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Emergências Médicas em Odontologia

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23
CAPÍTULO
SUMÁRIO DO CAPÍTULO
PREVENÇÃO
PREPARAÇÃO
Educação Continuada
Treinamento da Equipe de Consultório
Acesso à Ajuda
Materiais e Equipamentos de Emergência
EMERGÊNCIAS MÉDICAS
Reações de Hipersensibilidade
Desconforto Torácico
Difi culdade Respiratória
Asma
Hiperventilação
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Aspiração de Corpo Estranho
Aspiração de Conteúdo Gástrico
Alteração da Consciência
Síncope Vasovagal
Hipotensão Ortostática
Convulsão 
Toxicidade ao Anestésico Local
Diabetes Melito
Disfunção Tireoideana
Insuficiência da Supra-renal
Comprometimento Cerebrovascular
modo que a incidência de problemas como uma “hipoglicemia” 
pode estar superestimada.
A incidência de emergências médicas é mais alta em pacien-
tes que realizam cirurgia oral ambulatorial, quando comparados 
com aqueles que realizam procedimentos não-cirúrgicos devido 
a três fatores: (1) a cirurgia é um procedimento que frequente-
mente provoca mais estresse, (2) em geral, administra-se um nú-
mero maior de medicações aos pacientes no perioperatório, e (3) 
frequentemente, são necessárias consultas mais longas quando 
o procedimento a ser realizado é cirúrgico. Esses fatores são co-
nhecidos por aumentar a probabilidade de emergências médicas. 
Outros fatores que aumentam a probabilidade de ocorrência de 
emergências são a idade do paciente (pacientes muito jovens e 
idosos possuem risco mais alto), a capacidade cada vez maior 
da medicina em manter sob atendimento ambulatorial pessoas 
relativamente não-saudáveis e com possibilidade de buscar tra-
tamento odontológico, e a variedade cada vez maior de fármacos 
que os dentistas administram em seu consultório.
A prevenção é a base do tratamento das emergências médicas.
A primeira etapa é a avaliação do risco. Esta etapa inicia-se com 
uma anamnese cuidadosa que, no consultório odontológico, en-
volve a coleta de uma anamnese precisa, incluindo uma revisão 
dos sistemas guiada pelas respostas positivas pertinentes na his-
tória do paciente. Os sinais vitais devem ser registrados e deve-se 
realizar um exame físico (com base na anamnese do paciente e 
nos problemas presentes). As técnicas para isto estão descritas 
no Cap. 1.
Embora qualquer paciente possa desenvolver uma emergência 
médica em qualquer momento do atendimento, algumas condi-
ções clínicas predispõem os pacientes a emergências médicas no 
consultório odontológico. Essas condições mais provavelmente 
se transformarão em emergências quando o paciente estiver fi -
2
Prevenção e Tratamento de 
Emergências Médicas
JAMES R. HUPP
Felizmente, emergências médicas graves no consultório odonto-
lógico são raras. A razão primária para a frequência limitada de 
emergências no consultório odontológico é a natureza da educa-
ção odontológica, que prepara os profi ssionais para reconhecer 
os problemas mais prováveis e tratá-los antes que causem uma 
emergência. No entanto, quando um procedimento cirúrgico oral
é necessário, o estresse mental e fi siológico aumentado ineren-
te a tal intervenção pode desencadear uma emergência em um 
paciente que tenha uma condição clínica não compensada. De 
maneira semelhante, as formas avançadas de controle da dor e 
da ansiedade frequentemente existentes em uma cirurgia oral 
podem predispor alguns pacientes a condições emergenciais. 
Este capítulo inicia-se com a apresentação de vários métodos para
reduzir a possibilidade de emergências médicas no consultório 
odontológico. O capítulo também detalha meios de preparo para 
emergências e discute as manifestações clínicas e o tratamento 
inicial das emergências mais comuns.
PREVENÇÃO
É importante conhecer a frequência relativa das emergên-
cias e aquelas que mais provavelmente produzem morbidade e 
mortalidade graves para quando o dentista precisar estabelecer 
prioridades para as medidas preventivas. Um estudo, realizado 
por Malamed, em pacientes de uma faculdade de odontologia, 
revelou que hiperventilação, convulsões e hipoglicemia são as 
três situações de emergência mais comuns que ocorrem nos 
pacientes antes, durante ou logo após o tratamento odontoló-
gico. Essas são seguidas frequentemente por síncope vasovagal, 
angina pectoris, hipotensão ortostática e reações de hipersen-
sibilidade (alérgicas). É importante lembrar que muitos diag-
nósticos são presuntivos e não completamente verifi cados, de 
24 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
siológica ou emocionalmente estressado. As condições mais co-
muns desencadeadas ou afetadas pela ansiedade estão listadas no 
Quadro 2-1. Uma vez que os pacientes propensos a desenvolver 
uma emergência médica são reconhecidos, o profi ssional deve 
prevenir a ocorrência da maioria dos problemas fazendo modifi -
cações no protocolo do procedimento cirúrgico a ser realizado. 
PREPARAÇÃO
O preparo é o segundo fator mais importante (após a preven-
ção) no tratamento das emergências médicas. A preparação para 
tratar emergências inclui quatro ações específi cas: (1) assegu-
rar que a educação odontológica do profi ssional foi adequada e 
mantida atualizada em relação aos cuidados emergenciais, (2) 
dispor de equipe auxiliar treinada para auxiliar em emergências 
médicas, (3) estabelecer um sistema de acesso rápido a outros 
profi ssionais de saúde capazes de prestar socorro durante uma 
emergência, e (4) equipar adequadamente o consultório odon-
tológico para fornecer assistência inicial a pacientes com proble-
mas graves (Quadro 2-2).
Educação Continuada
Na faculdade de odontologia, os dentistas são ensinados a ava-
liar o risco do paciente e a tratar emergências médicas. No en-
tanto, devido à raridade desses problemas no cotidiano, os pro-
fi ssionais devem buscar uma educação continuada nessa área, 
não somente para relembrar seus conhecimentos, mas também 
para aprender novos conceitos em relação à avaliação médica e 
ao tratamento de emergência. Uma característica importante da 
educação continuada deve ser o certifi cado em suporte básico de 
vida (SBV), incluindo o uso de desfi briladores automáticos ex-
ternos (Quadro 2-3). Recomenda-se que a educação continuada 
no tratamento de emergências médicas seja realizada anualmen-
te, com o certifi cado de SBV atualizado e revisado bianualmente. 
Os dentistas que administram sedativos parenterais, que não o 
óxido nitroso, devem estar certifi cados em suporte cardíaco de 
vida avançado (SCVA) e dispor de fármacos e equipamentos ne-
cessários para os cuidados de suporte cardíaco de vida.
Treinamento da Equipe de Consultório
O dentista deve assegurar que todos os profi ssionais da sua equi-
pe sejam treinados para auxiliar no reconhecimento e no tra-
tamento de uma emergência. Isso deve incluir um reforço por 
meio de simulações periódicas de emergências no consultório 
e a renovação anual do SBV. Os profi ssionais devem ter respon-
sabilidades específi cas preestabelecidas, de forma que durante 
a ocorrência de um eventual problema, cada pessoa saiba o que 
deve fazer durante a situação.
Acesso à Ajuda
A facilidade de acesso a outros profi ssionais da saúde varia de 
um consultório para o outro. A busca de outros indivíduos com 
treinamento competente durante uma emergência médica é útil. 
Se o consultório odontológico está localizado próximo de outros 
consultórios, devem ser feitos acordos prévios para uma assis-
tência mútua em eventos de emergência. Nem todos os médicos 
são treinados para o tratamento de emergências, e os dentistas
devem selecionar apropriadamente os médicos com os quais
farão contato para pedir auxílio durante uma emergência. Os 
cirurgiões bucomaxilofaciais são boas opções, assim como a 
maioria dos cirurgiões gerais, especialistas em medicina interna 
e anestesiologistas. As ambulâncias que possuem técnicos em 
emergências médicas são úteis para dentistas diante de uma situ-
ação emergencial, e a maioria das comunidades fornece telefones 
de fácil acesso a uma equipe médica de emergência. Por fi m, é 
importante identifi car um hospital próximo com atendimento 
de emergência, que possua uma equipe bemtreinada.
QUADRO 2-2
Treinamento para Emergências Médicas
1. Educação continuada pessoal para o reconhecimento e 
tratamento de emergência
2. Educação da equipe auxiliar para reconhecimento e trata-
mento
3. Estabelecimento e testagem periódica de um sistema de 
acesso a auxílio médico rapidamente, quando uma emer-
gência ocorrer
4. Consultório odontológico equipado com suprimentos ne-
cessários para tratamento emergencial
QUADRO 2-1
Emergências Médicas Comumente Desencadeadas 
pela Ansiedade
��Angina pectoris
��Crise tireoideana
�� Infarto do miocárdio
��Choque insulínico
��Broncoespasmo asmático
��Hiperventilação
�� Insuficiência suprarrenal (aguda)
��Epilepsia
��Hipertensão grave
QUADRO 2-3
Suporte Básico de Vida
ABCs
��A — Vias aéreas (Airway)
��B — Respiração (Breathing)
��C — Circulação (Circulation)
A MANUTENÇÃO DAS VIAS AÉREAS PODE SER ALCANÇADA DA 
SEGUINTE FORMA:
1. Extensão da cabeça e do pescoço tracionando o mento 
com uma das mãos e tracionando o fronte para trás com 
a outra mão
2. Tracionar a mandíbula para a frente por meio da pressão 
sobre os ângulos da mandíbula
3. Puxar a mandíbula para frente tracionando a região ante-
rior da mandíbula
4. Puxar a língua para a frente, utilizando material de sutura 
ou instrumentos para segurar a parte anterior da língua 
RESPIRAÇÃO FORNECIDA POR:
1. Ventilação boca-a-boca ou boca-máscara
2. Ressuscitação por bolsa de ventilação
CIRCULAÇÃO PROPORCIONADA POR MASSAGEM CARDÍACA 
EXTERNA
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 25
Uma vez que o dentista tenha estabelecido quem pode for-
necer auxílio durante uma emergência médica, os números te-
lefônicos correspondentes devem estar disponíveis e acessíveis. 
Listas facilmente identifi cáveis podem ser colocadas em cada 
telefone, ou os números podem ser registrados na memória para 
discagem automática. Os números devem ser periodicamente 
chamados para verifi car a sua existência.
