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Centro de parto normal e a assistência obstétrica centrada nas necessidades da parturiente

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Rev Esc Enferm USP
2006; 40(2):274-9.
 www.ee.usp.br/reeusp/274
Centro de parto normal e a assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente
Machado NXS, Praça NS.
DELIVERY CENTER AND OBSTETRIC ASSISTANCE FOCUSED ON THE PARTURIENT’S NEEDS
CENTRO DE PARTO NORMAL Y LA ASISTENCIA OBSTÉTRICA CENTRADA
EN LAS NECESIDADES DE LA PARTURIENTA
Nilce Xavier de Souza Machado1, Neide de Souza Praça2
RESUMO
Levando em conta os vários estu-
dos e reflexões a respeito do novo
modelo de assistência ao parto e
nascimento (assistência humani-
zada), e trabalhando como enfer-
meira obstétrica em um Centro de
Parto Normal, surgiu o questio-
namento a respeito desse con-
ceito, devido às diversas cono-
tações dadas a esse termo. Este
artigo foi produzido com a fina-
lidade de divulgar nossa proposta
de substituição da expressão
“assistência humanizada ao par-
to”, por “assistência obstétrica
centrada nas necessidades da par-
turiente”, e de discorrer como essa
assistência é prestada no Centro
de Parto Normal do Hospital
Geral de Itapecerica da Serra (SP),
que segue um protocolo de con-
dutas obstétricas e normas preco-
nizadas pelo Ministério da Saúde.
DESCRITORES
Humanização do parto.
Enfermagem obstétrica.
Assistência centrada no paciente.
ujeres.
RESUMEN
Teniendo en cuenta los variados
estudios y reflexiones respecto al
nuevo modelo de asistencia del
parto y nacimiento (asistencia hu-
manizada), y trabajando como en-
fermera obstétrica en un Centro
de Parto Normal, surgió el cues-
tionamiento relacionado a ese
concepto, debido a las diversas
connotaciones que se le ha dado.
Este artículo fue producido con
la finalidad de divulgar nuestra
propuesta de sustitución de la
expresión “asistencia humaniza-
da del parto”, por “asistencia obs-
tétrica centrada en las necesida-
des de la parturienta”, y de dis-
currir cómo esa asistencia se pres-
ta en el Centro de Parto Normal
del Hospital General de Itapece-
rica da Serra (SP), que sigue un
protocolo de conductas obsté-
tricas y normas preconizadas por
el Ministerio de Salud.
DESCRIPTORES
Humanización del parto.
Enfermería obstétrica.
Atención dirigida al paciente.
ABSTRACT
As an obstetric nurse working in
a Delivery Center and considering
the studies and reflections on the
new model of assistance to labor
and birth (humanized assistance),
I started to think about this con-
cept, given the various connota-
tions attributed to the term. This
article was written with the aim
of divulging our proposal of
replacement of the expression
“humanized assistance to child-
birth” for “obstetric assistance fo-
cused on the parturient’s needs”,
and to describe the assistance
given at the Delivery Center of
the General Hospital of Itape-
cerica da Serra, in the São Paulo
Metropolitan Region, where a
protocol of obstetric behavior and
rules recommended by the
Ministry of Health is followed.
KEY WORDS
Humanizing delivery.
Obstetrical nursing.
Patient-centered care.
Recebido: 16/01/2004
Aprovado: 03/08/2004
R
ELATO D
E E
X
PER
IÊN
C
IA
Centro de parto normal e
assistência obstétrica centrada
nas necessidades da parturiente*
* Extraído da Disser-
tação“Infecção
puerperal em um
Centro de Parto
Normal”, Escola de
Enfermagem da Uni-
versidade de São
Paulo (EEUSP), 2004.
1 Enfermeira Obsté-
trica do Hospital
Geral de Itapecerica
da Serra, SP. Mestre
em Enfermagem
Obstétrica e Neona-
tal pela EEUSP.
nxsm@ig.com.br
2 Enfermeira Obsté-
trica. Professora
Doutora do Departa-
mento de Enferma-
gem Materno-Infantil
e Psiquiátrica da
EEUSP.
ndspraca@usp.br.
