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Exposição à Gases e Poeiras Introdução Os riscos químicos estão reunidos em três grandes grupos: os líquidos, os sólidos e os gasosos. Como sólidos consideramos as poeiras, fumos e fibras. Já os gasosos, temos névoas, neblinas, gases e vapores. Esses agentes têm suas particularidades devido à sua fácil propagação. Objetivos da Aula Nesta aula serão abordadas as características e ações que devem ser consideradas com a exposição aos agentes gasosos sejam na forma de particulados como nos gases e vapores presentes no ar atmosférico. Resumo Risco químico é o perigo que um trabalhador está exposto ao manipular produtos químicos que possam causar danos físicos ou até mesmo, prejudicar sua saúde. Os principais agentes responsáveis pelos riscos químicos são as substâncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo do trabalhador através da sua via respiratória na forma de poeiras, fumos, neblinas, gases, névoas ou vapores, ou mesmo absorvido pela pele ou ingestão acidental. Classificamos os agentes de risco químico em três grandes grupos: os líquidos, os sólidos e os gasosos. Neste módulo serão discutidos os aspectos inerentes aos particulados sólidos: poeiras, fumos e fibras; os agentes químicos no ar: névoas e neblinas e; os gases e vapores. Poeiras são partículas sólidas formadas pela ruptura mecânica de um sólido, por meio de processos de moagem, atrito, impacto etc. Podem ser de origem Mineral, Alcalinas, Vegetais ou Metálicas. Os Fumos são caracterizados por substâncias na forma de particulados finos em suspensão (pós) principalmente decorrentes dos processos de soldagem. As Fibras são caracterizadas como longos e finos filamentos de um material. A Névoa é caracterizada por pequenas partículas no estado líquido, que são produzidas por substâncias líquidas que sofreram ruptura, se tornando pequenas e que acabam por se dispersar no ar. A Neblina é caracterizada pela suspensão de partículas líquidas formadas pela condensação do vapor de uma substância líquida na temperatura normal. Gases são caracterizados como contaminante que nas condições normais de temperatura e pressão já estiverem no estado gasoso e Vapor são contaminantes líquidos em condições normais está na sua fase gasosa. A NR15 – Atividades e Operações Insalubres (disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-15-nr-15), define nos seus anexos XI, XII e XIII as condições e/ou limites de tolerância para caracterização do grau de insalubridade na realização da atividade, conforme mostrado na figura 1. Figura 1: Caracterização dos Riscos a Agentes Químicos Líquidos na NR15 | Particularmente o Anexo XII define os limites de exposição para as poeiras metálicas: Asbestos: Limite para fibras respiráveis de asbesto crisotila: de 2,0 f/cm3 e define que “Fibras respiráveis de asbesto" são aquelas com diâmetro inferior a 3 micrômetros, comprimento maior que 5 micrômetros e relação entre comprimento e diâmetro superior a 3:1. Manganês e seus Compostos: os limites são definidas na extração, tratamento, moagem, transporte do minério como 5mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia e para outras aplicações como 1mg/m3 no ar, para jornada de até 8 (oito) horas por dia. Sílica Cristalizada: a norma define fórmulas específicas para definição dos limites. Existem inúmeros danos que podem ser causados pelos agentes químicos e podemos classificá-los de acordo com os efeitos causados: · Agentes Asfixiantes: são os que podem impedir a respiração, barrando a entrada do oxigênio no organismo e com isso sufocando o indivíduo, causando dores de cabeça, sonolência, perda da consciência ou até mesmo a morte. O monóxido de carbono é um exemplo desse tipo de agente. · Agentes Anestésicos: são os que causam ações depressivas e narcóticas no sistema nervoso central do indivíduo, causando tontura, alterações visuais e auditivas, com perda da consciência, podendo esse tipo de agente causar outros problemas em fígado e rins. Os Hidrocarbonetos Alifáticos são um exemplo de agente desse grupo. · Agentes Tóxicos: são os agentes que, uma vez em contato com o organismo, são capazes de produzir lesões nas estruturas e no funcionamento de órgãos, causando intoxicação quando ingeridos ou inalados e o risco aumenta com o tempo de exposição. Os compostos com Chumbo ou Benzeno são exemplos desse grupo. · Agentes Cancerígenos: são os agentes que, uma vez em contato com o organismo, causam tumores malignos quando inalados ou em contato com a pele. São exemplos desse tipo de agentes os compostos radioativos existentes em usinas nucleares. · Agentes Irritantes: são os agentes que causam irritação na pele do indivíduo ou em suas vias respiratórias. Gás Clorídrico (HCl), Ácido Sulfúrico (H2SO4) e Amônia (NH3) são exemplos de agentes desse grupo. · Agentes Alergênicos: são os que provocam reações alérgicas nos organismos que normalmente já possuíam alergia ao produto. São exemplos desse grupo os aditivos de borracha, níquel, cromo e cobalto. · Agentes Mutagênicos: são os que provocam problemas hereditários como o chumbo em fetos. · Agentes Corrosivos: são os que em contato com os tecidos do organismo, destroem as células epiteliais. O ácido fluorídrico é um exemplo desse tipo de agente. · Agentes Inflamáveis: são os agentes que em contato com uma fonte de ignição como o fogo, entram em combustão podendo causar explosões. As emanações de