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Fadiga ● um dos sintomas mais comuns na clínica médica ● manifestação proeminente em inúmeras síndromes sistêmicas, neurológicas e psiquiátricas, embora uma causa precisa não seja identificada em uma minoria substancial de pacientes ● experiência humana subjetiva de cansaço físico e mental, lentidão, baixa energia e exaustão ● clínica médica: dificuldade de iniciar ou manter uma atividade voluntária mental ou física ● diferente de fraqueza muscular (redução da força muscular), sonolência (alteração na fisiologia de sono-vigília), e dispneia aos esforços ● apresenta fadiga → identificar causa subjacente + desenvolver abordagem terapêutica → poupar pacientes de investigações diagnósticas dispendiosas e não efetivas ● fadiga aguda: início rápido + curta duração + geralmente ligada a causa única + pode resultar de trabalho ou exercícios excessivos, privação do sono ou de doenças do tipo do resfriado + não é extrema ou persistente, geralmente vai embora após o indivíduo repousar ou se recuperar (ex.: de uma gripe) + causa efeitos pequenos ou mínimos nas atividades da vida diária e na qualidade de vida ● fadiga crônica: afeta primariamente populações com doenças crônicas ○ muitas vezes tem múltiplas causas ○ início insidioso ○ persiste ao longo do tempo ○ geralmente: pouco aliviada pelo repouso ○ afeta negativamente as atividades da vida diária e a qualidade de vida do paciente Epidemiologia ● pesquisa do National Institute of Mental Health com a população dos Estados Unidos ○ prevalência pontual da fadiga foi de 6,7% ○ prevalência por toda a vida foi de 25% ● fadiga recente: presente a < 1 mês ● fadiga prolongada: presente há > 1 mês ● fadiga crônica: presente há > 6 meses Etiologia e fisiopatologia ● etiologia: desconhecida ● resulta de muitos fatores fisiológicos e psicológicas ou cognitivos ● ainda não estão claros os mecanismos envolvidos a fisiopatologia ● fadiga crônica: pode estar associada a uma grande variedade de doenças e situações + pode não estar associado à doença nenhuma (síndrome da fadiga crônica) ● fadiga pode estar associada ao excesso de trabalho, ao estresse gerado pelo trabalho e à privação do sono ● altamente prevalente em pacientes com câncer ○ afeta 17-90% dos pacientes com câncer ○ +75% daqueles com doença avançada ou metástase óssea ○ acomete 80-90% dos paciente submetidos a radioterapia, quimioterapia ou ambos ● mecanismos fisiológicos e psicológicos responsáveis pela fadiga: pouco estudados + ainda não estão completamente esclarecidos ○ pode ser interpretado como a via final comum de uma série de fatores causais ○ fadiga fisiológica: causada pelo esforço físico→modelo para se estudar a fadiga associada a doenças crônicas ● fadiga fisiológica: componentes periférico e central ○ periférica: relacionada com a capacidade de o músculo realizar trabalho físico + alteração do funcionamento normal dos nervos e músculos envolvidos na contração muscular (desde a transmissão do impulso nervoso para o músculo até todo o mecanismo contrátil da fibra muscular → mecanismos: prejuízo da transmissão neuromuscular e propagação através do sarcolema + disfunção no retículo sarcoplasmático com envolvimento de captação e liberação de cálcio + disponibilidade de substrato + acúmulo de metabólitos + interação das pontes de actina-miosina → observado em doenças crônicas associadas com consumo muscular e inflamação ou anormalidade articular (ex.: artrite reumatoide e LES) ○ central: envolve o SNC desde o cérebro até os nervos que estão envolvidos na contração muscular + pode ser o resultado de alterações em vários neurotransmissores cerebrais secundárias a mudanças que ocorrem no corpo e no SNC → mecanismos: fatores genéticos + anormalidades cerebrais (redução da atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal + deficiência dos níveis de cortisol ou elevação dos níveis de serotonina + deficiência de elementos traço + hiper-reatividade do sistema imune + agentes infecciosos + distúrbios psiquiátricos e emocionais → baixa correlação com os tradicionais marcadores de atividade de doença + costumam ocorrer concomitantemente a queixas psicológicas (ex.: depressão e ansiedade) Hormônio liberador da corticotropina (CRH) e estresse crônico ● pacientes com doenças crônicas: solicitações de diversas áreas (social, psicológica e física)→ grau elevado de estresse → estresse crônico → alterações fisiológicas que contribuem para fadiga → ativação do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) (sistema