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SP 1.4 - Dor visceral

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RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
SP 1.4 – UMA PEDRA NO CAMINHO – 
DOR VISCERAL 
MÓDULO DE DOR 
 
1. CONCEITUAR A DOR VISCERAL E DIFERENCIÁ-
LA DA SOMÁTICA 
 
Dor somática e dor visceral fazem parte do 
conjunto de dores nociceptivas, ou seja, uma dor 
que acontece por lesão ou dano que irá estimular 
algum nociceptor. 
 
• No caso da dor somática ela está na pele, 
no aparelho locomotor (ossos, músculos e 
articulações, propriocepção) e no tecido 
conjuntivo (pleuras, pericárdio, peritônio). 
Dor bastante específica, sabemos dizer como 
é a dor. 
Possui a características de ser superficial 
(pele, fáscias) ou profunda (ossos, junturas, 
musculatura). 
 
• A dor visceral possui características 
completamente diferentes, ela é de órgãos 
internos (vísceras), dor vaga, difícil de 
localizar. 
Pode ser uma dor regional, na região em que 
os órgãos estão. 
E pode ser uma dor referida, quando é 
percebida em um local distante da origem. 
 
A dor visceral é mais comum do que dor 
somática e por isso mesmo, as alterações 
dolorosas viscerais merecem ser conhecidas 
em detalhes tanto pelos especialistas em dor 
como por todos os profissionais de saúde. 
Alguns exemplos comuns são: 
• A isquemia miocárdica, por exemplo, é a 
maior causa de morte em muitos países 
desenvolvidos, como os Estados Unidos. 
• A litíase renal afeta pelo menos um quinto 
da população, geralmente na idade ativa. 
• A Síndrome do Intestino Irritável (SII) 
acomete pelo menos 25% da população e 
corresponde a cerca de metade das 
consultas na clínica gastroenterológica. 
• A dismenorreia (cólica) afeta cerca de 
50% das mulheres e em pelo menos 10% 
provoca prejuízos em dias de trabalho. 
 
A dor visceral tem CINCO 
CARACTERÍSTICAS DISTINTAS 
importantes, que merecem destaque: 
1. A dor não é evocada de todas as 
vísceras. Órgãos como fígado, rim, a maioria 
das vísceras sólidas e o parênquima pulmonar 
não são sensíveis à dor, enquanto membranas 
serosas de órgãos ocos são mais sensíveis à 
dor. Isto ocorre devido a propriedades 
funcionais de receptores periféricos dos 
nervos de certos órgãos viscerais e 
também pelo fato de que muitas vísceras 
são inervadas por receptores que não 
evocam percepção consciente. 
2. A intensidade da dor não é ligada 
diretamente com o grau de injúria visceral: 
o corte do intestino, por exemplo, não causa 
dor, sendo um exemplo de lesão sem dor, 
enquanto a distensão da bexiga é dolorosa e é 
um exemplo de dor sem lesão. 
3. A dor é difusa e pobremente localizada 
devido a poucos aferentes viscerais, 
quando comparada com vias somáticas. 
Particularmente, a ausência de vias sensoriais 
viscerais individualizadas e a extensiva 
divergência no sistema nervoso central (SNC) 
podem também levar a diagnósticos errôneos. 
4. A dor geralmente é referida para outros 
locais devido à convergência 
viscerossomática em vias de dor central. 
Pode ser, inclusive, a queixa mais importante, 
e pode confundir a exata localização da 
doença. 
5. A dor é frequentemente acompanhada de 
reflexos autonômicos e motores, como 
náusea, vômito e tensão muscular lombar 
baixa, como ocorre na cólica renal. Estas 
alterações podem servir como sistema 
mantenedor e facilitador da transmissão 
dolorosa. 
 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
 
 
 
2. DIFERENCIAR A DOR REFERIDA DA 
IRRADIADA 
 
Dor irradiada é aquela que irradia de um nervo. 
Por exemplo, a dor de um nervo ao ser comprimido 
segue o trajeto percorrido por ele, irradiando pelo 
membro. 
 
