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Língua portuguesa - Livro 4-0059

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F
R
E
N
T
E
 2
175
47 PUC-RS 2014 Com base no trecho e em seu contexto,
leia as seguintes afirmativas.
I As obras de Mia Couto exploram, de modo geral,
o mundo simbólico moçambicano, a guerra e as
tensas relações entre o africano e o europeu
II. O trabalho com a linguagem literária torna-se evi
dente a partir da criação de novos vocábulos e da
utilização de outros com diferentes sentidos.
III. Para narrar a violência sofrida pela personagem,
o autor vale-se de eufemismos como “sujado por
mil bocas”, “as pernas se exilaram daquele sofri-
mento”, “perdeu o sentimento da cintura”.
A(s) armativa(s) correta(s) é/são
A I, apenas.
b II, apenas.
c I e III, apenas.
d II e III, apenas
E I, II e III.
Texto para as questões de 48 a 51.
O tempo em que o mundo tinha a nossa idade
5Nesse entretempo, ele nos chamava para escu-
tarmos seus imprevistos improvisos. 1As estórias dele
faziam o nosso lugarzinho crescer até ficar maior que
o mundo Nenhuma narração tinha fim, o sono lhe
apagava a boca antes do desfecho. 9Éramos nós que
recolhíamos seu corpo dorminhoso 6Não lhe deitáva
mos dentro da casa: ele sempre recusara cama feita.
10Seu conceito era que a morte nos apanha deitados
sobre a moleza de uma esteira. Leito dele era o puro
chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar Nós
simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali
ficava até de manhã Lhe encontrávamos coberto de
formigas. Parece que os insectos gostavam do suor do-
cicado do velho Taímo. 7Ele nem sentia o corrupio do
formigueiro em sua pele.
— Chiças: transpiro mais que palmeira!
Proferia tontices enquanto ia acordando. 8Nós lhe
sacudíamos os infatigáveis bichos. Taímo nos sacudia a
nós, incomodado por lhe dedicarmos cuidados.
2Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos
transabertos. Como dormia fora, nem dávamos conta Mi
nha mãe, manhã seguinte, é que nos convocava:
 Venham: papá teve um sonho!
3E nos juntávamos, todos completos, para escutar as
verdades que lhe tinham sido reveladas Taímo recebia
notícia do futuro por via dos antepassados. Dizia tantas
previsões que nem havia tempo de provar nenhuma Eu
me perguntava sobre a verdade daquelas visões do velho,
estorinhador como ele era.
— Nem duvidem, avisava mamã, suspeitando-nos.
E assim seguia nossa criancice, tempos afora. 4Nesses
anos ainda tudo tinha sentido: a razão deste mundo estava
num outro mundo inexplicável. 11Os mais velhos faziam
a ponte entre esses dois mundos. [...]
COUTO, Mia Terra sonâmbula São Paulo: Cia das Letras, 2007
48 Uerj 2014 A escrita literária de Mia Couto explora
diversas camadas da linguagem: vocabulário, constru-
ções sintáticas, sonoridade.
O exemplo em que ocorre claramente exploração da
sonoridade das palavras é:
A Nesse entretempo, ele nos chamava para escutar
mos seus imprevistos improvisos. (ref. 5)
b Não lhe deitávamos dentro da casa: ele sempre re-
cusara cama feita. (ref. 6)
c Ele nem sentia o corrupio do formigueiro em sua
pele. (ref. 7)
d Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos. (ref. 8)
49 Uerj 2014 Ao dizer que o pai sofria de sonhos (ref. 2),
e não que ele sonhava, o autor altera o significado
corrente do ato de sonhar
Este novo signicado sugere que o sonho tem o po-
der de:
A distrair
b acalmar.
c informar
d perturbar.
50 Uerj 2014 Este texto é uma narrativa ficcional que se
refere à própria ficção, o que caracteriza uma espécie
de metalinguagem.
A metalinguagem está mais bem explicitada no se-
guinte trecho:
A As estórias dele faziam o nosso lugarzinho crescer
até ficar maior que o mundo. (ref 1)
b Meu pai sofria de sonhos, saía pela noite de olhos
transabertos. (ref 2)
c E nos juntávamos, todos completos, para escutar
as verdades que lhe tinham sido reveladas. (ref. 3)
d Nesses anos ainda tudo tinha sentido. (ref. 4)
51 Uerj 2014 Um elemento importante na organização do
texto é o uso de algumas personificações.
Uma dessas personicações encontra-se em:
A Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminho-
so. (ref. 9)
b Seu conceito era que a morte nos apanha deitados
sobre a moleza de uma esteira (ref 10)
c Nós lhe sacudíamos os infatigáveis bichos (ref 8)
d Os mais velhos faziam a ponte entre esses dois
mundos. (ref. 11)
Textos para a questão 52
Texto I
— Traíste-me, Sem Medo. Tu traíste-me.
(...)
