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Sobre o autor Adenilson Giovanini é especialista em Topografia Cadastral e Georreferenciamento de Imóveis Rurais, possuindo mais de 290 artigos sobre o assunto em seu blog: http://adenilsongiovanini.com.br/blog/ Também possui um canal no youtube com mais de 340 aulas baseadas no dia a dia dos escritórios da área: https://www.youtube.com/channel/UCe-bR7ghiUOG2TxCSDx5VRw E é o criador de vários cursos e livros práticos: http://adenilsongiovanini.com.br/cursos-online/ DEDICATÓRIA Eu dedico esta obra aos mais de 203 profissionais que acreditaram no método Georreferenciamento Sem Mistérios. Digo isso porque ao longo das 6 primeiras turmas do Georreferenciamento Sem Mistérios, os alunos assistiram as aulas do treinamento, foram para a prática, tiveram dúvidas e entraram em contato comigo, me questionando a respeito de algum detalhe especifica. Cada umas destas dezenas de perguntas cabeludas feitas pelos mesmos me fez sair de minha zona de conforto na busca por respostas. Desta maneira, grão a grão, eu fui brindando o Método Georreferenciamento Sem Mistérios, tornando o mesmo cada vez mais poderoso. Posteriormente, decidi pegar alguns dos melhores conhecimentos deste fabuloso método e criar este livro. Mais algumas centenas de horas de trabalho, muita pesquisa e quebração de cabeça e o mesmo estava pronto. Por isso: GRATIDÃO as perguntas feitas a 00:20 da madrugada de sexta-feira e as 05:20 das tardes de domingo! Seria impossível eu escrever este livro sem estas perguntas e, muito egoísmo meu não ser grato a cada uma das pessoas que me ajudaram a expandir minha visão e meus conhecimentos. Você está a um passo de beber desta preciosa fonte. SUMÁRIO INTRODUÇÃO .............................................................................. 17 Sobre o livro: .............................................................................. 17 CAPÍTULO 1 – DICAS GERAIS SOBRE GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS QUEM PODE PRESTAR SERVIÇOS DE GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS .................... 20 Cadastro junto ao INCRA para profissionais formados em outros cursos ............................................................................................ 24 A DIFERENÇA ENTRE LEVANTAMENTO GEORREFERENCIADO E GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS ................. 25 Levantamento georreferenciado ................................................. 26 Georreferenciamento de imóveis rurais ...................................... 26 COMO SE CREDENCIAR JUNTO AO INCRA .............................. 27 CAPÍTULO 2 – TOPOGRAFIA CADASTRAL: PRINCIPAIS LEIS E O IMPACTO DAS MESMAS NO NOSSO DIA A DIA Parte 1 – Colonização ................................................................ 30 Brasil sem leis cadastrais ........................................................... 31 Parte 2 – O engatinhamento do cadastro ................................... 31 Parte 3 – O estado da arte.......................................................... 36 Leis, decretos e instruções normativas que de alguma maneira impactaram o registro e o cadastro de imóveis ........................... 37 LEI 10.267 – O FUTURO DA TOPOGRAFIA CADASTRAL .......... 39 10 PRINCÍPIOS REGISTRAIS E SEUS IMPACTOS NO NOSSO DIA A DIA! ..................................................................................... 42 Princípio da unitariedade da matrícula ........................................ 43 Princípio da legalidade ............................................................... 44 Princípio da prioridade ................................................................ 45 Princípio da instância .................................................................. 45 Princípio da publicidade .............................................................. 46 Princípio da eficácia .................................................................... 46 Princípio da disponibilidade ........................................................ 46 Princípio da especialidade .......................................................... 47 Princípio da continuidade ........................................................... 48 REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA – LEI Nº 13/465/2017 . 48 Impactos da lei do parcelamento do solo na regularização fundiária urbana .......................................................................... 49 Lei do programa minha casa, minha vida na regularização fundiária urbana .......................................................................... 50 Impactos da lei da regularização fundiária e urbana no parcelamento do solo urbano ..................................................... 51 Os 3 tipos de regularização fundiária urbana existentes ............. 52 Regularização Fundiária de Interesse Social (Reurb – S) ........ 53 Regularização Fundiária de Interesse Específico (Reurb- E) ... 53 Regularização Fundiária Inominada (Reurb–I) ......................... 54 USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL – UMA MANEIRA RÁPIDA E EFICAZ DE REGULARIZAR A PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA ..... 54 Legislação a respeito da usucapião extrajudicial ........................ 55 Etapas de um processo de usucapião extrajudicial .................... 55 Quais são os requisitos que o usucapiente deve obedecer? ...... 56 Documentos necessários para dar entrada no pedido de reconhecimento da usucapião extrajudicial? .............................. 57 CAPÍTULO 3 – ALGUNS CONCEITOS CADASTRAIS QUE VOCÊ PRECISA DOMINAR QUANDO QUE É NECESSÁRIO TRABALHO TÉCNICO? ........... 60 COMO PROCEDER JUNTO AO REGISTRO DE IMÓVEIS? ........ 61 TABELIONATO X CARTÓRIO. QUAL A DIFERENÇA? ................ 62 POSSE, ESCRITURA PÚBLICA E IMÓVEL REGISTRADO. QUAL A DIFERENÇA? ............................................................................ 63 A DIFERENÇA ENTRE LOTE E GLEBA ....................................... 64 MÓDULO RURAL E MÓDULO FISCAL? ...................................... 64 O que é um módulo rural? .......................................................... 64 Módulo rural e módulo fiscal – Conceito de módulo fiscal ............. 67 FRAÇÃO MÍNIMA DE PARCELAMENTO? ................................... 68 Fração mínima de parcelamento de imóveis rurais ..................... 68 Fração mínima de parcelamento de imóveis urbanos ................. 68 DATUM X ELIPSÓIDE X GEÓIDE. QUAL A DIFERENÇA? .......... 69 O USO DA ALTITUDE EM OBRAS DE ENGENHARIA ................. 70 CAPÍTULO 4 – DICAS PRÁTICAS DE PROCEDIMENTO A CAMPO E DE POSICIONAMENTO PELO GNSS APLICADO A TOPOGRAFIA CADASTRAL E AO GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS COMO FUNCIONA O SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL? ...................................................................................................... 73 FREQUÊNCIAS DE RÁDIO UTILIZADAS PELO SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL ...................................................... 73 Código C/A ................................................................................. 75 Banda L ...................................................................................... 76 Informações enviadas pelos satélites ......................................... 78 COMO OS SISTEMAS GNSS DETERMINAM POSIÇÕES ........... 79 A importância da geometria dos satélites na determinação de uma posição ....................................................................................... 81 QUAIS RECEPTORES ATENDEM AO GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS? .................. 84 GPS de navegação..................................................................... 85 Receptor cadastral...................................................................... 86 Receptor topográfico .................................................................. 86 Receptores geodésicos ..............................................................87 MÉTODOS DE POSICIONAMENTO PELO GNSS ....................... 88 OS 3 TIPOS DE POSICIONAMENTO RELATIVO PÓS- PROCESSADO EXISTENTES ..................................................... 88 Método relativo estático .............................................................. 89 Método stop and go .................................................................... 89 Método cinemático...................................................................... 90 POSICIONAMENTO EM TEMPO REAL ....................................... 94 RTK/UHF .................................................................................... 94 Os diferentes tipos de rádios utilizados pelo método RTK/UHF e suas características ................................................................. 95 RTK/GSM ................................................................................... 96 Tenha o controle do que faz ....................................................... 98 Domine o posicionamento pelo GNSS e você terá segurança .... 99 Método RTK/IP direto ............................................................... 103 RTK em rede ............................................................................ 104 NTRIP IBGE – MÉTODO RTK DE ALTISSIMA QUALIDADE ...... 105 Qual a acurácia possibilitada pelo método NTRIP IBGE? ......... 106 Quando utilizar este método de posicionamento? .................... 107 Cuidados quanto a utilização do método NTRIP....................... 108 O CAMPO É QUE DIZ COMO VOCÊ DEVE PROCEDER .......... 109 COMO NÃO COMETER-SE ERROS A CAMPO? ....................... 114 COMO PROCEDER QUANDO VOCÊ NÃO CONSEGUIR RASTREAR OS DADOS? ........................................................... 