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Curso: LGPD Serpro 
Podcast LGPD Serpro - episódio 4 
Tema: Consentimento x Consenso / Interesse Legítimo 
Convidado: Ulysses Machado 
 
Márcio Lopes:​ Ulysses, algumas dessas hipóteses de tratamento podem trazer dúvidas. 
Então fale mais sobre a diferença entre consenso e consentimento e qual a importância do 
consenso para viabilidade dos contratos e do comércio, por exemplo. 
 
Ulysses Machado: ​Um consentimento é uma atitude inequívoca em relação à determinada 
realidade, emitida unilateralmente por parte de quem detém o direito a uma determinada 
informação, quando nós estamos falando de LGPD, naturalmente. Há consentimento de 
toda ordem no mundo dos negócios, no mundo dos contatos. Já o consenso é a anuência 
em formato bilateral a respeito de um dado objeto, de ajuste entre as partes. Então, se você 
tem um contrato com alguém, você vai ter ali um conjunto de detalhamentos daquele ajuste. 
Todos devem saber que a execução de um contrato é uma das hipóteses de tratamento de 
dados pessoais em termos de LGPD. Estão no contrato, as obrigações entre as partes, os 
direitos de uma em face da outra, os detalhes sobre a execução, as penalidades 
decorrentes do descumprimento de determinadas obrigações, o tempo de duração, o modo 
como os dados vão ser tratados, todo esse conjunto de ajustes compõem o contrato. E o 
consenso é um desses elementos, porque o contrato não persiste se não houver uma 
vontade de parte a parte, formalizando aquele determinado ajuste. Essa é a diferença 
básica entre consenso e consentimento. 
 
Márcio Lopes: ​E a hipótese para atender o interesse legítimo do controlador ou de 
terceiros. Fale um pouco sobre ela. 
 
Ulysses Machado: ​Olha, o legítimo interesse é a mais fluida e controvertida das bases 
legais de tratamento. Para quem quiser compreender bem todas as nuances dessa base 
legal eu recomendo a obra dos professores Ricardo Oliveira e Márcio Cots - ainda não 
lançado, mas em breve nas livrarias - que se chama “Legítimo Interesse e a LGPD P”. 
Legítimo interesse é a base legal utilizável para aqueles casos em que ao menos um 
interesse legítimo esteja em evidência: o do agente de tratamento, o do titular ou de um 
terceiro. Legitimidade é uma palavra menos subjetiva do que parece. Muita gente entende 
que essa é a dificuldade da base legal. Não, a legitimidade não é difícil de compreender: 
sempre que um agente de tratamento pensar em sustentar a coleta dos dados que vai tratar 
- em nome do seu legítimo interesse - terá que verificar, acima de tudo, se esse legítimo 
interesse abriga, de alguma forma, a legítima expectativa do titular do outro lado. Por 
exemplo, eu presto serviço de help desk e para prestar esse serviço preciso saber, 
digamos: nome, CPF, a cidade de residência do titular. São elementos necessários à 
prestação dos serviços. Olhando pelo lado do titular, é razoável imaginar que a sua legítima 
expectativa comporte essa necessidade. Mas se eu peço, além disso, renda, prole, padrão 
de consumo, endereço físico, não é razoável pensar que isso atenda ao 
 
 
legítimo interesse. Parece mais, nesse caso, que nós temos aí uma outra finalidade 
obscura, desvalorizando então, o princípio da adequação, que é um princípio importante na 
LGPD. 
 
Márcio Lopes:​ Esse é Ulysses Machado, especialista em LGPD no Serpro. Obrigado e até 
o próximo podcast!

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