Dor referida: é a dor percebida e atribuída a um 
local distante daquele em que o estímulo doloroso 
é aplicado. 
A dor referida é uma dor que não tem relação com 
a mesma inervação que segue de um determinado 
tecido, ocorre uma intercomunicação da inervação 
de um tecido com outro devido a comunicação de 
plexos nervosos. 
A dor referida não segue o trajeto do nervo 
específico, mas obedece a intercomunicações de 
nervos que vão levar a dor para locais distantes do 
problema real, já que muitas vezes a dor não é 
sentida na área doente. 
 
A dor referida se projeta na periferia, mas é 
designada como referida devido ao fato de 
originar-se de estruturas além do território da 
raiz nervosa. A dor referida projeta-se nos 
dermatômeros e é confinada aos segmentos 
de inervação. METAMERO (não dermatômero) 
Assim, cada víscera apresenta uma área 
referida específica em um dermatômero que 
pode ser avaliada por imagem IR. 
Por exemplo, a dor no ponto de McBurney em 
casos de apendicite aguda, a dor escapular 
posterior direita em casos de cólica biliar, a dor no 
flanco em direção à região inguinal em casos de 
cólica ureteral, a dor sacral posterior, suprapúbica 
e inferior em casos de anormalidades ovarianas, e 
a dor torácica da embolia pulmonar e do infarto do 
miocárdio. 
 
3. COMPREENDER A DOR VISCERAL 
 
A) Fisiopatologia-nociceptores 
O trajeto dos aferentes viscerais tem estreita 
proximidade com o sistema nervoso autônomo e, 
devido à possibilidade de comunicação 
interneuronal, os sintomas relacionados aos 
nervos simpáticos e parassimpáticos são 
prevalentes. 
Todas as vísceras abdominais e torácicas têm 
inervação aferente associada com nervos 
simpáticos e parassimpáticos, com exceção do 
pâncreas. 
Transmitem informação da víscera para o SNC. 
A maioria destas informações não é percebida no 
nível consciente. 
• Vias parassimpáticas: originadas de 
estruturas cranianas (no tronco do 
encéfalo), bem como da porção sacral. 
• Vias simpáticas: originadas na medula 
espinhal em suas porções cérvico-
torácicas. 
Após a sua saída, frequentemente se agrupam em 
cadeias (plexos), que em geral se localizam na 
porção pré-vertebral. 
Os receptores dos neurônios aferentes 
viscerais primários são localizados na 
mucosa, músculo e serosa de órgãos ocos e 
respondem a estímulos químicos locais e 
luminais e a estímulos mecânicos (distensão). 
São geralmente polimodais, respondendo às 
múltiplas modalidades de estímulos: mecânicos, 
térmicos e químicos. Sua ativação resulta em 
respostas a estímulos nocivos e reflete a sua 
intensidade. 
 
Há duas classes de nociceptores viscerais: 
1. Receptores de alto limiar a estímulos 
naturais: que respondem a estímulos 
principalmente mecânicos de alcance nocivo. 
Estes receptores inervam exclusivamente órgãos 
cuja dor é a única sensação consciente, por 
exemplo: ureter, rim, pulmão, vias aéreas, 
coração, veias, vesícula biliar, esôfago, intestino 
delgado, cólon, bexiga e útero. 
2. Receptores de baixo limiar para estímulos 
naturais: também principalmente mecânicos, que 
codificam a intensidade do estímulo na magnitude 
de suas descargas, desde estímulos inócuos até 
os de alcance nocivos, porém, são relativamente 
escassos em determinados órgãos, como por 
exemplo: cólon, estômago, esôfago, bexiga e 
testículos. 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
Os chamados nociceptores silenciosos estão 
presentes em larga escala nos órgãos viscerais e 
em condições normais são irresponsivos a 
estímulos, mas, geralmente se tornam ativados na 
presença de injúria tecidual: hipóxia ou 
inflamação, passando a transmitir estímulos de 
dor. 
 