Centro de parto normal e a assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente 275Machado NXS, Praça NS.
Rev Esc Enferm USP
2006; 40(2):274-9.
 www.ee.usp.br/reeusp/
INTRODUÇÃO
Desde meados da década passada, vem se disseminan-
do pelo país um modelo de assistência obstétrica, reco-
mendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que
realça a mudança no olhar do profissional de saúde sobre
a parturiente e sua família. Trata-se dos Centros de Parto
Normal.
Os Centros de Parto Normal atendem as normas preconi-
zadas pelo Ministério da Saúde(1), conforme Portaria 985/99
GM. Constituem-se em unidades de atendimento ao parto
normal, localizadas fora do centro cirúrgico obstétrico. Dis-
põem de um conjunto de elementos destinados a receber a
parturiente e seus acompanhantes, permitindo um trabalho
de parto ativo e participativo, empregando práticas basea-
das em evidências recomendadas e que os diferenciam dos
serviços tradicionais de atenção obstétrica. As primeiras
recomendações para esta modalidade de assistência foram
citadas pela Organização Mundial da Saúde, em 1996(2).
Vale destacar que os Centros de Parto Normal surgiram
com o objetivo de resgatar o direito à privaci-
dade e à dignidade da mulher ao dar à luz
num local semelhante ao seu ambiente famili-
ar, e ao mesmo tempo garantir segurança à
mãe e seu filho, oferecendo-lhes recursos
tecnológicos apropriados em casos de even-
tual necessidade. Seguem um padrão de pro-
cedimentos previamente estabelecidos e que
direcionam as ações que realizam.
O estímulo à implantação deste modelo
de assistência, no país, ganhou força, a partir da década de
oitenta, quando o movimento de mulheres, no Brasil e no
mundo, passou a questionar as práticas obstétricas de roti-
na e apresentar propostas para humanizar o atendimento(3).
Nesse período disseminou-se a divulgação de que na maio-
ria dos países desenvolvidos a assistência ao parto e nasci-
mento de baixo risco fundamenta-se na atenção prestada
por enfermeiras obstétricas e por parteiras especializadas,
cuja formação está voltada para o suporte emocional e o
atendimento da mulher e do recém-nascido, sem interferir no
processo fisiológico do parto, permitindo à mãe vivenciar
esse momento de forma prazerosa e segura. Este modelo de
assistência prevê que, durante a gestação, a mulher tem a
oportunidade de estabelecer o plano de assistência ao par-
to, junto com o profissional que a atende, e seu primeiro
contato, como parturiente, se dá na primeira relação com os
profissionais não médicos, garantindo-se, contudo, o aces-
so a níveis de assistência de maior complexidade.
Este movimento de mudança na assistência obstétri-
ca envolve, também, legitimidade profissional e corporativa,
com um redimensionamento dos papéis e poderes na cena
do parto, com o deslocamento da função principal no parto
normal, do médico obstetra para a enfermeira obstétrica (pro-
cedimento legitimado pelo Ministério da Saúde), e do centro
cirúrgico (palco da ação) para a sala de parto ou casa/centro
de parto(4).
No espaço hospitalar, existe uma série de obstáculos
para se implantar uma metodologia de assistência que pro-
mova o parto normal. A equipe de saúde não aceita com
tranqüilidade a mobilidade da mulher, e ela própria sente-se
pouco à vontade para decidir sobre os procedimentos de
seu parto. Sobrepondo-se a essa situação, os Centros de
Parto Normal tornam menos hierarquizadas as relações en-
tre as parturientes e os prestadores de cuidados, e oferecem
um ambiente onde a mulher sente-se mais à vontade diante
dos eventos que a circundam(5).
O Ministério da Saúde(1), exercendo seu papel norma-
tizador, implantou um conjunto de ações por meio de Porta-
rias Ministeriais com o objetivo de estimular a melhoria da
assistência obstétrica e de regulamentar a atuação do enfer-
meiro obstetra na realização do parto normal sem distocia,
aplicando práticas baseadas em evidências.
Essas considerações nos mostram a es-
treita relação entre os Centros de Parto Nor-
mal e a assistência obstétrica baseada em
evidências, ambos tendo a enfermeira obsté-
trica como principal aliada e implementadora.
