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AULA 1 - O CONCEITO DE LOUCURA CONCEPÇÃO MÍTICA E CIENTIFICA

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ROTEIRO DE AULA
COCIUFFO, T. Encontro marcado com a loucura: ensinando e aprendendo psicopatologia. São Paulo: Luc Editora, 2012, Caps. I e II, pg. 27-44.
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Considerações sobre o campo da doença mental. O conceito de loucura: Concepção mítica e cientifíca.
A disciplina Psicopatologia faz parte do curriculum obrigatório dos graduandos do 4º ano do curso de psicologia da Universidade Paulista, composta de aulas teóricas e práticas, sendo estas ministradas em Hospitais Psiquiátricos.
O objetivo geral da disciplina é contribuir com desenvolvimento da competência técnica do estudante de psicologia proporcionando acesso as diversas concepções históricas, epistemológicas do adoecimento psíquico e das subsequentes formas de tratamento.
O que é Psicopatologia?
Área de conhecimento que se debruça ao estudo dos estados psíquicos relativos ao sofrimento mental. Oriunda de diversas concepções teóricas distintas, a Psicopatologia historicamente foi constituída pelas ciências biológicas e sociais, sendo área de interesse imprescindível delas. (Antropologia, Sociologia, Psiquiatria, Psicologia, entre outras).
Pode-se considerar a psicopatologia um campo de pesquisa principalmente de psicanalistas, psiquiatras e de psicólogos clínicos.
Significado e etimologia da palavra:
A palavra Psicopatologia é composta por três palavras Gregas:
Psychê: Psique, psiquismo, alma.
Phathos: Paixão, excesso, passagem, passividade, sofrimento.
Logos: Lógica, discurso, narrativa, conhecimento.
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Epistemologia da Loucura:
“Se entendermos a loucura como perda das capacidades racionais ou falência do controle voluntario sobre as paixões, uma história da Loucura deveria começar, praticamente, com a história da espécie humana”. (pág. 21)
 Isaias Pessotti
Registros históricos sobre a loucura
Visão mitológica e religiosa: Homero (700 a C) Grécia Antiga, considerado o primeiro e maior poeta épico da Grécia, como também, primeiro teórico a tratar acerca da loucura. 
Autor de Ilíada e Odisseia, suas obras descreveram a loucura como capricho dos Deuses, o insensato era atribuído ao Divino.
Os deuses homéricos, que viviam no Monte Olimpo, possuíam uma série de características antropomórficas. Na visão de Homero, os homens não passariam de bonecos à mercê dos deuses e teriam, por isso, seu destino conduzido pelas "moiras", o que criava uma aparência de estarem possuídos, ao qual os gregos chamaram "mania".
Após dois séculos das obras de Homero, encontramos nos textos trágicos descrições de diversas formas de loucura sob ótica psicológica da como produto de conflitos passionais do homem nas obras dos 3 maiores dramaturgos da Grécia Antiga:
Esquilo (525-456 a C) Sófocles (496-406 a C) e Eurípedes (485-407 a. C) descreveram em suas peças e textos trágicos diversas formas de loucura e termos utilizados até hoje pela ciência (delírio, mania, entre outros).
Loucura na visão organicista: Em torno de 600 a.C., os doentes passaram a ser avaliados através de uma visão organicista, cuja terapêutica utilizada estava voltada para o apoio e para o conforto. 
Platão (428/427 - 348/347 a.C.) filósofo e matemático do período clássico da Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos descreveu a loucura de modo dualista, acreditava que a matéria funcionava em harmonia com a alma, para ele havia a existência da alma racional localizada no cérebro e da alma irracional localizada no tórax, quando essas almas correm em percursos opostos, em má distribuição dos “humores” produz a loucura.
