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ob je tiv os 6AULA Meta da aula O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação Descrever o método Lagrangiano e mostrar que, nessa formulação da mecânica, as equações do movimento podem ser deduzidas a partir do Princípio de Mínima Ação. Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de: • escrever a Lagrangiana para diversos sistemas simples e as equações de Euler-Lagrange correspondentes; • compreender as relações entre as leis de Newton, as equações de Euler-Lagrange e o Princípio de Mínima Ação. 142 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 143 A U LA 6 M Ó D U LO 1 QUEM PRECISA DA FORÇA? Você aprendeu que o conceito de força é fundamental para a descrição do movimento de um corpo. Uma vez calculada a resultante das forças que atuam sobre ele, obtemos, pela segunda lei de Newton, uma equação diferencial, a equação do movimento, cuja solução, para condições iniciais dadas, permite determinar completamente o movimento do corpo. Este é o método Newtoniano. No entanto, talvez para sua surpresa, há outro método, mais poderoso, em geral mais simples, que permite chegar à mesma equação do movimento que no método Newtoniano, porém sem fazer uso do conceito de força, chamado de método Lagrangiano. Nós vamos primeiro apresentar o método Lagrangiano, dizendo quais são suas regras, sem qualquer justificativa, e mostrar que elas funcionam. Depois, definiremos uma quantidade chamada ação e mostraremos que o método Lagrangiano pode ser justificado por ser meio do Princípio de Mínima Ação. A EQUAÇÃO DE EULER-LAGRANGE Vamos definir a seguinte combinação das energias cinética T e potencial V: (6.1) L é chamada Lagrangiana. Note o sinal negativo na definição. Se fosse um sinal positivo, teríamos a energia mecânica total. Uma partícula de massa m, que se move em uma dimensão, tem uma Lagrangiana (6.2) Agora, escrevemos (6.3) Esta é a equação de Euler-Lagrange. Ela nos dá a equação do movimento da partícula. De fato, com a Lagrangiana (6.2) temos (6.4) L T V= −− L mx V x= 1 2 2 & −− ( ) d dt L x L x ∂ ∂ = ∂ ∂& ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ = L x mx L x V x x F x & & −− ( ) ( ) 142 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 143 A U LA 6 M Ó D U LO 1 e, substituindo na (6.3), obtemos (6.5) que é a segunda lei de Newton. Se o problema envolver mais de uma coordenada, como ocorre na maioria das vezes, devemos aplicar a Equação (6.3) para cada coordenada. Serão tantas equações de Euler-Lagrange quantas forem as coordenadas independentes. Assim, se a energia potencial for V(x, y, z), teremos para o movimento de uma partícula em três dimensões, em coordenadas cartesianas, (6.6) As equações de Euler-Lagrange serão três (6.7) Seguem, então, as equações do movimento (6.8) Estas, como você sabe, podem ser escritas na forma vetorial (6.9) ou (6.10) O método Lagrangiano também permite que tratemos o mesmo problema em outras coordenadas. Basta escrever a Lagrangiana em termos das coordenadas desejadas e uma equação de Euler-Lagrange para cada nova coordenada. Como exemplo, vamos considerar um problema em duas dimensões nas coordenadas polares planas da Figura 6.1. mx F x&& = ( ) L m x y z V x y z= + +1 2 2 2 2( ) ( , , )−− d dt L x L x d dt L y L y d dt L z L z ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ & & & mx V x my V y mz V z && && &&= ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ −− −− −−, , mr V r && r = ∇−− mr F r && r = 144 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 145 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Com as energias cinética e potencial escritas em coordenadas polares planas, a Lagrangiana tem a forma (6.11) As equações de Euler-Lagrange para r e φ são (6.12) e (6.13) Fazendo as derivadas, (6.14) obtemos as equações do movimento (6.15) (6.16) Embora não seja necessário, é instrutivo neste ponto interpretar as Equações (6.15) e (6.16) em termos de forças só para adquirirmos a confiança de que as equações de Euler-Lagrange dão realmente os mesmos resultados que o método Newtoniano. Para isso, vamos precisar da expressão da força em coordenadas polares planas, Figura 6.1: Definição das coordenadas polares planas r, φ. L m r r V r= +( )1 2 2 2 2 & &φ φ−− ( , ) d dt L r L r ∂ ∂ = ∂ ∂& d dt L L∂ ∂ = ∂ ∂&φ φ ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ = ∂ ∂ =T r mr T r mr T mr T & & & & &, , , φ φ φ φ 2 2 0 mr mr V r && &= ∂ ∂ φ 2 −− d dt mr V2 &φ φ ( ) = ∂∂−− 144 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 145 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Nestas mesmas coordenadas, a velocidade da partícula é (6.18) o momento angular, (6.19) e o torque (6.20) Em termos destas quantidades, vemos que a Equação (6.16) é simplesmente a equação da variação do momento angular (6.21) (6.17) onde usamos a expressão do gradiente em coordenadas polares planas dada na Aula 5. Fr e Fφ são as componentes radial e tangencial da força, respectivamente. Os unitários nas direções radial e tangencial são designados por r e φ (ver Figura 6.2). r F V r r r V F r Fr = ∂ ∂ ∂ ∂ = + −− −−ˆ ˆ ˆ 1 φ φφ Figura 6.2: Os vetores unitários . r & &v rr r v r vr = + = + ˆ ˆ ˆ ˆ φφ φφ r r r & J r mv mr k J kz = × = =2φ ˆ ˆ r r r τ φ φ = × = = ∂ ∂ r F rF k V k ˆ ˆ−− dJ dt z z= τ ^ ^ r e φ^ ^ 146 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 147 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Já a Equação (6.15) assume