_______________________________________ 
B) Vias e SNA 
A nocicepção é iniciada pela ativação de 
receptores viscerais e, se estes estímulos 
forem suficientemente fortes, são transmitidos 
para a coluna dorsal da medula espinhal, 
através das fibras Aô (pobremente 
mielinizadas) e C (amielinizadas). 
 
As fibras nervosas aferentes primárias que 
inervam as vísceras se projetam para o SNC por 
três vias: 
a) o nervo vago e seus ramos; 
b) dentro e ao longo de vias eferentes 
simpáticas (cadeias simpáticas e ramos 
esplâncnicos, inclusive ramos torácicos e 
lombares maior, menor e mínimo); 
c) no nervo pélvico, com eferentes 
parassimpáticos,e seus ramos 
 
A partir da medula espinhal, a entrada nociceptiva 
até o cérebro é transmitida por várias vias. 
A maioria dos aferentes ascende pelo trato 
espinotalâmico até o tálamo. Outras vias 
conhecidas são: o trato espino-hipotalâmico, o 
trato espinorreticular, o trato espinosolitário, o trato 
espinoparatraqueal entre outros. Por sua vez, o 
tálamo projeta para ínsula, hipotálamo, amígdala 
e áreas corticais altas (córtex pré-frontal e 
cingular). 
 
CONVERGÊNCIA SINÁPTICA 
Fibras aferentes viscerais e também fibras 
aferentes somáticas, chegam a medula passando 
pelo gânglio da raiz dorsal, na região da lâmina I, 
II e algumas na V. 
A grande questão da CONVERGÊNCIA 
SINÁPTICA é porque o caminho do sistema 
somático e sistema visceral a partir do sistema 
nervoso central é o mesmo. 
 
Então o córtex pode perceber uma dor como vinda 
do sistema somático quando na verdade ela está 
sendo originada no sistema visceral, isso porque o 
caminho de subida é o mesmo. 
 
O que faz com que o córtex a perceba isso é 
porque há uma quantidade de fibras somáticas 
chegando no mesmo ponto da medula muito 
maior que a quantidade de fibras viscerais, que 
chega de forma difusa, tanto perifericamente 
quanto centralmente, e não tem tanta focalidade. 
 
Além disso, as fibras somáticas que chegam são 
tipo C e A delta, enquanto a fibra visceral chega 
predominantemente do tipo C. 
 
Então levando em consideração o segundo 
neurônio (que é o caminho que faz a informação 
subir), ele tem muito mais chance de ser 
estimulado por uma fibra somática, tanto pela 
QUANTIDADE quanto pela VELOCIDADE de 
chegada desses estímulos. 
 
