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Biologia - Livro 3-0072

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Órgãos dos sentidos
Os órgãos dos sentidos pertencem ao grupo das es-
truturas conhecidas como receptoras. Essas estruturas
recebem informações e as transmitem aos nervos sensi-
tivos, cujos impulsos nervosos são enviados ao sistema
nervoso central, onde são processadas. Há dois tipos de
receptores: os que recolhem informações do próprio orga-
nismo (os interoceptores e os proprioceptores) e os que
recebem informações do ambiente (os exteroceptores).
Os interoceptores enviam informações acerca das
condições do organismo, como, por exemplo, o teor de
gás oxigênio no sangue, o pH, a concentração plasmática
etc Os proprioceptores permitem que o sistema nervoso
central seja informado acerca da posição dos membros
e da cabeça em relação ao organismo como um todo Já
os exteroceptores recolhem informações do meio, como
estímulos físicos e químicos do ambiente; estão localizados
em músculos, tendões e articulações.
Esses exteroceptores são componentes dos chamados
órgãos dos sentidos, que são: tato, paladar, olfato, audição e
visão. Vale ressaltar que os receptores do olfato e do gosto
estão relacionados à percepção de substâncias químicas e
são genericamente denominados quimioceptores. A seguir,
serão descritos os sentidos
Tato
Os receptores responsáveis pelo sentido do tato estão
distribuídos pela superfície do corpo. Esses receptores
são sensíveis à pressão e estão em maior concentração
nas mãos, principalmente na ponta dos dedos; são também
abundantes nos mamilos e nos lábios (Figura 8).
Fig. 8 Homúnculo sensorial de Penfield. Desenho criado pelo neurocirurgião, que
representou o corpo humano com as regiões, correspondentes à sensibilidade,
à maior densidade de receptores e à maior capacidade discriminativa de tato,
proporcionalmente exageradas.
Há três modalidades de receptores de vibração: cor-
púsculo de Meissner, corpúsculo de Pacini e corpúsculo
de Merkel. Além desses receptores, há os relacionados
a outros tipos de estímulos: terminações nervosas livres
(estímulos térmicos e dolorosos) e terminações de Krause
(pressão) (Tab. 1).
Nome do receptor Estímulo Sensação
Corpúsculo
de Meissner
Vibração
(20-40 Hz)
Toque rápido
Terminações
do folículo
piloso
Deslocamento do
pelo
Movimento,
direção
Terminações
de Ruffini
Desconhecida Desconhecida
Corpúsculo
de Krause
Pressão Pressão
Corpúsculo
de Pacini
Vibração
(150-300 Hz)
Vibração
Terminações
livres
Estímulos
mecânicos,
térmicos e
químicos intensos
Dor
Corpúsculo
de Merkel
Endentação
estável
Toque,
pressão
Tab 1 Características dos receptores relacionados ao tato.
Paladar
As papilas gustativas são as estruturas responsáveis
pela sensação de gosto das coisas; estão distribuídas pela
boca, principalmente na língua, mas também existem na
faringe, laringe e porção mais alta do esôfago São estimu
ladas por substâncias químicas dissolvidas na camada de
líquido que recobre a língua. Podem detectar quatro gostos
fundamentais: doce, salgado, amargo e azedo.
Olfato
As células olfatórias localizam-se no epitélio da ca-
vidade nasal e interagem com substâncias químicas que
se dissolvem no líquido que recobre esse epitélio. Essas
células olfatórias estão ligadas ao bulbo olfatório, que se
une ao nervo olfatório, cujos impulsos são conduzidos ao
córtex cerebral (Fig 9)
BIOLOGIA Capítulo 16 Sistema nervoso214
Fig 9 Estrutura olfativa do nariz
Nervo olfatório
Bulbo
olfatório Cavidade
Audição
O ouvido humano, também denominado orelha, consta
de três partes: orelha externa, orelha média e orelha inter-
na; a maior parte da orelha (média e interna) encontra se
imersa no osso craniano mastoide.
A orelha externa compreende o pavilhão auditivo,
com estrutura cartilaginosa que auxilia na captura dos sons,
e também o meato auditivo externo, revestido por pelos e
glândulas, que fabricam a cera.
