Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Adeus previde ncia! Prepare-se para se aposentar por conta própria ou encare as consequências. Fernando Almeida Mizobuti 3º Edição - 2021 Agradecimentos Agradecer a todos aqueles que ajudaram na jornada que foi escrever este livro é quase impossível, portanto, aqueles que não forem incluídos não se sintam esquecidos. A primeira pessoa a quem agradeço é a minha avó Maria de Lourdes que além de me criar, me ensinou não só os primeiros conceitos básicos de educação financeira, como também conceitos ligados ao caráter e aos valores que devem nortear a vida e o comportamento de uma pessoa. Conceitos essenciais para todo e qualquer ser humano. Agradeço também todos os outros familiares que de alguma forma me apoiaram, irmãos, pais, tios e primos. Seria impossível não agradecer aos meus amigos Kátia, Matheus, Verônica e Vinícios pela revisão e importantes conselhos sobre o conteúdo do livro. Por fim, agradeço ao Bastter que foi quem me proporcionou grande parte do conhecimento expresso neste livro e me deu a oportunidade de atuar como educador financeiro pela Bastter.com. Foi lá que descobri minha verdadeira vocação e a profissão que sonho em seguir. Dedico este livro aos meus irmãos: Pedro, Caio, Marcus e Cauã, afilhados, primos e demais crianças que representam o futuro. Afinal, para que esse futuro brilhante se concretize, precisarão de muita educação, inclusive financeira. Sumário Agradecimentos ......................................................... 3 Parte 1 – Finanças Pessoais ....................................... 1 Capítulo 1 – Ativos e Passivos .................................... 5 Capítulo 2 – Orçamento ............................................. 9 Capítulo 3 - Juros .................................................... 11 Capítulo 4 – Cartão de Crédito ................................. 13 Capítulo 5 - Dívidas ................................................. 17 Capítulo 6 - Reserva de emergência ......................... 27 Capítulo 7 – Seguros ................................................ 31 Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos .................. 35 Capítulo 9 - Construindo um investidor ................... 41 Capítulo 10 - Por que investir afinal? ....................... 51 Parte 2 – Investimentos ............................................ 55 Capítulo 11 – Previdência Privada ............................ 63 Capítulo 12 - Renda Fixa ......................................... 67 Capítulo 13 - Imóveis ............................................... 99 Capítulo 14 - Fundos de Investimento Imobiliários . 111 Capítulo 15 - Ações ................................................ 165 Capítulo 16 - Imposto de Renda ............................. 247 Capítulo 17 – Considerações sobre Renda Variável . 253 Capítulo 18 – Crises Econômicas ........................... 255 Capítulo 19 - Colocando em Prática ....................... 257 Epílogo .................................................................. 261 1 Parte 1 – Finanças Pessoais Introdução Imagine um local onde ninguém aprende as leis de trânsito, não sabe o que é um semáforo ou uma placa de parada obrigatória. Contudo, ao atingir uma certa idade todos ganham um carro e vão se aventurar no trânsito. Bom, parece absurdo, mas é isso que acontece com o dinheiro, as pessoas começam a trabalhar e receber salários sem ter nenhuma noção de como gerir esses recursos, não sabem poupar, investir e muitas vezes não sabem gastar de forma inteligente. O livro que você tem agora em mãos pretende ajudar a preencher essa lacuna na educação dos brasileiros. Ele começou a nascer há muito tempo, quando eu tinha por volta de cinco anos de idade e a inflação era o assunto número um nos jornais e mesas de bares desse país. Naquela época eu recebia algumas moedas dos meus avós para comprar balas e coisas do tipo. Minha origem é uma família de agricultores e, por isso, tive uma ideia genial: plantar uma das moedas no quintal para que ali crescesse uma árvore de dinheiro. Naturalmente o ambicioso plano fracassou, mas a ideia de criar algo que gerasse renda para mim não me abandonou ao longo dos mais de 28 anos que se passaram. Conforme fui crescendo passei, mesmo sem perceber, a prestar atenção na relação das pessoas: familiares, amigos, colegas de trabalho e da sociedade 2 em geral com o dinheiro. Acompanhava animado as reportagens especiais na TV sobre finanças pessoais. No ano de 2009, ao ser nomeado para um cargo público em que receberia quase o dobro do meu salário anterior, percebi um fenômeno estranho: as pessoas que ganhavam mais, inclusive mais do que eu, muitas vezes tinham uma condição financeira ruim, possuíam dívidas e acumulavam déficits enormes em seus orçamentos, quase sempre gastando muito mais do que ganhavam. Comecei a prestar mais atenção tentando buscar as causas de tal situação, e invariavelmente a má gestão dos recursos vinha em primeiro lugar. O pior é que, com o tempo, a gestão dos meus próprios recursos estava cada vez pior, ou seja, eu estava indo pelo mesmo caminho destes meus colegas. Quando finalmente parei para olhar o tamanho do estrago, estava com um financiamento de automóvel e um empréstimo consignado. Nesta época fui convidado para uma palestra onde o educador financeiro perguntou-me se eu possuía um carro. Eu disse que sim, então ele perguntou quanto eu gastava com ele. Fiquei orgulhoso de saber dizer detalhadamente os custos. Foi então que ele me disse: “se você investir esse valor mensalmente terá, já descontada a inflação, 1 milhão de reais aos seus 65 anos de idade”. Aquela informação caiu como uma bomba na minha cabeça. Com isso, decidi pesquisar sobre a veracidade das informações e estudar o tema: finanças pessoais. A partir de então passei a ler um livro sobre o assunto (finanças ou investimentos) por semana. Foi neste momento que encontrei a coleção de livros da “Expomoney” e a Bastter.com, onde desenvolvi mais os meus conhecimentos e passei a lidar com o 3 dinheiro de maneira mais racional e eficiente, exatamente o que pretendo ensiná-los com este livro. Portanto, após um longo período de estudos, descobri que era possível plantar a tão desejada árvore de dinheiro, mas não seria fácil nem tampouco rápido, exigiria muito estudo, disciplina e paciência. Neste livro tentarei passar os conhecimentos básicos para que você plante a sua. É essencial entender que, no início, será difícil enxergar que financiar bens, é, essencialmente, jogar dinheiro no lixo ou que consórcios e títulos de capitalização são produtos bons apenas para quem os emite. Estudo, planejamento e disciplina são hábitos que mudarão sua percepção em relação ao dinheiro e à sua administração. E afinal, por que é tão importante administrar bem os seus recursos? O princípio básico dos estudos de economia se pauta no fato de vivermos em uma sociedade onde há escassez, ou seja, não há recursos suficientes para que possamos ter de tudo em grande quantidade. Sendo assim, precisamos fazer escolhas, dentre elas escolher entre consumo ou poupança, entre consumir muito agora ou ter condições de consumir algo depois, futuro e presente precisam estar em equilíbrio. Quanto mais financeiramente educada é a pessoa, mais eficientes e racionais tendem a ser as suas escolhas. Agora vamos começar nossa jornada pelo mundo das finanças pessoais e investimentos. 4 5 Capítulo 1 – Ativos e Passivos “A maioria das pessoas está concentrada demais em ganhar dinheiro. O que eles deveriam realmente focar é na sua educação financeira”. Robert Kiyosaki Robert Kiyosaki, autor do “best seller” Pai rico, Pai pobre, criou um conceito de ativos e passivos bastante interessante para o investidor. Essa definição não tem nenhuma relação com o conceito contábil deativo e passivo que será explicado mais à frente neste livro. Ativo para o autor é tudo aquilo que você compra e que coloca dinheiro no seu bolso, por exemplo: ações que distribuem dividendos, imóveis alugados, fundos de investimento imobiliários, títulos que pagam juros e outros investimentos que te remunerem. Passivo por outro lado é tudo aquilo que, após ser comprado, demandará gastos para manter. Por exemplo: um automóvel que traz gastos com combustível, IPVA, seguro e manutenção. Uma casa para moradia que traz despesa com IPTU, condomínio, reparos e seguro. Uma geladeira mais moderna, um videogame, smartphone. A lista de passivos é quase interminável. Passivos são necessários para a vida. Em geral são eles que trazem prazer, alegria e satisfação para o indivíduo. O erro não está em comprá-los e sim na forma como são adquiridos, sem planejamento ou em comprar somente os passivos, ignorando os ativos. 