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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 1 FUVEST Exasiu Prof. Fernando Andrade Aula 00 - Fundamentos Introdução ao curso; Modelo de propostas; Redação expositiva versus redação opinativa; Uso de paráfrase; Propostas . estretegiavestibulares.com.br vestibulares.estrategia.com EXTENSIVO 2024 Exasi u ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 2 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 4 Metodologia 5 Quem sou eu? 6 Escrevendo à mão 6 Desafio inicial 7 Escrevendo à mão 9 Plano de Aulas 9 Como usar esse material 11 1. TEMA E ATITUDE 13 1.1 Tema deste pdf: subjetividade 14 1.2 Secção Atitude inicial 15 2. MODELO FUVEST 17 2.1 Formato da Proposta 17 2.2 Critérios de Correção: os 3 Eixos 20 2.3 Diferença entre a redação da FUVEST e a do ENEM 20 3. O GÊNERO “DISSERTAÇÃO ESCOLAR” 21 3.1. Exercícios sobre Estrutura Dissertativa 23 4. TEXTO EXPOSITIVO OU ARGUMENTATIVO? 31 4.1 Exposição 31 4.2 Texto opinativo ou dissertativo 34 4.3 Dissertação Expositiva versus Dissertação Opinativa 35 4.4 Exercício: texto expositivo e texto opinativo 36 5. RELEMBRANDO: A ESTRUTURA DISSERTATIVA 43 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 3 5.1 Estrutura 43 5.2 Exemplo de desenvolvimento argumentativo 44 5.3 Título 46 6. PRIMEIRO RECURSO DE DESENVOLVIMENTO: PARÁFRASE 48 6.1 Paráfrase linguística 49 6.2 Paráfrase discursiva 50 6.3 Apropriação parafrásica 51 6.4 Dois tipos de apropriação parafrásica 53 6.4. 1 Exercícios 55 6.5 Paráfrase e progressão textual 57 7. SECÇÃO: EXERCITANDO A REFLEXÃO PARA UMA BOA ESCRITA 58 8. LINGUAGEM 59 9. ORGANIZAÇÃO E MOTIVAÇÃO PESSOAL 60 9.1 O hábito de escrever semanalmente 61 9.2 O tempo 62 9.3 Envio e correção da redação 63 10. PROPOSTAS DE ATIVIDADES 63 Proposta 1 : Resumo 64 Proposta 2: Artigo de opinião 65 Proposta 3: Texto de paráfrase pura – exercício 65 Proposta 4: Dissertação UNESP (2012) 69 Proposta 5: Fuvest 72 10.1. Possibilidades de Encaminhamento das Propostas 73 Proposta 1 73 Proposta 2 76 Proposta 3 79 Proposta 4 79 Proposta 5 82 11. VERSÕES DE AULAS 86 12. CONSIDERAÇÕES FINAIS 86 ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 4 Apresentação Ilustre Vestibulando(a) , Seja bem-vindo! Saudações a você que vai encarar a disputa de uma vaga na FUVEST. A nossa tarefa é fornecer a você em um curto espaço de tempo o que você precisa para que seu esforço seja eficaz. A finalidade do curso extensivo é oferecer a você um material preciso com as informações mais relevantes e que farão você passar no vestibular. Em redação, isso significa que deveremos: ➢ Revisar a estrutura dissertativa; ➢ Aprimorar sua habilidade de argumentação; ➢ Motivar o treino da escrita; e ➢ Oferecer propostas com o estilo da FUVEST. O esforço vale a pena, a redação equivale a 14% da pontuação geral! Ou seja, de que adianta estudar feito um condenado para a primeira fase se você se descuidar da segunda? Então, não marque bobeira. Então, vamos encarar juntos? O desafio é grande, o manual do candidato registra a seguinte informação: A redação deverá ser, obrigatoriamente, uma dissertação de caráter argumentativo, escrita em língua portuguesa, na qual se espera que o candidato, visando a sustentar um ponto de vista sobre o tema, demonstre capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; articular eficientemente as partes do texto e expressar- se de modo claro, correto e adequado. Então você já sacou que não se trata de um curso comum. Nosso curso funciona da seguinte maneira: ➢ Você terá acesso a temas para praticar muito! ➢ As aulas de redação incluem dois momentos: discussão teórica de um elemento textual (introdução, argumento, conclusão, coesão e coerência etc.); e prática de redação. ➢ Quando terminar sua redação, envie-nos para que seja feita a correção, isso é possível na área do aluno. ➢ Escaneie e envie sua redação pela plataforma, em “minhas redações”. ➢ Procure enviar pelo menos um texto por semana. Isso é muito importante! ➢ Utilize também o Fórum, ferramenta disponível na área do aluno, para conversar conosco e tirar as dúvidas em relação à correção. ➢ Siga-me no Instagram, lá vou postar algumas dicas de redação de e de filosofia. Lembre-se: a leitura pura e simples do material não levará você a, magicamente, produzir textos nota dez. A partir das orientações do material e das aulas virtuais, do treino constante de propostas sugeridas em cada aula e do uso do fórum de dúvidas, você irá gradualmente melhorar a expressão escrita no ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 5 gênero dissertativo. Em Redação, a preparação é bastante individualizada e a trajetória do aprendizado é decidida por você a partir daquilo que for sendo indicado pelo corretor. Metodologia As aulas contarão com os seguintes recursos. Parte teórica e orientações sobre desenvolvimento textual Videoaula Propostas de redação Análise de propostas anteriores Análise comentada de boas redações METODOLOGIA Parte técnica de como escrever redações como sugestões e dicas Exercícios de produção parcial no interior da parte técnica Propostas de Redação Produção do texto Correção e devolução com comentário Refacção ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 6 Quem sou eu? Prazer! Meu nome é Fernando Andrade. A minha formação acadêmica inclui duas graduações e uma pós-graduação. Sou Bacharel em Letras Português/Alemão e Bacharel e licenciado em Filosofia, ambos títulos obtidos na Universidade de São Paulo (USP). Além disso, sou pós- graduado em Teoria Literária pela mesma instituição. Até a minha imersão no Estratégia Vestibulares, fui Professor de Literatura em um Centro Universitário aqui em São Paulo, de Filosofia em um importante colégio de cidade e Professor de Redação de um cursinho tradicional. Tenho mais de 20 anos dedicados ao magistério; desses, 15 anos passei no tablado de algum curso pré-vestibular, ora como professor de Redação, ora como professor de Literatura. Tenho um grande prazer em exercer a profissão que escolhi e, em especial, curto produzir textos. Escrevi minha dissertação de mestrado, a parte de redação do Manual Luft Globo e materiais diversos para os cursinhos em que trabalhei. Resumindo, gosto de escrever, estudar e ensinar. Conte comigo nesse projeto. A minha formação, a dos meus companheiros de equipe e a minha trajetória servem como base para que eu possa selecionar o que é mais relevante para você nessa empreitada. Seu esforço será recompensado. Claro que você terá que fazer sacrifícios. Sei muito bem o que é estudar várias horas por dia, esquecer que finais de semana são para descanso, riscar do caderno a palavra “balada”, ficar sem saber do último lançamento cinematográfico. Mas vale a pena. P.S.: eu uso pochete.... Escrevendo à mão Um dado importante a considerar quando for escrever sua redação é: ela é manuscrita. Isto nem sempre é fácil já que estamos acostumados a escrever textos maiores pelo computador ou celular. Principalmente em se tratando de produções extensas, como artigos ou análises, é preciso tomar alguns cuidados para que suas ideias sejam apresentadas de modo compreensível. Imagine perder pontos porque não entenderam sua letra? Aqui vão algumas dicas: Fi gu ra :P ix ab ay Fo n te : P ix ab ay ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 7 ➢ Pratique! Retome o hábito da escrita manual, principalmente no formato pedido na redação: folha sulfite e caneta esferográfica. Assim, você acostuma sua mão ao gesto da escrita. ➢ Mostre sua letra para os outros. Para nós, que já estamos habituados à nossa letra,tudo parece compreensível. Isso não significa que o corretor da sua redação vai achar a mesma coisa. Por isso, pratique sua caligrafia, treine a escrita e, quando possível, mostre para alguém. Assim você vai saber se há algo na sua escrita que precisa ser melhorado. Na FUVEST não há nota para caligrafia, mas uma letra ilegível prejudica a leitura ou predispõe o corretor a não se concentrar nos argumentos. Desafio inicial Que tal fazer a primeira redação a "Deus dará", sem pesquisar, sem nada? Assim você vai registrar a nota que você vai tirar no começo do processo. Envie o texto para o corretor e não se preocupe com a vergonha, caso você seja alguém que se constrange fácil. Aliás, vai ter que aprender a ser “cara de pau”, pois para escrever um pouco de ousadia é essencial. Guarde o texto corrigido como um documento, assim você perceberá os avanços. Então vamos lá, sem qualquer orientação, do jeito que você acha que deve ser um texto para o vestibular escreva uma redação de até 30 linhas sobre a proposta dada no último vestibular da UNESP. Proposta desafio Autoral modelo FUVEST Crânios 'visitam' estátuas para marcar história violenta em SP Grupo faz protestos em símbolos nacionais marcados por sangue e brutalidade SÃO PAULO Um passado glorioso de conquistas e grandes feitos. Um presente mais do que desconfiado. Um futuro de reputação incerta, refletido nos olhares vazios de enormes crânios que miram para a história esculpida em pedra e bronze. A estátua de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera ou “Diabo Velho” em Tupi, na Paulista, é uma delas. O Monumento às Bandeiras, em frente ao Ibirapuera, outro. Logo ao lado, uma pequena praça em frente ao 2º Exército, mais uma. Na