116 O QUE SIGNIFICA O TERMO ÉPOCA 4 DO SIRGAS 2000 ....... 116 COMO A ÁREA É CALCULADA?................................................ 118 PLANO TOPOGRÁFICO: O QUE É E PARA QUE SERVE? ....... 119 SISTEMA GEODÉSICO LOCAL: CONCEITO E PRPRIEDADES 120 Conversão de coordenadas geodésicas em coordenadas locais ................................................................................................. 122 UTILIZAÇÃO DE ESTAÇÕES TOTAIS EM PROCESSOS DE GEORREFERENCIAMENTO ...................................................... 123 O que a lei do georreferenciamento diz a respeito da utilização de estações totais .......................................................................... 124 O problema da transformação de dados entre diferentes superfícies? .............................................................................. 126 Utilização de estações totais no georreferenciamento de imóveis rurais - O Plano Topográfico Local ........................................... 128 Sistema de Coordenadas Geodésico Cartesiano Tridimensional ................................................................................................. 129 Como amarrar dados obtidos com estações totais e receptores GNSS ....................................................................................... 130 Cuidados que você deve tomar no uso de estações totais em processos de georreferenciamento ........................................... 131 Cuidados que você deve ter ao utilizar estações totais em processos de georreferenciamento ........................................... 132 O porquê da necessidade de locação de 3 marcos de apoio imediato a campo ..................................................................... 134 GEORREFERENCIAMENTO COM DRONE: O QUE CUIDAR E COMO PROCEDER? .................................................................. 135 Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018 e o uso de drones no Georreferenciamento de Imóveis Rurais .................. 137 Necessidade de Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) .............................................................................................. 137 Habilitação do profissional pela ANAC ................................... 137 Em que tipo de situação que você poderá utilizar drones? .... 137 Georreferenciamento com drone e a resolução espacial exigida pela legislação .......................................................................... 139 Necessidade de avaliação da acurácia posicional absoluta ...... 141 Necessidade do arquivamento dos dados ................................ 142 Precisão posicional dos dados obtidos por aerofotogrametria .. 143 Uso da aerofotogrametria para a determinação de vértices em limites por cerca e vértices referentes a mudanças de confrontação ............................................................................. 143 Georreferenciamento com drone – Como proceder? ................ 144 MAIS ALGUMAS DICAS SOBE O LEVANTAMENTO DE DADOS EM LOCAIS DE MATA FECHADA .............................................. 145 UTILIZAÇÃO DE RECEPTORES DO TIPO GARMIM EM PROCESSOS DE GEORREFERNEICAMENTO ......................... 146 O real uso de receptores do tipo Garmim em processo de Georreferenciamento ................................................................ 147 Estudos científicos e a acurácia dos dados obtidos com receptores do tipo Garmim ....................................................... 149 Qual o procedimento para utilizar-se receptores do tipo Garmim no georreferenciamento de imóveis rurais? .............................. 151 EFEMÉRIDES: O QUE SÃO, PARA O QUE SERVEM, COMO BAIXAR E UTILIZAR? ................................................................. 153 Efemérides transmitidas ........................................................... 153 Efemérides ultrarrápidas, previstas ........................................... 156 Efemérides ultrarrápidas, observadas ...................................... 156 Efemérides ultrarrápidas, observadas ...................................... 157 Efemérides rápidas ................................................................... 157 Efemérides finais ...................................................................... 158 O que é o picosegundo ............................................................. 159 Principais instituições que calculam e difundem os dados Efêmeros .................................................................................................... 159 International GNSS Service (IGS) .......................................... 159 Estações IGS pelo mundo ..................................................... 160 Download de dados IGS ........................................................ 161 Baixando os dados efêmeros ................................................... 161 Arquivos úteis adicionais fornecidos pelo site GNSS calendar . 162 Como utilizar os dados efêmeros ............................................. 163 ENTENDENDO O MOTIVO DA EXISTÊNCIA DOS DIFERENTES TIPOS DE RECEPTORES GNSS ............................................... 164 EXATIDÃO VERSUS ACURÁCIA ............................................... 165 QUAL A VANTAGEM DA UTILIZAÇÃO DE RECEPTORES QUE RASTREIAM OS DADOS DE MAIS DE UMA CONSTELAÇÃO? 166 ALGUMAS CARACTERISTICAS DAS DIFERENTES CONSTELAÇÕES GNSS EXISTENTES ..................................... 167 Constelação GPS ..................................................................... 167 Constelação GLONASS ........................................................... 168 Constelação GALILEO ............................................................. 169 Constelação BeiDou/COMPASS .............................................. 170 FONTES DE ERROS E O POSICIONAMENTO PELO GNSS .... 172 Erros relacionados aos satélites ............................................... 173 Erros relacionados a propagação do sinal ................................ 174 Erros relacionados ao receptor/ antena .................................... 174 Erros relacionados à estação ................................................... 174LEVANTAMENTO TOPOGRÁFICO – QUAL O MELHOR GPS? 175 QUANDO UTILIZAR O MÉTODO DGPS? ................................... 176 Entendendo o método DGPS ................................................... 177 FASE DA ONDA PORTADORA VERSUS PSEUDO-DISTÂNCIA 178 GPS GEODÉSICO NÃO RASTREIA SATÉLITES: COMO PROCEDER? .............................................................................. 180 AS 2 DIFERENTES EXTRATÉGIAS EXISTENTES DE LEVANTAMENTO DE DADOS PARA O GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS E QUANDO UTILIZAR CADA UMA DELAS! ................................................... 181 Estratégia 1 – Levantamento dos dados em 2 dias .................. 181 Estratégia 2 – Levantamento dos dados em 1 único dia ........... 182 É PRECISO FAZER O LEVANTAMENTO DOS DADOS SE TODAS AS PROPRIEDADES CONFRONTANTES ESTIVEREM GEORREFERENCIADAS?.......................................................... 186 QUAL É O LUGAR CORRETO PARA A IMPLANTAÇÃO DOS MARCOS? .................................................................................. 188 PARCELAS ENCRAVADAS. COMO PROCEDER? .................... 192 O PROBLEMA DO LEVANTAMENTO DE DADOS EM CAMINHOS E ESTRADAS .............................................................................. 193 NÃO COMETA ESTE ERRO NA COMPRA DE RECEPTORES GNSS .......................................................................................... 194 OS 5 TIPOS DE FERRAMENTAS QUE VOCÊ DEVE UTILIZAR EM PROCESSOS DE GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS ....................................................................................... 196 TOPO DE MORRO E CRISTA DE ENCOSTA – COMO PROCEDER? .............................................................................. 204 QUAL A ORDEM CORRETA DA NUMERAÇÃO DOS MARCOS? .................................................................................................... 205 SOBREPOSIÇÃO DE ÁREA COM A PROPRIEDADE CONFRONTANTE. COMO PROCEDER? ................................... 206 Jamais adultere seus dados ..................................................... 208 Denuncie os profissionais que agem de má fé ......................... 209 QUANTO TEMPO DURA UM PROCESSO DE GEORREFERENCIAMENTO ...................................................... 211 MAIS ALGUNS ERROS FREQUENTEMENTE COMETIDOS PELOS PROFISSIONAIS ............................................................ 214 PPP NA PRÁTICA ....................................................................... 221 Arquivos necessários para fazer-se o PPP ............................... 222 Órbitas utilizados no PPP ......................................................... 223 Qual órbita utilizar no PPP IBGE e quanto tempo esperar para utilizar a mesma? ..................................................................... 224 Formatos de dados aceitos pelo PPP IBGE ............................. 225 Resultado final disponibilizado pelo PPP IBGE ........................ 228 Relatório do PPP ...................................................................... 229 Qual a diferença entre o PPP e o ajustamento de dados? ........ 229 PPP versus ajustamento de dados: qual o mais confiável? ...... 230 Os erros mais cometidos pelos profissionais ao fazerem o PPP? ................................................................................................. 231 COMO GEORREFERENCIAR IMÓVEIS QUE CONFRONTAM COM RIOS PÚBLICOS E PRIVADOS? ....................................... 