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F R E N T E 1 19 Para remover os resíduos de polímero das peças, o funcionário dispunha de apenas dois solventes: água e n-hexano. O funcionário analisou as fórmulas estruturais dos três polímeros e procurou fazer a cor- respondência entre cada polímero e o solvente mais adequado para solubilizá-lo. A alternativa que repre- senta corretamente essa correspondência é: Polímero I Polímero II Polímero III A água n-hexano água b n-hexano água n-hexano C n-hexano água água d água água n-hexano e água n-hexano n-hexano 18 Unioeste 2012 Um dos grandes problemas de poluição mundial é o descarte de detergentes não biodegradá- veis nos rios, lagos e mananciais. Os detergentes não biodegradáveis formam densas espumas que impedem a entrada de gás oxigênio na água e com isso afeta a vida das espécies aeróbicas aquáticas. Para resolver ou amenizar este problema surgiu o detergente biodegra- dável, a qual sua estrutura pode ser observada abaixo: SO 3 –Na+ Com relação aos detergentes biodegradáveis, pode- -se armar que A sua cadeia carbônica saturada apresenta somente uma ramificação. b sua estrutura apresenta uma porção polar e uma apolar. C o anel aromático é monossubstituído. d a parte apolar apresenta uma cadeia insaturada. e a porção sulfônica apresenta ligação metálica. 19 PUC-Minas A maionese é uma emulsão formada en- tre óleo (azeite, por exemplo) e água (proveniente do ovo). Como água e óleo não se misturam, é neces- sária a presença de um agente tensoativo, que pode ser representado pelas lecitinas, fosfolipídeos que po- dem possuir a estrutura exemplificada a seguir e que são encontrados na gema do ovo. O O CH 2 CH 3 N + CH 3 CH 3 H 2 C O O O O CH P O – Parte B Parte A O Sobre as lecitinas e seu papel na formação da maio- nese, é incorreto armar que: A as lecitinas apresentam uma porção hidrofílica (po- lar) representada por A e uma porção hidrofóbica (apolar) representada por B. b as lecitinas diminuem a tensão superficial entre a água e o óleo. C na formação da maionese, a parte A das lecitinas deve ficar voltada para as gotas de óleo e a parte B, para as gotas de água. d as lecitinas na maionese apresentam o mesmo papel que os detergentes na remoção de gor- duras. 20 Enem 2013 As fraldas descartáveis que contêm o po- límero poliacrilato de sódio (1) são mais eficientes na retenção de água que as fraldas de pano convencio- nais, constituídas de fibras de celulose (2). O–Na+ O HO OH OH O n n O (1) (2) CURI, D. Química nova na escola, São Paulo, n. 23, maio 2006. (Adapt.) A maior eciência dessas fraldas descartáveis, em re- lação às de pano, deve-se às A interações dipolo-dipolo mais fortes entre o poliacrilato e a água, em relação às ligações de hi- drogênio entre a celulose e as moléculas de água. b interações íon-íon mais fortes entre o poliacrilato e as moléculas de água, em relação às ligações de hidrogênio entre a celulose e as moléculas de água. C ligações de hidrogênio mais fortes entre o po- liacrilato e a água, em relação às interações íon-dipolo entre a celulose e as moléculas de água. d ligações de hidrogênio mais fortes entre o po- liacrilato e as moléculas de água, em relação às interações dipolo induzido-dipolo induzido entre a celulose e as moléculas de água. e interações íon-dipolo mais fortes entre o polia- crilato e as moléculas de água, em relação às ligações de hidrogênio entre a celulose e as mo- léculas de água. QUÍMICA Capítulo 4 Propriedades físicas das substâncias20 eTexto complementar Propriedades dos líquidos As forças intermoleculares evidenciam algumas características e pro- priedades dos líquidos. Vamos analisar dois fenômenos associados aos líquidos em geral: a tensão superficial e a viscosidade. Discutiremos também as estruturas e propriedades da água. Tensão superficial As moléculas do interior de um líquido são puxadas em todas as direções pelas forças intermoleculares; não há tendência de elas serem puxadas em direção preferencial. Contudo, as moléculas situadas na superfície são puxadas para dentro do líquido e para os lados por outras moléculas, mas não para fora (figura a seguir). Forças intermoleculares agindo em uma molécula situada na camada superficial de um líquido e no interior do líquido. A tensão superficial permite que alguns insetos “andem” sobre