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O mercado brasileiro de fitoterápicos

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O mercado brasileiro de fitoterápicos 
Na última aula, vimos que duas importantes políticas foram implantadas no Brasil 
em 2006, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS 
e a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Ambas apresentam 
em suas diretrizes incentivos à pesquisa e ao desenvolvimento de fitoterápicos, 
visando à oferta de produtos seguros, eficazes e de qualidade à população. 
Atualmente, o Brasil conta com cerca de 500 medicamentos fitoterápicos 
registrados na Anvisa e, apesar da enorme biodiversidade brasileira, que detém 
cerca de 20% da flora mundial catalogada, a maioria deles é produzida a partir 
de espécies vegetais exóticas. 
______ 
💭 Reflita 
Mesmo não possuindo uma biodiversidade vegetal tão significativa como a do 
Brasil, a Alemanha é detentora do maior mercado de fitoterápicos do mundo, 
enquanto o mercado brasileiro deixa de gerar bilhões de dólares por ano pelo 
não aproveitamento de sua flora na produção de medicamentos. Pensando 
nisso, podemos dizer que a biodiversidade vegetal brasileira, por si só, 
representa a possibilidade de obtenção de fitoterápicos? Que tipos de 
investimentos precisamos para a obtenção de mais fitoterápicos a partir da nossa 
biodiversidade? 
______ 
O mercado brasileiro de fitoterápicos, no entanto, vem mudando aos poucos e é 
cada vez mais notável a presença de iniciativas em pesquisa e desenvolvimento 
com plantas nativas. 
______ 
📝 Exemplificando 
Como exemplos de fitoterápicos pioneiros no mercado brasileiro, baseados em 
espécies nativas, podemos citar o Acheflan®, um antiinflamatório produzido a 
partir da erva-baleeira (Cordia verbenaceae) e o Giamebil®, utilizado no 
tratamento de parasitoses intestinais e produzido a partir da hortelã-pimenta 
(Mentha crispa). Ambos foram desenvolvidos no Brasil por meio da parceria 
entre laboratórios e universidades. 
______ 
 
Dessa forma, a produção de fitoterápicos requer estudos prévios relacionados a 
aspectos botânicos, agronômicos, fitoquímicos, farmacológicos e toxicológicos, 
e ainda, ao desenvolvimento de metodologias analíticas e tecnológicas. 
A essas pesquisas, que têm como principal objetivo determinar a segurança e a 
eficácia de plantas medicinais, damos o nome de estudos de validação. O 
desenvolvimento de fitoterápicos, portanto, constitui um processo multidisciplinar 
e envolve várias etapas de pesquisa e também de controle de qualidade, as 
quais serão abordadas mais à frente. 
A primeira etapa dos estudos de validação consiste na seleção da planta a ser 
estudada, que é normalmente realizada por meio da abordagem 
etnofarmacológica. A seleção etnofarmacológica de plantas para pesquisa e 
desenvolvimento é baseada no conhecimento tradicional, ou seja, nas 
informações sobre efeitos terapêuticos dos vegetais adquiridas de usuários da 
flora medicinal, como em comunidades e populações tradicionais. 
Assim, o conhecimento tradicional constitui uma pré-triagem quanto às ações 
farmacológicas das plantas, aumentando a probabilidade de descoberta de 
novas substâncias bioativas. Na segunda etapa, é realizada a coleta da planta, 
seguida pelo preparo de exsicatas, identificação botânica e registro em um 
museu ou herbário. 
A coleta deve ser realizada no período ou, estação do ano indicado para cada 
espécie, correspondente àquele em que a planta apresenta maior teor de 
substâncias ativas. O vegetal deve, então, ser encaminhado aos estudos 
botânicos, que têm como objetivo o estabelecimento de características botânicas 
que permitam a identificação inequívoca da espécie durante o controle de 
qualidade da matéria-prima vegetal, inclusive a detecção de espécies 
adulterantes. 
Em seguida, são realizados os estudos agronômicos, que visam à otimização da 
produção da biomassa e dos constituintes ativos e, ao mesmo tempo, à 
preservação da espécie e da biodiversidade. 
Para isso, são realizados estudos edafoclimáticos, de micropropagação, 
densidade de plantio, interações ecológicas e melhoramento genético, sendo 
também investigados os aspectos sanitários de manejo e beneficiamento da 
espécie. 
A coleta interrompe os processos naturais de autoconservação da planta e, 
portanto, é necessário que se proceda à estabilização para evitar a deterioração 
das substâncias ativas do vegetal. 
É importante ressaltar que, antes de iniciar os processos de estabilização, as 
plantas devem ser limpas e tratadas de modo a excluir materiais indesejáveis 
que estejam junto ao material vegetal coletado. A estabilização visa à inativação 
da atividade enzimática e pode ser realizada por meio de aquecimento, 
irradiação ou emprego de solventes. 
Em alguns casos, a etapa da estabilização é essencial, pois a inativação de 
enzimas não ocorreria de forma adequada se a planta fosse submetida apenas 
à secagem. A etapa de secagem tem como objetivo reduzir a umidade e impedir 
a proliferação microbiana. 
Pode ser realizada de modo natural (à sombra, ao sol ou mista) ou artificial 
(aquecimento, circulação de ar, aquecimento com circulação de ar, esfriamento, 
vácuo, entre outros). E após o processo de secagem, a matéria-prima vegetal, 
agora denominada droga vegetal, passa por processos farmacotécnicos de 
transformação que permitem a obtenção de formas farmacêuticas 
intermediárias, as quais, em uma próxima etapa, serão utilizadas no preparo de 
formas farmacêuticas destinadas à dispensação aos usuários. 
	O mercado brasileiro de fitoterápicos

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