a forma familiar (6.22) onde o primeiro termo do lado direito é a força centrípeta. Uma coisa importante que você já deve estar percebendo no método Lagrangiano: mesmo que você nunca tivesse ouvido falar de termos como “torque”, “força centrípeta” ou “momento angular” você poderia obter as equações corretas simplesmente escrevendo as energias cinética e potencial, e fazendo algumas derivadas. A despeito disso, ainda pode parecer uma questão puramente de preferência pessoal se usamos o método Lagrangiano ou o método Newtoniano da segunda lei. Afinal os dois produzem as mesmas equações. No entanto, em problemas envolvendo mais de uma variável, usualmente é mais fácil escrever T e V do que escrever todas as forças. Isso porque T e V são simples escalares. As forças são vetores e é muito fácil confundir-se quando elas apontam em várias direções. Você também deve ter notado que, uma vez escrita a Lagrangiana, não temos mais que pensar, apenas efetuar algumas derivadas. Mas há razões mais fundamentais para introduzir o método Lagrangiano, como veremos nas próximas seções e na próxima aula. Exemplo 6.1. Encontre a equação do movimento para um pêndulo simples. Ver Figura 6.3. mr mv r Fr&& = + φ 2 Figura 6.3: Pêndulo simples de massa m e comprimento l. 146 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 147 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Solução: tomando o zero da energia potencial em θ = 0, temos (6.23) A velocidade da massa m está na direção e é igual a . A Lagrangiana do pêndulo é então (6.24) Assim, fazendo as derivadas, (6.25) e substituindona equação de Euler-Lagrange, encontramos (6.26) ou (6.27) Note que, para encontrar esta equação do movimento, não precisamos da expressão da componente polar da aceleração, nem da tensão no fio. Exemplo 6.2. Considere agora um pêndulo consistindo de uma mola com uma massa m na sua extremidade (Figura 6.4). V mgl= ( cos )1−− θ L ml mgl= 1 2 12 2&θ θ−− −−( cos ) ∂ ∂ = ∂ ∂ = L ml L mgl & & θ θ θ θ 2 −− sen ml mgl2 &&θ θ= −− sen &&θ θ= −− g l sen Figura 6.4: Pêndulo com mola. A barra sem massa, em torno da qual a mola está enrolada, não é mostrada na figura. θ̂ l &θ 148 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 149 A U LA 6 M Ó D U LO 1 A mola é mantida em linha reta por uma barra rígida, sem massa, em torno da qual está enrolada. O comprimento de equilíbrio da mola é l. Sejam l + r (t) e θ (t) o comprimento da mola e seu ângulo com a vertical no instante t, respectivamente. Supondo que o movimento ocorra num plano vertical, queremos encontrar as equações do movimento para r e θ. Solução: a energia cinética tem uma parte radial e uma parte tangencial, (6.28) A energia potencial tem duas contribuições: a energia potencial gravitacional e a energia potencial da mola (6.29) Aqui o zero da energia potencial foi escolhido como sendo em θ = 0. A Lagrangiana é, portanto, (6.30) Fazendo as derivadas, (6.31) e substituindo nas equações de Euler-Lagrange, obtemos as equações do movimento, (6.32) (6.33) O PRINCÍPIO DA AÇÃO ESTACIONÁRIA Vamos trabalhar, por enquanto, em uma dimensão espacial. A quantidade (6.34) T m r l r= + +( )1 2 2 2 2 & &( ) θ V r mg l r kr( , ) ( )cosθ θ= + +−− 1 2 2 L m r l r mg l r kr= + +( ) + +1 2 1 2 2 2 2 2 & &( ) ( )cosθ θ −− mr m l r mg kr&& &= +( ) +θ θ2 cos −− ( )l r r g+ + =&& & &θ θ θ2 −− sen S L x x t dt t t = ∫ ( , , )& 1 2 ∂ ∂ = ∂ ∂ = +( ) + ∂ ∂ = +( ) ∂ ∂ = L r mr L r m l r mg kr L m l r L mg l & & & & & θ θ θ θ θ 2 2 cos ( −− −− ++ r)senθ 148 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 149 A U LA 6 M Ó D U LO 1 é chamada ação. É um número com dimensões de (energia)×(tempo). Pergunta: que outras quantidades em Física possuem dimensão de ação? Cite duas. Resposta: (i) O momento angular, (verifique você mesmo por análise dimensional). (ii) A constante de Planck da mecânica quân- tica, , uma das constantes fundamentais da natureza. Considere uma função x(t) definida no intervalo , e cujas extremidades são são valores dados. Chamaremos x(t) de caminho. Está claro na Figura 6.5 que existe uma infinidade de caminhos x(t) no plano t, x ligando o ponto (x1, t1) ao ponto (x2, t2). r r r L r p= × h J s= ×6 62 10 23, .−− t t t1 2≤ ≤ x t x x t x x x( ) ( )1 1 2 2 1 2= = e , onde e Figura 6.5: Diferentes caminhos ligando os pontos (x1, t1) e (x2, t2). Não confundir um caminho x(t) com a trajetória da partícula. A trajetória da partícula em uma dimensão é, para todos os caminhos, a reta ligando x1 a x2. A ação S depende de L e L, por sua vez, depende de x(t) por meio da Equação (6.1). Dada qualquer função x(t), podemos produzir um número S. É importante notar, no entanto, que S depende de todo o caminho x(t). De fato, para calcular S precisamos dos valores de L(x, , t) para todos os valores de t no intervalo (t1, t2), mas para isso precisamos de todos os valores de x e no intervalo (t1, t2). Dizemos que a ação é um funcional de x(t) e isto é representado pela notação S[x(t)]. Vamos agora colocar a seguinte questão: para que caminho x(t) a ação S terá um valor estacionário? Um valor estacionário de S é um mínimo local, um máximo local ou um ponto de sela. A resposta é dada pelo seguinte teorema: &x &x 150 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 151 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Teorema: se um caminho x(t) ligando o ponto (x1, t1) ao ponto (x2, t2) dá um valor estacionário de , então, (6.35) para esse caminho. Demonstração: seja x(t) o caminho que torna a ação estacionária e xε(t) = x(t) + εη(t) uma curva vizinha, onde ε é um parâmetro infinite- simal arbitrário e η(t) uma função diferenciável que se anula em x = x1 e x = x2: (6.36) Essas últimas condições são necessárias para que o caminho xε(t) também passe pelos pontos extremos (t1, x1) e (t2, x2). A ação para o caminho xε(t) é (6.37) Uma vez que, por hipótese, x(t) dá um extremo de S, então a função f(ε) deve passar por um extremo em ε = 0, pois neste caso x(t, ε) torna-se idêntica a x(t). Portanto, uma condição necessária para que x(t) torne S um extremo é que (6.38) Vamos eliminar dη/dt da Equação (6.38) fazendo uma integração por partes: (6.39) onde usamos as condições (6.36). Com a ajuda deste último resultado, a Equação (6.38) toma a forma (6.40) d dt L x L x ∂ ∂ = ∂ ∂& η η( ) ( )t t1 2 0= = f S x t L x t x t t dt t t ( ) ( ) ( ( ), ( ), )ε ε ε ε= [ ] = ∫ 1 2 & S L x x t dt t t = ∫ ( , , )& 1 2 df d L x x L x x dt L x L t t ε ε ε η ε ε ε = ∂ ∂ ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ + ∂ ∂ = ∫ 0 1 2 & & &&x d dt dt t t η =∫ 1 2 0 ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂∫ ∫ L x d dt dt L x d dt L x dt d dt L t t t t t t & & & η η η η 1 2 2 1 1 2−− −− ∂∂ ∫ &x dtt t 1 2 ∂ ∂ ∂ ∂ =∫ L x d dt L x dt t t −− & η 1 2 0 150 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 151 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Como η é arbitrário, segue que, no intervalo [ t1, t2], devemos ter (6.41) Vemos que a equação de Euler-Lagrange é uma conseqüência de a ação ter um valor estacionário para o caminho x(t) determinado pela segunda lei de Newton. Logo, chegamos a um resultado importante: podemos substituir a segunda lei de Newton pelo seguinte princípio: ∂ ∂ ∂ ∂ =L x d dt L x −− & 0 Princípio da ação estacionária O caminho x(t) de uma partícula entre dois pontos fixos quaisquer (x1, t1) e (x2, t2) é aquele que dá um valor estacionário para a ação. O princípio da ação estacionária é equivalente à segunda lei de Newton, F = ma, porque o teorema anterior mostra que se temos um valor estacionário de S, então a equação de Euler-Lagrange vale. Mas a equação de Euler-Lagrange é equivalente a F = ma. Portanto, “ação estacionária” é equivalente a F = ma. Em geral, o valor estacionário de S é um mínimo e daí o princípio da ação estacionária ser mais conhecido como Princípio de Mínima Ação. Esse princípio, como formulado aqui, é também conhecido como princípio de Hamilton. UMA BREVE HISTÓRIA DO PRINCÍPIO DE MÍNIMA AÇÃO Atribui-se a Heron de Alexandria, que viveu no século I a.C., um dos mais significativos descobrimentos da ciência grega. Já era conhecida, muito tempo antes, a chamada lei da reflexão da luz: “Um raio de luz se reflete em um espelho de tal modo que o raio refletido se encontra no plano de incidência e o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência”. Heron explicou a lei da reflexão como conseqüência do princípio da mínima distância: “Um raio de luz, entre a fonte e um ponto de recepção, segue o percurso de menor distância”. Vemos de imediato, a partir deste princípio que, em um meio homogêneo, se não houver nenhum obstáculo entre a fontede luz e o ponto de recepção, um feixe de luz segue uma linha reta, já que uma reta é a menor distância entre dois pontos. 152 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 153 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Suponha agora que o raio de luz se reflita na superfície de um espelho plano. É evidente na construção geométrica da Figura 6.6 que a menor distância entre a fonte de luz F e o ponto de recepção R, passando pelo espelho E, é o percurso FPR e para esse percurso vemos que o ângulo de incidência θ é igual ao ângulo de reflexão θ'. O princípio de Heron não se aplica, no entanto, quando há uma mudança de meio. Na interface entre os dois meios, a direção do raio de luz muda. Esse fenômeno é conhecido como refração. O percurso do raio de luz entre dois pontos em meios diferentes é uma linha quebrada que claramente não é a menor distância entre os pontos. Somente séculos mais tarde, o francês Pierre de Fermat (1601-1665) formulou o princípio do tempo mínimo que permitiu explicar a lei da reflexão e a lei da refração. O princípio do tempo mínimo, ou princípio de Fermat, diz o seguinte: “Um raio de luz, entre a fonte e um ponto de recepção, segue o percurso que toma o menor tempo possível”. Note que a lei da reflexão é uma conseqüência trivial do princípio de Fermat: em um meio homogêneo, a velocidade da luz é constante e independente da direção e, portanto, o percurso mais curto é também o percurso mais rápido. Quando a luz passa de um meio 1 para um meio 2 de densidade diferente, a lei da refração diz que (6.42) Figura 6.6: Construção geométrica mostrando como encontrar o percurso de menor distância entre os pontos F e R passando por um ponto do espelho. É aquela que corresponde à menor distância entre o ponto imagem F ' de F e o ponto R. sen sen 1 2 θ θ = v v 1 2 152 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 153 A U LA 6 M Ó D U LO 1 onde θ1 é o ângulo de incidência, θ2 o ângulo de refração, v1 a velocidade da luz no meio 1 e v2 é a velocidade da luz no meio 2. Para mostrar como essa lei segue do princípio de Fermat, vamos considerar o seguinte problema equivalente: você está em uma praia e de repente ouve os gritos de uma pessoa na água pedindo socorro. Seja v1 a sua velocidade máxima correndo na areia