Materiais e Equipamentos de Emergência
A etapa fi nal de preparo para emergências é assegurar que fár-
macos, materiais e equipamentos apropriados de emergência 
estejam disponíveis no consultório. Uma peça básica do equi-
pamento é a cadeira odontológica capaz de permitir que o pa-
ciente seja colocado na posição horizontal ou, melhor ainda, em 
uma posição horizontal com os pés posicionados de forma mais 
elevada que a cabeça (Fig. 2-1, A). Além disso, a cadeira deve 
ser capaz de ser abaixada até perto do chão para permitir que o 
SBV seja realizado de forma mais adequada. As salas operatórias 
devem ser grandes o bastante para permitir que o paciente seja 
posicionado no chão para a realização do SBV e ter espaço para 
que o dentista e outros profi ssionais possam realizar os cuida-
dos emergenciais. Se a sala de operação for muito pequena para 
permitir que o paciente seja colocado no chão, existem pranchas 
especialmente desenhadas disponíveis para serem colocadas sob 
o tórax do paciente para permitir a realização do SBV na cadeira 
odontológica.
Frequentemente, são necessários equipamentos para auxílio 
respiratório e administração de fármacos injetáveis durante as 
emergências no consultório. O equipamento necessário para o 
auxílio respiratório inclui cânulas de aspiração tonsilar, de vias 
aéreas nasais e orais (Fig. 2-1, B), tubos coletores que permitem 
a execução de aspiração de grandes volumes e balão de ressus-
citação (p. ex., unidade de máscara ar [AMBU]) com máscara 
de face transparente (Fig. 2-1, C). As vias aéreas nasal e oral, 
laringoscópios, e cânulas endotraqueais para intubação podem 
ser úteis para dentistas com treinamento adequado no seu uso 
ou para outros profi ssionais chamados para ajudar durante uma 
emergência.
Os equipamentos úteis para a administração de fármacos in-
cluem seringas e agulhas, torniquetes, soluções intravenosas (IV), 
cateteres e cânulas IV (Tabela 2-1). Embora os kits de emergência 
comercialmente disponíveis contenham uma variedade de fárma-
cos (Fig. 2-2), os dentistas podem preferir montar o seu próprio 
kit. Isso permite que os profi ssionais adequadamente treinados 
escolham somente aqueles agentes que eles consideram como os 
mais prováveis de serem utilizados durante uma emergência. Os 
kits personalizados também ajudam o dentista a organizar o kit
de forma a facilitar o seu uso durante situações de emergência. Se 
o dentista possuir acordos com outros profi ssionais para auxiliar, 
eles também podem desejar incluir, nos kits, fármacos individu-
ais que possam ser úteis. Os fármacos e todos os equipamentos 
do kit devem estar bem rotulados e ser verifi cados frequentemen-
te, para assegurar que estejam completos, bem como para confi r-
mar que estejam dentro do prazo de validade. A rotulagem pode 
incluir não somente o nome do fármaco, mas também descrever 
as situações em que ele é mais comumente utilizado. Uma lista 
de fármacos que devem ser incluídos no kit emergência do con-
sultório odontológico está descrita na Tabela 2-2.
Um item de emergência que deve estar disponível nos consul-
tórios odontológicos é o oxigênio. Muitos dentistas usam oxigênio
dispensado por um cilindro portátil. Se treinado ou assessorado 
por uma pessoa adequadamente treinada, o dentista pode admi-
nistrar oxigênio sob pressão positiva para o paciente. É importante 
estabelecer um sistema de conferência periódica para verifi car se 
um suprimento sufi ciente de oxigênio está disponível. Os den-
tistas que utilizam um sistema de fornecimento de oxigênio cen-
tral também precisam de um sistema portátil disponível para uso 
fora da unidade operatória, como na sala de espera ou durante o 
transporte para um local de atendimento de emergência.
EMERGÊNCIAS MÉDICAS
Uma breve descrição das manifestações fi siopatológicas e clíni-
cas e do tratamento das diversas situações de emergências gra-
ves é apresentada na seção seguinte. A seção foi organizada de 
acordo com a combinação de problemas específi cos, como reações 
de hipersensibilidade, e problemas orientados por sintomas, como o 
desconforto torácico.
A
B
C
FIGURA 2-1 A, cadeira odontológica colocando o paciente de for-
ma que fi que com as pernas em nível mais elevado do que o tron-
co. Esta posição é útil para as condições emergenciais em que um 
retorno venoso aumentado para o coração é necessário ou quando 
conteúdo gástrico ou corpos estranhos estão nas vias aéreas supe-
riores. Para o rápido e efi ciente retorno venoso, o dentista ou um 
membro da equipe pode elevar manualmente as pernas do paciente. 
B, Uma ponta de aspiração tonsilar é útil para a retirada de fl uidos 
da boca e faringe. C, O balão de ressuscitação (AMBU, do inglês 
air mask bag unit) com máscara facial transparente está posicionado 
adequadamente sobre a boca e o nariz do paciente. O profi ssional 
pode usar ambas as mãos para manter a máscara no lugar enquanto 
um assistente comprime o balão. O ar enriquecido com o oxigênio é 
fornecido por meio de uma conexão com a bolsa AMBU a uma fonte 
de oxigênio na outra extremidade do balão.
26 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
Reações de Hipersensibilidade
Diversos fármacos administrados aos pacientes que se subme-
tem a cirurgia oral podem agir como um estímulo antigênico, 
provocando reações alérgicas. Dos quatro tipos básicos de rea-
ções de hipersensibilidade, somente o tipo I (hipersensibilidade 
imediata) pode causar uma condição aguda ameaçadora à vida. 
As reações alérgicas tipo I são mediadas primariamente por anti-
corpos imunoglobulina E. Assim como todas as alergias, o início 
da resposta do tipo I requer exposição prévia do sistema imune 
ao antígeno. Uma nova exposição ao antígeno desencadeia uma 
cascata de eventos que se manifestam local ou sistemicamente,
TABELA 2-1
Suprimentos de Emergência para 
Consultório Odontológico
Procedimento Material 
Estabelecimento 
e manutenção 
de acesso 
intravenoso
Cateter plástico 
Cateter metálico
Cânula intravenosa com fluxo valvular
Torniquete
Fita plástica de largura de 2,5 cm
Solução cristaloide(salina normal, 
dextrose a 5% em água)
Aspiração de 
grande volume
Pontas de sucção de diâmetro largo
Pontas de aspiração tonsilares
Tubo de extensão
Conectores para adaptação do tubo 
ao equipamento de aspiração 
odontológico
Administração de 
fármacos
Seringas plásticas (5 e 10 mL)
Agulhas (calibres 18 e 21)
Administração de 
oxigênio
Máscara facial transparente
Balão de ressuscitação (unidade de balão 
e máscara de ar)
Tubo de extensão de oxigênio (com e 
sem cateteres nasais)
Cilindro de oxigênio com válvula de fluxo
Vias áreas oral e nasal*
Tubo endotraqueal*
Máscara de oxigênio de livre demanda*
*Para uso por dentistas com treinamento apropriado ou por aqueles 
profissionais chamados para fornecer assistência médica.
A B
FIGURA 2-2 A, Um exemplo de kit de emergência comercialmente disponível, de tamanho e complexidade adequados, para o consultório 
odontológico. B, Os sistemas de resposta de emergência para consultórios estão disponíveis para orientar os dentistas e sua equipe durante 
emergências e treinamentos.
TABELA 2-2
Fármacos de Emergência para o Consultório 
Odontológico
Grupos Farmacológicos 
Gerais Exemplos Comuns
PREPARAÇÕES PARENTERAIS
Analgésicos Sulfato de morfina
Anticonvulsivos Diazepam, midazolam
Anti-histamínicos Difendramina (Benadryl), 
clorfeniramina (Chlor-Trimetron) 
Anti-hipoglicemiante Dextrose a 50% em água, 
glucagon
Corticosteróides Metilprednisona (Solu-Medrol), 
dexametasona (Decadron), 
hidrocortisona (Solu-Cortef)
Antagonistas dos 
narcóticos
Naloxona (Narcan)
Simpatomiméticos Epinefrina
Vagolíticos Atropina
PREPARAÇÕES ORAIS
Anti-histamínicos Difendramina (Benadryl), 
clorfeniramina (Chlor-Trimetron) 
Anti-hipoglicemiante Sucos de frutas, doces, açúcar
Vasodilatador Nitroglicerina (Nitrostat, 
Nitrolingual)
PREPARAÇÕES INALANTES
Broncodilatador Metaproterenol (Alupent), 
bitartarato de epinefrina 
(Medilhaler-epi)
Oxigênio —
Estimulante respiratório Amônia aromática
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 27
ou sob ambas as formas, em graus variados de severidade. A 
Tabela 2-3 detalha as manifestações das reações de hipersensibi-
lidade tipo I e seu tratamento. 
A manifestação menos grave da hipersensibilidade tipo I é 
dermatológica. As reações cutâneas e das mucosas incluem áreas 
localizadas de prurido, eritema, urticária (pápulas consistindo 
em áreas levemente elevadas de tecido epitelial, eritematosas e 
endurecidas), e angioedema (áreas grandes de tecido edemacia-
do geralmente pouco eritematosas ou endurecidas). Embora as 
reações cutâneas e mucosas não sejam por si sós perigosas, po-
dem constituir a primeira indicação de uma manifestação alér-
gica mais grave que virá logo após o surgimento delas. As le-
sões cutâneas geralmente levam de alguns minutos a horas para 
aparecerem; no entanto, aquelas de aparecimento e progressão 
rápida após a administração de um fármaco antigênico são as 
mais signifi cativas.
