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PSICOPATOLOGIA Unidade 1

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Olá, estudante! Seja bem-vindo! 
A Psicopatologia é essencial para o trabalho em saúde mental, seja em consultórios ou em 
serviços de tratamento, pois apesar de ser considerada uma área autônoma, a Psicopatologia faz 
interface e fundamenta a prática de profissionais de saúde mental, como psicólogos, psiquiatras, 
neuropsiquiatras, terapeutas ocupacionais, enfermeiros e assistentes sociais. 
A Psicopatologia é a ciência que trata dos transtornos mentais, suas causas, mudanças 
estruturais e funcionais e formas de sua manifestação. Esta ciência compreende a ordenação dos 
fenômenos psicopatológicos, a nosologia psiquiátrica, a semiologia psiquiátrica, a etiopatogenia dos 
transtornos mentais no desenvolvimento humano e a análise dos fatores de risco e de proteção para a 
saúde mental. 
Além disso, ela é usada para analisar as formas de tratamento psicológico do paciente 
psiquiátrico e conhecer a importância do contexto social e familiar no desenvolvimento das 
psicopatologias. 
Ao longo deste curso, vamos apresentar os conceitos centrais da Psicopatologia e as ideias 
sobre normalidade e patologia, além de analisar as funções mentais e suas alterações. Por fim, vamos 
conhecer algumas psicopatologias, como neurose, esquizofrenia, transtorno de personalidade 
antissocial e os transtornos mentais que ocorrem na infância e na adolescência, assim como os 
contextos de tratamento das psicopatologias (o hospital-dia, o Centro de Atenção Psicossocial e os 
trabalhos em comunidades). 
 
AUTORA 
A professora Juliana Zantut Nutti é doutora (2001) e mestre (1996) em Educação pela 
Universidade Federal de São Carlos – UFSCAR, e é graduada em Psicologia pela Universidade Federal 
de Uberlândia (1989). 
É autora de materiais didáticos instrucionais desde 2016, com diversas produções 
realizadas para uma série de disciplinas de cursos de Graduação e Pós-Graduação na 
modalidade de educação à distância. Atua como coordenadora de cursos de especialização em 
Psicopedagogia Clínica e Institucional desde 2001. É docente de diversos módulos em cursos 
de Pós-Graduação na área de Psicopedagogia, sendo docente do Ensino Superior desde 1999. 
 
CURRÍCULO LATTES 
 
Dedico esse trabalho aos meus sobrinhos-netos Nicolas e Julian. Que eles se 
desenvolvam em uma sociedade digna e promovedora de saúde mental. 
Dedico-o, também, aos profissionais da área de saúde mental que auxiliam as pessoas 
que sofrem de enfermidades mentais e são excluídas socialmente. 
 
Juliana Zantut Nutti 
 
Dedico esse trabalho aos meus sobrinhos-netos Nicolas e Julian. Que eles se 
desenvolvam em uma sociedade digna e promovedora de saúde mental. 
Dedico-o, também, aos profissionais da área de saúde mental que auxiliam as pessoas 
que sofrem de enfermidades mentais e são excluídas socialmente. 
 
 
Presidente do Conselho de Administração: Janguiê Diniz 
Diretor-presidente: Jânyo Diniz 
Diretoria Executiva de Ensino: Adriano Azevedo 
Diretoria Executiva de Serviços Corporativos: Joaldo Diniz 
Diretoria de Ensino a Distância: Enzo Moreira 
Autoria: Juliana Zantut Nutti 
Projeto Gráfico e Capa: DP Content 
DADOS DO FORNECEDOR 
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, 
Edição de Arte, Diagramação, Design Gráfico e Revisão. 
© Ser Educacional 2021 
Rua Treze de Maio, nº 254, Santo Amaro 
Recife-PE – CEP 50100-160 
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a 
referência. 
http://lattes.cnpq.br/8740276268617428
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem 
autorização. 
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do 
Código Penal. 
Imagens de ícones/capa: © Shutterstock 
 
 
Objetivos 
UNIDADE 1. 
Aspectos gerais da Psicopatologia 
 
Juliana Zantut Nutti\ 
 
OBJETIVOS DA UNIDADE 
 
Conhecer a definição e a evolução histórica da Psicopatologia; 
Discutir os conceitos de normalidade e patologia em Psicopatologia; 
Analisar a etiopatogenia e as formas de estudo das funções psíquicas. 
 
TÓPICOS DE ESTUDO 
 
Definição e evolução histórica da Psicopatologia 
 
Saúde e doença em Psicopatologia 
– 
// Conceito de normalidade 
// Critérios de normalidade 
 
Etiopatogenia em Psicopatologia 
– 
// Determinismos biológicos e o papel do meio 
// Fatores de risco e de proteção para a saúde mental 
O estudo das funções psíquicas 
– 
// O psicodiagnóstico 
// A entrevista 
// O exame psíquico 
 
Definição e evolução histórica da Psicopatologia 
A Psicopatologia é uma área científica que estuda o transtorno mental nos seguintes 
aspectos: suas causas; as alterações estruturais e funcionais relacionadas ao quadro; métodos 
de investigação; e formas de manifestação, como sinais e sintomas. 
Os transtornos mentais se manifestam por meio do comportamento, cognição e 
experiências subjetivas anormais (CHENIAUX, 2015). Sua evolução histórica está ligada à 
Medicina e aos estudos da Filosofia, da Psicologia e da psicanálise. 
 
O termo Psicopatologia foi usado pela primeira vez por Jeremy Bentham, em 1817, porém 
Esquirol e Griesinger, a partir da publicação de seus trabalhos na França, em 1837, e na 
Alemanha, em 1845, respectivamente, são os fundadores oficiais dessa área (CHENIAUX, 
2015). 
As raízes históricas da Psicopatologia estão na tradição médica, o que a levou, em sua 
evolução, à observação longa e cuidadosa de um número considerável de pessoas com 
transtornos mentais. Por outro lado, a psicopatologia também decorre da área humanista, como 
a Filosofia, a Literatura, as artes e a psicanálise, que veem a Literatura, as artes e no sofrimento 
mental formas de expressão e de reconhecimento das dimensões humanas que, sem a 
ocorrência desses fenômenos, permaneceriam ocultas. 
Um dos maiores representantes da área de Psicopatologia é o filósofo e psiquiatra alemão 
Karl Jaspers (1883–1969), que afirmava que a Psicopatologia é uma ciência básica que dá apoio 
à psiquiatria, e cujo conhecimento é aplicado a uma prática profissional e social concreta 
(DALGALARRONDO, 2019). 
 
