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Sedação e Anestesia Geral em Odontopediatria Sedação Principais indicações • Crianças medrosas ou rebeldes; • Crianças com baixa faixa etária, acima de 2 anos; • Crianças refratárias a técnicas de condicionamento (2 a 17 anos de idade); • Crianças com deficits cognitivos, retardo de desenvolvimento neuropsicomotor ou distúrbios de conduta; • Crianças portadoras de doenças sistêmicas, tais como hemofilia, hepatopatia., nefropatia, diabetes ou leucemias. Em crianças medrosas e rebeldes, principalmente aquelas com baixa faixa etária, em geral não se consegue um condicionamento adequado para o tratamento dentário completo. Esses pacientes ainda não apresentam capacidade de compreensão bem desenvolvida, dificultando o tratamento dentário. Crianças refratárias ao condicionamento e que não apresentam cardiopatias ou pneumopatias, mesmo pré-adolescentes e adolescentes, também podem ser incluídos em tratamento dentário sob sedação consciente. Devemos enfatizar os pacientes hemofílicos, hepatopatas, nefropatas, portadores de anemia falciforme, síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids) e diabetes. Crianças portadoras dessas doenças, por serem bastante traumatizadas emocionalmente, por tantas idas e vindas a hospitais e laboratórios de exames, não aceitam o tratamento dentário tradicional, em estado absolutamente vigil. Nesses casos, a melhor opção é a sedação, pois ela constitui menor risco que a anestesia geral. Principais contraindicações Contraindicações relativas • Hepatopatias: grande parte das drogas utilizadas em anestesia é metabolizada no fígado, porém, quando se considera o risco /benefício, a opção é a sedação. Nessa situação, é necessário a presença de um anestesiologista com conhecimento de farmacologia e das técnicas anestésicas apropriadas. Os pacientes devem ser avaliados com antecedência, por profissionais da área médica, para a indicação do melhor momento para a realização do tratamento dentário. Os exames hematológicos, relatórios e prontuários médicos do paciente devem ser apresentados ao anestesiologista, antes dos procedimentos odontológicos de rotina: exodontias, restaurações ou cirurgias. • Faixa etária inferior a 2 anos: nesses pacientes, a sedação não parece alcançar plenamente seus objetivos, pois doses anestésicas maiores são necessárias para a diminuição real da ansiedade e do comportamento combativo. Isso resulta em maior sedação e tempo de recuperação prolongado, impedindo alta anestésica precoce. Uma alternativa pode ser a utilização de técnica anestésica combinada com um agente inalatório (óxido nitroso - N2O) e outro intravenoso (cetamina), com cuidados adequados e sob supervisão de um especialista em anestesiologia. • Peso acima de 50 kg: a dificuldade de posicionamento adequado na cadeira odontológica e o manuseio dessas crianças, além do grande consumo de drogas anestésicas, aumentam o risco anestésico nesses pacientes, constituindo uma contraindicação relativa a uma sedação. É necessário enfatizar que a maioria dos procedimentos odontológicos, nesses pacientes, é realizada fora do centro cirúrgico, onde os recursos são evidentemente maiores que em consultórios ambulatoriais. Contraindicações absolutas • Pneumopatias: os procedimentos odontológicos são realizados evidentemente na cavidade bucal, sem entubação endotraqueal, para a manutenção de uma via aérea permeável e segura, fundamental para pacientes pneumopatas. Sob ação de drogas depressoras do sistema nervoso central (SNC) e dos reflexos protetores da via aérea e a presença de instrumentos odontológicos na cavidade bucal, o paciente terá limitações para oxigenação adequada. Portanto, o risco de aspiração de secreções e a exacerbação de uma hipóxia preexistente contra-indicam a sedação desses pacientes. • Cardiopatias: insuficiência cardíaca grave e doença valvular cardíaca constituem situações graves, que devem ser avaliadas precisamente antes de qualquer procedimento odontológico sob sedação. Para esses pacientes, a realização do procedimento em centro cirúrgico, sob anestesia geral, com entubação endotraqueal e monitoração rigorosa, mostra-se mais segura para o paciente. O anestesiologista deve fazer a escolha criteriosa das drogas a serem utilizadas, a fim de evitar uma descompensação da cardiopatia. A cetamina, anestésico intravenoso frequentemente utilizado para sedação em procedimentos odontológicos ambulatoriais, provoca aumento do trabalho cardíaco e dos níveis pressóricos através da liberação de catecolaminas, devendo ser evitada nesses pacientes. • Anemia grave: o oxigênio é transportado no sangue; através da hemoglobina presente nas hemácias. Quanto mais baixa a taxa de hemoglobina, menor a disponibilidade de oxigênio aos tecidos. Por isso, para realizar procedimento odontológico sob sedação ou anestesia geral em crianças, podemos avaliar a taxa de hemoglobina desses pacientes se houver suspeita de anemia. Quando a taxa estiver abaixo de 7 mg/dl, a oxigenação desse paciente estará precária, aumentando o seu risco anestésico, sendo interessante postergar o procedimento caso não seja uma emergência odontológica. Uma pesquisa acurada das causas da anemia e a instituição precoce do tratamento devem ser realizadas antes da sessão odontológica sob sedação ou anestesia geral, sempre que possível. As principais causas de anemia em crianças incluem desnutrição e parasitose intestinal (anemia por deficiência de ferro) ou mesmo em decorrência de doenças hematológicas. Técnicas de sedação em Odontopediatria As principais técnicas de sedação consciente disponíveis são: • inalatória: óxido nitroso+ oxigênio; • intramuscular (IM): cetamina; • intravenosa (IV): cetamina + benzodiazepínicos; • inalatória + IM: cetamina + óxido nitroso/ oxigênio; • inalatória + IV: cetamina + óxido nitroso/ oxigênio; • IM + IV: cetamina + benzodiazepínicos; • retal: hidrato de cloral. Inalatória Em 1908, descobriu-se que pacientes submetidos à inalação com óxido nitroso (N2O) não sentiam dor e apresentavam euforia sob o efeito do gás. Atualmente., esse gás é utilizado em alguns países, por odontólogos, em consultórios., se administra N2O combinado com o oxigênio, através de equipamentos que misturam esses gases, chamados de fluxômetros, por meio de máscara nasal, em concentrações que podem variar até 70% de óxido nitroso na mistura, para os procedimentos odontológicos. Nos Estados Unidos e na Inglaterra, os odontólogos apresentam formação médica, e têm autorização para realizar tais procedimentos. No Brasil esse procedimento pode ser realizado por odontólogos devidamente habilitados seguindo as normas do CFO publicadas no Diário Oficial, em 12/05/2004, Resolução CFO no 51/2004. Intramuscular Apenas excepcionalmente o uso isolado de cetamina IM é suficiente, sendo necessário com frequência, a combinação de outras drogas ou doses subsequentes de cetamina por via intravenosa. Intravenosa Utiliza-se cetamina (1 mg/ kg), associada ao diazepam (0,1 mg/kg), intravenosa (Fig. 53.8). Inalatória + IM Pode-se administrar cetamina (1 a 3 mg/kg) por via IM antes do procedimento e, após a adaptação adequada do paciente à cadeira odontológica, iniciar a administração de uma combinação N 20 / oxigênio por meio de máscara facial, mantendo monitoração adequada do paciente através de oximetria de pulso. Inalatória + IV Técnica utilizada em alguns centros, composta de cetamina IV (1 mg/kg) associada à combinação N20 / oxigênio, por meio de máscara facial, em concentração de 30°/o a 70o/o. IM+IV A cetamina é administrada por via intramuscular, antes do procedimento (1 a 3 mg/kg). Cinco a 10 minutos após a sua administração, a criança é transferida para a sala de atendimento odontológico, onde se procede a morutoração adequada e venóclise para posterior administraçãode diazepam (0,1 mg/ kg) e cetamina (1 mg/kg). Retal Técnica raramente utilizada em centros para sedar crianças com menos de 20 kg. Utiliza- se hidrato de cloral, através de sonda apropriada, por via retal. Trata-se de uma medicação bastante segura, mas possui ação sedativa discreta e não apresenta efeito analgésico. Pode-se esquematizar um fluxograma das técnicas de sedação da seguinte forma: • anamnese rápida com os pais ou acompanhantes do paciente; • verificação do jejum adequado (6 a 8 horas); • exame físico do paciente; • verificação do peso do paciente; • verificação do termo de responsabilidade assinado pelo pai ou responsável, e explicação clara do procedimento anestésico; • início da sedação por via intramuscular, caso necessário, e posterior encaminhamento à sala de procedimento odontológico; • monitoração do paciente com oximetria de pulso, e posicionamento adequado e confortável na cadeira de procedimentos ( criança sentada, com os membros inferiores formando ângulo reto com o tronco, e a cabeça direcionada para a frente, sem flexão ou extensão desta); • posicionamento de cateter de oxigênio na narina (fluxo de 2 a 3 litros/minuto) ou máscara facial, ou nasal para administrar N2O / oxigênio, quando ilndicado; • venóclise nos membros superiores com instalação de soro fisiológico ou glicosado (salvo se houver contraindicação clínica) para a administração de anestésicos ou outras drogas intravenosas, se necessário; • posicionamento dos instrumentos odontológicos na cavidade bucal, com cuidado, para manter a orofaringe do paciente sem secreções e corpos estranhos, assegurando a permeabilidade da via aérea; • após o procedimento, encaminhar o paciente à sala de recuperação (ambiente pouco iluminado, tranquilo e sem estímulos auditivos), retirar o cateter venoso e manter o paciente aquecido, em decúbito lateral e com dorso elevado para evitar aspiração de secreções; • após a recuperação, o anestesiologista deve reavaliar o paciente e prescrever sua alta com acompanhamento e orientação adequada aos pais. Anestesia geral Conceito: estado controlado de depressão de consciência ou inconsciência, associado à perda parcial ou total dos reflexos protetores, incluindo a capacidade de manter a permeabilidade das vias aéreas e respostas a estímulos verbais ou físicos, produzidos por via farmacológica ou não farmacológica. Principais indicações • Pacientes com peso acima de 40 kg. • Cardiopatias valvulares (maior infraestrutura para monitoração e tratamento de complicações). • Doenças psiquiátricas graves, tal como esquizofrenia (interação dos anestésicos com drogas usadas habitualmente pelos pacientes). • Doenças sistêmicas, tais como hipertensão arterial sistêmica ou hipertireoidismo (maior infraestrutura em centro cirúrgico para tratamento de complicações). • Pacientes que não toleraram procedimentos ambulatoriais sob sedação. Principais contraindicações • pacientes com doenças sistêmicas descompensadas (exceto emergências odontológicas); • recusa do paciente ou do responsável em realizar o procedimento anestésico; • falta de infraestrutura adequada para realizar a anestesia geral com as mínimas condições de segurança. Técnicas de anestesia geral em Odontopediatria A técnica anestésica ideal em Odontologia deve permitir indução rápida e tranquila, manejo fácil da via aérea, manutenção estável e simples e emergência sem complicações. A monitoração-padrão deve incluir eletrocardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e capnografia. A monitoração de temperatura é particularmente importante em pediatria devido ao maior risco de hipertermia maligna. O anestesiologista e o odontólogo devem proteger a via aérea de secreções ou corpos estranhos utilizando tubo endotraqueal com calibre adequado para o paciente. A anestesia geral pode ser dividida em fases: pré-anestesia, indução (inalatória, intravenosa ou a combinação de ambas), manutenção (inalatória ou a combinação de ambas) e regressão. É na fase pré-anestésica que existe o primeiro contato do paciente com o anestesiologista. O anestesiologista deve realizar a anamnese, o exame físico, a verificação de exames complementares, a orientação dos responsáveis, semelhante ao fluxograma desempenhado para a realização de sedação consciente. Nessa fase, devemos escolher a medicação pré-anestésica, quando indicado. Em geral, podemos utilizar benzodiazepínicos por via oral ou intramuscular, alguns minutos antes do procedimento. Antes de realizar a indução anestésica, devemos verificar e testar todos os instrumentos necessários para sua realização com segurança (material de intubação e monitoração, seleção de drogas, aspiradores, etc.,). Em geral inicia-se com a indução inalatória, seguida de venóclise adequada para posterior administração de agente intravenoso, para a intubação endotraqueal. A manutenção poderá ser realizada por via inalatória, intravenosa ou balanceada ( combinação de ambas as vias de administração). Por via inalatória, as drogas mais utilizadas são o N2O (gás), isoflurano ou sevoflurano (líquidos voláteis), combinados com oxigênio, para evitar hipóxia. A utilização isolada de N2O não é suficiente para a indução ou manutenção da anestesia geral, sendo necessário a combinação com os outros anestésicos citados. Por via intravenosa, podemos citar como agentes anestésicos mais frequentemente utilizados os barbitúricos de curta duração (tiopental sódico-2 a 5 mg/kg), benzodiazepínicos (midazolam 0,1 a 0,2 mg/ kg), etomidato (0,1 a 0,4 mg/kg em adultos), propofol (2 a 2,5 mg/kg) e cetamina (1 a 2,5 mg/kg). A extubação deve ser realizada quando o paciente ventilar espontaneamente, com frequência e amplitude adequadas, compatíveis com as anteriores ao procedimento. A retirada do tubo endotraqueal deve ser realizada após a aspiração adequada da orofaringe. Após a extubação sem intercorrências, o paciente deve ser encaminhado à sala de recuperação pós-anestésica, onde deve permanecer em observação até o momento da alta, a qual deverá ser prescrita pelo anestesiologista após uma avaliação atenta das condições cardiovasculares, ventilatórias e do sensório do paciente. Pode-se esquematizar um fluxograma das técnicas de anestesia geral da seguinte forma: • anamnese realizada com os pais ou responsáveis do paciente; • verificação do jejum adequado (6 a 8 horas); • exame físico do paciente; • verificação do peso do paciente; • verificação do termo de responsabilidade assinado pelo pai ou responsável, e explicação clara do procedimento anestésico; • revisão dos instrumentos necessários para a monitoração e entubação endotraqueal; • administração da medicação pré-anestésica, por via oral ou IM, e posterior encaminhamento à sala de procedimento odontológico; • monitoração do paciente com oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva, eletrocardioscopia e posicionamento adequado e confortável na mesa de procedimentos; • indução anestésica inalatória, por meio de máscara facial; • venóclise no membro superior com a instalação de soro fisiológico ou glicosado (salvo se houver contraindicação clínica), para a administração de anestésicos ou outras drogas intravenosas; • entubação endotraqueal após a administração de anestésico intravenoso; • manutenção da anestesia geral por via inalatória e intravenosa; • posicionamento dos instrumentos odontológicos na cavidade bucal e realização do procedimento odontológico sob monitoração adequada; • realização da extubação, quando o paciente apresentar condições ventilatórias adequadas; • após o procedimento, encaminhar o paciente à sala de recuperação (ambiente pouco iluminado, tranquilo e sem estímulos auditivos), retirar o cateter venoso, e manter paciente aquecido, em decúbito lateral e com o dorso elevado para evitar a aspiraçãode secreções; • Após a recuperação, o anestesiologista deve reavaliar o paciente e prescrever sua alta com acompanhamento e orientação adequada aos pais. Uso da Sedação Consciente Inalatória em Odontopediatria Para melhor entendimento do termo sedação consciente segue a definição da American Dental Association de 1989: "Sedação consciente é uma depressão mínima da consciência na qual o paciente mantém sua habilidade de independentemente (sem auxílio de máquinas) e continuamente, respirar e responder apropriadamente a estímulos físicos e comandos verbais; é produzida por métodos farmacológicos e não farmacológicos". Os métodos não farmacológicos são a iatrosedação (capacidade de o dentista acalmar o paciente), ou hipnose. Os métodos farmacológicos na Odontologia brasileira, dentro do consultório, são realizados tanto com medicação por via oral como por inalatória. O óxido nitroso em concentrações variadas tem sido usado por muitos anos para promover analgesia em uma variedade de procedimentos dolorosos na odontopediatria. A analgesia relativa pode acontecer usando-se concentrações de 35% a 65% de óxido nitroso. Embora a sedação por óxido nitroso possa produzir sinais e sintomas semelhantes às da fase da II analgesia", descrita por Guedel no processo de anestesia geral (primeira fase de indução para o estado de anestesia geral cirúrgico), a dor pode ainda estar presente e, de fato, o limiar de dor pode não ter sofrido alteração significante. A analgesia por ele produzida não é consistente de paciente para paciente. É um analgésico fraco, geralmente insuficiente para analgesia em procedimentos dentários. O N2O é o menos potente dos gases anestésicos. Portanto, não podemos dar o crédito do poder analgésico da sedação com óxido nitroso e oxigênio para a maioria dos procedimentos realizados na odontologia. Na verdade, com a introdução dos anestésicos locais, o objetivo principal