Considerando essa situação e levando em
conta os vários estudos e reflexões a respeito
do novo modelo de assistência obstétrica ao
parto e nascimento - assistência humanizada
em Centro de Parto Normal - julgamos que a
expressão assistência humanizada não reflete a abrangência
da assistência prestada nesses serviços de assistência ao
parto e nascimento,o que originou nosso questionamento a
respeito desse conceito. Acresce-se o desgaste do termo pe-
las diversas conotações a ele atribuídas.
Nossa trajetória profissional, como enfermeira obstétri-
ca, com atuação em diversos serviços de obstetrícia, que
seguiam o modelo tradicional de assistência ao parto foi
enriquecida pelo trabalho atual no Centro de Parto Normal
de Itapecerica da Serra, SP, inserido em uma instituição que
tem como objetivo a redução do número de cesarianas e o
incentivo ao parto normal. Nele é adotada a tecnologia apro-
priada ao parto e nascimento com estímulo à assistência que
valoriza as necessidades da parturiente.
Essa experiência, agregada à vivência profissional ante-
rior, motivou-nos a refletir sobre a abrangência do termo
assistência humanizada, amplamente empregado pelos ór-
gãos e profissionais de saúde ao tratarem dos Centros de
Parto Normal. Este artigo, extraído de pesquisa anterior(6),
foi produzido com o objetivo de justificar a proposta de
adequação de nova terminologia à assistência prestada a
A expressão assistência
humanizada não reflete
a abrangência da
assistência prestada
nesses serviços
de assistência ao
parto e nascimento
Rev Esc Enferm USP
2006; 40(2):274-9.
 www.ee.usp.br/reeusp/276
Centro de parto normal e a assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente
Machado NXS, Praça NS.
parturiente em Centro de Parto Normal. Sua finalidade é
divulgar nossa proposta de mudança de terminologia, me-
lhor adequando o conceito de assistência humanizada ao
parto.
JUSTIFICANDO A PROPOSTA
As presentes transformações no modelo assistencial
direcionado à parturiente e a conseqüente valorização do
trabalho da enfermeira obstétrica, nos Centros de Parto Nor-
mal, para a realização do parto e nascimento, remete-nos à
importância de realçar o significado da relação entre assis-
tência e Centro de Parto Normal.
As instituições deveriam propor-se a organizar os servi-
ços de assistência obstétrica na perspectiva da promoção e
da facilitação de um parto saudável, fisiológico e da preven-
ção de possíveis intervenções e agravos, inclusive aqueles
resultantes da assistência, como a dor iatrogênica e a lesão
genital da episiotomia desnecessária, entre outros(4).
A literatura é rica em trabalhos voltados à assistência à mu-
lher que vivencia o ciclo gravídico-puerperal e que, em sua tota-
lidade, emprega o termo assistência humanizada. Por sua vez,
existem autores que referem que para trabalhar com humanização
é necessário despojar-se da onipotência própria da formação
médica, trabalhando com uma equipe multiprofissional em que o
espaço de cada um deve ser respeitado(7).
Na assistência humanizada, demonstrar interesse e com-
promisso com o outro requer a conscientização dos possí-
veis dilemas éticos presentes nessa relação. Na proposta de
relação humanizada, as informações a serem transmitidas
aos clientes e deles recebidas são fundamentais(8).
A humanização da assistência reside, também, nas rela-
ções interpessoais, em especial entre o profissional e o cli-
ente e o acompanhante(9).
O relacionamento entre paciente e profissional e institui-
ção é fundamental para o processo de humanização, sendo
este composto por fatores como comunicação, empatia,
conhecimentos técnico-científicos e respeito pelos seres
humanos(10).
A humanização engloba uma série de diferentes aspec-
tos referentes às idéias, aos valores e às práticas, envolven-
do as relações entre os profissionais de saúde, os pacien-
tes, os familiares e os acompanhantes, incluindo os procedi-
mentos de rotina do serviço e a distribuição de responsabi-
lidades dentro dessa equipe. No entanto, tais fatores tor-
nam-se fragmentados se a experiência do nascimento não
for reconhecida em seus aspectos emocionais(11).