Figura 1. Karl Jaspers. 
 
Oficialmente, a área de Psicopatologia nasceu e evoluiu a partir da prática psiquiátrica, 
que é uma especialidade médica que utiliza esses conhecimentos como os seus fundamentos. 
 
DEFINIÇÃO DE PSICOPATOLOGIA 
A palavra Psicopatologia significa, etimologicamente, o discurso ou saber (logos) 
sobre o sofrimento (pathos) da mente (psykhé) (CECCARELLI, 2005). 
A área da Psicopatologia estuda uma variedade de transtornos mentais que são considerados 
como “vivências, estados mentais e padrões comportamentais que apresentam, por um lado, uma 
especificidade psicológica (as vivências dos doentes mentais (sic) possuem dimensão própria, genuína, 
não sendo apenas ‘exageros’ do normal)” (DALGALARRONDO, 2019, p. 27). 
De forma mais ampla, a Psicopatologia é considerada como o conjunto de conhecimentos 
sistemáticos e elucidativos referentes ao adoecimento mental do ser humano que, por ser uma área 
científica, não atribui critérios de valor nem de moralidade, nem possui dogmas e/ou verdades absolutas 
sobre as enfermidades mentais. Ao psicopatologista cabe a observação, identificação e compreensão 
dos elementos do transtorno mental, rejeitando-se os dogmas religiosos, filosóficos, psicológicos ou 
biológicos, já que o conhecimento buscado deve ser permanentemente revisto e reformulado 
(DALGALARRONDO, 2019). 
Portanto, a Psiquiatria representa a aplicação prática da Psicopatologia, mas se utiliza do 
conhecimento de outras disciplinas científicas. Também difere da Neurologia e da psicologia, pois é 
uma ciência autônoma, apesar de se beneficiar das tradições dessas duas áreas. As relações entre a 
Psicopatologia e a Psicologia possuem três classificações, de acordo com Sonenreiche Bassitt (1979), 
conforme se vê no Quadro 1: 
 
Ainda sobre as relações da Psicopatologia com as outras áreas de conhecimento, ela se 
relaciona a variadas abordagens e referenciais teóricos. 
Para Cheniaux (2015, p. 19), “não há apenas uma Psicopatologia: são várias”. Assim, elas 
podem ser divididas em dois grupos: explicativas e descritivas. As Psicopatologias explicativas são 
baseadas nos modelos teóricos, em estudos experimentais e procuram esclarecer sobre a 
etiologia (conjunto de prováveis causas) dos transtornos mentais. Elas podem seguir uma 
abordagem psicodinâmica (por exemplo, a psicanálise), cognitiva, existencial, biológica ou 
social. 
No grupo das Psicopatologias descritivas estão as linhas que enfatizam a descrição e a 
categorização das experiências anormais, de acordo com a informação dada pelo paciente e 
pela observação clínica de seu comportamento. É baseada na semiologia (ciência que estuda 
os símbolos e signos) e apoia a psiquiatria clínica, como é o caso da Psicopatologia 
fenomenológica. No entanto, explicar e descrever são comportamentos complementares, pois 
somente se pode explicar algo que já foi descrito previamente. Em síntese, a Psicopatologia é 
uma área científica que estuda os transtornos mentais, sua etiologia, sinais e sintomas e as 
alterações estruturais e comportamentais produzidas no indivíduo. É autônoma, mas dialoga e 
apoia o trabalho prático do psiquiatra e de outros profissionais de saúde mental. 
 
 
Saúde e doença em Psicopatologia 
 
Uma das discussões mais complexas na Psicopatologia envolve os critérios de saúde e 
doença, isto é, de normalidade e de patologia em saúde mental. A distinção do que se considera 
como o normal e patológico em Medicina é imprecisa e até mesmo na Psiquiatria e na Psicopatologia, 
em que se utilizam cotidianamente os termos, são questionados. 
 
CONCEITO DE NORMALIDADE 
 
Cheniaux (2015) cita três critérios de normalidade: o subjetivo, o estatístico e o qualitativo. 
De acordo com o critério subjetivo, considera-se como doente quem está sofrendo ou se sente 
doente. No critério estatístico ou quantitativo, considera-se normal o que é comum ou que está 
significantemente próximo da média. No critério qualitativo, o normal é considerado como aquilo que é 
adequado a um padrão funcional considerado como ideal. 
Um dos principais estudos sobre o conceito de normalidade em Psicopatologia foi realizada por 
Canguilhem, na obra O normal e o patológico, publicada em 1943. O autor apresenta duas concepções 
distintas sobre os transtornos mentais: na primeira, apresenta a relação saúde-doença sob o ponto de 
vista quantitativo e, na segunda, sob o ponto de vista qualitativo. A doença, sob o ponto de vista 
quantitativo, se diferencia do estado de saúde normal quando há uma perturbação no grau ou 
quantidade de equilíbrio do corpo: o organismo irá buscar o retorno ao estado quantitativo de equilíbrio, 
ou seja, a normalidade, anulando a doença e atingindo a cura (CANGUILHEM, 2009). 
Sob o ponto de vista qualitativo, saúde e doença são tratados como estados distintos, não tendo 
um grau específico de diferença entre um e outro. A doença é pensada como algo que transforma o 
indivíduo e que o faz ser diferente do indivíduo anterior. 
 