As reações alérgicas que afetam o trato respiratório são mais 
graves e necessitam de uma intervenção mais agressiva. No en-
volvimento das vias aéreas menores ocorre sibilo, constrição do 
músculo liso brônquico (broncoespasmo) e infl amação da mu-
TABELA 2-3
Manifestações e Tratamento das Reações de Hipersensibilidade (Alérgicas)
Manifestações Tratamento
SINAIS CUTÂNEOS
��Sinais cutâneos de início tardio: 
eritema, urticária, prurido, angioedema
�� Interromper a administração de todos os fármacos atualmente em uso
��Administrar Benadryl* 50 mg ou Chlor-trimeton† 10 mg, via IM ou IV
��Encaminhar para um médico
��Prescrever anti-histamínico oral, como Benadryl 50 mg 6/6h ou Chlor-Trimeton 
10 mg 6/6h
��Sinais cutâneos imediatos: eritema, 
urticária, prurido
�� Interromper a administração de todos os fármacos atualmente em uso
��Administrar epinefrina 0,3 mL 1:1.000 SC, IM ou IV, ou epinefrina 3 mL a cada 
5 min se os sinais progredirem
��Administrar anti-histamínicos IM ou IV: Benadryl 50 mg ou Chlor-Trimeton 10 mg
��Monitorar os sinais vitais
��Consultar o médico do paciente
��Observá-lo no consultório por 1 hora
��Prescrever Benadryl, 50 mg 6/6h, ou Chlor-Trimeton, 10 mg 6/6h
SINAIS DO TRATO RESPIRATÓRIO COM OU SEM SINAIS CARDIOVASCULARES OU CUTÂNEOS
��Sibilo, dispneia leve �� Interromper a administração de todos os fármacos atualmente em uso
��Colocar o paciente em posição sentada
��Administrar epinefrina‡ 
��Providenciar acesso IV
��Consultar o médico do paciente ou um médico de emergência
��Observá-lo no consultório por 1 hora
��Prescrever anti-histamínicos
��Respiração sibilante (i.e., sons 
ruidosos), dispneia de moderada a grave
�� Interromper a administração de todos os fármacos atualmente em uso
��Sentar o paciente em uma posição ereta e colocar alguém para contatar 
assistência médica
��Administrar epinefrina*
��Administrar oxigênio (6 L/min) por máscara facial ou nasal
��Monitorar os sinais vitais
��Administrar anti-histamínicos
��Providenciar acesso IV; se os sinais se agravarem, tratar como uma anafilaxia
��Consultar o médico do paciente ou um médico de emergência; preparar para 
transporte para uma unidade de emergência se os sinais não melhorarem 
rapidamente
��Anafilaxia (com ou sem sinais 
cutâneos): mal-estar, sibilo, cianose, 
obstrução total das vias aéreas, 
náusea e vômito, cólicas abdominais, 
incontinência urinária, taquicardia, 
hipotensão, disritmias cardíacas, parada 
cardíaca
�� Interromper a administração de todos os fármacos atualmente em uso
��Posicionar o paciente em posição supina sobre uma superfície ou no chão e pedir 
a uma pessoa para contatar assistência
��Administrar epinefrina‡
�� Iniciar suporte básico de vida e monitorar os sinais vitais
��Considerar a possibilidade de uma cricotirotomia se for treinado para isso e se o 
laringoespasmo não melhorar rapidamente com epinefrina
��Providenciar acesso IV
��Administrar oxigênio (6 L/min)
��Administrar anti-histamínicos IM ou IV
��Preparar para transporte
*Marca de difenidramina. 
†Marca de clorfeniramina. 
‡Como descrito na seção “Início Imediato”
IM, Intramuscular; IV, intravenoso; SC, subcutâneo.
28 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
cosa das vias aéreas. O paciente se queixará de dispneia e even-
tualmente se tornará cianótico. O envolvimento das vias aéreas 
maiores ocorre na porção mais estreita da passagem de ar — as 
cordas vocais na laringe. O angioedema das cordas vocais causa 
obstrução parcial ou total das vias aéreas. O paciente geralmente 
é incapaz de falar e produz um som alto semelhante ao grasnar 
(estridor) conforme o ar passa pelas cordas vocais. À medida que 
o edema piora, pode ocorrer, eventualmente, a obstrução total 
das vias aéreas, o que é uma ameaça imediata à vida. 
A anafi laxia generalizada é a reação de hipersensibilidade 
mais dramática, e geralmente ocorre em segundos ou minutos 
após a administração parenteral da medicação antigênica; uma 
reação de início tardio ocorre após a administração medicamen-
tosa oral ou tópica. Existem vários sinais e sintomas de ana-
fi laxia, porém os mais importantes, em relação ao tratamento 
inicial, são aqueles que resultam de distúrbios do trato cardio-
vascular e respiratório.
Uma reação anafi lática tipicamente inicia-se com o paciente 
queixando-se de mal-estar ou sensação de morte imediata. As 
manifestações cutâneas logo aparecem, incluindo rubor (verme-
lhidão), urticária e prurido na face e no tronco. Podem ocorrer 
náuseas e vômito, cólicas abdominais e incontinência urinária. 
Logo se iniciam sintomas de perturbação respiratória, com disp-
neia e sibilo. A cianose do leito ungueal e da mucosa ocorre em 
decorrência da troca de ar insufi ciente. Por fi m, quando ocorre 
a obstrução total das vias aéreas, o paciente rapidamente evolui 
para a inconsciência. Função cardiovascular desordenada ini-
cialmente ocorre com taquicardia e palpitação. A pressão san-
guínea tende a cair por causa do débito cardíaco diminuído e 
da vasodilatação periférica, e aparecem disritmias cardíacas. O 
débito cardíaco eventualmentepode estar comprometido a um 
grau sufi ciente para causar perda de consciência e parada car-
díaca. Apesar dos distúrbios cardiovasculares potencialmente 
graves, a causa comum de morte nos pacientes que desenvolvem 
reação anafi lática é a obstrução laríngea causada pelo edema das 
cordas vocais.
Da mesma forma que em outras situações potenciais de emer-
gência, a prevenção é a melhor estratégia. Durante a anamnese e 
as consultas subsequentes, os pacientes devem ser questionados 
em relação aos fármacos que podem desenvolver uma história de 
alergia. Além disso, os dentistas devem perguntar aos pacientes 
especifi camente sobre medicações que eles pretendem utilizar 
durante a cirurgia oral planejada. Se um paciente relatar alergia 
a determinado fármaco, o profi ssional deve saber do paciente de 
que forma a reação alérgica se manifestou e o que foi necessá-
rio para tratar o problema. Muitos pacientes relatam alergia aos 
anestésicos locais. No entanto, antes de submeter os pacientes 
a formas alternativas de anestesia, o clínico deve se certifi car de 
que uma alergia realmente existe, pois muitos pacientes relatam 
ter reação alérgica quando de fato vivenciaram um episódio hi-
potensivo vasovagal ou palpitações leves. Se a alergia em ques-
tão for verdadeira, o paciente deve ser encaminhado para um 
profi ssional que possa realizar testes de hipersensibilidade. Após 
ser determinado que o paciente possui alergia a um determina-
do medicamento, essa informação deve ser assinalada de forma 
destacada no registro (fi cha) do paciente para alertar os profi s-
sionais sobre o problema, mas sempre protegendo a confi dencia-
lidade do paciente.
O tratamento das reações alérgicas depende da gravidade dos 
sinais e sintomas. A primeira iniciativa frente a qualquer sinal de 
reação inesperada a um fármaco administrado de forma paren-
teral deve ser a interrupção imediata da sua administração. Se a 
reação alérgica permanecer confi nada a pele ou mucosa, deve-se 
administrar um anti-histamínico, via IV ou intramuscular (IM). 
Geralmente, os anti-histamínicos de escolha são o hidrocloreto de 
difenidramina, 50 mg, ou o maleato de clorfeniramina, 10 mg.1 O 
anti-histamínico deve ser continuado por via oral (difenidrami-
na [Benadryl] 50 mg, clorfeniramina [Chlor-Trimetron] 8 mg) a 
cada 6 ou 8 horas por 24 horas. As reações urticariformes gra-
ves e imediatas justifi cam a administração parenteral imediata 
(subcutânea [SC] ou IM) de 0,3 mL de solução de epinefrina 
em concentração de 1:1.000, seguida por um anti-histamínico. 
Os sinais vitais do paciente devem ser monitorados frequente-
mente durante 1 hora; se o paciente estiver estável, ele deve ser 
encaminhado para um médico ou um local de atendimento de 
emergência para prosseguir o acompanhamento.
Se um paciente apresentar sinais de envolvimento do trato 
respiratório inferior (i.e. sibilo durante uma reação alérgica), vá-
rias ações devem ser iniciadas. Deve-se acionar uma assistência 
externa de emergência. O paciente deve ser colocado em uma 
posição semirreclinada e deve-se iniciar a administração de oxigê-
nio. A epinefrina deve ser administrada por meio de injeção pa-
renteral de 0,3 mL de uma solução com concentração de 1:1.000 
ou por meio de um aerossol inalante (p. ex., Medihaler-Epi, com 
cada inalação fornecendo 0,3 mg). A epinefrina tem ação curta; 
se os sintomas recomeçarem ou continuarem, a dose deve ser 
repetida a cada 5 minutos. Anti-histamínicos como a difenidra-
mina ou a clorfeniramina devem ser administrados em seguida. 
O paciente deve ser transferido para a unidade de atendimento 
de emergência mais próxima para permitir tratamento adicional, 
se necessário.
Se um paciente apresentar sinais de obstrução laríngea (i.e.
estridor), deve-se administrar epinefrina (0,3 mL de uma so-
lução de 1:1.000) e oxigênio o mais rapidamente possível. Se 
um paciente perder a consciência e a tentativa de ventilar seus 
pulmões falhar, uma cricotirotomia ou traqueotomia deve ser 
realizada para ultrapassar a obstrução laríngea.2 A descrição da 
técnica de cricotirotomia e traqueotomia está além do escopo 
desse livro, mas essas técnicas podem salvar vidas em uma re-
ação anafi lática. Logo que as vias aéreas estejam estabelecidas, 
devem-se administrar um anti-histamínico e doses adicionais de 
epinefrina. Os sinais vitais devem ser monitorados e manobras 
necessárias para estabilizar o paciente devem ser mantidas até 
que o auxílio de emergência esteja disponível. 
Os pacientes que apresentam sinais de comprometimento do 
sistema cardiovascular devem ser monitorados rigorosamente 
quanto ao aparecimento de hipotensão, para o qual pode ser ne-
cessário o início de SBV se o débito cardíaco diminuir para um 
nível mais baixo do que o necessário para manter a viabilidade 
ou se ocorrer parada cardíaca (Quadro 2-3).
Desconforto Torácico
O aparecimento de desconforto torácico no período perioperató-
rio de um paciente que pode ter cardiopatia isquêmica necessita 
da identifi cação rápida da causa para que as medidas apropriadas 
possam ser realizadas (Quadro 2-4). O desconforto provenien-
te de isquemia cardíaca é frequentemente descrito como uma 
sensação de pressão ou aperto, com sensação de peso no peito 
(Quadro 2-5). O desconforto, em geral, inicia-se na localização 
retroesternal, irradiando-se para o ombro e braço esquerdos. Os 
pacientes com cardiopatia documentada que sentiram tal des-
1Todas as doses dadas neste capítulo são aquelas recomendadas para um 
adulto médio. As doses vão variar em se tratando de crianças, pacientes 
idosos e para aqueles com doenças debilitantes. O clínico deverá con-
sultar um dicionário de especialidades farmacêuticas para informações 
adicionais.
2A cricotireotomia é a criação de uma abertura cirúrgica na membrana 
cricotireoidea logo abaixo da cartilagem tireoidea para criar uma ventila-
ção que contorne as cordas vocais.