Então mesmo quando o estímulo vem da víscera, 
existe uma tendência do córtex a perceber esse 
estímulo vindo do sistema somático. 
_______________________________________ 
C) Manifestações clínicas 
A dor visceral tem uma evolução temporal e em 
seu estágio inicial pode ser insidioso e difícil de 
identificar. A dor é vaga, difusa, além de 
pobremente definida. 
Independentemente do órgão específico de 
origem, é usualmente percebida na linha 
mediana no nível inferior do esterno ou 
abdômen superior. 
Se a origem da dor é do coração, esôfago, 
estômago, duodeno, vesícula biliar ou pâncreas, a 
dor vísceral na fase inicial pode ser percebida em 
geral no mesmo local. 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
A dor vísceral pode ser minimizada e 
negligenciada quando não é claramente descrita 
ou então quando descrita como sendo vaga, com 
sensação de desconforto, mal-estar ou opressão. 
Com frequência, é tipicamente associada com 
fenômenos autonômicos como: palidez, 
sudorese, náusea, vômito, alteração da 
pressão arterial e da frequência cardíaca, 
distúrbios gastrointestinais (por exemplo: 
diarreia) e alterações na temperatura corporal. 
Fortes reações emocionais estão comumente 
presentes, tais como: ansiedade, angústia e 
algumas vezes até mesmo sensação iminente de 
morte. Algumas enfermidades viscerais podem se 
manifestar principalmente através de reações 
vegetativas e emocionais, com mínima dor e 
desconforto. 
Um exemplo típico é o infarto do miocárdio sem 
dor, que pode se apresentar com sensação de 
plenitude gástrica, peso, pressão, compressão ou 
dispneia. 
Estes sintomas podem levar a um incorreto 
diagnóstico de doenças gastrointestinais, 
principalmente quando acompanhados de 
náuseas e vômitos. Sendo assim, a dor vísceral 
deve ser sempre suspeitada, quando sensações 
vagas de mal-estar na linha média são relatados 
pelos pacientes, especialmente se forem idosos. 
Apresentação clínica da dor visceral 
a) Dor visceral verdadeira: dor usualmente 
vaga, difusa e de localização imprecisa. 
Ocorre devido à baixa densidade de 
inervação sensorial visceral e à extensiva 
divergência de entrada dos estímulos com 
o sistema nervoso autônomo. 
Tem uma evolução temporal e pode ser difícil de 
identificar no estágio inicial. Algumas vezes 
apresenta-se somente como uma vaga sensação 
de desconforto, mal-estar ou opressão. Pode estar 
associada com marcados fenômenos 
autonômicos e com fortes reações emocionais. 
Um exemplo típico é a dor do infarto agudo do 
miocárdio. 
Não tem correlação direta entre a intensidade da 
dor e a extensão da injúria. A correlação entre dor 
visceral e emoções negativas pode aumentar a 
ocorrência de dor relacionada à memória de dor-
sensibilização central. 
 
b) Dor referida e hiperalgesia 
(convergência viscerossomática): a dor 
visceral pode se apresentar numa 
localização somática. Ocorre devido à 
convergência da inervação dos órgãos 
viscerais e áreas somáticas no mesmo 
neurônio sensorial espinhal. 
Esta dor se apresenta tipicamente como somática 
profunda, mais localizada e não acompanhada de 
francas reações simpáticas e emocionais. 
Pode estar associada com hiperalgesia e é 
usualmente limitada aos músculos, mas pode se 
estender superficialmente para o tecido 
subcutâneo e pele. 
Pode persistir até mesmo após o estímulo primário 
ter cessado. 
Hiperalgesia referida é com frequência 
acompanhada por alterações tróficas, tipicamente 
um espessamento do tecido subcutâneo e algum 
grau de atrofia muscular local. Estes eventos são 
presumidamente decorrentes da ativação de 
reflexos viscerossomáticos. 
 
c) Hiperalgesia visceral: definida como um 
aumento da sensibilidade de um órgão 
interno, de tal modo que até mesmo um 
estímulo não patológico ou normal 
pode produzir dor desse órgão. Isto é 
comumente associado com dor visceral e 
acredita-se ser decorrente de 
sensibilização periférica e central. 
Exemplo: dor após a ingestão de comida ou 
líquido em um esôfago ou estômago quando a 
mucosa está inflamada. 
 