6 Aquele que compra ativos gera renda passiva: uma renda que não depende do trabalho diário e sim dos estudos e de uma boa escolha de ativos, colocando assim o dinheiro para trabalhar, gerando mais dinheiro. Por outro lado, aquele que compra apenas passivos vive de contracheque em contracheque, sempre com medo do desemprego ou de algo que reduza sua renda, essa situação é chamada de corrida dos ratos, pois a pessoa fica girando uma rodinha sem chegar a lugar nenhum, exatamente como um hamster na gaiola. É essencial fazer aportes periódicos. O aporte é um valor monetário que você destina aos seus investimentos. No futuro o que vai definir se você terá um patrimônio formado para a sua aposentadoria ou ficará “na pindaíba”, dependendo do governo e de parentes, são os seus aportes em ativos de valor. A definição de valor será analisada mais à frente nos capítulos referentes a cada classe de ativo. É preciso equilíbrio, portanto compre ativos e passivos. Por exemplo, tente fazer o seguinte exercício: se quer adquirir um smartphone, compre primeiro um lote de ações, cotas de um fundo de investimento imobiliário ou faça um aporte no Tesouro Direto. Busque comprar ativos sempre que possível e pague seus passivos a vista, de preferência com desconto. 7 Resumo: 8 9 Capítulo 2 – Orçamento “A maioria das pessoas não planeja fracassar, fracassa por não planejar”. John L. Beckley O orçamento é uma poderosa ferramenta de planejamento para pessoas e empresas. Com ele é possível planejar as receitas, os gastos e os investimentos. Ele traz previsibilidade. Seu objetivo é antever as receitas e principalmente as despesas da pessoa ou da organização. Antes de montar um orçamento, o indivíduo precisa saber para onde vai o seu dinheiro e para isso, não tem outro jeito, vai precisar anotar as receitas e despesas em detalhes. Mas não se preocupe, pois hoje existem inúmeros aplicativos para “smartphone” além de sempre poder recorrer a uma planilha eletrônica. A partir do momento que a pessoa sabe o quanto entra de dinheiro para ela e para onde vão estes recursos ela consegue montar um orçamento. Neste orçamento precisam constar, além das receitas e despesas, os investimentos, que devem corresponder, no mínimo, a 10% da renda. Preferencialmente acima de 20%. Gastar menos do que você ganha não é fácil, especialmente quando o hábito de gastar tudo ou mesmo mais do que ganha está enraizado, mas por ser uma prática salutar e necessária deve ser a 10 primeira meta de todos que buscam uma vida financeira equilibrada. Não gaste o dinheiro que você ainda não recebeu. Lembre-se que este dinheiro ainda não é seu. Não gaste dinheiro com coisas que não gosta para impressionar alguém. Não diga sim a todos os pedidos das pessoas, especialmente para os pedidos de dinheiro, pois um sim para os outros representa um não para você e seus objetivos e sonhos. Quanto ao hábito da anotação, este é necessário apenas no início, depois de um tempo você estará apto a tomar decisões racionais sem as anotações. Busque, ao menos no início, separar um valor para os investimentos assim que receber sua remuneração, não espere sobrar, pois, antes de você adquirir os hábitos corretos, dificilmente sobrará. Fique atento, se você ganha uma renda acima da média e mesmo assim não tem o hábito de poupar e investir mensalmente algo está errado. Pegue a renda da sua família, casal e filhos e divida pelo número de pessoas na casa, se o número foi maior do que R$ 2.000,00 você deveria estar investindo. Com o tempo, a experiência e a formação de bons hábitos financeiros você aprenderá a gerir seus recursos de uma forma eficiente e adequada ao seu estilo de vida. Este livro tentará te ajudar neste caminho e, para tanto, precisaremos falar sobre os juros. 11 Capítulo 3 - Juros “Os juros compostos são a força mais poderosa do universo e a maior invenção da humanidade, porque permite uma confiável e sistemática acumulação de riqueza.” Albert Einstein Os Juros Compostos, conforme destacado pelo cientista vencedor do prêmio Nobel, Albert Einstein, são a força mais poderosa do Universo e essa força pode ser usada tanto a seu favor quanto contra você. Veja a diferença entre os juros utilizados a seu favor em relação aos juros contra você. Por exemplo, em uma dívida de R$ 100.000,00 em um crédito direto ao consumidor – CDC – os juros pagos serão de 4,54% a.m. (ao mês). No caso em questão o indivíduo que optou por fazer a dívida em 50 prestações pagou uma prestação de R$ 5.093,18, totalizando um gasto de R$ 254.659,00. Por outro lado, vamos usar a taxa de juros 0,5% a.m. na aplicação, percentual pago por investimentos de baixo risco, para obter os mesmos R$ 100.000,00. O tempo de investimento ou pagamento da dívida será de 50 meses, assim como na dívida. Aquele que poupou precisou desembolsar apenas R$ 1.765,38 ao mês, totalizando uma aplicação de R$ 88.269,00. 12 Essa é a diferença entre aquele que paga juros e aquele que os recebe. O que recebe juros poderá consumir mais com o mesmo gasto ou consumir da mesma forma gastando menos. A fórmula dos juros compostos é a seguinte: M = C x (1+i)n, onde M é o montante, C o capital inicial, i a taxa de juros e n representa o tempo. Perceba que o efeito do tempo no resultado da fórmula é muito grande, pois o tempo é exponencial. O investidor deve focar nos dois fatores que tem condições de controlar: o capital (C) e o tempo (n). A taxa (i) não é algo que conseguimos escolher na grande maioria das vezes. Para ver o poder dos juros compostos, invista o máximo pelo máximo de tempo que conseguir! Contanto que não deixe sua qualidade de vida em segundo plano. Resumindo, os juros compostos permitem uma confiável e sistemática acumulação de riqueza ou, como dizem: “um ferro bem tomado”. A escolha é sua. 13 Capítulo 4 – Cartão de Crédito “Cartões de crédito são os junk bonds do mundo das finanças pessoais.” Warren Buffett Certa vez, ao passear no shopping com um casal de amigos e seu filhinho, presenciei uma cena curiosa. A criança pediu aos pais que comprassem algo e quando teve seu pedido negado, pois, segundo os pais, eles não tinham dinheiro naquele momento, ele soltou: “compra no cartão”! O cartão de crédito surgiu na década de 20 nos Estados Unidos. Naquela época o cartão era dado aos clientes mais fiéis das lojas, aqueles em quem o lojista confiava, acreditando que pagariam em dia. Contudo, o cartão que conhecemos hoje nasceu em 1950 quando Frank Macnamara esqueceu o seu dinheiro e talão de cheques quando almoçava em um restaurante, então teve a ideia: criar um cartão contendo o nome do dono que permitisse a ele comprar e pagar depois. Surgia assim o “Dinners Club International”. Inicialmente o cartão, feito de papel-cartão, era aceitoapenas em restaurantes e portado por pessoas importantes da época. Hoje em dia o cartão de crédito é bem menos restrito, mas será isso um benefício? Ou uma armadilha? Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio – CNC – mostra que 77% das famílias 14 endividadas deve ao cartão de crédito. Os juros médios do cartão em outubro de 2018 eram de 275,7% ao ano de acordo com o Banco Central. A título de comparação, o retorno médio anual da Berkshire Hathaway, empresa cujo CEO é Warren Buffett foi de 21,6% nos últimos 50 anos, o que permitiu ao seu maior acionista e CEO tornar-se o terceiro homem mais rico do mundo, chegou a ser o primeiro, por muito tempo. Veja a diferença dos juros usados contra você e a seu favor. O cidadão médio acredita que o cartão de crédito serve para permitir que ele compre objetos sem ter os recursos para isso. Essa função é uma deturpação do cartão, que deveria ser utilizado para facilitar o seu planejamento e não para te permitir consumir acima do que os seus recursos permitem. Comprar, sem ter o dinheiro para pagar, é andar numa corda bamba sem a rede de proteção. Sendo assim, aprenda a forma correta de utilizar o cartão. Inicialmente vem o desejo de comprar algo. A partir daí você precisa fazer uma análise: você tem o dinheiro? Se não tiver, aguarde juntar os recursos. Se tem, veja se consegue um desconto para a compra à vista. Tem desconto? Compre a vista. Não tem desconto? Parcele no maior número de parcelas possível sem acréscimo. A única exceção são os casos envolvendo a sua saúde ou de familiares. Neste caso se o cartão puder ajudá-lo, não importa como, siga em frente. O cartão de crédito, se bem utilizado, pode ser um grande aliado na organização das suas finanças, pois 15 permite a você acumular pontos para trocar por passagens aéreas ou por produtos. Manter o dinheiro investido enquanto paga as parcelas daquele produto em que durante a compra você não conseguiu desconto para pagamento a vista também é uma vantagem. Diferente do meu amiguinho do início do capítulo que ainda terá tempo para se educar financeiramente, quem sabe até com este livro, você precisa tomar uma atitude agora! Afinal, se você não souber utilizar o cartão de crédito de maneira inteligente acabará se enrolando com as dívidas que são o assunto do próximo capítulo. 16 17 Capítulo 5 - Dívidas “Se você é esperto não precisa fazer dívidas, se não é, não deveria fazê-las.” Warren Buffet As dívidas são um tema recorrente nas conversas de quase todos os brasileiros, por isso é inevitável abordá-las. Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo aponta que em torno de 2/3 dos brasileiros possuem alguma dívida indesejada, e esse número é alarmante! Contudo, por que as pessoas se endividam tanto? Alguns podem alegar que os brasileiros se endividam por ter uma renda baixa, mas aqueles que tem menor renda, em geral, não tem acesso ao crédito. A maior parte dos endividados pertencem à classe média e média alta. Os juros altos estão entre as causas, mas estão longe de explicarem a maior parte do endividamento. Falta de educação financeira e hábitos de consumo nocivos também estão entre os principais motivos. A falta de educação financeira faz com que os brasileiros consumam além de sua capacidade de pagamento utilizando empréstimos e financiamentos, as dívidas. E assim, sem planejamento, a inadimplência é quase certa. Nossa análise das causas do endividamento começa com um olhar sobre o comportamento humano. Você já deve ter ouvido a expressão: “a 18 grama do vizinho é sempre a mais verde”. As pessoas consomem uma infinidade de coisas simplesmente porque as outras pessoas de seu convívio social o fazem. Os americanos têm uma expressão para isso: “keep up with the Joneses”, acompanhar os Joneses em tradução livre. Ou seja, você quer ter os mesmos objetos caros e eletrodomésticos modernos dos seus vizinhos e amigos, os Joneses. Observar os sonhos e o padrão de vida da classe média brasileira revela muita coisa: O primeiro sonho é possuir uma casa, afinal, como diz o ditado: “quem casa quer casa”, não é mesmo? Ainda que só consiga isso ficando endividado por 30 anos ou mais. O sonho seguinte é possuir um carro. O maior e melhor que conseguir comprar, e, de preferência, melhor que o do vizinho. Dividido, naturalmente em 60 prestações ou mais. Outro objetivo é viajar ao menos uma ou duas vezes por ano (com pacotes divididos em 10 ou 12 vezes no cartão), mesmo que não goste dos lugares, mas todo mundo já foi, você não pode deixar de ir. Existem, também, aqueles que optam por gastar mais de um mês do seu suado salário para comprar um “smartphone” ou outro “gadget” mais moderno e tecnológico (mesmo utilizando apenas os recursos básicos). Este é o pensamento padrão do ser humano. Perceba que não há nada de errado em possuir um gadget, uma casa, um carro, muito menos em viajar. 19 O erro está na forma como as pessoas buscam concretizar estes objetivos e sonhos. Na ânsia por realizá-los, elas não analisam friamente os meios para isso. Não fazem contas e acabam entrando em consórcios, financiamentos ou outras linhas de crédito e, consequentemente, comprometem grande parte da sua renda com o pagamento de dívidas. Além disso, frequentemente, aposentados contraem dívidas para ajudar filhos e netos. Isso também vale para os servidores públicos. A facilidade para obtenção de crédito dessas pessoas atrai familiares e “amigos” da mesma forma que o açúcar atrai as formigas. Em consequência, os servidores públicos são os cidadãos mais endividados do Brasil. Apesar de possuírem renda acima da média do brasileiro, os gastos excessivos e a facilidade de acesso ao crédito somados a uma confiança em relação ao emprego culminam em endividamento. Para se ter uma ideia, em 2018, conforme dados divulgados pelo Banco Central, o servidor público devia em média R$ 15.700,00 na modalidade de empréstimo consignado, enquanto o trabalhador da iniciativa privada devia, em média, R$ 580,00. Empréstimo consignado é a modalidade de crédito pessoal em que o valor das parcelas é descontado automaticamente do contracheque ou do benefício pago pelo INSS. Servidor, autônomo ou empregado do setor privado, a sociedade não deve ditar a forma como você leva sua vida, ou gasta seu dinheiro, portanto 20 tenha seus próprios objetivos, pautados nos seus valores e nas suas vontades. Você adquiriu este livro porque está buscando educação financeira, mas você precisará trabalhar os seus hábitos de consumo para conseguir poupar e investir. De nada adianta saber apenas quais são as modalidades de investimentos se você não desenvolver a mentalidade adequada. Cabe ressaltar que o motivo para o endividamento é, muitas vezes, a visão equivocada de que caso você não faça uma dívida não será capaz de comprar algo. Esqueça essa mentira! Se você consegue comprar algo financiado, você consegue comprar à vista, já que à vista sai mais barato, pois, além de não pagar juros, você ainda recebe os rendimentos enquanto economiza para a compra. As dívidas só fazem sentido em casos extremos, como por exemplo, para a compra de medicamentos e outros itens relacionados à saúde ou para a compra de um bem indispensável à manutenção da sua atividade profissional. Ainda assim, devem ser contraídas da forma mais racional e responsável possível. As dívidas estão entre as maiores causadoras de divórcios no Brasil e são uma das maiores causadoras de depressão e suicídio no mundo. Famílias brigam e se desfazem por dívidas. Os grandes investidores e educadores financeiros sempre ressaltam o quanto as dívidas são negativas, e neste livro não poderia ser diferente. Se você deixar,as dívidas vão te arruinar. 21 O conselho mais básico quanto a isso é: jamais faça dívidas, mas, se a dívida for inevitável, quite o quanto antes. Os juros pagos ao fazer dívidas são uma ótima forma de enriquecer os acionistas do banco no qual você contratou o financiamento, mas não você. Sendo assim, como evitar entrar em dívidas? Existem algumas técnicas que discutiremos agora. A primeira delas é planejar suas compras com antecedência. Por exemplo, se você troca de carro a cada 5 anos, prática da maior parte dos brasileiros que possuem automóvel, já comece a poupar para a troca com base em uma estimativa. A desvalorização média de um automóvel é de 10% no primeiro ano contudo ao longo do tempo essa desvalorização vai reduzindo, em 5 anos, um veículo que custa 50 mil reais passaria a valer 31,9 mil reais, isso se estiver bem conservado. Sendo assim, seria adequado poupar um valor para a troca do veículo. Já que você terá os juros 22 trabalhando a seu favor e ao mesmo tempo a inflação trabalhando contra você, utilizaremos uma taxa real de 3,5% a.a., que é a média obtida, atualmente, em investimentos conservadores de renda fixa. Considerando um veículo dos mesmos 50 mil reais, o indivíduo deverá investir, no mínimo, algo em torno de R$ 277,07 por mês para comprar este automóvel. Para fazer a compra da casa própria em 20 anos existem duas possibilidades: contratar um financiamento ou poupar enquanto paga aluguel. Vamos analisar com números reais: consideraremos um imóvel de 300 mil reais que têm um custo de aluguel de R$ 900,00, realidade existente no ano de 2019 em Belo Horizonte, Minas Gerais. O investidor deveria poupar R$ 852,00, usando uma taxa de juros 3% acima da inflação durante 20 anos e pagar o aluguel no período para comprar a casa. Por outro lado, o indivíduo que optasse pelo financiamento pagaria, no mesmo período, considerando a taxa média de financiamento do Sistema Financeiro da Habitação, SFH, de 10,36% a.a., realidade de 2018, e o IOF de 0,0041%, uma parcela de R$ 3.903,00 aproximadamente, sem considerar eventuais seguros e títulos de capitalização empurrados pelo banco. Considerando a Tabela Price, esse valor totalizaria R$ 936.720,00, ou seja, 3 vezes o valor do imóvel. Aquele que optou por investir poupou, aproximadamente 204 mil reais e os juros fizeram o restante do serviço. Além disso, ele pagou de aluguel algo em torno de 324 mil, gastando no total 528 mil, 44% a menos. 23 Faremos uma outra simulação, considerando que o investidor dispusesse dos R$ 3.903,00 para moradia. Sendo assim ele pagaria R$ 900,00 de aluguel e pouparia R$ 3.003,00. Desta forma, os 300 mil reais seriam atingidos em 7 anos e 6 meses, sendo que estamos considerando taxas reais de 3% a.a. O histórico no Brasil dos últimos dez anos é de 4,5% a.a., o que tornaria a opção de poupar ainda mais atraente. Se conseguíssemos manter o histórico de 4,5% o tempo seria 7 anos e 2 meses. Lembre-se que no caso do financiamento imobiliário você terá uma dívida e será obrigado a pagar aquela prestação quer queira quer não. Caso não pague, poderá perder o imóvel e ficar endividado, pois o leilão do imóvel não conseguirá, necessariamente, quitar sua dívida. No caso da poupança somada ao aluguel, você gastará menos, terá flexibilidade em momentos de renda menor ou imprevistos e após 20 anos poderá comprar sua casa à vista pegando um imóvel mais novo ou melhor. Caso você consiga juntar o montante num período inferior aos 20 anos poderá comprá-lo antes. Outro problema em assumir um financiamento imobiliário é que este, normalmente, envolve vendas casadas, ou seja, ao adquirir um produto você leva outro conjuntamente. Sendo assim, ao custo da prestação teremos de somar, no mínimo, um seguro de vida, muito provavelmente um cartão de crédito do banco e um título de capitalização. Se, mesmo assim, você decidir pelo financiamento imobiliário, pague o mais rápido possível. Mantenha 24 uma reserva para emergências e todo o dinheiro extra que receber utilize para a quitação do imóvel. O financiamento imobiliário, apesar de arriscado, pode dar certo, pois pagando até o final, sem percalços, mesmo sendo a forma mais cara de comprar, você terá um imóvel. O financiamento de automóvel, por outro lado, devido ao alto custo e a depreciação do bem, é apenas uma forma de desperdiçar seus suados recursos ao pagar juros. A única exceção é o profissional que utiliza o veículo como ferramenta de trabalho. Evite financiamentos, esta é a moral da história. Sobre as viagens, planeje-se antecipadamente. Se sabe que vai viajar em dezembro, compre as passagens antes e junte o dinheiro que gastará nas férias. Não parcele pacotes de viagem a perder de vista ou pegue empréstimos para viajar. As dívidas crescem sozinhas. Se você cuidar, mas não resolver, voltam a crescer. Acabando com elas, mas não fazendo a prevenção, que é a reserva de emergência, elas voltam e podem tirar sua paz ou mesmo te arruinar. Algo muito parecido com uma neoplasia maligna, também conhecida como câncer. Se já está endividado, siga os seguintes passos: 1. Faça um orçamento avaliando todas as suas receitas e as despesas. 