233 O estado da arte da legislação sobre confrontações com rios públicos e privados ................................................................... 235 O código das águas e a polêmica confrontação com rios públicos e privados ................................................................................. 236 O que o código das águas diz a respeito das confrontações com rios públicos ...................................................................... 238 Obtenção de anuências em trechos de rios .............................. 238 O QUE SÃO OS SISTEMAS SBAS ............................................. 240 Arquitetura dos sistemas de aumento baseado em satélite ...... 240 Sistemas SBAS ativos atualmente? .......................................... 242 CAPÍTULO 5 – PROCEDIMENTO JUNTO AO CARTÓRIO E SIGEF COMO PROCEDER O GEORREFERENCIAMENTO DE PROPRIEDADES COMPOSTAS POR VÁRIAS MATRÍCULAS? 244 Matrículas com áreas continuas ............................................... 244 Matrículas com áreas distintas ................................................. 246 COMO PROCEDER QUANDO A ÁREA É UM REGISTRO EM OUTRA MATRÍCULA .................................................................. 246 O QUE SIGNIFICA CNS? ........................................................... 248 QUANDO PEDIR A RETIFICAÇÃO DE UMA CERTIFICAÇÃO? . 249 DICA EXTRA SOBRE O PREENCHIMENTO DE REQUERIMENTOS .................................................................. 250 AS 2 SIMPLES SACADAS QUE IRÃO FAZER A VELOCIDADE DE SEUS PROCESSOS DE GEORREFERENCIAMENTO DECOLAR .................................................................................................... 251 Destruindo o mostro chamado “Processos que nunca são finalizados” ............................................................................... 252 Georreferenciamento de imóveis rurais – Primeira solução criada ................................................................................................. 253 Georreferenciamento de imóveis rurais – Segundo arquivo criado ................................................................................................. 254 CAPÍTULO 6 - RETIFICAÇÃO DE ÁREA NA PRÁTICA Retificação de ofício ................................................................. 257 Retificação por simples requerimento ....................................... 258 Retificação de área por procedimento sumário ......................... 259 Retificação de área por procedimento ordinário ....................... 260 Como proceder quando você não conseguir a assinatura do confrontante.............................................................................. 262 Impugnação na retificação de área ........................................... 263 CAPÍTULO 7 – PARCELAMENTO DO SOLO ONDE QUE O PARCELAMENTO DE SOLO PODE SER FEITO? .................................................................................................... 266 Quais são os órgãos envolvidos no parcelamento do solo? ..... 266 Obtenção + modelo de certidão de aprovação do desmembramento emitida pela prefeitura ................................. 268 Quando que o parcelamento de solo é proibido?...................... 269 QUAIS OS TIPOS DE PARCELAMENTO DO SOLO URBANO EXISTENTES .............................................................................. 270 CAPÍTULO 8 - LOTEAMENTO: TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER A RESPEITO O QUE É UM LOTEAMENTO IRREGULAR? .............................. 273 O que é um loteamento clandestino? ....................................... 274 Como regularizar loteamentos antigos ..................................... 275 Quais os cuidados que são necessários ao se lotear uma área? ................................................................................................. 275 Qual a legislação a respeito do assunto? ................................. 277 O que é uma planta de loteamento? ......................................... 277 O que é uma planta de lote....................................................... 279 Qual a definição de lote ............................................................ 281 Qual a diferença entre condomínio fechado e loteamento ........ 281 LOTEAMENTO DE CHÁCARAS EM ÁREA RURAL? ................. 282 Como fazer um loteamento de chácaras em área rural ............ 283 O que é uma chácara rural? .....................................................283 Como regularizar uma chácara rural? ......................................... 285 O caminho que possibilitará que você faça o loteamento de chácaras em área rural ............................................................. 286 CAPÍTULO 9 – DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS URBANOS ........................ 288 COMO FAZER O DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS URBANOS .................................................................................................... 290 Etapas do desmembramento de imóveis urbanos .................... 291 DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS ............................ 292 DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS NÃO GEORREFERENCIADOS ........................................................... 292 Desmembramento judicial ........................................................ 293 Projeto gleba legal .................................................................... 293 O problema dos imóveis flutuantes ........................................... 294 Desmembramento de imóveis rurais georreferenciados ........... 295 DESMEMBRAMENTO DE IMÓVEL GEORREFERENCIADO: É PRECISO DE UM NOVO PROCESSO DE GEORREFERENCIAMENTO? .................................................... 297 Porque é necessário desmembrar um imóvel rural? ................. 298 Desmembramento INCRA: como proceder? ............................. 299 Documentos necessários ......................................................... 299 Desmembramento de imóvel georreferenciado: não cometa este erro! .......................................................................................... 301 Preenchimento da planilha ods para o desmembramento de área georreferenciada ...................................................................... 303 Preenchimento da guia identificação ..................................... 303 Preenchimento da guia perímetro .......................................... 305 Inserção de vértices no desmembramento de imóveis georreferenciados ..................................................................... 306 Desmembramento de imóvel georreferenciado pela primeira ou pela segunda edição da lei 10.267 ........................................... 307 Planta para o desmembramento INCRA ................................... 307 Cuidado com a fração mínima de parcelamento ....................... 307 QUAL A DIFERENÇA ENTRE LOTEAMENTO, DESMEMBRAMENTO E PARCELAMENTO DO SOLO? ............ 309 Parcelamento do solo ............................................................... 309 Desmembramento .................................................................... 310 Loteamento de área .................................................................. 311 A DIFERENÇA ENTRE LOTE E GLEBA ..................................... 312 PARCELAMENTO CLANDESTINO ............................................. 313 PARCELAMENTO IRREGULAR ................................................. 313 O QUE É UMA FRAÇÃO IDEAL + 3 EXEMPLOS PRÁTICOS! ... 313 Conceito teórico de fração ideal ............................................... 314 EXEMPLO DE UTILIZAÇÃO DA FRAÇÃO IDEAL NO NOSSO DIA A DIA ........................................................................................... 315 EXEMPLO DE DIVISÃO DE ÁREA PELA ÁREA ÚTIL ................ 316 EXEMPLO DE FRACIONAMENTO DE GLEBA PELA ÁREA ÚTIL .................................................................................................... 317 EXEMPLO PRÁTICO DE DESMEMBRAMENTO DE TERRENO 319 Características da área ............................................................. 320 Procedimento para o desmembramento de terreno rural .......... 320 Hipótese 1 – O profissional de registro exige que o imóvel rural seja primeiramente desmembrado ......................................... 321 Hipótese 2 – O profissional de registro aceite que o desmembramento e o georreferenciamento sejam feitos em um único processo ......................................................................... 323 Desmembramento de terreno – Como resolver o problema do CCIR? ....................................................................................... 324 DISPONIBILIZAÇÃO DOS DADOS REFERENTES A NOVOS PONTOS ACRESCENTADOS A UM IMÓVEL ............................ 325 REMEMBRAMENTO NO SIGEF – COMO PROCEDER? ........... 326 Como fica a planilha ODS neste caso? .................................... 327 CAPÍTULO 10 - USUCAPIÃO NA PRÁTICA CCIR E GEORREFERENCIAMENTO NO USUCAPIÃO RURAL + ALGUMAS DECISÕES JUDICIAIS E SUAS INTERPRETAÇÕES! .................................................................................................... 330 CCIR no usucapião rural .......................................................... 331 Georreferenciamento no usucapião rural .................................. 332 Decisões judiciais e suas interpretações .................................. 334 VANTAGENS DA USUCAPIÃO .................................................. 336 CONCEITO E NATUREZA DA USUCAPIÃO .............................. 336 PAPÉIS DO INCRA E DO IRIB ................................................... 337 O QUE PODE SER USUCAPIDO? ............................................. 339 EXEMPLO DE SITUAÇÃO TIPICA DE USUCAPIÃO .................. 