zona sul, a controversa imagem de Borba Gato também já recebeu a visita dos esqueletos sem corpos. Desde junho, um grupo formado por professores, artistas, advogados e ativistas, entre outros, propõe um novo olhar da sociedade para símbolos da nossa história marcados por sangue e violência. Intervenções do Grupo de Ação em monumentos de SP https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2020/06/estatua-de-borba-gato-e-agora-vigiada-24-horas-por-dia.shtml https://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/1681464341394953-intervencoes-do-grupo-de-acao-em-monumentos-de-sp ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 8 1. Monumento às Bandeiras, em São Paulo, foi um dos primeiros cartões-postais visitados pelos crânios do Grupo de Ação Junae Andreazza/ (...) Atos no prédio da Fiesp, a federação das indústrias paulistas, questionando quem lucra com as mortes e um anti-Sete de Setembro na mesma avenida se seguiram. Mas e as caveiras em frente às estatuas? As caveiras foram feitas pela artista plástica Dora Longo Bahia, explica o videoartista Junae Andreazza, 45, integrante do grupo. “Estavam guardadas há anos após serem usadas em algum Carnaval” e passaram a ser utilizadas para ressignificar esses monumentos. (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/cranios-visitam-estatuas-para-marcar-historia-violenta- em-sp.shtml) INSTRUÇÃO. Como você pôde verificar, observando o noticiário da imprensa, os crânios que apareceram na frente de alguns monumentos, na verdade, era uma instalação cuja a finalidade é chamar a atenção para o símbolo controverso que muitos monumentos representam. Tudo indica, portanto, que o grupo responsável por esta ação acredita que a História pode e deve ser reescrita alterando o tecido simbólico da cidade. Tendo em vista as motivações do grupo, você julga que a ideia por ele defendida se justifica? https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/cranios-visitam-estatuas-para-marcar-historia-violenta-em-sp.shtml https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/cranios-visitam-estatuas-para-marcar-historia-violenta-em-sp.shtml ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 9 Considerando essa questão, além de outras que você ache pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, argumentando de modo a apresentar seu ponto de vista sobre o assunto. Escrevendo à mão Um dado importante a considerar quando for escrever sua redação é: ela é manuscrita. Isto nem sempre é fácil já que estamos acostumados a escrever textos maiores pelo computador ou celular. Principalmente em se tratando de produções extensas, como artigos ou análises, é preciso tomar alguns cuidados para que suas ideias sejam apresentadas de modo compreensível. Imagine perder pontos porque não entenderam sua letra? Aqui vão algumas dicas: ➢ Pratique! Retome o hábito da escrita manual, principalmente no formato pedido na redação: folha sulfite e caneta esferográfica. Assim, você acostuma sua mão ao gesto da escrita. ➢ Mostre sua letra para os outros. Para nós, que já estamos habituados à nossa letra, tudo parece compreensível. Isso não significa que o corretor da sua redação vai achar a mesma coisa. Por isso, pratique sua caligrafia, treine a escrita e, quando possível, mostre para alguém. Assim você vai saber se há algo na sua escrita que precisa ser melhorado. Na FUVEST não há nota para caligrafia, mas uma letra ilegível prejudica a leitura ou predispõe o corretor a não se concentrar nos argumentos. Plano de Aulas TEMA CONTEÚDO AULA 00 – Fundamentos - Como é a redação na FUVEST - Critérios de correção - Texto Expositivo e Argumentativo - Paráfrase - Linguagem: frase. AULA 1 – Recursos Linguísticos - Seleção de palavras - Vírgula Fi gu ra :P ix ab ay ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 10 - Clareza e desenvolvimento frasal - Período longo - Ênfase AULA 2 – Tema e Tese - Interlocução - Tema na FUVEST - Análise dos últimos temas da FUVEST -Ponto de vista e tese - O parágrafo - Tópico Frasal - Linguagem: estilos de frase AULA 3 – Prática Textual e Projeto de Texto - Importância do projeto - Projeto de texto e Brainstorm - Generalização e Escada Argumentativa - Esboço -Linguagem: escolha de palavras AULA 4 – Estudo e Prática de Introdução - Finalidade da Introdução - Introduções básicas - Estratégias para produção de introduções variadas - Linguagem: figuras de linguagem AULA 5 – Argumentação I - Argumento - Senso comum e bom senso - Estrutura hierárquica do argumento - Argumento principal e secundário - Argumento forte e fraco - Linguagem: texto objetivo AULA 6 – Argumento II: raciocínios - Princípios de lógica argumentativa (premissa maior, premissa menor e conclusão) - Relação entre ideia abstrata e prova concreta - Parágrafo com estrutura silogística - Falácias - Linguagem: raciocínio lógicos e conectivos. AULA 7 – Conclusão - Prática e estudo de desenvolvimento da conclusão; ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 11 - Linguagem: Sinonímia, repetição e frases de efeito. AULA 8 – Coesão e coerência - Progressão temática - Coesão lexical e coesão semântica - Coerência externa e coerência interna - Linguagem: uso de conectivos; ligação entre parágrafos Aula 9 – Repertório de modelos dissertativos - Como usar repertório de outras áreas do conhecimento; - Modelos: tradicional, contra-argumentativo; dialético; histórico; analógico; silogístico. Caderno de Propostas - Pdf com propostas já aplicadas de vários Vestibulares do Brasil - Propostas inéditas (autorais). - Temas variados - Encaminhamentos possíveis Como usar esse material Curso de Redação, você sabe, não é como qualquer curso. Trata-se de uma matéria que lida com a questão “como fazer?” e não “o que aprender?”, ou, às vezes, “o que decorar?”. Logo, tratar- se de um curso prático, com muitas sugestões. Mas o raio desse trabalho é que temos que lidar com partes do texto, mas você vai construir um texto inteiro. É como trocar o pneu do carro enquanto ele está andando.Paciência. Acostume-se com isso. Além dessa dificuldade que já é monstruosa, ainda há outras dificuldades à frente. Há alunos que não gostam de escrever, outros que até gostam, mas têm dificuldade e, por fim, há a assimetria entre os alunos. Alguns já têm pleno domínio de algumas técnicas, outros não. Conselho: analise com sinceridade se você precisa do que está no tópico dado. Caso, ache que sim, e houver exercício, faça, por mais bobo que o treino possa parecer. Observe-se. Nesse caso, os comentários do corretor devem ajudá-lo. Utilize as devolutivas das correções como bússola do que você pode melhorar. Neste pdf, os tópicos fundamentais serão: 2.4 Diferença entre o modelo FUVEST e o Enem; 4. Texto expositivo ou argumentativo. 6. Primeiro recurso de desenvolvimento: paráfrase. Fi gu ra :P ix ab ay ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 12 Como última grande dificuldade, é preciso destacar que um curso pleno de redação deve atacar os vários eixos da escrita: linguagem, estrutura e conteúdo. Não é fácil. O que dá organicidade a um curso de redação é o estudo da estrutura, mas vamos tentar cobrir também linguagem e conteúdo. Eu imaginei um material que tem, como centro nervoso, o tópico de estrutura. Mas as outras partes aparecerão como secções, você encontrará em cada pdf Cabe destacar que cada pdf será temático, quando possível. Isso significa que separei os eixos temáticos – Política, questão ambiental, ética, psicologia/subjetividade, Representação do mundo (ciência, cultura e redes sociais) e Brasil – e cada pdf girará em torno do eixo escolhido. Para que você pense bastante em cada grande tema de redação. Observe, também, que as propostas estão organizadas por níveis de dificuldade. A primeira sempre será uma no estilo UFPR que supõe a produção de um texto em parte; a segunda no estilo de polêmica, quando você se posiciona em relação a opostos, e por fim, uma de estilo mais abstrato como o da FUVEST. Cada pdf traz proposta no estilo definido, mas somente 3 a 4 propostas. Para ir mais longe, observe que há um caderno de propostas e que você pode se valer do Banco de Questões. Secção Atitude inicial: parte motivacional com alguma dica de como encarar a dificuldade de escrever. Secção linguagem: uma parte para discutir algo da linguagem importante para o que se discute no tópico do pdf. Secção Exercitando a reflexão para uma boa escrita: parte dedicada ao desenvolvimento do pensamento lateral Secção análise de uma redação exemplar: análise de um bom texto ou um texto sofrível a partir dos parâmetros estudados em aula Secção conexões: sugestão de repertório de filosofia ou sociologia . ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 13 1. Tema e atitude Como mencionei no tópico anterior, o pdf será, na medida do possível, temático. Bom, primeiramente é importante discutir quais são os temas possíveis para propostas de redação. Não, corujinha, infelizmente, não tenho bola de cristal e não sei o que vai cair. Mas você pode se exercitar nos temas gerais. Pensar neles vai ajudar você e muito. Parti de uma premissa simples, o eu em relação ao mundo e a ele mesmo, e daí teríamos as combinações abaixo. Traduzindo esse esquema teríamos os seguintes tópicos: ✓ Política ✓ Questão social ✓ Ética ✓ Psicologia (ou subjetividade) ✓ Representação do mundo (cultura, redes sociais, ciência etc) Outros-outros Política; questão social Política Questão social Eu-eu Projeto de vida Ética (viver bem) Subjetividade; identidade Psicologia Eu-outros Ética (viver bem com os outros) Eu-conhecimento Representação do mundo *Epistemologia Ciência Eu-meio ambiente ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 14 ✓ Meio ambiente ✓ Sociologia brasileira A ideia é trabalhar cada um desses recortes temáticos em cada pdf. Assim, você pensa nisso e vai construindo um repertório sobre o tema de forma consciente. 