do uso do óxido nitroso não é mais o controle da dor. A técnica é utilizada com a finalidade principal de sedação consciente (efeito relaxante) para o controle da ansiedade, com sedação mínima ou mesmo moderada, sendo necessário menor porcentagem de N2O para esse efeito, quando comparado ao seu efeito anestésico. Para depressão mínima do sistema nervoso central ou sedação mínima (ansiólise), a concentração de óxido nitroso não deve ultrapassar 50%, sendo os outros 50% de oxigênio. E não se deve usar outra droga sedativa, narcótico ou outro depressor do sistema nervoso central utilizados antes ou durante a sedação. Na sedação mínima o paciente mantém a comunicação verbal. Se o óxido nitroso é combinado com outra medicação de efeito sedativo, como hidrato de cloral, benzodiazepínicos ou opioides, ou se o óxido nitroso for utilizado em concentração superior a 50%, a probabilidade de sedação moderada ou profunda aumenta. Nessa situação, o clínico deve estar preparado para os protocolos de sedação moderada e profunda segundo a resposta de cada paciente. Saúde geral do paciente e sua relação com sedação inalatória no consultório de odontologia São candidatos ideais para sedação pacientes que apresentam risco mínimo de ocorrência de uma situação de emergência. Para facilitar a identificação do risco médico do paciente, utiliza- se a classificação da American Society of Anesthesiologists (ASA). Classificação do risco médico segundo a saúde geral do paciente pela American Society of Anesthesiologists A ASA tem uma classificação para estimar o risco médico do paciente que passará por procedimento cirúrgico em anestesia geral em ambiente hospitalar. No entanto, esse sistema também está sendo utilizado para pacientes que passarão por procedimentos mesmo fora da anestesia geral. O sistema de classificação é: ASA I: Paciente saudável, sem problemas médicos, pode ter nenhuma ou pouca ansiedade para tratamento dentário. Representa "luz verde" para tratamento dentário. ASA II: Paciente com doença sistêmica moderada controlada (p. ex.: epilepsia e asma controladas, alergia a drogas, diabete não insulinodependente ou diabete tipo II, hipo ou hipertireoidismo controlados, pacientes idosos [> 60 anos], grávidas e paciente saudável com exacerbada ansiedade para tratamento dentário ). Representa "luz amarela" para tratamento dentário. ASA III: Paciente com doença sistêmica severa, mas que não o torna incapaz de exercer atividades diárias (p. ex.: epilepsia não controlada com várias crises ao ano, asma não controlada induzida por estresse ou exercício físico, diabete tipo I insulinodependente controlado, hipo ou hipertireoidismo com sintomas, paciente pós-enfarte do miocárdio há mais de 6 meses sem sequelas, paciente pós-acidente vásculo-encefálico há mais de 6 meses sem sequelas, paciente com angina do peito estável, ortopneia, doença cardíaca congestiva, enfisema pulmonar moderado e bronquite crônica moderada). Representa "luz amarela" para tratamento dentário. ASA IV: Paciente com doença sistêmica severa incapacitante, que está sob constante risco de vida. Esses pacientes não podem caminhar dois quarteirões ou subir um lance de escada. Exemplos: diabete insulinodependente incontrolado, angina do peito instável (pré-enfarte), disritmias cardíacas, severa doença cardíaca congestiva, paciente pós-enfarte do miocárdio há menos de 6 meses, paciente pós-acidente vásculo-encefálico há menos de 6 meses, enfisema pulmonar severo, bronquite crônica severa. Representa "luz vermelha" para tratamento dentário. ASA V: Paciente moribundo, com 24 h de expectativa de vida. Na atualidade há uma sugestão de ser inserido a ASA VI para pacientes doadores de órgãos, com paralisia cerebral. Para o tratamento dentário em consultório, o paciente deve ser saudável ou ter seu problema de saúde controlado. Quando o paciente apresenta uma doença sistêmica que possa colocá-lo em situação de emergência devido a uma intercorrência, é sugerido que o tratamento seja realizado em ambiente hospitalar. O mesmo é válido para o paciente que será sedado para tratamento dentário. Via de regra, após uma anamnese completa, os pacientes ASA I e ASA II podem ser atendidos com sedação com óxido nitroso e oxigênio. Esses pacientes podem receber sedação mínima, moderada ou profunda com uma variedade de fármacos. Os pacientes classificados como ASA III devem ser avaliados juntamente com seus médicos responsáveis, em relação aos riscos de procedimento dentário sob sedação inalatória em consultório. Da mesma maneira os pacientes ASA IV, aqueles com necessidades especiais e com anormalidades anatômicas do sistema respiratório e mesmo aumento considerado das tonsilas, devem ser avaliados individualmente com atenção, sobretudo nos casos de sedação moderada e profunda. Os pacientes ASA IV e V, em caso de emergência para tratamento dentário, pelo risco de vida, devem ser atendidos em hospital. No Brasil, a finalidade de sedação com óxido nitroso sugerida é levar o paciente à sedação mínima, podendo chegar à moderada. Protocolo para redução de estresse em tratamento dentário Existem alguns sinais e sintomas clínicos observados e descritos, sobretudo em em relação à ansiedade moderada e à ansiedade severa, que podem ser reconhecidos pela equipe, indicando que o paciente está ansioso: • aumento da pressão sanguínea; • tremedeira; • suor excessivo; • pupilas dilatadas. • o escorrer de lágrimas; • olhar desconfiado para o ambiente; • apertar as mãos; • não parar de se mover; • não parar de perguntar coisas (inclusive parando o procedimento); • suor facial excessivo. O estresse pode ter natureza fisiológica (dor e exercício exacerbado) ou psicológica (ansiedade e medo). O paciente ASA I consegue tolerar melhor o estresse do que os ASA II, ASA III e ASA IV. Embora até mesmo o paciente saudável esteja