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE 
 
Existem vários critérios de normalidade em Psicopatologia, como se pode verificar a seguir 
(DALGALARRONDO, 2019): 
Normalidade como a ausência de doença 
– 
De acordo com esse critério, a saúde é a ausência de sintomas, sinais ou doenças. O indivíduo 
considerado normal é aquele que não é portador de nenhum transtorno mental definido. Esse critério é 
considerado significativamente falho, pois se define a saúde não pelo que ela é, mas sobre o que falta 
ao indivíduo para ser normal. 
Normalidade ideal 
– 
A normalidade é vista de forma utópica, pois se estabelece uma norma idealizada do que se 
considera suspostamente como sadio e mais evoluído, utilizando critérios socioculturais e ideológicos 
arbitrários e, às vezes, dogmáticos e doutrinários. 
Normalidade estatística 
– 
O conceito de normalidade é considerado como aquilo que se observa mais 
frequentemente na população em geral e se aplica a fenômenos quantitativos. Sendo assim, os 
indivíduos que se encontram nos extremos das curvas de distribuição normal (curva de Gauss) 
passam a ser considerados anormais ou doentes. Esse critério também é considerado falho, pois 
nem sempre fenômenos muito frequentes são um sinal de normalidade e seus extremos são 
anormais. Exemplos: cáries dentárias, uso abusivo de álcool, sintomas ansiosos e depressivos 
leves, entre outros. 
Normalidade como bem-estar 
– 
Critério definido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) que concebe a saúde como 
o completo bem-estar físico, mental e social e não como ausência de doença. Esse conceito 
também é alvo de críticas por ser de difícil definição objetiva, muito vasto e impreciso, podendo 
recair na categoria de utopia, pois poucas pessoas se classificariam na categoria de saudáveis. 
Normalidade funcional 
– 
Está fundamentada no critério da funcionalidade da pessoa, já que enquanto o fenômeno 
patológico é disfuncional a ponto de produzir sofrimento à própria pessoa e/ou ao seu grupo 
social. 
Normalidade como processo 
– 
Nesse critério, a normalidade é vista de forma dinâmica, não estática, considerando os 
aspectos dinâmicos do desenvolvimento psicossocial, de estruturações e reestruturações ao 
longo da vida e de cser_educacionals e mudanças próprias do ciclo de desenvolvimento humano. 
Este critério é muito aplicado na psiquiatria infantil, do adolescente e do idoso. 
Normalidade subjetiva 
– 
Utiliza-se a perspectiva subjetiva do sujeito como o principal indicador de determinação 
do estado de saúde. É falho porque as pessoas em algumas fases de transtorno mental podem 
se sentir muito bem e saudáveis, mas na verdade possuírem um quadro psicopatológico grave. 
Normalidade como liberdade 
– 
Muito usado na linha fenomenológica e existencial, que entende o transtorno mental como 
perda da liberdade existencial, como um constrangimento do ser, fechamento e limitação das 
possibilidades de existência. 
Normalidade operacional 
– 
É um critério arbitrário, com fins pragmáticos, em que as definições de normal e patológico são 
decididas por especialistas a priori, e, posteriormente, tenta-se atuar com esses critérios, consciente de 
suas possíveis consequências. O normal é visto como uma idealização determinada por médias 
aritméticas ou por estatísticas. No caso dos transtornos mentais, as estatísticas somente podem ser 
usadas para um certo número de pessoas, mas são aplicadas a um indivíduo. 
 
 
A finalidade dos critérios de normalidade e doença não é a de não emitir julgamento de valor, 
mas de se verificar da funcionalidade a sua utilização para análise em fenômenos, levando-se sempre 
em conta a posição filosófica do profissional. 
 
ASSISTA 
Para compreender melhor os critérios de normalidade e doença, assista ao vídeo do canal Doxa 
e Episteme, História da Loucura na Idade Clássica Michel Foucault resumo, sobre a obra do filósofo 
Michel Foucault. Nele, vemos um resumo de como o autor estudou a loucura e os critérios de 
normalidade no decorrer da Idade Clássica. 
 
https://www.youtube.com/watch?v=NpYcS2yZ_WE&t=2s 
 
Pode-se concluir que os critérios de normalidade e de patologia, ou anormalidade, em 
Psicopatologia são variados em função de fenômenos específicos com os quais se atua e das opções 
filosóficas e técnicas do profissional de saúde mental. 
https://www.youtube.com/watch?v=NpYcS2yZ_WE&t=2s
Em alguns casos, podem ser utilizadas as associações de vários critérios de normalidade 
ou doença, de acordo com os objetivos pretendidos. O uso desses critérios exige que os 
profissionais de saúde tenham uma postura crítica e reflexiva, pois o que se chama de normal e 
patológico deveser continuamente estudado. 
 
 
 
Etiopatogenia em Psicopatologia 
 
Para discutir a etiopagenia, que é o estudo das causas das doenças e dos mecanismos 
patogênicos que atuam para desenvolvê-las, deve-se compreender a relação entre 
desenvolvimento humano, saúde e transtorno mental. 
A área da Psicopatologia que estuda os mecanismos de etiopatogenia é a Psicopatologia 
desenvolvimental, que é uma área dinâmica e em evolução, construída a partir da obra de T. 
Achenbach, Developmental Psychopathology, publicada em 1974, e dos trabalhos de Sroufe, 
Cicchetti e Rutter. 
A Psicopatologia desenvolvimental engloba visões sociais, genéticas e desenvolvimentais e 
analisa hipóteses por meio de métodos epidemiológicos e estatísticos, a fim de entender as origens e 
o curso dos transtornos mentais (POLANCZYK, 2009). 
Os estudos da área da Psicopatologia desenvolvimental enfatizavam, inicialmente, o processo 
de desenvolvimento e os transtornos mentais da infância, mas passaram a investigar a continuidade 
dos transtornos entre a infância, a adolescência e a idade adulta, além de realizar estudos sobre a alta 
proporção de adultos com transtornos mentais já existentes na adolescência. 
Os achados das pesquisas com a abordagem desenvolvimental integram a epidemiologia, 
genética, neuropsicologia e estudos de exames de neuroimagem, demonstrando elevado potencial para 
a compreensão das origens dos transtornos mentais. 
Portanto, a Psicopatologia desenvolvimental é um modelo conceitual do qual se desenvolvem 
estratégias de investigação científica e modelos teóricos, elaboram-se abordagens para a compreensão 
do como e porque determinados indivíduos são mais propensos a desenvolverem transtornos mentais 
do que outros (POLANCZYK, 2009). 
 
