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09 10 - Lista Sintaxe de Colocação Pronomial


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Prof. Gustavo 
Gramática 
 
Página 1 de 8 
LISTA DE EXERCÍCIOS – SINTAXE DE COLOCAÇÃO PRONOMIAL
 
(EPCAR (AFA) 2020) Trecho da peça teatral A raposa e 
as uvas, escrita por Guilherme de Figueiredo. A cena 
ocorre na cidade de Samos (Grécia antiga), na casa de 
Xantós, um filósofo grego, que recebe o convidado 
Agnostos, um capitão ateniense. O jantar é servido por 
Esopo e Melita, escravos de Xantós. 
 
(Entra Esopo, com um prato que coloca sobre a mesa. 
Está coberto com um pano. Xantós e Agnostos se dirigem 
para a mesa, o primeiro faz ao segundo um sinal para 
sentarem-se.) 
 
XANTÓS (Descobrindo o prato) – Ah, língua! (Começa a 
comer com as mãos, e faz um sinal para que Melita sirva 
Agnostos. 1Este também começa a comer vorazmente, 
dando grunhidos de satisfação.) Fizeste bem em trazer 
língua, Esopo. 2É realmente uma das melhores coisas do 
mundo. (Sinal para que sirvam o vinho. Esopo serve, 
Xantós bebe.) Vês, estrangeiro, de qualquer modo é bom 
possuir riquezas. Não gostas de saborear 3esta língua e 
4este vinho? 
 
AGNOSTOS (A boca entupida, comendo) – Hum. 
 
XANTÓS – Outro prato, Esopo. (Esopo sai à esquerda e 
volta imediatamente com outro prato coberto. 5Serve, 
Xantós de boca cheia.) Que é isto? Ah, língua de fumeiro! 
É bom língua de fumeiro, hein, amigo? 
 
AGNOSTOS – Hum. (Xantós serve-se de vinho) /.../ 
XANTÓS (A Esopo) Serve outro prato. (Serve) Que trazes 
aí? 
 
ESOPO – Língua. 
 
XANTÓS – 6Mais língua? Não te disse que trouxesse o 
7que há de melhor para meu hóspede? Por que só trazes 
língua? Queres expor-me ao ridículo? 
 
ESOPO – Que há de melhor do que a língua? A língua é 
o que nos une todos, quando falamos. Sem a língua nada 
poderíamos dizer. A língua é a chave das ciências, o 
órgão da verdade e da razão. Graças à língua dizemos o 
nosso amor. Com a língua 8se ensina, 9se persuade, 10se 
instrui, 11se reza, 12se explica, 13se canta, 14se descreve, 
15se elogia, 16se mostra, 17se afirma. É com a língua que 
dizemos sim. É a língua que ordena os exércitos à vitória, 
é a língua que desdobra os versos de Homero. A língua 
cria o mundo de Ésquilo, a palavra de Demóstenes. Toda 
a Grécia, Xantós, das colunas do Partenon às estátuas de 
Pidias, dos deuses do Olimpo à glória sobre Tróia, da ode 
do poeta ao ensinamento do filósofo, toda a Grécia foi 
feita com a língua, a língua de belos gregos claros falando 
para a eternidade. 
 
XANTÓS (Levantando-se, entusiasmado, já meio ébrio) – 
Bravo, Esopo. Realmente, tu nos trouxeste o que há de 
melhor. (Toma outro saco da cintura e atira-o ao escravo) 
Vai agora ao mercado, e traze-nos o que houver de pior, 
pois quero ver a sua sabedoria! (Esopo retira-se à frente 
com o saco, Xantós fala a Agnostos.) Então, não é útil e 
bom possuir um escravo assim? 
 
AGNOSTOS (A boca cheia) – Hum. /.../ (Entra Esopo com 
prato coberto) 
 
XANTÓS – 18Agora que já sabemos o que há de melhor 
na terra, vejamos o que há de 19pior na opinião deste 
horrendo escravo! Língua, 20ainda? Mais língua? 21Não 
disseste que língua era o que havia de melhor? Queres 
ser espancado? 
 
ESOPO – A língua, senhor, é o que há de pior no mundo. 
É a fonte de todas as intrigas, o início de todos os 
processos, a mãe de todas as discussões. É a língua que 
usam os maus poetas que nos fatigam na praça, é a 
língua que usam os filósofos que não sabem pensar. É a 
língua que mente, que esconde, que tergiversa, que 
blasfema, que insulta, que se acovarda, que se mendiga, 
que impreca, que 22bajula, que 23destrói, que 24calunia, 
que vende, que seduz, é com a língua que dizemos morre 
e canalha e corja. É com a língua que dizemos não. Com 
a língua Aquiles mostrou sua cólera, com a língua a 
Grécia vai tumultuar os pobres cérebros humanos para 
toda a eternidade! Aí está, Xantós, porque a língua é a 
pior de todas as coisas! 
 