Sabes o que tu és afinal, Sem Medo? És um ciumento.
Chego a pensar se não és homossexual. Tu querias-me
só, como tu Um solitário do Mayombe ( ) Desprezo-te
(...) Nunca me verás atrás de uma garrafa vazia. (...) Cada
sucesso que eu tiver será a paga da tua bofetada, pois não
serei um falhado camo tu.
Pepetela, Mayombe Adaptado.
Texto II
— Peço-te perdão, Sem Medo. Não te compreendi,
fui um imbecil E quis igualar o inigualável
Pepetela, Mayombe.
LÍNGUA PORTUGUESA Capítulo 16 Literatura contemporânea176
52 Fuvest 2021 Esses excertos de Mayombe referem-se
a conversas entre as personagens Comissário e Sem
Medo em momentos distintos do romance. Em I e II, as
falas do Comissário revelam, respectivamente,
A incompatibilidade étnica entre ele e Sem Medo, por
pertencerem a linhagens diferentes, e superação
de sua hostilidade tribal.
b decepção, por Sem Medo não ter intercedido a seu
favor na conversa com Ondina, e desespero diante
do companheiro baleado.
c suspeita de traição de Ondina e tomada de cons
ciência de que isso não passara de uma crise de
ciúme dele.
d forte tensão homoafetiva entre ele e Sem Medo, e
aceitação da verdadeira orientação sexual do com-
panheiro.
E ira, diante do anticatolicismo de Sem Medo, e culpa
que o atinge ao perceber que sua demonstração
de coragem colocara o companheiro em risco.
53 Fuvest 2018 Leia o texto e responda ao que se pede.
 É por isso que faço confiança nos angolanos São
uns confusionistas, mas todos esquecem as makas e os
rancores para salvar um companheiro em perigo. É esse
o mérito do Movimento, ter conseguido o milagre de co
meçar a transformar os homens. Mais uma geração e o
angolano será um homem novo. O que é preciso é ação.
PEPETELA. Mayombe.
Makas: questões, conflitos.
a) A fala de Comandante Sem Medo alude a uma
questão central do romance Mayombe: um ob-
jetivo político a ser conquistado por meio do
Movimento. Qual é esse objetivo?
) As “makas” e os “rancores” dos angolanos repercu-
tem no modo como o romance é narrado? Explique
54 Fuvest 2017 Leia o excerto de Mayombe, de Pepetela,
no qual as personagens “dirigente” e Comandante
Sem Medo discutem o comportamento do combatente
chamado Mundo Novo. As indicações [d] e [C] identi-
cam, respectivamente, as falas iniciais do “dirigente” e
do Comandante Sem Medo, que se alternam, no diálogo
[d] (...) A propósito do Mundo Novo: a que chamas
tu ser dogmático?
[C] Ser dogmático? Sabes tão bem como eu.
Depende, as palavras são relativas. Sem Medo sorriu.
Tens razão, as palavras são relativas. Ele é demasiado
rígido na sua conceção da disciplina, não vê as condições
existentes, quer aplicar o esquema tal qual o aprendeu.
A isso eu chamo dogmático, penso que é a verdadeira
aceção da palavra. A sua verdade é absoluta e toda feita,
recusa-se a pô-la em dúvida, mesmo que fosse para a
discutir e a reforçar em seguida, com os dados da prática.
Como os católicos que recusam pôr em dúvida a existência
de Deus, porque isso poderia perturbá-los.
E tu, Sem Medo? As tuas ideias não são absolutas?
Todo o homem tende para isso, sobretudo se teve uma
educação religiosa. Muitas vezes tenho de fazer um esfor-
ço para evitar de engolir como verdade universal qualquer
constatação particular.
a) Que relação se estabelece, no excerto, entre a
forma dialogal e as ideias expressas pelo Coman-
dante Sem Medo?
) No plano da narração deMayombe, isto é, no seu
modo de organizar e distribuir o discurso narra-
tivo, emprega-se algum recurso para evitar que
o próprio romance, considerado no seu conjunto,
recaia no dogmatismo criticado no excerto? Expli-
que resumidamente.
Marco do teatro brasileiro, a peça do poeta modernista Oswald de An-
drade segue atual nos palcos devido aovigor, perspicácia e irreverência
das sucessivas montagens do Teatro Oficina. Leia a seguir a resenha
sobre a reestreia da peça O Rei da Vela, em 2017
Após 50 anos, Oficina volta com o ‘Rei da Vela’,
marco do teatro brasileiro
Zé Celso e Renato Borghi recordam da obra de Oswald
de Andrade que transformou o palco no berço da Tropicália
NUNES, Leandro. “Após 50 anos, Oficina volta com o ‘Rei da Vela’, marco
do teatro brasileiro”. O Estado de S. Paulo, 20 out. 2017.