e v2 sua velocidade máxima nadando naquela praia. Que percurso você deverá seguir para chegar o mais rápido possível até a pessoa em apuros? Claro que você vai correr e nadar o mais rápido que puder e vai fazer os percursos na terra e na água em linha reta. Mas isto não é suficiente: você terá ainda de escolher entre uma infinidade de percursos possíveis. Na Figura 6.7 ilustramos um deles.Vamos agora mostrar que o menor tempo possível é obtido quando os ângulos satisfazem a lei da refração (6.42). O tempo que você vai levar seguindo o percurso VOP é dado por (6.43) Figura 6.7: Um possível percurso entre V e P: linha reta na areia entre V e O seguido de linha reta na água entre O e P. θ θ1 e 2 t VO v OP v AB x VA v x BP v = + = ( ) + + + 1 2 2 2 1 2 2 2 −− Água Areia 154 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 155 A U LA 6 M Ó D U LO 1 O tempo será mínimo quando . Agora, (6.44) e, fazendo , obtemos (6.45) que é exatamente a lei da refração. O princípio de Fermat se tornou a base da Ótica Geométrica. No entanto, os contemporâneos de Fermat tinham uma objeção fundamental ao seu princípio na forma de uma pergunta profunda: como poderia a luz saber, de antemão, qual percurso é o mais rápido? Além disso, no exemplo anterior, você tinha um propósito ao escolher o percurso: chegar o mais rápido possível até a pessoa em dificuldade. Os princípios de Heron e Fermat introduziram na Física a idéia da exis- tência de um ‘propósito’ ou ‘finalidade’: aparentemente, a luz escolhe o percurso que satisfaz a Equação (6.45) com o propósito de minimizar o tempo de percurso. Em 1746, Pierre Louis Moreau de Maupertuis formulou o princípio da mínima ação. Sua motivação era dar um ponto de partida mais fundamental para a mecânica e, para isso, guiou-se pelo sentimento de que deveria existir de uma certa economia na Natureza. Movimentos naturais deveriam ser tais que tornassem alguma quantidade um mínimo. Essa quantidade, ele descobriu, deveria ser a ação. O caminho que uma partícula segue entre um ponto no espaço em um certo instante, a um outro ponto em outro instante, é aquele que minimiza a ação. E esse caminho é igual àquele calculado pela mecânica Newtoniana. Mas aqui volta a questão: como a partícula sabe de antemão qual o caminho que dá a menor ação? Será que ela “fareja” todos os caminhos possíveis antes de se decidir por aquele que dá a menor ação? As respostas para as perguntas que fizemos aqui felizmente existem, porém, fora da Física Clássica, na Mecânica Quântica. Pode-se mostrar que, na verdade, uma partícula explora todos os possíveis caminhos entre sua posição inicial e sua posição final. Ela não tem de decidir nada, não tem nenhum ‘propósito’. dt dx d t dx/ /= >0 02 2 e dt dx AB x v AB x VA x v x BP v v = − ( ) ( ) + + + = − + 1 2 2 1 2 2 1 2 2 2 2 2 1 1 2 2 −− −− sen senθ θ dt dx/ = 0 sen senθ θ1 1 2 2v v = 154 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 155 A U LA 6 M Ó D U LO 1 A explicação é mais ou menos assim: em Mecânica Quântica, a cada caminho que possamos imaginar entre dois pontos, associamos um número complexo (onde é a constante de Planck). Esses números complexos têm valor absoluto 1 e são chamados “fases”. Para os objetos tratados em Mecânica Clássica, . As fases de todos os possíveis caminhos devem ser adicionadas para dar a “amplitude de probabilidade” da partícula ir de um ponto a outro. O valor absoluto da amplitude deve ser elevado ao quadrado para obter a probabilidade. O ponto básico é que nos valores não estacionários de S, como , contribuições de caminhos vizinhos se cancelam. Não havendo contribuição para a amplitude de valores não estacionários de S, nós não observamos os caminhos associados a eles. Em um valor estacionário de S, no entanto, as fases de caminhos vizinhos têm essencialmente o mesmo valor e, assim, adicionam-se construtivamente. Existe, portanto, uma probabilidade diferente de zero de a partícula tomar um caminho que dê um valor, estacionário de S. Logo, esse é o caminho que observamos. Embora você ainda não possa compreender completamente o que foi dito no parágrafo anterior, pelo menos, você agora sabe que a Mecânica Clássica pode ser ‘explicada’ a partir de uma teoria mais fundamental, a Mecânica Quântica, e que essa explicação ocorre de modo mais natural por meio do formalismo Lagrangiano da Mecânica Clássica. Na próxima aula, você verá que o método Lagrangiano permite também obter um resultado de importância fundamental na Física: a relação entre simetrias e leis de conservação. eiS / h h = ×1 05 10 34, .−− J s S >> h S >> h 156 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 157 A U LA 6 M Ó D U LO 1 R E S U M O A Lagrangiana de um sistema é a diferença entre sua energia cinética e sua energia potencial. Um caminho é definido como uma função x(t) ligando um ponto (t1, x1) a um outro ponto (t2, x2). Com a Lagrangiana podemos escrever a ação, uma quantidade que depende de todos os caminhos entre dois pontos (t1, x1) e (t2 , x2) dados. O princípio da ação estacionária diz que o caminhox(t) de uma partícula entre dois pontos fixos quaisquer (x1, t1) e (x2, t2) é aquele que dá um valor estacionário para a ação. O princípio da ação estacionária é equivalente à segunda lei de Newton, porque quando temos um valor estacionário da ação, então a equação de Euler-Lagrange vale. A equação de Euler-Lagrange, porém, é equivalente à segunda lei de Newton. Para resolver um problema pelo método Lagrangiano, basta escrever a Lagrangiana e usar as equações de Euler-Lagrange para obter as equações do movimento. 