a água. Estas atrações intermoleculares tendem a puxar as moléculas para dentro do líquido e levam a superfície a comportar-se como um filme elástico. Uma vez que as atrações entre as moléculas polares da água e as moléculas apolares da cera na superfície de um automóvel encerado são pequenas ou nulas, uma gota de água toma a forma de uma gotícula redonda, já que essa forma esférica minimiza a área superficial de um líquido. A superfície envernizada de uma maçã úmida também produz esse efeito (figura a seguir). Gotas de água em uma maçã com a superfície encerada. Uma medida da força elástica que existe na superfície de um líquido é a tensão superficial. Atensão superficial de um líquido é a quantidade de energia necessária para esticar ou aumentar a área dessa superfície em uma unidade (por exemplo, em 1 cm2). Os líquidos que têm forças © A n d re y P ro k u ro n o v | D re a m s ti m e .c o m © J e s ú s a ri a s | D re a m s ti m e .c o m intermoleculares intensas têm também elevadas tensões superficiais. As- sim, a água, devido às ligações de hidrogênio, tem uma tensão superficial consideravelmente mais elevada do que a maioria dos líquidos comuns. Outro exemplo de existência de tensão superficial é a ação capilar. A próxima figura (a) mostra a água subindo espontaneamente em um tubo capilar. Um fino filme de água adere à parede do tubo de vidro. A tensão superficial da água provoca a contração do filme, que, por sua vez, faz a água subir no tubo. Há dois tipos de forças responsáveis pela ação capilar. Uma é a coesão, a atração intermolecular entre moléculas semelhantes (nesse caso, as moléculas de água). A outra, chamada de adesão, é a atração entre moléculas diferentes, como as da água e as das paredes do vidro. Se a adesão for mais forte que a coesão, como na figura (a), o líquido contido no tubo é puxado para cima ao longo do tubo. Oprocesso continua até que a força de adesão seja equilibrada pelo peso da água no tubo. Esse comportamento está longe de ser universal para todos os líquidos, como se vê na figura (b). No mercúrio, a coesão é maior do que a adesão entre o mercúrio e o vidro, de modo que, quando se mergulha um tubo capilar em mercúrio, o resultado é uma descida no nível do mercúrio – ou seja, a altura do líquido no tubo capilar está abaixo do nível exterior do mercúrio no recipiente. (a) (b) (a) Quando a adesão é maior do que a coesão, o líquido (por exemplo, a água) sobe no tubo capilar. (b) Quando a coesão é maior do que a adesão, como acontece com o mercúrio, surge uma depressão do líquido no tubo capilar. Note que o menisco no tubo com água é côncavo ou arredondado para baixo, enquanto no tubo de mercúrio é convexo ou arredondado para cima. Viscosidade A veracidade da expressão “lento como melaço em junho” deve-se a outra propriedade física dos líquidos chamada viscosidade. Aviscosida- de é uma medida da resistência que um fluido oferece ao escoamento. Quanto maior a viscosidade, mais lentamente flui o líquido. A viscosidade de um líquido normalmente diminui à medida que a temperatura aumen- ta; por isso, o melaço quente flui mais depressa do que o melaço frio. Os líquidos que têm grandes forças intermoleculares têm também vis- cosidades mais altas do que os que têm forças intermoleculares mais fracas (tabela a seguir). A água tem uma viscosidade superior a de muitos outros líquidos por causa de sua capacidade de formar ligações de hidro- gênio. É interessante notar que o glicerol é o líquido da tabela a seguir com maior valor de viscosidade. A estrutura do glicerol é a seguinte: CH CH 2 OH OH CH 2 OH Tal como a água, o glicerol pode formar ligações de hidrogênio. Cadamolécula de glicerol tem três grupos –OH que podem participar de ligações de hidrogênio com outras moléculas de glicerol. Além disso, estas moléculas, devido à sua forma, têm grande tendência a se entrelaçar em vez de escorregar umas sobre as outras, como acon- tece com as moléculas de líquidos menos viscosos. Essas interações contribuem para a elevada viscosidade do glicerol. F R E N T E 1 21 Líquido Viscosidade (N s/m 2 ) Fig. 13 Viscosidade de alguns líquidos comuns a 20 °C Estrutura e propriedades da água A água é uma substância tão comum na Terra que muitas vezes não percebemos sua natureza única. Todos os processos vitais envolvem água. A