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Agentes Biológicos e o Ambiente Ocupacional Introdução Uma parte central da Biossegurança é o estudo dos agentes biológicos que são basicamente os microrganismos e/ou os produtos do seu metabolismo ou ainda, substâncias liberadas por seres vivos que podem causar danos aos organismos humanos. Assim é fundamental compreender as suas características e como estão relacionados com as normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho. Objetivos da Aula Nesta aula serão abordadas as características dos agentes biológicos e como eles são tratados pelas normas NR09 – Riscos ambientais e NR32 – Saúde e Segurança no Trabalho em Serviços de Saúde. Resumo Agentes biológicos são basicamente os microrganismos e/ou os produtos do seu metabolismo ou ainda, substâncias liberadas por seres vivos que podem causar danos aos organismos humanos. O risco biológico é definido em duas normas regulamentadoras do Ministério do trabalho: A NR09 – Riscos ambientais: define que os agentes biológicos são os capazes de causar danos à saúde dos trabalhadores, em função da sua natureza, concentração, intensidade e tempo de exposição. A NR32 – Saúde e Segurança no Trabalho em Serviços de Saúde: define que risco biológico é a probabilidade da exposição no ambiente de trabalho aos agentes biológicos. Os principais agentes biológicos são: a) as bactérias, fungos, protozoários, riquétsias, clamídias e parasitas, além dos vermes e artrópodes (ácaros, pulgas e piolhos); b) microrganismos geneticamente modificados ou culturas de células de organismos multicelulares e c) substâncias ou produtos de origem biológica como toxinas, enzimas, príons etc. Os danos causados pelos agentes biológicos vão desde infecções de origem micro bacteriana; às parasitoses (causadas pelos esquistossomos ou tripanossomos); intoxicação (causadas pela toxina botulínica e venenos de cobras); alergias (causadas por pólen fungos e fezes de ácaros); doenças autoimunes (como as causadas pelos estreptococo do grupo A; carcinogênicos (como HPV e Hepatites B e C) e os Teratogênicos (como a rubéola). Esses agentes podem causar desde sintomas não muito específicos, mudanças biológicas, enfermidades mais graves ou mesmo a morte dos indivíduos. Esses dados dependem de inúmeras variáveis que dependem do agente biológico e da própria resistência do organismo do indivíduo. São várias as possíveis origens desses agentes e a figura 1 apresenta uma sumarização dos agentes e suas fontes comuns Figura 1: Fonte dos Agentes Biológicos | Fonte: Autor São vários os critérios para avaliação do risco dos agentes biológicos: sua virulência; o modo de transmissão; a estabilidade; a concentração e volume; a origem do agente; a disponibilidade de medidas profiláticas e de tratamento; a dose infectante; a manipulação e a forma de eliminação do agente patogênico e; os diversos fatores inerentes ao próprio trabalhador. A avaliação do risco dos agentes biológicos depende da análise do risco individual, do risco à comunidade e da profilaxia ou tratamento existente. A figura 2 apresenta e sumariza as quatro classes do risco biológico em função desses fatores. Figura 2: Classes do Risco Biológico | Fonte: Autor No tocante à transmissão, uma das formas importantes de controle dos agentes biológicos é através do monitoramento do ar. Para isso é necessário a utilização de medidas de verificação dos bioaerossóis no ambiente de trabalho e para isso é necessário: controle da exposição geral nos ambientes; verificação do valor e tempo de concentração; comparação dos ambientes externos e internos e; verificação das condições de trabalho. A forma de se fazer esse controle é através do uso de amostradores de ar ou o cultivo de microrganismos em placas de Petri após a coleta de amostras no ambiente de trabalho. Os agentes biológicos são tratados na NR15 – Atividades e Operações Insalubres (disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-15-nr-15), que estabelece as condições para definição da insalubridade dos trabalhadores em seu anexo XIV. Basicamente o grau máximo de insalubridade é dados quando o trabalho é realizado em contato permanente com: · Pacientes com doenças infectocontagiosas em isolamento, além de objetos de seu uso não esterilizados; · Carnes e demais produtos derivados dos corpos humanos e de animais e principalmente de dejetos de portadores de doenças infectocontagiosas. · esgotos (galerias e tanques). · lixo urbano (coleta e industrialização). Já a insalubridade em nível médio é concedido com os trabalhos realizados em contato permanente com pacientes, animais ou com material infecto-contagiante, em: · Hospitais e correlatos para humanos e animais. · Laboratórios de análise clínica e Histopatologia · Gabinetes de autópsias, de anatomia e histoanatomopatologia. · Cemitérios (exumação de corpos). · Estábulos e cavalariças. · Resíduos de animais deteriorados. As principais medidas de controle para os agentes biológicos são: a) mudanças na estrutura física dos locais; troca de equipamentos que possam causar o contato direto dos agentes com os trabalhadores; alterações de processos; limitar o número de trabalhadores expostos; utilizar sistemas de contenção; realizar o descarte de substâncias infectadas conforme a legislação; disponibilizar produtos de desinfecção apropriados e; criar planos de ação em caso de acidentes. Como aplicar na prática o que aprendeu A NR32 – Saúde e Segurança no Trabalho em Serviços de Saúde é importante em todos os estabelecimentos que possuem profissionais da saúde e é aplicável até mesmo em típica farmácia de bairro. Analise uma que conheça e liste todos os riscos que os profissionais dessa instalação podem estar sujeitos e quais as práticas que devem ser seguidas. Conteúdo Bônus – Tópicos Avançados Ver o vídeo sobre riscos biológicos produzido pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP e disponível em https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-da-saude/video-alerta-sobre-precaucoes-para-lidar-com-material-biologico/ Dica quente para você não esquecer As Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho estão sendo constantemente atualizadas e portanto é necessário usar sites oficiais que contenham a versão mais atualizada. Referência Bibliográfica MATTOS, Ubirajara. Higiene e Segurança do Trabalho. GEN LTC; 1ª edição. ISBN-13: 978-8535235203, 2011. MATTOS, Ubirajara; MÁSCULO, Francisco. Higiene e Segurança do Trabalho. GEN LTC; 2ª edição, ISBN-13: 9788535291766, 2019. BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene Ocupacional: Agentes Biológicos, Químicos e Físicos. Senac São Paulo; 10ª edição. ISBN-13 : 978-8539629459, 2019. BARSANO, Roberto; BARBOSA, Rildo. Higiene e Segurança do Trabalho. Érica; 2ª edição. ISBN-13 : 978-8536526850, 2018. ROCHA, Rosemberg; BASTOS, M. Higiene Ocupacional ao Alcance de Todos. Autografia; 1° edição. ISBN-13: 978-855268540, 2016. HINRICHSEN, Sylvia. Biossegurança e Controle de Infecções – Risco Sanitário Hospitalar. Guanabara Koogan; 3ª edição. ISBN-13 : 978-8527734059, 2018.