1.1 Tema deste pdf: subjetividade Esse não é um tema muito frequente nos vestibulares. A UNESP gosta de, vez em quando, cutucar os candidatos com temas como “Entre o ser e o ter”, “Bajulação”, “É preciso ser famoso”, “Ciúme”, “Amor” etc. Na FUVEST, só em duas propostas esse tema foi explorado, mas é bom sempre estar preparado. O que esses temas e aqueles relacionados com a constituição do sujeito têm em comum? A problematização de que é essa coisa que chamamos de “eu” e como ela funciona. Nesse caso, há uma questão que seria importante como base para se discutir qualquer questão sobre subjetividade: o que significa “ser”, numa questão como “ser” ou “ter”. Daí vai uma boa dica, quando você tiver que escrever sobre esses temas, digamos mais subjetivos, vale a pena descrever nas suas próprias palavras e, depois, tentar sistematizar isso na linguagem dissertativa. Imagine a seguinte resposta à pergunta o que é “ser”? Ah, sei lá, acho que é a pessoa se preocupar com seu lado interior. Isso poderia ser melhor desenvolvido da seguinte forma: o indivíduo que privilegia o “ser” entende que sua formação emocional ou mesmo intelectual é mais importante do que simplesmente negar isso para, a qualquer custo, ter um emprego de sucesso. Isso já é um bom começo. Mas vamos a algumas ideias básicas para você ir aquecendo os motores da escrita. Secção conexões Quem é o “eu”? A discussão sobre a subjetividade começa com Sócrates e a tão propalada ideia do oráculo de Delfos que dizia: “conhece-te a ti mesmo”. Em primeiro lugar, esse oráculo deixa implícito que não nos conhecemos e que gostamos do autoengano. Mas o que é ser para Sócrates? É dele a famosa expressão, “uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”. Em outras palavras, ser significa pensar no que se vai fazer para escolher a caminho mais excelente do ponto de vista ético. Qual seria o resultado disso? Ter honra de si mesmo e ser uma pessoa agradável para você e para os outros. Imagine que alguém que se envergonha do que fez, terá que viver consigo a vida inteira, não é fácil. Mas esse “eu” precisa do quê? Aí a discussão é outra, e agora o nosso mestre é Platão. No diálogo O Banquete, o filósofo dá entender qual é a essência humana. Ele é marcado pela falta, como numa espécie de maldição dos deuses. Isso o leva a procurar no mundo o que lhe falta. Daí nasce o amor. Então, agora pode-se entender ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 15 o “eu” como esse indivíduo que deve ter orgulho de si mesmo, mas que vai interagir com o mundo para tentar cobrir esse buraco existencial, essa falta que é imensa. E quais são os objetos que o “eu” procura para satisfazer esse buraco? Vamos terminar a viagem com Freud. São os outros, sobretudo nossos parentes no período de nossa formação que vai determinando o que vamos procurar no mundo. Se nossos pais procuram sucesso, nós vamos dar continuidade à vontade deles, ou reagir de forma contrária. Há uma frase, não exatamente de Freud, que sintetiza “A história humana é a história dos desejos desejados”. Quando crianças, nossos pais e toda a sociedade vão construindo os desejos que farão parte de nós. Mas então, o “eu não tem desejo próprio? Aqui a gente encerra essa brincadeira com Sartre. É verdade que você é, em larga escala, determinado pela sociedade e pelos desejos parentais, mas não importa o que fizeram de você, mas aquilo que você faz do que fizeram com você. Essas são ideias preliminares. Obviamente, depende do que a banca escolhe como tema. 1.2 Secção Atitude inicial Para começar um curso de redação, você deve ter a postura correta. Normalmente, o aluno quer um esquema que faça o milagre. Esquemas ajudam, principalmente quem está começando ou quem precisa de segurança. Contudo, essa postura pouco ajuda para a produção de um texto de nota máxima.Observe o texto abaixo. O texto Tudo o que presta num ser humano é o que não cabe num post de Instagram Faz meses que só temos acesso à pior versão das pessoas São muitos os efeitos colaterais do isolamento social no século 21. Longe das pessoas, mas grudados no celular, nos distanciamos das pessoas de carne e osso, mas nos aproximamos do treino e do almoço delas. Resultado: faz meses que só temos acesso à pior versão das pessoas. Sabemos tudo sobre todo o mundo —menos o que realmente importa. Tudo o que presta num ser humano não cabe no Instagram. Uma pessoa fazendo o bem é bonito, uma pessoa postando que fez o bem é horrível. Uma pessoa que está feliz faz o mundo mais feliz, uma pessoa postando que está feliz faz o mundo se perguntar: será que está mesmo? Precisava postar? A pessoa que posta uma piada fez um esforço pra ser engraçada —e a graça está no diâmetro oposto do esforço. Humor é tudo aquilo que morre quando transcrito num tuíte. Pode conferir: as vezes em que você mais riu na vida foi na vida real, com pessoas de verdade, sendo elas mesmas. Por melhor que seja o meme, mesmo que você tenha escrito infinitos HAHAHAHA em caixa alta, https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/04/isolamento-do-coronavirus-provoca-odio-a-celulares-e-reinvencao-de-sexo-e-prazer.shtml https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/04/isolamento-do-coronavirus-provoca-odio-a-celulares-e-reinvencao-de-sexo-e-prazer.shtml https://www1.folha.uol.com.br/colunas/monicabergamo/2020/04/brasil-teve-38-milhoes-de-publicacoes-no-instagram-com-adesivo-de-quarentena.shtml ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 16 vamos ser sinceros: no melhor dos casos você apenas contraiu um pouco a boca e soltou ar pelo nariz. Nenhum meme nunca me fez rir tanto quanto a minha filha de dois anos. (...) (Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2020/12/tudo-o-que-presta- num-ser-humano-e-o-que-nao-cabe-num-post-de-instagram.shtmla, acessado em 20.12.2020. Gostou do texto? Não pergunte quanto ele vale, pergunte se ele é gostoso de ler. Esse é o critério. O autor tem uma tese até senso comum, a vida real vale mais do que a virtual, mas não é isso que realmente agrada, embora pudesse ser, uma tese de senso crítico também pode gerar um bom texto. O que agrada no texto é a forma como ele vai adicionando ideias, uma hora por oposição, outra por ampliação, aqui usado uma pergunta, em outro ponto repetindo um termo etc. Você acha que ele decorou fórmulas? Ele se diverte escrevendo. Aprendeu isso: brincar com palavras, como formas diferentes de dizer algo e perceber o efeito que produz. Note, o que é importante em um texto, “o efeito”. Veja essa frase: “Humor é tudo aquilo que morre quando transcrito num tuíte.” De quantas formas essa frase poderia ser escrita? O humor acaba no tuíte. O tuíte assassina o humor sem graça nenhuma. Transcreva algo no tuíte, o humor acabou. Quer acabar com o humor? Escreva um tuíte. Etc Sacou? O corretor não dá nota porque você burocraticamente foi construindo um texto. O corretor primeiro gosta bastante, ou gosta médio, ou gosta razoável, ou não gosta de jeito nenhum do seu texto. Depois disso, ele procura justificativa para dar ou tirar nota. É o que se chama correção holística. Todo mundo faz isso. Terminada a leitura, o corretor, pelo todo (critério holístico), já pensou em uma nota. Resta agora ver cada ponto da grade para ver como distribuir pontos. Isso tudo para dizer, qual a disposição que você deve ter ao escrever? Queira, deseje, tenha vontade de fazer um texto que provoque efeito. Aprenda a gostar de tocar seu leitor pela forma como você diz algo, ou pela forma como concatena ideias. Você vai precisar aprender as técnicas, mas goste do que está fazendo. Goste das palavras, observe como elas se comportam em relação às outras, veja como são engraçadas, sérias, truncadas, tristes. Queira escrever e não cumprir tabela. https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2020/12/tudo-o-que-presta-num-ser-humano-e-o-que-nao-cabe-num-post-de-instagram.shtmla https://www1.folha.uol.com.br/colunas/gregorioduvivier/2020/12/tudo-o-que-presta-num-ser-humano-e-o-que-nao-cabe-num-post-de-instagram.shtmla ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 17 Fo n te : P ix ab ay 2. Modelo FUVEST Que tipo de texto será exigido? Segundo o Manual do Candidato de 2023, “a redação deverá ser, obrigatoriamente, uma dissertação de caráter argumentativo”. O próprio Manual deixa claro o que é exigido na dissertação, gênero no qual o candidato “visando sustentar um ponto de vista sobre o tema, demonstre capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; articular eficientemente as partes do texto e expressar-se de modo claro, correto e adequado”. Além disso, esclarece em quais situações a sua redação será zerada: Fique esperto, zero em redação significa que você, praticamente, exclui a possibilidade de passar em um curso da área que você escolheu. Falando em nota, tenha certeza de que sua redação não será corrigida de qualquer jeito, portanto, capriche. A Banca de correção da FUVEST toma os devidos cuidados para que o traço subjetivo presente na correção de um texto seja minimizado. São escalados 2 corretores para cada redação, sem que cada um saiba quem irá compartilhar o texto. Se as notas divergirem em 10 pontos, a redação é lida por um terceiro corretor. 