sujeito a complicações do estresse, ou seja, hiperventilação ou a síncopevago-vagal. Para os pacientes com comprometimento médico, dependendo do tipo e gravidade, o estresse pode gerar ou desencadear situações ainda mais delicadas como, por exemplo, edema pulmonar, crises de asma ou epilepsia e arritmia cardíaca. Um paciente cansado devido a uma noite mal dormida ou mesmo um dia estressante, pode ter seu limiar de dor diminuído, portanto, responder com maior intensidade a um estímulo doloroso. Uma noite de sono adequada no dia anterior à consulta é o primeiro passo para o sucesso de um tratamento dentário com mais conforto. Deve-se: • reconhecer a ansiedade; • reconhecer o risco médico; • pedir consulta médica prévia, se necessário; • marcar consulta pela manhã; • minimizar o tempo de espera pelo paciente; • monitorar sinais vitais no pré e pós-operatório; • controlar adequadamente a dor; • tentar não exceder o tempo de tolerância do paciente para o tratamento dentário; • controlar dor no pós-operatório. A redução do estresse e a sedação consciente são difíceis de serem alcançadas no fracasso do controle adequado da dor. Histórico do óxido nitroso Atualmente exige-se no mínimo 30% de oxigênio para manter a oferta de oxigênio ao paciente, portanto, um máximo de 70% de óxido nitroso. Na atmosfera, a quantidade de oxigênio no ar é em torno de 21%. Os aparelhos de sedação aprovados e utilizados no Brasil permitem o mínimo de 30% de oferta de oxigênio. Portanto, na sedação com óxido nitroso existe uma oferta mínima de oxigênio maior que a existente na atmosfera. Reações do óxido nitroso O óxido nitroso é um gás não irritante para as vias aéreas, levemente adocicado e sem cor. É inorgânico, diferente de todos os demais gases anestésicos. Sua gravidade é de 1.53, comparado ao ar que pesa aproximadamente. É relativamente insolúvel no sangue, praticamente não sofrendo metabolismo no organismo humano. Depois de uma passagem rápida pela boca ou nariz, traqueia e pulmões, a droga entra no sistema cardiovascular, sendo carregada pela corrente sanguínea ao sistema nervoso central. O óxido nitroso tem baixa solubilidade nos tecidos. Portanto, tem um rápido efeito clínico e uma recuperação pós operatória rápida (ambos em minutos). O efeito do óxido nitroso no organismo pode ser rápido de 15 a 30 segundos, depois de inalado. Possui uma concentração alveolar mínima (MAC - concentração mínima necessária para produzir estado de anestesia geral em 50% da amostra). Portanto, nas condições normais de pressão e temperatura é impossível sedar o paciente a um estado de anestesia geral. Quando utilizado com um mínimo de 20% de oxigênio, o óxido nitroso deprime levemente o córtex cerebral. O mecanismo de ação ainda não está esclarecido. É sugerido que os receptores de GABA (ácido gama-aminobutírico) e NMDA (N-metil Daspartato) sejam afetados pelo óxido nitroso. Como efeito há uma diminuição da capacidade intelectual, da memória, das funções de integração com o meio, da percepção de tempo e espaço. Como resultado temos os efeitos ansiolítico e sedativo combinados com graus variados de analgesia ( diminuição ou eliminação da dor) e relaxamento muscular. Seu efeito nos sistemas cardiovascular e respiratório e no reflexo laringeano é mínimo A analgesia relativa pode acontecer com concentrações de 35% a 65% de óxido nitroso. Embora tenha o potencial, o limiar de dor pode não sofrer alteração significante. E um analgésico fraco, geralmente insuficiente para analgesia em procedimentos dentários. É o menos potente dos gases anestésicos. O paciente sedado com óxido nitroso e oxigênio permanece consciente, acordado, e responde a comandos verbais (ao ser chamado) e estímulos físicos (um toque no braço, por exemplo) e passa informações ao cirurgião- dentista, como a presença ou ausência de dor. Embora essas respostas possam estar mais lentas. O paciente está relaxado e mais cooperativo, com uma perda relativa de percepção dos fatos à sua volta. A respiração do paciente permanece normal, movimentos dos olhos, normais e reflexos de proteção do sistema respiratório, intactos, limpando laringe e faringe de saliva ou corpos estranhos. Embora raro, amnésia pode estar presente (2 horas de procedimento podem dar a sensação de 15 minutos). No decorrer do procedimento, de acordo com a necessidade de aumentar ou diminuir o efeito da sedação, pela variação dos sentimentos de ansiedade e relaxamento do paciente, o óxido nitroso pode ter sua concentração alterada para adequação da sedação, pelo manuseio da oferta dos gases. Vale destacar que alguns pacientes não terão sua ansiedade controlada com a sedação com óxido nitroso. Seja por não se sentirem confortáveis com os sinais e sintomas, por não atingirem a sedação adequada ou mesmo por não respirarem pelo nariz. Não fosse por isso, a sedação com óxido nitroso poderia ser a única sedação necessária para o controle da ansiedade para tratamento dentário. Para remover a sedação basta retirar a oferta do N2O, e o paciente terá sua recuperação rapidamente, em tomo de 3-5 minutos. Vale ressaltar que para a remoção dos efeitos sedativos com o uso de N2O-O2 não há a necessidade de droga antagonista. Objetivos da técnica de sedação com óxido nitroso O objetivo principal é alterar levemente a consciência do paciente, de maneira que ele fique mais relaxado e menos preocupado durante o tratamento dentário, oferecendo-lhe mais conforto e aumentando sua cooperação. Previne, portanto, o desenvolvimento de medo e ansiedade em tratamento dentário. Na odontopediatria, em muitos casos, atua como coadjuvante nas técnicas de condicionamento, pois o paciente permanece consciente e mais cooperativo. O aumento do limiar de dor, no entanto, não é o objetivo primário da técnica. A analgesia que a sedação com óxido nitroso oferece não é consistente, podendo