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Tanto a adoção da moeda quanto a invenção de formas 
abstratas de conceber o tempo e a linguagem encontram 
ainda maior ressonância no ambiente que é por excelência 
o lugar da filosofia desde seu nascimento: a cidade, surgida 
entre os séculos VIII e VII a.C. Três características da vida 
na cidade favorecem o surgimento da filosofia. Em primeiro 
lugar, a importância que a palavra assume nessa nova for-
ma de organização social em que o debate é a fonte das 
decisões públicas. Em segundo lugar, o caráter público que 
a vida na cidade dá a diversos domínios que antes eram 
restritos a um seleto grupo. Em terceiro lugar, a ideia de 
isonomia, igualdade de todos os cidadãos perante a lei.
Fig. 2 Vista da Acrópole de Atenas, uma das principais pólis gregas na Antiguidade.
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Os filósofos pré-socráticos
O primeiro filósofo da história é Tales, que viveu entre 
624 e 546 a.C. na cidade grega de Mileto, na região da Jônia 
(atualmente território da Turquia). Tales foi o primeiro pensa-
dor de quem se tem notícia que rompeu com as explicações 
mitológicas tradicionais sobre os fenômenos da natureza e 
propôs uma cosmogonia e uma cosmologia fundadas em 
explicações naturalísticas, imanentes, despersonalizadas. 
Tales recusou a explicação genealógica do universo e pro-
curou um princípio (arché) universal do qual todas as coisas 
fossem derivadas – e, para ele, este princípio era a água.
Sucessor de Tales e possivelmente seu aluno, 
Anaximandro (610 a 545 a.C.) também propôs uma explicação 
naturalística do mundo a partir de um princípio originário. 
Ao contrário de Tales, no entanto, Anaximandro sustentou 
que o elemento comum era o ápeiron, ou indeterminado. 
A formação do mundo natural a partir do ápeiron teria se 
iniciado, segundo ele, pela formação de dois opostos – quente 
e frio – e seguido pela constante combinação e separação 
de elementos. Os muitos opostos que formam a natureza 
estão em constante competição: às vezes um dos opostos 
se sobrepõe, mas com o tempo o outro o substitui, para depois 
voltar a ser dominado pelo primeiro.
O terceiro filósofo de Mileto foi Anaxímenes (585 a 525 a.C.), 
 herdeiro da tradição iniciada por Tales e, assim como 
ele, propõe um elemento como princípio originário – o ar. 
O ar teria sido escolhido pela sua capacidade de assumir 
diversas características. Tudo seria formado a partir de sua 
condensação e rarefação, que poderia gerar vento, nuvem, 
água, lama, pedra e fogo. Anaxímenes propõe um experimento 
para demonstrar a capacidade de transformação do ar e a 
relação entre densidade e temperatura: é só comparar como 
o ar sai gelado quando assopramos com os lábios apertados, 
mas sai quente se assopramos com a boca aberta.
Desde os milésios, o conceito de arché se mostra central para a 
filosofia grega. Arché significa princípio, origem, elemento primeiro. 
Procurar a arché significa procurar por uma substância primeira 
da qual todo o mundo físico teria se originado, e cada pensador 
oferecerá uma resposta diferente sobre qual é essa origem. Mas, se 
pensarmos com cuidado, perceberemos que há dois entendimentos 
possíveis da arché e de seu papel: podemos entender que ela é o 
elemento que se transforma para formar tudo que há na natureza, ou 
podemos entender que este elemento ainda permanece em todas 
as coisas, de modo que elas adquirem características diferentes, 
mas continuam tendo o mesmo substrato, a mesma “base”. Pense 
na arché proposta por Anaxímenes: o ar. Ele tem a capacidade de 
se transformar em tudo – mas se considerarmos, por exemplo, a 
água, Anaxímenes entende que o ar se modificou e virou água, ou 
que ele continua presente nela? Alguns pré-socráticos que veremos 
a seguir, como Anaxágoras e Demócrito, defendem explicitamente 
que suas archés continuam presentes em tudo que se forma a partir 
delas. Para Aristóteles, essa visão também pode ser creditada aos 
milésios, mas há autores que defendem que essa interpretação está 
carregada da própria filosofia de Aristóteles e não corresponde ao 
pensamento de todos os pré-socráticos.
Saiba mais
Pitágoras de Samos (570 a 490 a.C.) foi uma figura tão 
influente quanto misteriosa para nós. Durante sua estadia, 
ele criou uma comunidade de seguidores. Duas doutrinas 
ficaram associadas ao pitagorismo. A primeira diz respeito à 
valorização da matemática. Para os pitagóricos, o princípio 
ordenador do universo, uma arché, é o número. A segunda 
doutrina filosófica pela qual o pitagorismo é conhecido 
é a doutrina da transmigração das almas. Pitágoras 
acreditava que após a morte do corpo a alma alcançava a 
imortalidade migrando para outro corpo, de outro homem 
ou possivelmente o de um animal.