DETERMINISMOS BIOLÓGICOS E O PAPEL DO MEIO 
 
Sobre as determinações biológicas, a influência ambiental e o papel do meio nos transtornos, a 
Psicopatologia desenvolvimental afirma existir um consenso entre os pesquisadores de que é a inter-
relação entre os fatores biológicos e as características ambientais que estão na origem dos transtornos 
mentais. 
Entre os fatores biológicos, destacam-se a carga genética do indivíduo, e, no contexto ambiental, 
o cuidado parental, os relacionamentos interpessoais e a exposição a eventos estressores. 
Os principais achados da Psicopatologia desenvolvimental sobre a origem dos transtornos 
mentais, de acordo com Polanczyk (2009), estão listados no Quadro 2: 
 
 
 
FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA A SAÚDE MENTAL 
 
Para compreendermos o papel dos fatores de risco e de proteção no desenvolvimento 
da saúde mental na infância e na adolescência precisamos compreender o que é o 
desenvolvimento humano. 
Segundo Xavier e Nunes (2015, p. 17), o desenvolvimento humano “é um terreno vasto, 
cuja natureza central é a de descoberta, mudança, avanços, novas aquisições e crescimento”. 
O processo de desenvolvimento ocorre a cada momento, desde a concepção do indivíduo 
até a sua morte e se relaciona à vida cotidiana, indo da aquisição da fala, passando pelo processo 
de aprendizagem escolar, pelas transformações físicas da adolescência, até as mudanças 
biopsicossociais da vida adulta e do processo de velhice. 
O desenvolvimento gera mudanças profundas, especialmente nas duas primeiras 
décadas de vida, as quais resultam em avanços significativos nas dimensões neuropsicomotora, 
cognitiva, afetiva, comportamental, social, dentre outras, com vários níveis de complexidade. O 
estudo do desenvolvimento humano analisa os marcos maturativos universais, como as 
transformações físicas e hormonais características da puberdade, que irão ocorrer em todos os 
indivíduos, independente da sua cultura. 
Entretanto, devido à singularidade dos seres humanos, as diferenças individuais precisam 
ser consideradas no estudo do desenvolvimento. Isso significa que cada adolescente vive as 
mudanças corporais de uma maneira única e irá atribuir-lhes um significado específico de acordo 
com as suas experiências. As três principais concepções ou correntes explicativas do desenvolvimento 
nas ciências humanas são: 
Inatismo: parte da ideia de que as situações que ocorrem depois do nascimento não são 
importantes e pouco interferem no desenvolvimento. As qualidades e capacidades básicas de cada ser 
humano, como a personalidade, valores, hábitos, crenças, a forma de pensar e a conduta social, já 
estão prontas e em sua forma final no nascimento, não sofrendo quase nenhuma ou pouca 
diferenciação ao longo do desenvolvimento (XAVIER; NUNES, 2015). O papel do ambiente seria, 
portanto, não interferir ou interferir minimamente no processo do desenvolvimento natural da pessoa. 
As origens do inatismo podem ser encontradas, por um lado, na teologia (na ideia de destino individual 
determinado pela graça divina) e, por outro, em um entendimento incorreto das contribuições da 
proposta evolucionista de Darwin, da embriologia e da genética (como as mudanças no 
desenvolvimento das espécies que decorrem de variações hereditárias no qual o papel do ambiente 
seria limitado). A concepção inatista produziu uma abordagem autoritária e até pessimista para a 
educação de crianças e adolescentes, pois se o ser humano já nasce pronto, só se pode aprimorar o 
que ele é ou virá a ser. O ditado “pau que nasce torto morre torto” expressa a concepção inatista, que 
aparece ainda hoje nas escolas, camuflada pela ideologia das aptidões, da prontidão e do coeficiente 
de inteligência (QI) (XAVIER; NUNES, 2015); 
 
Empirismo ou ambientalismo: a concepção empirista/ambientalista atribui questões filosóficas 
a partir do comprometimento científico. O empirismo busca refletir o sobre o comportamento a partir de 
uma análise científica, partindo de problemas específicos de laboratório e aplicáveis a como o mundo 
é conhecido (BATISTA, 2007). Esta concepção deriva do empirismo, que é a corrente filosófica que 
enfatiza a experiência sensorial como a única fonte do conhecimento, e que é possível identificar, 
controlar e manipular os fatores que estão associados a essas experiências. 
Na Psicologia, o maior defensor do empirismo é o estadunidense B. F. Skinner, que se preocupou com 
a criação da filosofia do behaviorismo radical e, a partir dela, o desenvolvimento da ciência do 
comportamento, a qual analisa o comportamento humano sem descartar aspectos como raciocínio, 
desejos, fantasias e sentimentos, classificando-os como comportamentos internos. Na concepção de 
Skinner, o papel do ambiente é tão importante quanto a maturação biológica, distinguindo, neste ponto, 
da corrente filosófica do empirismo; 
 
 
Interacionismo: para essa concepção, o desenvolvimento é decorrente do processo da 
constante interação entre sujeito e objeto. O sujeito tem um papel ativo na incorporação das estruturas 
cognitivas aos dados do ambiente, modificando-as para criar estruturas cada vez mais complexas que 
lhe permitem o domínio do ambiente e a sua transformação (XAVIER; NUNES, 2015). O 
desenvolvimento da aprendizagem é fruto desse processo que ocorre no sujeito através da 
interação com o ambiente, em que as estruturas vão sendo construídas. Os estímulos e as 
informações a que os indivíduos estão expostos vão sendo processados através de um processo 
de construção, o que torna essa perspectiva também denominada como construtivismo. Várias 
correntes aparecem nesta tendência interacionista, com implicações importantes para o 
entendimento do desenvolvimento, do ensino e da aprendizagem. Uma delas é a que vem sendo 
denominada de sociointeracionista construtivista (ou construtivismo sociointeracionista) e que 
envolve uma interrelação entre as concepções de Piaget e Vygotsky (XAVIER; NUNES, 2015). 
O conhecimento é um processo socialmente construído. Através da interação do sujeito com o 
outro, torna-se possível a incorporação dos conhecimentos sistematizados e o reconhecimento 
de sua determinaçãohistórica, ao mesmo tempo em que esse mesmo sujeito se reconhece como 
participante do processo histórico de produção do conhecimento. 
 