d) Hiperalgesia víscero-visceral: é o 
aumento da dor devido à interação 
sensorial entre dois diferentes órgãos 
internos que dividem pelo menos parte 
de seus circuitos aferentes. Consiste de 
um aumento de ambos: sintomas diretos e 
referidos de toda a víscera envolvida, 
produzindo um quadro clínico complexo. 
Por exemplo: pacientes com doença cardíaca 
coronariana associada a cálculo biliar podem 
experimentar crises mais frequentes de angina e 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
cólica biliar em comparação com pacientes com 
uma condição única. Isso ocorre devido à 
sobreposição parcial de vias aferentes em T5 do 
coração e da vesícula biliar. 
_______________________________________ 
D) Tratamento 
Considerando os diversos mecanismos e a 
complexidade de estratégias de tratamento, a 
intervenção terapêutica deve ser baseada na 
doença específica, bem como nos mecanismos de 
dor subjacentes. A distinção entre disfunção 
visceral orgânica ou funcional é importante na 
decisão da opção do tratamento, embora seja um 
desafio, pois elas podem coexistir. 
O tratamento da dor visceral vai depender da 
doença e sua evolução, baseado inicialmente no 
uso de analgésicos e opioides. Em casos crônicos, 
especialmente de doenças de base sem cura, a 
medicina oferece procedimentos 
neuroaumentativos, que visam estimular e 
conservar a parte afetada (sistemas implantáveis 
de liberação de drogas analgésicas e 
neuroestimuladores) e procedimentos ablativos, 
que destroem e desligam o nervo condutor da dor 
(neurólises e cordotomias). 
 O tratamento farmacológico consiste em bloquear 
as vias de processamento da dor, como o sistema 
colinérgico, a ativação da subfamília TRPV4 e 
P2X7R na micróglia espinal, sendo necessário o 
uso de analgésicos opioides, antidepressivos 
tricíclicos e anticonvulsivantes. 
Os analgésicos simples como o paracetamol, 
assim como anti-inflamatórios não hormonais 
(AINH), têm função limitada na dor visceral. O 
paracetamol, um fraco inibidor da cicloxigenase-2 
e um seletivo inibidor da cicloxigenase-3, é usado 
para dor, mas pouco se conhece sobre sua 
respostaà dor visceral, desde que muitos estudos 
não têm focado neste tipo de dor. 
Os AINHs são efetivos na redução da dor no 
câncer. Muitos estudos têm demonstrado que eles 
são tão efetivos quanto opioides no tratamento da 
cólica biliar, com menos efeitos adversos. Um dos 
mecanismos do AINH em cólica renal ou biliar 
pode envolver o bloqueio da acetilcolina. O 
diclofenaco também bloqueia a acetilcolina 
induzida pela contração da musculatura lisa. 
É provável que opioides por curto período de 
tempo representem uma opção custo-efetiva para 
pacientes com dor visceral orgânica (por exemplo: 
pancreatite crônica), embora sua função para o 
manuseio de desordens funcionais viscerais 
permaneça incerta. Além disso, a dor contínua 
pode induzir a sensibilização central e a alteração 
na modulação da dor, o que torna o opioide 
menos efetivo. 
Os antidiarreicos como a loperamida, um análogo 
opioide agonista, reduz a peristalse intestinal e 
secreção, sendo utilizado em quadros 
selecionados de diarreia, porém, não alivia a dor 
nem a distensão abdominal. 
Os analgésicos convencionais, como o 
paracetamol, anti-inflamatórios e opioides têm 
resposta limitada em dores funcionais. 
Os antiespasmódicos podem ter uma função 
importante no manuseio da dor visceral devido à 
presença de espasmos excessivos da 
musculatura lisa, por exemplo na dor associada 
da cólica renal, da dismenorreia14 e em casos de 
SII. 
Os analgésicos adjuvantes exercem a função 
principal no manuseio de dor visceral crônica e, 
em particular, devem ser iniciados quando sinais 
de sensibilização central (hiperalgesia e a lodínea) 
estão presentes. 
Os antidepressivos como os tricíclicos, inibidores 
da recaptação da serotonina e noradrenalina, bem 
como os inibidores seletivos da recaptação da 
serotonina, também são utilizados no tratamento 
da dor visceral crônica, especialmente em 
desordens funcionais. Antidepressivos tricíclicos 
demonstram ter propriedades analgésicas e 
neuromodulatórias, sendo importante iniciar em 
baixas doses e aumentá-la, titulando-a lentamente 
em semanas. 
 