156 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 157 A U LA 6 M Ó D U LO 1 PROBLEMAS 6.1. Para uma partícula livre, a Lagrangiana é . Mostre que o valor mínimo da ação da partícula, Sm , para o caminho clássico ligando a posição x1 no instante t1 à posição x2 no instante t2, é dada por (6.46) 6.2. Um bloco de massa M é colocado sobre uma mesa horizontal sem atrito, e preso a uma parede com a ajuda de uma mola sem massa e constante de mola k, como mostrado na figura. A mola está em seu estado de equilíbrio quando o bloco está a uma distância x0 da parede. Um pêndulo de massa m e comprimento l está preso ao carrinho (imagine uma calha ao longo da mesa por onde passa o fio do pêndulo). (a) Escreva a Lagrangiana do sistema, onde x é a posição do bloco, medida a partir da posição de equilíbrio da mola, e θ é o ângulo que o pêndulo faz com a vertical. (b) Escreva, das equações de Euler-Lagrange, as equações do movimento para as coordenadas x e θ. (c) Linearize as equações do movimento, ache as coordenadas normais e descreva o movimento dos dois modos normais. Considere que os parâmetros do sistema tenham sido escolhidos de tal modo que . L mx= & 2 2/ S m x x t tm = ( ) 2 2 1 2 2 1 −− −− L x x( , , , )& &θ θ Figura 6.8 k m M g l( +( ) = 158 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 159 A U LA 6 M Ó D U LO 1 e, a partir dela, encontre as equações do movimento para os dois pêndulos acoplados. (b) Linearize as equações do movimento em torno da configuração de equilíbrio, para encontrar as equações do movimento que descrevem pequenas oscilações do sistema. (c) Encontre as freqüências de oscilação dos modos normais. 6.3 Considere o pêndulo duplo na figura a seguir. (a) Mostre que a Lagrangiana do sistema é dada por L m l m l m l m gl= + + + +1 2 1 21 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 & & & & &θ θ θ θ θ θ θ( ) cos( ) co−− ss (cos cos )θ θ θ1 2 1 2+ +m gl θ θ1 20 0= =, L m l m l m l m gl= + + + +1 2 1 21 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 & & & & &θ θ θ θ θ θ θ( ) cos( ) co−− ss (cos cos )θ θ θ1 2 1 2+ +m gl 6.4. Uma conta está livre para deslizar ao longo de um aro sem atrito de raio R. O aro gira com velocidade angular constante ω em torno de um diâmetro vertical (veja a figura). (a) Encontre a equação do movimento para a posição da conta. (b) Quais são as posições de equilíbrio? Qual é a freqüência de pequenas oscilações em torno do equilíbrio estável? (c) Existe um valor de ω que é bastante especial. Qual é ele e por que ele é especial? Figura 6.9 Figura 6.10 158 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 159 A U LA 6 M Ó D U LO 1 6.5. Lagrangiana para o movimento de uma partícula carregada. Uma partícula de carga q e massa m se move nos campos elétrico e magnético dados. A Lagrangiana da partícula é (6.47) onde e são os potenciais vetor e escalar, respectivamente. Se você ainda não viu como esses potenciais são introduzidos no eletromagnetismo é suficiente saber, para o nosso problema, que o campo elétrico e o campo magnético são obtidos a partir deles como (6.48) Use a Lagrangiana (6.47) para encontrar a equação do movimento da partícula e mostre que a equação é equivalente à lei de força de Lorentz, (6.49) 6.6. Um bloco de massa m é colocado num plano sem atrito que está inicialmente na horizontal (isto é, φ = 0 em t = 0 ). O plano é levantado por uma das extremidades (veja a figura) a uma taxa constante tal que , fazendo com que o bloco desça o plano. Determine o movimento do bloco. As condições iniciais são r(0) = R e . r E r B L m r qr A q= + ⋅1 2 2 r & r & r −− Φ r r A r t( , ) r E r B r r r r r r r r E r t A t B r t A( , ) ( , )= ∇ ∂ ∂ = ∇ ×−− −−Φ , mr q E r B r && r r & r = + ×( ) &φ ω= &r ( )0 0= Figura 6.11 Φ( , )rr t 160 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 161 A U LA 6 M Ó D U LO 1 6.7. Uma conta de massa m desliza sem atrito em um fio com a forma de uma ciclóide, cujas equações paramétricas são (6.50)x y= = + < <α θ θ α θ θ π( ), ( cos ),−− sen 1 0 2 Figura 6.12 (a) Escreva a Lagrangiana da partícula. (b) Mostre que o comprimento s de um pedaço de arco da ciclóide que vai do ponto de mínimo, , até um valor de qualquer é dado por (6.51) (c) Escreva a Lagrangiana em termos da coordenada s e mostre que a equação do movimento tem a forma (6.52) Esta é a equação de um oscilador harmônico simples e, portanto, a conta oscilando na ciclóide é um oscilador isócrono, isto é, um oscilador cujo período não depende da amplitude. 6.8. Um pêndulo é construído prendendo-se uma massa m a um fio inextensível de comprimento l. A parte superior do fio está conectada ao ponto mais alto de um disco vertical de raio R(R < l/π) como na figura a seguir (onde ). θ π= s = 4 cos 2 α θ θ π= d s dt g s 2 2 4 0+ = α l l l= +1 2 160 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 161 A U LA 6 M Ó D U LO 1 (a) Escreva a Lagrangiana do pêndulo. (b) Mostre que a equação do movimento, para , é (c) Resolva a equação do movimento para pequenas oscilações em torno de um ângulo ϕ0. (Dica: faça , onde x é pequeno e linearize em x). Qual a freqüência das pequenas oscilações em torno da posição de equilíbrio? Mostre que as oscilações serão simétricas quando SOLUÇÕES 6.1. Em Mecânica Clássica, raramente precisamos do valor da ação. No entanto, depois de tanto ouvir falar em ação, fica a curiosidade