340 OS 7 DIFERENTES TIPOS DE USUCAPIÃO ............................. 341 Usucapião ordinária .................................................................. 341 Continua ................................................................................... 341 Incontestada ............................................................................. 342 Justo título ................................................................................... 342 Boa fé ....................................................................................... 343 Usucapião extraordinária .......................................................... 344 Usucapião especial urbana individual ....................................... 344 Usucapião especial urbana coletiva .......................................... 345 Usucapião familiar .................................................................... 345 Usucapião especial rural .......................................................... 346 Usucapião extrajudicial ............................................................. 347 DICAS FINAIS ............................................................................. 348 INTRODUÇÃO ‘Centenas de estudos de caso e de exemplos práticos que irão ajudar você a dominar o Georreferenciamento de Imóveis Rurais rapidamente e sem sofrimentos.’ Este poderia ser o nome deste livro, afinal ele trata disso... de como prestar serviços de Georreferenciamento de Imóveis Rurais e de Topografia Cadastral rapidamente e com segurança. E o objetivo, é claro, ajudar você a se destacar no escritório no qual trabalha ou a ter um escritório de sucesso. Para chegar neste resultado eu não me contentarei em falar apenas sobre o Georreferenciamento de Imóveis Rurais, entrando a fundo nos detalhes do mesmo e, escancarando cada detalhe da topografia cadastral através de exemplos práticos. Este é o objetivo, não é? Passar logo para a prática, prestando serviços sem cometer erros e ganhar dinheiro com a prestação dos mesmos. Sobre o livro: A proposta inicial deste livro era escrever somente sobre o georreferenciamento de imóveis rurais, porém ainda nas primeiras linhas, confesso que mudei de ideia... Decidi escrever um livro, o qual eu mesmo queria ter lido quando comecei. Um livro que tivesse me poupado centenas de horas de estudos, erros, testes e frustações. Muito mais do que escrever somente sobre georreferenciamento de imóveis rurais, eu trago centenas de dicas 18 práticas de usucapião, desmembramento, remembramento e retificação. Já meu segundo propósito foi escreverum livro do qual eu pudesse realmente me orgulhar. Algo superior a qualquer coisa que jamais li... Bem, eu sei que amaria ter lido este livro logo que entrei na área e, sei que ele é mais completo e mais útil do que qualquer coisa na qual eu jamais pus meus olhos no que se refere a Topografia Cadastral e ao Georreferenciamento de Imóveis Rurais. Porém, quem vai me dizer se devo me orgulhar ou não de minha Monalisa será você... E como você fará isso? Simples: DOMINANDO O GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS E A TOPOGRAFIA CADASTRAL, PRESTANDO SERVIÇOS E GANHANDO DINHEIRO!! (O melhor elogio que posso receber é ver você prestando serviços com segurança! Parece um bom trato, não é verdade? ) Este livro será um grande facilitador. Antes de começarmos... Se me permite uma sugestão, leia este livro na versão física porque assim você poderá sublinhar, destacar ou resumir o que achar interessante. Com isso, você vai ir para a prática, terá dúvidas e posteriormente poderá consultar este livro sanando as mesmas. 19 Aliás, este não é um livro que foi feito para ser lido... Eu escrevi o mesmo pensando na produção de um material definitivo sobre o assunto. Um “amigo de canto de mesa”, o qual você poderá questionar sempre que tiver alguma dúvida. È importante que você leia o mesmo na sequência. Porém, caso deseje, pode ler os tópicos que achar mais interessante primeiro. Outro sim, eu tive um desafio enorme para escrever o mesmo. Isso porque possuía uma grande quantidade de artigos e aulas, literalmente toneladas de conhecimento, os quais precisava de alguma maneira condensar. Por causa disso, em alguns momentos a leitura pode ficar um pouco maçante. Peço desculpas por isso. Ao longo da escrita eu precisei decidir se produzia um livro mais fluido, porém com menos conhecimentos. Ou um material mais completo. Decidi colocar uma avalanche de conhecimentos no mesmo. Isso porque estou comprometido em ajudar você a se tornar um hesdrime profissional da área. Logo, se em algum momento a leitura ficar um pouco maçante, faça uma pausa, prepare um café e dê uma respirada antes de mergulhar novamente nos estudos. CAPÍTULO 1 – DICAS GERAIS SOBRE GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS Seguem algumas dicas e conceitos importantes no que se refere a topografia cadastral e ao georreferenciamento de imóveis rurais. P.S.: este capítulo é o mais básico do livro, sendo que no mesmo eu: Retiro algumas dúvidas frequentes; Passo algumas dicas; e Relembro alguns conceitos importantes. Não tinha como eu “metralhar você ” com toneladas de conhecimentos práticos sem primeiramente abordar estas temáticas. P.S.2: ao longo do livro, por diversas vezes você verá algum comentário engraçado, normalmente acompanhado de um emoji. Os mesmos possuem como intuito tornar a leitura mais divertida, sendo que em nada diminuem o caráter técnico deste livro. O mesmo é simplesmente minha Monalisa no que se refere a topografia cadastral e ao georreferenciamento de imóveis rurais. QUEM PODE PRESTAR SERVIÇOS DE GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS O INCRA exige que o profissional tenha uma série de aptidões e de conhecimentos, sendo que para obter os mesmos você precisa 21 fazer um curso especifico que contemple os conhecimentos necessários. Naturalmente, os profissionais também precisam se registrar no sistema CONFEA/CREA e estarem em dia com suas obrigações e anuidades. Isso porque após o credenciamento, o profissional terá que emitir anotações de Responsabilidade Técnica (ART) para os serviços que prestar. Quanto as atribuições que são exigidas para o cadastro INCRA. De acordo com a PL-1221/2010 do CONFEA, os profissionais que possuem tais atribuições são: Engenheiros Agrimensores; Engenheiros Cartógrafos; Arquitetos e Urbanistas; Tecnólogos e Técnicos nestas modalidades. Caso você tenha alguma dúvida se o curso técnico ou superior que frequentou possibilita ou não a obtenção do referido cadastro junto ao INCRA... Uma rápida consulta à PL 2087/2004 irá sanar esta dúvida. Isso porque no inciso 1 a mesma informa quais são as atribuições exigidas do profissional. Segue o trecho da PL 2087/2004 que diz quais conhecimentos que são necessários para o credenciamento junto ao INCRA. “A) Topografia aplicadas ao georreferenciamento; b) Cartografia; 22 c) Sistemas de referência; d) Projeções cartográficas; e) Ajustamentos; f) Métodos e medidas de posicionamento geodésico.” Os cursos que possuem cadeiras nas quais estas temáticas são abordadas, naturalmente, possibilitam a habilitação para a prestação de serviços de georreferenciamento. A PL 2087/2004 em seus incisos 2 e 3, ainda ressalta que: “Os conteúdos formativos não precisam constituir disciplinas, podendo estar incorporadas nas ementas das disciplinas onde serão ministrados estes conhecimentos aplicados às diversas modalidades do Sistema; Compete às câmaras especializadas procederem a análise curricular.” Se você é formado em um curso que passe estes conhecimentos é só pegar a carta de atribuições junto ao CREA e encaminhar o seu cadastro junto ao INCRA. Caso você não seja formado em nenhum destes cursos, ainda assim tem como obter o cadastro junto ao INCRA. A este respeito a PL 2087/2004 informa o seguinte: “Os profissionais que não tenham cursado os conteúdos formativos descritos no inciso I poderão assumir a responsabilidade técnica dos serviços de determinação das coordenadas dos vértices definidores dos limites dos imóveis rurais para efeito do Cadastro Nacional de Imóveis Rurais – CNIR, mediante solicitação à câmara 23 especializada competente, comprovando sua experiência profissional específica na área, devidamente atestada por meio da Certidão de Acervo Técnico – CAT;” Posteriormente, a própria PL 2087/2004 traz em seu teor que para conseguir o cadastro junto ao INCRA, o profissional deve fazer um curso formativo. Tal curso deve possuir carga horária de no mínimo 360 horas, sendo que o mesmo deve contemplar as disciplinas citadas acima. Segue o referido trecho da PL: “Os cursos formativos deverão possuir carga horária mínima de 360 horas contemplando as disciplinas citadas no inciso I desta decisão, ministradas em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação.” Ou seja, na prática o profissional deve fazer um curso ou especialização em Geoprocessamento e Georreferenciamento reconhecido pelo MEC. A PL 2087/2004 informa ainda que são os profissionais formados nas seguintes áreas que podem obter o cadastro junto ao INCRA via a realização de tal curso: Engenheiro Agrimensor; Engenheiro Agrônomo; Engenheiro Cartógrafo, Engenheiro de Geodésica e Topografia, Engenheiro Geógrafo; Engenheiro Civil, Engenheiro de Fortificação e Construção; 24 Engenheiro Florestal. Engenheiro Geólogo; Engenheiro de Minas; Engenheiro de Petróleo; Arquiteto e Urbanista; Engenheiro de Operação – nas especialidades Estradas e Civil; Engenheiro Agrícola; Geólogo; Geógrafo; Técnico de Nível Superior ou Tecnólogo – da área específica; Técnico de Nível Médio em Agrimensura; Técnicos de Nível Médio em Topografia; E Outros Tecnólogos e Técnicos de Nível Médio