2. Verifique o quanto pode pagar de parcela das dívidas. 3. Vá ao banco e negocie. Faça parcelas dentro do montante que pode pagar. 4. Venda o que puder para quitar as dívidas. 25 5. Corte as despesas supérfluas, sem acabar com todo o lazer. 6. Mantenha apenas a reserva de emergência e utilize todo o dinheiro que entrar na quitação das dívidas. Outra “fria” na qual você não deve entrar é emprestar dinheiro para familiares e amigos. Não peça dinheiro emprestado para ninguém, respeite o trabalho da pessoa e os esforços dela para conquistar esses recursos. A única exceção, onde você pode emprestar, são os casos que envolvem problemas de saúde. Neste caso, avalie o quanto pode doar sem ser prejudicado e dê para a pessoa. Pode até falar que é um empréstimo, mas, internamente, conte como se fosse uma doação, ou seja, não espere receber de volta. Sob nenhuma hipótese empreste seu nome. É uma das poucas coisas piores que emprestar dinheiro. Pessoas perdem tudo, absolutamente todo o patrimônio: casa, carro e até valores aplicados por terem emprestado o nome. Quando vierem te pedir dinheiro emprestado indique o endereço da agência bancária ou financeira mais próxima. Se vierem pedir seu nome emprestado negue educadamente. Se, por qualquer motivo, você fez um empréstimo com amigos, colegas de trabalho ou familiares: pague. Pague antes do combinado e mais do que o valor combinado, assim, a pessoa terá certeza da sua honestidade. E, sob hipótese nenhuma, se chateie com alguém que não te emprestou dinheiro. 26 A última e mais importante técnica que te auxiliará a não entrar em dívidas ou se meter em problemas, e a se preparar para imprevistos financeiros, é formar e manter uma reserva de emergência, conforme veremos no próximo capítulo. 27 Capítulo 6 - Reserva de emergência “Você precisa ter um dinheiro para caso alguma coisa aconteça.” Maria de Lourdes (Minha avó) Você já passou por algum imprevisto? Precisou comprar remédios que não estavam nos planos? Teve de socorrer algum familiar ou amigo em uma enrascada? Precisou fazer um conserto inesperado no automóvel? Bateu o seu carro e precisou pagar a franquia do seguro? Ficou desempregado? Se passou por qualquer uma dessas situações, precisou de uma reserva de emergência. Se não passou, pode ter certeza, algum dia vai passar. A reserva de emergência é assunto obrigatório em todo e qualquer livro que se atreva a tratar do tema finanças pessoais e não poderia estar de fora deste. Os autores dão os mais diversos nomes para a famosa reserva: colchão de liquidez,capital de giro pessoal, patrimônio de segurança etc. Trataremos dela como reserva de emergência. De acordo com dados divulgados pelo Banco Central em 2016, apenas 46% dos brasileiros declaram ter de onde tirar o dinheiro para cobrir uma emergência no valor de R$ 1.520,00. Destes, apenas 14% conseguiriam arcar com a despesa utilizando recursos próprios. Os demais precisariam recorrer a instituições financeiras. Ou seja, apenas 6,44% da população possui uma reserva de emergência igual ou superior a R$ 1.520,00. 28 Antes de falarmos em quantidade, valores, formas de calcular ou mesmo onde aplicar o dinheiro, vamos falar sobre o significado da reserva. A melhor descrição que ouvi até hoje foi a da minha avó, Dona Lourdes: “você precisa ter um dinheiro para caso alguma coisa aconteça”. A definição está perfeita, contudo poderíamos acrescentar o termo imprevista, já que para situações previsíveis devemos nos planejar. O objetivo da reserva de emergência é te dar uma cobertura para caso algo imprevisível venha a acontecer, como por exemplo desemprego involuntário, pagamento da franquia do seguro de automóvel, manutenção mais cara na casa ou carro, doenças, exames ou cirurgias que não são cobertos pelo plano de saúde etc. Os exemplos são quase infinitos e nem todos são ruins. A oportunidade de comprar as passagens para a viagem dos seus sonhos ou o ingresso do show que você tanto deseja ir pela metade do preço são só alguns dos exemplos de situações positivas em que a reserva de emergência pode te ajudar a realizar um objetivo. Pessoas racionais avaliam os riscos e tentam atenuá-los. A função da reserva de emergência é atenuar os riscos ligados ao dinheiro, que, convenhamos, não são poucos. Entendido o objetivo da reserva, fica uma importante pergunta: quanto? Os livros trazem os mais diversos valores. Alguns autores sugerem 3 vezes as despesas mensais, enquanto outros sugerem 6 ou 12 meses das despesas mensais da família. Vejam, o valor é 29 baseado nas despesas e não no salário ou receitas. Suas DESPESAS DEVEM SER MENORES DO QUE SUAS RECEITAS, salvo em alguns momentos específicos nos quais a reserva deverá te ajudar a manter o equilíbrio. Avalie sua realidade, autônomos, profissionais liberais e pessoas com muitos dependentes precisam de uma reserva maior, pessoas com apenas uma fonte de renda precisam de uma reserva maior do que aquelas com múltiplas fontes de renda. Enquanto jovens solteiros que vivem com os pais podem se dar ao luxo de ter uma reserva menor um pai de família que sustenta 3 filhos não. O tamanho da sua reserva de emergência irá variar de 6 a 12 meses de despesas. Caso queira uma reserva maior do que os 12 meses, não há problema. O teste do travesseiro sempre será um bom conselheiro neste caso. Na dúvida tenha uma reserva maior pois, assim como canja de galinha, não faz mal a ninguém. Definido o tamanho da reserva de emergência, vem a próxima pergunta: onde aplicar o meu dinheiro? Não há uma resposta definitiva para esta pergunta, mas devemos entender que todos os investimentos são analisados sob 3 óticas: liquidez, rentabilidade e segurança. Quando tratamos da reserva de emergência o foco é a liquidez (facilidade de converter um investimento em dinheiro) e a segurança, portanto devemos, neste caso, desconsiderar a rentabilidade. Sendo assim, não sobram tantas opções: caderneta de poupança, fundo DI ou Certificado de Depósito Bancário (CDB), todos em 30 bancos sólidos, com liquidez imediata e, se possível, resgate automático na conta corrente. Uma forma de saber se um ativo serve como reserva de emergência ou não é responder a seguinte pergunta: consigo sacar esse dinheiro no final de semana? Sim, serve. Não, não serve. Alguns educadores financeiros te dirão que o Tesouro Selic é um bom investimento para a reserva de emergência. Isso não é uma verdade, mas também não é algo totalmente falso. O Tesouro Selic não é adequado para manter toda a reserva de emergência pois, o Tesouro Direto, fica indisponível esporadicamente, seja por questões de manutenção, seja por instabilidades econômicas, e, além disso, sua liquidez é D+1, trocando em miúdos, resgatou hoje, recebe o dinheiro amanhã. Porém, caso sua reserva seja maior do que 3 meses de despesas, você pode optar por aplicar o que exceder os 3 meses no Tesouro Selic. Mas lembre-se que no mínimo 3 meses de despesas deverão estar em uma renda fixa de altíssima liquidez no seu banco de relacionamento. Antes de criar a sua reserva não faça outro tipo de investimento e não compre imóvel, ou carro (a não ser que precise para trabalhar como taxista ou motorista de aplicativo, por exemplo). Concluída a sua reserva de emergência, chegou a hora de ensiná-lo a se proteger de alguns infortúnios. Por isso, trataremos dos seguros. 