Figura 2. B. F. Skinner (1904–1990), fundador do behaviorismo radical. 
A compreensão sobre as concepções explicativas do desenvolvimento humano auxiliam 
no estudo sobre os fatores de risco e de proteção na determinação da saúde e do transtorno 
mental na infância e adolescência, pois esses fatores são extremamente importantes para a 
compreensão da trajetória de vida do sujeito em momentos posteriores de seu desenvolvimento. 
Estudos epidemiológicos apontam que há entre 10% e 20% de probabilidade de haver o 
desenvolvimento de transtorno mental entre crianças e adolescentes, o que chama a atenção 
para a importância da identificação desses fatores e para a necessidade de identificação e 
tratamentos precoces de transtornos nesses momentos do desenvolvimento. 
 
Estudos e intervenções voltadas para o público infanto-juvenil revelam que os fatores 
envolvidos no desenvolvimento e na trajetória da saúde mental dessa população são 
denominados fatores de risco e fatores de proteção. 
Os fatores de risco para a saúde mental de crianças e adolescentes se caracterizam 
como eventos ou características de desenvolvimento que aumentam as chances da ocorrência 
de desfechos negativos em saúde mental em fases posteriores da vida e em diferentes domínios, 
como na vida afetiva, acadêmica, profissional e financeira. Também estão associados ao maior 
uso de serviços e de substâncias na fase adulta (ZAYAT et al., 2018). A maior parte das 
evidências científicas sobre fatores de risco para a saúde mental na infância e adolescência é 
originada de estudos longitudinais, realizados em países desenvolvidos, e foram pesquisados 
nos ambientes em que essas populações mais circulam, como no contexto familiar, escolar e 
comunitário. 
Os fatores de risco na infância e adolescência mais citados na literatura incluem a existência de 
transtornos mentais maternos, o pertencimento à família, a residência em bairros de nível 
socioeconômico baixo, a exposição a diferentes formas de violência e o uso de práticas parentais 
negativas e/ou cuidado parental empobrecido. 
O nível socioeconômico familiar baixo implica na escassez de recursos materiais, sociais e 
financeiros e no acesso limitado ou insuficiente a serviços, aumentando a vulnerabilidade na infância e 
adolescência. Há evidências de que o nível socioeconômico familiar baixo aumenta o risco de 
desenvolvimento de todos os tipos de psicopatologias na infância, como a hiperatividade, problemas 
emocionais, problemas de relacionamento entre pares e de conduta. A moradia em bairros com piores 
condições socioeconômicas na infância também é apontada como um fator de risco para taxas mais 
elevadas para a ocorrência de transtornos psiquiátricos na infância (ZAYAT et al., 2018). 
A exposição a diferentes formas de violência é frequentemente associada ao risco 
aumentado para psicopatologias na infância e adolescência. Em geral, as diferentes formas de 
exposição à violência podem ser classificadas em física, psicológica, sexual e negligência. A exposição 
aos conflitos familiares se configura como uma forma de violência doméstica. 
Um estudo longitudinal realizado por 17 anos revelou que a convivência e a comunicação entre 
pais e filhos permeadas por críticas, gritos e discussões foram definidas como uma forma de exposição 
aos conflitos familiares, e que quanto maior a frequência e a precocidade de exposição aos conflitos 
familiares, pior será o desfecho de saúde mental na vida adulta. As práticas parentais utilizadas pelos 
pais na criação de seus filhos são o conjunto de estratégias usadas para o cuidado e a socialização 
durante a infância e adolescência. Práticas parentais negativas de ambos os pais agem como um dos 
fatores de risco para a saúde mental na infância e adolescência (ZAYAT et al., 2018). 
Apesar disso, muitos indivíduos que são expostos a esses fatores de risco parecem lidar bem e 
resistir às consequências prejudiciais desses fatores, indicando que essa adaptação positiva é um 
importante processo que os mantêm protegidos de um transtorno de saúde mental e que podem contar 
com fatores que os auxiliam no desfecho positivo. 
Já os fatores de proteção são definidos como as características, eventos ou experiências 
que atenuam o impacto das experiências adversas ou fatores de risco, diminuindo a probabilidade de 
ocorrência de desfechos negativos ou aumentando a chance de desfechos positivos. Portanto, os 
fatores de risco e proteção costumam estar interrelacionados e formam um sistema complexo e 
interdependente. 
Destacam-se enquanto fatores de proteção, a qualidade das interações sociais e do ambiente 
de desenvolvimento na infância e adolescência (ZAYAT et al., 2018). Assim, é a qualidade do fator 
investigado que irá determinar o impacto no bem-estar na saúde mental de crianças, adolescentes e 
de futuros adultos. 
As práticas parentais, quando negativas, acarretam prejuízos para a saúde mental. Se 
forem positivas, serão benéficas para o desenvolvimento na infância e adolescência (ZAYAT et 
al., 2018). Entre as práticas interpretadas como positivas, temos a permissão de autonomia 
supervisionada ao adolescente, a compreensão, o cuidado e o ser solícito e generoso com o 
filho. 
Outros fatores de proteção podem ser o suporte social materno, que pode aumentar a 
sensação de bem-estar da mãe e permitir respostas mais adaptativas frente a eventos 
estressantes; e a residência, durante a infância, em bairros com maiores níveis de participação 
em atividades sociais, esportivas e culturais (ZAYAT et al., 2018). 
 
O estudo das funções psíquicas 
A alteração patológica das funções psíquicas e a desorganização mental podem levar 
a pessoa à incapacidade de exercer ou exercer de modo disfuncional (com dificuldade) os seus 
papéis sociais e as atividades do cotidiano, causa sofrimento psicológico a ela e às pessoas ao 
redor (DALGALARRONDO, 2019). 
Os transtornos mentais são condições que devem ser diagnosticadas por profissionais de 
saúde capacitados para essa tarefa e que sejam treinados para o uso de métodos específicos 
de estudos das funções psíquicas alteradas. A seguir, iremos abordar as principais 
características do psicodiagnóstico, da entrevista e do exame psíquico, que são métodos que 
auxiliam o estudo ou avaliação das funções psíquicas dos pacientes da área de saúde mental. 
 