Ao prestar assistência humanizada à mulher, que vivencia
o ciclo gravídico puerperal, os profissionais devem desen-
volver habilidades relacionadas ao contato com essa mu-
lher, favorecendo sua adequação emocional à gravidez e ao
parto(12). Podem também ajudá-la a superar os medos, as
ansiedades e as tensões. No modelo humanizado de atendi-
mento, a parturiente e seu acompanhante devem ser recebi-
dos pela equipe com empatia e respeito, considerando sem-
pre suas opiniões, preferências e necessidades.
Acreditamos que a assistência humanizada está repre-
sentada na expressão assistência centrada nas necessida-
des da cliente e vale ser aqui apresentada em maior profun-
didade. Não encontramos diferencial na assistência a que
ambas de propõem, apenas cremos que a segunda apresen-
ta maior amplitude para destacar a real assistência prestada
e os elementos nela envolvidos.
Consideramos que a assistência obstétrica centrada nas
necessidades da cliente deva ser baseada não apenas em
procedimentos e normas técnicas pré-estabelecidas, mas na
valorização da individualidade, visto que o ser humano é
diferenciado pela própria natureza por ser racional e possuir
características específicas, como caráter, personalidade, sen-
timentos, opiniões, crenças, desejos, aspirações, valores
próprios, dignidade e senso de justiça, que devem ser res-
peitados, considerados e valorizados.
Ao assistir o indivíduo, o prestador do cuidado deve
considerá-lo como um todo, com sua subjetividade e comple-
xidade, sendo membro de um grupo familiar e de uma comu-
nidade(13). Deve, ainda, identificar as mensagens enviadas
pelo cliente/paciente e reconhecer seus códigos, compre-
endê-los e atuar de maneira a satisfazer as necessidades de
atenção e de cuidado da clientela. Nesse processo de cui-
dar, não devem ser esquecidos o contexto de vida e os valo-
res que o cliente traz quando de sua internação. Saber iden-
tificar as diferenças culturais e individuais contribui para a
redução de desequilíbrios entre a assistência prestada e as
necessidades básicas da cliente/paciente.
Nesse sentido, o cuidado deve ser oferecido de maneira
holística, valorizando-se a pessoa que o recebe(14). Portan-
to, a parturiente deve ser considerada como um ser bio-
psico-sócio-espiritual, para a qual a assistência de enferma-
gem deve atender as necessidades. Dentre outras, devemos
destacar a promoção de sua adaptação ao ambiente
institucional e a interação harmônica com o contexto onde
recebe o cuidado – Centro de Parto Normal.
As necessidades humanas possuem diversos concei-
tos, porém nenhum deles é definitivo. Assim sendo, é possí-
vel estabelecer bases para futuras abordagens e reformu-
lações. Essas necessidades são universais e classificam-se
em nível psicobiológico, psicossocial e psicoespiritual, di-
ferenciando-se apenas no modo de satisfazê-las para cada
indivíduo. A assistência das necessidades humanas bási-
cas consiste em um trabalho de equipe, que visa ao
autocuidado, a recuperação, a manutenção e a promoção da
saúde em colaboração com outros profissionais(15).
Centro de parto normal e a assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente 277Machado NXS, Praça NS.
Rev Esc Enferm USP
2006; 40(2):274-9.
 www.ee.usp.br/reeusp/
Como se vê, há estreita relação entre a filosofia de assis-
tência que deve ser oferecida à mulher que vivencia o nasci-
mento e o parto, e o Centro de Parto Normal. Julgamos opor-
tuno, portanto, discorrer sobre a relação deste binômio -
Centro de Parto Normal - assistência centrada nas necessi-
dades da parturiente.
Discorrendo sobre assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente
Julgamos que o conceito de atenção obstétrica centrada
nas necessidades da cliente melhor dimensiona o conceito
de assistência humanizada, amplamente empregado, atual-
mente. Justificamos tal opção pelo seu caráter amplo que
envolve um conjunto de conhecimentos, de práticas e de
atitudes que visam não só a promoção do parto, mas tam-
bém um nascimento saudável e a prevenção da morbimor-
talidade materna e perinatal, com início no pré-natal e garan-
tia de que a equipe de saúde realiza procedimentos
comprovadamente benéficos, para a mulher e para o recém-
nascido, que evite as intervençõesdesnecessárias, que pre-
serve sua privacidade e autonomia, já que o nascimento é
um evento fisiológico e mobilizador, considerado um dos
fatos mais marcantes da vida(1).
