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Analisando a conexão interna existente entre os vá- rios segmentos do texto, pode-se armar que: A a expressão em vista disso, no segundo parágrafo, estabelece uma relação de implicação causal entre o dado anterior e o que vem a seguir. B o conectivo como, que inicia o terceiro parágrafo, manifesta uma relação de comparação. C a palavra ainda, no primeiro parágrafo, (“É sabido ainda que”...) serve para estabelecer uma relação de tempo, situando o texto no aspecto cronológico. D a conexão interna entre os vários enunciados do texto evidencia uma relação de coerência. 58 UFPR 2019 Leia o excerto abaixo: As bombas que os aliados lançaram sobre a Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial conseguiram atingir a borda inferior do espaço: a ionosfera se enfraqueceu sob a influência da onda expansiva de tantos explosivos. __________ o efeito tenha sido temporário, chegou a ser sentido nos céus da Inglaterra. __________, os bombar- deios alemães, primeiro os da Luftwaffe (a aviação nazista) e, depois, com os foguetes V1 e V2, mal deixaram vestígios na atmosfera. Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas acima, na ordem em que aparecem no texto. A Embora – No entanto. B Ainda que – Por isso. C Consoante – Não obstante. D Posto que – Logo. E Porquanto – Contudo. 59 EEAR 2019 Assinale a alternativa que apresenta, cor- reta e respectivamente, os sentidos expressos pelas palavras ou expressões em destaque no fragmento de texto a seguir: “Ao passo que os aparatos tecnológicos se tornam mais presentes na nossa vida, mais se aprende a viver em rede. Embora saibamos o quanto é importante firmar nos- sos valores individuais, acabamos sendo arrastados, como gados ao matadouro, rumo à neutralização das diferenças culturais dos povos.” A causa, comparação e temporalidade. B consequência, concessão e comparação. C proporcionalidade, concessão e comparação. D condição, conformidade e proporcionalidade. 60 CPII 2019 A fronteira da cultura Durante anos, dei aulas em diferentes faculdades da Universidade Eduardo Mondlane. Os meus colegas pro- fessores queixavam-se da progressiva falta de preparação dos estudantes. Eu notava algo que, para mim, era ainda mais grave: uma cada vez maior distanciação desses jovens em relação ao seu próprio país. Quando eles saíam de Maputo¹ em trabalhos de cam- po², esses jovens comportavam-se como se estivessem emigrando para um universo estranho e adverso. Eles não sabiam as línguas, desconheciam os códigos culturais, sentiam-se deslocados e com saudades de Maputo. Alguns sofriam dos mesmos fantasmas dos exploradores coloniais: as feras, as cobras, os monstros invisíveis. Aquelas zonas rurais eram, afinal, o espaço onde viveram os seus avós, e todos os seus antepassados. Mas eles não se reconheciam como herdeiros desse patrimô- nio. O país deles era outro. Pior ainda: eles não gostavam desta outra nação. E ainda mais grave: sentiam vergonha de a ela estarem ligados. A verdade é simples: esses jo- vens estão mais à vontade dentro de um videoclipe de Michael Jackson do que no quintal de um camponês moçambicano. O que se passa, e isso parece inevitável, é que estamos criando cidadanias diversas dentro de Moçambique³. E existem várias categorias: há os urbanos, moradores da cidade alta, esses que foram mais vezes a Nelspruit4 que aos arredores da sua própria cidade. Depois, há uns que moram na periferia, os da chamada cidade baixa. E há ainda os rurais, os que são uma espécie de imagem des- focada do retrato nacional. Essa gente parece condenada a não ter rosto e falar pela voz de outros. Texto de Mia Couto adaptado do livro Pensatempos (Lisboa: Caminho, 2005). 1 – Maputo: capital de Moçambique. 2 – trabalhos de campo: trabalho de pesquisa realiza- do fora da universidade. 3 – Moçambique: país africano. 4 – Nelspruit: cidade turística da África do Sul. Releia o seguinte trecho do texto: “Quando eles saíam de Maputo em trabalhos de campo, esses jovens comportavam-se como se estivessem emigrando para um universo estranho e adverso. Eles não sabiam as línguas, desconheciam os códigos culturais, sentiam-se deslocados e com saudades de Maputo.” Uma reescrita coerente com a relação mantida entre os dois períodos do trecho destacado pode ser en- contrada em A [...] à medida que eles não sabiam as línguas, desco- nheciam os códigos culturais, sentiam-se deslocados e com saudades de Maputo. B [...] apesar de eles não saberem as línguas, desconhe- cerem os códigos culturais, sentirem-se deslocados e com saudades de Maputo. C [...] uma vez que eles não sabiam as línguas, desco- nheciam os códigos culturais, sentiam-se deslocados e com saudades de Maputo. D [...] caso eles não soubessem as línguas, desconheces- sem os códigos culturais, sentissem-se deslocados e com saudades de Maputo. 