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 29
conforto anteriormente são capazes de confi rmar que este des-
conforto é de origem cardíaca. Para os pacientes que são incapa-
zes de lembrar de tal sensação anterior ou aqueles que tiveram a 
confi rmação de que o desconforto representava uma cardiopatia, 
é necessário obter mais informações antes de afi rmar que o sin-
toma é de origem cardíaca. O paciente deve ser inquirido a des-
crever a localização exata do desconforto e qualquer irradiação, 
bem como se o desconforto se altera com o passar do tempo ou se 
a posição postural afeta a sensação. A sensação de dor resultante 
de refl uxo gastroesofágico devido à posição da cadeira, pode 
melhorar quando o paciente é posicionado sentado e um antiá-
cido é administrado. O desconforto causado pela costocondrite 
ou por doenças pulmonares pode variar com a respiração ou ser 
estimulado por pressão manual no tórax. A outra condição co-
mum que pode desencadear desconforto torácico é a ansiedade, 
que pode ser difícil de diferenciar de problemas cardíacos sem o 
uso de dispositivos de monitoramento, que são pouco comuns 
nos consultórios odontológicos.
Se houver suspeita de que o desconforto torácico pode ser 
causado por isquemia do miocárdio ou se essa possibilidade não 
puder ser descartada, devem ser instituídas medidas apropriadas 
para diminuir o trabalho do miocárdio e aumentar o suprimento 
de oxigênio. Todos os procedimentos odontológicos devem ser 
interrompidos mesmo se a cirurgia estiver parcialmente fi naliza-
da. O paciente deve ser tranquilizado de que tudo está sob con-
trole enquanto os sinais vitais estão sendo monitorados, inicia-se 
a administração de oxigênio, e administra-se nitroglicerina su-
blingual ou por meio de spray oral. A dose de nitroglicerina deve
ser de 0,4 mg dissolvidos sublingualmente e repetido (se neces-
sário) a cada 5 minutos, enquanto a pressão sistólica estiver me-
nor do que 90 mmHg, até o máximo de três doses. Se os sinais 
vitais permanecerem normais, o desconforto torácico aliviado, 
e a quantidade de nitroglicerinaadministrada para o alívio não 
foi maior do que a normalmente necessária, o paciente deve ser 
dispensado com plano de cirurgia futura a ser realizada por um 
cirurgião bucomaxilofacial ou em ambiente hospitalar após o 
consentimento do médico do paciente (Fig. 2-3).
Algumas circunstâncias exigem o transporte do paciente para 
uma unidade de emergência. Se o pulso estiver irregular, rápido 
ou fraco, ou a pressão sanguínea estiver menor do que o limite 
mínimo, deve-se solicitar ajuda a um setor de emergência exter-
no enquanto o paciente é colocado em uma posição quase supina 
e é iniciado o tratamento com oxigênio e nitroglicerina. Se possí-
vel, devem ser realizados um acesso venoso e a administração de 
dextrose a 5% diluída em água, para o uso em emergência. Outra 
situação grave que necessita da transferência para um hospital é 
o caso em que o desconforto torácico do paciente não é aliviado 
em 20 minutos com o tratamento apropriado. Nesse caso, deve-
se presumir que um infarto do miocárdio está em progressão. Tal 
paciente é especialmente propenso ao aparecimento de disritmia 
cardíaca grave ou parada cardíaca; portanto, os sinais vitais de-
vem ser frequentemente monitorados e, se for indicado, medidas 
de SBV devem ser instituídas. Sulfato de morfi na (4 a 6 mg) deve 
ser administrado por via IM ou SC para ajudar a aliviar o descon-
forto e reduzir a ansiedade. A morfi na também propicia efeitos 
benéfi cos para o paciente que desenvolve edema pulmonar (Fig. 
2-3). A transferência para um hospital deve ser aguardada, pois 
agentes trombolíticos e/ou uma angioplastia podem ser necessá-
rios para preservar parte ou todo o miocárdio isquêmico.
Difi culdade Respiratória
Muitos pacientes são predispostos a problemas respiratórios du-
rante uma consulta odontológica; dentre estes estão incluídos 
aqueles pacientes com asma ou doença pulmonar obstrutiva crô-
nica (DPOC), pacientes extremamente ansiosos, pacientes que 
são atópicos e aqueles em que são utilizadas técnicas de sedação 
não-inalatórias com fármacos depressores respiratórios. Devem 
ser tomadas precauções especiais para auxiliar a prevenir emer-
gências. Se esses pacientes não forem tratados imediatamente, a 
situação pode ser fatal.
Asma
Pacientes com história de asma podem constituir um desafi o 
particular para um tratamento seguro se o estresse emocional 
ou muitos agentes farmacológicos facilmente desencadearem os 
problemas respiratórios. A maioria dos pacientes com asma está 
consciente dos sintomas que sinalizam o início do broncoespas-
mo. Os pacientes se queixarão de respiração encurtada e deseja-
rão fi car eretos. De uma forma geral, inicia-se um sibilo audível, 
taquipneia e taquicardia, e os pacientes começam a utilizar mús-
culos acessórios da respiração. À medida que o broncoespasmo 
progride, os pacientes podem se tornar hipóxicos e cianóticos, 
com eventual perda da consciência (Quadro 2-6).
O tratamento deve ser iniciado com a colocação do paciente 
em uma posição ereta ou semiereta. Inicia-se, então, a adminis-
QUADRO 2-4
Características Clínicas de Dor Torácica Causada 
por Isquemia ou Infarto do Miocárdio
DESCONFORTO (DOR) COMO DESCRITO PELOS PACIENTES
1. Aperto, explosão, pressão, sensação de queimação, sufo-
camento ou esmagamento (podendo não apresentar uma 
sensação tipicamente aguda ou de punhalada)
2. Localizada subesternalmente, com radiação variável para 
o ombro, braço esquerdo, ou lado esquerdo do pescoço e 
da mandíbula (ou uma combinação dessas áreas) 
3. Frequentemente associada ao início de exercício, refei-
ções pesadas, ansiedade, ou quando se assume uma posi-
ção horizontal
4. Aliviada com vasodilatadores, como nitroglicerina, ou re-
pouso (no caso da angina)
5. Acompanhada de dispneia, náusea, fraqueza, palpitações, 
transpiração e/ou sensação de morte iminente (ou a com-
binação desses sintomas) 
QUADRO 2-5
Diagnóstico Diferencial de Dor Torácica de Início 
Agudo
CAUSAS COMUNS
Sistema cardiovascular: Angina pectoris, infarto do miocárdio
Trato gastrointestinal: Dispepsia (i.e., pirose), hérnia de hiato, 
refluxo esofágico, úlceras gástricas
Sistema músculo-esquelético: Espasmo do músculo intercos-
tal, contusões nos músculos torácicos ou das costelas
Psicológicas: Hiperventilação
CAUSAS INCOMUNS
Sistema cardiovascular: Pericardite, aneurisma dissecante da 
aorta
Sistema respiratório: Embolismo pulmonar, pleurite, traqueo-
bronquite, mediastinite, pneumotórax
Trato gastrointestinal: Ruptura esofágica, acalasia
Sistema músculo-esquelético: Osteocondrite, condroesternite
Psicológicas: Dor torácica psicogênica (i.e., dor torácica ima-
ginária)
30 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
tração de broncodilatadores, usando-se o inalador do próprio 
paciente ou o do suprimento de emergência do consultório. O 
inalador pode conter epinefrina, isoproterenol, metaproterenol 
ou albuterol. A repetição das doses deve ser administrada cau-
telosamente para evitar uma superdosagem. A administração de 
oxigênio deve ser realizada com a utilização de sondas nasais ou 
máscara facial. Em casos de episódios asmáticos mais graves ou 
quando o tratamento com aerossol é inefi caz, pode ser injetada 
epinefrina (0,3 mL de uma diluição de 1:1.000) por via IM ou 
SC. Quando o paciente desenvolve problemas respiratórios gra-
ves, pode ser necessária a obtenção de assistência médica exter-
na de emergência (Fig. 2-4).
Problemas respiratórios causados por alergia medicamentosa 
podem ser difíceis de diferenciar daqueles provenientes da asma. 
O tratamento dos problemas respiratórios é o mesmo em qual-
quer um dos dois casos.
Hiperventilação
A causa mais frequente de difi culdade respiratória no consultório 
odontológico é a ansiedade, expressada através da hiperventila-
 1. Interromper todo o tratamento odontológico
 2. Colocar o paciente em posição semirreclinada
 3. Administrar nitroglicerina (NTG) (cerca de 0,4 mg) em comprimido ou em spray
 4. Administrar oxigênio
 5. Conferir o pulso e a pressão sanguínea*
 6. Suspeitar de angina pectoris
 7. Diminuir lentamente o oxigênio durante 5 minutos
 8. Modificar o tratamento odontológico para evitar 
 recorrência
 11. Encaminhar o paciente para avaliação médica antes 
 de outro tratamento odontológico
 12. Suspeitar de infarto do miocárdio em progressão
 13. Administrar 352 mg de aspirina
 14. Iniciar acesso venoso com gotejamento de solução cristaloide a 30 mL/h
 15. Se o desconforto for grave, pode ser administrado sulfato de morfina fracionado (SM), 2 mg, por via subcutânea 
 ou intravenosa a cada 3 minutos até que um alívio seja obtido*
 16. Preparar o transporte para uma unidade de emergência e administrar medidas de suporte básico de vida,
 se necessário
Desconforto aliviado
Desconforto aliviado
Desconforto persistindo por 3 minutos após
a administração de NTG
Desconforto persistindo por 3 minutos após
a segunda administração de NTG
Desconforto persistindo por 3 minutos após
a terceira administração de NTG
 6. Administrar segunda dose de NTG
 7. Monitorar sinais vitais
 8. Administrar terceira dose de NTG
 9. Monitorar sinais vitais
 10. Colocar alguém para chamar assistência médica
*Se a pressão sanguínea cair abaixo de 90 (sistólica) ou 50 (diastólica), interromper a administração de NTG e SM e chamar ou esperar pela emergência médica.
Paciente experimentando desconforto torácico
FIGURA 2-3 Tratamento do paciente com desconforto torácico enquanto é submetido à cirurgia odontológica.
QUADRO 2-6
Manifestações de um Episódio Asmático Agudo
LEVES A MODERADAS
��Sibilo (audível com ou sem o estetoscópio)
��Dispneia (i.e., dificuldade respiratória)
��Taquicardia
��Tosse
��Ansiedade
GRAVES
��Dispneia intensa, com dilatação das narinas e uso dos mús-
culos acessórios da respiração
��Cianose das membranas mucosas e leitos ungueais
��Sons respiratórios mínimos na auscultação
��Rubor facial
��Ansiedade extrema
��Confusão mental
��Sudorese
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 31
ção, que geralmenteé observada em pacientes mais jovens, por 
volta dos 20 ou 30 anos, e que pode, frequentemente, ser pre-
venida por meio do controle da ansiedade. Os dentistas devem 
estar atentos para os sinais de apreensão do paciente e, por meio 
da anamnese, devem encorajar os pacientes a expressar as suas 
preocupações. Os pacientes com ansiedade extrema devem ser 
tratados com um protocolo de redução de ansiedade. Além dis-
so, podem ser necessários agentes ansiolíticos farmacológicos.