água é um excelente solvente para muitos compostos iônicos, assim como para outras substâncias capazes de formar com ela ligações de hidrogênio. A água tem um calor específico elevado. A razão disso é que a elevação da temperatura da água (isto é, o aumento da energia cinética média das moléculas da água) implica primeiramente a quebra de muitas ligações de hidrogênio intermoleculares existentes. Então, a água pode absorver uma quantidade substancial de calor enquanto a sua temperatura sofre apenas um ligeiro aumento. O contrário também é verdadeiro: a água pode liberar muito calor enquanto a sua temperatura diminui ligeiramen- te. Por essa razão, as enormes quantidades de água presentes nos lagos e ocea nos podem efetivamente moderar o clima das regiões adjacentes, absorvendo calor no verão e liberando calor no inverno, sem haver, no entanto, grandes variações na temperatura da água. A propriedade mais surpreendente da água é o fato de a sua forma sólida ser menos densa do que a líquida: o gelo flutua na superfície da água líquida. A densidade de quase todas as outras substâncias é maior no estado sólido do que no estado líquido (figura a seguir). Esquerda: o benzeno sólido afunda no benzeno líquido. Direita: cubos de gelo flutuando na água. Para compreender por que a água é diferente, temos que observar a estrutura eletrônica da molécula de H2O. No átomo de oxigênio há dois pares de elétrons não ligantes, ou dois pares isolados: H H O Embora muitos outros compostos possam formar ligações de hidrogênio intermoleculares, a diferença entre H2O e outras moléculas polares, como NH3 e HF, é que cada átomo de oxigênio pode formar duas liga- ções de hidrogênio, ou seja, um número igual ao número de pares de elétrons isolados. Assim, as moléculas de água ficam ligadas, forman- do uma rede tridimensional extensa na qual cada átomo de oxigênio está ligado a quatro átomos de hidrogênio por duas ligações cova- lentes e por duas ligações de hidrogênio, adotando uma geometria C h a rl e s D W in te rs /S c ie n c e S o u rc e /F o to a re n a aproximadamente tetraédrica. Esta igualdade entre o número de átomos de hidrogênio e o número de pares isolados não se verifica nem em NH3 ou HF, nem em alguma outra molécula capaz de formar ligações de hidrogênio. Como consequência, estas moléculas podem formar anéis ou cadeias, mas não estruturas tridimensionais. A estrutura tridimensional altamente ordenada do gelo (figura a seguir) impede as moléculas de se aproximarem demasiado umas das outras. = O = H Estrutura tridimensional do gelo. Cada átomo de O está ligado a quatro átomos de H. As ligações covalentes estão representadas por traços curtos contínuos e as ligações de hidrogênio, mais fracas, por linhas pontilhadas mais compridas entre O e H. O espaço vazio na estrutura é responsável pela baixa densidade do gelo. Analisemos o que acontece quando o gelo funde. No ponto de fusão, algumas moléculas de água têm energia cinética suficiente para se libertarem das ligações de hidrogênio. Estas moléculas ficam presas nas cavidades da estrutura tridimensional que se quebra, dividindo-se em pequenos agregados. Como resultado deste processo, há mais mo- léculas por unidade de volume na água líquida do que no gelo. Então, uma vez que a densidade = massa/volume, a densidade da água líquida é maior que a do gelo. Com mais aquecimento, aumenta o número de moléculas que se libertam das ligações de hidrogênio, de modo que, imediatamente acima do ponto de fusão, a densidade da água aumenta com a elevação da temperatura. Claro que, ao mesmo tempo, a água ex- pande ao ser aquecida e a sua densidade diminui. Esses dois processos – o aprisionamento das moléculas de água em cavidades e a expansão térmica – atuam em sentidos opostos. De 0 a 4° C, o aprisionamento prevalece, e a água torna-se progressivamente mais densa. Acima de 4 °C, contudo, a expansão térmica predomina, e a densidade da água diminui à medida que a temperatura aumenta (figura ao lado). D e n s id a d e ( g /m L ) 1,00 0,99 0,98 0,97 –20 0 20 Temperatura (°C) 40 60 80 Densidade em função da temperatura para a água líquida. A densidade máxima da água é atingida a 4 °C. A densidade do gelo a 0 °C é cerca de 0,92g/cm 3 . CHANG, Raymond; GOLDSBY, Kenneth A. Química. 11. ed. Porto Alegre: AMGH, 2013. p. 475-8.