61 UFRJ O assunto é amplo. A discussão também preci- saria ser. Reunindo-se as duas orações anteriores em um único período, sem alterar-lhes o sentido, podem-se construir várias frases evidenciando-se diferentes relações se- mânticas. A partir dessas possibilidades, estabeleça a correspondência adequada entre as colunas a seguir. LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 10 Período composto por subordinação100 J Por ser amplo o assunto, a discussão também pre- cisaria ser. J O assunto é tão amplo, que a discussão também precisaria ser. J Se o assunto é amplo, a discussão também preci- saria ser. J O assunto é amplo, portanto a discussão também precisaria ser. J O assunto é amplo, mas a discussão também pre- cisaria ser. 1. conclusão 2. condição 3. causa 4. ressalva 5. consequência A sequência correta, ao estabelecermos a relação, é: A 3, 5, 2, 1, 4. B 3, 1, 2, 5, 4. C 2, 5, 4, 1, 3. D 2, 3, 4, 5, 1. E 4, 5, 2, 3, 1. Texto para as questões 62 e 63. Poesia brasileira Casimiro de Abreu chorava tanto que não cabia em si de descontente. Suas lágrimas escorrem até agora pelas vidraças pelas calçadas pelas sarjetas e só vão deter-se ante o coreto da praça pública, onde, sob os mais inconfessáveis disfarces, Castro Alves ainda discursa! Mario Quintana. Caderno H. São Paulo: Globo, 1998. p. 163. 62 UFRRJ No período “Casimiro de Abreu chorava tanto/ que não cabia em si de descontente”, a segunda ora- ção estabelece com a primeira uma relação de: A causalidade. B concessão. C finalidade. D proporção. E consequência. 63 UFRJ Considere o excerto a seguir. e só vão deter-se ante o coreto da praça pública, onde, sob os mais inconfessáveis disfarces, Castro Alves ainda discursa! Substitua o conectivo “onde” por outro equivalente. 64 UFRJ Leia atentamente o trecho a seguir. Se ambos consideram o homem primitivo vivendo num estado selvagem, passando à vida em sociedade me- diante um pacto comum a todos, exatamente como se cria uma sociedade civil ou comercial, vale frisar que Rousseau imaginava uma convivência individualista, mas cordial, vivendo os homens pacicamente, sem atrito com seus semelhantes, ao contrário de Hobbes, para quem, em célebre tirada, “o homem é lobo do próprio homem” (homo homini lupus). Sobre o valor semântico do conectivo destacado, é correto armar que estabelece uma relação de: A condição, equivalendo a “desde que”. B tempo, equivalendo a “quando”. C conclusão, equivalendo a “logo”. D alternância, equivalendo a “ou”. E concessão, equivalendo a “embora”. Teoria da oração A Sintaxe Psicológica tem como tarefa central fornecer uma teoria da oração tão completa quanto possível. Por isso começa pelo próprio conceito de oração. Conceito e natureza da oração. Os conceitos de oração não têm, nesta corrente, um razoável grau de operacionalidade, pois variam muito segundo as propriedades oracionais focalizadas. As diversas definições existentes deixam perceber que ora se acentuam as configurações externas, ora se dá atenção especial aos aspectos internos das orações. Ries, depois de examinar um número elevado de definições, propõe a seguinte: “A oração é uma unidade mínima de fala, formada gramaticalmente, que expressa seu conteúdo em vista de sua relação com a realidade.”Aí se concentram três propriedades das orações: ter forma gramatical, ser unidade mínima de fala e ter um conteúdo relacionado com a realidade. A forma gramatical diz respeito a uma estrutura específica que, entretanto, não se refere à exigência, de herança lógica, segundo a qual toda frase deve conter os dois momentos aristotélicos do juízo: S e P. Uma oração é uma unidade de fala enquanto encarada como ação verbal. Se toda ação humana se caracteriza por um fazer bem ordenado, então falar também comporta unidades adequadas. Seria de se perguntar, como o faz Bühler, se aquilo que no ato de martelar, se caracteriza com um golpe (uma martelada), no ato de fala corresponde a uma oração. Do ponto de vista externo (fonético) a resposta seria afirmativa, uma vez que o falante reconhece as orações por uma entonação especial e um acento típico. O conteúdo significativo se delineia pela expressividade própria das orações e na qual se realiza um processo psíquico orientado para a questão do conteúdo representativo real em que se baseia toda formação de orações. O conteúdo das frases aparece, portanto, como a soma da substância significativa das palavras (significação léxica) mais as significações de relações