31 Capítulo 7 – Seguros “O seguro morreu de velho.” Ditado popular Os seguros são importantes aliados para os investidores e para os cidadãos comuns que não investem. A cultura de contratar seguros é bem enraizada na América do Norte e Europa, porém ainda engatinha no Brasil. Existem seguros para os mais variados riscos: vida, propriedade, aí inclusos o seguro de casa e o do carro, seguro contra erros profissionais, em especial erros médicos, dentre outros. Começando pelo seguro do carro, este é essencial para protegê-lo tanto da criminalidade que assola o país, quanto de você mesmo que pode cometer erros ao volante e gerar um acidente. Imagine que você está dirigindo distraidamente e bate em um carro de luxo. Feito o orçamento para o conserto percebe-se que este superou o valor do seu automóvel. O que fazer? É um problemão, não é mesmo? Apenas 30% dos automóveis brasileiros estão segurados. De acordo com pesquisa divulgada pela Confederação Natural das Seguradoras – CNSeg, são mais de 30 milhões de automóveis não segurados. O seguro de automóvel pode parecer caro, mas experimente ser roubado ou bater em um carro de luxo sem o seguro e descubra o que sai mais caro. 32 Em seguida vem o seguro de casa, que é uma excelente proteção tanto para o imóvel em que você mora quanto para seus imóveis alugados para terceiros. O valor do seguro custa algo em torno de 250 reais anuais e a cobertura normalmente engloba roubo, danos elétricos, vendaval, inundação e responsabilidade civil familiar. O seguro de vida é ideal para aqueles que possuem dependentes incapazes de gerar renda e que ainda não têm um patrimônio formado, capaz de sustentar seus entes queridos. Enquanto você forma o seu patrimônio, o seguro de vida pode te dar mais tranquilidade e ajudar a proteger sua família em caso de uma fatalidade. Outro seguro que vem se popularizando é o educacional, onde o segurado tem algumas mensalidades da faculdade pagas em caso de desemprego involuntário. Este, a princípio, parece fazer sentido apenas para aqueles que estão nos períodos finais da faculdade, como o último ano por exemplo, posto que, no geral, não cobrirão o curso inteiro. Temos também o seguro contra erros médicos, muito popular no mundo, mas pouco conhecido no Brasil. Ele se pauta nas seguintes premissas: primeira, todos estão sujeitos a erros por mais experientes e preparados que sejam e segunda, ainda que o médico não tenha cometido um erro, o juiz pode não entender assim, então em algumas especialidades médicas o seguro pode ser um grande aliado. 33 No mercado são encontrados até mesmo seguros para atletas. Os clubes contratam estes seguros para o caso de uma contusão mais séria ou algum acidente durante os jogos. Os próprios atletas contratam seguros para o caso de impossibilidade de seguirem na profissão por problemas de saúde. Por fim temos o seguro para aparelhos celulares ou “smartphones”, mas estes não são recomendadospelo Procon, pelo contrário, o consumidor é aconselhado a não contratar devido ao elevado preço, além das mais diversas restrições na hora de indenizar o segurado, como por exemplo a ausência de cobertura contra furto. Uma coisa essencial na hora de contratar o seguro, aliás, na vida como um todo, é não mentir. Seja honesto, não diga que é a sua avozinha quem dirige o carro, ou que você não usa o carro para ir trabalhar sendo que na verdade você é um motorista de aplicativo. A maioria dos segurados que não recebem a indenização pelo sinistro são aqueles que mentiram para as seguradoras. Sinistro é o fato coberto pelo seguro, como por exemplo batida de carro, falecimento ou incêndio no imóvel. Por outro lado, prêmio é o valor pago pelo segurado (você) à seguradora (Porto seguro, Alianzz, Azul, BB Seguridade, HDI etc) em troca da cobertura do risco. Agora que você entendeu a importância de montar sua reserva de emergência e de contratar os seguros para se proteger, vamos transformá-lo em um 34 investidor e para isso, começaremos desconstruindo alguns preconceitos. 35 Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos “Riqueza é aquilo que você acumula e não aquilo que você gasta.” Thomas J. Stanley Antes de falar das opções de investimento, neste capítulo tentaremos desconstruir conceitos e crenças erradas que limitam o desenvolvimento do indivíduo e sua transformação em investidor. Não é possível se tornar um investidor ou construir patrimônio sem desconstruir tais conceitos. Uma primeira ideia equivocada é associar a riqueza e os milionários a ostentação, mansões e carros importados. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos e divulgada no livro “O Milionário Mora ao Lado”, de Thomas J. Stanley e William D. Danko, mostra que os hábitos dos milionários são muito diferentes do que se imagina. Um dado interessante é que, diferente do que a maioria espera, 80% dos milionários não recebeu herança dos pais. Outra curiosidade é que a maioria dos milionários leva uma vida frugal e dão mais importância à independência financeira do que à ostentação. Ou seja, todos aqueles indivíduos que você vê em revistas e na televisão com itens de luxo são exceção entre os mais ricos, e não regra. Um fator que atrapalha, e muito, a construção de patrimônio pelas pessoas é o medo, medo de se corromper, medo de ser sequestrado ou de causar 36 inveja nas pessoas. É preciso entender o porquê de as pessoas negligenciarem tanto a construção do patrimônio. O Brasil é um país onde a pobreza e a vida simples são vistas como naturais e inerentes à realidade do cidadão. Não a vida simples por opção, mas aquela imposta pela falta de recursos. Isso é uma questão cultural e, sendo assim, fugir dessa forma de pensar não é fácil. Possuir patrimônio, para alguns, seria motivo para vergonha, afinal a maioria das pessoas é pobre, não é mesmo? Por outro lado, se você conseguir superar este preconceito, perceberá que o patrimônio te traz uma série de possibilidades e acima de tudo liberdade de escolha para não trabalhar com algo que não goste ou concorde, não trabalhar todos os dias da semana, para viajar, descansar, levar uma vida simples por opção ou mesmo consumir mais. A liberdade financeira proporcionada pelo patrimônio pode te permitir ajudar familiares, desconhecidos ou amigos que passam por alguma situação difícil, por exemplo. Ou simplesmente não fazer nada, se preferir assim. Vamos tratar de algumas falácias ligadas ao dinheiro. Para quem não sabe, falácia é uma mentira defendida com argumentos verdadeiros ou, ao menos, bastante convincentes. 37 Falácias Caixão não tem gavetas – A despeito do que dizem sobre caixões não terem gavetas, alguns modelos de fato o têm, mas em especial, deixar recursos financeiros de herança para familiares é uma demonstração de preocupação e carinho, em especial com o cônjuge e outros dependentes que não têm como se manter após o seu falecimento. Existem diversas histórias onde heranças causaram brigas nas famílias, mas tantas outras onde, pela falta dela, com a morte do provedor da família, veio a miséria e problemas sérios para os familiares e dependentes. Deixar recursos financeiros é importante, mas de nada adianta se não deixar educação. Quem poupa não vive – Se dissessem: quem poupa não vive preocupado com dinheiro deixaria de ser uma falácia. Poupar é essencial. Aquele que poupa compra mais, com menos. Por exemplo: o indivíduo que financia um carro de 50 mil reais pagará em média 70 mil por este automóvel enquanto aquele que poupou para adquirir o veículo gastará não mais do que algo entre 40 e 45 mil reais, dependendo do tempo. Ou seja, quem poupa consome mais com os mesmos recursos, ou consome a mesma coisa gastando menos recursos. É normal ter dívida, todo mundo tem – Assim como é normal fumar. Grande parte da população fuma ou bebe mais do que deveria e nem por isso estes hábitos passaram a ser saudáveis. 38 Vai que eu morro amanhã, melhor gastar hoje – Se você morrer, tecnicamente não faz diferença nenhuma se gastou ou poupou. O problema é se não morrer, como acontece com a maioria das pessoas, já que a expectativa de vida no Brasil ultrapassa os 70 anos. O indivíduo que chega a terceira idade sem poupança e sem recursos está fadado a depender de familiares, de caridade ou do Estado. É difícil dizer o que é pior. Não tenho tempo para estudar sobre investimentos – Existe uma ilusão de que para investir é necessário estudar muito ou ter muito dinheiro. Sim, é necessário algum estudo, mas nada que passe de algumas poucas horas semanais inicialmente, mensais e por fim, até mesmo, anuais. Conheço um fulano que poupou, poupou e morreu sem aproveitar a vida – Para cada um destes indivíduos existem alguns milhares que não pouparam e morreram na miséria ou, pior, morreram por falta de recursos para tratar da própria saúde. Ter muito dinheiro só atrai coisa ruim – Não ter dinheiro nenhum atrai coisas piores como a miséria e a fome. Dinheiro é um instrumento que pode ser usado para o bem ou para o mal. Minha mãe ou pai não me ensinaram – A maioria dos pianistas, médicos, atletas profissionais e engenheiros não são filhos de pessoas com a mesma profissão. Se todos esperassem aprender tudo dos pais a humanidade estaria perdida. Meu marido ou esposa não colabora na administração – Sente e converse com seu cônjuge. 