Para quem não viveu o fim dos anos 1960, imaginar
o teatro brasileiro como o catalisador de um movimento
artístico e estético que foi capaz de inspirar artistas como
Caetano Veloso, Hélio Oiticica e Glauber Rocha e ainda
enfrentar a censura, é um pensamento inédito. Neste 2017,
a montagem do espetáculo O Rei da Vela, de Oswald de
Andrade, completa 50 anos com a força e rebeldia do Teatro
Oficina, neste sábado, 21, no Sesc Pinheiros.
O intervalo entre o lançamento da obra de Oswald e a
estreia da peça é parte do segredo da montagem que foi o
berço da Tropicália. Em 1937, quando o texto foi publicado,
o Modernismo já tinha desembarcado na literatura, nas artes
plásticas e na música brasileira. Mas no teatro, o movimento
que só chegou nos anos 1940, ainda correspondia à estética
europeia de 1890. Até então, os atores em São Paulo só
tinham duas linhas para seguir: o teatro burguês do Teatro
Brasileiro de Comédia ou o realismo do Teatro de Arena
No entanto, quando o ator Renato Borghi trouxe o texto
oswaldiano a um dos ensaios do Oficina, ao lado de nomes
como Etty Fraser, Dina Sfat e Othon Bastos, fez-se um novo
caminho. “Ele chegou e leu um trecho. No final, aquilo foi
a confirmação de que seria nosso próximo trabalho e de que
ele viveria o Abelardo I, com toda a ironia e intensidade”,
recorda Zé Celso.
Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/noticias/teatro-e-
danca,apos 50 anos-oficina-volta-com o-rei-da vela-marco do teatro-
brasileiro,70002053057>. Acesso em: 27 abr. 2018.
Texto complementar
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Neste capítulo, você viu...
A arte engajada dos anos 1960
y O processo de modernização e desenvolvimento da nação brasileira
a partir dos anos 1950.
y A renovação e atualização do legado dos modernistas.
y O surgimento e a atuação do Centro Popular de Cultura (CPC)
Ferreira Gullar e a poesia participante
y Adesão e rompimento com a poesia concreta.
y Começo e amadurecimento de uma poesia de caráter social
y Poema sujo: uma obra-prima.
Tropicalismo
y Movimento de ruptura e inovação.
y Reflexão das aspirações de jovens.
y Caráter de resistência
A poesia marginal e a “geração mimeógrafo”
y Forte irreverência.
y Exploração de detalhes modernistas
y Descompressão do rigor concretista.
y Preocupação com a expressão e o alcance da poesia.
Os diversos caminhos da invenção literária no século XX
Prosa e poesia contemporânea
y Diversidades de estilos
Resumindo
Quer saber mais?
Livro
y BARROS, Manoel de. O fazedor de amanhecer. Ziraldo (Ilust.). São Paulo: Salamandra, 2001.
O poeta conta como descobriu o amor e revela seus inventos (a manivela para pegar no sono, por exemplo), apresentando uma poesia atrelada
à inventividade do traços e desenhos de Ziraldo.
Vídeos
y Entrevista com a historiadora Marina de Mello e Souza (USP) sobre o ensino de História da África nas escolas brasileiras.
Disponível em: <https://youtu.be/q_Y_mCFvA-4>. Acesso em: 30 mar. 2021.
y Roda Viva com entrevista de Ferreira Gullar. Disponível em: <https://youtu.be/JOZIS-_Pwxo>. Acesso em: 9 abr. 2021.
y Café Filosófico CPFL especial Fronteiras do Pensamento, com Mia Couto.
Disponível em: <https://youtu.be/3BbruWdNhf8>. Acesso em: 30 mar. 2021.
Filme
y Só dez por cento é mentira. Direção: Pedro Cézar, 2009. O documentário transpõe para as telas os versos inventivos e a “biografia inventada”,
de Manoel de Barros.
y Individualidade do autor
y Novas estruturas narrativas.
Autores em destaque
y A ficção introspectiva de Lygia Fagundes Telles.
y A bagagem lírica modernista de Adélia Prado.
y A poesia do chão e as palavras em transe de Manoel de Barros.
y As cidades e suas complexidades na crônica de Rubem Braga e nos
contos de Rubem Fonseca
y O fantástico e sua tangência ao real nos contos de Murilo Rubião e
J. J. Veiga
O teatro do século XX
y Atualidade de O Rei da Vela, peça de Oswald de Andrade.
y O psicológico, o mítico e o trágico no teatro de Nelson Rodrigues.
y O retrato da falida aristocracia rural no teatro de Jorge de Andrade
y O teatro de marcada intervenção social dos dramaturgos Gianfrancesco
Guarnieri e Augusto Boal
y Os marginalizados do teatro de Plínio Marcos
y O medievalismo no teatro de Ariano Suassuna
A Literatura africana de língua portuguesa
y O saldo literário do processo de colonização portuguesa na África.
y A prosa poética de Mia Couto
y O elemento africano na cultura brasileira
y A representação do negro na literatura brasileira

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