de saber como calcular essa quantidade. Temos que a solução da equação do movimento para uma partícula livre, satisfazendo as condições , é (6.53) Então, (6.54) l R> ϕ ( ) cosl R R g− =ϕ ϕ ϕ ϕ&& &−− −−2 0 ϕ ϕ= +x 0 ϕ π0 2= / . x t x x t x( ) , ( )1 1 2 2= = x x x x t t t t= + ( )1 2 1 2 1 1 ( ) ( ) −− −− −− &x x x t t = ( ) ( )2 1 2 1 −− −− Figura 6.13 l2 162 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 163 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Agora, a Lagrangiana para uma partícula livre é (6.55) onde a velocidade ν é dada pela Equação (6.54) para o caminho que minimiza a ação. Assim, (6.56) Este é o valor da ação calculado com o caminho que a torna estacionária. Em Mecânica Clássica, é a forma da ação que é interessante. Isso porque precisamos conhecer a ação ao longo de um conjunto de caminhos vizinhos para poder determinar o caminho de mínima ação. 6.2. Este problema trata de um sistema de dois osciladores acoplados: massa-mola e um pêndulo. O primeiro é linear, porque estamos supondo uma mola ideal que satisfaz a lei de Hooke. O pêndulo, no entanto, só é linear para pequenasoscilações. Na primeira parte do problema, itens (a) e (b), usamos o método Lagrangiano para chegar às equações do movimento, que são equações não lineares acopladas, difíceis de resolver. A segunda parte, item (c), onde linearizamos as equações do movimento e aplicamos os métodos de oscilações acopladas, está resolvido no Problema 4.4, da Aula 4. (a) As coordenadas e componentes da velocidade do bloco são (6.57) e as do pêndulo (6.58) Assim, temos para a energia cinética (6.59) Tomando o zero da energia potencial gravitacional em y = 0 a energia potencial do sistema é . Deste modo, a Lagran- giana é L mv= 1 2 2 S L x x t dt m x x t t dt m x x tm t t t t = = ( ) =∫ ∫% &( , , ) ( ) ( ) 1 2 1 2 2 2 2 1 2 2 1 2 2 1 2−− −− −− 22 1−− t( ) x x y x x y M M M M = = = = , , 0 0& & & x x l y l x x l y l m m m m = + = = + = sen sen θ θ θ θ θ θ , cos cos , −− & & & & & T M x y m x y M m x ml mlxM M m m= + + + = + + + 1 2 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2( ) ( ) ( )& & & & & & & &θ θ ccosθ V mgl kx= +−− cosθ 1 2 2 162 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 163 A U LA 6 M Ó D U LO 1 (6.60) (b) Para a coordenada x: (6.61) (6.62) Com estes resultados, a equação de Euler-Lagrange dá para x a equação do movimento: (6.63) Para a coordenada : (6.64) (6.65) A equação do movimento é então, (6.66) ou (6.67) As equações acopladas (6.66) e (6.67) são iguais às equações que obtivemos pelo método Newtoniano. (c) Resolvido no Problema 4.4 da Aula 4. 6.3. (a) Nós também já vimos esse problema nos problemas da Aula 4, Problema 4.3. Lá, porém, nós não deduzimos as equações do movimento a partir das forças sobre as partículas, o que será feito aqui, a partir da Lagrangiana. L T V M m x ml mlx mgl kx= = + + + +−− −−1 2 1 2 1 2 2 2 2 2( ) cos cos& & & &θ θ θ θ ∂ ∂ = + + ⇒ ∂ ∂ = + +L x M m x ml d dt L x M m x ml ml & & & & && && &( ) cos ( ) cosθ θ θ θ θ−− 2 sennθ ∂ ∂ = + + ⇒ ∂ ∂ = + +L x M m x ml d dt L x M m x ml ml & & & & && && &( ) cos ( ) cosθ θ θ θ θ−− 2 sennθ ∂ ∂ =L x kx−− ( ) cosM m x ml ml kx+ + + =&& && &θ θ θ θ−− 2 0sen ∂ ∂ = + ⇒ ∂ ∂ = +L ml mlx d dt L ml mlx mlx & & & & && && & & θ θ θ θ θ θ θ θ2 2cos cos −− sen θ π= ∂ ∂ = +L ml x g θ θ θ−− ( )& & sen ml mlx mlx ml x g2 0&& && & & & &θ θ θ θ θ θ+ + + =cos ( )−− sen sen l x g&& &&θ θ θ+ + =cos sen 0 L T V M m x ml mlx mgl kx= = + + + +−− −−1 2 1 2 1 2 2 2 2 2( ) cos cos& & & &θ θ θ θ 164 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 165 A U LA 6 M Ó D U LO 1 As coordenadas de m1 e m2 são, respectivamente (ver figura), (6.68) As velocidades ao quadrado são: (6.69) A energia cinética é, então, (6.70) Tomando o zero da energia potencial no ponto de onde o pêndulo está suspenso, temos (6.71) A Lagrangiana é, portanto, (6.72) Agora vamos encontrar as equações do movimento a partir das equações de Euler-Lagrange para Temos que (6.73) (6.74) (6.75) ( , ) ( cos , ) ( , ) ( cos cos , ) x y l l x y l l l l 1 1 2 1 2 = = + + θ θ θ θ θ θ sen sen sen 1 1 2 v v v l l v v v l x y x y 1 2 1 2 1 2 2 1 2 2 1 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 2 2 = + = + = = + = & &θ θ θ θ( cos )sen (( ) ( )& & & & & & θ θ θ θ θ θ θ θ θ θ 1 2 2 2 2 1 2 2 2 2 1 2 2 2 2 sen sen cos cos1 1+ + + = + l l l ++ +2 2 1 2l & &θ θ θ θ θ θ( )sen sen cos cos1 2 1 2 T m v m v m l m l m l= + = + + +1 2 1 2 1 2 1 21 1 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 & & & & &θ θ θ θ θ( ) coos( )θ θ1 2−− V m gl m gl= +−− −−1 1 2 1 2cos (cos cos )θ θ θ L T V m l m l m l m = = + + + + −− −− 1 2 1 21 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2 1 & & & & & θ θ θ θ θ θ θ ( ) cos( ) ggl m glcos (cos cos )θ θ θ1 2 1 2+ + θ θ1 e 2. ∂ ∂ = + + ⇒ ∂ ∂ = + L m m l m l d dt L m m l & & & & & θ θ θ θ θ θ 1 1 2 2 1 2 2 2 1 2 1 1 2 2 ( ) cos( ) ( ) −− && && & & &θ θ θ θ θ θ θ θ θ1 2 2 2 1 2 2 2 2 1 2 1 2+ m l m lcos( ) ( ( )−− −− −− −−) sen ∂ ∂ = +L m l m m gl θ θ θ θ θ θ 1 2 2 1 2 1 2 1 2−− −− −−& & sen sen 1( ) ( ) ∂ ∂ = + ⇒ ∂ ∂ = + L m l m l d dt L m l m & & & & && && θ θ θ θ θ θ θ θ 2 2 2 2 2 1 2 1 2 2 2 2 2 2 1 cos( )−− ll m l2 1 2 2 2 1 1 2 1 2cos( ) ( ) ( )θ θ θ θ θ θ θ−− −− −− −−& & & sen 164 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 165 A U LA 6 M Ó D U LO 1 (6.76) Assim, obtemos as equações (6.77) (6.78) que são as equações do movimento procuradas. (b) Está resolvido no Problema 4.3. 