das áreas acima explicitadas. É importante salientar que após cursar um dos cursos citados acima, você deve entrar em contato com o CREA, informando a realização do mesmo e, pedindo a expansão dos serviços que você pode prestar. O CREA, por sua vez, emitirá uma declaração de extensão das atribuições profissionais, sendo que de posse da mesma você poderá solicitar seu credenciamento junto ao INCRA. Cadastro junto ao INCRA para profissionais formados em outros cursos 25 Outro fato que devo salientar aqui é que profissionais formadosem alguns cursos não relacionados na PL-2087/2004 também podem obter a extensão de atribuições no CREA. Porém, não caia no erro de fazer um curso com este objetivo sem primeiramente consultar o CREA do estado no qual você está registrado. Entre em contato com o mesmo perguntando sobre seus direitos ou não a atribuições relacionadas ao georreferenciamento de imóveis rurais. Digo isso porque já aconteceu 2 vezes de profissionais entrarem em contato comigo em pânico. Isso porque os mesmos investiram tempo, energia e dinheiro em uma especialização e, posteriormente descobriram que não iriam conseguir a atribuição para prestar serviços de georreferenciamento. A DIFERENÇA ENTRE LEVANTAMENTO GEORREFERENCIADO E GEORREFERENCIAMENTO DE IMÓVEIS RURAIS Uma outra dúvida comum entre os profissionais que estão entrando na área de Geotecnologias é quanto a diferença entre levantamento georreferenciado e georreferenciamento de imóveis rurais. Por causa disso, decidi cobrir este assunto, solucionando de uma vez por todas esta dúvida. 26 Levantamento georreferenciado Todo levantamento realizado com a utilização de receptores GNSS, pouco importa se é com um receptor do tipo Garmim ou com um receptor do tipo L1/L2, pode ser considerado um levantamento Georreferenciado. Isso porque o ponto estará mapeado sobre determinado datum, de certa forma que, caso deseje, qualquer pessoa conseguirá posteriormente chegar até o mesmo. Georreferenciamento de imóveis rurais A diferença de um levantamento Georreferenciado para um processo de Georreferenciamento de Imóveis Rurais é que, preste atenção: “Todo levantamento realizado para processos de georreferenciamento de imóveis rurais precisa respeitar determinadas acurácias estabelecidas pela legislação vigente.” Por exemplo, 50 cm para pontos do tipo M. Perceba que se você pegar um GPS de navegação, popularmente chamados de Garmim e, fazer um levantamento de dados com o mesmo, você estará realizando um levantamento Georreferenciado. Porém, o problema é que os dados obtidos com o mesmo possuirão uma acurácia de aproximadamente 3 metros. Ou seja, não se adequam as acurácias exigidas para pontos do tipo M de um processo de georreferenciamento de imóveis rurais. 27 A mesma situação se aplica a dados obtidos a partir do Google Earth. O Google Earth nada mais é do que um conjunto de imagens de satélite que não foram ortorretificadas. Isso acrescentado ao fator resolução espacial faz com que a acurácia dos dados obtidos sobre o Google Earth não obedeça as especificações da legislação. Perceba que, haja vista a acurácia possibilitada pelos receptores do tipo Garmim, os mesmos também tem seu uso limitado no georreferenciamento de imóveis rurais. No próximo capítulo eu abordarei melhor esta temática. COMO SE CREDENCIAR JUNTO AO INCRA Para se credenciar junto ao INCRA é necessário que o profissional além de preencher adequadamente o requerimento de credenciamento, apresente a seguinte documentação: Carteira de Registro no CREA - cópia autenticada; Documento hábil fornecido pelo CREA, reconhecendo a habilitação do profissional para assumir responsabilidade técnica sobre os serviços de georreferenciamento de imóveis rurais, em atendimento a Lei 10.267/01 - original; Cartão de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) - cópia autenticada. A documentação listada acima deverá ser entregue na sala da cidadania de cada superintendência regional do INCRA ou enviada para o seguinte endereço: 28 “Comitê Nacional de Certificação e Credenciamento - INCRA Setor Bancário Norte Ed. Palácio do Desenvolvimento, 12º andar, sala 1.207 Brasília/DF - CEP 70.057-900” A relação de profissionais credenciados está disponível no site http://www.INCRA.gov.br, "Sistema Público de Registro de Terra", "Serviços", "Lista de Profissionais Credenciados". CAPÍTULO 2 – TOPOGRAFIA CADASTRAL: PRINCIPAIS LEIS E O IMPACTO DAS MESMAS NO NOSSO DIA A DIA Antes de mergulhar fundo no parcelamento do solo propriamente dito, deixe-me te guiar de maneira prazerosa pelo atual estado da arte da legislação cadastral vigente. Segue um capítulo genial, com conhecimentos que ajudarão você a entender o atual estado da arte da legislação cadastral. Tentarei fazer isso da maneira mais fluida possível. Para isso, irei amarrar a mesma ao avanço da tecnologia. Para que você entenda a evolução da legislação eu irei dividir a mesma em 3 partes. São elas: Colonização; O engatinhamento do cadastro e; Estado da arte. 30 Parte 1 – Colonização Portugal nas primeiras décadas após o “descobrimento” não queria colonizar estas terras. Isso porque era mais fácil fazer negócios com a Ásia. Na realidade o que Portugal queria era ouro e outros minerais preciosos, porém isso não foi encontrado no litoral brasileiro. Somente com o tempo descobriu-se que o pau Brasil que era abundante no litoral brasileiro podia ser utilizado para o tingimento de roupas. Foi então que foram feitas diversas incursões com o intuito de extrair-se esta riqueza. Um efeito colateral da febre do Pau Brasil foi que esta terra passou a ser observada por outros países. Com isso o Brasil (que na época se chamava Terra de Vera Cruz) teve várias invasões feitas por outros povos que também queriam extrair as riquezas aqui existentes. A ocorrência destas invasões fez com que Portugal corresse o risco de perder estas terras. Com isso em 1530 o rei de Portugal decidiu implementar o sistema de sesmarias que fez com que as terras que até então eram públicas, passassem a ser particulares. Este regime perdurou até a independência do brasil em 1822. 31 Brasil sem leis cadastrais Um fato interessante é que com a independência do Brasil e consequente queda do sistema de sesmarias o pais ficou sem legislação cadastral vigente. Neste período entre 1822 e 1850 o que funcionava era a ocupação do solo mediante a simples tomada de posse. Talvez isso soe para você como um absurdo, porém lembre-se que naquela época a grande maioria das terras aqui existentes eram ocupadas somente pelos índios. Perceba que com isso não se fazia necessária a existência de uma legislação rigorosa. Parte 2 – O engatinhamento do cadastro Passada a fase da colonização, finalmente começou-se a pensar no cadastro de terras no Brasil… Quero dizer, não foi bem assim! Existe até um fato muito hilário envolvendo a legislação cadastral nacional. Em 1843 foi instituída a lei orçamentária 317. Esta lei teve como finalidade regularizar o crédito. Isso mesmo, o Brasil teve uma lei de regularização hipotecária antes mesmo de ter uma lei que regularizasse a propriedade. Com isso a pessoa ainda não era dona, mas podia hipotecar as terras das quais era posseira. Somente em 1850 que o Brasil teve sua primeira lei considerada cadastral. Estou me referindo a lei 601 e seu regulamento nº 1.113 de 1854. 32 A novidade trazida por esta lei foi que a mesma discriminou os bens públicos dos privados. Com isso, esta lei legitimou a aquisição pela posse discriminando o que era público do que era posse. Outro fato interessante é que nesta época o que vigorava era o chamado registro do vigário. O mesmo tinha este nome porque o vigário fazia o registro no livro da paróquia. Este registro era obrigatório aqueles que possuíam terras devolutas, porém o mesmo tinha apenas um caráter estatístico. Ele não garantia a propriedade da terra. A grande vantagem deste registro é que o mesmo fixou a percepção de que o registrador deve estar na comunidade a qual está registrando os imóveis. Por isso que hoje, normalmente cada município possui um tabelionato. Além disso, nesta época a transferência da posse não era através de contrato, mas sim, pela tradição. A tradição eraa relação de direito real, enquanto o título era apenas a tradução de uma relação de direito pessoal. Este modelo de transferência de terras segue os moldes da teoria romana do “título” e do “modo de adquirir”. Com o passar do tempo esta forma de transmissão de terras começou a apresentar problemas. Isso porque tornou-se comum o vendedor exercer a posse em nome do comprador (E você achando que pessoas falcatruas são coisas somente do século 21). 