regulador da liberação de cortisol) ● hiperatividade do eixo HAA→ depressão→ aumento da sensação de fadiga ● CRH: muito elevado no estresse→mecanismo adicional pelo qual estresse pode causar fadiga Citocinas e ativação imunológica ● pessoas com doenças crônicas→ processo inflamatório→ níveis elevados de IL-1-beta e IL-6 ● IL-1-beta→ ativação do eixo HHA por meio de um mecanismo envolvendo a liberação de CRH pelo hipotálamo Via de neurotransmissores no SNC ● doenças crônicas ● 2 sistemas de neurotransmissores mais comumente implicados nos estados de fadiga: vias serotoninérgica (5-hidroxitriptamina, 5-HT) + da noradrenalina (norepinefrina)→ interligados no controle da liberação central de hormônio liberador da corticotropina ● estresse dos neurônios que liberam o CRH→ ativação da via serotoninérgica→ alteração nessa via→ fadiga central ● interação entre o CRH e a noradrenalina→mediação das resposta comportamentais ao estresse ● defeitos na liberação central de noradrenalina → gênese da fadiga (possivelmente por inibição da liberação central do CRH)→ apenas teoria; aguarda confirmação ● peptídeos sensoriais (es.: substância P)→ interage com o sistema imune→ pode ter ligação entre estresse e processos inflamatórios Distúrbios do humor ● doença crônica→ depressão e ansiedade→ anormalidades do humor→ fadiga Quadro clínico ● história: parte mais importante da avaliação de um paciente com queixa de cansaço ● exame físico + e. complementares→ podem oferecer uma base de auxílio para o diagnóstico História ● queixa de fadiga tem várias formas: “eu não consigo me levantar da cama pela manhã” ou “me sinto cansada(o) o tempo todo” ● importante diferenciar fadiga de outras queixas ● anedonia: perda de interesse e prazer→ aponta para diagnóstico de depressão ● predominância de sonolência→ distúrbio do sono ● rastreamento para distúrbios psiquiátricos (esp. depressão, ansiedade, distúrbios de somatização e abuso de drogas) ● podem sugerir causa psicogênica para a fadiga → duração > 4 meses sem associação com outros sinais e sintomas + fadiga pior pela manhã e melhora com as atividades durante o dia + curso flutuante da queixa + história social estressante + estilo de vida muito atribulado + história de problemas de ordem psicológica ● sugere fadiga física ou orgânica → cansaço melhora com repouso ou o sono + refere acordar descansado + apresenta aparência de doente, exausto, abatido ● outros sintomas associados: dores difusas e cefaleia ● importante interrogatório sobre os diversos aparelhos o mais completo possível + avaliação de hábitos e vícios + pode estar relacionada a medicações utilizadas pelo paciente, a seu estilo de vida ou a fatores relacionados a sua profissão ou ocupação ● investigar ○ sintomas de doenças clínicas associadas a fadiga ○ sintomas de depressão, ansiedade e distúrbio do sono ○ como o paciente entende sua doença e como lida com ela ○ estresses sociais que estejam ocorrendo no momento ○ impacto da fadiga no paciente (dificuldade de tomar decisões; redução da capacidade de percepção, de compreender ordens e executar tarefas; dificuldade de concentração; mau humor e irritabilidade; resposta lenta às solicitações; diminuição do desempenho no trabalho) ○ avaliar fatores predisponentes, precipitantes e perpetuadores ● exame físico ○ geral: pode sugerir distúrbios psiquiátricos → diminuição do nível de alerta, agitação ou retardo psicomotor ou uma aparência desleixada ○ linfadenomegalia: pode indicar possível sinalde infecção crônica ou neoplasia ○ palidez, taquicardia e sopro sistólico ejetivo suave em borda esternal esquerda→ pode sugerir anemia ○ bócio ou nódulos tireoidianos, alterações oculares→ investigação para doença tireoidiana ○ exame cardiopulmonar: pode evidenciar sinais de insuficiência cardíaca ou respiratória crônicas ○ exame neurológico completo, inclusive avaliação da massa muscular, com avaliação de força e tônus muscular→ alterados→ pode sugerir doença neuromuscular + importante diferenciar fadiga de fraqueza muscular ○ avaliação psicológica: associação de fadiga a doença psiquiátrica explica a maioria dos casos de cansaço crônico → avaliação dos sintomas de depressão, ansiedade e distúrbios do sono + MCCP (“ o que você pensa que está errado com você?”