6.4. (a) Seja o ângulo que o raio do centro à conta faz com a vertical. A velocidade da conta pode ser decomposta em uma componente perpendicular ao aro, , e outra ao longo do aro, . Tomando o zero da energia potencial em , a Lagrangiana do sistema é (6.79) Calculando as derivadas (6.80) e (6.81) obtemos a equação do movimento: (6.82) (b) A conta estará em equilíbrio quando . O lado direito da Equação (6.82) é zero quando = 0 (isto é, θ = 0 ou π = 0) ou quando cos /θ ω0 2= g R . Como Cosθ deve ser menor ou igual a 1, esta última condição é possível somente se ω2 ≥ g R/ . Portanto, nós temos dois casos ∂ ∂ = − −L m l m gl θ θ θ θ θ θ 2 2 2 1 2 1 2 2 & & sen ( ) sen 2 ( ) cos( ) ( ) (m m l m l m l m m1 2 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2+ + + + +&& && &θ θ θ θ θ θ θ−− −−sen ))gl sen 1θ = 0 ( ) cos( ) ( ) (m m l m l m l m m1 2 2 1 2 2 2 1 2 2 2 2 2 1 2 1 2+ + + + +&& && &θ θ θ θ θ θ θ−− −−sen ))gl sen 1θ = 0 m l m l m l m gl2 2 2 2 2 1 1 2 2 2 1 2 1 2 2 0&& && &θ θ θ θ θ θ θ θ+ + =cos( ) ( )−− −− −−sen sen 2 θ π= θ π= / 2 L m R R mgR= + +1 2 2 2 2 2 2( ) cosω θ θ θsen & ∂ ∂ = ⇒ ∂ ∂ =L mR d dt L mR & & & && θ θ θ θ2 2 ∂ ∂ =L mR R g θ θ ω θsen ( cos )2 −− R R g&&θ θ ω θ= sen ( cos )2 −− & &&θ θ= = 0 ω θRsen R &θ ω θRsen m l m l m l m gl2 2 2 2 2 1 1 2 2 2 1 2 1 2 2 0&& && &θ θ θ θ θ θ θ θ+ + =cos( ) ( )−− −− −−sen sen 2 166 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 167 A U LA 6 M Ó D U LO 1 • Se , então θ = 0 e θ = π são os únicos pontos de equilíbrio. O ponto π = 0 é instável. Isto é óbvio, mas pode ser visto matematicamente fazendo , onde é pequeno. Então, e e a Equação (6.82) fica (6.83) Esta equação não admite solução oscilatória. O ponto θ = 0 é estável. Para θ pequeno, a Equação (6.82) torna-se (6.84) que admite soluções oscilantes. A freqüência de pequenas oscilações é . • Se , então θ = 0, π = 0 e são todos pontos de equilíbrio. O ponto θ = π é de novo um ponto de equilíbrio instável, como podemos ver da Equação (6.83). O ponto θ = 0, é instável porque agora o coeficiente da Equação (6.84) é negativo. Portan- to, é o único ponto de equilíbrio estável. Para encon- trar a freqüência de pequenas oscilações, fazemos θ = θ 0 + η na Equação (6.82). Usando e , substituin- do na Equação (6.82), mantendo somente os termos lineares em e, finalmente, fazendo, (6.85) A freqüência de pequenas oscilações é, portanto, . (c) A freqüência é a freqüência crítica acima da qual existe um ponto de equilíbrio estável para θ ≠ 0, isto é, acima da qual a partícula vai querer mover-se fora do ponto mais baixo do aro. Agora, note uma coisa muito interessante: para não existe uma direção privilegiada no sistema. A conta ou fica em θ = 0 ou oscilando em torno desse ponto. Para , a partícula ou fica na posição θ π η= + sen( )π η η+ ≈ −− θ π η= + cos( )π η+ ≈ −−1 &&η η ω−− ( / )2 0+ =g R &&θ θ ω+ =( / )g R −− 2 0 g R/ −−ω2 ω2 > g R/ cos /θ ω0 2= g R sen sen sen sen( ) cos cos cosθ η θ η θ η θ η θ0 0 0 0 0+ = + ≈ + cos( ) cos cos cosθ η θ η θ η θ η θ0 0 0 0 0+ = ≈−− −−sen sen sen θ π η= + cos /θ ω0 2= g R &&η ω θ η+ =2 2 0 0sen ω θ ω ωsen 0 2 2 2 2= −− g R/ ω θ ω ωsen 0 2 2 2 2= −− g R/ ω = g R/ ω2 < g R/ ω2 < g R/ cos /θ ω0 2= g R ω2 < g R/ . 166 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 167 A U LA 6 M Ó D U LO 1 angular tal que ou oscilando em torno dela. Tanto θ0 quanto – θ0 satisfazem a condição . O sistema ou fica em θ = θ0 ou em θ = – θ0 . Quando , há uma direção privile- giada no sistema. Na passagem do regime com para o regime com houve uma quebra de simetria. A conta vai estar só de um lado, esquerdo ou direito. Como nenhum agente externo foi responsável por essa quebra de simetria, dizemos que houve uma quebra espontânea de simetria. 6.5. Vamos escrever a Lagrangiana em termos das componentes dos vetores envolvidos: (6.86) Primeiro considere a equação de Euler-Lagrange para a compo- nente x. Vamos precisar das seguintes derivadas: (6.87) (6.88) (6.89) Então, temos (6.90) Usando (6.91) vemos que podemos escrever a Equação (6.90) como (6.92) cos /θ ω0 2= g R cos /θ ω0 2= g R ω2 > g R/ ω2 > g R/ ω2 > g R/ L m x y z q xA yA zA qx y z= + + + + + 1 2 2 2 2( ) ( )& & & & & & −− Φ ∂ ∂ = ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ ∂ ∂ L x q x A x y A y z A z q x x y z & & & −− Φ ∂ ∂ = +L x mx qAx & & d dt L x mx q A t x A x y A y z A z x x x x∂ ∂ = + ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ + ∂ ∂ & && & & & 0 = ∂ ∂ ∂ ∂ = + ∂ ∂ + ∂ ∂ d dt L x L x mx q A t x x & &&−− Φ + ∂ ∂ − ∂ ∂ + ∂ ∂ − ∂ ∂ qy A y A y qz A z A z x y x z & & B A z A x B A x A y E x A xy x z z y x x x= ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ = ∂ ∂ ∂ ∂ −− −− −− −−, , Φ m x qE q zB yB q E r Bx y z x&& & & r r r = + − = + ×( ) ( ) 168 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 169 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Esta é a componente x da lei de força de Lorentz. Podemos proceder do mesmo modo para as componentes y e z. 6.6. Você deve resolver este problema pelo método Newtoniano. Aqui, vamos usar o método Lagrangiano. Com as coordenadas indicadas na figura, a energia cinética do bloco é (6.93) e a energia potencial, (6.94) Temos ainda a condição (6.95) A Lagrangiana do sistema é então, (6.96) Note que, devido à condição de vínculo (6.95), a Lagrangiana tem somente uma variável independente, r. Calculando as derivadas, (6.97) temos, da equação de Euler-Lagrange, que a equação do movimento é (6.98) Esta equação você já sabe