4. ESTUDAR A NEFROLITÍASE 
 
O cálculo renal, é uma doença muito comum, 
conhecido popularmente como pedra nos rins, é 
um quadro agudo que se instala mais nos homens 
do que nas mulheres e provoca dor inesquecível. 
É uma massa sólida formada por pequenos 
cristais, que podem ser encontrados tanto nos 
rins quanto em qualquer outro órgão do trato 
urinário. 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
Pode ser definida como concreções de cristais que 
se formam no trato urinário e causam sintomas 
apenas quando o tamanho atinge o suficiente para 
serem vistas nos exames de imagem. 
 
A) FISIOPATOLOGIA 
As pedras nos rins são formadas quando a urina 
apresenta quantidades maiores que o normal 
de algumas substâncias, ou que têm uma 
diminuição na quantidade de alguns fatores 
que impediriam a aglomeração desses cristais 
como por exemplo o citrato. 
Essas substâncias podem se precipitar e formar 
pequenos cristais que, depois, vão se aglutinar 
e se transformarão em pedras. 
A formação dos cálculos inicia-se com a 
supersaturação urinária contendo 
componentes insolúveis. Isso ocorre devido: 
CAUSAS: 
• baixo volume de urina 
• excreção excessiva ou insuficiente de 
certos compostos 
• fatores adversos que diminuem a 
solubilidade, como a redução do pH 
urinário, já que a urina ácida propicia a 
cristalização do ácido úrico, 
principalmente quando o Ph for menor 
que 5,5. 
 
Existem quatro tipos de cálculos renais, sendo 
que um se diferencia do outro no que diz respeito 
à sua formação: 
 
Cálculos de cálcio 
São os mais comuns. Aparecem no geral entre 20 
e 30 anos. Tendem a reaparecer após tratamento. 
O cálcio pode combinar-se com outras 
substâncias, como o oxalato, o fosfato ou o 
carbonato para formar a pedra nos rins. 
Algumas doenças do intestino delgado, dietas 
ricas em vitamina D e distúrbios metabólicos 
aumentam o risco de formação dos cálculos de 
oxalato e cálcio. 
A maioria dos cálculos é formada de oxalato de 
cálcio, associando-se, geralmente à 
hipercalciúria e/ou hiperoxalúria. 
A hipercalciúria ocorre em casos de dieta muito 
rica em sódio, uso de diuréticos de alça, 
acidose tubular renal distal, sarcoidose, síndrome 
de Cushing, excesso de aldosterona ou 
distúrbios associados a hipercalcemia. 
Já a hiperoxalúria é observada em síndromes de 
má absorção intestinal, com secreção intestinal 
reduzida de oxalato ou ligação de cálcio intestinal 
pelos ácidos graxos existentes no lúmen intestinal, 
com absorção aumentada de oxalato livre e 
hiperoxalúria. 
 
Além dessas causas, os cálculos de oxalato de 
cálcio podem se formar devido à deficiência de 
citrato urinário (inibidor da formação de cálculos 
– o citrato é excretado insuficientemente na 
acidose metabólica) e hiperuricosúria. 
 
Cálculos de cistina 
Estes podem aparecer em pessoas que têm 
cistinúria, uma doença renal hereditária e que 
afeta tanto homens quanto mulheres. 
Cálculos de cistina são decorrentes de um 
defeito hereditário raro no transporte renal e 
intestinal de aminoácidos dibásicos, a excreção 
excessiva de cistina. A cistina é um composto 
insolúvel que leva à litíase renal, esses cálculos se 
formam mais frequentemente em urina de pH 
ácido. 
 
