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FR EN TE Ú N IC A 55 venda, produto ou serviço – nada impede que também veiculem ideologias ou ideias, embora seja menos frequente. Costumam fazer uso de imagens e texto verbal, ao mesmo tempo que constroem um apelo direto ao leitor. Esse ape- lo pode ser criado com um verbo no modo imperativo ou apenas em contexto. Analise a propaganda a seguir, usada em uma avaliação do Enem: A propaganda explora uma relação de analogia entre a imagem das árvores e o pulmão humano, criando a ideia figu- rada de que as florestas são indispensáveis para que o planeta ofereça oxigênio para os seres humanos. Essa analogia fundamenta contextualmente a mensagem para que haja o apelo ao leitor, induzindo-o a preservar as matas. 1 Fuvest Ser consciente é talvez um esquecimento. Talvez pensar um sonho seja, ou um sono. Talvez dormir seja, um momento, Voltar o ‛spirito nosso a ser dono. [Fernando Pessoa] a) O trecho anterior, do ponto de vista da compo- sição, classifica-se como descritivo, narrativo ou dissertativo? b) Justifique sua resposta, transcrevendo pelo me- nos dois elementos do texto. Texto para as questões 2 e 3. [...] Minutos depois, já sozinhos, o médico foi sentar- -se ao lado da mulher, o rapazinho estrábico dormitava num canto do sofá, o cão das lágrimas, deitado, com o focinho sobre as patas dianteiras, abria e fechava os olhos de vez em quando para mostrar que continuava vigilante, pela janela aberta, apesar da altura a que estava o andar, Revisando entrava o rumor das vozes alteradas, as ruas deviam estar cheias de gente, a multidão a gritar uma só palavra, Vejo, diziam-na os que já tinham recuperado a vista, diziam-na os que de repente a recuperavam, Vejo, vejo, em verdade começa a parecer uma história doutro mundo aquela em que se disse, Estou cego. (...) Por que foi que cegámos, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegámos, penso que estamos cegos, Cegos que veem, Cegos que, vendo, não veem. A mulher do médico levantou-se e foi à janela. Olhou para baixo, para a rua coberta de lixo, para as pes- soas que gritavam e cantavam. Depois levantou a cabeça para o céu e viu-o todo branco, Chegou a minha vez, pensou. O medo súbito fê-la baixar os olhos. A cidade ainda ali estava. JOSÉ SARAMAGO Ensaio sobre a cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. Em Ensaio sobre a cegueira, o autor testa os limites da expressão ao convencionar um novo sistema de pontuação. Uma dessas inovações diz respeito à repre- sentação do discurso direto, como se pode observar no diálogo representado no texto. Com base nisso, 2 Uerj 2017 (Adapt.) Identifique dois recursos emprega- dos para representar o discurso direto. SO S M at a A tlâ nt ic a/ Y& R PV_2021_LU_ITX_FU_CAP2_LA.INDD / 16-09-2020 (19:55) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL INTERPRETAÇÃO DE TEXTO Capítulo 2 Tipologia textual e gêneros discursivos 56 3 Uerj 2017 (Adapt.) Explique o efeito que essa represen- tação traz para o fluxo da narrativa. 4 Uema 2015 No texto narrativo, o autor preocupa-se basicamente em relatar a sucessão de fatos que ocor- rem em um determinado espaço e tempo. Um dos recursos utilizados por ele é a escolha do discurso que determina a posição do narrador. O texto a seguir é um fragmento do conto “A confissão de Leontina”, que integra a obra Melhores Contos, de Lygia Fa- gundes Telles. Nele o narrador faz uso do discurso indireto. Leia-o com atenção. “[...] Seu Armando que é pianista lá do salão de danças já me aconselhou a não perder a calma e esperar com con- fiança que a justiça pode tardar mas um dia vem. Respondi então que confiança podia ter nessa justiça que vem dos homens se nunca nenhum homem foi justo para mim. [...]” Fonte: PORTELLA, Eduardo. A confissão de Leontina. In: Melhores Contos de Lygia Fagundes Telles.12 ed. São Paulo: Global, 2003. Reescreva o fragmento narrativo, utilizando o discurso direto. Faça as adaptações necessárias. 5 UEG O POPULAR, Goiânia, 28 ago. 2007, p. 3. As manchetes jornalísticas caracterizam-se pela ob- jetividade, evitando comentários avaliativos e/ou explicações causais e descrições. Reescreva o texto em um período, explicitando informações avaliativas e descritivas subentendidas na manchete. 