A primeira manifestação da síndrome da hiperventilação, fre-
quentemente, é a queixa de incapacidade de inspirar ar sufi ciente. 
O paciente respira rapidamente (taquipneia) e fi ca agitado. A 
ventilação rápida aumenta a eliminação de CO2 pelos pulmões. 
O paciente logo se torna alcalótico; pode se queixar de tontu-
ra e de sensação de formigamento nos dedos das mãos, pés e 
região perioral; pode desenvolver também contrações muscu-
lares e convulsões. Eventualmente ocorre perda da consciência 
(Quadro 2-7).
O tratamento do paciente hiperventilado envolve o término 
do procedimento cirúrgico, colocação do paciente em uma po-
sição semiereta, e sua tranquilização. Se ocorrerem sintomas de 
alcalose, o paciente deve ser orientado a respirar dentro e fora 
de um pequeno saco. O ar enriquecido com oxigênio não está 
indicado nesse caso. Se a hiperventilação continuar, o clínico 
deve administrar um sedativo, como midazolam, de 2 a 4 mg por 
via IM ou por titulação IV, até que a hiperventilação cesse ou o 
paciente esteja sedado. Logo que a hiperventilação esteja contro-
lada, o paciente deve ser reagendado, e nas próximas consultas 
deve haver um planejamento de uso de ansiolítico pré-operató-
rio ou sedação intraoperatória (ou ambas) (Quadro 2-8).
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
Os pacientes com DPOC bem compensada podem ter difi culda-
des durante a cirurgia oral. Muitos destes pacientes dependem 
da manutenção de uma postura vertical para respirar adequa-
damente. Além disso, eles podem estar acostumados a ter al-
tos níveis de CO2 arterial e a utilizar níveis baixos de oxigênio 
sanguíneo como estímulo primário para conduzir a respiração. 
Muitos destes pacientes passam por difi culdades se colocados 
em uma posição quase supina ou se lhes for administrado oxi-
gênio nasal de alto fl uxo. Os pacientes com DPOC muitas vezes 
utilizam os músculos acessórios da respiração para respirar. A 
posição supina interfere no uso desses músculos acessórios; por-
 1. Interromper todo o tratamento odontológico
 2. Colocar o paciente em posição totalmente sentada
 3. Administrar um broncodilatador em spray (metaproterenol, isoproterenol, epinefrina)
 4. Administrar oxigênio
 5. Monitorar os sinais vitais
 6. Monitorar o paciente durante sua recuperação 
 no consultório
 7. Interromper qualquer acesso venoso (IV)
 8. Adiar o tratamento odontológico até que o paciente 
 seja liberado por um médico
Sinais e sintomas aliviados Sinais e sintomas persistentes
Sinais e sintomas não aliviados 
 6. Administrar 0,3 mL de epinefrina em concentração 
 de 1:1.000, por via intramuscular ou subcutânea
 7. Iniciar acesso venoso com gotejamento de solução
 cristalóide (30 mL/h)
 8. Monitorar sinais vitais
 9. Chamar assistência médica
 10. Administrar 250 mg de teofilina via IV por 10 minutos 
 e 100 mg de cortisona via IV (ou o equivalente)
 11. Preparar o paciente para transporte de emergência
Paciente com respiração encurtada ou sibilo
FIGURA 2-4 Tratamento de episódio agudo de asma durante cirurgia odontológica. 
QUADRO 2-7
Manifestações da Síndrome da Hiperventilação
NEUROLÓGICAS
��Tontura
��Síncope
�� Formigamento ou dormência dos dedos dos pés, mãos ou 
lábios
RESPIRATÓRIAS
��Dor torácica
��Sensação de respiração encurtada
�� Frequência respiratória e profundidade aumentadas
��Xerostomia
CARDÍACAS
��Palpitações
��Taquicardia
MÚSCULO-ESQUELÉTICAS
��Espasmo muscular
��Mialgia
��Tetania
��Tremor
PSICOLÓGICAS
��Ansiedade extrema
32 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
tanto, os pacientes, em geral, pedem ou tentam se levantar antes 
que os problemas resultantes do posicionamento oconteçam. As 
secreções pulmonares excessivas, que são mais difíceis de expe-
lir quando o paciente é colocado em posição supina, também 
acompanham a DPOC.
Se o oxigênio for administrado em excesso ao paciente susce-
tível à DPOC, a frequência respiratória diminuirá, o que desen-
cadeará cianose e, eventualmente, apneia. O tratamento para tal 
problema é descontinuar a administração de oxigênio antes que 
o paciente se torne apneico. A frequência respiratória melhorará 
em seguida. Se ocorrer apneia e o paciente perder a consciência, 
deve-se iniciar ventilação artifi cial e uma unidade de emergên-
cia deve ser acionada.
Aspiração de Corpo Estranho
A aspiração de corpos estranhos para as vias aéreas sempre é 
um problema em potencial durante uma cirurgia oral e outros 
procedimentos odontológicos. Isto é especialmente verdadeiro se 
o paciente for colocado em posição supina ou semiereta na ca-
deira, ou se estiver sedado o sufi ciente para impedir o refl exo 
do vômito. Os objetos que alcançam a hipofaringe são frequen-
temente deglutidos e geralmente passam inofensivamente pelo 
trato gastrointestinal. Mesmo que o dentista esteja seguro de que 
o material foi deglutido, devem ser realizadas radiografi as toráci-
cas e abdominais para eliminar a possibilidade de uma aspiração 
assintomática para trato respiratório. Ocasionalmente, o objeto 
estranho é aspirado para a laringe, de onde, em um paciente le-
vemente sedado ou não-sedado, provoca uma tosse violenta que 
pode expeli-lo. O paciente, de forma geral, ainda pode conversar 
e respirar. No entanto, objetos maiores, se aspirados, podem obs-
truir as vias aéreas e permanecerem alojados de tal maneira que 
a tosse é inefi caz, pois os pulmões não podem ser preenchidos 
com ar antes da tentativa de tossir. Nesta situação, o paciente, 
em geral, não produz qualquer vocalização e fi ca extremamente 
ansioso. A cianose logo aparece, o que leva à perda da consciên-
cia (Quadro 2-9).
A maneira pela qual será conduzido o tratamento para um 
corpo estranho aspirado dependerá primariamente do grau de 
obstrução das vias aéreas. Deve-se permitir que os pacientes que 
mantêm o refl exo do vômito intacto e possuem obstrução par-
cial das vias aéreas tentem expelir o corpo estranho por meio 
da tosse. Se o material não for expelido, o paciente deve receber 
oxigênio suplementar e ser transportado para uma unidade de 
emergência para que uma laringoscopia ou uma broncoscopia 
seja realizada. No paciente com obstrução completa, mas que 
permanece acordado, deve ser realizada pressão abdominal (Fig. 
2-5, A) ou manobra de Heimlich (Fig. 2-5, B) até que se obtenha 
sucesso na expulsão do objeto ou haja a perda de consciência do 
paciente. Se o paciente está com o refl exo do vômito diminuído 
em decorrência da sedação ou está com as vias aéreas completa-
mente obstruídas e houver perda da consciência, a pressão abdo-
minal deve ser realizada com o paciente em posição supina. Após 
cada compressão, o paciente deve ser rapidamente colocado de 
lado e o dentista deve introduzir os dedos na boca do paciente 
para remover qualquer objeto que tenha sido forçado para fora. 
Se o paciente não estiver expelindo o ar, deve-se iniciar SBV. Se 
o ar não puder ser transportado para os pulmões, deve-se tentar 
fazer maior compressão abdominal, seguida de movimento dos 
dedos pela boca e SBV. Os dentistas treinados em laringoscopia 
podem olhar a laringe e usar um fórceps Magill para tentar remo-
ver qualquer material estranho. Se as várias tentativas falharam 
em aliviar a obstrução, pode ser necessária uma cricotirotomia 
de emergência (Fig. 2-6).
Aspiração de Conteúdo Gástrico
A aspiração do conteúdo gástrico para o trato respiratório infe-
rior representa outra situação que frequentemente desencadeia 
difi culdades respiratórias graves. O material particulado prove-
niente do conteúdo gástrico causa obstrução físicadas vias aéreas 
pulmonares, mas geralmente é a alta acidez do conteúdo gástri-
co que produz problemas mais sérios. O baixo pH do suco gás-
trico em contato com o tecido pulmonar provoca necrose rapi-
damente, o que desencadeia a síndrome da angústia respiratória 
logo em seguida, com transudação de líquido para os alvéolos 
pulmonares e perda do funcionamento do tecido pulmonar. O 
paciente com o refl exo do vômito intacto raramente aspira con-
teúdo gástrico durante o vômito. Assim, o paciente com refl exo 
do vômito diminuído por causa da sedação, inconsciente ou com 
anestésico tópico na orofaringe é quem corre riscos maiores de 
aspiração gástrica. O paciente sedado ou inconsciente que aspira 
uma quantidade signifi cativa de material gástrico apresentará, 
primeiro, sinais de difi culdade respiratória, tais como taquipneia 
QUADRO 2-8
Tratamento da Síndrome da Hiperventilação
1. Interromper todo o tratamento odontológico e remover 
corpos estranhos da boca
2. Colocar o paciente em uma posição na cadeira em que ele 
fique na posição mais ereta possível
3. Tentar acalmar o paciente verbalmente
4. Fazer o paciente respirar ar enriquecido com CO2, como, 
por exemplo, fazendo com que respire em um pequeno 
saco
5. Se os sintomas persistirem ou piorarem, administrar 10 
mg de diazepam IM ou em doses fracionadas IV lentamen-
te até que a ansiedade seja aliviada, ou administrar 5 mg 
de midazolam IM ou fracionados lentamente IV até que a 
ansiedade seja aliviada
6. Monitorar os sinais vitais
7. Realizar todas as cirurgias odontológicas utilizando medi-
das de controle da ansiedade
QUADRO 2-9
Manifestações Agudas de Aspiração para o Trato 
Respiratório Inferior
CORPO ESTRANHO GRANDE
��Tosse
��Sensação de choque
��Respiração com estridor (i.e., sons agudos)
��Dispneia grave
��Sensação de algo preso na garganta
�� Incapacidade de respirar
��Cianose
��Perda de consciência
CONTEÚDO GÁSTRICO
��Tosse
��Respiração com estridor
��Sibilo ou estalidos (i.e., som de crepitação) na auscultação 
torácica
��Taquicardia
��Hipotensão
��Dispneia
��Cianose
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 33
e sibilo. Taquicardia e hipotensão podem ocorrer em seguida, e 
à medida que a capacidade ventilatória diminui, aparece a ciano-
se. Eventualmente ocorre insufi ciência respiratória refratária ao 
SBV e é necessária a realização de intubação e fornecimento de 
altas concentrações de oxigênio.