variar de um paciente para outro em intensidade, e, no mesmo paciente, em dias diferentes ou em momentos distintos do procedimento odontológico. No entanto é fato que o paciente possa ter menor sensibilidade a estímulos dolorosos. Consideramos, portanto, a analgesia uma consequência positiva da sedação, que pode estar presente de maneira mais ou menos evidente. O paciente pode relatar não sentir o desconforto com uma agulha sendo introduzida ou um líquido sendo injetado e mesmo suportar uma raspagem periodontal. Em alguns pacientes a analgesia relativa pode existir em concentração de 35% de óxido nitroso, e em concentarações variadas, mesmo mais elevadas, pode ter um efeito clínico analgésico positivo. No entanto, esse poder analgésico, que é leve, em alguns pacientes, pode ser evidente apenas em porcentagens mais elevadas de óxido nitroso. A dor a tratamento dentário pode persistir, cuide dela com os meios de rotina do seu atendimento. O paciente sedado com óxido nitroso e oxigênio tende a perder clareza de certos desconfortos, de maneira mais ou menos intensa, como o longo tempo de procedimento, forças colocadas em extração dentária, barulho de alta rotação e outros. Em procedimentos não confortáveis isso é considerado um efeito secundário. Sinais e sintomas Durante a sedação ideal, o paciente permanece acordado, com um grau mínimo de depressão da consciência, oferece resposta verbal e a estímulos físicos. A concentração utilizada é suficiente para produzir sedação, mas não o bastante para comprometer os reflexos protetores do paciente (reflexos laringofaríngeos). Outro sintoma é a perda da noção de tempo e espaço, que varia de paciente para paciente. Monitoramento durante a sedação inalatória Fase Sintomas Sinais I. Início ao ideal Tontura inicial Aumento leve de pressão sanguínea e de da sedação batimento cardíaco no início do procedimento, que retornam às medidas basais Formigamento nas extremidades Respiração normal, macia Onda de calor Vasodilatação periférica Sentimento de vibração nocorpo Vermelhidão nas extremidades e face Mãos e pés com menor sensibilidade Menos ansioso Tecidos bucais com menor sensibilidade Tônus muscular menor (braços e pernas relaxam) Sentimento de euforia Sensação de extremidades mais leves ou pesadas Analgesia II. Sedação pesada ao início de over sedação Audição, sobretudo de sons distantes, mais aguda Movimento do corpo aumentado, não coordenado Imagens visuais se tornam confusas Aumento de pressão e batimento cardíaco Respostas inadequadas e lentas Aumento da frequência respiratória Sonolência Aumento de suor Paciente, persistentemente, fecha a boca ou respira pela boca Palidez Ri ou chora (sentimentos Lacrimejo exacerbados) Sonha (irrealidade) Náusea Desconforto III. Over sedação Náusea Vômito Perda de consciência Os equipamentos para monitoramento, em sua maioria, medem as funções dos sistemas nervoso central, respiratório e cardiovascular, e a temperatura. Sedação mínima (ansiolítica) Sedação mínima é o estado induzido por droga, e durante o qual o paciente responde normalmente a comando verbal. Embora a função cognitiva e de coordenação possam estar deprimidas, as funções respiratórias e cardiovasculares estarão intactas. Nesse estado de sedação com óxido nitroso o paciente sente o efeito ansiolítico. O monitoramento de crianças com sedação mínima, geralmente, não precisa mais que uma observação visual e checagem intermitente de seu grau de sedação, sobretudo por meio de comunicação. No entanto, mesmo com o óxido nitroso, algumas crianças terão uma depressão moderada do sistema nervoso central ou sedação moderada, a despeito da intenção de mantê-la em grau de sedação mínima. Caso isto ocorra, o protocolo para sedação moderada deve ser seguido. Vale ressaltar que sedação moderada com óxido nitroso como agente único pode acontecer geralmente em concentrações acima de 50% de óxido nitroso. Sedação moderada (sedação consciente ou analgesia) Sedação moderada é uma sedação induzida por drogas que deprimem a consciência moderadamente, e o paciente responde a comando verbal ou contato tátil leve. A respiração é espontânea e contínua. A função do sistema cardiovascular é usualmente mantida. O paciente não perde a consciência. Nesta profundidade com a sedação com óxido nitroso o paciente pode ter a analgesia como efeito. Vale ressaltar que, em consultório, a sedação moderada deve ser administrada apenas aos pacientes ASAI e ASA II. Para monitorar sedação moderada com óxido nitroso e oxigênio sugerimos: • antes da sedação, aferir sinais vitais basais: pressão arterial, batimento cardíaco e saturação periférica de oxigênio. Anotar na ficha clínica; • durante o procedimento, aferir continuamente o batimento cardíaco e a oxigenação periférica (através de oxímetro de pulso), em intervalos de 15 minutos aferir a pressão sanguínea. Anotar na ficha clínica; • depois do procedimento: o paciente deve estar totalmente acordado e seus sinais vitais aferidos. Sugerimos aplicar o teste de Trieger (teste neurológico que compara função motora antes de o paciente ser sedado e depois, onde o paciente une pontilhados de um desenho, com observação do tempo utilizado). Anotar na ficha clínica. No caso de sedação moderada, sugerimos a presença de um profissional responsável apenas pela sedação e monitoramento. Na sedação com óxido nitroso como agente único, e seguindo a técnica adequada, o paciente raramente terá uma sedação profunda, a qual é geralmente obtida através de via oral ou endovenosa, a sedação profunda é tal que o paciente não pode ser facilmente acordado, no entanto responde a comandos verbais mais intensos e repetidos e também a estímulo doloroso, como o beliscar do músculo trapézio. Oxímetro de pulso O oxímetro de pulso é um monitor não invasivo usado para acessar a saturação de oxigênio no