6 Unicamp 2015 O circo não é mais o mesmo, respeitá- vel público. A tradição do picadeiro itinerante, da arte hereditária, vem se transformando. Uma das grandes mudanças foi a partir da segunda metade do século XX, quando os próprios artistas, preocupados com as exigên- cias da educação formal de seus filhos, decidiram fixar residência. Muitos reduziram as viagens, mandaram as crianças para a casa de parentes e para uma escola fixa e assumiram um novo modo de vida. O circo não é mais o mesmo: encontrou outros modos de organizar-se, muito além da lona. Ocupa espaços nunca antes imaginados, como academias, projetos sociais, oficinas culturais e até hospitais. No Brasil, grande parte dessa transformação se deve aos próprios artistas que, preocupados ainda com a continuida- de da arte circense, participaram da criação de escolas para a formação das novas gerações. Escolas e cursos abertos a quem se interessasse. De fato “os próprios artistas foram abrindo o ambiente para outras pessoas e facilitando esta via de mão dupla. O ‘circo novo’ de hoje estabelece-se a partir desta relação com o novo sujeito histórico”, afirma Rodrigo Mallet Duprat, autor da tese Realidades e particularidades da formação do profissional circense no Brasil: rumo a uma formação técnica e superior. Rodrigo investigou a formação do profissional de circo no Brasil, na Bélgica, na França e na Espanha. O objeti- vo do trabalho foi entender a pluralidade da formação do profissional de circo de hoje bem como sua atuação em outros âmbitos, para além do artístico/profissional. A pesquisa foi desenvolvida no programa de pós-graduação em Educação Física, na área de concentração Educação Física e Sociedade. Rodrigo entende que atualmente a atividade é exerci- da por diferentes profissionais como professores de teatro, artes ou educação física. A tese propõe formação continua- da a fim de habilitar o profissional de circo para atuar em todos os âmbitos, inclusive naqueles que ganharam maior espaço no Brasil nas últimas décadas, como os projetos de circo social. “Há, no mercado, profissionais híbridos, oriundos de várias áreas de formação, inclusive no circo familiar. Mas, como falta um curso superior, muitos artistas que começaram nas artes circenses vão para outras áreas do conhecimento como ciências sociais, dança, teatro, educação física, história... É até bom existir essa amplitu- de só que aquele profissional poderia ter a possibilidade de se formar, fazer um curso superior de artes do circo”, defende o autor da tese. Adaptado de Patrícia Lauretti, “Tem diploma no circo”, Jornal da Unicamp, no. 607, 22/09/2014, p. 12. PV_2021_LU_ITX_FU_CAP2_LA.INDD / 15-09-2020 (10:47) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_LU_ITX_FU_CAP2_LA.INDD / 15-09-2020 (10:47) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL FR EN TE Ú N IC A 57 a) Em um texto jornalístico, usam-se fontes fidedignas para dar credibilidade às informações. Aponte os tipos de fontes usados no texto acima e dê dois exemplos de discurso reportado que as identificam. b) Com base nas informações do texto, descreva o profissional do circo e sua formação nos dias atuais. 7 Unesp 2015 (Adapt.) Doze anos de escravidão Houvera momentos em minha infeliz vida, muitos, em que o vislumbre da morte como o fim de sofrimentos terrenos — do túmulo como um local de descanso para um corpo cansado e alquebrado — tinha sido agradável de imaginar. Mas tal contemplação desaparece na hora do perigo. Nenhum homem, em posse de suas forças, consegue ficar imperturbávelna presença do “rei dos horrores”. A vida é cara a qualquer coisa viva; o verme rastejante lutará por ela. Naquele mo- mento, era cara para mim, escravizado e tratado tal como eu era. Sem conseguir livrar a mão dele, novamente o peguei pelo pescoço e dessa vez com uma empunhadura medonha que logo o fez afrouxar a mão. Tibeats ficou enfraquecido e desmobilizado. Seu rosto, que estivera branco de paixão, estava agora preto de asfixia. Aqueles olhos miúdos de serpente que exalavam tanto veneno estavam agora cheios de horror — duas órbitas brancas precipitando-se para fora. Havia um “demônio à espreita” em meu coração que me instava a matar o maldito cão naquele instante — a manter a pressão em seu odioso pescoço até que o sopro de vida se fosse! Não ousava assassiná-lo, mas não ousava deixá-lo viver. Se eu o matasse, minha vida teria de pagar pelo crime — se ele vivesse, apenas minha vida satisfaria sua sede de vingança. Uma voz lá dentro me dizia para fugir. Ser um andarilho nos pântanos, um fugitivo e um vagabundo sobre a Terra, era preferível à vida que eu estava levando. (Doze anos de escravidão, 2014.) O filme 12 anos de escravidão, considerado uma excelente obra de arte cinematográfica pela crítica, tem seu roteiro baseado na narrativa Doze anos de escravidão. Assistindo-se ao filme e lendo a narrativa, percebe-se, por exemplo, a ausência no filme de algumas cenas presentes na narrativa. Esse fato deve ser considerado uma falha do filme? Justifique sua resposta. PV_2021_LU_ITX_FU_CAP2_LA.INDD / 15-09-2020 (10:47) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_LU_ITX_FU_CAP2_LA.INDD / 15-09-2020 (10:47) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL
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