33 Brincadeiras à parte, isso fez com que o crédito fosse comprometido e resultou no surgimento em 1864 de uma lei abordando o registro de terras propriamente dito. Me refiro a lei 1.237 que criou o Registro Geral. Entre os avanços trazidos pela mesma está a adoção dos 8 livros principais para e escrituração dos registros. Devo salientar que esta lei não constitui um sistema registral completo, mas apenas os primeiros passos. O maior benefício trazido pela mesma provavelmente foi quanto ao modo de transferência da propriedade que passou da tradição para a transcrição. Sim, finalmente nasceu o famoso e tanto criticado sistema de transcrições. Com a proclamação da república em 1889 a lei 1.237 foi substituída pelo decreto 169-A e seu regulamento, ambos datados de 1890. Este decreto trouxe o princípio da especialização que foi o primeiro de uma série de princípios importantíssimos. Em 1917 com a entrada em vigor do código civil de 1916 o Registro Geral passou a ser denominado registro de imóveis. Uma das grandes vantagens desta lei é que a mesma consagrou o princípio de que a propriedade se adquire pelo registro e também atraiu para si as transmissões via causa mortis. O registro civil também trouxe uma série de outros princípios importantes. São eles: 34 Princípio da Inscrição; Princípio da prioridade; Princípio de legalidade; Princípio de especialidade; Princípio de publicidade; Princípio da presunção. O problema do código civil é que o mesmo uniu a atividade registral a atividade civil. Com isso entre os anos de 1917 e 1939 a atividade registral fazia parte da atividade civil. Foi então que em 1939 fez-se necessário o surgimento do regulamento 4.857 que separou essas atividades. Na realidade, nesta época o cadastro imobiliário era impraticável, isso porque não existia nenhum método de obtenção de dados que possibilitasse tal cadastro. Isso mudou em 1948 devido ao surgimento da aerofotogrametria que somente mais tarde passou a ser utilizada para o cadastro propriamente dito. Além disso, como informei anteriormente, neste período o que predominava era o sistema de transcrições. Uma transcrição nada mais é do que um breve relato dizendo que determinada pessoa possui uma área de terras em determinado local. Por exemplo: “Uma fração de terras em nome de Dorival Santos na localidade de Vila Andrade. ” Perceba a precariedade deste tipo de documento. 35 Com o passar do tempo as transcrições começaram a trazer mais detalhes, citando os confrontantes, porém mesmo assim a descrição era muito precária. Ou melhor: Era muito precária se levarmos em consideração o atual estado da arte da topografia cadastral. Para a época esta descrição era o que de melhor existia. Perceba que estamos falando de 1950. Nesta época os equipamentos existentes para o cálculo de área eram a corrente de agrimensor e o teodolito. Somente a partir da década de 70 foi que surgiram as primeiras estações totais e posteriormente, nos anos 90 que ouve a popularização do posicionamento pelo GNSS. A legislação funcionava muito bem para a época, pois naquela época o que de melhor existia em termos de posicionamento era a bússola que possibilitava a obtenção de rumos e azimutes. Quanto ao sistema de transcrições, o mesmo trouxe muitos problemas ao longo das últimas décadas e continuará trazendo nas próximas décadas, porém como disse, não é que o mesmo fosse errado e sim que a tecnologia teve uma evolução brutal nos últimos 50 anos. Eu digo isso porque o sistema de transcrições foi utilizado até 1973. Se pegarmos uma pessoa que tinha algo no entorno de 30 anos em 1972 e que adquiriu uma área de terras via transcrição, hoje a mesma possui algo no entorno de 80 anos. 36 Perceba que existe uma grande probabilidade desta pessoa não ter vendido esta área de terras. Ou seja, o documento mais recente que se encontra da mesma ainda é uma transcrição. Como você deve imaginar isso faz com que ainda existam muitas transcrições ativas no mercado. Parte 3 – O estado da arte No dia 31 de dezembro de 1973 foi homologada a Lei 6.015, também conhecida como lei dos registros públicos. A mesma preocupou-se principalmente com o fluxo interno dos papéis nos cartórios. A principal mudança trazida por esta lei foi a união da inscrição e da transcrição em um só termo, o registro. A outra novidade trazida pela lei 7.013 foi o surgimento da matrícula e sua exigibilidade como pré-requisito para o registro. A mesma também discorreu sobre outros assuntos inerentes ao registro de imóveis. Entre eles: Retificação dos assentos; Processo de dúvida; Desmembramento; A união de imóveis contíguos; O protocolo. Existiram várias outras leis, decretos e instruções normativas entre 1964 e os dias atuais, que de alguma maneira influenciam no registro e no cadastro de imóveis. 37 Eu irei elencar as mesmas abaixo. Desta maneira, caso deseje, você possuirá um ponto de partida para estudos mais aprofundados. Leis, decretos e instruções normativas que de alguma maneira impactaram o registro e o cadastro de imóveis Lei nº 4.504/64 – Estatuto da terra. Lei nº 4.591/64 – Condomínio – Várias pessoas passam a poder ter o domínio de um bem! Artigo decreto n° 55.892/65 – Conceituou o que é um módulo rural; Lei n°4.947/66 – Fixa normas de direito agrário, dispõe sobre o sistema de organização e funcionamento do INCRA; Lei nº 5.868/72 – Instituiu o sistema nacional de cadastro rural e a fração mínima de parcelamento; Decreto n° 72.106/73 – Criou o módulo do imóvel rural; Instrução especial n° 5/73 – Fixou o tamanho do módulo rural; Lei n° 6015/73 – Dispõe sobre os registro Púbicos; Lei nº 6.766/76 – Diretrizes gerais do parcelamento do solo (conhecida como lei do parcelamento); Lei nº 6.766/79 – Parcelamento do solo urbano no registro imobiliário; Lei nº 8.935/94 – Conhecida como lei dos notários e registradores – Dispõe sobre os serviços cartoriais e de registro; Lei 9.393/96 – Dispõe sobre o ITR – Pagamento das dívidas por títulos de dívida agrária; 38 Lei nº 10.257/2001 – Estatuto da cidade; Lei 10.267/ 01 – Serve de instrumento de registro público e de instrumento de cadastro; Decreto nº 4.449/2002 – Regulamentou a lei 10.267 resolvendo muitas questões atinentes a sua implementação; Instrução normativa 256/02 – Dispõe sobre normas de tributação relativas ao ITR; Lei n° 10.931/2004 – Faz uma série de alterações na legislação vigente; Provimento nº 07/2005-CGJ – Projeto gleba legal; Decreto n° 5.570/2005 – Alterou o decreto 4.449/2002; Lei n° 11.977/2009 – Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas; Lei n° 12.651/2012 – Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. A mesma é conhecida como Novo Código Florestal; Instrução normativa 1467/2014 – Dispõe sobre o cadastro de imóveis rurais (CEFIR); Instrução normativa 82/2015 – Procedimentos para a atualização cadastral no SNCR; LEI Nº 13.105 MARÇO/2015 – Novo código do processo civil - Regula um procedimento administrativo extrajudicial para o usucapião de bens imóveis; Lei n° 13.465/2017 – Faz modificações no procedimento da alienação fiduciária de bens imóveis; 39 Instrução normativa conjunta RFB/INCRA 1581 – Estabelece prazos e procedimentospara a atualização do SNCRn e do Cafir (Integração/estruturação do CNIR). Norma de Execução 02, de 19 de fevereiro de 2018 - Aborda o uso de drones em processos de Georreferenciamento de Imóveis Rurais. Bom são basicamente estas as principais leis e instruções normativas no que se refere a Topografia Cadastral. Esta lista serve como um ponto de partida para você se aprofundar no estudo destas leis. Uma vez dito isso, vamos conhecer melhor a lei do georreferenciamento de Imóveis rurais. LEI 10.267 – O FUTURO DA TOPOGRAFIA CADASTRAL A lei 10.267/2001 não trouxe nenhuma modificação no âmbito jurídico, o que ela fez foi modificar as leis n° 4947/66, 5.868/72, 6.015/73, 6.739/79 e 9.393/96. A mesma implementou o sistema cadastral nacional que tinha sido criado pela lei 5.858/72. As principais vantagens trazidas pela implementação deste sistema são: A garantia da propriedade, uma vez que antes da implantação da mesma era possível a grilagem de terras; 40 A implementação de um sistema cadastral moderno acessível a consulta de qualquer pessoa. A implementação da lei 10.267 está tendo grande hesito, pois, a mesma aprendeu muito com outros sistemas cujas implementação foi catastrófico. Como exemplos temos os cadastros técnicos urbanos de São Paulo e de Curitiba. Um dos piores erros cometidos por estes cadastros refere-se a mão de obra contratada para o levantamento de dados. Os mesmos não se preocuparam em utilizar mão de obra capacitada e tiveram dados errados cadastrados em suas bases. Este erro juntamente com outros como, por exemplo, a grande quantidade de lotes que precisavam ser cadastrados em São Paulo inviabilizou a implementação destes cadastros. A lei 10.267 está tendo hesito justamente porque definiu que apenas profissionais com capacitação comprovada podem realizar serviços de Georreferenciamento de Imóveis Rurais. Isso foi reforçado a partir do momento que a responsabilidade pelos dados passou a ser toda do profissional. Muitos profissionais ficaram apavorados com isso, porém sob a ótica do sistema cadastral nacional isso é ótimo, pois um sistema como este para ser bem-sucedido deve acima de tudo garantir a qualidade de seus dados. Lembre-se que o mesmo aborda o direito de propriedade, que é um dos maiores direitos existentes, ou seja, a qualidade dos dados precisa ser garantida. 41 Perceba também a importância do trabalho do agrimensor, pois é você que mesmo diante das condições climáticas e topográficas mais adversas chega aonde nem sequer o dono propriedade consegue ir para obter os dados necessários. Perceba também que todo agrimensor tem um direito/dever quanto aos dados que obtém, uma vez que a qualidade do trabalho do agrimensor é um grande diferencial na implementação deste sistema que está revolucionando o cadastro de imóveis no Brasil. A grande vantagem da implementação da lei 10.267 virá a partir das próximas décadas, quando a grande maioria dos imóveis rurais estiverem Georreferenciados. Naturalmente, conforme abordei no capítulo anterior, existe todo tipo de profissional no mercado, inclusive muitos profissionais que mesmo tendo obtido o cadastro junto ao INCRA, não estão obedecendo a legislação pertinente. Ao fazerem isso os mesmos estão cavando a própria sepultura. Isso porque conforme os imóveis confrontantes forem georreferenciados, os erros aparecerão e estes profissionais terão sérios problemas. Eu digo isso porque segundo a legislação o profissional que cometer algum erro no levantamento dos dados ficará com todos os custos da retificação destes dados. Imagine o tamanho do transtorno obtido pelos profissionais que ainda não entenderam o tamanho da responsabilidade que está em seus ombros ou que em uma busca inconsequente por ganhar dinheiro estão utilizando procedimentos inadequados. 