(FIGUEIREDO, Guilherme. A raposa e as uvas – peça em 3 atos. 
Cópia digitalizada pelo GETEB – Grupo de Estudos e Pesquisa em 
Teatro Brasileiro/UFSJ. Disponível para fins didáticos em 
www.teatroparatodosufsj.com.br/ download/guilherme-figueiredo-
araposa-e-as-uvas-2/ Acesso em 13/03/2019.) 
1. (EPCAR (AFA) 2020) Leia o trecho abaixo e responda 
à questão a seguir. 
 
“Mais língua? Não te disse que trouxesse o que 
há de melhor para meu hóspede? Por que só trazes 
língua? Queres expor-me ao ridículo?” (referência 6) 
 
 Em relação à análise morfossintática desse fragmento, 
assinale a alternativa correta. 
 
a) Em “Não te disse que trouxesse (...)?”, é possível 
perceber o coloquialismo no uso concomitante de 2ª e 
3ª pessoas gramaticais. 
b) Em “Por que só trazes língua?”, o pronome 
interrogativo, deslocando-se para o final da oração, 
seria grafado junto e com acento. 
c) Em “Queres expor-me ao ridículo?”, o pronome oblíquo 
poderá, de acordo com a norma padrão da Língua, vir 
antes do verbo ‘querer’. 
d) Em “(...) o que há de melhor para meu hóspede?”, o 
pronome demonstrativo exerce a função sintática de 
sujeito da oração. 
 
2. (ESPCEX (AMAN) 2019) Analise as duas frases 
abaixo: 
 
I. Os ladrões estão roubando! Prendam-nos! 
II. Somos os assaltantes! Prendam-nos! 
 
 Assinale a alternativa cuja descrição gramatical dos 
termos sublinhados está correta. 
 
Prof. Gustavo 
Gramática 
 
Página 2 de 8 
 
a) Em I, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 1ª pessoa 
do plural. Em II, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 3ª 
pessoa do plural. 
b) Ambos são pronomes pessoais oblíquos referentes à 
1ª pessoa do plural. 
c) Em I, “nos” é pronome reto da 3ª pessoa do plural. Em 
II, “nos” é pronome reto da 1ª pessoa do plural. 
d) Em I, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 3ª pessoa 
do plural. Em II, “nos” é pronome pessoal oblíquo da 1ª 
pessoa do plural. 
e) Ambos são pronomes pessoais retos referentes à 1ª 
pessoa do plural. 
 
TEXTO PARA PRÓXIMA QUESTÃO: 
 
O elefante 
Fabrico um elefante 
de meus poucos recursos. 
Um tanto de madeira 
tirado a velhos móveis 
talvez lhe dê apoio. 
E o encho de algodão, 
de paina, de doçura 
A cola vai fixar 
suas orelhas pensas. 
A tromba se enovela, 
é a parte mais feliz 
de sua arquitetura. 
 
Mas há também as presas, 
dessa matéria pura 
que não sei figurar. 
Tão alva essa riqueza 
a espojar-se nos circos 
sem perda ou corrupção. 
E há por fim os olhos, 
onde se deposita 
a parte do elefante 
mais fluida e permanente, 
alheia a toda fraude. 
Eis o meu pobre elefante 
pronto para sair 
à procura de amigos 
num mundo enfastiado 
que já não crê em bichos 
e duvida das coisas. 
Ei-lo, massa imponente 
e frágil, que se abana 
e move lentamente 
a pele costurada 
onde há flores de pano 
e nuvens, alusões 
a um mundo mais poético 
onde o amor reagrupa 
as formas naturais. 
 
Vai o meu elefante 
pela rua povoada, 
mas não o querem ver 
nem mesmo para rir 
da cauda que ameaça 
deixá-lo ir sozinho. 
 
É todo graça, embora 
as pernas não ajudem 
e seu ventre balofo 
se arrisque a desabar 
ao mais leve empurrão. 
 
Mostra com elegância 
sua mínima vida, 
e não há cidade 
alma que se disponha 
a recolher em si 
desse corpo sensível 
a fugitiva imagem, 
o passo desastrado 
mas faminto e tocante. 
Mas faminto de seres 
e situações patéticas, 
de encontros ao luar 
no mais profundo oceano, 
sob a raiz das árvores 
ou no seio das conchas, 
de luzes que não cegam 
e brilham através 
dos troncos mais espessos. 
Esse passo que vai 
sem esmagar as plantas 
no campo de batalha, 
à procura de sítios, 
segredos, episódios 
não contados em livro, 
de que apenas o vento, 
as folhas, a formiga 
reconhecem o talhe, 
mas que os homens ignoram, 
pois só ousam mostrar-se 
sob a paz das cortinas 
à pálpebra cerrada. 
 
