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QUÍMICA Capítulo 7 Propriedades coligativas94 Já os de água salgada, se colocados em água doce, absorveriam água em excesso, e morreriam. Agora, vamos calcular a pressão osmótica no exemplo a seguir. Exercício resolvido 5 Adicionam-se 90 g de glicose a um copo de béquer em água suficiente para 50 mL de solução. Qual o va- lor da pressão osmótica dessa solução? Dados: C = 12; H = 1; O = 16; Tamb = 27 ºC. Resolução: Calculamos a molaridade da solução. = ⋅ ⇒ = ⋅ ⇒ =M M M m M V 90 180 0,05 10 mol/L1 1 (L) Pela equação da pressão osmótica, temos: p =MRT⇒ p = 10 ⋅ 0,082 ⋅ 300⇒ p = 246 atm Fator de Van’t Hoff Como vimos no primeiro item deste capítulo, uma propriedade é chamada de coligativa quando depende exclusivamente do número de partículas de soluto dissol- vidas em um dado solvente. Isso significa que a natureza dessas partículas não interfere nas propriedades. Porém, analisamos também que, quando o soluto é iônico, pode sofrer dissociação e multiplicar o número de partículas, mul- tiplicando, portanto, a intensidade do efeito coligativo. No caso dos ácidos, ocorre o processo de ionização, que tam- bém multiplica o número de partículas dissolvidas. Apesar de os ácidos serem compostos covalentes, a adição deles à água também multiplica os efeitos coligativos. Portanto, para solutos iônicos, quando se encontram em solução, ou soluções aquosas de ácidos, a Lei de Raoult pre- cisa ser corrigida. Esse fator que corrige a Lei de Raoult nesses casos chamamos fator de Van’t Hoff, que pode ser deduzido como mostrado a seguir. y Consideremos a adição de HCl em água, como equa- cionada abaixo: HC H C H O 2 → + + − (aq) (aq) Como podemos perceber, de cada partícula de HCl, são geradas duas outras. O número de partículas geradas por um soluto, quando adicionadas ao solvente, será repre- sentado pela letra q. Para esse caso, q = 2. De forma mais direta, pode-se calcular outros q’s: Na SO Na SO q Pb PO Pb H O H O 2 4 4 2 3 4 4 2 2 2 3 3 → + = → − (aq) (aq) + ( ) ( ) 44 4 3 2 3 3 3 2 4 7 2 32 + − − + = → + (aq) (aq) (aq 3 PO q A SO A SO H O ( ) ( ) + )) (aq) (aq) 2 ( ) ( ) ( ) q Ca BO Ca BO q H O = → + = − 5 3 2 53 3 2 3 32 + Todavia, foi considerado em todos os casos anterio res que a dissociação (ou ionização) seria total, ou seja, a = 100% ou a = 1. Mas, na realidade, as dissociações (ou ionizações) podem não ser totais. Nesses casos, precisa mos montar tabelas similares àquelas usadas no cálculo do Kc em equilíbrios químicos. Para saber mais sobre essas tabelas, leia o capítulo 5 da frente 3, no livro 2. Vejamos o primeiro exemplo: Na2SO4 a = 60% 2 Na + (aq) + SO4 2– (aq) Início: Reação: Final: Partindo-se sempre de 1 partícula reagente e sabendo que não existem produtos no início (t = 0), a tabela pode começar a ser preenchida. Na2SO4 a = 60% 2 Na + (aq) SO4 2– (aq) Início: 1 0 0 Reação: Final: Na linha da reação, sabemos que a é a quantidade de reagente que irá ser consumida, devendo ser subtraída no cálculo da linha final Ainda na linha da reação, as quan tidades dos produtos devem ser calculadas a partir das proporções entre os coeficientes estequiométricos e da quantidade consumida de reagente. Veja: Na2SO4 a = 60% 2 Na + (aq) + SO4 2– (aq) Início: 1 0 0 Reação: –0,6 +1,2 +0,6 Final: Para o cálculo das quantidades finais das partículas, devemos subtrair o reagente consumido e somar os pro- dutos formados. Com isso: Na2SO4 a 60% 2 Na + (aq) + SO4 2– (aq) Início: 1 0 0 Reação: –0,6 +1,2 +0,6 Final: 0,4 1,2 0,6 Portanto, de 1 partícula Na2SO4 obtemos um total de 2,2 partículas. Com isso, o efeito coligativo é 2,2 vezes maior do que para uma mesma quantidade de um soluto molecular, e o efeito deve ser corrigido, multiplicando-o por 2,2. Esse número é o fator de Van’t Hoff (i). De uma maneira mais direta, podemos analisar mais ca- sos, como os mostrados a seguir. Pb3(PO4)4 a = 70% 3 Pb 4+ (aq) + 4 PO 3– 4 (aq) Início: 1 0 0 Reação: –0,7 +2,1 +2,8 Final: 0,3 2,1 2,8 Nesse caso, i = 5,2 F R E N T E 2 95 Al2(SO3)3 a = 80% 2 Al 3+ (aq) + 3 SO3 2– (aq) Início: 1 0 0 Reação: –0,8 +1,6 +2,4 Final: 0,2 1,6 2,4 i = 4,2 Ca3(BO3)2 a = 90% 3 Ca 2+ (aq) + 2 BO3 3– (aq) Início: 1 0 0 Reação: –0,9 +2,7 +1,8 Final: 0,1 2,7 1,8 i = 4,6 Também podemos deduzir uma fórmula que calcula o fator i para o caso geral. Vamos a ela: CxAy a xC y+ (aq) + yAx–(aq) Início: 1 0 0 Reação: –a +ax +ay Final: 1 – a ax ay Porém x + y = q. Portanto: i = 1 + a (q 1) Para facilitar o cálculo do fator de correção, você pode usar a relação deduzida de forma direta, o que poupará tempo em relação à construção da tabela. Como o fator i corrige o efeito coligativo, teremos: ∆ ∆P P X i P P K W i tonometria o o T≅ ⋅ ≅ ⋅ ⋅1 ou ( ) DTe = Ke ⋅ W ⋅ i (ebuliometria) DTc = Kc ⋅ W ⋅ i (criometria) p =M ⋅ R ⋅ T ⋅ i (osmometria) Quando o soluto é molecular, i = 1. 