Existem autores que acreditam que as
ações assistenciais para ser eficazes devem
considerar não só as atividades técnicas, mas
as expectativas da mulher.
Toda a equipe deve estar atenta no sentido de
oferecer-lhe apoio, atenção e respeito de
suas crenças e valores, seus medos, suas
necessidades(16).
Conforme dito anteriormente, os textos com abordagem
na assistência obstétrica prestada em Centros de Parto Nor-
mal reforçam o papel da humanização, porém, acreditamos
que substituir esta expressão por assistência centrada nas
necessidades da cliente mostrará a real abrangência da pro-
posta de atenção desse novo modelo de assistência ao par-
to e nascimento.
Consideramos, outrossim, que a assistência obstétrica
centrada nas necessidades da cliente caracteriza-se pelo
direito à autonomia da parturiente, em que a informação é
fator relevante, sendo a base principal para que tenha a li-
berdade de escolher ou recusar qualquer procedimento rela-
cionado com seu próprio corpo, e que esta escolha seja
pertinente e convergente ao seu bem-estar. Portanto, esta
informação deve ser inteligível, exata, concisa, adaptada ao
nível sociocultural e cognitivo de quem a recebe, para que o
indivíduo possa ser capaz de, conscientemente, escolher
qual a proposta para sua assistência que melhor se adapte,
conforme seus princípios morais e éticos. Se não houver
informação com qualidade, o direito de decidir adequada-
mente torna-se inexistente.
Vale esclarecer que, no Centro de Parto Normal,
campo desse estudo, a parturiente e seu acompanhante
são informados, constantemente, pela enfermeira obsté-
trica que os assiste, sobre a evolução do trabalho de par-
to e sobre eventuais mudanças de conduta para que pos-
sam colaborar durante todo o processo do trabalho de
parto ativo até o nascimento. À cliente em trabalho de
parto é permitido expressar seus sentimentos quanto aos
procedimentos com os quais não concorda, cabendo à
equipe, dentro de suas possibilidades, mudar a conduta
de modo que a parturiente sinta-se segura em relação à
assistência prestada.
Acreditamos também, que o empenho em manter o rela-
cionamento entre os próprios profissionais e clientes, cons-
titui-se parte da assistência obstétrica centrada nas neces-
sidades da cliente, em que o respeito e a dignidade se tor-
nem uma constante e sejam vistos como norma a ser pratica-
da naturalmente.
Vale acrescentar que ainda há maternidades que não ofe-
recem assistência obstétrica centrada nas necessidades da
cliente, pois não priorizam a individualidade, a cultura e os
costumes de cada mulher. Submetem-na, no
momento da internação, a rotinas pré-
estabelecidas pela organização, e na maioria
das vezes retiram-lhe o direito à privacidade.
Para evitar essa situação, a instituição deve
preocupar-se com as necessidades da clien-
te como princípio da assistência de enferma-
gem definido em sua filosofia, oferecendo-
lhe condições que, muitas vezes, são repre-
sentadas por recursos humanos qualificados,
 por materiais e equipamentos e pela apro-
 priada estrutura física do local(17).
Para essa visão ampliada da assistência obstétrica, cha-
mada de atenção humanizada, propomos sua substituição
pela expressão assistência obstétrica centrada nas neces-
sidades da cliente, considerada por nós de maior amplitude
e pertinente à implantação e implementação de Centros de
Parto Normal.
Demonstrando a assistência obstétrica centrada
nas necessidades da parturiente aplicada
em Centro de Parto Normal
Acreditamos ser oportuno citar que a assistência obsté-
trica centrada nas necessidades da parturiente é plenamen-
te desenvolvida no Centro de Parto Normal de Itapecerica
da Serra, SP, pois este segue os procedimentos definidos
pelo orgão gestor máximo do país para a atenção à mulher
durante o parto e o nascimento. Esta unidade, cujos partos
são atendidos por enfermeiras obstétricas, realizou 10.559
partos normais no período compreendido entre janeiro de
2000 e janeiro de 2003.