E já tarde da noite 
volta meu elefante, 
mas volta fatigado, 
as patas vacilantes 
se desmancham no pó. 
Ele não encontrou 
o de que carecia, 
o de que carecemos, 
eu e meu elefante, 
em que amo disfarçar-me. 
Exausto de pesquisa, 
caiu-lhe o vasto engenho 
como simples papel. 
A cola se dissolve 
e todo o seu conteúdo 
de perdão, de carícia, 
de pluma,de algodão, 
jorra sobre o tapete, 
qual mito desmontado. 
Amanhã recomeço. 
ANDRADE, Carlos Drummond de. O elefante, 9ªed – São Paulo: 
Editora Record, 1983 
 
Prof. Gustavo 
Gramática 
 
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3. (IME/ RJ - 2019) Observe os vocábulos destacados em 
negrito nos versos 39 a 44 do poema, transcritos abaixo: 
“Vai o meu elefante 
pela rua povoada, 
mas não o querem ver 
nem mesmo para rir 
da cauda que ameaça 
deixá-lo ir sozinho.” 
 
 Sobre esses vocábulos, de acordo com a gramática 
normativa, considere as seguintes afirmações: 
 
I. o primeiro “o” é um artigo definido e o segundo é uma 
forma pronominal oblíqua, assim como a forma “lo” em 
“deixá-lo”. 
II. a colocação do segundo “o” junto ao advérbio de 
negação aproxima-se do registro mais utilizado no 
português falado no Brasil. 
III. “o” e “lo” nos versos “mas não o querem ver” e “deixá-
lo ir sozinho” são formas pronominais que garantem a 
coesão referencial anafórica. 
 
 Está(ão) correta(s) a(s) afirmação(ões) 
 
a) I apenas. 
b) III apenas. 
c) I e II apenas. 
d) I e III apenas. 
e) II e III apenas. 
 
(EFOMM/BR - 2019) Leia o texto e responda à questão. 
 
Passeio à Infância 
 Primeiro vamos lá embaixo no córrego; 
pegaremos dois pequenos carás dourados. E como faz 
calor, veja, os lagostins saem da toca. Quer ir de batelão, 
na ilha, comer ingás? Ou vamos ficar bestando nessa 
areia onde o sol dourado atravessa a água rasa? Não 
catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque é 
urgente subir no morro; os sanhaços estão bicando os 
cajus maduros. É janeiro, grande mês de janeiro! 
 Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado 
do morro e descer escorregando no capim até a beira do 
açude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, 
como o carnaval é só no mês que vem, vamos apanhar 
tabatinga para fazer formas de máscaras. Ou então 
vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um 
pé de saboneteira. 
 Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher 
estranha, numa simples menina de pernas magras e 
vamos passear nessa infância de uma terra longe. É 
verdade que jamais comeu angu de fundo de panela? 
 Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe 
ensino. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma 
forquilha com o canivete. Mas não consigo imaginá-la 
assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras... 
Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de 
pitangueiras junto à praia. Iremos catar conchas cor-de-
rosa e búzios crespos, ou armar o alçapão junto do brejo 
para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser três 
horas da tarde, as galinhas lá fora estão cacarejando de 
sono, você gosta de fruta-pão assada com manteiga? Eu 
lhe vou aipim ainda quente com melado. Talvez você 
fosse como aquela menina rica, de fora, que achou 
horrível nosso pobre doce de abóbora e coco. 
 Mas eu a levarei para a beira do ribeirão, na 
sombra fria do bambual; ali pescarei piaus. Há rolinhas. 
Ou então ir descendo o rio numa canoa bem devagar e de 
repente dar um galope na correnteza, passando rente às 
pedras, como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar 
mar afora até não poder mais e depois virar e ficar 
olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os 
outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de 
assa-peixe. Lembro-me que vi o ladrão morrer afogado 
com os soldados de canoa dando tiros, e havia uma 
mulher do outro lado do rio gritando. 
 Mas como eu poderia, mulher estranha, convertê-
la em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez 
vi uma urutu junto de um tronco queimado; e me lembro 
de muitas meninas. Tinha uma que para mim uma 
adoração. Ah, paixão da infância, paixão que não amarga. 
Assim eu queria gostar de você, mulher estranha que ora 
venho conhecer, homem maduro. Homem maduro, ido e 
vivido; mas quando a olhei, você estava distraída, meus 
olhos eram outra vez daquele menino feio do segundo ano 
primário que quase não tinha coragem de olhar a menina 
um pouco mais alta da ponta direita do banco. 
 Adoração de infância. Ao menos você conhece 
um passarinho chamado saíra? É um passarinho miúdo: 
imagine uma saíra grande que de súbito aparecesse a um 
menino que só tivesse visto coleiros e curiós, ou pobres 
cambaxirras. Imagine um arco-íris visto na mais remota 
infância, sobre os morros e o rio. O menino da roça que 
pela primeira vez vê as algas do mar se balançando sob 
a onda clara, junto da pedra. 
 Ardente da mais pura paixão de beleza é a 
adoração da infância. Na minha adolescência você seria 
uma tortura. Quero levá-la para a meninice. Bem pouca 
coisa eu sei; uma vez na fazenda rira: ele não sabe nem 
passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; são 
pequenas coisas do mato e da água, são humildes coisas, 
e você é tão bela e estranha! Inutilmente tento convertê-
la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um 
pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos pés. 
 Linda como a areia que a onda ondeou. Saíra 
grande! Na adolescência e torturaria; mas sou um homem 
maduro. Ainda assim às vezes é como um bando de 
sanhaços bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume 
de peixes dourados avançando, saltando ao sol, na 
piracema; um bambual com sombra fria, onde ouvi um 
silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! 
Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com 
cigarras. Mas você é como se houvesse demasiadas 
cigarras cantando numa pobre tarde de homem. 
 