como resolver. A solução geral da equação homogênea pode ser escrita como (6.99) Uma solução particular da não homogênea tem a forma . Substituindo na equação (6.95), vemos que essa é de fato uma solução se . Logo, a solução geral da Equação (6.98) é (6.100) V mgr= senφ φ ω= t L mr mr mgr t= + −1 2 1 2 2 2 2 & ω ωsen ∂ ∂ = ⇒ ∂ ∂ = ∂ ∂ = − L r mr d dt L r mr L r m r mg t & & & && ω ω2 sen mr m r mg t&&−− −−ω ω2 = sen mr m r&&−− ω2 0= r t A t B th( ) cosh= +senhω ω r t C tp( ) = senhω C g= / 2 2ω r t r t r t g t A t B th p( ) ( ) ( ) cosh= + = + +2 2ω ω ω ωsen senh T mr mr= +1 2 1 2 2 2 2 & &φ 168 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 169 A U LA 6 M Ó D U LO 1 Agora precisamos impor as condições iniciais e . Achamos que B = R e . Portanto, a solução geral da equação do movimento para as nossas condições iniciais é (6.101) 6.7. (a) Das equações paramétricas da ciclóide temos que (6.102) Assim, a energia cinética da partícula é (6.103) Tomando o zero da energia potencial em y = 0, (6.104) A Lagrangiana da particular é então (6.105) (b) Vamos calcular o comprimento s de um pedaço de arco da ciclóide que vai do ponto de mínimo, θ = π, até um valor de θ qualquer. Para isso precisamos escrever um elemento de arco em termos de θ. Da equação da ciclóide podemos escrever (6.106) Deste modo, (6.107) r R( )0 = &r( )0 0= A g= −− / 2 2ω r t R t g t t( ) cosh )= +ω ω ω ω 2 2 (sen senh−− & & & & x y = ( ) = αθ θ αθ θ 1−− −− cos sen T m x y m m = + = ( ) + = [ ] = 1 2 1 2 1 1 2 2 2 2 2 2 2 ( ) cos cos & & & & α θ θ θ α θ θ −− −− sen2 22 2 2 2mα θ θ & sen2 V mgy mg mg= = + =α θ α θ( cos ) cos1 2 2 2 L m mg= 2 2 2 2 2 2 2α θ θ α θ & sen2 −− cos ds dx dy dy= + ( )1 2/ dx dy = ( ) = = α θ α θ α θ α θ θ θ1 2 2 2 2 2 2 −− −− −− −− cos cos tan sen sen sen 2 ds d d= + =−− −−1 2 2 2 2 4 2 2 2tan cos θ θ θ θ α θ θ sen sen 170 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 171 A U LA 6 M Ó D U LO 1 e portanto, (6.108) (c) Em termos da variável s, a Lagrangiana fica simplesmente (6.109) Esta é a Lagrangiana de um oscilador harmônico simples de freqüência angular : (6.110) Isso significa que se você largar a conta de qualquer posição s naci- clóide, ela vai oscilar sempre com a mesma freqüência , ou, em outras palavras, o período não depende da amplitude do movimento. Quando o período não depende da amplitude, dizemos que o oscilador é isócrono. Um pêndulo simples, é isócrono somente para pequenas oscilações. No pêndulo simples, a partícula descreve um arco de círculo. Nos relógios de pêndulo de Huygens, a quem nos referimos na aula sobre oscilações acopladas, o peso oscilante descreve um arco de ciclóide e, portanto, são pêndulos isócronos. 6.8. (a) Da figura temos que l = l1 + l2 e l1 = Rϕ . Logo, l2 = Rϕ. Vamos considerar a origem do sistema de coordenadas como sendo o ponto de onde o pêndulo está suspenso e tomar, por conveniência, o sentido positivo do eixo-y para baixo. Assim, podemos escrever (6.111) Destas equações, segue que (6.112) A energia cinética do sistema é então, (6.113) s = − ∫4 2 2 α ϕ ϕ α θ π θ sen d =4 cos 2 L ms m g s= 1 2 1 2 4 2 2 & −− α ω α= g / 4 d dt L s L s d s dt g s ∂ ∂ ∂ ∂ = ⇒ + = & −− 0 4 0 2 2 α ω α= g / 4 x R l R y R l R = + = + sen sen ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ( )cos ( cos ) ( ) −− −− −−1 & & & & x l R y l R = = −− −− −− ( ) ( ) cos ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ sen T m x y m l R= + =1 2 1 2 2 2 2 2( ) ( )& & &−− ϕ ϕ 170 C E D E R J Mecânica | O métodoLagrangiano e o Princípio de Mínima Ação C E D E R J 171 A U LA 6 M Ó D U LO 1 e a energia potencial, (6.114) A menos de uma constante, a Lagrangiana do pêndulo é, portanto, (6.115) (b) Fazendo as derivadas, (6.116) (6.117) Substituindo esses resultados na equação de Euler-Lagrange, encontramos (6.118) ou, supondo , (6.119) (c) Vamos fazer , onde x é um ângulo pequeno em comparação com ϕ0 . Substituindo na Equação (6.119), desprezando os termos contendo , e fazendo (6.120) encontramos: (6.121) A solução desta equação, como você já sabe, é a soma da solução geral da equação homogênea mais uma solução particular da não homogênea, ou seja, (6.122) V mgy mgR mg l R= =−− −− −− −− −−( cos ) ( )1 ϕ ϕ ϕsen L m l R mg R mg l R= +1 2 2 2( ) cos ( )−− −− −−ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ& sen ∂ ∂ = ⇒ ∂ ∂ = +L m l R d dt L m l R R m l R & & & & && ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ( ) ( ) ( )−− −− −− −−2 2 22 ∂ ∂ = + − + = L m l R R mgR mgR mg l R m l R R ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ −− −− −− −− −− ( ) ( )cos ( ) & & 2 sen sen 22 + mg l R( )cos−− ϕ ϕ − + = +2 2 2 2m l R R m l R m l R R mg l R( ) ( ) ( ) ( )cos−− −− −− −− −−ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ& && & − + = +2 2 2 2m l R R m l R m l R R mg l R( ) ( ) ( ) ( )cos−− −− −− −− −−ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ& && & l R> ϕ ( ) cosl R R g−− −− −−ϕ ϕ ϕ ϕ&& &2 0= ϕ ϕ= +0 x xx&& &&x2 cos( ) cos cos cos ϕ ϕ ϕ ϕ ϕ 0 0 0 + = ≈ x x x x −− −− sen sen sen 0 0 &&x g l R x g l R + = sen 0ϕ ϕ ϕ ϕ( ) cos ( )−− −−0 0 0 x A t= + +cos( ) cotω φ ϕ0 172 C E D E R J Mecânica | O método Lagrangiano e o Princípio de Mínima Ação onde A e φ são constantes e ω é a freqüência das pequenas oscilações (6.123) É evidente que as oscilações serão simétricas quando porque este valor anula o termo da solução (6.122). ω ϕ ϕ = g l R sen 0 ( )−− 0 ϕ π0 2= / cotϕ0
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