A prevenção da aspiração gástrica envolve instruções para o 
paciente evitar comer ou beber nas 8 horas anteriores a qualquer 
cirurgia oral agendada durante a qual ele possa estar moderada 
ou profundamente sedado.
O paciente profundamente sedado ou inconsciente que co-
meçar a vomitar deve ser imediatamente colocado em uma po-
sição com a cabeça para baixo e pés elevados e o corpo virado 
para o lado direito, a fi m de facilitar a drenagem oral do vômito. 
O Quadro 2-10 lista vários sintomas exibidos pelos pacientes 
prestes a vomitar. Um sugador de alta potência deve ser utilizado 
para a remoção do vômito da cavidade oral. Se o dentista sus-
peitar de que material gástrico possa ter entrado no trato respi-
ratório inferior, um serviço de emergência deve ser chamado. O 
paciente deve receber suplementação de oxigênio e ter os sinais 
vitais monitorados. Se possível, o dentista deve fazer um acesso 
venoso (i.e., iniciar IV) e estar preparado para administrar so-
lução cristaloide (p. ex., soro fi siológico ou dextrose a 5% em 
água) para ajudar a tratar a queda da pressão sanguínea e permi-
tir que os técnicos de emergência administrem broncodilatado-
res, se necessário. O transporte imediato do paciente para uma 
unidade de emergência é mandatário.
Alteração da Consciência
Uma alteração no nível de consciência do paciente pode resul-
tar de uma ampla variedade de problemas médicos. O estado 
alterado pode variar de tontura à completa perda da consciên-
cia. Uma discussão sobre as condições que mais comumente de-
sencadeiam alteração aguda de consciência antes ou durante a 
realização de procedimentos cirúrgicos odontológicos será apre-
sentada adiante, no entanto, sem incluir toda a possível causa de 
alteração de consciência. 
Síncope Vasovagal
A causa mais comum de perda transitória de consciência no con-
sultório odontológico é a síncope vasovagal. Ela, geralmente, 
ocorre em decorrência de uma série de eventos cardiovasculares 
desencadeados pelo estresse emocional que aparece durante a 
antecipação ou o início do tratamento odontológico. O evento 
inicial em um episódio de síncope vasovagal é o aumento na 
quantidade de catecolaminas induzido pelo estresse, causando 
diminuição da resistência vascular periférica, taquicardia e su-
dorese. O paciente pode se queixar de uma sensação de calor 
generalizado, náusea e palpitações. O sangue acumula-se na 
periferia e há queda na pressão sanguínea arterial com corres-
pondente diminuição no fl uxo sanguíneo cerebral. O paciente, 
então, pode queixar-se de tontura ou fraqueza. Há uma tentativa 
A
B
FIGURA 2-5 A, Demonstração do método de realização de pres-
são abdominal para paciente inconsciente com as vias aéreas obs-
truídas por um corpo estranho. Primeiro, a cadeira é colocada em 
posição reclinada. A palma da mão direita do dentista é colocada 
sobre o abdome logo abaixo do processo xifoide, com os cotovelos 
pressionados junto ao paciente e a mão esquerda colocada sobre a 
direita para aplicação de força adicional. Os braços são rapidamente 
pressionados em direção ao abdome do paciente com a força dirigi-
da para baixo e superiormente. B, Demonstração do posicionamen-
to adequado para a manobra de Heimlich. As mãos da pessoa que 
presta o socorro são, então, rapidamente pressionadas junto à área 
abdominal na tentativa de fazer com que qualquer resíduo de ar nos 
pulmões desloque a obstrução das vias aéreas. 
QUADRO 2-10
Manifestações do Paciente que se Prepara para 
Vomitar
��Náusea
��Sensação de calor
��Deglutição frequente 
��Sensação de ansiedade
��Sudorese
��Engasgo
34 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
Corpo estranho grande na traquéia ou no brônquio (p. ex., dente, instrumento, coroa)
Paciente torna-se inconsciente
Capaz de ventilar Incapaz de ventilar
Paciente permanece consciente
Os sintomas nunca ocorreram ou não 
cessam e o dentista é incapaz de saber 
a localização do corpo estranho
 1. Interromper todo o tratamento odontológico
 2. Colocar o paciente em posição sentada
 3. Pedir ao paciente para tentar tossir o objeto para fora
 4. Administrar oxigênio
 5. Monitorar os sinais vitais
 6. Transportar o paciente para uma 
 unidade de emergência para a 
 realização de radiografia e, 
 possivelmente, uma broncoscopia
 4. Manobra de Heimlich 
 até que se torne efetiva
 5. Administrar oxigênio
 6. Pedir a alguém para 
 chamar auxílio médico
 7. Monitorar os sinais vitais
 8. Transportar para uma 
 unidade de emergência
 4. Pedir a alguém para chamar auxílio 
 médico
 5. Colocar o paciente em posição supina
 6. Iniciar pressão abdominal e colocação 
 do paciente em posição lateral e usar 
 os dedos para inspecionar a cavidade 
 oral em busca do corpo estranho
 7. Tentar fazer ventilação
 8. Iniciar manobras de 
 suporte básico de vida
 9. Administrar oxigênio
 10. Transporte
 8. Repetir as etapas 6 e 7 duas vezes, e então
 9. Realizar laringoscopia*
 10. Realizar cricotirotomia*
Sintoma persistente
*Para aqueles dentistas com treinamento adequado.
Assim que o vômito cessar e nenhum sintoma de aspiração 
estiver presente
Sinais de hipoxia presentes Nenhum sinal de hipoxia
Assim que o vômito cessar e sintomas de 
aspiração estiverem presentes
 1. Interromper todo o tratamento odontológico
 2. Colocar o paciente em posição horizontal virado para o lado direito
 3. Aspirar orofaringe
 4. Monitorar os sinais vitais por 30 minutos
 5. Se houver suspeita de aspiração, transportar o paciente 
 para uma unidade de emergência
 4. Pedir a alguém para chamar auxílio médico
 5. Administrar oxigênio6. Iniciar acesso intravenoso e administrar 
 solução cristaloide a 150 mL/h
 7. Monitorar sinais vitais
 8. Realizar intubação endotraqueal; fazer lavagem pulmonar 
 com solução salina normal e pressão de oxigênio positiva
 9. Administrar 250 mg de teofilina lentamente, via IV
 10. Iniciar suporte básico de vida, se a respiração parar
 11. Transportar o paciente para uma unidade de emergência
 8. Transportar o paciente para uma unidade 
 de emergência
Tratamento do paciente vomitando com possível aspiração de conteúdo gástrico 
FIGURA 2-6 Conduta para o tratamento de aspiração de corpo estranho do trato respiratório em paciente sob tratamento odontológico. 
FIGURA 2-7 Conduta para paciente vomitando com possível aspiração de conteúdo gástrico. 
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 35
dos mecanismos compensatórios de manter a pressão sanguínea 
adequada, mas eles logo se esgotam, desencadeando bradicardia 
mediada pelo nervo vago. A síncope ocorre quando a pressão 
sanguínea diminui para um nível menor do que aquele necessá-
rio para a manutenção da consciência (Fig. 2-8).
Se a isquemia cerebral desenvolver-se de forma sufi ciente-
mente lenta, o paciente pode apresentar primeiramente uma 
convulsão. O episódio de síncope e qualquer convulsão que o 
acompanhe, geralmente, terminam rapidamente logo que o pa-
ciente assume, ou é colocado, em uma posição horizontal com 
os pés elevados (Fig. 2-9). Logo que a consciência é recuperada, 
o paciente pode apresentar palidez, náusea e fraqueza por vários 
minutos.
A prevenção das reações de síncope vasovagal envolve o pre-
paro adequado do paciente. O paciente extremamente ansioso 
deve ser tratado com o uso de um protocolo de redução de an-
siedade e, se necessário, devem-se administrar fármacos ansio-
líticos antes do tratamento. A cirurgia oral deve ser realizada 
com o paciente em posição totalmente supina ou semissupina. 
Qualquer sinal de um episódio de síncope iminente deve ser 
tratado rapidamente colocando-se o paciente em uma posição 
totalmente supina ou em uma posição na qual as pernas estejam 
elevadas acima do nível do coração, e uma toalha úmida e fria 
deve ser colocada na fronte do paciente. Se o paciente estiver 
hipoventilando ou demorar para recuperar a consciência, um 
estimulante respiratório, como uma amônia aromática, deve ser 
utilizado. Se o retorno à consciência demorar mais do que 1 mi-
nuto, deve-se investigar uma causa alternativa para a perda de 
consciência diferente de síncope vasovagal. Após a recuperação 
inicial do episódio de síncope, deve-se permitir que o paciente se 
recupere no consultório e ele deve ser liberado com um acompa-
nhante. Em consultas futuras, o paciente necessitará de sedação 
pré-operatória ou medidas de redução de ansiedade adicionais, 
ou de ambas.
Hipotensão Ortostática
Outra causa comum de alteração transitória do estado de cons-
ciência no consultório odontológico é a hipotensão ortostática 
(ou postural). Esse problema ocorre devido ao acúmulo de san-
gue periférico que não é redirecionado de forma sufi cientemen-
te rápida para evitar uma isquemia cerebral quando o paciente 
assume uma postura vertical rapidamente. O paciente sentirá 
tontura ou terá uma síncope. O paciente com hipotensão ortos-
tática que permanecer consciente se queixará com frequência de 
palpitações e fraqueza generalizada. A maioria dos indivíduos 
que não está hipovolêmica ou apresenta hipotensão ortostáti-
ca resultante de efeitos farmacológicos, como devido a agentes 
anti-hipertensivos, se recupera rapidamente logo que assume a 
posição reclinada. Logo que os sintomas desaparecem, o pacien-
te pode assumir uma posição mais ereta (embora isso deva ser 
feito lentamente) e deve se sentar na borda da cadeira por alguns 
momentos antes de se levantar. A pressão sanguínea pode ser 
aferida em cada posição e deve retornar ao normal antes de o 
paciente assumir a postura vertical (Quadro 2-11).
