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Língua portuguesa - Livro 3-0012

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LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 14 Colocação pronominal34
Introdução
Este capítulo será dedicado à colocação dos pronomes
oblíquos átonos (me, te, se, o(s), a(s), lhe(s), nos, vos). Há um
conjunto de regras que você terá de seguir no emprego
da norma-padrão. Embora o critério seja fonético, as gra-
máticas sistematizaram as regras em função das classes
gramaticais (em algumas situações, de acordo com o tipo
de oração). O pronome pode assumir três posições em
relação ao verbo:
a. Não me mandaram as flores.
antes do verbo: próclise
b. Oferecer-te-ei um mundo de ilusões.
no meio do verbo: mesóclise
c. Deram-lhe uma chance.
depois do verbo: ênclise
A dificuldade do brasileiro ocorre mais no emprego da
mesóclise (rara na linguagem oral) e da ênclise (em função
de os critérios fonéticos estarem mais ligados ao português
de Portugal). O brasileiro erra pouco quanto à próclise, mes-
mo em situação informal.
Colocação pronominal
Próclise
Deve-se usar a próclise:
a. com partícula negativa (desde que não haja pausa en-
tre o verbo e a partícula)
Fig. 1 Em “não me lembro”, a partícula negativa atrai o pronome para antes do verbo.
Não me tragam estéticas.
Álvaro de Campos
Não acredito em Deus porque nunca o vi.
Alberto Caeiro.
Se houver pausa, ênclise:
Não! Tirem-me daqui.
Atenção
b. com advérbio (desde que não haja pausa entre o ver
bo e o advérbio)
Amanhã te direi as palavras.
Fernando Pessoa.
Aqui se faz, lá se aprende.
Se houver pausa, ênclise:
Aqui, estuda-se!
Atenção
c. com pronome relativo
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa
Eis a poesia, a qual me seduziu.
d. com pronome indefinido
Ninguém vos rouba os castelos.
Castro Alves.
Tudo me alucina, doutor!
e. com conjunção subordinativa
Não gosto que me peguem no braço!
Álvaro de Campos.
Quando me sento a escrever versos [ ]
Alberto Caeiro.
f. nas orações optativas (que expressam desejo), se o
sujeito estiver anteposto
Macacos te mordam!
Deus te abençoe!
g. nas orações exclamativas, iniciadas por palavras ex-
clamativas
Quanto me roubaram, presidente!
Como me fazem de besta!
h nas orações interrogativas, iniciadas por palavras in-
terrogativas
Por que me olhas assim?
Quem a conquistou? Diga!
i. com infinitivo flexionado ou gerúndio, precedidos de
preposição
Por te amarem demais, ficastes convencida
Em se tratando de futebol...
j. com a palavra “só” (= apenas) e com as conjunções
alternativas “ou...ou, quer...quer”
Só me trouxeram alegrias, risos.
Ou ele se emenda, ou lhe dão a demissão.
e
r
a
s
m
o
F
R
E
N
T
E
 