Hipócrates ( 460 a.C. † 370 a.C.) é considerado "pai da medicina". É referido como uma das grandes figuras do florescimento intelectual grego, Hipócrates era um asclepíade, isto é, membro de uma família que durante várias gerações praticara os cuidados em saúde. Para ele a doença da loucura era resultante de crises no sistema de humores. Defendeu a ideia de que o cérebro é a sede das emoções e pensamentos. Concebeu a histeria como doença de origem do sistema pélvico e propôs casamento precoce como tratamento, paradigma sustentado até a época de Pinel.
Galeno (131-200 d.C) foi um proeminente médico e filósofo romano de origem grega. Suas teorias dominaram e influenciaram a ciência médica ocidental por mais de um milênio. Seus relatos de anatomia médica eram baseados em macacos, visto que a dissecação humana não era permitida no seu tempo. Para ele a loucura era advinda de disfunções encefálicas, foi responsável pela constatação de 7 nervos cranianos, circulação sanguínea nas artérias e a diferenciação dos nervos sensórias e motores.
O modelo organicista que busca a causa da enfermidade no organismo, concepção ainda persistente na Psiquiatria biológica.
TEMPO DAS “TREVAS”
No período medieval, a loucura era atrelada a possessão diabólica, reeditando o modelo mítico-religioso.
A partir do Renascimento (sec. XV e XVI) a concepção cientifica da loucura desenvolveu/evoluiu gradativamente, mesmo influenciada e pressionada pelos preceitos religiosos da época. 
Franz Anton Mesmer (1734-1815), médico Alemão, contribuiu significante com a desmistificação diabólica dos transtornos mentais através da teoria do “magnetismo Animal” que era uma espécie de terapia através de barras metálicas e magnetizadas que proporcionavam bem-estar aos enfermos. A terapêutica proposta de Mesmer indicava o uso do magnetismo para melhor distribuição dos fluidos pelo corpo, obtendo assim, a cura.
Philippe Pinel (1745 - 1826) nasceu na França, filho e sobrinho de médicos foi considerado por muitos o pai da psiquiatria. Notabilizou-se perturbações mentais como enfermidades naturais dos seres humanos, ao contrário dos paradigmas da época. Foi o primeiro médico a tentar descrever e classificar algumas perturbações mentais, como exemplo: demência precoce ou esquizofrenia. Philippe foi precursor do Tratado de Pinel que indicava a psiquiatria como especialidade médica designada aos cuidados da loucura.
Jean-Étienne Dominique Esquirol (1772 -1840) psiquiatra francês, Entre vários outros notáveis trabalhos cunhou o termo "alucinação". Foi discípulo de Philippe Pinel, sucedendo seu mestre em 1811 como chefe do Hospital de Salpêtriére em Paris. Esquirol priorizou seus estudos aos aspectos comportamentais da loucura, contrariando o paradigma da época em que a loucura era apenas advinda de disfunções e alterações biológicas. 
Esquirol diferenciou a demência (doença mental) da amência (deficiência mental), nas palavras dele, o primeiro é louco, o segundo é idiota. 
Pierre Brigquet (1796-1881) concebeu os transtornos mentais atrelados a fatores de ordem social e material, tais como, condições de vida, de trabalho, de ciclo da natureza e pelos movimentos dos astros.
A partir da revolução de Pinel, publicado em 1801, emerge o confronto de duas tendências cientificas opostas: organicistas - a histeria como doença mental de natureza fisiológica ou de caráter hereditário. E, psicogênese acreditavam em afecções psíquicas, ou seja, uma “neurose”.
Influências do mesmerismo/magnetismo:
James Braid ( 1795 – 1860), médico-cirurgião escocês, foi um dos primeiros cientistas modernos a investigar o estado hipnótico a partir de sua indução. Em 1842 cunhou o termo "hipnotismo" para se referir ao procedimento de indução ao estado hipnótico. Essa escolha deveu-se a acreditar, na ocasião, tratar-se de uma espécie de "sono artificial", numa alusão a Hipnos, deus grego do sono. 