42 Perceba que chegará um momento no qual os mesmos simplesmente se depararão com o problema de o INCRA exigir que todos ou praticamente todos os Geo. feitos por eles sejam retificados. Imagine como ficará a imagem destes profissionais junto aos clientes. Isso sem falar de todo o dinheiro e tempo que eles gastarão tendo que refazer os serviços. Ressalto que estamos falando do direito à propriedade e da implantação do sistema cadastral rural nacional. Isso exige responsabilidade e ética acima de tudo. O seu serviço como agrimensor é de grande importância, pois é ele que vai garantir a implantação deste sistema, garantindo o direito à propriedade. Devemos agir de maneira ética, prestando serviços de altíssima qualidade. 10 PRINCÍPIOS REGISTRAIS E SEUS IMPACTOS NO NOSSO DIA A DIA! Ao prestarmos serviços, principalmente de georreferenciamento, precisamos produzir uma grande quantidade de plantas, mapas, memoriais descritivos e outras peças técnicas diversas. Porém você já parou para pensar porquê da necessidade da produção destas peças técnicas? 43 Ou ainda, porque nós, como profissionais de Topografia Cadastral, procedemos como procedemos junto ao registro de imóveis? A resposta é simples: porque existem leis que dizem que devemos proceder desta maneira, sendo que as mesmas se baseiam em uma série de princípios registrais. Desta maneira, ao entendermos estes princípios registrais, conseguiremos entender mais facilmente como proceder no nosso dia a dia. Além disso, muitas vezes o agrimensor é o primeiro profissional procurado pelo proprietário do imóvel rural, sendo que ao conhecer estes princípios você conseguirá instruir melhor seus clientes. Ao fazer isso você mostrará que é uma autoridade no assunto, conquistando-o e fazendo-o contratar seus serviços. Por causa disso, eu decidi abordar esta temática, trazendo os 10 princípios do direito notarial registral que mais influenciam no nosso dia a dia. No caso, os mesmos foram adaptados do livro “Georreferenciamento de imóvel rural – Doutrina e Prática no Registro de imóveis”, de autoria de Francis Perondi Folle, sendo adaptados e recheados com alguns exemplos práticos. Princípio da unitariedade da matrícula O Princípio da unitariedade da matrícula está disposto nos artigos 176, incisos 1°, I e 228 da lei n° 6.015/73. 44 Ele traz a obrigatoriedade legal de cada matrícula envolver um único imóvel e de cada imóvel ter uma única matrícula. Se você parar para analisar perceberá que o impacto deste princípio no nosso dia a dia é tremendo. Isso porque a partir do momento que temos ciência do mesmo, entendemos que não tem como uma matrícula possuir mais de um imóvel rural. Da mesma maneira, é impossível uma propriedade imobiliária ter mais de uma matrícula. Princípio da legalidade Este princípio decorre do fato de que não existe direito real por acordo entre as partes. Ou seja, somente é direito real aquilo que assim se encontra qualificado em lei. O impacto deste princípio no nosso dia a dia é que o mesmo limita os títulos registráveis, permitindo apenas o ingresso no registro de imóveis de títulos expressamente indicados em lei. Ou seja, não tem como áreas de posse ingressarem no registro. Da mesma maneira, não tem como alguém chegar com um simples contrato de gaveta e requerer o registro de determinada área de terras em seu nome. 45 Princípio da prioridade Este princípio aborda o fato temporal dos títulos levados a registro. Isso porque no âmbito do registro de imóveis os direitos reais sobre determinado imóvel são classificados através da ordem cronológica dos registros. Desta maneira a propriedade será da pessoa constante no último registro de uma matrícula. È por isso que diversos locais pedem uma certidão atualizada da matrícula. Para você entender melhor o assunto irei trazer um exemplo prático. O seu João dirigir-se até uma instituição financeira e solicita um financiamentodando como garantia uma área de terras de 50 ha. Porém, para isso o mesmo utiliza uma matrícula antiga. Isso porque seu João vendeu esta área de terras para o senhor Pedro. Caso o profissional do banco não peça uma certidão atualizada da matrícula, concederá o financiamento ao senhor João utilizando de garantia uma propriedade que já não existe mais. Perceba que é por este motivo que diferentes profissionais solicitam uma certidão atualizada da matrícula. Princípio da instância Este princípio tem por intuito garantir que o ato de registro mantenha-se intacto. 46 De certa maneira que o registro somente será alterado por solicitação de alteração ou aperfeiçoamento do proprietário ou do poder jurídico. O registrador não pode agir de ofício em situações que envolvam alterações que ponham em risco o direito à propriedade do proprietário e de seus confrontantes. Este princípio tem forte impacto no nosso dia a dia, pois não existe como outra pessoa a não ser o proprietário pedir qualquer alteração no registro de sua propriedade. Princípio da publicidade Este princípio considera que o registro torna público o conhecimento do ato registral. Portanto, uma vez que um imóvel tenha sido levado a registro, ninguém poderá alegar ignorância do fato. Princípio da eficácia Este princípio diz respeito aos efeitos produzidos pelo título. Este somente está apto a produzi-los após a data do respectivo registro, caracterizando-se até então como simples direito obrigacional. Princípio da disponibilidade É um princípio implícito, que decorre da regra de que a ninguém é licito dispor de mais direitos do que possui. 47 Desta maneira, sempre que um imóvel for alienado ou onerado, a pessoa que está fazendo isso terá que provar que aquele imóvel é de sua propriedade e que caso o seja, que ainda não foi alienado. Perceba que a única maneira de provar isso é através da apresentação de uma certidão atualizada da matrícula. Este princípio também tem um grande impacto, pois posseiros não conseguem, por exemplo, obter crédito agrícola e desta forma obter capital de giro para o financiamento de sua produção. Perceba que com isso os posseiros não conseguem assegurar a produção, o que faz com que corram o risco de ter prejuízo caso ocorram eventos climáticos adversos. Por isso que regularizar áreas de posse traz grandes vantagens para o posseiro. Quando um possível cliente for conversar com você com intuito de tirar alguma dúvida a este respeito, mostre para o mesmo a importância da regularização. Que o mesmo conseguirá financiar e assegurar sua produção agrícola. Princípio da especialidade Este princípio impõe que os atos de registro sejam individualizados quanto ao objeto e aos sujeitos que tenham direito em relação a ele. O mesmo é muito importante para a segurança jurídica, pois não pode haver dúvidas de onde uma propriedade imobiliária termina e outra começa. 48 O Georreferenciamento dos imóveis rurais é uma das melhores maneiras de garantir-se este princípio. Isso porque os imóveis tem sua localização definida de maneira absoluta, tendo como base o sistema de referência oficial, que no caso do Brasil é o SIRGAS 2000, época 4. Princípio da continuidade Este princípio exige uma sequência lógica e ininterrupta entre os atos praticados na serventia imobiliária e seus objetos. Desta forma, para que possa ser feita a transmissão de um imóvel, deve haver perfeita sequência entre antecessor e sucessor e perfeita coincidência entre a descrição constante do registro e a constante do título. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA URBANA – LEI Nº 13/465/2017 No que se refere a legislação a respeito da regularização fundiária urbana, existem 3 leis principais. São elas: Lei 6.766/79 (lei do parcelamento do solo); Lei 11.977/2009 (Lei do programa minha casa, minha vida) e; Lei 13.465/2017 (lei da regularização fundiária rural e urbana). Vamos analisar os principais impactos provocados por estas leis na regularização fundiária urbana e qual o estado da arte da mesma. 49 Impactos da lei do parcelamento do solo na regularização fundiária urbana A lei 6.766/79 é a lei que rege o parcelamento do solo urbano e rural, traz as as disposições a respeito do mesmo. No que se refere ao parcelamento do solo urbano, a mesma em seu artigo 2º, informa que: “O parcelamento do solo urbano poderá ser feito mediante loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e as das legislações estaduais e municipais pertinentes. § 1o Considera-se loteamento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com abertura de novas vias de circulação, de logradouros públicos ou prolongamento, modificação ou ampliação das vias existentes. § 2o Considera-se desmembramento a subdivisão de gleba em lotes destinados a edificação, com aproveitamento do sistema viário existente, desde que não implique na abertura de novas vias e logradouros públicos, nem no prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes. § 4o Considera-se lote o terreno servido de infra-estrutura básica cujas dimensões atendam aos índices urbanísticos definidos pelo plano diretor ou lei municipal para a zona em que se situe.” Ou seja, a lei 6.766/79 definiu os 2 diferentes tipos possíveis de parcelamento do solo urbano (desmembramento e loteamento), defindindo também as condições nas quais tais parcelamentos podem serem feitos. 