O PSICODIAGNÓSTICO 
A psicologia clínica desenvolveu o psicodiagnóstico, que é um instrumento auxiliar ao 
diagnóstico psicopatológico e que o psicólogo e demais profissionais da área de saúde mental 
podem utilizar, desde que sejam devidamente capacitados. Porém, de acordo com o Conselho 
Federal de Psicologia, quando utilizado pelo psicólogo, considera-se que esse profissional deve: 
 
Construir argumentos consistentes da observação de 
fenômenos psicológicos; empregar referenciais teóricos e técnicos 
pertinentes em uma visão crítica, autônoma e eficiente; atuar de 
acordo com os princípios fundamentais dos direitos humanos; 
promover a relação entre ciência, tecnologia e sociedade; garantir 
atenção à saúde; respeitar o contexto ecológico, a qualidade de vida 
e o bem-estar dos indivíduos e das coletividades, considerando sua 
diversidade (CFP, 2019, p. 2). 
 
A aplicação dos testes projetivos para o conhecimento da estrutura de personalidade é um dos 
procedimentos mais utilizados na avaliação psicodiagnóstica. No Brasil, a compra, aplicação e análise 
da maioria desses testes é restrita a psicólogos. Um dos testes projetivos mais usados é o teste de 
Rorschach (teste das manchas). 
Podem-se, ainda, ser usados os testes de apercepção temática (TAT), de relações objetais de 
Phillipson, das pirâmides de pfister e o desenho da casa-árvore-pessoa (HTP). A escolha dos testes 
dependerá do conhecimento e da experiência do profissional.Para o rastreamento de possíveis 
alterações cerebrais, há a possibilidade de usar os testes de Bender e testes neuropsicológicos 
direcionados e destinados à detecção de alterações cognitivas mais específicas (DALGALARRONDO, 
2019). 
 
A ENTREVISTA 
 
O principal instrumento de avaliação do paciente em Psicopatologia é a entrevista. Entrevistar é 
considerada uma arte a ser adquirida apenas por meio do treinamento supervisionado e com a 
experiência prática, mas assistir a aulas e vídeos sobre entrevistas e estudar textos sobre o assunto 
pode auxiliar o iniciante. 
A técnica e a habilidade em realizar entrevistas são atributos 
fundamentais e insubstituíveis do profissional de saúde em geral e de 
saúde mental em particular. Tal habilidade é, em parte, aprendida e, em 
outra, intuitiva, patrimônio da personalidade do profissional, de sua 
sensibilidade nas relações pessoais (DALGALARRONDO, 2019, p. 66). 
 
É por meio de uma entrevista tecnicamente bem realizada que o profissional irá obter as 
informações necessárias para emitir uma hipótese diagnóstica clínica e sistematizar a intervenção e o 
planejamento terapêutico mais adequado ao caso (DALGALARRONDO, 2019). 
A entrevista é um dos pilares da prática profissional em saúde mental, porque o profissional 
consegue extrair conhecimentos relevantes do encontro com o paciente e pode agir de forma útil e 
criativa, possibilitando a realização de duas etapas importantes da avaliação. 
A primeira etapa é a anamnese, que é o nome dado ao histórico dos sinais e sintomas que o 
paciente apresenta ao longo de sua história de vida, dos seus antecedentes pessoais e familiares e de 
seu contexto social. A segunda etapa é o chamado exame psíquico ou mental. 
XPLICANDO 
Entre os manuais de psiquiatria, não existe uma uniformidade ou padronização absoluta quanto 
à estrutura da anamnese, pois algumas informações podem se adequar a mais de um item desse 
instrumento, sendo a sua divisão arbitrária e convencional. A anamnese psiquiátrica deve 
fornecer elementos para a formulação de uma hipótese diagnóstica e identificar os fatores que 
podem ter causado o transtorno, precipitando-o e perpetuando-o. 
 
De acordo com Cheniaux (2015), os objetivos básicos da entrevista para a obtenção de 
dados psiquiátricos são: a formulação de um diagnóstico, de um prognóstico e o planejamento 
terapêutico. 
Sobre a entrevista inicial, ela é considerada um momento essencial no diagnóstico e no 
tratamento em saúde mental. Dalgalarrondo (2019) adverte que o primeiro contato, se for bem 
conduzido, deverá produzir uma sensação de confiança no paciente em relação ao alívio de seu 
sofrimento. A entrevista inicial mal realizada, no entanto, em que o profissional é negligente ou 
hostil com o paciente, em geral, são seguidas de abandono do tratamento. 
Assim, é a partir da entrevista que irá se estabelecer ou não a chamada aliança terapêutica 
entre médico e paciente. De acordo com Zuardi e Loureiro (1996, n. p.), existem diferentes tipos 
de entrevistas que podem ser agrupadas em: abertas, estruturadas e semiestruturadas. 
Na entrevista aberta não há um roteiro pré-determinado a ser seguido, o que permite 
ao entrevistado falar mais livremente, determinando o curso da entrevista. Este tipo de entrevista 
permite um acesso mais fácil ao material inconsciente, através da observação da ordem em que 
os assuntos são comunicados pelo paciente, a associação que faz entre esses, as interrupções 
e as respostas emocionais. As principais desvantagens são: a pouca possibilidade de 
concordância entre os diferentes entrevistadores; a dificuldade para formulação de diagnósticos 
consistentes, em razão de uma investigação assistemática dos sintomas; e o tempo imprevisto 
de realização. 
Nas entrevistas estruturadas a obtenção das informações, o sequenciamento das 
perguntas e os registros dos resultados são sempre pré-determinados. Os formulários das 
entrevistas contêm glossários que descrevem os termos empregados. A principal vantagem 
desse tipo de entrevista é elevar o grau de confiabilidade do diagnóstico psiquiátrico, facilitando 
a concordância entre os diferentes entrevistadores. A pequena flexibilidade desse tipo de 
entrevista, em determinadas circunstâncias, pode prejudicar a colaboração do paciente. 
As entrevistas semiestruturadas têm um nível de estruturação maior ou menor de acordo 
com a entrevista, possibilitando maior flexibilidade na sequência e/ou formulação das perguntas 
do que nas estruturadas. Estas entrevistas têm níveis elevados de confiabilidade (ZUARDI; 
LOUREIRO, 1996). 
 