Julho, 1945 – Crônica extraída do livro 200 crônicas escolhidas, de 
Rubem Braga 
 
4. (EFOMM/BR - 2019) Assinale a opção em que, 
conforme a norma culta, NÃO é possível acrescentar 
vírgula ao período. 
 
a) Primeiro vamos lá embaixo (...). 
b) Agora devem ser três horas da tarde (...). 
 
Prof. Gustavo 
Gramática 
 
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c) Na minha adolescência você seria uma tortura. 
d) Na adolescência me torturaria; mas sou um homem 
maduro. 
e) Inutilmente tento convertê-la em menina de pernas 
magras (...). 
 
(UFSC/SC - 2017) Leia o texto e responda à questão. 
 
dia 16 de outubro de 1983 
 
Primeira noite decente. Sonhei com o consultório 
da Mary atravessado de papel higiênico, 1grande 
confusão: seria quem? Analista, amiga ou namorada? 
Nenhuma das três? 
Não quero agora computar as perdas. Perder é 
uma lenha. Lá fora está sol, quem escreve deixa um 
testemunho. 2Reesquentando. Joguei fora algumas 
coisas já escritas porque não era o testemunho que eu 
queria deixar. É outro. Outro agora. Acredite se puder. 
Rejane por perto, acompanhando meus progressos. Peço 
a ela encarecidamente que 3me faça o favor de lembrá-
los. Eu mesma me exercito, mas que péssima memória! 
Notas, Armando. A memória Fraca para os progressos! 
Chega desse lero, Poesia virá quando puder. Por 
enquanto, Filho, é isso aí apenas. Saí ao sol onde tentei 
um do-in, 4me sinto exaurida. 5Lembra que o diário era 
alimento cotidiano? Que importa a má fama depois que 
estamos mortos? Importa tanto que 6abri a lata de lixo: 
quero outro testemunho. Diário não tem graça, mas 
7esquenta, pega-se de novo a caneta abandonada, e o 
interlocutor é fundamental. Escrevo para você sim. 8Da 
cama do hospital. A lesma quando passa deixa um rastro 
prateado. 
Leiam se forem capazes. 
 
CESAR, Ana Cristina. Poética. São Paulo: Companhia das Letras, 
2013, p. 309. 
 
5. (UFSC/SC - 2017) Com base na leitura e interpretação 
do texto e de acordo com a variedade padrão escrita da 
língua portuguesa e com os componentes constitutivos do 
texto, é correto afirmar que: 
 
01) o sinal de dois pontos em “grande confusão: seria 
quem?” (referência 1) e em “abri a lata de lixo: quero 
outro testemunho” (referência 6) é usado, nos dois 
casos, para introduzir uma retificação acerca do termo 
precedente. 
02) em “me faça” (referência 3) e em “me sinto” (referência 
4), a colocação pronominal poderia ser alterada para 
“faça-me” e “sinto-me”, pois a ordem do pronome em 
relação ao verbo é opcional nos dois casos. 
04) as formas verbais “reesquentando”(referência 2) e 
“esquenta” (referência 7) são usadas com sentido 
denotativo, em referência direta ao calor do sol. 
08) as cinco perguntas presentes no texto (referências 1 
e 5) produzem uma impressão de colóquio, isto é, de 
conversa, ainda que seja uma fala de si para si em um 
texto escrito. 
16) o excerto “Da cama do hospital. A lesma quando 
passa deixa um rastro prateado. Leiam se forem 
capazes” (referência 8) constitui uma provocação de 
Ana Cristina Cesar para que o leitor decifre a natureza 
do testemunho registrado. 
32) a organização do texto obedece à natureza tradicional 
dos diários íntimos ao exigir um interlocutor externo, 
alguém diferente da própria pessoa que os escreve. 
64) marcas textuais presentes no texto e que o 
caracterizam como pertencente ao gênero diário são: 
discurso em primeira pessoa, entrada de data, tom 
intimista e confessional. 
 