2.1 Formato da Proposta Duas certezas você poderá ter em relação à redação na FUVEST: será uma dissertação e terá um formato já consagrado. Para analisar a configuração da proposta, vejamos a de 2022. Casos em que a banca poder zerar sua redação redações em branco fuga do tema texto não dissertativo texto abaixo do limite mínimo de linhas (não pode ter menos de 20 linhas) inclusão de elementos não relacionados ao tema ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 18 FUVEST 2021 Texto 2: Somente numa sociedade onde exista um clima cultural, em que o impulso à curiosidade e o amor à descoberta sejam compreendidos e cultivados, pode a ciência florescer. Somente quando a ciência se torna profundamente enraizada como um elemento cultural da sociedade é que pode ser mantida e desenvolvida uma tecnologia progressista e inovadora, tornando-se, então, possível uma associação íntima e vital entre ciência e tecnologia. Essa associação é uma característica da nossa época e certamente essencial para a manutenção de uma civilização com os níveis presentes de população e qualidade de vida. Oscar Sala, O papel da ciência na sociedade. 1974. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revhistoria. Adaptado. Texto 4: Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais – o transporte, as comunicações e todas as outras indústrias, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento, a proteção ao meio ambiente e até a importante instituição democrática do voto – dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém compreende a ciência e a tecnologia. É uma receita para o desastre. Podemos escapar ilesos por algum http://www.revistas.usp.br/revhistoria ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 19 tempo, porém mais cedo ou mais tarde essa mistura inflamável de ignorância e poder vai explodir na nossa cara. Carl Sagan,1996. Texto 5: Algo muito estranho está acontecendo no mundo atual. Vivemos melhor que qual quer outra geração anterior. Pessoas são saudáveis graças às ciências da saúde. Moram em residências robustas, produto da engenharia. Usam eletricidade, domada pelo homem devido ao seu conhecimento de química e física. Paradoxalmente, essas mesmas pessoas ligam seus computadores, tablets e celulares para adquirir e disseminar informaçõesque rejeitam a mesma ciência que é tão presente em suas vidas. Vivemos num mundo em que pessoas usam a ciência para negar a ciência. Alicia Kowaltowski, Usando a ciência para negar a ciência. 2019. Disponível em https://www.nexojornal.com.br/. Adaptado. Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: o papel da ciência no mundo contemporâneo. Instruções: -A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa. -Escreva, no mínimo,20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação. -Dê um título a sua redação. Pegou qual é o formato? Nessa proposta, observa-se uma coletânea de 5 textos como estímulo e subsídio para a redação, sendo 4 verbais e um figurativo. Essa tem sido uma prática comum na FUVEST, a Banca oferece textos verbais e não verbais, às vezes, a coletânea é mais extensa e mais informativa, às vezes, mais sucinta. Após a compilação inicial, segue-se a proposta temática explícita, nesse caso, expressa em uma pergunta: O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo? Finalmente, observam-se instruções que devem ser seguidas à risca: ➢ uso do padrão culto da linguagem; ➢ a quantidade mínima de linhas (critério de exclusão); e ➢ o título. No geral, essa é a configuração da prova de redação com variações mínimas, por exemplo, no Vestibular de 2017, não se exigia título. O modelo proposto segue os padrões da “dissertação escolar” em prosa. A dissertação é um tipo de texto muito comum no Ensino Médio, no qual o aluno elabora um ponto de vista e escolhe argumentos capazes de sustentá-lo. “Em prosa” significa que o aluno deve fazer um texto corrido, organizado por parágrafos e não um texto poético, por exemplo. Na FUVEST há uma peculiaridade muito importante. Você deve prestar muita atenção ao tema, pois o desenvolvimento temático será avaliado segundo parâmetros bem delimitados. A não observância https://www.nexojornal.com.br/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 20 desse pressuposto pode se traduzir numa nota abaixo do esperado. Justificativa? Fuga parcial do tema. Nem pensar... Antídoto para isso? Treino... muito treino. 2.2 Critérios de Correção: os 3 Eixos Agora que você já sabe algo sobre o formato da prova de Redação da FUVEST, passemos à sua angústia: como tirar uma ótima nota? Quais são os parâmetros que devem orientar a produção do texto. Segundo o Manual, seu texto será avaliado em três quesitos: O primeiro quesito, desenvolvimento do tema, tem um peso maior na nota final. O avaliador atribuirá de 1 a 5 para cada critério. Depois disso, os pontos são multiplicados por 4 (no caso do primeiro quesito), 3 (no caso do segundo quesito) e 3 (no caso do terceiro quesito), obtendo-se uma nota ponderada que deve variar entre 10 e 50. 2.3 Diferença entre a redação da FUVEST e a do ENEM • avalia-se a capacidade de apreensão do tema e de argumentar com propriedade autoral, relacionando proposta, ideias da coletânea e repertório próprio de forma pertinente e crítico-argumentativa. Desenvolvimento do tema e organização do texto •avalia-se a conexão entre palavras, frases e parágrafos; a progressão textual (se o texto não fica repisando as mesmas informações , se ele apresenta informações de maneira progressiva); e capacidade de elencar ideias afins sem traços de contradição. Coerência dos argumentos e articulação das partes do texto •avalia-se o domínio do padrão-culto, expressividade linguística, concisão e clareza. Correção gramatical e adequação vocabular ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 21 Vamos a questão campeã de audiência em tempos de Enem. Qual a diferença entre a redação da FUVEST e a do Enem? A diferença principal decorre do que se exige como tema. O Enem escolhe uma questão social que reflete algum tipo de violação de um direito. Nesse caso, o Enem pede que se comente a questão e, por fim, apresente proposta de intervenção. A sua banca seleciona uma questão específica ou geral, mas que não envolve um direito violado. Você deve analisar a questão e não necessariamente fazer proposta de intervenção e, quando fizer, deve ser em outros moldes, já que essa exigência do Enem é muito específica. Enem FUVEST Não exige título Tem exigido nos últimos exames. Não se esqueça do título. Tema fechado, a banca escolhe uma questão envolvendo um direito não reconhecido. Não se discute permite polemizar o tema Tema aberto. Dessa forma, há um leque maior de possibilidades de desenvolvimento da tese. Depende da proposta, o tema pode ser polêmico, analítico ou metafórico Tese já indicada no tema Tese decidida por você Desenvolvimento pode ser baseado em comentários Desenvolvimento analítico Proposta de intervenção delimitada por agente, ação, meio e finalidade Conclusão tradicional por síntese ou intervenção. Quando for por intervenção não necessita da especificação como a do Enem Tipo de proposta que permite uso de determinados esquemas Tipo de proposta que não permite uso de esquemas muito rígidos. Ponto de partida: situação-problema Ponto de partida: propostas conceituais, generalizantes Uso de frases coringa é possível Frases coringa sem valor 3. O Gênero “Dissertação Escolar” A dissertação que você aprendeu a desenvolver no ensino médio abrangia duas operações intelectuais distintas, mas interligadas: reconstruir uma problematização minimamente complexa em torno do tema e, a partir daí, emitir uma opinião que permita recortar o tema e adotar um percurso argumentativo interessante em meio ao caos das ideias e opiniões. Uma opinião, normalmente, constrói-se a partir do contato com ideias diferentes sobre o mesmo tema, o que revela exame cuidadoso e analítico por parte de quem escreve uma dissertação. Você deve ter percebido que a FUVEST força esse tipo de reflexão. A Banca escolheu textos que não anulavam o argumento favorável ao consumo, embora houvesse nitidamente um viés mais crítico em relação ao comprar como finalidade de vida. E agora? Os corretores querem ver como você se “vira nos trinta”, como você desenvolve um tema em que é possível levantar bons argumentos de, pelos menos, duas perspectivas até contraditórias. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 22 Pois é, em Redação, você vai ter que fazer o contrário do que manda o senso comum, você vai complicar as coisas, vai “procurar pelo em ovo”, como se diz. O fio da navalha é que depois de complicar o tema, depois de tentar encontrar implicações, ambiguidades, paradoxos etc, você deverá encontrar o percurso de volta de forma convincente. Deverá produzir um texto com uma certa simplicidade, mas que manifeste o trabalho intelectual de conseguir conciliar ideias contrastantes. O maior interesse do avaliador não recai sobre o seu posicionamento (tese). Ele pode até discordar de você, mas não é por isso que ele vai dar uma nota baixa. Ele analisa o percurso linguístico que você vai adotar para apoiar a sua opinião. Em outras palavras, dissertar não é falar o que se pensa, isso é feito numa entrevista, em textos curtos do Twitter ou em Blogs. O texto dissertativo deve manifestar o trabalho intelectual de elaboração do argumento, construído progressivamente de forma coerente e linear. Por isso, não há uma receita infalível. Depois de dedicar algum tempo para refletir sobre o tema, você deve, enfim, começar a escrever a tal da dissertação. Quais as marcas desse texto? TRAÇOS TÍPICOS DA DISSERTAÇÃO Finalidade Expor e defender um ponto de vista em torno de um tema que envolva algum tipo de polêmica social. Convencer o leitor. Ponto de partida A pergunta/ o comentário feita(o) pelaBanca que normalmente toca em questões polêmicas. Estrutura Apresentação do tema e indicação sumária do desenvolvimento (Introdução). Desenvolvimento dos argumentos que poderão dar suporte à ideia defendida (Desenvolvimento). Resumo das ideias anteriores e/ou apresentação de uma consequência do que foi exposto na forma de proposta de intervenção (Conclusão). Linguagem Uso do padrão culto da linguagem. Emprego de substantivos abstratos e do tempo verbal no presente. SE LIGA!!! Fo n te : P ix ab ay ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 23 Bom aproveitamento dos conectivos, uma vez que eles têm papel importante na estruturação da correlação de ideias para configurar um raciocínio lógico. Composição A sequência linguística que estrutura a escrita se pauta por afirmações generalizantes. Na argumentação, outras sequências se agregam ao texto como as narrativas, as descritivas, as injuntivas (aquelas que implicam ordem ou admoestação), as explicativas e as preditivas (aquelas que implicam previsão do futuro, que se pautam pelas consequências). 3.1. Exercícios sobre Estrutura Dissertativa Questão 01. (ENEM 1998) Amor é fogo que arde sem se ver; é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer; É um não querer mais que bem querer; é solitário andar por entre a gente; é nunca contentar-se de contente; é cuidar que se ganha em se perder; É querer estar preso por vontade; é servir a quem vence, o vencedor; é ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo Amor? Luís de Camões O poema pode ser considerado como um texto: a) argumentativo. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 24 b) narrativo. c) épico. d) de propaganda. e) teatral. Comentário: Normalmente, o senso comum costuma considerar a poesia como um texto contrário à dissertação. Contudo, o que define o texto dissertativo são os elementos enumerados no quadro acima, linguagem abstrata, generalização, argumentação etc. No poema de Camões, o poeta toma o tema de Amor com assunto do que será discutido. Tal sentimento é abstrato e o verbo “ser”, conjugado e repetido até a exaustão, não deixa dúvidas de que o eu-lírico (a voz que se expressa no poema) faz um grande esforço por definir o que é o sentimento amoroso. A finalidade do poeta é convencer o leitor de um ponto de vista pessoal sobre o assunto: o amor não pode ser definido (última estrofe). Para tanto, ele se vale de recursos argumentativos bastante criativos. Ele começa com uma definição de que o amor é fogo (pois se trata de um sentimento que toma o indivíduo por inteiro como um incêndio), mas essa ideia admite uma contraprova de igual valor: não pode ser visto. Ele, então, passa para uma segunda definição, o Amor promove contentamento, mas de novo, tal alegação admite o seu contrário. Ele segue essa lógica de afirmação e contra afirmação até o final do poema com o mesmo resultado. Ora, uma definição para ser boa não pode admitir a ideia contrária. A conclusão, portanto, da ilogicidade do amor, surge como desfecho lógico e necessário do percurso argumentativo anterior. É verdade que, em alguns momentos, o poeta lança mão de algumas metáforas, como a de que o Amor é uma ferida, contudo essa figura de linguagem não determina o gênero textual, já que a figurativização se subordina ao caráter generalizante da afirmação opinativa. Alternativa “b, falsa, pois os verbos estão no presente o que inviabiliza a possibilidade de se contar uma história, traço mais importante da narrativa. Alternativa “c”, falsa, afinal um texto épico é também narrativo, com o diferencial de focalizar uma história heroica numa linguagem grandiosa. Alternativa “d”, falsa, pois o que define a propaganda é o uso do imperativo, o que não se observa no texto. Alternativa “e”, falsa, pois o texto de teatro se organiza através de diálogos. Gabarito A Questão 02. (Fuvest/1995) “Filosofia dos epitáfios E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 25 talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.” Do ponto de vista da composição, é correto afirmar que o capítulo “Filosofia dos epitáfios”: a) é predominantemente dissertativo, servindo os dados do enredo e do ambiente como fundo para a digressão. b) é predominantemente descritivo, com a suspensão do curso da história dando lugar à construção do cenário. c) equilibra em harmonia a narração, à medida que faz avançar a história e cria o cenário de sua ambientação. d) é predominantemente narrativo, visto que o narrador evoca os acontecimentos que marcaram sua saída. e) equilibra narração e dissertação, com o uso do discurso indireto para registrar as impressões que o ambiente provoca no narrador. Questão 03. (FUNCAB) Internet e a importância da imprensa Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowerment (“empoderamento”, fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede. É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo, mais livre. E o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos “iguais” a mim, por mais minoritária que seja a minha posição. O risco está em que é muito fácil “aderir ao seu clube” e, por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo que desemboca no fanatismo e no extremismo. Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nem sempre tem enriquecido o debate público. O empowerment digital é frequentemente utilizado apenas como um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas, não raras vezes, cruza a linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim... ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 26 A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comum para o debate. Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido. A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dosgrandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede. Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. No entanto, seria um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de um jornal fosse simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão necessária uma ponderação serena e coletiva do que será manchete no dia seguinte. O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um monopólio. (CAVALCANTI, N. da Rocha. Jornal “O Estado de S. Paulo”, 12/05/14, com adaptações.) Pelas características da organização do discurso, a respeito do texto pode-se afirmar que se trata de uma: a) dissertação de caráter expositivo, pois explica, reflete e avalia ideias de modo objetivo, com intenção de informar ou esclarecer. b) narração, por reportar-se a fatos ocorridos em determinado tempo e lugar, envolvendo personagens, numa relação temporal de anterioridade e posterioridade. c) dissertação de caráter argumentativo, pois faz a defesa de uma tese com base em argumentos, numa progressão lógica de ideias, com o objetivo de persuasão. d) descrição, por retratar uma realidade do mundo objetivo a partir de caracterizações, pelo uso expressivo de adjetivos. e) expressão injuntiva, por indicar como realizar uma ação, utilizando linguagem simples e objetiva, com verbos no modo imperativo. Questão 04. (ENEM 2014). ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 27 A última edição deste periódico apresenta mais uma vez um tema relacionado ao tratamento dado ao lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. A informação agora passa pelo problema do material jogado na estrada vicinal que liga o município de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em questão, a reportagem encontrou mais uma forma errada de destinação do lixo: material atirado ao lado da pista como se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por exemplo, retiram o lixo de suas residências e, em vez de um destino correto, procuram dispensá-lo em outras regiões. Uma situação no mínimo incômoda. Se você sai de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que não o fazer no local ideal? É muita falta de educação achar que aquilo que não é correto para sua região possa ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico é um passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo que passamos aos mais jovens! Quem aprende errado coloca em prática o errado. Um perigo! Disponível em: http://jornaldacidade.uo.com.br. Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado). Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma das funções sociais desse gênero textual, que é a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo próprio veículo. b) chamar a atenção do leitor para temas raramente abordados no jornal. c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos argumentos apresentados. d) interpretar criticamente fatos noticiados e considerados relevantes para a opinião pública. e) trabalhar uma informação previamente apresentada com base no ponto de vista do autor da notícia. 1.A 2.A 3.C 4.C Gabarito sem comentário ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 28 Questão 02. (Fuvest/1995) “Filosofia dos epitáfios E, aliás, gosto dos epitáfios; eles são, entre a gente civilizada, uma expressão daquele pio e secreto egoísmo que induz o homem a arrancar à morte um farrapo ao menos da sombra que passou. Daí vem, talvez, a tristeza inconsolável dos que sabem os seus mortos na vala comum; parece-lhes que a podridão anônima os alcança a eles mesmos.” Do ponto de vista da composição, é correto afirmar que o capítulo “Filosofia dos epitáfios”: a) é predominantemente dissertativo, servindo os dados do enredo e do ambiente como fundo para a digressão. b) é predominantemente descritivo, com a suspensão do curso da história dando lugar à construção do cenário. c) equilibra em harmonia a narração, à medida que faz avançar a história e cria o cenário de sua ambientação. d) é predominantemente narrativo, visto que o narrador evoca os acontecimentos que marcaram sua saída. e) equilibra narração e dissertação, com o uso do discurso indireto para registrar as impressões que o ambiente provoca no narrador. Comentário: O romance Memórias Póstumas de Brás Cubas é muito interessante do ponto de vista da composição. A narrativa não é linear. Comentários dos mais variados intercalam-se ao enredo de tal maneira que, em alguns momentos, tem-se a impressão de que o texto é alegórico-dissertativo. O fragmento acima é um exemplo disso. O narrador estava falando da morte de Lobo Neves e daí intercala à narrativa essa digressão sobre epitáfios. Ele generaliza e apresenta uma opinião em relação aos epitáfios, eles seriam “uma expressão daquele pio e secreto egoísmo”. É verdade que ele não argumenta, mas apresenta uma consequência dessa premissa. Trata-se de um trecho dissertativo que se acopla à narração. Não há duvida de que a narrativa predomina no livro, pois o ponto de partida do texto é a história do protagonista. Feita essa observação, fica claro que as alternativas “c” e “d” são falsas, pois classificam o fragmento como narração. A “b” erra ao classificar o texto como descritivo; ora, a descrição se define pela caracterização de um objeto, uma pessoa ou um lugar. O tema do fragmento são “os epitáfios” no geral e não um deles em particular e não são enumerados atributos físicos de tal objeto. Na última opção, Comentário e Gabarito ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 29 afirma-se que o narrador faz uso do discurso indireto; ora, tal recurso ocorre quando a história é contada em terceira pessoa e não em primeira como se percebe no fragmento. Gabarito: A Questão 03. (FUNCAB) Internet e a importância da imprensa Este artigo não é sobre a pornografia no mundo virtual nem tampouco sobre os riscos de as redes sociais empobrecerem o relacionamento humano. Trata de um dos aspectos mais festejados da internet: o empowerment (“empoderamento”, fortalecimento) do cidadão proporcionado pela grande rede. É a primeira vez na História em que todos, ou quase todos, podem exercer a sua liberdade de expressão, escrevendo o que quiserem na internet. De forma instantânea, o que cada um publica está virtualmente acessível aos cinco continentes. Tal fato, inimaginável décadas atrás, vem modificando as relações sociais e políticas: diversos governos caíram em virtude da mobilização virtual, notícias antes censuradas são agora publicadas na rede, etc. Há um novo cenário democrático mais aberto, mais participativo, mais livre. E o que pode haver de negativo nisso tudo? A facilidade de conexão com outras pessoas tem provocado um novo fenômeno social. Com a internet, não é mais necessário conviver (e conversar) com pessoas que pensam de forma diferente. Com enorme facilidade, posso encontrar indivíduos “iguais” a mim, por mais minoritária que seja a minha posição. O risco está em que é muito fácil “aderir ao seu clube” e, por comodidade, quase sem perceber, ir se encerrando nele. Não é infrequente que dentro dos guetos, físicos ou virtuais, ocorra um processo que desemboca no fanatismo e no extremismo. Em razão da ausência de diálogo entre posições diversas, o ativismo na internet nem sempre tem enriquecido o debate público. O empowerment digital é frequentemente utilizado apenas como um instrumento de pressão, o que é legítimo democraticamente, mas,não raras vezes, cruza a linha, para se configurar como intimidação, o que já não é tão legítimo assim... A internet, como espaço de liberdade, não garante por si só a criação de consensos nem o estabelecimento de uma base comum para o debate. Evidencia-se, aqui, um ponto importante. A internet não substitui a imprensa. Pelo contrário, esse fenômeno dos novos guetos põe em destaque o papel da imprensa no jogo democrático. Ao selecionar o que se publica, ela acaba sendo um importante moderador do debate público. Aquilo que muitos poderiam ver como uma limitação é o que torna possível o diálogo, ao criar um espaço de discussão num contexto de civilidade democrática, no qual o outro lado também é ouvido. A racionalidade não dialogada é estreita, já que todos nós temos muitos condicionantes, que configuram o nosso modo de ver o mundo. Sozinhos, nunca somos totalmente isentos, temos sempre um determinado viés. Numa época de incertezas sobre o futuro da mídia, aí está um dos grandes diferenciais de um jornal em relação ao que simplesmente é publicado na rede. Imprensa e internet não são mundos paralelos: comunicam-se mutuamente, o que é benéfico a todos. No entanto, seria um empobrecimento democrático para um país se a primeira página de um jornal fosse ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 30 simplesmente o reflexo da audiência virtual da noite anterior. Nunca foi tão necessária uma ponderação serena e coletiva do que será manchete no dia seguinte. O perigo da internet não está propriamente nela. O risco é considerarmos que, pelo seu sucesso, todos os outros âmbitos devam seguir a sua mesma lógica, predominantemente quantitativa. O mundo contemporâneo, cada vez mais intensamente marcado pelo virtual, necessita também de outros olhares, de outras cores. A internet, mesmo sendo plural, não tem por que se tornar um monopólio. (CAVALCANTI, N. da Rocha. Jornal “O Estado de S. Paulo”, 12/05/14, com adaptações.) Pelas características da organização do discurso, a respeito do texto pode-se afirmar que se trata de uma: a) dissertação de caráter expositivo, pois explica, reflete e avalia ideias de modo objetivo, com intenção de informar ou esclarecer. b) narração, por reportar-se a fatos ocorridos em determinado tempo e lugar, envolvendo personagens, numa relação temporal de anterioridade e posterioridade. c) dissertação de caráter argumentativo, pois faz a defesa de uma tese com base em argumentos, numa progressão lógica de ideias, com o objetivo de persuasão. d) descrição, por retratar uma realidade do mundo objetivo a partir de caracterizações, pelo uso expressivo de adjetivos. e) expressão injuntiva, por indicar como realizar uma ação, utilizando linguagem simples e objetiva, com verbos no modo imperativo. Comentário: O texto gira em torno de uma ideia abstrata, traço fundamental do gênero dissertativo. Contudo, a dissertação pode ser expositiva, quando não há uma opinião forte e o texto esclarece algum tipo de informação, algo que ocorre em textos didáticos; ou pode ser argumentativa, quando há uma tese explícita que será defendida. No artigo de opinião acima, o autor defende que o empoderamento do cidadão pela internet tem uma faceta negativa, ou seja, o texto é argumentativo (a alternativa “a” é falsa). Não se conta uma história, não é uma narração, fato que torna falsa a “b”. Não se descreve ou se qualifica qualquer objeto concreto, o tema central “empoderamento” é abstrato, assim a afirmação da “d” não procede. O que se diz da “expressão injuntiva” na “e”, aplica-se a textos em que predomina o imperativo, como os de receita culinária, o que não é o caso. Gabarito: C Questão 04 (ENEM 2014) A última edição deste periódico apresenta mais uma vez um tema relacionado ao tratamento dado ao lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. A informação agora passa pelo problema do material jogado na estrada vicinal que liga o município de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em questão, a reportagem encontrou mais uma forma errada de destinação do lixo: material atirado ao lado da pista como se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por exemplo, retiram o lixo de suas residências e, em vez de um destino correto, procuram dispensá-lo em outras regiões. Uma ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 31 situação no mínimo incômoda. Se você sai de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que não o fazer no local ideal? É muita falta de educação achar que aquilo que não é correto para sua região possa ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico é um passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo que passamos aos mais jovens! Quem aprende errado coloca em prática o errado. Um perigo! Disponível em: http://jornaldacidade.uo.com.br. Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado). Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma das funções sociais desse gênero textual, que é a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo próprio veículo. b) chamar a atenção do leitor para temas raramente abordados no jornal. c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos argumentos apresentados. d) interpretar criticamente fatos noticiados e considerados relevantes para a opinião pública. e) trabalhar uma informação previamente apresentada com base no ponto de vista do autor da notícia. Comentário: De todas alternativas, a “a” e a “b” podem ser descartadas sumariamente. No texto, o autor faz mais do que “apresentar fatos” (“a”), ele os comenta; e a asserção no começo do artigo de que o “periódico apresenta mais uma vez” um tema já abordado, desmente a afirmação de que se trata de um tópico raro ( “b”). As outras três afirmações (“c”, “d” e “e”) não são necessariamente falsas. Elas realmente destacam características próprias de um artigo de opinião. Contudo, analisando o texto em questão, observa-se que a alternativa “c” é mais apropriada. Ao comentar o fato, o autor do texto defende uma opinião de maneira enfática, o que se observa no advérbio “infelizmente”, no adjetivo “incomoda”, no uso da pergunta retórica “Se você sai de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que não o fazer no local ideal?” e no julgamento final da ação “É muita falta de educação”. É evidente a tentativa de provocar a indignação do leitor. Gabarito: C 4. Texto expositivo ou argumentativo? Em algum momento da sua vida de escritor, você já recebeu a seguinte mensagem nada cifrada de seu querido corretor: “texto expositivo, manifeste sua opinião”. O que isso quer dizer? 4.1 Exposição Para entender, o que o enigmático corretor quis dizer, leia o texto abaixo, com a seguinte pergunta na cabeça: ele é expositivo ou opinativo? ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 32 Amor e perda O risco do amor é a separação. Mergulhar na relação amorosa supõe a possibilidade da perda. Segundo o psicanalista austríaco Igor Caruso, a separação é a vivência da morte numa situação vital: é a vivência da morte do outro em minha consciência e a vivência de minha morte na consciência do outro. E, quando falamos em morte, nos referimos não só ao sentido literal da palavra mas às diversas "mortes" ou perdas que permeiam nossas vidas. Por exemplo, podemos deixar de amar o outro ou não mais ser amado por ele; ou, ainda, mesmo mantendo o amor recíproco, há ocaso de sermos obrigados à separação; também nas relações duradouras, as pessoas mudam, e a modificação do tipo de relação significa consequentemente a perda da forma antiga de expressão do amor. Quando a perda é grave, a pessoa precisa de um tempo para se reestruturar, pois, mesmo quando mantém a individualidade, o tecido do seu ser passa inevitavelmente pelo ser do outro. Há um período de "luto" a ser superado após a separação, quando, então, é buscadonovo equilíbrio. Uma característica dos indivíduos maduros é saber integrar a possibilidade da morte no cotidiano da sua vida. No entanto, nas sociedades massificadas, onde o eu não é suficientemente forte, as pessoas preferem não viver a experiência amorosa para não ter de viver com a morte. Talvez por isso as relações tendam a se tornar superficiais, e é nesse sentido que o pensador francês Edgar Mori afirma: "Nas sociedades burocratizadas e aburguesadas, é adulto quem se conforma em viver menos para não ter que morrer tanto. Porém, o segredo da juventude é este: vida quer dizer arriscar-se à morte; e fúria de viver quer dizer viver a dificuldade". (Aranha, M.L. & Martins, M. H. Filosofando. São Paulo: Editora Moderna, 1993). Ganha uma folha de redação quem disse “expositivo”! Ele expõe uma determinada ideia sem a necessidade de apelar para os recursos argumentativos. Agora você me pegou, corujinha pra lá de atenta. É verdade que um autor de texto acadêmico expositivo deseja convencer o leitor de que ele está certo. Mas a estrutura verbal é neutra e tende para a explicação dos fenômenos e não para a opinião que ele tem sobre eles. O que motiva, rege e determina ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 33 o texto é capacidade do escritor em tornar claros determinados aspectos que a pessoa comum deixou passarem despercebidos. Para você entender, confira a comparação entre os traços de um tipo textual expositivo e um opinativo (dissertação) . Inicialmente, um autor de texto expositivo já apresenta na introdução o conceito ou a ideia que será explicada. •Finalidade: ampliar o conhecimento sobre determinado fato •Não há necessidade de tentar fazer o leitor mudar de opinião, mas sim expor •Predomina a função explicativa •Apresenta muitas informações •Especifica conceitos e definições Expositivo •Finalidade: sustentar ou refutar assuntos controversos •Seleção de ideias persuasivas •Uso cuidadoso de expressões enfáticas •Poucas informações, mas muito bem exploradas como suporte da ideia principal. Opinativo Sequência textual da exposição Introdução: tese de caráter expositivo, não apresenta valor Tese: “O risco do amor é a separação.” Problematização: apresentar os motivos, causas ou consequências do que se explicita. a nova ideia é importante ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 34 4.2 Texto opinativo ou dissertativo Bom, o texto dissertativo é um velho conhecido. Não tem como perceber que o autor tem um ponto de vista quando ele é enfático e dá valor ao que afirma. Para que fique claro, leia o começo de uma redação publicada pela FUVEST como uma das melhores, sobre o tema ”Amizade”. Antes responda rápido: você acha que a amizade hoje tem as mesmas características das amizade no passado? Chocolate amigo A amizade é uma palavrinha bonita, e apenas isto. Inventada por Floristas e fazedores de cartões enfeitados de coração e poemas hipócritas. Usada em discursos românticos, sem significado algum, completamente banalizada . Ideia problemática que exige explicação: “Mergulhar na relação amorosa supõe a possibilidade da perda”. Desenvolvimento das consequências e das dificuldades de amar e da perda. Conclusão- avaliação “No entanto, nas sociedades massificadas, onde o eu não é suficientemente forte, as pessoas preferem não viver a experiência amorosa para não ter de viver com a morte”. Fi gu ra s d o s n ú m er o s : P ix ab ay “Quando a perda é grave, a pessoa precisa de um tempo para se reestruturar, pois, mesmo quando mantém a individualidade.” ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 35 A maioria das pessoas fala de sentimentos como amor ou amizade com um orgulho desmedido e inexplicável facilidade. Falam porque tê-los é o que se espera do ser humano, e parece sensível e legal. Mas boa parte delas mal sabe o que tais palavras significam, e acaba soando frio, superficial e possessivo. De fato, muitas vezes parece que estamos falando de um simples chocolate. A dissertação não é isenta, sacou? Quase isso, corujinha interlocutora, porque se você muda a tese, você muda a finalidade e, aí está toda a diferença em relação ao que se seguirá pela frente. Pense na seguinte situação corriqueira. Você vai se encontrar com seus amigos e faz a frequente pergunta que virou uma música de Noel Rosa, “com que roupa eu vou?” Perceba que a finalidade muda completamente a resposta. Se a finalidade é simplesmente estar com os amigos, você se veste de uma determinada forma, mas se a finalidade for impressionar um “certo alguém” que estará lá, a questão muda de figura. Em redação é a mesma coisa. Um texto cuja finalidade é defender uma tese que apresenta um dado que é desconhecido pelo leitor exigirá uma roupagem mais sóbria e com dados. Uma redação com um julgamento de valor exigirá “sangue nos olhos” para provar o que você está dizendo. No segundo caso, a argumento será mais enfático e mais permeado por uma linguagem retórica (com figuras de linguagem que abusa do estilo). Para você ter uma ideia, o início da redação apresentado sobre o chocolate amigo foi desenvolvido por analogia, ou seja, por comparação, sem dados significativos que trouxessem algo que o leitor não soubesse. Ele basicamente organizou a linguagem de forma a impressionar pelo texto. Ao final do texto, no caso da redação expositiva, o leitor tem a impressão de que o escritor queria passar uma informação didática, como faz um professor. No segundo, ele deve ter a impressão de que o escritor quer realmente mudar a opinião dele. 4.3 Dissertação Expositiva versus Dissertação Opinativa Mas, afinal, você deve estar se perguntando, com que redação eu vou? Pois é, corujinha, olhe alguns temas que separei e me diga que tipo de modelo deve ser mais apropriado? ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 36 Temas anteriores 2017O homem saiu de sua menoridade ? 2018 Devem existir limites para a arte? 2019 De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente? 2020 O papel da ciência no mundo contemporâneo. 