Heráclito de Éfeso (540 a 480 a.C.) é um dos primeiros 
a chamar a atenção para o fato de que o que percebemos 
pelos nossos sentidos é incerto e insuficiente para nos 
levar à verdade. Conseguir compreender a natureza oculta 
das coisas é reconhecer que ela está sujeita a uma ordem, 
um princípio objetivo que governa o universo e que ele 
chamou de lógos. De acordo com essa ordem, o univer-
so é a constante luta de opostos. Heráclito parece, aqui, 
estar seguindo o pensamento de Anaximandro, mas sua 
novidade está na ênfase que dá ao elemento conflituoso, 
dizendo que o mundo natural é uma verdadeira guerra e 
que se encontra em constante mudança.
PV_2021_FIL_FU_CAP2.INDD / 07-09-2020 (14:41) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL PV_2021_FIL_FU_CAP2.INDD / 07-09-2020 (14:41) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL
FILOSOFIA Capítulo 2 O nascimento da Filosofia 20
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Fig. 3 Mudança. Parmênides acredita que a mudança é ilusão.
Desde a Antiguidade, Heráclito é visto como opositor direto a outro pensador do período: Parmênides de Eleia (515 
a 450 a.C.). Parmênides é considerado o fundador da ontologia, a disciplina que estuda o ser. Parmênides acredita que a 
mudança é ilusão e que a realidade está naquilo que é permanente, pois a ideia de mudança carregava em si uma con-
tradição: alguma coisa se transformar no que não é. Parmênides não admitia que algo que é se transformasse em outra 
coisa, porque aí “o que não é” passaria a ser, e “o que é” deixaria de ser. O ser é, portanto, sempre o mesmo, sem mudar, 
se dividir ou se mover – uma substância única que Parmênides representou como uma esfera.
A maioria dos pré-socráticos que pretendiam encontrar uma arché, um princípio para tudo que existe, elegia um único 
elemento. Por isso, eles são às vezes chamados de “monistas”. Mas alguns pré-socráticos posteriores a Parmênides fica-
ram conhecidos como “pluralistas” ao propor um conjunto de elementos como arché. Os pluralistas combinam as ideias 
de Parmênides sobre a imutabilidade do ser com a ideia de que as mudanças percebidas pelos sentidos não podem ser 
completamente ilusórias.
Para Empédocles de Acragas (495 a 435 a.C.), quatro elementos formavam a arché: água, terra, fogo e ar. A causa 
das misturas e separações eram duas forças, amor e ódio, a primeira unindo e a segunda separando os elementos. 
Empédocles também foi um defensor de uma teoria da evolução baseada na sobrevivência do mais apto e o primeiro 
a reconhecer a possibilidade de que órgãos de organismos diferentes podiam exercer funções homólogas.
Fig. 4 Os quatro elementos: terra, água, ar, fogo.
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Um contemporâneo de Empédocles, Anaxágoras de Clazômenas (500 a 428 a.C.), explica a origem do universo 
como sendo uma espécie de rocha primitiva na qual tudo estava contido e misturado e em que todas as coisas eram 
infinitamente pequenas. Em certo momento, essa rocha começa a girar e, pela força centrífuga, as coisas que estavam 
contidas nela vão sendo expelidas e sendo separadas em opostos. Assim vai sendo formado tudo o que nós conhecemos 
hoje. O movimento da rocha é iniciado por uma força chamada noûs, traduzido como “mente” ou “inteligência”. A mente 
é a causa do movimento queinicia o desenvolvimento do universo e que controla a matéria.
Leucipo e Demócrito (460 a 370 a.C.) de Abdera radicalizaram a explicação dos pluralistas anteriores e concebe-
ram a existência de corpos muito pequenos e indivisíveis, que seriam realidades estáveis responsáveis por compor 
a matéria como nós a conhecemos. O nome “átomo” significa “indivisível” e foi adotado pela química, apesar de hoje 
sabermos que o que chamamos de átomo é na verdade composto por partes ainda menores que ele. Além de defen-
der a indivisibilidade última da matéria, Demócrito também inovou ao reconhecer a existência do vácuo – é por isso 
que os átomos podem ficar em constante movimento. Por alguma força externa, sua combinação pode ser quebrada 
e eles voltam a se mover no vácuo.
PV_2021_FIL_FU_CAP2.INDD / 14-09-2020 (20:09) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL
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1 Unesp 2012 Aedo e adivinho têm em comum um mesmo 
dom de “vidência”, privilégio que tiveram de pagar pelo 
preço dos seus olhos. Cegos para a luz, eles veem o invi-
sível. O deus que os inspira mostra-lhes, em uma espécie 
de revelação, as realidades que escapam ao olhar hu-
mano. Sua visão particular age sobre as partes do tempo 
inacessíveis às criaturas mortais: o que aconteceu outro-
ra, o que ainda não é.
(Jean-Pierre Vernant. Mito e 
pensamento entre os gregos, 1990. Adaptado.)