Alguns pacientes possuem predisposição à hipotensão ortos-
tática. Em pacientes ambulatoriais, isso geralmente é observado 
naqueles que fazem uso das seguintes medicações: fármacos que 
promovem depleção intravascular, como os diuréticos; fármacos 
que produzem vasodilatação periférica, como a maioria dos anti-
hipertensivos não-diuréticos, narcóticos e muitos fármacos psi-
quiátricos; e fármacos que evitam que o débito cardíaco aumente 
refl exivamente, como as medicações antagonistas β-simpatomi-
méticas (p. ex., propranolol). Os pacientes com predisposição à 
hipotensão postural podem ser tratados, e deve-se permitir que 
transcorra um período maior de tempo até fi carem de pé (i.e., o 
paciente pode parar o movimento em vários momentos enquan-
to assume a posição vertical, para que haja compensação do re-
fl exo cardiovascular). Se o paciente foi sedado por meio de nar-
cóticos de longa duração, pode ser necessária a administração de 
um antagonista, como a naloxona. Os pacientes com problemas 
graves de hipotensão postural em decorrência do uso de terapia 
medicamentosa devem ser encaminhados para seu médico para 
uma possível modifi cação no regime terapêutico em uso.
Ansiedade
Liberação de catecolaminas aumentada
Diminuição da resistência vascular periférica
Acúmulo de sangue na periferia
Diminuição da pressão sanguínea arterial
Aumento da frequência cardíaca, sensação de calor,
palidez, sudorese, respiração rápida causada
pelos mecanismos compensatórios
Descompensação
Reflexo mediado pelo vago desencadeando
bradicardia, náusea, fraqueza, hipotensão
Redução do fluxo sanguíneo cerebral
Tontura e síncope
Atividade convulsiva
se prolongado
FIGURA 2-8 Fisiopatologia e manifestações de síncope vasovagal. 
QUADRO 2-11
Tratamento da Hipotensão Ortostática
1. Interromper todo o tratamento odontológico
2. Colocar o paciente em posição supina, de forma a ficar 
com as pernas elevadas, acima do nível da cabeça
3. Monitorar sinais vitais
4. Uma vez que a pressão sanguínea tenha melhorado, retor-
nar o paciente lentamente para a posição sentada
5. Dispensar o paciente somente após os sinais vitais esta-
rem normalizados e estáveis
6. Obter uma consulta médica antes do próximo tratamento 
odontológico
36 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
Convulsão
Os distúrbios convulsivos idiopáticos apresentam-se de várias 
formas, variando de convulsões do grande mal, com suas ma-
nifestações assustadoras de contorções clônicas do tronco e ex-
tremidades, a convulsões do pequeno mal, que podem ocorrer 
com episódios de ausência (p. ex., olhar vago). Algumas con-
vulsões, embora raras, possuem causa conhecida, como aquelas 
resultantes de lesões cerebrais ou danos em decorrência do uso 
abusivo de álcool. Geralmente, o paciente terá previamente o 
diagnóstico do distúrbio convulsivo e utilizará medicações anti-
convulsivas, como a fenitoína (Dilantin), fenobarbital ou ácido 
valproico. Portanto, o dentista, deverá descobrir pela anamnese 
o grau de controle da convulsão para decidir se a cirurgia oral 
pode ser realizada de forma segura. Deve-se pedir ao paciente 
que descreva o que testemunhas relataram ter acontecido pou-
co antes, durante e após a convulsão dele. Descobrir qualquer 
fator que possa precipitar a convulsão, saber se o paciente faz 
uso adequado dos fármacos anticonvulsivos e a frequência dos 
episódios convulsivos são informações úteis. Os pacientes com 
distúrbios convulsivos que parecem ter um bom controle da sua 
doença, isto é, episódios pouco frequentes que são breves e não 
são facilmente precipitados pela ansiedade, geralmente podem 
ser submetidos a procedimentos cirúrgicos orais com segurança 
no consultório. (Veja Cap. 1 para as recomendações.)
A ocorrência de uma convulsão durante o tratamento odon-
tológico, embora possa gerar grande preocupação na equipe, ra-
ramente é uma emergência que precise de outras ações diferen-
tes da simples proteção do paciente contra lesões. No entanto, 
o tratamento dos pacientes durante e após uma convulsão varia, 
baseando-seno tipo de convulsão que ocorre. A capacidade res-
piratória do paciente deve ser monitorada rigorosamente. Se pa-
recer que as vias aéreas estão obstruídas, devem ser tomadas me-
didas para reabri-las, por exemplo, colocar a cabeça em posição 
de extensão moderada (o queixo puxado em direção oposta ao 
peito) e movimentar a mandíbula em direção contrária à da fa-
ringe. Se o paciente vomitar ou aparentar estar tendo problemas 
para eliminar secreções das vias aéreas, a sua cabeça deve ser 
posicionada de lado para que os materiais que estejam obstruin-
do sejam expelidos da boca. Se possível, deve ser utilizado um 
sugador de alta potência para esvaziar os materiais da faringe. 
Podem ocorrer breves períodos de apneia, o que não necessita de 
nenhum tratamento a não ser a garantia de vias aéreas desobs-
truídas. No entanto, se a apneia demorar mais que 30 segundos, 
as técnicas de SBV devem ser realizadas. Embora frequentemente 
seja descrita como importante, a colocação de objetos entre os 
dentes na tentativa de prevenir a mordida da língua é uma atitu-
de perigosa e desnecessária.
Convulsões contínuas ou repetidas sem períodos de recupe-
ração entre as ocorrências são conhecidas como estado epilético.
Nesse caso, a busca de um auxílio de emergência é necessária 
porque esse é o tipo de convulsão que causa maior mortalidade. 
O tratamento inclui instituir as medidas já descritas anterior-
mente para as convulsões autolimitadas; além disso, deve ser 
realizada a administração de um benzodiazepínico, se indica-
do. Os benzodiazepínicos injetáveis insolúveis em água, como 
o diazepam, devem ser administrados por via IV para permitir 
uma previsibilidade dos resultados, o que pode ser difícil em um 
paciente tendo convulsão, caso um acesso venoso não estiver 
disponível. Os benzodiazepínicos injetáveis solúveis em água, 
como o midazolam, constituem uma boa alternativa, porque a 
injeção IM proporciona uma resposta mais rápida. No entanto, 
o profi ssional que administrará os benzodiazepínicos para uma 
convulsão deve estar preparado para fornecer SBV, pois os pa-
cientes podem desenvolver períodos de apneia após receber uma 
dose grande e rápida de benzodiazepínico.
Após o término das convulsões, a maioria dos pacientes es-
tará sonolenta ou inconsciente. Os sinais vitais devem ser mo-
nitorados cuidadosamente durante esse período e o paciente 
não deve deixar o consultório até que esteja totalmente alerta 
e acompanhado. O médico do paciente deve ser notifi cado para 
decidir se uma avaliação é necessária e se o tratamento odonto-
lógico ambulatorial é aconselhado no futuro (Fig. 2-10).
Tremores, palpitações e ansiedade extrema geralmente prece-
dem as convulsões causadas por abstinência alcoólica. Portanto, 
o aparecimento destes sinais em um paciente deve alertar o clíni-
co para adiar o tratamento até que um cuidado médico adequado 
para isso seja realizado. O controle geralmente é obtido pelo uso 
Pródromo:
 1. Interromper todo o tratamento odontológico
 2. Posicionar o paciente em posição supina com as pernas elevadas acima do nível da cabeça
 3. Tentar acalmar o paciente
 4. Colocar toalhas frias na fronte do paciente
 5. Monitorar os sinais vitais
Episódio de síncope:
 1. Interromper todo o tratamento odontológico
 2. Posicionar o paciente em posição supina com as pernas elevadas
 3. Monitorar a respiração
Se ausente:
 4. Iniciar suporte básico de vida
 5. Pedir a alguém para chamar auxílio médico
 6. Considerar outras causas de síncope, incluindo 
 hipoglicemia, acidente vascular cerebral ou 
 disritmia cardíaca
Se presente:
 4. Colocar uma ampola de amônia sob o nariz, administrar O2
 5. Monitorar sinais vitais
 6. Liberar o paciente acompanhado
 7. Planejar um protocolo de controle de ansiedade para a 
 realização de futuros tratamentos odontológicos
Tratamento do paciente com sintomas ou sinais de síncope 
FIGURA 2-9 Tratamento da síncope vasovagal e seus pródromos. 
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 37
de benzodiazepínicos, que são utilizados até que os efeitos inde-
sejados da abstinência do álcool tenham cessado. As convulsões 
que correm em pacientes que fazem uso abusivo de álcool são 
tratadas de maneira semelhante às outras convulsões.
Toxicidade ao Anestésico Local
Os anestésicos locais, quando usados adequadamente, consti-
tuem um método seguro e efi ciente de controlar a dor durante a 
realização de cirurgia dentoalveolar. No entanto, assim como em 
todas as medicações, podem ocorrer reações de toxicidade se o 
anestésico local for administrado em quantidade ou de maneira 
que produza uma concentração sérica excessiva.
A prevenção da toxicidade dos anestésicos locais geralmente 
envolve vários fatores. Primeiro, a dose administrada de anesté-
sico local deve ser a quantidade necessária para controlar a in-
tensidade e duração da dor de forma adequada para que o proce-
dimento cirúrgico planejado seja realizado. Para escolher a dose 
do anestésico local, devem-se levar em consideração a idade do 
paciente, a massa corporal, a função hepática e o histórico de 
problemas com anestésicos locais. O segundo fator a ser consi-
derado na prevenção de uma reação por overdose de anestésico 
local é a forma de administração do fármaco. O dentista deve ad-
ministrar a dose necessária lentamente, evitar uma injeção intra-
vascular e utilizar vasoconstritores para diminuir a entrada dos 
anestésicos locais na corrente sanguínea. Não se deve esquecer 
que a utilização de anestésicos tópicos em feridas ou na super-
fície mucosa permite a entrada rápida dos anestésicos locais na 
circulação sistêmica. A escolha dos agentes anestésicos locais é 
o terceiro fator mais importante a ser considerado na tentativa 
de minimizar o risco de uma reação de toxicidade. Os anestési-
cos locais variam na solubilidade lipídica, propriedades vasodi-
latadores, ligação à proteínas e toxicidade inerente. Portanto, o 
dentista deve conhecer vários anestésicos locais disponíveis para 
tomar uma decisão racional quando tiver que escolher um fár-
maco a ser administrado e a sua quantidade (Tabela 2-4).