/ “o que você acha que está causando a sua doença?” Diagnóstico diferencial Doenças psiquiátricas ● manifestação somática comum de muitas síndromes psiquiátricas maiores: ex.: depressão, ansiedade e transtornos somatoformes ● sintomas psiquiátricos: relatados em mais de 3/4 dos pacientes com fadiga crônica inexplicada Doenças neurológicas ● fraqueza muscular objetiva raramente é detectada ○ quando encontrada→ localizada no sistema nervoso central, sistema nervoso periférico, junção neuromuscular ou muscular + obtidos os exames de acompanhamento apropriados ● fatigabilidade da força muscular: manifestação cardinal de alguns distúrbios neuromusculares, como amiastenia gravis ○ pode ser distinguida da fadiga pelo achado de uma diminuição clinicamente aparente da quantidade de força que um músculo gera com uma contração repetida ● esclerose múltipla (EM): fadiga é um dos sintomas + comuns→ afeta quase 90% dos pacientes + pode persistir entre os surtos de EM e não necessariamente se correlaciona com a atividade da doença na imagem de ressonância magnética (RM) ● doença de Parkinson, disautonomias centrais e esclerose lateral amiotrófica (doenças neurodegenerativas em geral): fadiga é uma característica incômoda ● fadiga pós-acidente vascular cerebral (AVC): entidade bem descrita, porém mal compreendida, com prevalência amplamente variável ● fadiga episódica: pode ser um sintoma premonitório de enxaqueca ● fadiga: resultado frequente de lesão cerebral traumática, ocorrendo frequentemente em associação com depressão e distúrbios do sono Distúrbios do sono ● apneia obstrutiva do sono: causa importante de sonolência diurna excessiva em associação com fadiga + deve ser investigada usando-se a polissonografia durante a noite, particularmente naqueles com roncos proeminentes, obesidade ou outros preditores de apneia obstrutiva do sono Distúrbios endócrinos ● fadiga + fraqueza muscular verdadeira → pode ser sinal precursor de hipotireoidismo, particularmente no contexto da perda de cabelos, pele seca, intolerância ao frio, constipação e ganho de peso ● fadiga + intolerância ao calor, sudorese e palpitações→ típica do hipertireoidismo ● insuficiência suprarrenal: fadiga inexplicada como um sintoma primário ou proeminente, frequentemente com anorexia, perda de peso, náusea, mialgias e artralgias ○ hiponatremia, hiperpotassemia e hiperpigmentação: podem estar presentes no momento do diagnóstico ● hipercalcemia: fadiga, que pode ser relativamente vaga ○ hipercalcemia grave: pode levar à letargia, estupor e coma ● hipoglicemia/ hiperglicemia: podem causar letargia, frequentemente em associação com confusão ● diabetes melito (esp. DM 1): associado a fadiga independentemente dos níveis de glicose ● fadiga também pode acompanhar a doença de Cushing, o hipoaldosteronismo e o hipogonadismo ● baixos níveis de vitamina D ● hipercortisolismo: fadiga + depressão Doenças hepáticas e renais ● doença hepática crônica/ doença renal crônica: podem causar fadiga ● + 80% dos pacientes em hemodiálise → se queixam de fadiga → um dos sintomas mais comumente relatados por pacientes na doença renal crônica Obesidade ● associada a fadiga e sonolência independentemente da presença de apneia obstrutiva do sono ● pacientes obesos submetidos à cirurgia bariátrica experimentam melhora na sonolência diurna mais cedo do que seria esperado se a melhora fosse unicamente o resultado da perda de peso e da resolução da apneia do sono ● inatividade física, diabetes e depressão: fatores comuns em pacientes obesos que provavelmente também contribuem Inatividade física ● associada com fadiga ● aumento da atividade física pode melhorar a fadiga em alguns pacientes Desnutrição ● estado nutricional também pode ser uma comorbidade importante e contribuir para a fadiga em outras doenças crônicas, inclusive a fadiga associada ao câncer Infecção ● infecções agudas e crônicas: comumente levam à fadiga como parte de uma síndrome infecciosa mais ampla ● avaliação de infecção não diagnosticada como causa de fadiga inexplicada (esp. fadiga prolongada ou crônica): deve ser orientada pela história, exame físico e fatores de risco infecciosos, com particular atenção ao risco para tuberculose, HIV, hepatite crônica e endocardite ● mononucleose infecciosa: pode causar fadiga prolongada que persiste por semanas a meses depois de uma doença aguda ○ apenas raramente é a causa de fadiga crônica inexplicada Medicamentos e substâncias de abuso ● medicações, uso de drogas ilícitas, abstinência de drogas e uso crônico de álcool podem levar à fadiga ● medicações mais prováveis de causar fadiga: antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos, opiáceos, agentes antiespasticidade, anticonvulsivantes e betabloqueadores Doenças cardiovasculares e pulmonares ● fadiga: um dos sintomas