39 Entenda os sonhos e objetivos do seu companheiro ou companheira. Se não conseguirem construir nada juntos é bastante provável que precisem compartilhar a miséria na terceira idade. Tenho filhos – Mais um motivo para poupar! Seus filhos precisarão de ajuda para os estudos, especializações e outras exigências cada vez maiores do mercado de trabalho. Não tenho filhos – Aproveite para poupar! Para você é mais fácil nesse momento, afinal não tem gastos obrigatórios com escola, fraldas e outros custos ligados aos cuidados com uma criança. Ganho pouco. Quando meu salário aumentar, eu começo – se for esperar seu salário subir você vai morrer e não vai juntar nada, pois quando a remuneração aumentar você dirá que seus gastos aumentaram mais ainda. Ganho demais – Se você ganha muito esse é um motivo maior ainda para poupar! Indivíduos com salários muito altos tem mais dificuldade em conseguir uma recolocação similar no mercado de trabalho em caso de demissão involuntária. Pense nisso. Aproveite seu poder de geração de renda para aumentar seu poder de poupança. Sou funcionário público, o meu é garantido, não preciso poupar – Servidores já ficaram por mais de 8 anos sem reajuste tendo sua renda reduzida devido a inflação. Recentemente presenciamos os servidores de Minas Gerais com salários atrasados e parcelados, servidores do Rio de Janeiro sem receber o décimo 40 terceiroe muitas outras situações não imaginadas antes por tais profissionais. Portanto, poupe! Sou estável – Estabilidade pode ser perdida. Mais de uma vez regimes estatutários foram alterados em nosso país. Além disso, países como a Grécia tiveram de demitir servidores públicos devido ao déficit público. Sou autônomo – Um dos maiores motivos para poupar é ser autônomo ou empresário dada à incerteza de sua renda. Com um dinheiro guardado você poderá normalizar sua renda em períodos de queda na demanda pelos produtos e serviços da empresa e, consequentemente, ficar menos estressado. Dá trabalho ter que cuidar de dinheiro – Dá mais trabalho administrar a miséria. Com pouco estudo é possível começar uma carteira de investimentos. Quem tem dinheiro é infeliz – Experimente passar fome ou não ter onde morar. O Dinheiro não traz felicidade, mas possibilita que você não passe por situações que tirariam a sua, como por exemplo a falta de um medicamento para você e seus filhos. Descontruídos estes argumentos, talvez você consiga pensar em algum outro, ou diga: “É fácil falar, o difícil é fazer”, mas toda jornada começa com um primeiro passo, e no caso de acúmulo de patrimônio e tranquilidade financeira é aderir ao “mindset” correto, ou seja, à mentalidade adequada. 41 Capítulo 9 - Construindo um investidor “Você é o que repetidamente faz. Excelência não é um evento, é um hábito.” Aristóteles Como construir um investidor do zero? Como transformar um indivíduo que saiu da situação de endividado ou encontra-se no sistema gasta tudo o que ganha, há muito tempo, em um investidor? Este capítulo pretende apontar quais os ingredientes necessários para alcançar este objetivo. Ingredientes 1 e 2 – Administrar e fazer dinheiro Existem dois talentos ou habilidades que podem ser desenvolvidos e ajudam muito o investidor a construir seu patrimônio: administrar e fazer dinheiro. A habilidade de administrar o dinheiro é aquela que te leva a fazer um uso ótimo dos seus recursos. Você provavelmente já ouviu falar de um trabalhador rural, servente, faxineira, secretária ou de algum outro profissional, normalmente mal remunerado que, mesmo tendo todas as probabilidades contra ele, comprou a casa própria à vista ou conseguiu construir um bom patrimônio. Esses indivíduos são dotados de uma habilidade acima da média para administração. A maioria deles nunca leu um livro de finanças (assim como a maioria da população em 42 geral), nem usou nenhum investimento mirabolante, mesmo assim conseguiu grandes feitos financeiros. Por outro lado, todos temos um conhecido, amigo ou familiar que, apesar de todas as facilidades, recebendo heranças, negócios da família e com profissões muito bem remuneradas, não construíram nada, ou pior, perderam o que a família tinha. Para estes faltaram habilidades mínimas de gestão e educação financeira. Então, será que é uma questão genética? Ou seja, alguns são favorecidos e nascem com a habilidade de administrar e outros não? Naturalmente, não. Muitos não nascem com a habilidade de administrar seus recursos, mas aprendem ao longo da vida, estudando e buscando informações. Outros nascem em alguma família com uma forte tradição de educação financeira e boa gestão dos recursos. Pode-se dizer que nesse caso a sorte teve um papel essencial. Por fim, algumas pessoas nascem em situação de extrema dificuldade e pobreza onde a preocupação com a sobrevivência é tudo o que resta, ficando a administração dos recursos em segundo, terceiro, quarto ou quinto plano. A habilidade de fazer dinheiro é a que te faz ter mais recursos à disposição para investir ou gastar. Os americanos, quando recebem seus salários, dizem que estão fazendo dinheiro (making money), enquanto os brasileiros usam o termo ganhar dinheiro. A diferença pode parecer pouca, mas quando você diz ganhar dinheiro é como se alguém estivesse te fazendo um favor, seja seu chefe ou a 43 empresa onde trabalha. Essa visão desconsidera tudo o que você fez para gerar aqueles recursos para a empresa. Afinal, via de regra, só faz sentido para alguém te contratar se o retorno que ela obterá com seu trabalho for maior do que o quanto ela te paga. Caso contrário, seria mais vantajoso ficar sem você. Fazer dinheiro depende, principalmente, das habilidades profissionais do indivíduo. Apesar de não podermos desprezar a influência da sorte na carreira dos profissionais, se você for o melhor em qualquer profissão ou um dos melhores terá uma remuneração acima da média. Se você tiver algum talento extra, como por exemplo fazer artesanato, ministrar aulas de inglês, falar em público, dirigir bem ou preparar bolos, pode obter uma renda extra que, talvez, se torne sua renda principal em algum momento. De um jeito ou de outro é importante que você busque desenvolver as duas habilidades. Alguns terão mais facilidade em fazer dinheiro, outros em administrar, mas todos precisam aprender essas duas coisas e serem os melhores administradores e profissionais que conseguirem. O caminho para administrar melhor é a educação financeira, que se obtém com estudo, estudo e mais estudo. 44 Ingrediente 3 – Poupança ou “savings rate” “Poupe primeiro e viva com o que sobrar.” Warren Buffett O terceiro, porém, mais importante ingrediente da fórmula, é a poupança. O indivíduo deve poupar algum percentual de sua renda, ou seja, ganhar mais do que gasta. Não tem como fugir. Especialistas costumam recomendar ao menos 10%, mas aqui não entraremos em percentuais. Basicamente: quanto mais, melhor, desde que não perca sua qualidade de vida. O “savings rate” ou o percentual da renda poupado é o indicador que vai definir em quanto tempo o investidor terá sua tranquilidade financeira. Quanto mais você poupar, em relação a sua renda, mais rápido conseguirá se aposentar por conta própria, sem depender do governo, bancos ou parentes. A fórmula é a seguinte: Valor poupado ÷ Renda Total Especialistas americanos desenvolveram esta fórmula de saque seguro com base no retorno dos seus investimentos e no seu “savings rate”, quanto você poupa. Veja a Tabela 1: 45 TABELA 1 Nesta simulação utilizamos uma taxa de juros real, ou seja, acima da inflação, de 3% a.a. (ao ano) e o retorno nominal, aquele que não considera a inflação, é de 6,5% a.a., taxa Selic de 2019. Sendo assim, um indivíduo que poupa 10% da renda precisaria poupar 48 anos e um que poupa 90%, 3 anos e meio. Não temos controle sobre o retorno nominal ou real dos investimentos. O controle sobre esses pontos é muito pequeno e o percentual de poupança tende a variar muito ao longo da vida, sendo, em alguns períodos, altíssimo e em outros, muito baixo. A única coisa sobre a qual temos controle de fato é a constância do aporte e a disciplina para isso, o que torna estas fórmulas pouco válidas para a maioria. Sem dúvida um indivíduo que ganha 10 mil e poupa 5 mil terá mais tranquilidade na aposentadoria do 46 que um que, recebendo 50 mil, poupa 5 mil, pois manter o padrão de vida que tem um custo de 45 mil demandará um patrimônio muito maior. Um cálculo atuarial feito por um grande banco brasileiro chegou a seguinte conclusão: o ideal é que o investidor poupe, no mínimo um percentual da renda que represente sua idade menos 10, por exemplo: O indivíduo que decide começar a poupar com 30 anos de idade deve poupar 20% da renda até os 60 anos, por outro lado aquele que começa aos 20 precisaria poupar apenas 10%. O recado sobre poupança é simples: poupe o máximo que você puder sem prejudicar sua qualidade de vida. 47 Ingrediente 4 – Disciplina “Os grilhões do hábito são leves demais para serem sentidos, até que ficam pesados demais para serem rompidos.” Warren Buffett Passadopelos primeiros ingredientes, seguimos para o quarto, disciplina. A disciplina é sem dúvida um dos maiores diferenciais dos indivíduos bem- sucedidos em quaisquer áreas. O investidor deve ter disciplina para não se endividar desnecessariamente e para aportar independentemente do cenário político, econômico ou dos momentos pelos quais ele pode passar em sua vida pessoal. Vamos analisar o resultado de um aporte de 250 reais ao longo de 40 anos. Neste caso vamos desconsiderar a inflação, pois utilizaremos uma taxa de juros real, ou seja, já com a inflação descontada, de 3% a.a. Dados: Tempo: 40 anos, ou 480 meses. Rentabilidade real (acima da inflação): 3% a.a. Aporte mensal: R$ 250,00. Este investidor terá R$ 229.297,48, o valor de um apartamento em algumas cidades médias brasileiras. Mesmo aqui na região metropolitana de Belo Horizonte encontramos apartamentos por este preço. Lembrando que, como este valor já considera a inflação, esse seria o poder de compra do montante dele no momento do saque. Caso o investidor consiga 48 um retorno real maior, o valor será maior, mas este é o retorno médio real (histórico) da renda fixa. Em 2020 tivemos os menores juros da história do país, chegando a ter juros reais negativos, o que não deve se manter no longo prazo. Indo além, o indivíduo que investiu 250 reais ao mês de janeiro 1995 até dezembro de 2018 em ações do banco Itaú e reinvestiu os dividendos formou um patrimônio de mais de 2 milhões e 125 mil reais. E hoje recebe mais de 150 mil reais por ano na forma de dividendos. 