sensíveis à pressão e estão em maior concentração nas mãos, principalmente na ponta dos dedos; são também abundantes nos mamilos e nos lábios (Figura 8). Fig. 8 Homúnculo sensorial de Penfield. Desenho criado pelo neurocirurgião, que representou o corpo humano com as regiões, correspondentes à sensibilidade, à maior densidade de receptores e à maior capacidade discriminativa de tato, proporcionalmente exageradas. Há três modalidades de receptores de vibração: cor- púsculo de Meissner, corpúsculo de Pacini e corpúsculo de Merkel. Além desses receptores, há os relacionados a outros tipos de estímulos: terminações nervosas livres (estímulos térmicos e dolorosos) e terminações de Krause (pressão) (Tab. 1). Nome do receptor Estímulo Sensação Corpúsculo de Meissner Vibração (20-40 Hz) Toque rápido Terminações do folículo piloso Deslocamento do pelo Movimento, direção Terminações de Ruffini Desconhecida Desconhecida Corpúsculo de Krause Pressão Pressão Corpúsculo de Pacini Vibração (150-300 Hz) Vibração Terminações livres Estímulos mecânicos, térmicos e químicos intensos Dor Corpúsculo de Merkel Endentação estável Toque, pressão Tab 1 Características dos receptores relacionados ao tato. Paladar As papilas gustativas são as estruturas responsáveis pela sensação de gosto das coisas; estão distribuídas pela boca, principalmente na língua, mas também existem na faringe, laringe e porção mais alta do esôfago São estimu ladas por substâncias químicas dissolvidas na camada de líquido que recobre a língua. Podem detectar quatro gostos fundamentais: doce, salgado, amargo e azedo. Olfato As células olfatórias localizam-se no epitélio da ca- vidade nasal e interagem com substâncias químicas que se dissolvem no líquido que recobre esse epitélio. Essas células olfatórias estão ligadas ao bulbo olfatório, que se une ao nervo olfatório, cujos impulsos são conduzidos ao córtex cerebral (Fig 9) BIOLOGIA Capítulo 16 Sistema nervoso214 Fig 9 Estrutura olfativa do nariz Nervo olfatório Bulbo olfatório Cavidade Audição O ouvido humano, também denominado orelha, consta de três partes: orelha externa, orelha média e orelha inter- na; a maior parte da orelha (média e interna) encontra se imersa no osso craniano mastoide. A orelha externa compreende o pavilhão auditivo, com estrutura cartilaginosa que auxilia na captura dos sons, e também o meato auditivo externo, revestido por pelos e glândulas, que fabricam a cera. A orelha média apresenta a membrana timpânica (tím- pano) e três ossículos (martelo, bigorna e estribo); o martelo liga se à membrana timpânica; a bigorna liga-se ao martelo; e o estribo está ligado em seguida. Esse último ossículo está associado à janela oval, componente da orelha interna. A orelha média comunica-se com a faringe por meio do canal conhecido como tuba auditiva, antes denominada trompa de Eustáquio, que contribui para a manutenção de mesma pressão dos dois lados da membrana timpânica. A orelha interna, bastante complexa, é formada pelo labirinto, constituído pelo aparelho vestibular e cóclea Essas estruturas membranosas são envolvidas por tecido ósseo. A cóclea apresenta um líquido em seu interior, deno- minado endolinfa, fundamental na atividade dessa estrutura. Martelo Cartilagem Cavidade do ouvido médio Canal auditivo externo Canais semicirculares Tímpano Utrículo OssoPavilhão auditivo Caracol Tuba auditiva Faringe Janela oval Janela redonda Ampolas Bigorna Estribo Fig. 10 Estrutura do ouvido. Aparelho vestibular – ajuste do equilíbrio O aparelho vestibular (ou vestíbulo) é composto de estruturas dispostas na sequência: canais semicirculares, utrículo e sáculo Os canais semicirculares são compostos de três tubos perpendiculares entre si com uma ampola no final (dilatação observada na região ligada ao utrículo). O sáculo é uma continuação do utrículo e, em ambos, o epitélio é recoberto por cristais de carbonato de cálcio (os otólitos); a pressão desses cristais sobre as células cilia- res desencadeia impulsos que são conduzidos pelo nervo vestibular ao cérebro, informando a posição do corpo no espaço. A interação do cérebro com o cerebelo permite a realização dos ajustes da postura corporal, mantendo o equilíbrio. Cóclea – determina a audição A cóclea tem o formato semelhante ao da concha de um caracol, enrolada em espiral e seu interior ocupado por endolinfa; possui uma estrutura conhecida como janela oval, que está ligada ao ossículo estribo Ondas sonoras penetram no meato auditivo e provo- cam vibração da membrana timpânica; isso desencadeia movimentos nos ossículos martelo, bigorna e estribo, este último ligado à janela oval. A vibração dessa estrutura é transmitida à endolinfa, que, ao movimentar-se, estimula as células ciliadas (cujo conjunto é o chamado órgão de Corti), desencadeando impulsos nervosos que são conduzidos pelo nervo auditivo até o córtex cerebral No córtex, os estímulos do nervo são interpretados para a determinação dos sons. Os sons entram no organismo pela orelha. Passam pelo conduto auditivo, um canal que amortece as ondas sonoras