(EEAR/ BR - 2017) Leia: 
Meteoro 
 (Sorocaba) 
 
Te dei o Sol 
Te dei o Mar 
Pra ganhar seu coração 
Você é raio de saudade 
Meteoro da paixão 
Explosão de sentimentos que eu não pude acreditar 
Aaaahh... 
Como é bom poder te amar [...] 
 
6. (EEAR/ BR - 2017) O trecho da canção de autoria de 
Sorocaba, que ficou famosa na voz de Luan Santana, está 
escrito em linguagem coloquial. Quanto ao uso dos 
pronomes oblíquos, marque a alternativa correta. 
 
a) Se o autor tivesse optado pelo uso do pronome de 
acordo com a gramática normativa, e, desse modo, 
tivesse realizado a colocação do pronome oblíquo após 
as formas verbais com que se inicia os dois versos do 
início da canção, seria possível interpretações 
diferentes das apresentadas por conta de cacofonia 
(união sonora de sílabas que provoca estranheza 
auditiva). 
b) O fato de o texto trazer pronomes oblíquos em vez de 
retos acentua a ideia de precisão ao escrever de 
acordo com as normas estabelecidas pela gramática 
normativa, pois os oblíquos, de uso mais elaborado que 
os retos, garantem mais legibilidade ao texto escrito ou 
falado. 
c) A opção pelo uso de pronomes oblíquos é um indício 
das tentativas do autor de gerar duplo sentido em seus 
enunciados, uma vez que nos dois primeiros versos 
houve ajuste preciso ao que se determina nas 
gramáticas de língua portuguesa. 
d) Os pronomes oblíquos presentes no trecho da canção 
visam promover elegância e estilo, uma vez que estão 
estritamente de acordo com o que se preconiza nas 
gramáticas normativas. 
 
7. (PUCRJ 2017) Leia os textos e responda à questão a 
seguir. 
 
Tentação 
 
Ela estava com soluço. E como se não bastasse 
a claridade das duas horas, ela era ruiva. 
Na rua vazia as pedras vibravam de calor − a 
 
Prof. Gustavo 
Gramática 
 
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cabeça da menina flamejava. Sentada nos degraus de 
sua casa, ela suportava. Ninguém na rua, só uma pessoa 
esperando inutilmente no ponto do bonde. E como se não 
bastasse seu olhar submisso e paciente, o soluço a 
interrompia de momento a momento, abalando o queixo 
que se apoiava conformado na mão. Que fazer de uma 
menina ruiva com soluço? Olhamo-nos sem palavras, 
desalento contra desalento. Na rua deserta nenhum sinal 
de bonde. Numa terra de morenos, ser ruivo era uma 
revolta involuntária. Que importava se num dia futuro sua 
marca ia fazê-la erguer insolente uma cabeça de mulher? 
Por enquanto ela estava sentada num degrau faiscante 
da porta, às duas horas. O que a salvava era uma bolsa 
velha de senhora, com alça partida. Segurava-a com um 
amor conjugal já habituado, apertando-a contra os 
joelhos. 
Foi quando se aproximou a sua outra metade 
neste mundo, um irmão em Grajaú. A possibilidade de 
comunicação surgiu no ângulo quente da esquina, 
acompanhando uma senhora, e encarnada na figura de 
um cão. Era um basset lindo e miserável, doce sob a sua 
fatalidade. Era um basset ruivo. 
Lá vinha ele trotando, à frente de sua dona, 
arrastando seu comprimento. Desprevenido, 
acostumado, cachorro. 
A menina abriu os olhos pasmada. Suavemente 
avisado, o cachorro estacou diante dela. Sua língua 
vibrava. Ambos se olhavam. 
Entre tantos seres que estão prontos para se 
tornarem donos de outro ser, lá estava a menina que viera 
ao mundo para ter aquele cachorro. Ele fremia 
suavemente, sem latir. Ela olhava-o sob os cabelos, 
fascinada, séria. Quanto tempo se passava? Um grande 
soluço sacudiu-a desafinado. Ele nem sequer tremeu. 
Também ela passou por cima do soluço e continuou a fitá-
lo. 
Os pelos de ambos eram curtos, vermelhos. 
Que foi que se disseram? Não se sabe. Sabe-se 
apenas que se comunicaram rapidamente, pois não havia 
tempo. Sabe-se também que sem falar eles se pediam. 
Pediam-se com urgência, com encabulamento, 
surpreendidos. 
No meio de tanta vaga impossibilidade e de tanto 
sol, ali estava a solução para a criança vermelha. E no 
meio de tantas ruas a serem trotadas, de tantos cães 
maiores, de tantos esgotos secos − lá estava uma 
menina, como se fora carne de sua ruiva carne. Eles se 
fitavam profundos, entregues, ausentes de Grajaú. Mais 
um instante e o suspenso sonho se quebraria, cedendo 
talvez à gravidade com que se pediam. 
Mas ambos eram comprometidos. 
Ela com sua infância impossível, o centro da 
inocência que só se abriria quando ela fosse uma mulher. 
Ele, com sua natureza aprisionada. A dona esperava 
impaciente sob o guarda-sol. O basset ruivo afinal 
despregou-se da menina e saiu sonâmbulo. Ela ficou 
espantada, com o acontecimento nas mãos, numa mudez 
que nem pai nem mãe compreenderiam. Acompanhou-o 
com olhos pretos que mal acreditavam, debruçada sobre 
a bolsa e os joelhos, até vê-lo dobrar a outra esquina. 
Mas ele foi mais forte que ela. Nem uma só vez 
olhou para trás. 
LISPECTOR, Clarice. A legião estrangeira. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 
Ternura 
 