49 Ingrediente 5 – Paciência “Não se pode fazer um filho em um mês engravidando 9 mulheres.” Warren Buffett Em uma ilha fluvial, localizada na Índia, Majuli, um único homem, plantou uma floresta maior do que o “Central Park” que está localizado em Nova York. Ele fez isso plantando ao menos uma árvore por dia durante 40 anos. Por fim, temos o último ingrediente: paciência! Muitos são os investidores que começam bem, aportam em renda fixa, renda variável, compram títulos públicos, ações e fundos imobiliários, mas desanimam com o tempo e sacam tudo para a compra de um carro zero ou uma casa na praia. Existem casos de investidores que param de investir por preguiça de preencher a declaração anual do imposto de renda. Não desanime! Além disso, a pressa por obter resultados leva muitos investidores a se expor a riscos desnecessários, o que pode ter o efeito oposto ao desejado, como a queima do patrimônio e o consequente empobrecimento do investidor. O processo de construção de patrimônio é lento e, por vezes, chato. Em alguns momentos nada será feito, nenhuma mudança na carteira, nenhuma compra de ativo mirabolante, absolutamente nada além de aportar todos os meses, religiosamente. Conforme já dito por vários grandes investidores, na verdade, investir de maneira inteligente é mais ou 50 menos como ver a grama crescer, bastante entediante. George Soros, bilionário e gestor de fundos, brilhantemente, disse: “se você está se divertindo ao investir você provavelmente está fazendo algo errado”. 51 Capítulo 10 - Por que investir afinal? “Antigamente o indivíduo aposentava e ia se tornando um indigente, hoje em dia ele já se aposenta como indigente.” Luiz Barsi Filho Um dos meus episódios favoritos do seriado Os Simpsons é o especial de Natal. Ao final das comemorações, Homer pensa em organizar os longos fios de pisca-pisca, contudo, decide que isso é um problema do Homer do futuro. Em um piscar de olhos o tempo passa e resta ao Homer apenas se virar com os problemas que ele mesmo criou. Quando você não investe cria um problema para o “você do futuro”. A previdência pública ainda hoje é o que sustenta a maior parte dos aposentados brasileiros. O benefício médio pago ao aposentado ou pensionista brasileiro, em abril do ano de 2020, era de R$ 1.349,68 (um mil trezentos e quarenta e nove reais e sessenta e oito centavos), sendo que, a grande maioria recebia 1 salário-mínimo. Valor insuficiente para que muitos consigam sustentar suas famílias. Nos moldes atuais, a previdência social lembra muito um esquema “Ponzi” ou uma Pirâmide Financeira, onde os trabalhadores “ativos” pagam o benefício dos aposentados ou “inativos”. Uma das principais características dos esquemas de pirâmide é que eles não são sustentáveis. Uma hora o número de entrantes deixa de ser o bastante para arcar com os custos daqueles que recebem o dinheiro. 52 A cada dia existem menos trabalhadores “contribuindo” para a previdência social e mais aposentados. A causa é uma queda nas taxas de natalidade somada ao crescimento na expectativa de vida. Pessoas vivendo mais e por outro lado menos receitas para sustentar estas pessoas. Existe muita polêmica e discussão acerca do déficit da previdência. Qual o seu tamanho? Como resolvê- lo? Será culpa de má administração do governo? Dos grandes devedores? Será uma ficção? Não entraremos nessa discussão, pois não faz diferença alguma para você que vai construir um patrimônio para sustentá-lo na aposentadoria, independentemente do governo. Enquanto investidor você não deve contar com a previdência pública. Conforme foi dito pelo bilionário, investidor, Luiz Barsi Filho, “antigamente o cidadão aposentava e aos poucos ia se tornando um indigente, agora já se aposenta como indigente”. Os fundos de pensão, apesar de uma iniciativa louvável, possuem um risco alto, pois nunca se sabe quais os interesses dos gestores. Recentemente um grande fundo de pensão responsável pelos recursos dos empregados de uma empresa pública quase quebrou por investir em títulos de países em situação complicada, incapazes de honrar seus compromissos. A aposentadoria desses beneficiários sofreu um duro golpe, uma queda considerável. Melhor do que atribuir a outros a responsabilidade pela sua aposentadoria é preparar você mesmo as condições para uma terceira idade mais tranquila. 53 De acordo com o HSBC, em pesquisa feita sobre a aposentadoria no mundo, 60% dos idosos esperam que seus familiares ajudem a arcar com suas despesas na terceira idade. No entanto, a mesma pesquisa revela que mais de 50% dos familiares de idosos “inativos” são auxiliados financeiramente por estes senhores e senhoras aposentados. A conta não fecha. Segundo pesquisa do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, 15% dos idosos com mais de 65 anos no Brasil não possuem nenhuma fonte de renda. Na mesma pesquisa, 64% dos brasileiros entrevistados revelam que nunca pouparam para a aposentadoria. Questionados entre poupar para uma viagem de férias ou para a aposentadoria, 49% escolheram a viagem, enquanto 43% escolheram a aposentadoria e 8% não souberam responder. Ainda mais alarmante, 51% dos jovens brasileiros disseram que nunca pensaram na aposentadoria. Nunca pensaram nisso! Outra pesquisa mostra que de cada 100 brasileiros apenas 4 separam parte dos seus ganhos para os anos finais. O índice é o mais baixo de todo o continente americano e um dos piores do mundo. Em levantamento de 143 países feito pelo Banco Mundial, só 11 países estão abaixo do Brasil, como por exemplo Níger, Somália, Iémen e Sudão. Infelizmente esta mesma pesquisa mostra que apenas 1% dos idosos brasileiros conseguem se manter sem depender de familiares ou do Estado. 54 Por fim temos a pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC – que revela que mesmo entre os pertencentes a classe A, composta por pessoas com renda acima de 20 salários-mínimos, apenas 3 em cada 10 pessoas poupam pensando na aposentadoria, derrubando a ideia de que o brasileiro não poupa exclusivamente devido à baixa renda. Cabe à geração atual mudar esta realidade. A principal ferramenta para essa mudança, adivinhem só, é a educação financeira.Resumo Faça um levantamento das suas receitas e despesas. Saiba o que realmente importa para você, seja ter tranquilidade financeira, um carro, uma casa ou viajar. Gaste menos do que você ganha. Receitas > Despesas. Evite fazer dívidas, só faça se for inevitável. Não compre nada com o intuito de impressionar os outros. Monte uma reserva de emergência. De 6 a 12 vezes as suas despesas mensais com alta liquidez. Construa um patrimônio para não depender do governo ou de familiares na terceira idade. Proteja seu patrimônio com seguros adequados às suas necessidades. Não busque apenas o seguro mais barato. Livre-se dos seus preconceitos em relação ao dinheiro. 