Cálculos de estruvita 
Encontrados principalmente em mulheres com 
infecção do trato urinário. Esses tipos de pedra 
nos rins podem crescer muito e bloquear o rim, o 
ureter ou a bexiga. 
Os cálculos de estruvita desenvolvem-se no 
sistema coletor quando há infecção por 
microrganismos produtores de urease 
(Proteus, Klebsiella, Serratia, Pseudomonas, 
Ureaplasma e Citrobacter). Isso resulta na 
formação de íons amônio e pH urinário alcalino, 
facilitando a combinação de fosfato com amônia, 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
magnésio e cálcio, que se precipitam e formam o 
cálculo. 
Os principais fatores de risco para formação de 
cálculos de estruvita são ITU prévia, nefrolitíase 
prévia, cateteres urinários e bexiga neurogênica. 
 
Cálculos de ácido úrico 
Correspondem a 7% de todos os cálculos renais 
tratados. Formam-se principalmente em pacientes 
que têm ácido úrico elevado. São mais frequentes 
em homens do que em mulheres. Podem, ainda, 
ocorrer juntamente com dietas ricas em proteína, 
gota ou quimioterapia. Fatores genéticos também 
podem contribuir para o surgimento de pedras no 
rim deste tipo. 
Cálculos de ácido úrico formam-se quando a 
urina está com excesso de ácido úrico, 
apresentando pH urinário ácido (entre 5 e 5,4). 
Geralmente os pacientes apresentam-se com 
síndrome metabólica e resistência à insulina, e 
com gota de aparência clínica. 
_______________________________________ 
 
B) QUADRO CLÍNICO 
Os sintomas de cálculo renal normalmente 
surgem de forma repentina, quando a pedra se 
desloca pelas vias urinárias, gerando uma dor 
muito forte nas costas que deve ser tratada o 
mais rápido possível em um hospital ou pronto-
socorro. 
Cálculos localizados dentro do rim 
habitualmente não causam sintomas. Estes 
somente incomodarão quando se 
movimentarem para sair do rim e obstruírem o 
ureter (conduto que ecoa a urina do rim para a 
bexiga). 
Nesta situação pode se manifestar dor intensa e 
outros sintomas associados, como por exemplo: 
• Dor lombar variável e intensa, em cólica, que 
pode se irradiar (SER REFERIDA) para flanco, 
abdome inferior e região genital (até vulva ou 
testículo) (depende da localização do cálculo). 
• Urina rosada, devido à presença de algumas 
gotas de sangue na urina (hematúria macro e 
microscópica) 
• Náuseas e vômitos são comuns 
• Desejo aumentado de ir ao banheiro urinar 
mas não expelir muita urina 
• Desejo de evacuar mas sem eliminar nada – 
pouco comum 
• Ardência ou dor para urinar (disúria) 
• Febre e calafrios (em caso associado a infecçãourinária) 
• Suor excessivo. 
Ao exame físico, o paciente pode encontrar-se 
com fácies de dor, pálido, taquicárdico e, às 
vezes, hipertenso. 
_______________________________________ 
C) DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico começa a partir de uma boa 
anamnese e exame físico. A manifestação da 
cólica renal e o trajeto da dor são muito sugestivos 
da Nefrolitíase. 
Para fechar o diagnóstico, são realizados exames 
de imagens. Os exames de imagem confirmam 
o diagnóstico de litíase renal, indicam a 
posição, o tamanho do cálculo e evidenciam 
complicações, como a hidronefrose, por exemplo. 
• A partir da Radiografia, vê-se alguns 
cálculos e o aspecto radiográfico pode 
determinar o tipo de cálculo. 
Cálculos de fosfato de cálcio e de oxalato de cálcio 
são radiodensos, a estruvita (fosfato de magnésio 
e amônio) podem ser vistos quando formam 
complexos com carbono ou fosfato de cálcio; 
cálculos de cistina não são bem visualizados e os 
cálculos de ácido úrico são radiotransparentes. 
• O exame padrão-ouro é a Tomografia 
Computadorizada (TC), porém quando 
indisponível, a ultrassonografia é uma 
boa alternativa 
 