sangue arterial periférico e a frequência cardíaca (batimento cardíaco/ minuto), ele é colocado em dedo da mão ou do pé. O oxímetro de pulso não é rigorosamente exigido para uma sedação consciente com óxido nitroso e oxigênio (mas é fortemente sugerido em sedação via oral). Quando o oxímetro de pulso é utilizado, mais de três em quatro alarmes podem ser falsos positivos devido aos artefatos de movimentação, mau posicionamento do sensor ou outro motivo. Ele pode trazer ansiedade ao ser colocado em crianças mais novas. Suporte básico de vida (SBV) O cirurgião-dentista é o responsável por prestar suporte básico de vida para promover resgate inicial em complicações que coloquem seu paciente em risco de vida. Essa responsabilidade existe mesmo que um serviço de emergência esteja a caminho, pois até a chegada do mesmo, os atos de primeiros socorros devem ser aplicados pelo dentista. Jejum A orientação de jejum varia um pouco entre os países. Para uma sedação consciente via oral é sugerido que a criança fique sem beber líquidos claros de 2 a 3 horas antes da sedação e, sem alimentos sólidos ou líquidos não claros por 4 horas antes da sedação. Os líquidos claros são água, chás, café e sucos, exceto de polpa de fruta; o leite é líquido não claro. Para a sedação com óxido nitroso não há necessidade de jejum, apenas uma restrição alimentar é sugerida: a última refeição deve ser leve e cerca de 2 horas antes do início do procedimento. A refeição pesada, sobretudo no caso de crianças, deve ser evitada, pois pode levar a náusea e vômito. Se a refeição for pesada, sugerimos esperar 4 horas para o procedimento. Por outro lado, um paciente que não tenha se alimentado pode também ter náusea. Portanto, uma alimentação leve 2 horas antes é positiva ao invés do jejum. Crianças em idade pré-escolar, caso estejam em jejum, podem mesmo ter o inconveniente da baixa de açúcar sanguíneo. Técnica de administração de óxido nitroso e oxigênio O óxido nitroso e o oxigênio devem ser administrados apenas por profissionais devidamente habilitados, que devem conhecer o uso do agente e as técnicas apropriadas em tratamento de emergências. Passos da técnica para sedação consciente: • selecionar uma máscara nasal de tamanho adequado; • adequar o fluxo total de ar, iniciando com 3 a 4 litros/minuto de puro oxigênio e observando o saco de reserva de ar, que deve pulsar gentilmente a cada respiração, não devendo superinflar ou murchar; • oferecer 100% de oxigênio por 1 ou 2 minutos como pré-oxigenação; • iniciar oferta de óxido nitroso em 20%; esperar de 1 a 2 minutos, observar os sinais e perguntar ao paciente sobre os sintomas. Monitorar, observando consciência do paciente; • aumentar a concentração de 10% de óxido nitroso, se a oferta não for suficiente. (Em crianças, após necessidade de aumentar mais que 30% a concentração de óxido nitroso, poderemos acrescentar 5% a cada 1-2 minutos. Assim, dificilmente perderemos o ideal da sedação.) Repetir os acréscimos na concentração de óxido nitroso até chegar ao ideal para o paciente, naquele dia. Quando o paciente relatar que se sente confortável e relaxado, e por avaliação de seus sinais e sintomas, o nível ideal de sedação clínica foi obtido. Procurar não exceder rotineiramente a concentração máxima de 50% de óxido nitroso, sobretudo em crianças até 12 anos de idade. A maioria dos pacientes obtém níveis ideais de sedação com uma concentração média de, 30% a 40% de óxido nitroso. Monitorar, observando consciência do paciente; • a concentração de óxido nitroso pode ser alterada durante o procedimento. Portanto, em fases menos incômodas (p. ex.: preenchimento com material restaurador), poderemos diminuir a concentração, e em fases mais incômodas (p. ex.: uso de alta rotação, injeção de anestésico local e extração dentária), poderemos aumentar a concentração. Monitorar, observando consciência do paciente; • o monitoramento deve ser constante e registrado. Sugerimos registro a cada15 minutos; • ao término da sedação, retirar a oferta de óxido nitroso de maneira não incremental e oferecer oxigênio a 100% durante 3-5 minutos, para evitar hipóxia de difusão (pode ocorrer como resultado da rápida remoção de óxido nitroso da circulação sanguínea do alvéolo, diluindo também a concentração de oxigênio, e provocando dor de cabeça e desorientação); • para dispensar o paciente, este deve retornar ao seu estado de consciência e responsividade semelhantes ao do pré-operatório (basal). Deve estar alerta e orientado ou ter retomado o comportamento próprio da idade. A recuperação do paciente sedado com óxido nitroso/ oxigênio é muito rápida, em tomo de 3 a 5 minutos. O paciente deve reportar algo semelhante a "estou perfeitamente normal". Cheque os sinais vitais. Se houver alteração maior que 15% do basal, sugerimos que aguarde alguns minutos e os afira novamente. Previamente à administração deve ser feita a revisão do equipamento. A sedação com óxido nitroso é leve. Portanto, técnicas convencionais de controle de comportamento e condicionamento são adjuntos importantes em muitos casos, para o sucesso da sedação. Para uma sedação ideal, uma porcentagem de óxido nitroso varia de paciente para paciente. A maioria, cerca de 70%, ficará sedada com 30% a 40% de óxido nitroso. Aproximadamente 12% precisarão menos de 30% para o ideal da sedação e cerca de 18% mais de 40% de óxido nitroso para serem sedados. Outro fato é que cerca de 3% dos pacientes (medo exacerbado, respirador bucal, claustrofóbico e outros) não chegarão ao ideal de sedação com o óxido nitroso, mesmo em doses mais altas (70%). Portanto, uma falha na técnica em 3% dos casos. Se durante o procedimento, sobretudo em fases que causam menor ansiedade, o CD perceber, pelos sinais e sintomas, que o paciente está supersedado, deve diminuir em 5% a concentração de óxido nitroso. Se a