As manifestações clínicas de uma overdose anestésica local va-
riam, dependendo da gravidade da overdose, da rapidez com que 
ocorre e da duração da concentração sérica excessiva. Os sinais 
de uma reação de toxicidade leve podem limitar-se a confusão 
progressiva, loquacidade, ansiedade e desarticulação da fala. À 
medida que a gravidade da overdose aumenta, o paciente pode 
demonstrar gagueira, nistagmo e tremores generalizados. Os sin-
tomas de cefaleia, tonturas, visão turva e enjoo também podem 
ocorrer. As manifestações mais graves de toxicidade por anesté-
sicos locais são o aparecimento de convulsões tônico-clônicas 
generalizadas e depressão cardíaca levando à parada cardíaca 
(Tabela 2-5).
Manifestações
Convulsão breve e isolada
Movimentos tônico-clônicos do tronco e extremidades, 
 perda da consciência, vômito, obstrução das vias 
 aéreas, perda do controle do esfíncter urinário e anal
 Tratamento agudo
 1. Interromper todo o tratamento odontológico
 2. Colocar o paciente em posição supina
 3. Proteger o paciente de objetos próximos
Após a convulsão
Paciente está inconsciente
 4. Pedir a alguém para chamar assistência médica
 5. Posicionar o paciente de lado e aspirar as vias aéreas
 6. Monitorar os sinais vitais
 7. Iniciar medidas de suporte básico de vida (SBV), 
 se necessário
 8. Administrar oxigênio
 9. Transportar para uma unidade de emergência
Paciente está consciente
 4. Aspirar vias aéreas, se necessário
 5. Monitorar os sinais vitais
 6. Administrar oxigênio
 7. Consultar um médico
 8. Observar o paciente no consultório 
 durante 1 hora
 9. Encaminhar o paciente acompanhado 
 para casa
Convulsões repetidas ou continuadas (estado epilético)
(como anteriormente)
 1. Administrar 5 mg/min até 10 mg/min de diazepam por 
 via IV ou 0,3 mg/min de midazolam IV ou IM ou até 6 mg* 
 fracionados até a interrupção da convulsão
 2. Pedira alguém para chamar assistência médica
 3. Proteger o paciente de objetos próximos
Uma vez cessada a convulsão
 4. Colocar o paciente de lado, aspirar vias aéreas
 5. Monitorar os sinais vitais
 6. Iniciar SBV, se necessário
 7. Administrar oxigênio
 8. Transportar para uma unidade de emergência
*A dose total pode ser dobrada se nenhum sinal de depressão respiratória ocorrer. A dose total deve ser a metade, se for administrada a pacientes 
idosos ou crianças.
Tratamento de um paciente com convulsão
FIGURA 2-10 Manifestações e tratamento de convulsões agudas. 
38 PARTE I • PRINCÍPIOS DE CIRURGIA
As reações leves ao anestésico local são tratadas pela monito-
ração dos sinais vitais, instrução para que o paciente hiperven-
tile moderadamente com e sem a administração de oxigênio, e 
acesso venoso. Se os sinais de toxicidade anestésica não desapa-
recerem rapidamente, devem-se administrar lentamente, por via 
IV, doses de 2,5 a 5 mg de diazepam. A assistência médica deve 
ser acionada se os sinais de toxicidade não se resolverem rapida-
mente ou se piorarem progressivamente.
Se ocorrer convulsão, o paciente deve ser protegido para não 
se machucar. As medidas de suporte básico de vida devem ser 
instituídas conforme a necessidade, e um acesso venoso deve 
ser realizado, se possível, para a administração de agentes an-
ticonvulsivos. A assistência médica deve ser acionada. Se um 
acesso venoso estiver disponível, deve-se administrar lentamen-
te diazepam diluído até que as convulsões sejam interrompidas 
(em geral, as doses efi cientes variam de 5 a 25 mg). Os sinais 
vitais devem ser monitorados frequentemente.
Diabetes Melito
O diabetes melito é uma doença metabólica na qual o prognós-
tico do paciente em longo prazo depende na manutenção dos 
níveis de glicose sérica normais. O paciente diabético insulino-
dependente não tratado corre o risco constante de desenvolver 
cetoacidose, e a alteração de consciência concomitante requer 
tratamento de emergência. Embora uma pessoa diabética que 
faça uso adequado de insulina possa sofrer problemas a longo 
prazo em decorrência dos níveis altos de glicose, a situação de 
emergência mais comum encontrada nessas pessoas é a hipogli-
cemia resultante de doses incompatíveis de insulina e glicose 
sérica. A hipoglicemia grave é situação de emergência que os 
TABELA 2-4
Dose Máxima Sugerida de Anestésicos Locais*
Fármaco Nome Comercial Concentração
Dose Máxima 
(mg/kg)
Número Máximo de 
Tubetes de 1,8 mL
Lidocaína Xilocaína 2% 5 10
Lidocaína com 
epinefrina*
Xilocaína com epinefrina lidocaína a 2%, com epinefrina 
1:100.000
5 10
Mepivacaína Carbocaína 3% 5 6
Mepivacaína com 
levonorderfrina
Carbocaína com 
Neo-Cobefrin
Mepivacaína a 2%, 1:20.000, 
com levonorderfrina
5 8
Prilocaína Citanest 4% 5 6
Bupivacaína com 
epinefrina
Marcaína com epinefrina bupivacaína a 0,5%, 1:200.000, 
com epinefrina
1,5 10
Etidocaína com 
epinefrina
Duranest com epinefrina Etidocaína a 1,5% 1:200.000 
com epinefrina
8 15
*Doses máxima são indicadas para indivíduos normais e saudáveis. 
†Dose máxima de epinefrina é 0,2 mg por consulta.
TABELA 2-5
Manifestações e Tratamento da Toxicidade do Anestésico Local
Manifestações Tratamento
��Toxicidade leve: loquacidade, ansiedade, 
dificuldade de fala, confusão
�� Interromper a administração do anestésico local
��Monitorar sinais vitais
��Observar o paciente por 1 hora no consultório
��Toxicidade moderada: gagueira, nistagmo, 
tremor, cefaleia, tontura, visão turva, sonolência
�� Interromper a administração do anestésico local
��Colocar o paciente em posição supina
��Monitorar sinais vitais
��Administrar oxigênio
��Observar o paciente por 1 hora no consultório
��Toxicidade grave: convulsão, disritmia cardíaca 
ou parada cardíaca
��Colocar o paciente em posição supina
��Se ocorrer convulsão, proteger o paciente de objetos próximos, aspirar o 
conteúdo da cavidade oral se ocorrer vômito
��Pedir a alguém para chamar assistência médica
��Monitorar sinais vitais
��Administrar oxigênio
�� Iniciar acesso IV
��Administrar 5-10 mg de diazepam ou 2-6 mg de midazolam lentamente
�� Instituir suporte básico de vida, se necessário
��Transportar para uma unidade de emergência
 CAPÍTULO 2 • Prevenção e Tratamento de Emergências Médicas 39
dentistas mais provavelmente irão presenciar durante o trata-
mento cirúrgico de um paciente diabético.
A concentração sérica de glicose em um paciente diabético 
representa o equilíbrio entre a insulina administrada, a glicose 
sérica proveniente de várias fontes e a utilização de glicose. As 
duas fontes primárias de glicose são a dieta e a gliconeogênese 
a partir do tecido adiposo, músculos e depósitos de glicogênio. 
A atividade física é o principal mecanismo pelo qual a glicose 
sérica é mantida em níveis baixos. Portanto, os níveis séricos de 
glicose podem diminuir em decorrência de qualquer um dos, ou 
todos os seguintes fatores:
1. Aumento da insulina administrada.
2. Diminuição de ingestão calórica na dieta.
3. Aumento no uso metabólico de glicose (p. ex., exercício, in-
fecção ou estresse emocional).
Problemas com hipoglicemia durante o tratamento odontoló-
gico, em geral, originam-se porque o paciente diminuiu abrup-
tamente a ingestão calórica ou possui uma infecção, ou a taxa 
metabólica aumentou devido à ansiedade. Se o paciente não for 
compensado para a diminuição da glicose disponível por meio 
do decréscimo da dose usual de insulina, a hipoglicemia será 
desencadeada. Embora os pacientes que fazem uso de hipogli-
cemiantes orais possam desenvolver problemas de hipoglicemia, 
suas oscilações dos níveis séricos de glicose normalmente são 
menos pronunciadas que aquelas de pacientes insulino-depen-
dentes, de forma que eles são muito menos propensos a fi car 
severamente hipoglicêmicos.
Muitos pacientes com diabetes conhecem sua doença e são 
capazes de diagnosticar a própria hipoglicemia antes de ela se 
tornar grave. O paciente pode sentir fome, náuseas ou tontura 
e pode desenvolver cefaleia. O dentista pode observar que o pa-
ciente está fi cando letárgico, com diminuição na espontaneidade 
de conversação e da capacidade de concentração. À medida que 
a hipoglicemia piora, o paciente pode se tornar diaforético ou 
ter taquicardia, de ereção de pelos, ou aumentar a ansiedade e 
exibir um comportamento incomum. O paciente pode se tornar 
estuporoso ou perder a consciência (Quadro 2-12).
A hipoglicemia grave em pacientes diabéticos geralmente 
pode ser evitada com medidas que mantenham o nível sérico de 
glicose mais alto do que o normal ou mesmo temporariamente 
acima do normal. Durante a anamnese, o dentista deve obter uma 
ideia clara sobre o grau de controle do diabetes do paciente. Se 
o paciente não confere regularmente a urina ou a glicose sérica, 
seu médico deve ser contactado para determinar se o tratamento 
odontológico de rotina pode ser realizado com segurança. Antes 
de qualquer procedimento planejado, as medidas discutidas no 
Cap. 1 em relação ao paciente diabético devem ser adotadas.
Se o paciente diabético relatar que está sentindo a sua taxa de 
açúcar baixar ou se aparecerem sinais ou sintomas de hipoglice-
mia, o procedimento que está sendo realizado deve ser interrom-
pido e o paciente deve consumir um carboidrato de alto teor ca-
lórico, como pequenas porções de açúcar, sucos de fruta ou ou-
tras bebidas que contenham açúcar. Se o paciente não melhorar 
rapidamente, tornar-se inconsciente ou, de alguma forma, não 
for possível a ingestão de uma fonte de glicose por via oral, deve-
se realizar um acesso venoso e administrar uma ampola (50 mL) 
de glicose a 50% (dextrose) diluída em água por via IV durante 2 
a 3 minutos. Se um acesso venoso não puder ser realizado, pode 
ser administrado 1 mg de glucagon via IM. Se a glicose a 50% e 
o glucagon não estiverem disponíveis, uma dose de 0,5 mL de 
epinefrina 1:1.000 pode ser administrada por via SC e repetida a 
15 minutos conforme a necessidade (Fig. 2-11).
 Sinais e sintomas

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