1 Unesp O soro glicosado é uma solução aquosa con- tendo 5% em massa de glicose (C6H12O6) e isotônica em relação ao sangue, apresentando densidade apro- ximadamente igual a 1 g ∙mL 1. a) Sabendo que um paciente precisa receber 80 g de glicose por dia, que volume desse soro deve ser ministrado diariamente a este paciente? b) O que aconteceria com as células do sangue do paciente caso a solução injetada fosse hi- potônica? Justifique sua resposta, utilizando as propriedades coligativas das soluções. 2 UFC O gráfico a seguir (fig. 1) apresenta os pontos de ebulição em função da massa molar para as molécu- las do tipo H2X, onde X é um elemento do grupo 16 da tabela periódica. –100 0 0 50 100 150 100 Fig. 1 Fig. 2 H 2 O H 2 S H 2 Se H 2 Te T e m p e ra tu ra ( °C ) Massa molar (g/mol) 0 50 100 150 P re s s ã o d o v a p o r Massa molar (g/mol) a) Defina, em função da pressão de vapor, a tempe- ratura de ebulição. b) Desenhe um gráfico, apresentando o perfil da pressão de vapor em função da massa molar para esses hidretos. Revisando QUÍMICA Capítulo 7 Propriedades coligativas96 3 UFRJ Água potável pode ser obtida pelo bom- beamento de água do mar contra uma membrana semipermeável que permite somente a passagem de parte da água, de acordo com o diagrama a seguir. Por esse processo, obtém-se uma corrente de água pura e outra de rejeito, concentrada em sal. Água do mar M em br an a 1 3 Água pura Água de rejeito 2 Disponha as correntes aquosas 1, 2 e 3, em ordem crescente de temperaturas de congelamento, à pres- são atmosférica. Justique sua resposta. 4 UFG O diagrama de fases da água é representado a seguir. 0,01 760 P/mmHg 4,6 100 T/°C As diferentes condições ambientais de tempera- tura e pressão de duas cidades, A e B, inuenciam nas propriedades físicas da água. Essas cidades es- tão situadas ao nível do mar e a 2.400 m de altitude, respectivamente. Sabe-se também que, a cada au- mento de 12 m na altitude, há uma mudança média de 1 mmHg na pressão atmosférica. Sendo a temperatura em A de –5 °C e em B de –35 °C, responda: a) Em qual das duas cidades é mais fácil liquefazer a água por compressão? Justifique. b) Quais são as mudanças esperadas nos pontos de fusão e ebulição da água na cidade B com rela- ção aA. 5 Unifesp Os polímeros fazem parte do nosso coti- diano e suas propriedades, como temperatura de fusão, massa molar, densidade, reatividade química, entre outras, devem ser consideradas na fabricação e aplicação de seus produtos. São apresentadas as equações das reações de obtenção dos polímeros polietileno e náilon-66. n CH 2 Etileno Diamina Diácido Polietileno Náilon-66 CH 2 ( CH 2 ) n (CH 2 ) 6 CH 2 H N H N H NH... ...NH OC CO + H HOOC COOH+ (CH 2 ) 6 (CH 2 ) 4 H 2 O (CH 2 ) 4 a) Quanto ao tipo de reação de polimerização, como são classificados os polímeros polietileno e náilon-66? b) A medida experimental da massa molar de um po límero pode ser feita por osmometria, técnica que envolve a determinação da pressão osmótica (p) de uma solução com uma massa conhecida de so luto. Determine a massa molar de uma amostra de 3,20 g de polietileno (PE) dissolvida num solvente adequado, que em 100 mL de solução apresenta pressão osmótica de 1,64 ∙ 10–2 atm a 27 °C. Dados: p = iRTM, onde i (fator de n = Van't Hoff) = 1; R = 0,082 atm∙L∙K–1∙mol–1; T = temperatura Kelvin; M = concentração em mol∙L–1. 6 Unesp O nível de glicose no sangue de um indivíduo sadio varia entre 0,06 e 0,11% em massa. Em indivíduos diabéticos, a passagem da glicose para o interior da célula, através de sua membrana, é dificultada, e o nível de glicose em seu exterior aumenta, podendo atingir valores acima de 0,16%. Uma das consequên cias desta disfunção é o aumento do volume de urina excretada pelo paciente. Identifique o fenômeno físi co-químico associado a esse fato e explique por que ocorre o aumento do volume de urina.
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