e as conduzem até o tímpano. O som causa uma pressão no tímpano, que gera um movimento em três pequenos ossos Esses ossos estimulam a cóclea, um órgão cheio de líquido que recebe o som através de ondas Na cóclea, os sons serão decifrados e transmitidos para o cérebro pelo nervo auditivo. Fig. 11 O ouvido humano escuta frequências de 20 Hz (grave) a 20 mil Hz (agudo). Um gato é capaz de captar 25% a mais de graves (15 Hz) e o triplo de agudos (60 mil Hz). Visão O olho (ou globo ocular) aloja-se na cavidade craniana conhecida como órbita, que assegura proteção. Outras estruturas também conferem proteção ao olho, como as sobrancelhas, os cílios, as pálpebras e a membrana con- juntiva, tecido que recobre a face interna das pálpebras e a parte anterior do globo ocular. O olho é movimentado por alguns músculos esqueléticos externos, que permitem aumentar o campo de visão. Glândulas lacrimais são estruturas secretoras que libe- ram lágrimas, com a função de lubrificar a superfície do olho, mantendo sua umidade, e atuar como barreira a agentes invasores, contribuindo para evitar infecções bacterianas pela presença de lisozima (enzima bactericida) O globo ocular apresenta três envoltórios: esclerótica (mais externa), coroide (média) e retina (interna). A escle- rótica é branca e rígida; nela se prende a musculatura que movimenta o globo ocular. A parte anterior da esclerótica F R E N T E 3 215 corresponde à córnea, porção transparente através da qual a luz passa (Fig 12). Corpo ciliar Córnea Pupila Humor aquoso ÍrisPonto cego Nervo óptico Fóvea Mácula lútea Humor vítreo C ri st al in o Coroide Retina Esclerótica Fig 12 Estrutura do olho. A coroide situa-se abaixo da esclerótica e é um teci- do vascularizado. A parte anterior da coroide forma a íris, estrutura que dá cor aos olhos e é dotada de um orifício, a pupila, que pode ter seu diâmetro expandido ou reduzido, controlando a quantidade de luz que passa para o interior do globo ocular luz intensa provoca diminuição de diâ metro e luz fraca promove sua dilatação. O globo ocular apresenta humores, que mantêm o seu formato e servem como suporte mecânico para a lente e para a retina. O humor aquoso é líquido e está situado na câmara anterior do olho, espaço entre a córnea e a íris; o humor vítreo é menos fluido e preenche a cavidade que fica depois do cristalino. A retina é constituída por várias camadas de células nervosas e apresenta receptores de luz (fotoceptores) de dois tipos: cones e bastonetes. Os cones são estimulados com luz intensa e têm sensibilidade a cores; os bastonetes são estimulados com luz fraca A fóvea é uma região da retina mais sensível, sendo que perto desse ponto há o ponto cego, região sem nenhuma sensibilidade à luz, sendo desprovida de cones e bastonetes. A retina está associada ao nervo óptico, que conduz impulsos nervosos ao córtex cerebral, onde as informações visuais são processadas. O olho possui uma estrutura chamada cristalino, atualmente designado como lente. Trata-se de uma lente biconvexa, flexível, localizada atrás da íris; converge os raios luminosos para a retina, na qual se forma a imagem do objeto focalizado. O cristalino é acionado por músculos ciliares, que alteram sua forma, adequando-o a diferentes distâncias do objeto focalizado; a lente fica mais arredon dada quanto mais próximo é o objeto. A visão binocular resulta das imagens formadas nos dois olhos, que são enviadas para o córtex cerebral, que proporciona a sensação visual de uma imagem tridimen- sional (Fig. 13). Nervo óptico Globo ocular Cérebro Fig 13 Visão binocular Podemos encontrar cinco principais tipos de defeitos visuais: y Catarata: é causada pela opacidade da lente. A cor- reção pode ser feita com a substituição da lente. y Presbiopia: também conhecida como vista cansada; é decorrente da perda de elasticidade da lente, que não se encurva o suficiente para promover a conver- gência dos raios luminosos; acontece em decorrência de os objetos focalizados encontrarem-se muito pró- ximos. A correção da visão pode ser feita com o emprego de lentes convergentes. y Astigmatismo: é provocado por irregularidade na cur- vatura da lente ou da córnea; isso provoca a formação de imagens distorcidas. A correção é feita com as cha- madas lentes cilíndricas. y Miopia: é a chamada visão curta; nela, a lente con- verge os raios luminosos fortemente e provoca a formação de imagem antes da retina (Fig. 14). A cor- reção é feita com o emprego de lentes divergentes. y Hipermetropia: corresponde à visão longa; a lente não converge os raios luminosos o suficiente, e a ima- gem forma-se depois da retina (Fig. 14). A correção é feita com o uso de lentes convergentes. Miopia: a imagem visual foca na frente da retina. Hipermetropia: a imagem visual foca por trás da retina. Retina A visão normal se apresenta quando a luz foca diretamente sobre a retina e não à frente ou por trás dela. Tipos de defeitos visuais Visão normal Fig. 14 Formação de imagens em visão normal e visão com defeitos visuais. BIOLOGIA Capítulo 16 Sistema nervoso216