gasolina e demais combustíveis líquidos são exemplo desse grupo. Um aspecto importante nos agentes que se propagam pelo ar são os danos que podem causar principalmente nas vias respiratórias dos trabalhadores. E esses danos dependem basicamente do tamanho das partículas e com isso, onde elas se depositam. Tipicamente as partículas de 10 a 100 mícron penetram pelo nariz e boca e são denominadas como fração inalável. Já as partículas menores de 10 mícron se alojam na região alveolar dos pulmões e normalmente são as que apresentam mais danos. Os limites de exposição para efeito de determinação do grau de insalubridade são definidos considerando a forma de absorção (se pelas vias respiratórias ou pelo contato com a pele), os valores máximos de teto (acima dos quais não se pode operar) e os efeitos da concentração do agente no organismo. Dada a periculosidade dos agentes químicos, a sinalização e apontamento dos riscos envolvidos é fundamental e a NR26 – Sinalização de Segurança (disponível em https://www.gov.br/trabalho-e-previdencia/pt-br/composicao/orgaos-especificos/secretaria-de-trabalho/inspecao/seguranca-e-saude-no-trabalho/ctpp-nrs/norma-regulamentadora-no-26-nr-26) define a classificação, rotulagem e ficha de segurança dos produtos químicos. A ficha de segurança é um documento que fornece as informações quanto à segurança, saúde, proteção e dados do meio-ambiente. A figura 2 apresenta a estruturação da ficha de segurança definida pela NR26. Figura 2: Composição da Ficha de Segurança de Produto Químico A gestão dos produtos químicos no ambiente de trabalho passa por três etapas: a) Identificação dos produtos químicos que estão no ambiente de trabalho com a classificação dos perigos e fichas de segurança respectivas; b) Determinação das potenciais exposições aos produtos químicos no ambiente de trabalho com a respectiva avaliação dos riscos e; c) Identificação das medidas de controle baseados na avaliação dos riscos com sua implementação. Parte dessa gestão é exatamente a utilização na sinalização de segurança desses produtos. O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos ou CLP (Classificação, Rotulagem e Embalagem) apresentado nas figuras 3 e 4, é a forma definida pela NR26 já citada e que permite a identificação dos riscos associados aos produtos químicos no ambiente de trabalho. Figura 3: Simbologia dos Riscos Associados com os Produtos Químicos | Fonte: Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicosou CLP (Classificação, Rotulagem e Embalagem). Figura 4: Simbologia para Classificação de Riscos com Produtos Químicos | Fonte: Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos ou CLP (Classificação, Rotulagem e Embalagem). Dada a periculosidade envolvida com os produtos químicos, há necessidade do estabelecimento de medidas de controle apropriadas: na fonte o ideal é a eliminação no agente químico; na trajetória é a neutralização do risco através dos equipamentos de proteção coletiva e: no receptor é evitar ou diminuir a lesão através do uso de equipamentos de proteção individual. No entanto, as medidas de controle são efetivas quando se complementam com as medidas de monitoramento dos agentes químicos. Essas medidas passam pelo: inventários dos produtos químicos com foco nos limites de exposição ocupacional e as medidas de controle presentes e previstas; monitoração da temperatura de operação (afeta a volatilidade e os riscos de explosões); monitoração da quantidade de produto utilizado; sua frequência e volatilidade. Como aplicar na prática o que aprendeu A NR15 – Atividades e Operações Insalubres é aplicável aos ambientes de trabalho e uma boa prática de aplicá-la é você analisar o ambiente onde trabalha e veja em que situações ela pode ser aplicada. Analise cada atividade e relacione com o item da norma. Vamos tentar? Conteúdo Bônus – Tópicos Avançados Ver os vídeos sobre Exposição no trabalho e no ambiente produzidos pelo Instituto Nacional de Câncer - INCA e disponíveis em https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/causas-e-prevencao-do-cancer/exposicao-no-trabalho-e-no-ambiente Ver o Laudo de Avaliação de Exposição para Agentes Químicos disponível em: https://apps.tre-sc.jus.br/site/fileadmin/arquivos/transparencia/contas_publicas/pregoes/2015/pregao033/Laudo_Tecnico_Pericial_de_Avaliacao.pdf Dica quente para você não esquecer Os gases, vapores e particulados dispersos no ar atmosférico são particularmente importantes porque muitas vezes passam despercebidos do trabalhador. Há sempre necessidade de ter-se foco na periculosidade desses agentes e o grau de exposição do trabalhador. Referência Bibliográfica MATTOS, Ubirajara. Higiene e Segurança do Trabalho. GEN LTC; 1ª edição. ISBN-13: 978-8535235203, 2011. MATTOS, Ubirajara; MÁSCULO, Francisco. Higiene e Segurança do Trabalho. GEN LTC; 2ª edição, ISBN-13: 9788535291766, 2019. BREVIGLIERO, Ezio; POSSEBON, José; SPINELLI, Robson. Higiene Ocupacional: Agentes Biológicos, Químicos e Físicos. Senac São Paulo; 10ª edição. ISBN-13 : 978-8539629459, 2019. BARSANO, Roberto; BARBOSA, Rildo. Higiene e Segurança do Trabalho. Érica; 2ª edição. ISBN-13 : 978-8536526850, 2018. ROCHA, Rosemberg; BASTOS, M. Higiene Ocupacional ao Alcance de Todos. Autografia; 1° edição. ISBN-13: 978-855268540, 2016. HINRICHSEN, Sylvia. Biossegurança e Controle de Infecções – Risco Sanitário Hospitalar. Guanabara Koogan; 3ª edição. ISBN-13 : 978-8527734059, 2018.