O texto refere-se à cultura grega antiga e menciona, 
entre outros aspectos,
a o papel exercido pelos poetas, responsáveis pela 
transmissão oral das tradições, dos mitos e da 
memória.
b a prática da feitiçaria, estimulada especialmente 
nos períodos de seca ou de infertilidade da terra.
c o caráter monoteísta da sociedade, que impedia a 
difusão dos cultos aos deuses da tradição clássica.
d a forma como a história era escrita e lida entre os 
povos da península balcânica.
e o esforço de diferenciar as cidades-estados e re-
forçar o isolamento e a autonomia em que viviam.
2 UEPG-PSS 1 2019 Sobre mito e filosofia, assinale o que 
for correto.
01 A filosofia é uma cosmogonia atrelada a uma 
teogonia, pois traz uma explicação racional sobre 
a origem do mundo, a partir das narrativas míticas.
02 A filosofia é uma cosmologia e os mitos são cosmo-
gonias e teogonias.
04 A filosofia exige uma explicação coerente, lógica 
e racional.
08 A filosofia é uma cosmologia, pois explica a origem 
do mundo baseando-se na razão, não admitindo 
contradições.
Soma: 
3 Uece 2019 “Como se sabe, a palavra mythos raramente 
foi empregada por Heródoto (apenas duas vezes). Carac-
terizar um logos (narrativa) como mythos era para ele um 
meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e inconvincente. 
[...] Situado em algum lugar além do que é visível, um 
mythos não pode ser provado.”
HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. 
Brasília, Editora da UnB, 2003, p. 37.
Sobre a diferença entre mythos e logos acima sugeri-
da, é INCORRETO afirmar que
a o problema do mythos era limitar-se ao que é visí-
vel e, por isso, não podia ser pensado.
b filosofia e história nasceram, na Grécia clássica, 
com base numa mesma reivindicação do logos 
contra o mythos.
c o mythos não poderia ser submetido à clarificação ar-
gumentativa e à prova — demonstração — discursiva.
d em contraposição ao mythos, o logos era um uso 
argumentativo da linguagem, capaz de criar as con-
dições do convencimento.
4 UPE/SSA 1 2017 Observe o texto a seguir sobre a gêne-
se do pensamento filosófico.
Com a filosofia, novo critério de verdade se impunha: 
o critério da logicidade. Verdade é aquilo que concorda 
com as leis do lógos (pensamento, razão). É a razão, que 
nos dá garantia da verdade, porque o real é racional.
LARA, Tiago Adão. 
A Filosofia nas suas origens gregas, 1989, p. 54.
Sobre a gênese do pensamento filosófico, está 
CORRETO afirmar que 
a a evidência da verdade com o crivo da racionalida-
de tem resposta no mito.
b o critério da logicidade está presente na adesão à 
crença e ao mito.
c a gênese do pensar filosófico e a inspiração criado-
ra de sentidos consistem na fantasia.
d a origem do pensamento filosófico surge entre os 
gregos, no século VI a.C., na busca por explicação 
do sobrenatural com a força do divino.
e o despertar da filosofia grega surge na verdade 
argumentada da razão com o critério da 
interpretação.
5 UEPG-PSS 1 2019 Sobre as investigações filosóficas inicia-
das no período cosmológico, assinale o que for correto.
01 Pitágoras de Samos foi o primeiro filósofo a desenvolver 
uma investigação filosófica acerca da "arché".
02 Tales de Mileto foi o primeiro filósofo a buscar res-
postas naturalistas e racionais para questões sobre 
o mundo.
04 Tales de Mileto buscou em suas investigações res-
postas acerca da origem do mundo e concluiu que 
o ar é o único elemento que se mantém no universo.
08 Os primeiros filósofos ficaram conhecidos como físicos 
ou filósofos naturalistas pelo fato de estudarem a physis.
Soma: 
6 UEL 2019 Leia o texto a seguir.
Os corcéis que me transportam, tanto quanto o ânimo 
me impele, conduzem-me, depois de me terem dirigido 
pelo caminho famoso da divindade [...] E a deusa aco-
lheu-me de bom grado, mão na mão direita tomando, e 
com estas palavras se me dirigiu: [...] Vamos, vou dizer-te 
– e tu escuta e fixa o relato que ouviste – quais os únicos 
caminhos de investigação que há para pensar, um que 
é, que não é para não ser, é caminho de confiança (pois 
acompanha a realidade): o outro que não é, que tem de 
não ser, esse te indico ser caminho em tudo ignoto, pois 
não poderás conhecer o não-ser, não é possível, nem in-
dicá-lo [...] pois o mesmo é pensar e ser.
PARMÊNIDES. Da Natureza, frags. 1-3. Trad. José Trindade Santos. 
2. ed. São Paulo: Loyola, 2009. p. 13-15.
Revisando
PV_2021_FIL_FU_CAP2.INDD / 09-09-2020 (18:46) / LEONEL.MANESKUL / PROVA FINAL

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