Em 1884 foi fundada a primeira escola de hipnotismo por Auguste Liébeault. Influenciado pelos magnetizadores , ele começa a induzir mulheres jovens ao sonambulismo provocado. Auguste sustentava a hipnose como “mera questão de sugestão”, portanto, quase todos deviam ser suscetíveis a ela. Já a escola de Salpetrière liderada por , Jean-Martin Charcot que definia a hipnose como doença artificialmente induzida que funcionava apenas em histéricas.
Emil Kraepelin(1856 — 1926) foi um psiquiatra alemão e é comumente citado como o criador da moderna psiquiatria e genética psiquiátrica. Kraepelin defendia que as doenças psiquiátricas são principalmente causadas por desordens genéticas e biológicas. Após demonstrar a inadequação dos métodos antigos, Kraeplin desenvolveu um novo sistema diagnóstico. Suas teorias psiquiátricas dominaram o campo da psiquiatria no início do século XX e a base dessas teorias continua sendo utilizada até os dias de hoje.
PSIQUIATRIA X PSICANÁLISE.
1895 Sigmund Freud e Josef Breuer publicam Estudos sobre a Histeria, o estudo de caso da paciente conhecida como Anna O. Até então, a histeria, principal diagnóstico dado às mulheres que apresentassem sintomas de desequilíbrio mental, era considerada doença exclusivamente feminina, de causa física e tratada com camisa de força, extirpação do útero e até masturbação forçada.
No final do século XIX, surge a Psicanálise. 
“Estamos chegando a uma teoria puramente psicológica da histeria, onde assinalamos o primeiro lugar para os processos afetivos”. (Freud- primeira lição de Psicanálise)
Após séculos de investigações, observações e teorias, as principais disciplinas designadas aos cuidados e estudo dos transtornos mentais são a psiquiatria e a psicologia.
PSIQUIATRIA
Reconhecida como ciência no século XIX, a Psiquiatria é a especialidade da Medicina que lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam elas de cunho orgânico ou funcional, com manifestações psicológicas severas. Os médicos especializados em psiquiatria são em geral designados por psiquiatras (até meados do século XX foi também comum a designação alienistas). 
Como ramo da medicina a psiquiatria no decorrer dos anos em todos lugares do globo defendendo o diagnóstico e tratamento de transtornos mentais tomando lugar de trabalhos e rituais míticos religiosos.
PSICOFARMACOLOGIA
Os antidepressivos foram descobertos acidentalmente no período da segunda guerra. A isoniazida, usada em tratamento da tuberculose (TB), mostrou-se eficazes também para o tratamento de depressão, pois provocava nos pacientes euforia e sensação de bem estar. Nesta mesma época constataram os benefícios dos tricíclicos: Amitriptilina, Clomipramina, Desipramina ,Imipramina, Nortriptilina e Doxepina.
Em 1958, Mogens Schou, analisou as propriedades antimaníacas do lítio, que atua de modo oposto aos antidepressivo, no tratamento de transtorno bipolar. 
Gradativamente e com avanços tecnológicos pôs segunda guerra, agregasse descoberta de outro ansiolítico caracterizados por benzodiazepínicos.
PSICANÁLISE
Percebemos que ao longo da história da loucura, houve diversas formas de compreensão acerca do fenômeno. Percebe-se a multi-fatoriedade das causas do sofrimento psíquico, o transtorno, não surge apenas como disfunção orgânica, há conflitos de excessos de paixões inconscientes ambivalentes que interagem com a consciência/realidade e produzem conflito/sofrimento emocional. Os psicanalistas defendem a cura através da análise do inconsciente em um processo de integração dos desejos e repressões.
A Psicanálise surgiu através dos ensaios sobre a Histeria (1893{1895}) produzidos por Freud e Breuer. Os ensaios apontam remissões de sintomas de histéricas conversivas através do método catártico de Breuer, um avanço em relação ao método hipnótico de Charcot. Freud renova a técnica psicanalítica através do método de associação livre e conceitos de transferência, atenção flutuante, repressão entre tantos outros.
A cura através da fala livre!
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