Eu te peço perdão por te amar de repente 
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus 
ouvidos 
Das horas que passei à sombra dos teus gestos 
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos 
Das noites que vivi acalentado 
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo 
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente. 
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo 
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das 
promessas 
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma... 
É um sossego, uma unção, um transbordamento de 
carícias 
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta 
E deixes que as mãos cálidas da noite encontrem sem 
fatalidade o olhar 
 [extático da aurora 
MORAES, Vinicius de. Antologia poética. São Paulo: Companhia das 
Letras, 1999, p.92-3. 
a) No poema Ternura, o eu lírico dirige-se à amada 
usando a 2ª pessoa tu. Reescreva o verso a seguir, 
substituindo os pronomes oblíquos sublinhados por 
seus correspondentes, de modo que a 2ª pessoa 
empregada passe a ser “você”. 
 
“Eu te peço perdão por te amar de repente” 
 
b) Em “Sabe-se apenas que se comunicaram 
rapidamente, pois não havia tempo.” (8º parágrafo do 
conto Tentação), a palavra “se” apresenta dois 
comportamentos distintos. Explique a diferença de 
sentido entre eles. 
 
(UFPR/PR - 2017) Leia o texto e responda à questão a 
seguir. 
 
Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os 
pregadores, sois o sal da terra: e chama-lhes sal da terra, 
porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito 
do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê 
tão corrupta como está a nossa, havendo tantos nela que 
têm ofício de sal, qual será, ou qual pode ser a causa 
desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque 
a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, 
e os pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou 
porque a terra se não deixa salgar e os ouvintes, sendo 
verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem 
receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores 
dizem uma cousa e fazem outra; ou porque a terra se não 
deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles 
fazem, que fazer o que dizem. Ou é porque o sal não 
salga,e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou 
porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes, em vez 
de servir a Cristo, servem a seus apetites. Não é tudo isto 
verdade? Ainda mal! 
 
(Antônio Vieira, Sermão de Santo Antônio, em: 
<http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000033.pdf>.) 
 
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8. (UFPR/PR - 2017) Vieira é um homem do século XVII. 
É possível detectar, no texto de Vieira, características da 
língua portuguesa que divergem de seu uso 
contemporâneo. Pensando nessa diferença entre o 
português atual e o português usado por Vieira, considere 
as seguintes afirmativas: 
 
1. Diferentemente de hoje, o pronome pessoal oblíquo 
átono antecedia a negação. 
2. O “porque” é empregado no texto como conjunção 
explicativa e sua grafia é a mesma usada atualmente. 
3. A conjunção “ou” tem no texto um uso que não é o de 
alternância. 
 
 Assinale a alternativa correta. 
 
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira. 
b) Somente a afirmativa 3 é verdadeira. 
c) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. 
e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 
 
(PUCCAMP/SP - 2017) Leia o quadrinho e responda à 
questão a seguir. 
 
 
 
9. (PUCCAMP/SP - 2017) Considerada a norma-padrão 
da língua, a observação correta é: 
a) No quadrinho, a expressão Por quê? está empregada 
adequadamente, mas se a frase, com sentido 
equivalente, tivesse outra redação − “Ela se perguntava 
desesperadamente porque havia feito aquilo” − o que 
está em destaque também estaria empregado com 
correção. 
b) No quadrinho, a expressão Por quê? está empregada 
adequadamente, como também está na frase “Não 
entendo o por quê de tanta discussão”. 
c) A colocação do pronome em Me perdoa...!! é 
condenada pelas regras gramaticais, sendo 
considerada aceitável exclusivamente quando se trata 
de textos humorísticos. 
d) O sinal indicativo da crase em Induz à humildade está 
adequadamente empregado, como o estaria também 
em “Induz à esse tipo de virtude encontrado em 
pessoas despretensiosas”. 
e) A análise da composição do quadrinho evidencia que o 
verbo “encher” está empregado como transitivo direto e 
indireto, sendo que o objeto direto é indicado por meio 
da representação visual. 
 
 (FGV/SP - 2017) Leia o texto para responder à questão 
a seguir. 
 