relatados pelos pacientes como o mais desgastante na insuficiência cardíaca congestiva e na doença pulmonar obstrutiva crônica→ afeta negativamente a qualidade de vida Neoplasia maligna ● fadiga + perda de peso inexplicada→ pode ser um sinal de neoplasia oculta ● câncer apenas raramente identificado em pacientes com fadiga crônica inexplicada na ausência de outros sinais e sintomas sugestivos ● fadiga relacionada ao câncer: experimentada por 40% dos pacientes no momento do diagnóstico + em > 80% dos pacientes em algum momento no curso da doença Doenças hematológicas ● anemia crônica ou progressiva pode se apresentar com fadiga, às vezes em associação com taquicardia de esforço e falta de ar ● anemia também pode contribuir para a fadiga nas doenças crônicas ● ferritina sérica baixa na ausência de anemia: também pode causar fadiga→ reversível com a reposição de ferro Distúrbios sistêmicos inflamatório/reumatológicos ● queixa proeminente em muitos distúrbios inflamatórios crônicos: lúpus eritematoso sistêmico, polimialgia reumática, artrite reumatoide, doença inflamatória intestinal, vasculite associada ao anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (ANCA), sarcoidose e síndrome de Sjögren, mas geralmente não é um sintoma isolado ● associada a imunodeficiências primárias Gestação ● comumente é relatada por mulheres durante todos os estágios da gravidez e do pós-parto Distúrbios de causa indefinida ● síndrome da fadiga crônica e fibromialgia: incorporam a fadiga crônica como parte da definição sindrômica quando presente em associação com inúmeros outros critérios de inclusão e exclusão, ● doença multissintomática crônica (síndrome da Guerra do Golfo): complexo sintomático com fadiga proeminente ○ mais comumente, embora não exclusivamente, observada em veteranos da guerra do Golfo de 1991 ● fadiga crônica idiopática: usada para descrever a síndrome de fadiga crônica inexplicada na ausência de características clínicas adicionais suficientes para atender os critérios diagnósticos para síndrome de fadiga crônica Abordagem ao paciente ● anamnese detalhada com foco na qualidade, padrão, evolução temporal, sintomas associados e fatores de alívio da fadiga→ fundamental para definir a síndrome + ajudar a guiar a futura avaliação e tratamento ● importante determinar ○ se fadiga é a designação adequada ○ se os sintomas são agudos ou crônicos ○ se o problema é primariamentemental, físico ou uma combinação dos dois tipos ● revisão dos sistemas → deve tentar distinguir a fadiga de sonolência excessiva, dispneia de esforço, intolerância ao exercício e fraqueza muscular ● presença de febre, calafrios, sudorese noturna ou perda de peso → deve levantar suspeita de uma infecção oculta ou neoplasia ● revisão cuidadosa da prescrição, medicações de venda livre, medicações à base de ervas, drogas recreativas e consumo de álcool: necessária ● circunstâncias em torno da instalação dos sintomas e gatilhos potenciais: devem ser investigadas ● história social: importante → atenção dada aos fatores estressores da vida, horário de trabalho, rede de suporte social e assuntos domésticos, inclusive um rastreamento de violência doméstica ● hábitos do sono + higiene do sono: devem ser questionados ● impacto da fadiga no funcionamento diário: importante para se compreender a experiência do paciente e estimar a recuperação e o sucesso do tratamento ● exame físico: orientado pela história e diagnóstico diferencial ● exame detalhado do estado mental deve ser realizado com especial atenção aos sintomas de depressão e ansiedade ● exame neurológico formal: necessário para determinar se a fraqueza muscular objetiva está presente ○ geralmente: é um exercício simples ○ ocasionalmente: pacientes com fadiga tenham dificuldade em manter o esforço contra resistência e, às vezes, relatem que a geração de uma força completa necessite de esforço mental substancial ○ teste de confrontação: força completa pode ser gerada apenas por um curto período antes que o paciente subitamente desista do esforço→ fraqueza de ruptura→ pode ou não estar associada a dor ○ fraqueza de ruptura: contrasta com a fraqueza devida a lesões nos tratos motores ou unidade motora inferior, na qual a resistência do paciente pode ser superada de forma suave e firme e a força completa nunca pode ser gerada ● fraqueza fatigável: potência é completa no primeiro teste, mas se torna fraca na repetição da avaliação sem um intervalo de repouso ○ geralmente indica um problema na transmissão neuromuscular ○ nunca tem a súbita