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206 Em 1995, a comunidade matemática aceitou a prova dada por Andrew Wiles para a famosa conjetura de Fermat, for- mulada em 1630. Wiles apresentou o seu trabalho pela pri- meira vez em 1993, mas havia um problema numa das eta- pas da demonstração que ele finalmente conseguiu resolver em colaboração com Richard Taylor. Como os leitores bem sabem, a conjetura afirmava que para o natural n > 2 não existem inteiros positivos x, y, z, tais que xn + yn = zn. Fermat escreveu essa afirmação na margem de um livro, dizendo que a solução que ele encon- trara era longa e não cabia no papel que ele dispunha. Resolvido o problema, e frustrados assim os sonhos dos milhares de amadores e profissionais que sonhavam com a glória de resolvê-lo, restam duas indagações que são, no mínimo, curiosas. A primeira é como uma conjetura, cujo enunciado é sim- ples e acessível até para estudantes do ensino médio, levou tanto tempo e exigiu teorias extremamente sofisticadas para ser finalmente decidida. Como não sabemos a resposta, res- ta-nos o consolo de que talvez em fatos como esse residam a beleza e o encanto da Matemática. A outra dúvida é saber se Fermat tinha realmente uma demonstração. Com altíssima probabilidade a resposta é “não”. Afinal, a demonstração de Wiles utiliza teorias que Fermat certamente não conhecia e ocupou mais de 200 pá- ginas que nenhuma margem de livro, por maior que fosse, seria capaz de conter. O mais provável é que Fermat tenha cometido um erro semelhante aos que cometeram milhares de pessoas que tentaram depois dele. Mas, ainda que ape- nas por curiosidade histórica (para saber no que foi que ele errou), não podemos deixar de concordar com Fernando Quadros que foi realmente uma pena que Fermat não dispu- sesse de uma margem mais larga. Finalmente FermatFinalmente FermatFinalmente FermatFinalmente FermatFinalmente Fermat descansa em pazdescansa em pazdescansa em pazdescansa em pazdescansa em paz Flávio Wagner Rodrigues
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