Outros métodos de análise também podem ser 
realizados, como urografia intravenosa – muito útil 
para definir grau e extensão da obstrução, porém 
é contraindicado nos pacientes com insuficiência 
renal, devido ao contraste – e pielografia 
retrógrada – permite a visualização do trato 
urinário sem necessitar de contraste. 
 RENATA LIMA – MEDICINA – 5º SEMESTRE – TUTORIA 
 
 
5. COMPREENDER O TRATAMENTO PARA 
NEFROLITÍASE 
 
A maioria dos pacientes podem ser manejados 
conservadoramente com analgesia durante o 
episódio agudo. 
Tratamento inicial da cólica renal é realizado com 
analgésico potente opiáceo ou AINE. 
Hidratação forçada na cólica renal aguda não é 
indicada. 
 
Deve-se encaminhar para tratamento hospitalar 
de urgência os pacientes sem controle adequado 
da dor, se existir a possibilidade de gravidez 
ectópica (mulher em idade fértil com atraso 
menstrual) ou aneurisma de aorta, infecção 
urinária, litíase com suspeita de obstrução em rim 
único e/ou anúria. 
 
É pouco provável que cálculos ureterais 
maiores que 10 mm sejam expelidos. Portanto, 
nesses casos, a avaliação com o urologista é 
necessária. 
 
Para cálculos ureterais menores ou iguais a 10 
mm em pacientes que apresentam sintomas 
controláveis e não apresentam razão para 
remoção cirúrgica imediata, o acompanhamento 
pode ser conservador com analgesia e terapia 
medicamentosa que aumenta a probabilidade de 
liberação do cálculo. 
É utilizado preferencialmente bloqueador alfa-
adrenérgico (tansulosina 0,4mg/dia ou 
doxazosina de 2 a 4mg/dia) por 4 semanas, 
para relaxar a musculatura lisa ureteral. 
Bloqueadores dos canais de cálcio, como a 
nifedipina (30mg/dia), também podem ser 
utilizados na indisponibilidade do bloqueador alfa-
adrenérgico. 
Nesses casos, o paciente deve estar atento para 
a eliminação do cálculo e caso não seja expelido 
deve-se solicitar um novo exame de imagem em 6 
semanas para identificar sua expulsão. 
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A) ANTIESPASMÓDICO 
- Mecanismo de ação 
Os antiespasmódicos são um grupo de 
substâncias que previnem ou interrompem a 
contração dolorosa e involuntária dos músculos 
MUSCULATURA LISA do intestino, abdômen e 
sistema reprodutor. 
Essa contração, conhecida também como 
espasmos, é a “culpada” pela sensação de cólica, 
seja ela gastrointestinal, das vias biliares e 
menstrual. 
São medicamentos parassimpaticolíticos, ou 
seja, bloqueiam o efeito do sistema 
parassimpático e, portanto, bloqueiam a 
acetilcolina, tendo assim atividade 
anticolinérgica. 
O tipo de medicamento nesse grupo é a 
atropina. Os medicamentos de uso comum nessa 
classe incluem a diciclomina e a hiosciamina. 
O mecanismo de ação dos antiespasmódicos é 
competir com a acetilcolina pelos receptores 
muscarínicos, e dessa forma vão atuar inibindo 
os receptores colinérgicos muscarínicos no 
plexo entérico e no músculo liso. 
 
ANTAGONISTA ADRENÉRGICO BETA 
ADRENÉRGICO – BLOQUEIA E FACILITA A 
PASSAGEM DO CÁLCULO, TRANSILOM. 
 
- Efeito adverso 
Quando administrados em baixas doses, exercem 
efeitos autônomos mínimos. 
Todavia, em doses mais altas, exibem efeitos 
anticolinérgicos adicionais significativos, como 
boca seca, distúrbios visuais, retenção 
urinária e constipação. 
Por essas razões, os antiespasmódicos raramente 
são utilizados.

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