Duzentos dos que gozam da mesma cidadania 
que ela e quase o mesmo número dos que gozam da 
mesma que eu figuram entre os oitocentos mortos no 
naufrágio de 18 de abril de 2015 na costa da Sicília. 
Muitos são aqueles de quem já não se fala mais, aqueles 
dos quais nunca se falará, jogados nas fossas comuns 
que se tornaram o Deserto do Saara e o Mar 
Mediterrâneo. 
Seu filho único, um dia, partiu para a Europa com 
89 outros jovens de Thiaroye (Senegal) a bordo de uma 
embarcação que o mar engoliu. Nós nos encontramos 
porque, no meu país, outras mães de migrantes 
desaparecidos que não querem esquecer nem baixar os 
braços me interpelaram: “Não vimos de novo nossos 
filhos nem vivos nem mortos. O mar os matou. Por quê?” 
Elas também não sabiam nada sobre esse mar assassino, 
já que nosso país não tem litoral. 
Me lembrarei para sempre, corajosa Yayi, deste 
profundo momento de acolhimento e de partilha que foi o 
“Círculo do Silêncio” que organizamos juntas no Fórum 
Social Mundial (FSM) de Dacar, em fevereiro de 2011. 
 
Aminata D. Traoré. “São nossas crianças”. Em: Le Monde Diplomatique 
Brasil, setembro de 2016. Adaptado. 
10. (FGV/SP - 2017) Considerando o emprego de 
pronomes do texto, responda ao que se pede. 
 
a) A quem se referem os pronomes destacados nas 
passagens: “Duzentos dos que gozam da mesma 
cidadania que ela...”, “Seu filho único, um dia, partiu 
para a Europa...”, “Nós nos encontramos porque...” e 
“Elas também não sabiam nada sobre esse mar 
assassino...”? 
Justifique sua resposta com informações do texto. 
 
 
b) Observe a colocação dos pronomes destacados nas 
passagens: 
- “Muitos são aqueles de quem já não se fala mais, 
aqueles dos quais nunca se falará, jogados nas 
fossas comuns que se tornaram o Deserto do Saara 
e o Mar Mediterrâneo.” (1º parágrafo) 
- “Me lembrarei para sempre, corajosa Yayi, deste 
profundo momento de acolhimento e de partilha…” 
(último parágrafo) 
 
 Comente, segundo os princípios da norma-padrão, a 
colocação desses pronomes nos respectivos contextos. 
 
 
 
 
 
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(FGV/SP - 2017) Leia os textos para responder à questão 
a seguir. 
 
Texto I 
 Quando se pensa em traçar um histórico sobre o 
aprendizado de línguas estrangeiras, 1poderia se 
retroceder aos 2primórdios dos tempos globalizantes, com 
os acadianos tentando se comunicar com os sumérios na 
antiga Mesopotâmia, por volta de 3.000 a.C., ou às 
conquistas do antigo império egípcio, ou ainda do império 
dos romanos, eles mesmos aprendendo o grego como 
segunda língua, em reconhecimento ao prestígio daquela 
civilização. É possível afirmar que, desde os primeiros 
intercâmbios entre sociedades, quando civilizações 
descobriram e dominaram outros povos, a necessidade 
de entendimento entre falantes de línguas distintas levava 
interessados a aprender novos idiomas com o propósito 
mais natural, o de comunicar-se; buscava-se, como hoje, 
a oralidade numa língua estrangeira em situações 
comunicativas. 
 3À parte o estudo do grego e do latim (este, 
4detentor, por longo período, do título de língua franca), 
que se 5restringira à gramática e à tradução para fins 
culturais, políticos ou religiosos, é a partir de meados do 
século XVII [...] que a necessidade de aprender um novo 
idioma, com o 6intento 7genuíno de comunicação, se 
intensificou. 
Vera Hanna, Línguas estrangeiras: o ensino em um contexto cultural 
 
Texto II 
 O domínio de uma língua estrangeira, em 
especial o inglês, é uma exigência cada vez mais 
frequente nas empresas. A maior parte dos candidatos às 
vagas, por sua vez, 1atesta no currículo que fez cursos – 
o que 2em geral é verdade. Mas, na prática, são poucos 
os que sustentam uma entrevista mais detalhada em 
outro idioma ou mantêm uma conversação em inglês sem 
grande esforço. Para muitos prevalece a sensação de só 
cometer um erro após outro. E o pior é que a insegurança 
quanto à gramática e o medo de cometer equívocos 
terminam por comprometer as possibilidades de acerto. 
Em muitos casos, nem mesmo anos de aula mudam essa 
situação. 
Jan Dönges, Revista Mente e Cérebro 
11. (MACKENZIE/SP - 2017) Assinale a alternativa 
INCORRETA. 
a) No texto II, a forma verbal atesta (ref. 1) pode ser usada 
no singular ou no plural, como abonam gramáticas do 
português contemporâneo. 
b) No texto I, a forma se restringira (ref. 5) pode ser 
substituída por “tinha se restringido”, mantendo-se, 
mesmo assim, a correção gramatical do texto. 
c) A forma poderia se retroceder (ref. 1), tal como 
empregada no texto I, pode ser substituída por “poderia 
retroceder-se”, sem prejuízos para a correção 
gramatical. 
d) No texto I, é opcional o uso da crase na expressão à 
parte (ref. 3), tal como empregada no texto, pois as 
duas formas são corretas gramaticalmente. 
e) A expressão em geral (ref. 2), no sentido como é 
empregada no texto II, pode vir ou não isolada por 
vírgulas: “que, em geral, é verdade”. 
 
 Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia a crônica 
“Seu ‘Afredo’”, de Vinicius de Moraes (1913-1980), 
publicada originalmente em setembro de 1953. 
 
Seu Afredo (ele sempre subtraía o “l” do nome, ao 
se apresentar com uma ligeira curvatura: “Afredo Paiva, 
um seu criado...”) tornou-se inesquecível à minha infância 
porque tratava-se muito mais de um linguista que de um 
encerador. Como encerador, não ia muito lá das pernas. 
Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, minha 
mãe ficava passeando pela sala com uma flanelinha 
debaixo de cada pé, para melhorar o lustro. Mas,como 
linguista, cultor do 1vernáculo e aplicador de sutilezas 
gramaticais, seu Afredo estava sozinho. 
Tratava-se de um mulato quarentão, 
ultrarrespeitador, mas em quem a preocupação linguística 
perturbava às vezes a colocação pronominal. Um dia, 
numa fila de ônibus, minha mãe ficou ligeiramente 
2ressabiada quando seu Afredo, casualmente de 
passagem, parou junto a ela e perguntou-lhe à queima-
roupa, na segunda do singular: 
– Onde vais assim tão elegante? 
Nós lhe dávamos uma bruta corda. Ele falava 
horas a fio, no ritmo do trabalho, fazendo os mais 
deliciosos pedantismos que já me foi dado ouvir. Uma vez, 
minha mãe, em meio à 3lide caseira, queixou-se do 
fatigante 4ramerrão do trabalho doméstico. Seu Afredo 
virou-se para ela e disse: 
– Dona Lídia, o que a senhora precisa fazer é ir a 
um médico e tomar a sua quilometragem. Diz que é muito 
bão. 
De outra feita, minha tia Graziela, recém-chegada 
de fora, cantarolava ao piano enquanto seu Afredo, 
acocorado perto dela, esfregava cera no soalho. Seu 
Afredo nunca tinha visto minha tia mais gorda. Pois bem: 
chegou-se a ela e perguntou-lhe: 
– Cantas? 
Minha tia, meio surpresa, respondeu com um riso 
amarelo: 
– É, canto às vezes, de brincadeira... 
Mas, um tanto formalizada, foi queixar-se a minha 
mãe, que lhe explicou o temperamento do nosso 
encerador: 
– Não, ele é assim mesmo. Isso não é falta de 
respeito, não. É excesso de... gramática. 
Conta ela que seu Afredo, mal viu minha tia sair, 
chegou-se a ela com ar disfarçado e falou: 
– Olhe aqui, dona Lídia, não leve a mal, mas essa 
menina, sua irmã, se ela pensa que pode cantar no rádio 
com essa voz, ‘tá redondamente enganada. Nem em 
programa de calouro! 
E, a seguir, ponderou: 
– Agora, piano é diferente. Pianista ela é! 
E acrescentou: 
– Eximinista pianista! 
 
Para uma menina com uma flor, 2009. 
__________________________________________ 
 
 
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Gramática 
 
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1vernáculo: a língua própria de um país; língua nacional. 
2ressabiado: desconfiado. 
3lide: trabalho penoso, labuta. 
4ramerrão: rotina. 
 
12. (UNESP/SP - 2017) Observa-se no texto um desvio 
quanto às normas gramaticais referentes à colocação 
pronominal em: 
 
a) “Lembro-me que, sempre depois de seu trabalho, 
minha mãe ficava passeando pela sala com uma 
flanelinha debaixo de cada pé, para melhorar o lustro.” 
(1º parágrafo) 
b) “Seu Afredo [...] tornou-se inesquecível à minha 
infância porque tratava-se muito mais de um linguista 
que de um encerador.” (1º parágrafo) 
c) “Tratava-se de um mulato quarentão, ultrarrespeitador, 
mas em quem a preocupação linguística perturbava às 
vezes a colocação pronominal.” (2º parágrafo) 
d) “[...] seu Afredo, casualmente de passagem, parou 
junto a ela e perguntou-lhe à queima-roupa, na 
segunda do singular [...].” (2º parágrafo) 
e) “Seu Afredo virou-se para ela e disse: [...].” (4º 
parágrafo) 
 
 
 
Gabarito: 
 
1. [A] 2. [D] 3. [D] 4. [D] 5. 08 + 16 + 64 = 88 
 
6. [A] 8. [C] 9. [E] 11. [D] 12. [B]

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