A orelha média apresenta a membrana timpânica (tím-
pano) e três ossículos (martelo, bigorna e estribo); o martelo
liga se à membrana timpânica; a bigorna liga-se ao martelo;
e o estribo está ligado em seguida. Esse último ossículo
está associado à janela oval, componente da orelha interna.
A orelha média comunica-se com a faringe por meio do
canal conhecido como tuba auditiva, antes denominada
trompa de Eustáquio, que contribui para a manutenção de
mesma pressão dos dois lados da membrana timpânica.
A orelha interna, bastante complexa, é formada pelo
labirinto, constituído pelo aparelho vestibular e cóclea
Essas estruturas membranosas são envolvidas por tecido
ósseo. A cóclea apresenta um líquido em seu interior, deno-
minado endolinfa, fundamental na atividade dessa estrutura.
Martelo
Cartilagem
Cavidade do
ouvido médio
Canal auditivo
externo
Canais semicirculares
Tímpano
Utrículo
OssoPavilhão
auditivo
Caracol
Tuba auditiva Faringe
Janela oval
Janela redonda
Ampolas
Bigorna
Estribo
Fig. 10 Estrutura do ouvido.
Aparelho vestibular – ajuste do equilíbrio
O aparelho vestibular (ou vestíbulo) é composto de
estruturas dispostas na sequência: canais semicirculares,
utrículo e sáculo Os canais semicirculares são compostos
de três tubos perpendiculares entre si com uma ampola
no final (dilatação observada na região ligada ao utrículo).
O sáculo é uma continuação do utrículo e, em ambos, o
epitélio é recoberto por cristais de carbonato de cálcio (os
otólitos); a pressão desses cristais sobre as células cilia-
res desencadeia impulsos que são conduzidos pelo nervo
vestibular ao cérebro, informando a posição do corpo no
espaço. A interação do cérebro com o cerebelo permite
a realização dos ajustes da postura corporal, mantendo o
equilíbrio.
Cóclea – determina a audição
A cóclea tem o formato semelhante ao da concha de
um caracol, enrolada em espiral e seu interior ocupado
por endolinfa; possui uma estrutura conhecida como janela
oval, que está ligada ao ossículo estribo
Ondas sonoras penetram no meato auditivo e provo-
cam vibração da membrana timpânica; isso desencadeia
movimentos nos ossículos martelo, bigorna e estribo, este
último ligado à janela oval. A vibração dessa estrutura é
transmitida à endolinfa, que, ao movimentar-se, estimula as
células ciliadas (cujo conjunto é o chamado órgão de Corti),
desencadeando impulsos nervosos que são conduzidos
pelo nervo auditivo até o córtex cerebral No córtex, os
estímulos do nervo são interpretados para a determinação
dos sons.
Os sons entram no organismo pela orelha.
Passam pelo conduto auditivo, um canal que amortece
as ondas sonoras e as conduzem até o tímpano.
O som causa uma pressão no tímpano, que
gera um movimento em três pequenos ossos
Esses ossos estimulam a cóclea, um órgão cheio
de líquido que recebe o som através de ondas
Na cóclea, os sons serão decifrados e transmitidos
para o cérebro pelo nervo auditivo.
Fig. 11 O ouvido humano escuta frequências de 20 Hz (grave) a 20 mil Hz (agudo).
Um gato é capaz de captar 25% a mais de graves (15 Hz) e o triplo de agudos
(60 mil Hz).
Visão
O olho (ou globo ocular) aloja-se na cavidade craniana
conhecida como órbita, que assegura proteção. Outras
estruturas também conferem proteção ao olho, como as
sobrancelhas, os cílios, as pálpebras e a membrana con-
juntiva, tecido que recobre a face interna das pálpebras e
a parte anterior do globo ocular. O olho é movimentado
por alguns músculos esqueléticos externos, que permitem
aumentar o campo de visão.
Glândulas lacrimais são estruturas secretoras que libe-
ram lágrimas, com a função de lubrificar a superfície do olho,
mantendo sua umidade, e atuar como barreira a agentes
invasores, contribuindo para evitar infecções bacterianas
pela presença de lisozima (enzima bactericida)
O globo ocular apresenta três envoltórios: esclerótica
(mais externa), coroide (média) e retina (interna). A escle-
rótica é branca e rígida; nela se prende a musculatura que
movimenta o globo ocular. A parte anterior da esclerótica
F
R
E
N
T
E
 3
215
corresponde à córnea, porção transparente através da qual
a luz passa (Fig 12).