2021 O mundo está fora da ordem? Para facilitar eu até deixei na ordem. Você deve ter percebido que todas elas, de alguma forma, exigem um posicionamento do candidato, até pelo formato de questão que se pode responder com um “sim” ou um “não”. Vale a pena ressaltar que se trata de predominância, pois obviamente para argumentar em uma redação opinativa, você, provavelmente, vai expor em alguma medida um fato ou um raciocínio. 4.4 Exercício: texto expositivo e texto opinativo É crucial que você se exercite na dissertação opinativa. É característica que pode proporcionar a nota máxima na FUVEST. Sendo, assim preparei uma bateria de exercícios para você. Abaixo, você encontrará dados expositivos que devem ser transformados em opinião. Note que, ao fazer isso, automaticamente, você estará fazendo uma tese. Eu sei que ainda não discutimos esse tópico, mas tente simplesmente seguir o modelo e faça instintivamente o que se pede. “Tese” será o nosso próximo assunto. Siga o modelo. Q.1 Formule uma opinião sobre o texto expositivo abaixo. Os seres humanos são treinados para obedecer a figuras de autoridade desde muito cedo na vida. Um experimento conduzido em 1961 pelo psicólogo Stanley Milgram da universidade de Yale mediu esta disposição instruindo pessoas a executar atos que entrassem em conflito com suas morais. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 37 Os participantes foram instruídos a desempenhar o papel de “professor” e administrar choqueselétricos para um “aluno”, que supostamente estava em uma sala diferente, cada vez que respondessem a uma pergunta incorretamente. Na realidade, ninguém realmente tomou choque. Em vez disso, Milgram tocou gravações para fazer com que o aluno parecesse estar com muita dor e quisesse terminar a experiência. Apesar destes protestos, muitos participantes continuaram a experiência enquanto a figura de autoridade os impulsionava, aumentando a voltagem após cada resposta errada, chegando até a choques elétricos letais. Experiências semelhantes conduzidas forneceram resultados quase idênticos, indicando que as pessoas estão dispostas a ir contra suas consciências se elas estão sendo instruídas a fazê-lo por figuras de autoridade. (disponível em https://awebic.com/listas/experimentos-psicologicos/, acessado em 15.03.2019) O autoritarismo político se funda na servidão voluntária de cada um, traço que deve ser combatido, pois pode levar as sociedades a aceitarem a crueldade como fato normal. Comentário: Espera-se que você recorte o tema do autoritarismo e faça um julgamento opinativo em que apareça a expressão “deve ser combatido”. Mas não se limite a isso. Uma opinião muito simplória não induz a um bom desenvolvimento. Enriqueça seu posicionamento com causa/consequência. Q.2 Formule uma opinião sobre o cartaz abaixo. https://awebic.com/listas/experimentos-psicologicos/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 38 (disponível em https://www.lbv.org/sites/default/files/type- content/documentos/editorial_meio_ambiente_-_portugues_2012.pdf, consultado em 15.03.2019) Q.3 Formule uma opinião sobre o texto expositivo abaixo. Inspirado pelo assassinato do Dr. Martin Luther King Jr., a professora Jane Elliott criou um exercício em 1968 para ajudar seus estudantes brancos a entender os efeitos do racismo. Elliott dividiu sua classe em dois grupos: estudantes de olhos azuis e estudantes de olhos castanhos. No primeiro dia, ela designou os alunos de olhos azuis como o grupo superior e deu- lhes privilégios extras, enquanto as crianças de olhos castanhos representavam o grupo minoritário. Ela desencorajou os dois grupos a interagir e destacou os alunos para enfatizar os aspectos negativos daqueles no grupo minoritário. Ela notou mudanças imediatas no comportamento das crianças. Estudantes de olhos azuis tiveram melhor desempenho acadêmico e alguns começaram a intimidar seus colegas de olhos castanhos, enquanto os estudantes de olhos castanhos tiveram menor autoconfiança e pior desempenho acadêmico. No dia seguinte, ela inverteu os papéis dos dois grupos e os estudantes de olhos azuis se tornaram o grupo minoritário. No final do exercício, as crianças ficaram tão felizes que se abraçaram e concordaram que as pessoas não deveriam ser julgadas com base nas aparências externas. (disponível em https://awebic.com/listas/experimentos-psicologicos/, acessado em 15.03.2019) https://awebic.com/listas/experimentos-psicologicos/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 39 Q.4 Formule uma opinião sobre o tema do Enem de 2018, “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” a partir do recorte da estatística abaixo que constava da coletânea. Q.5 Formule uma opinião sobre o texto estatístico abaixo. Um em cada cinco jovens não trabalhavam nem estudavam Em 2017, 21,7% dos jovens de 15 a 29 anos não estudavam nem trabalhavam, um ligeiro aumento em relação a 2016, quando foi registrado 20,5%. O número foi maior entre as mulheres, cuja incidência foi de 27,1%, enquanto entre os homens, a taxa ficou em 16,4%. (...) Entre os jovens pretos e pardos, o percentual daqueles que não estudavam nem trabalhavam foi de 24,4%, enquanto que entre os brancos, a taxa ficou em 17,7%. Por faixa etária, o grupo de 18 a 24 foi o mais afetado, alcançando 28%. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 40 “O aumento da taxa de desemprego observada em 2017 certamente foi o que mais colaborou para o crescimento do número de jovens que não estudavam nem trabalhavam, uma vez que no grupo daqueles que só estudavam, praticamente não houve variação em relação a 2016”, disse a pesquisadora. https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de- noticias/noticias/21256-mais-de-25-milhoes-de-jovens-nao-estudavam-em-2017 Gabarito: parâmetros para a escrita Q.2 Formule uma opinião sobre o cartaz abaixo. (disponível em https://www.lbv.org/sites/default/files/type- content/documentos/editorial_meio_ambiente_-_portugues_2012.pdf, consultado em 15.03.2019) Comentário: Como tema geral, podemos apontar o (des)cuidado com a infância no Brasil. Os recortes sugeridos pela organização textual do cartaz passam por subtemas como: a exclusão social, indiferença social, o impacto da desigualdade na infância, a comparação entre ser humano e animal. Expresse uma opinião incluindo um dos subtemas. O leitor deve perceber que há algum tipo de julgamento relacionado ao tema recortado. O diálogo com o senso comum sempre enriquece a tese. Nesse caso, é óbvio que ninguém defenderia o ponto de vista de que o cuidado com o animal tem a mesma equivalência que o cuidado com a criança abandonada. Sendo assim, valeria a pena dialogar não com os discursos sobre o tema, mas com as práticas efetivas de indiferença social. ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 41 Q.3 Formule uma opinião sobre o texto expositivo abaixo. Inspirado pelo assassinato do Dr. Martin Luther King Jr., a professora Jane Elliott criou um exercício em 1968 para ajudar seus estudantes brancos a entender os efeitos do racismo. Elliott dividiu sua classe em dois grupos: estudantes de olhos azuis e estudantes de olhos castanhos. No primeiro dia, ela designou os alunos de olhos azuis como o grupo superior e deu- lhes privilégios extras, enquanto as crianças de olhos castanhos representavam o grupo minoritário. Ela desencorajou os dois grupos a interagir e destacou os alunos para enfatizar os aspectos negativos daqueles no grupo minoritário. Ela notou mudanças imediatas no comportamento das crianças. Estudantes de olhos azuis tiveram melhor desempenho acadêmico e alguns começaram a intimidar seus colegas de olhos castanhos, enquanto os estudantes de olhos castanhos tiveram menor autoconfiança e pior desempenho acadêmico. No dia seguinte, ela inverteu os papéis dos dois grupos e os estudantes de olhos azuis se tornaram o grupo minoritário. No final do exercício, as crianças ficaram tão felizes que se abraçaram e concordaram que as pessoas não deveriam ser julgadas com base nas aparências externas. (disponível em https://awebic.com/listas/experimentos-psicologicos/, acessado em 15.03.2019) Comentário: A sua opinião advirá de alguma consequência que você pode inferir do experimento acima. Nesse caso, você pode elaborar a opinião através da inclusão de causas/consequências na condenação do racismo. Pense em algumas perguntas: Por que as crianças agiram de maneira preconceituosa? Qual o papel do ambiente? Foram realmente aspectos concretos que levaram ao racismo? Quais as consequências? Quais as justificativas para o comportamento discriminatório? Evite a ideia simplória de que “as pessoas devem se amar” ou a de que “todos somos iguais” etc. Uma opinião cuja facilidade de compreensão e de aceitação é muito grande não necessita de prova e não despertará o interesse do leitor. Q.4 Formule uma opinião sobre o tema do Enem de 2018, “Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet” a partir do recorte da estatística abaixo que constava da coletânea. https://awebic.com/listas/experimentos-psicologicos/ ESTRATÉGIA VESTIBULARES – FUNDAMENTOS AULA 0 – FUNDAMENTOS 42 Comentário: Essa é mais simples. Espera-se que você associe o tema, “Manipulação
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