supersedação persistir, diminuir mais 5% e observar a necessidade de continuar alterando. Os indicadores clínicos mais comuns de supersedação são: fechar a boca persistentemente, começar a respirar espontaneamente pela boca, reclamar de náusea e efeitos muito intensos da sedação, falhar nas respostas racionais ou responder vagarosamente, ficar com sono, falar incoerências ou sonhar, tornar-se não cooperativo, rir, chorar ou ter vertigens, ou movimentos não coordenados. Indicações • pacientes que sintam medo e/ ou ansiedade para tratamento dentário; • pacientes com comprometimentos físicos, mentais ou psicológicos, classificados em ASA II; • pacientes com reflexo de náusea forte que interfira em tratamento dentário. • procedimentos longos; • como coadjuvante para obtenção de anestesia local profunda. • procedimentos curtos, porém traumáticos; • pacientes hiperativos; • como coadjuvante em condicionamento de comportamento; • pacientes ASA III com baixo risco de intercorrências médicas que terão o benefício da técnica (com estudo prévio com grupo médico). Para a segurança do paciente, durante procedimento dentário em consultório com sedação, este deve ser saudável ou ter seu problema de saúde controlado. Casos que fujam de ASA I e ASA II devem ser estudados com um médico, sobre o benefício da sedação aos pacientes, pois estes apresentam maior risco para reações adversas. Alguns casos de ASA III vão se beneficiar da técnica, desde que apresentem baixo risco de intercorrência médica durante tratamento dentário em consultório. O paciente deve ter capacidade para respirar continuamente pela máscara nasal. Portanto, deve entender e participar dessa tarefa. Caso isso não ocorra, a sedação inalatória no consultório poderá ser um fracasso. Exemplos de potenciais fracassos são as crianças com menos de 3 anos de idade e os pacientes com problemas mentais pois, via de regra, não possuem maturidade e/ou capacidade para entender que têm de permanecer com a máscara no nariz e respirar continuamente o gás oferecido. O paciente respirador bucal pode ser também um potencial fracasso para sedação, embora muitos casos tenham sucesso. Também para os pacientes muito ativos ou aqueles hiperativos, a sedação com óxido nitroso os relaxa, diminuindo sua movimentação, trazendo mais conforto durante o tratamento e, portanto, possibilidade de melhor qualidade, no atendimento. A técnica é um excelente coadjuvante das técnicas de condicionamento psicológico. Contraindicações Não existem contra-indicações absolutas para o uso da sedação consciente por óxido nitroso e oxigênio desde que se utilize a concentração de, no mínimo, 20% de oxigênio. No entanto, há contraindicações as quais devem ser citadas: • algumas doenças pulmonares obstrutivas crônicas mais severas (enfisema e bronquite crônica) e pacientes ASA IV e ASA V, incluindo deficiente mental; • distúrbios emocionais severos ou em caso de dependência química; • pacientes que não querem ser sedados; • primeiro trimestre de gestação; • infecções agudas no trato respiratório (tuberculose, bronquite e resfriado); • pacientes claustrofóbicos. • tratamento com sulfato de bleomicina (o paciente pode ter fibrose pulmonar); • crianças sem maturidade para cooperar; • pacientes com sinusite; • pacientes com porfiria; • obstrução nasal ou respirador bucal; • acrescentamos ainda alimentação pesada com término inferior a 4 horas. Efeitos colaterais Efeitos adversos agudos ou crônicos em pacientes são raros, os mais comuns são: náusea e vômito, que ocorrem em cerca de 1%-10% dos casos. A causa pode ser a variação exagerada na concentração de óxido nitroso-oxigênio, a concentração acima do ideal de óxido nitroso, procedimentos mais longos, ou alimentação pesada, menos de 4 horas antes do procedimento, ou ainda, ser resultado da hipóxia de difusão, no final do procedimento. A hipóxia de difusão pode causar dor de cabeça ou desorientação. De tempos em tempos, são revistas as preocupações quanto ao risco profissional diante do uso indiscriminado dessa técnica e equipamentos de segurança inadequados. Os mais sujeitos aos efeitos colaterais crônicos são os profissionais envolvidos no procedimento, pelas horas de exposição, pois o sistema de oferta de óxido nitroso é aberto. A exposição crônica ao óxido nitroso a que os profissionais se submetem leva ao aborto espontâneo, e a neuropatias sensoriais. Vantagens gerais Período de latência curto e com rápida indução: efeito no sistema nervoso central em segundos, atingindo o ideal da sedação em 2 a 3 minutos. Individualidade na dosagem: a concentração do óxido nitroso é gradativamente aumentada, até se chegar ao ideal para o paciente. Flexibilidade: a profundidade da sedação pode ser alterada durante o procedimento, dosando a oferta de gases. Reversão rápida e sem antagonista: permite rápida reversão da sedação, apenas com o cessar da oferta de óxido nitroso, em 3 a 5 minutos. Baixo risco: droga segura por seu baixo efeito anestésico, flexibilidade e reversão rápida. Não existem relatos de reações alérgicas. Desvantagens Necessidade de cooperação do paciente para receber o fármaco: o paciente deve aceitar a máscara e respirar continuamente pelo nariz. Destacamos crianças imaturas com 3 ou 4 anos de idade, pacientes com problemas mentais e outros motivos que os coloquem em posição de não cooperativo. Pouco potente: devido seu baixo efeito anestésico, alguns pacientes não vão se beneficiar da técnica, com falha em tomo de 3% a 5% dos casos. Risco ocupacional dos profissionais: a exposição crônica pode levar a danos no sistema neurológico, sobretudo se houver má exaustão e vazamentos no ambiente de trabalho. Necessidade de fazer curso de habilitação. Custo dos equipamentos e gases. Necessidade de espaço físico no consultório.
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