50 A lei do parcelamento do solo também definiu o conceito de lote, definindo que a prefeitura, através plano diretor ou de lei municipal deve definir as dimensões dos lotes. Ou seja, todo parcelamento do solo deve obedecer a lei municipal a respeito do tema. Lei do programa minha casa, minha vida na regularização fundiária urbana Com o passar das décadas após a criação da lei do parcelamento do solo, o parcelamento do solo urbano se viu com o grande acumulo de lotes e apartamentos em situação clandestina ou irregular. Este é um problema que está presente em todas as classes sociais do pais. Temos imóveis em situação irregular em favelas e também em condomínios de luxo. Isso quando não é o condomínio, como um todo, que está em situação irregular ou clandestina. Para você ter uma ideia, dados do ministério do desenvolvimento regional mostram que atualmente cerca de 50% dos mesmos encontram-se em situação irregular. Ou seja, atualmente temos algo no entorno de 30.000.000 de imóveis em situação irregular. Isso fez com que, com o tempo, surgissem enormes esforços na busca pela regularização dos imóveis que se encontram em situação irregular. 51 Como consequência, no ano de 2009 foi aprovada a lei 11.977/2009 (posteriormente alterada pela lei 12.424/2011). Lei esta que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e sobre a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas. Entre outras coisas, a lei 11.977/2009 definiu em âmbito nacional as ZEIS (Zonas Especificas de Interesse Social). Na realidade, as ZEIS surgiram inicialmente em Recife, no Pernambuco, na década de 80, sendo adotadas durante a década de 90 em Diadema, São Paulo e, em 2001, foram incorporadas ao Estatuto da Cidade, lei nº 10.257/2001. Segundo a Prefeitura da Cidade do Recife, as ZEIS possuem a seguinte definição: “Art. 17 – As Zonas Especiais de Interesse Social – ZEIS – são áreas de assentamentos habitacionais de população de baixa renda, surgidos espontaneamente, existentes, consolidados ou propostos pelo Poder Público, onde haja possibilidade de urbanização e regularização fundiária. ” Impactos da lei da regularização fundiária e urbana no parcelamento do solo urbano Em 2017 foi aprovada a lei 13.465/2017 (lei da regularização fundiária rural e urbana), a qual criou a regularização fundiáriaurbana. A lei 13.465/2017 aborda a regularização de Lotes informais (irregulares – Antigamente chamados de clandestinos), promovendo 52 o direito social à moradia, a redução de desigualdades, a defesa do meio ambiente e, a função social da propriedade e da cidade. Em seu artigo 18º, a mesma trouxe a seguinte definição para as ZEIS: “§ 1o …considera-se ZEIS a parcela de área urbana instituída pelo plano diretor ou definida por outra lei municipal, destinada preponderantemente à população de baixa renda e sujeita a regras específicas de parcelamento, uso e ocupação do solo. ” A Regularização Fundiária Urbana (Reurb) aborda as mais variadas situações: Apartamentos; Loteamentos; Condomínios. Passando a chamar os mesmos de núcleos irregulares. A mesma possibilita a regularização de imóveis que estejam em localização rural ou urbana. Se for um núcleo está valendo! Como exemplos temos: Lotes que não possuíam recuo do córrego em época na qual não havia legislação a respeito (anterior a criação da lei 6.766/79); Núcleos rurais; Loteamentos irregulares. Os 3 tipos de regularização fundiária urbana existentes A regularização fundiária urbana se divide em 3 tipos: 53 Regularização Fundiária de Interesse Social (Reurb – S); Regularização Fundiária de Interesse Específico (Reurb- E) e; Regularização Fundiária Inominada (Reurb–I). Vamos conhecer melhor cada um destes diferentes tipos de regularização fundiária urbana. Regularização Fundiária de Interesse Social (Reurb – S) Regularização fundiária aplicável aos núcleos urbanos informais ocupados predominantemente (50 % + 1), por população de baixa renda, assim declarados em ato do Poder Executivo Municipal. As pessoas cujos lotes pertencem a esta categoria de regularização fundiária não pagam requerimento, taxas (IPTU, registro no cartório) e o lote é regularizado sem nenhum custo. Regularização Fundiária de Interesse Específico (Reurb- E) Regularização fundiária aplicável aos núcleos urbanos informais ocupados por população não qualificada na hipótese anterior. Pessoas que se enquadram nesta categoria de Reurb, pagam tudo: Requerimento; Taxas (IPTU, registro no cartório) e; Os custos de regularização do lote. 54 Por causa disso, é aconselhável que você sempre solicite REURB – S. A prefeitura analisara e definirá em qual tipo de Reurb o imóvel se enquadra. Regularização Fundiária Inominada (Reurb–I) Regularização fundiária aplicável aos núcleos urbanos informais consolidados em data anterior à Lei do Parcelamento do Solo Urbano – Lei 6.766/1979. Este tipo de Reurb é bem mais raro do que os outros 2. A lei do parcelamento do solo, em seu inciso quinto informa que: “A infra-estrutura básica dos parcelamentos é constituída pelos equipamentos urbanos de escoamento das águas pluviais, iluminação pública, esgotamento sanitário, abastecimento de água potável, energia elétrica pública e domiciliar e vias de circulação.” USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL – UMA MANEIRA RÁPIDA E EFICAZ DE REGULARIZAR A PROPRIEDADE IMOBILIÁRIA O novo Código de Processo Civil (Lei 13.105/15), em seu artigo 1.071, regula um procedimento administrativo extrajudicial para a usucapião de bens imóveis. Esta norma criou a possibilidade do reconhecimento da usucapião de maneira extrajudicial. Porém, este procedimento é opcional. Sendo que, caso deseje, o usucapiente poderá optar pela via judicial. 55 Legislação a respeito da usucapião extrajudicial Conforme informei anteriormente, foi o novo código civil (Lei 13.105/15), em seu artigo 1.071, que regulou a usucapião extrajudicial. Lembrando que o mesmo não criou a mesma. Isso porque o artigo 60 da Lei 11.979/09 (Lei do Programa Minha Casa, Minha Vida) já havia criado o usucapião administrativo, prevendo uma figura similar para detentores de título de legitimação de posse. O que há de novo, contudo, é a generalização do procedimento a qualquer suporte fático de usucapião em que haja consenso. Agora que você entendeu o que é a usucapião extrajudicial e as 2 principais leis inerentes a mesma, vamos entender exatamente quais que são as etapas de um processo de usucapião extrajudicial. Antes disso, preciso esclarecer o significado de alguns termos técnicos. São eles: Petição: se refere a um pedido feito a uma autoridade. Ou seja, sempre que você ler ou ouvir esta palavra, petição, significa que um pedido está sendo feito a uma autoridade. Litígio: é uma contestação ao pedido de usucapião. Usucapiente: pessoa que está solicitando a usucapião. Etapas de um processo de usucapião extrajudicial A primeira etapa de um processo de usucapião extrajudicial consiste 56 em o interessado, juntamente com seu advogado juntarem todo o documental que comprove a posse prolongada do imóvel. Aliás, esta é uma informação importante porque na usucapião, pouco importa se a mesma é judicial ou extrajudicial, o usucapiente deve obrigatoriamente ser assistido por um advogado. Isso é necessário porque esta é uma exigência legal. A segunda etapa consiste em o usucapiente acompanhado do advogado fazer a petição junto ao profissional de registro de imóveis. Este por sua vez, irá conduzir o procedimento administrativo que levará ao registro da usucapião. Para que o usucapiente consiga fazer a usucapião da posse, além de um tempo mínimo de posse, é necessário que não haja litígio. Quais são os requisitos que o usucapiente deve obedecer? 1. Posse com intenção de dono (animus domini): Ou seja, é fundamental que a posse do imóvel usucapiendo não seja decorrente de atos de mera tolerância. Atos como, por exemplo, oriundos de contratos de locação, comodato e depósito. Ou seja, o posseiro precisa demonstrar o interesse em se tornar dono do imóvel. 2. Posse mansa e pacífica: é essencial que não haja nenhuma contestação do proprietário legítimo registrado no Cartório de Registro de Imóveis da área usucapienda. Se houver contestação da posse a qualquer tempo pelo proprietário legítimo, fica descaracterizada a usucapião extrajudicial. 57 3. Posse contínua e duradoura: cada modalidade de usucapião estabelece um prazo mínimo de posse para aquisição do direito à propriedade via usucapião. No caso da usucapião extrajudicial, é necessário no mínimo 10 anos de posse. Caso o posseiro esteja dando uma função social para a posse, este período se reduz para 5 anos. Outro detalhe importante é que essa posse não precisa ser necessariamente da mesma pessoa. Por exemplo, se a dona Maria teve a posse por 6 anos e, posteriormente, o senhor Augusto teve a posse por mais 5 anos. O mesmo poderá entrar com um processo de usucapião extrajudicial. O que não pode acontecer é de a posse não ser continua. Por exemplo, dona Maria teve 4 anos de posse de uma área de terras e, passados 5 anos, a mesma teve mais 6 anos de posse da mesma área de terras. 4. Posse de boa fé e com justo título: ou seja, a fração de terras não pode ter sido invadida por uma pessoa que teve como intuito de se adonar de uma fração de terras de terceiros. Documentos necessários para dar entrada no pedido de reconhecimento da usucapião extrajudicial? 1 -Ata notarial lavrada pelo tabelião, atestando o tempo de posse do requerente e seus antecessores. 58 A mesma pode ser lavrada por qualquer tabelião de notas, ficando de livre escolha ao usucapiente o tabelião que lavrará a ata notarial. Isso está previsto no art. 8º da Lei. 8.935/94. Além disso, somente o tabelião da circunscrição onde se localiza o imóvel poderá realizar diligência. Ou seja, se o imóvel está no município X, não tem como a pessoa querer emitir a ata notarial no município Y. Isso está previsto no art. 9º da Lei. 8.935/94. 2. Planta e memorial descritivo. Os mesmos devem estar assinados:
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