Corpo ciliar
Córnea
Pupila
Humor
aquoso
ÍrisPonto cego
Nervo
óptico
Fóvea
Mácula lútea
Humor vítreo
C
ri
st
al
in
o
Coroide
Retina
Esclerótica
Fig 12 Estrutura do olho.
A coroide situa-se abaixo da esclerótica e é um teci-
do vascularizado. A parte anterior da coroide forma a íris,
estrutura que dá cor aos olhos e é dotada de um orifício, a
pupila, que pode ter seu diâmetro expandido ou reduzido,
controlando a quantidade de luz que passa para o interior
do globo ocular luz intensa provoca diminuição de diâ
metro e luz fraca promove sua dilatação.
O globo ocular apresenta humores, que mantêm o seu
formato e servem como suporte mecânico para a lente e
para a retina. O humor aquoso é líquido e está situado na
câmara anterior do olho, espaço entre a córnea e a íris; o
humor vítreo é menos fluido e preenche a cavidade que
fica depois do cristalino.
A retina é constituída por várias camadas de células
nervosas e apresenta receptores de luz (fotoceptores) de
dois tipos: cones e bastonetes. Os cones são estimulados
com luz intensa e têm sensibilidade a cores; os bastonetes
são estimulados com luz fraca A fóvea é uma região da
retina mais sensível, sendo que perto desse ponto há o
ponto cego, região sem nenhuma sensibilidade à luz, sendo
desprovida de cones e bastonetes. A retina está associada
ao nervo óptico, que conduz impulsos nervosos ao córtex
cerebral, onde as informações visuais são processadas.
O olho possui uma estrutura chamada cristalino,
atualmente designado como lente. Trata-se de uma lente
biconvexa, flexível, localizada atrás da íris; converge os
raios luminosos para a retina, na qual se forma a imagem
do objeto focalizado. O cristalino é acionado por músculos
ciliares, que alteram sua forma, adequando-o a diferentes
distâncias do objeto focalizado; a lente fica mais arredon
dada quanto mais próximo é o objeto.
A visão binocular resulta das imagens formadas nos
dois olhos, que são enviadas para o córtex cerebral, que
proporciona a sensação visual de uma imagem tridimen-
sional (Fig. 13).
Nervo óptico
Globo ocular
Cérebro
Fig 13 Visão binocular
Podemos encontrar cinco principais tipos de defeitos
visuais:
y Catarata: é causada pela opacidade da lente. A cor-
reção pode ser feita com a substituição da lente.
y Presbiopia: também conhecida como vista cansada;
é decorrente da perda de elasticidade da lente, que
não se encurva o suficiente para promover a conver-
gência dos raios luminosos; acontece em decorrência
de os objetos focalizados encontrarem-se muito pró-
ximos. A correção da visão pode ser feita com o
emprego de lentes convergentes.
y Astigmatismo: é provocado por irregularidade na cur-
vatura da lente ou da córnea; isso provoca a formação
de imagens distorcidas. A correção é feita com as cha-
madas lentes cilíndricas.
y Miopia: é a chamada visão curta; nela, a lente con-
verge os raios luminosos fortemente e provoca a
formação de imagem antes da retina (Fig. 14). A cor-
reção é feita com o emprego de lentes divergentes.
y Hipermetropia: corresponde à visão longa; a lente
não converge os raios luminosos o suficiente, e a ima-
gem forma-se depois da retina (Fig. 14). A correção é
feita com o uso de lentes convergentes.
Miopia: a imagem visual
foca na frente da retina.
Hipermetropia: a imagem
visual foca por trás da retina.
Retina
A visão normal se
apresenta quando
a luz foca
diretamente sobre
a retina e não à
frente ou por trás dela.
Tipos de defeitos visuais
Visão normal
Fig. 14 Formação de imagens em visão normal e visão com defeitos visuais.
BIOLOGIA Capítulo 16 Sistema nervoso216

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