qualidade de ruptura que é possível observar ocasionalmente em pacientes com fadiga ● se a presença ou a ausência de fraqueza muscular não puder ser determinada pelo exame físico→ eletromiografia com estudos de condução nervosa pode ser um teste auxiliar útil ● exame físico geral: deve rastrear sinais de doença cardiopulmonar, neoplasia, linfadenopatia, organomegalia, infecção, insuficiência hepática, doença renal, desnutrição, anormalidades endócrinas e doença do tecido conectivo ● pacientes com dor musculoesquelética disseminada associada → avaliação dos pontos de dor pode ajudar a revelar a fibromialgia ● exame laboratorial: provavelmente identificará a causa da fadiga crônica em apenas cerca de 5% dos casos ○ poucos testes de rastreamento padronizados + deve ser orientada pela história e pelo exame físico ○ estender a avaliação provavelmente levará a resultados falso-positivos que requerem explicação, investigação e acompanhamento desnecessários e deve ser evitada em vez de um acompanhamento clínico frequente ○ abordagem razoável ao rastreamento: hemograma completo com diferencial (para investigar anemia, infecção e neoplasia), eletrólitos (incluindo sódio, potássio e cálcio), glicose, função renal, função hepática e função tireoidiana + teste para HIV e função suprarrenal também pode ser considerado Tratamento ● prioridade: abordar o distúrbio ou distúrbios subjacentes que são responsáveis pela fadiga ● causa pode ser multifatorial ● tratamento com antidepressivos pode ser útil para o tratamento da fadiga crônica quando há sintomas de depressão e pode ser mais eficaz como parte de uma abordagem multidimensional ○ antidepressivos também podem ser causa de fadiga e devem ser descontinuados se não forem claramente eficazes ● terapia cognitivo-comportamental: útil no contexto da síndrome de fadiga crônica + fadiga associada ao câncer ● terapia com exercícios graduados: exercícios físicos, mais tipicamente a caminhada, são aumentados gradualmente com atenção à meta de frequência cardíaca para evitar o excesso de esforço → mostraram melhorar modestamente os tempos de caminhada e as medidas de fadiga autorrelatadas em comparação com o cuidado médico padrão em pacientes do Reino Unido com fadiga crônica. ● psicoestimulantes (ex.: anfetaminas, modafinila e armodafinila): podem ajudar a aumentar a vigilância e a concentração e a reduzir a sonolência diurna excessiva em certos contextos clínicos ○ podem ajudar com os sintomas de fadiga em uma minoria de pacientes → em geral, provaram ser inúteis em estudos randomizados para tratar fadiga em lesão cerebral pós-traumática, doença de Parkinson, câncer e esclerose múltipla ● pacientes com vitamina D baixa→ reposição de vitamina D pode levar a uma melhora da fadiga ● desenvolvimento de uma terapia mais eficaz para a fadiga → dificultado pelo conhecimento limitado das bases biológicas desse sintoma, incluindo a forma como a fadiga é detectada e registrada no sistema nervoso ● citocinas pró-inflamatórias, como a interleucina-1α e 1β, e o fator de necrose tumoral α, podem mediar a fadiga em alguns pacientes Prognóstico ● fadiga aguda significativa o suficiente para necessitar avaliação médica: mais provável de levar a uma causa médica, neurológica ou psiquiátrica identificável do que a fadiga crônica inexplicada ● avaliação da fadiga crônica inexplicada → leva mais comumente ao diagnóstico de uma condição psiquiátrica ou permanece inexplicada ● identificação de uma etiologia grave previamente não diagnosticada ou com risco de morte: rara no acompanhamento longitudinal em pacientes com fadiga crônica inexplicada ● resolução completa da fadiga crônica inexplicada: incomum, pelo menos em curto prazo → abordagens de tratamento multidisciplinar podem levar a melhoras sintomáticas que podem melhorar substancialmente a qualidade de vida Síndrome da fadiga crônica (SFC) ● causa rara de fadiga crônica→ 1-9% dos pacientes ● fadiga debilitante e prolongada (+ 6 meses) + distúrbios da memória e concentração + sono não restaurador + dores musculares e articulares + cefaleia + dor de garganta recorrente ● etiologia: desconhecida ● diagnóstico clínico e de exclusão Fadiga crônica idiopática ● fadiga que não apresenta explicação médica ou psiquiátrica→ vista em 8,5-345 dos pacientes com esse tipo de queixa ● fadiga persiste por + de 6 meses + debilitante + não preenche os critérios para síndrome da fadiga crônica → fadiga crônica inespecífica ou idiopática ● devem receber o mesmo tipo de cuidado que os da síndrome da fadiga crônica