A entrevista pode ocorrer no momento da internação do paciente, seja voluntária ou involuntária, 
na consulta ambulatorial, ao responder a uma solicitação da enfermaria de um hospital geral, no 
domicílio de um paciente e, eventualmente, em via pública. 
Deve ser realizada, preferencialmente, em ambiente fechado, com isolamento acústico e sem 
interrupções. Ao iniciar, é essencial a apresentação do profissional, a explicação sobre os objetivos da 
entrevista e a obtenção do consentimento do paciente, se possível. Caso seja possível que o paciente 
conceda a entrevista, deve-se entrevistar os familiares ou pessoas de seu convívio que possam 
oferecer as informações, preferencialmente, com a concordância e a presença do paciente 
(CHENIAUX, 2015). 
 
De qualquer modo, sempre existem algumas regras básicas que devem ser seguidas. No início 
da entrevista, recomenda-se deixar o paciente falar livremente para, posteriormente, perguntar sobre 
temas mais específicos e/ou assuntos duvidosos. Também é necessário saber quando e de que forma 
interromper a fala do paciente, sem cortar o seu fluxo de comunicação, e não permitindo que ele seja 
muito minucioso ou prolixo, o que pode prejudicar a obtenção dos dados da história clínica. O importante 
é saber como controlar e dirigir a entrevista. Não se deve formular perguntas de maneira mecânica ou 
monótona, mas em forma de um diálogo informal (CHENIAUX, 2015). 
Deve-se evitar o uso de perguntas sugestivas e que podem ser respondidas de forma 
monossilábica (sim, não ou talvez). Assim, em vez de perguntar: perguntar "você está deprimido hoje?", 
pergunte: "como você está se sentindo hoje?”. 
Também não é adequado aceitar expressões usadas no cotidiano como: estou nervoso, estou 
tenso ou tenho pânico, mas deve-se pedir ao paciente que explique o que isso significa de uma forma 
mais abrangente, com suas próprias palavras. Outro aspecto importante sobre o manejo 
da entrevista é se certificar de que o paciente está compreendendo o significado das perguntas, 
utilizando uma linguagem acessível, evitando termos médicos e de uso restrito (CHENIAUX, 2015). 
 
DICA 
Uma dica importante sobre o manejo da entrevista é evitar a realização de muitas anotações ou 
de digitação constante no computador, pois isso transmite ao paciente que as anotações são mais 
importantes que a própria entrevista. O profissional precisa observar se isso incomoda o paciente, e 
diminuir esses comportamentos (DALGALARRONDO, 2019). 
 
O EXAME PSÍQUICO 
 
Nos serviços de saúde pública, a falta de tempo dos profissionais, o excesso de trabalho, 
o estresse e as condições físicas de atendimento precárias são condições adversas para a 
realização de entrevistas. 
O profissional de saúde pode ficar impaciente para ouvir as pessoas com queixas pouco 
precisas, os chamados poliqueixosos, e acabarem rejeitando os pacientes que são mais vagos 
ou que são desorganizados psiquicamente. Porém, nesse tipo de atendimento, a resiliência do 
entrevistador é mais do que necessária. 
Mesmo que o profissional não tenha mais do que alguns minutos para entrevistar, deve 
tentar ouvir e examinar o doente com respeito e criar um clima de confiança, a fim de propiciar o 
início de um vínculo e um atendimento de boa qualidade. Nem sempre é a quantidade de tempo 
com o paciente que conta, mas sim a qualidadeda atenção dispensada pelo profissional. A 
comunicação não verbal tem muita importância, pois inclui “uma carga emocional do ver e ser 
visto, do gesto, da postura, das vestimentas, do modo de sorrir ou expressar sofrimento” 
(DALGALARRONDO, 2019, p. 69). 
Desse modo, a primeira impressão produzida pelo paciente no entrevistador é o produto 
de uma mistura de fatores, como a experiência do profissional, a transferência que o paciente 
estabelece com ele, os aspectos contratransferenciais do entrevistador e os valores pessoais e 
julgamentos que o profissional realiza, mesmo que se esforce para que isso não ocorra. 
Sobre os processos de transferência e contratransferência, estudados por Sigmund 
Freud, são considerados fundamentais para o profissional realizar entrevistas de forma mais 
consciente e habilidosa, pois fazem com que ele entenda determinados comportamentos dos 
pacientes de forma menos ingênua e mais aprofundada. 
Como transferência, entendem-se as atitudes e sentimentos do paciente com origens 
inconscientes, isso inclui sentimentos positivos, como confiança, amor e apego, e negativos, 
como raiva, desconfiança e hostilidade. Tais sentimentos, de acordo com Freud (1986), têm 
origem inconsciente em eventos da história de vida do paciente e fazem com que, no caso, o 
profissional de saúde passe a ocupar, no presente, o lugar que o pai ou a mãe ocupavam no 
passado. Como o paciente não tem consciência desse processo, considera esses sentimentos 
como experiências reais e não como reflexos ou repetições de sentimentos do seu passado. 
 