lógico-gramaticais. Wundt, por sua vez, focaliza a oração como ação interna bem determinada e bem caracterizada, que pode ser reconhecida externamente. Enten- dendo a linguagem como impulso expressivo do homem, ele define a forma interna primeiramente como complexo de conexões psíquicas, isto é, leis peculiares de associação e de arranjo que aparecem na estrutura das formas vocabulares, na distinção das partes do discurso, nos constituintes Texto complementar F R E N T E 1 101 oracionais e na ordem deles. Os recursos de expressão imediatos de forma linguística interna são as formas de constituição das palavras e as de enlace das orações. Assim se pode precisar o conceito de forma linguística interna. Pode tratar-se: 1) da conexão do pensamento linguístico, que se revela nas formas externas (traços estruturais); 2) das direções desse pensamento, ou então, das zonas de representação a que o pensamento linguístico se dirige preferencialmente; 3) do conteúdo do pensamento, ou seja, das propriedades específicas das representações e dos conceitos ambos possíveis de se expressarem na forma externa. A primeira dessas propriedades se manifesta sobretudo nas formas oracionais; a terceira, nas formas das palavras; a segunda, tanto numas como noutras. Wundt insiste na natureza globalizante da oração. Ela é uma representação global em que cada palavra perde sua individualidade, uma vez que a representação isolada não vem à consciência no momento em que se pronuncia a palavra correspondente. A oração permanece na consciência como um todo, de tal forma que se pode conhecer seus elementos principais no momento em que começa a ser pronunciada. Psicologicamente, portanto, a oração é uma forma simultânea e sucessiva. É simultânea porque em cada momento está com toda sua extensão na consciência, o conjunto se transforma de momento em momento, já que determinadas representações penetram, umas após as outras, no ponto focal, enquanto outras esmaecem. Por isso é que uma simples união de palavras não constitui oração. Francisco da Silva Borba. Teoria sintática. São Paulo: T. A. Queiroz: Editora da Universidade de São Paulo, 1979. Orações subordinadas substantivas y As subordinadas são estruturas dependentes. y Haverá quebra de paralelismo sintático se houver a omissão da oração principal ou da subordinada. y A oração subordinada substantiva é permutável por isto. y A oração principal não apresenta a conjunção. y A oração subordinada substantiva faz uso de conectivo ou de verbo no infinitivo (oração reduzida). y A oração subjetiva exerce o papel de sujeito da principal, exige verbo da oração principal na terceira pessoa do singular. É preciso que haja democracia. y A objetiva direta exerce o papel de objeto direto da principal. Quero que todos aprendam. y A objetiva indireta exerce papel de objeto indireto da principal, vem regida por preposição. Duvido de que todos venham. y A completiva nominal exerce papel de complemento nominal de um termo da principal, e vem regida por preposição obrigatória. Chegamos à conclusão de que tudo não passava de um engano. y A predicativa exerce função de predicativo do sujeito da oração principal. O sonho era que houvesse menos fome. y A apositiva exerce função de aposto da oração principal, é precedida de dois pontos ou vírgula. O rei queria isto: que todos o respeitassem na corte. y O discurso direto reproduz fala da personagem. Ele disse: “Estou com frio!” y O discurso indireto ocorre quando o narrador incorpora em seu discurso a fala da personagem. Ele disse que estava com frio. Orações subordinadas adjetivas y As orações adjetivas exercem morfologicamente o papel de adjetivo; sintaticamente, a função de adjunto adnominal. y Os pronomes relativos introduzem as orações adjetivas. y O relativo que substitui coisa ou pessoa; pode estar acompanhado de preposições monossilábicas. y O relativo quem substitui pessoas ou seres personificados, sempre vem acompanhado de preposição. y O relativo o qual (e flexões) substitui o relativo que nas adjetivas explicativas; deve ser utilizado para evitar ambiguidades. y O relativo cujo indica posse e subentende a preposição de mais o antecedente (= do qual, da qual); concorda com o substantivo posposto (não há cujo o, cuja a). y A oração subordinada adjetiva explicativa é acompanhada de vírgulas e compartilha um saber sobre o antecedente. y As adjetivas restritivas não são acompanhadas de vírgulas e delimitam o antecedente. y As adjetivas podem sofrer redução no infinitivo, gerúndio e particípio. São instrumentos de concisão. Resumindo LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 10 Período composto por subordinação102