A assistência obstétrica
centrada nas
necessidades da cliente
caracteriza-se pelo
direito à autonomia da
parturiente
Rev Esc Enferm USP
2006; 40(2):274-9.
 www.ee.usp.br/reeusp/278
Centro de parto normal e a assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente
Machado NXS, Praça NS.
A seguir, destacamos os procedimentos adotados por
esta unidade de atenção ao parto normal, os quais reforçam
nossa certeza quanto à proposta de mudança de terminolo-
gia(18). No Centro de Parto Normal de Itapecerica da Serra, a
parturiente conta com dieta livre, tem direito a um acompa-
nhante de sua escolha, tem liberdade para movimentação
durante o trabalho de parto, é estimulada à adoção de méto-
dos não farmacológicos no alívio à dor - banho de aspersão
e de imersão para relaxamento, massagens na região
lombossacra, exercícios de respiração e de relaxamento, es-
tímulos a movimentos corpóreos, tais como abaixar, levantar
e balanço pélvico – o acompanhante é estimulado a partici-
par na realização de massagens relaxantes para alívio da dor,
são estimuladas as eliminações espontâneas (micção e eva-
cuação). É a parturiente quem autoriza a realização do exame
tocoginecológico, com respeito a sua privacidade. O profis-
sional deve considerar o desejo de independência da partu-
riente no início do trabalho de parto e sua dependência no
final deste, deve estimular a ingesta hídrica, realizar
monitoramento fetal pela ausculta intermitente, usar o
partograma, encorajar o parto em atmosfera favorável, per-
mitir interação entre mãe e filho, estimular o contato pele a
pele imediatamente após o nascimento, bem como o aleita-
mento precoce com estímulo à amamentação na primeira meia
hora após o nascimento, estimular o vínculo afetivo com a
secção do cordão umbilical pelo acompanhante, em condi-
ções estéreis, prevenir hipotermia do recém-nascido, favo-
recer a dequitação fisiológica com exame rotineiro da pla-
centa e de membranas ovulares, permitir que a família foto-
grafe o parto e o nascimento se desejar, autorizar alta preco-
ce pós-parto para mãe e filho, com retorno ambulatorial após
48 horas, para consulta de ambos. Ao acompanhante é per-
mitido o esclarecimento de dúvidas sobre condutas e proce-
dimentos, bem como o estímulo à participação em todos os
procedimentos durante o trabalho de parto e o parto.
Com esta relação de condutas recomendadas pelo Mi-
nistério da Saúde, e definidas no protocolo de atendimento
da unidade, acreditamos que conseguimos caracterizar a
amplitude da assistência obstétrica prestada à mulher em
Centros de Parto Normal, a qual, com base nos estudos an-
teriormente citados e em nossa experiência profissional, se-
ria melhor caracterizada como assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que mesmo comprovado por evidências, o
modelo assistencial empregado nos Centros de Parto Nor-
mal é gerador de resistências entre profissionais da área da
saúde que têm dificuldade em admitir que a assistência obs-
tétrica prestada nessa unidade é coerente com uma propos-
ta de atenção integral à mulher em trabalho de parto.
Acreditamos que, por tratar-se de unidade com proposta
inovadora, os Centros de Parto Normal em funcionamento,
atualmente, no país, constituem-se em ricas experiências
assistenciais e de ensino, tanto para os profissionais, quan-
to para os estudantes da área da saúde, mas em especial
para as mulheres neles atendidas, pois podem usufruir de
sua autonomia durante a atenção recebida. Cabe a nós, en-
fermeiras obstétricas que atuamos nessas unidades, divul-
garmos nosso trabalho, favorecendo, portanto, a troca de
experiências; assim, estaremos contribuindo para a dissemi-
nação da proposta deste modelo de assistência.
A dimensão dos fatores assistenciais, profissionais e
institucionais que regem a filosofiados Centros de Parto
Normal reforçam nossa proposta de substituição da expres-
são assistência humanizada para assistência obstétrica
centrada nas necessidades da parturiente.
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