Figura 4. Sigmund Freud, fundador da psicanálise. 
Para Jung (2013), a transferência é a projeção que o paciente faz, de forma inconsciente, 
na figura do médico, dos afetos básicos que nutria pelas figuras significativas de sua vida. Este 
é um fenômeno geral, não exclusivo da relação analítica, que pode ser observado nas relações 
íntimas entre duas pessoas. 
No caso do atendimento em saúde mental, o paciente projeta no médico e em outros 
profissionais, de forma inconsciente, os sentimentos que nutria por seus pais na infância. Pode sentir 
que o médico age como um pai severo, cruel e autoritário e que a enfermeira é como uma mãe 
carinhosa e preocupada, por exemplo. 
A contratransferência, por sua vez, é a transferência que o profissional estabelece com os 
pacientes da mesma maneira que o paciente, inconscientemente, com sentimentos que ele, o 
profissional, nutria no passado por pessoas significativas de sua vida (DALGALARRONDO, 2019). 
Isso explica o porquê de alguns pacientes despertarem sentimentos de raiva, medo, 
piedade, carinho e repulsa nos profissionais de saúde, sem motivos mais concretos. Quando essas 
reações contratransferenciais são identificadas, o profissional de saúde deve estar consciente de que 
elas são originadas de seus conflitos pessoais, a fim de que ele lide com elas de forma mais objetiva. 
Passaremos, agora, a analisar os aspectos do chamado exame psíquico, que pode ter as 
denominações de exame do estado mental, exame mental, exame psicopatológico ou exame 
psiquiátrico. 
O exame psíquico é um dos principais instrumentos para a realização do diagnóstico em 
psiquiatria e visa o estabelecimento de um diagnóstico psiquiátrico, criação e desenvolvimento de 
aliança de trabalho e prognóstico do paciente. No exame psíquico, examina-se, de forma isolada, cada 
função psíquica do paciente, para depois formular-se a análise do todo psíquico (DALGALARRONDO, 
2019). 
A Psicopatologia importa-se, fundamentalmente, com a forma de cada função psíquica. Os 
conteúdos têm uma importância secundária. Por exemplo, a forma de um livro é aquilo que faz com que 
o reconheçamos e saibamos que se trata de um livro (que é a essência do objeto), o conteúdo é aquilo 
que define tal livro (a sua mensagem). 
Assim, o exame psíquico é uma forma de abstração da realidade e da totalidade do 
psiquismo humano, ao decompor a totalidade psíquica em conceitos operativos para formular, mais 
tarde, os quadros nosológicos, ou seja, os quadros classificatórios e explicativos da doença. O exame 
psíquico se inicia no primeiro contato com o paciente, antes da obtenção dos dados de identificação. O 
profissional experiente é capaz de realizar a maior parte do exame do estado mental simultaneamente 
à coleta da história do transtorno do paciente. No modelo médico, a história sempre é vista como algo 
subjetivo, mas o exame psíquico, assim como o exame físico da Medicina Geral, é considerado um 
método objetivo de avaliação. 
Na avaliação psiquiátrica, o que é observado pelo examinador representa o exame psíquico e as 
expressões de como o paciente se refere, bem como se elas são mais apropriadas à história do 
transtorno do que ao exame psíquico. 
 
Quadro 3. Roteiro de exame psíquico. 
Apesar de alguns aspectos do exame psíquico serem subjetivos, como a análise dos 
processos de pensamento, isso também ocorre no exame físico. Por exemplo, há elementos 
subjetivos relacionados diretamente às manipulações do examinador no exame físico, como dor 
à palpação abdominal e a pesquisa da sensibilidade térmica do paciente. Porém, as vivências 
internas e subjetivas dos pacientes são expressas em seu comportamento não verbal e verbal, 
passando a ser observáveis e passíveis de descrição por outras pessoas, o que as torna objetivas. 
Jaspers (1979) relata a ausência de fidedignidade em relatos de muitos pacientes, afirmando 
que os doentes histéricos não merecem confiança e que a maioria das autodescrições psicopáticas 
deve ser considerada de modo crítico. Afirma, também, que as pessoas com psicopatologias podem 
relatar o que se espera deles para serem agradáveis ou quando notam interesse do médico por algum 
tema específico. 
No exame psíquico devem ser descritas as alterações presenciadas apenas durante a entrevista, 
pois é comum que a sintomatologia psiquiátrica mude de um momento para outro. Porém nos casos 
em que a sintomatologia é intermitente, como em pacientes com alucinações e alterações do nível de 
consciência, é necessário fazer um exame psíquico mais amplo, com mais de uma observação e com 
intervalos de horas, ou, às vezes, de dias, entre um e outro exame. 
 
Na redação do exame, deve-se descrever as condições em que se realizou o diagnóstico, se foi 
no domicílio do paciente, em consultório ou ambulatório, no leito do hospital e se havia mais alguém 
presente. É importante entender que há uma influência mútua entre as funções mentais, e que a 
subdivisão dessas funções é meramente didática, pois as funções psíquicas são avaliadas de forma 
praticamente simultânea. Além disso, as funções psíquicas podem alterar-se quantitativa ou 
qualitativamente. 
Além do registro das alterações psicopatológicas das funções psíquicas, deve-se descrever, no 
exame, como estão as funções mentais preservadas. Não devem ser consideradas as possíveis causas 
das alterações, mesmo que haja hipóteses. Para a avaliação de algumas funções, como a memória, 
orientação e inteligência, devem ser realizadas perguntas específicas ou, até mesmo, testes. A redação 
do exame psíquico deve se restringir à descrição dos fenômenos observados, sem o uso de termos 
técnicos. 
 
 
 
SINTETIZANDO 
 
A Psicopatologia é a área interdisciplinar do conhecimento que trata dos transtornos 
mentais, suas causas, mudanças estruturais, funcionais e formas de manifestação. 
Historicamente, a área de Psicopatologia se desenvolveu por meio da Medicina, da qual 
herdou a preocupação com a observação cuidadosa das pessoas com transtornos mentais e de 
áreas humanistas, como a Filosofia, a Literatura, as artes e a psicanálise. Por isso, concebe o 
transtorno e o sofrimento mental como expressões da humanidade que permaneceriam 
desconhecidas se esses fenômenos não se manifestassem. 
Os conhecimentos da Psicopatologia são essenciais para o trabalho na área de saúde 
mental, pois dão o fundamentopara a prática de psicólogos, psiquiatras, neuropsiquiatras, 
terapeutas ocupacionais, enfermeiros e assistentes sociais. Os conceitos de saúde e doença e 
os critérios para determinar a normalidade e a patologia são complexos, pois tratam de aspectos 
subjetivos, estatísticos e qualitativos. 
Sobre a etiopatogenia ou análise do conjunto de causas dos transtornos mentais, há consenso 
de que é a interrelação entre os fatores biológicos e as características ambientais que originam os 
transtornos mentais. Os fatores biológicos são relacionados especialmente à herança genética do 
indivíduo, e o contexto ambiental se relaciona aos fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento 
de transtornos mentais. 
Na avaliação do paciente com transtornos mentais utilizam-se, dentre outros procedimentos, o 
psicodiagnóstico, a entrevista e o exame psíquico. 
 
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