F
R
E
N
T
E
 1
35
Mesóclise
Deve se usar a mesóclise:
a. com o futuro do pretérito e com o futuro do presente,
desde que não haja palavra atrativa
Tu virás ter conosco; ser-te-emos irmãos no céu
Camilo Castelo Branco.
Gildete manter-se-ia atenta para o que desse e viesse.
Jorge Amado.
Se houver palavra atrativa, a próclise com o verbo no futuro é
obrigatória:
Não lhe diria, para não machucá-lo
Ênclise com o verbo no futuro: jamais!
Atenção
Ênclise
Utiliza-se a ênclise:
a no início do período (desde que não seja futuro)
Tomava-se chá, palrava-se.
Eça de Queirós.
Vou-me embora pra Pasárgada
Manuel Bandeira.
Se o período iniciar com futuro, mesóclise:
Tornar-se-ia difícil, se não fosse você.
Atenção
b. depois de pausa (desde que não seja futuro)
O conde vê, corre, atira-se também.
Eça de Queirós.
Após a carnificina, resta-nos a esperança de uma huma-
nidade purificada.
Manifesto Dadá
Se após a pausa houver futuro, mesóclise:
Se não fosse a tua recusa, dar-te-ia o conhecimento.
Atenção
c com verbo no gerúndio (desde que não seja precedi
do de preposição ou advérbio)
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Alberto Caeiro.
Não sou futurista (de Marinetti). Disse e repito-o.
Tenho pontos de contato com o futurismo. Oswald de
Andrade, chamando-me de futurista, errou
Mário de Andrade.
O gerúndio precedido de preposição ou de advérbio (sem pausa)
pede próclise:
Em se falando de comunista, você leu Graciliano Ramos?
Não me confessando o crime, não poderei ajudá-lo.
Atenção
d. com verbo no infinitivo impessoal
As confidências dos loucos, eu passaria a vida a pro-
vocá-las
Manifesto Surrealista.
Para que enganar-me? [...] Não consigo modificar-me,
é o que mais me aflige.
Graciliano Ramos
O infinitivo não flexionado precedido de preposição para ou palavra
negativa também aceita próclise:
Estive lá para ver-te.
ou
Estive lá para te ver
Minha vontade era não lhe oferecer.
ou
Minha vontade era não oferecer-lhe
Atenção
e. com verbo no imperativo
“Conhece-te” é uma utopia, porém mais aceitável
porque contém também a maldade.
Manifesto Dadá.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo
Álvaro de Campos.
Colocação pronominal nas locuções
verbais
a Com infinitivo, há quatro possibilidades:
y Ênclise ao infinitivo
O professor ia falar-lhe.
Fig. 2 Em “não irão decepcioná-los”, o pronome foi aplicado encliticamente, pois
a forma verbal está no infinitivo (em locução verbal, essa é uma das opções).
P
O
N
H
O
L
Z
/W
W
W
.S
P
O
N
H
O
L
Z
.A
R
Q
.B
R
LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 14 Colocação pronominal36
y Ênclise ao auxiliar
O professor ia-lhe falar
y Próclise ao auxiliar
O professor lhe ia falar
y Próclise ou ênclise ao infinitivo precedido de prepo
sição
Nunca deixei de lhe contar
ou
Nunca deixei de contar-lhe.
b Com gerúndio, há três possibilidades
y Ênclise ao gerúndio
O professor ia dizendo-lhe.
y Ênclise ao auxiliar
O professor ia-lhe dizendo.
y Próclise ao auxiliar
O professor lhe ia dizendo.
c. Com particípio, há duas possibilidades (lembre-se: ên-
clise ao particípio, jamais!)
y Ênclise ao auxiliar
O professor tinha-lhe dito.
y Próclise ao auxiliar
O professor lhe tinha dito.
Com palavra atrativa, só não é permitida a colocação do pronome
no meio da locução:
O professor não lhe ia dizer
ou
O professor não ia dizer-lhe.
Atenção
Particularidades da colocação
pronominal
Hífen nas locuções verbais
Segundo Rocha Lima, a interposição do pronome áto-
no nas locuções verbais, sem se ligar por hífen ao auxiliar,
é sintaxe brasileira que se consagrou na língua literária a
partir do Romantismo. O linguista dá ainda alguns exemplos:
Vais te perder!
Olavo Bilac.
Vivia sozinho, não quisera se casar.
José Lins do Rego.
A transgressão à regra
Por vezes, os autores transgridem a regra em função da
eufonia (som mais agradável) ou de um efeito de sentido que
possa dar maior naturalidade à linguagem. Isso ocorre na poe-
sia mais moderna, em boa parte das composições musicais,
em textos de propaganda e na própria linguagem veicular.
Me passa a colher
Me chama, por favor!
Te adoro, sabia?
Nos enganaram!
Lhe deu um olhar de confiança
Mário de Andrade
Se agita um pouco.
Mário de Andrade.
Me alimentaram.
Me acariciaram.
Me aliciaram.
Me acostumaram.
Luiz Henrique Bacalov; Sergio Bardotti Versão de Chico Buarque
Fig. 3 Quem foi Tiradentes?
– Me diga, Doca, alguma coisa sobre Tiradentes.
– Tiradentes foi um homem que morreu enforcado.
– Mas só isso?
 Puxa vida, ele foi enforcado e ainda a senhora acha
pouco!
Donaldo Buchweitz. 50 piadas: Geografia e História.

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