55 Parte 2 – Investimentos “Uma operação de investimento é aquela que promete a segurança do principal com o retorno adequado sobre o capital investido.” Benjamin Graham Para Benjamin Graham, pai do “value investing” – investimento em ativos de valor – tudo o que foge da definição a seguir não é investimento: “Uma operação de investimento é aquela que promete a segurança do principal com o retorno adequado sobre o capital investido.” Todo o resto pode ser algum tipo de especulação ou aposta, mas não investimento. Uma outra famosa explanação sobre o que é investir é a de Warren Buffett – maior investidor da história e um dos homens mais ricos do mundo: “Investir é postergar o consumo presente para poder consumir mais no futuro e só existem duas perguntas, quando e quanto (a mais)”. A definição de Buffett, apesar de mais simples, ainda não nos traz um conceito muito prático. Deixarei minha própria definição e em seguida vou explicá-la para que compreendam a minha visão sobre o que é investimento. Longe de tentar superar as definições dos dois grandes mestres dos investimentos, pretendo complementá-las e deixar os leitores mais aptos a entender o que é e o que não é investimento. Investimento é uma operação onde o indivíduo, denominado investidor, se abstém de consumir no 56 presente fazendo poupança para o futuro e busca remunerar seu capital poupado comprando ativos de valor sobre os quais estudou e, consequentemente, tem conhecimento. Este investidor espera um retorno sobre o investimento e está ciente dos riscos envolvidos na operação. Nada muito diferente do que o Graham falou, correto? Sim, mas é importante ter atenção em relação aos riscos. O verdadeiro investidor sempre sabe dos riscos que está incorrendo ao investir em seja lá o que for. Aqueles que olham apenas os retornos não são investidores, são apostadores. Os investimentos são subdivididos em 2 classes: os ativos de renda fixa e os de renda variável. Na renda fixa a remuneração é previamente definida, sendo um valor específico ou algum indexador, como a Selic ou o CDI. Por outro lado, a renda variável, representada pelas ações, imóveis e fundos de investimento imobiliários, dentre outros ativos, depende da economia e de condições intrínsecas aos negócios e mercados dos quais fazem parte para remunerar o investidor. Outra subdivisão é em relação ao objetivo do investimento. Neste caso temos os ativos de reserva financeira, de crescimento e de geração de renda. Reserva financeira é a categoria dos ativos de maior liquidez, normalmente utilizados como reserva de emergência ou para cumprir objetivos específicos, como, por exemplo, a troca do carro ou da casa. Crescimento é a categoria dos ativos que tendem a crescer acima da inflação com o passar dos anos, de 57 preferência com ganhos expressivos. As ações, os títulos atrelados à inflação e até mesmo imóveis e terrenos bem localizados são os ativos de crescimento mais conhecidos. Por fim temos os ativos geradores de renda. Estes ativos pagam uma renda mensal, semestral ou mesmo anual para o investidor. Os mais conhecidos são os imóveis alugados, os fundos de investimento imobiliários e as ações. Uma boa carteira de investimentos tem ativos com os três objetivos informados, porém sempre focando em ativos de valor. E o que seriam ativos de valor? São aqueles que possuem valor intrínseco: um imóvel bem localizado, um título de renda fixa emitido por uma instituição sólida, seja pública ou privada, fundos de investimento imobiliários com bons imóveis e uma boa gestão, ou a ação de uma empresa que gere lucros e fluxos de caixa. A grande habilidade que deve ser desenvolvida pelo investidor é enxergar o valor nos ativos. É esse talento que, em última instância, separa os bons investidores dos demais. Como dizem: é essencial saber separar o joio do trigo, por isso observaremos alguns falsos investimentos que são sempre oferecidos pelas mais diversas instituições, começando por um velho conhecido de todos nós: O automóvel. Veículos não são investimentos, servem para te levar de um lugar para o outro, em alguns casos te ajudam a ter mais dinheiro já que 58 você pode transformá-los em ferramentas de trabalho, mas não são investimentos. Você não espera um retorno financeiro quando compra o automóvel, espera desvalorização e gastos com combustível, seguros e manutenção. Automóveis são bens de consumo e só faz sentido ter um carro se ele couber no seu orçamento. Casa própria. A casa própria não é um investimento, pois você não a comprou com o intuito de vender mais caro ou obter ganhos com o aluguel deste imóvel. Portanto a sua moradia é um bem de consumo também. Consórcio. Este é um dos piores falsos investimentos, pois ao contratar um consorcio você está pagando alguém para guardar o dinheiro para você. Você deixa seus recursos na mão de uma gestora e, além de não receber juros, paga uma taxa de administração. O consórcio pode ser, inteligentemente, substituído por um porquinho ou algum investimento simples de renda fixa, como a poupança. Título de capitalização. Quase tão ruim quanto o consórcio. Nele alguém guarda o dinheiro para você e, em troca, você concorre a prêmios. Costuma ser um ótimo negócio para a instituição financeira que vende o produto, mas não para você. COE. Este investimento, também conhecido como “COmecei Errado”, se assemelha as antigas “bucket shops” misturadas com títulos pré-fixados, onde você “aposta” no desempenho de certas ações sem ter a ação e com capital “garantido”. O COE é uma 59 combinação de ativos de renda fixa com renda variável. Contudo o investidor não é titular nem direta nem indiretamente dos ativos de renda variável. A parte referente a renda fixa fica em títulos pré-fixados de modo que caso as premissas do COE não se realizem o investidor receba o valor que investiu ou algo perto disso de volta. Por exemplo o COE pode envolver as empresas Amazon e Google fica determinado que, se as ações dessas empresas tiverem uma valorização de X% o investidor recebe um determinado retorno no momento em que isso acontecer e caso não aconteça o investidor recebe apenas a parte alocada na renda fixa, disso vem a ideia de valores garantidos. É um ativo tipicamente de curto prazo pautado na sorte. Péssima combinação. Melhor comprar um bilhete de loteria. Financiamentos. Os financiamentos não são investimentos e sim o seu oposto, pois ao invés de receber juros, ao fazer um financiamento, você paga. Os únicos para os quais o financiamento pode ser considerado, em algum momento, investimento são as empresas onde os financiamentos são utilizados para comprar máquinas, equipamentos ou serviços que irão incrementar os lucros e a geração e caixa da companhia. Seguros resgatáveis. Outro falso investimento, os seguros resgatáveis geram muita confusão entre os corretores e segurados, pois a promessa é de devolução dos recursos corrigidos, porém, apenas da parte capitalizável dos recursos, o restante fica para a seguradora na forma de prêmio. Esse modelo foi 60 criado pois a maiorparte dos segurados não gosta de pensar na própria morte, então ter a expectativa receber algo no longo prazo, caso sobreviva, deixa o segurado mais tranquilo. E como encontrar o valor nos ativos sem ser enganado? Vamos tratar disso no capítulo específico de cada classe de ativos. Começando pela previdência privada. 61 Resumo Investimento bem-sucedido = Estudo + risco calculado + ação O retorno do investimento não deve ser o foco e sim o risco. Os ativos estão divididos em: reserva financeira, geração de renda e crescimento. Nem tudo o que reluz é ouro. Cuidado com os falsos investimentos. 62 63 Capítulo 11 – Previdência Privada “Alguém está sentado na sobra hoje, porque alguém plantou uma árvore tempos atrás.” Warren Buffett Previdência privada é a denominação dos fundos, geridos por instituições financeiras, com benefícios tributários, que tem como objetivo a formação de patrimônio para complementação da aposentadoria. Esses fundos são divididos em PGBL – Plano Gerador de Benefício Livre – e VGBL – Vida Gerador de Benefício Livre. Ambos não entram em inventário e são pagos diretamente ao beneficiário informado pelo titular da previdência. A contribuição para o PGBL pode ser deduzida da base de cálculo do imposto de renda até o limite de 12% da renda bruta anual tributável. Já o VGBL pode utilizar a alíquota regressiva de imposto de renda pago somente sobre os rendimentos, diferentemente do PGBL onde o imposto de renda é cobrado sobre o valor total. Se o investidor investir R$ 1.200,00 em um VGBL e ao final sacar R$ 1.500,00 ele pagará I.R. sobre a diferença entre os R$ 1.500,00 e os R$ 1.200,00, ou seja, sobre R$ 300,00. Por outro lado, se investir R$ 1.200,00 e sacar R$ 1.500 no PGBL pagará imposto de renda sobre o total. Portanto, não faz sentido investir em PGBL nenhum valor que exceda os 12% da renda tributável que podem ser abatidos do I.R. 64 Fique atento à taxa de administração – que é um percentual cobrado sobre o saldo dos investimentos – e carregamento – que é um percentual sobre o valor investido no ato do investimento. A primeira não deve passar de 1%, enquanto a segunda não deve nem existir. Nesse momento os grandes bancos brasileiros já aboliram a taxa de carregamento. Talvez, no momento em que você estiver lendo esse livro a taxa de carregamento seja apenas história. Além do VGBL e PGBL existem os fundos de pensão geridos por instituições públicas e privadas que pretendem complementar a aposentadoria de seus funcionários. A vantagem desses fundos é o aporte feito pela empresa normalmente na proporção de 1 para 1, ou seja, para cada 1 real aportado pelo funcionário a empresa ou o Estado aportam 1 real também. Infelizmente em anos recentes acompanhamos alguns fundos de pensão exibindo grandes déficits em razão de decisões políticas que prezaram pelos recursos dos investidores. 65 O grande problema por trás da terceirização dos seus investimentos por meio de PGBL, VGBL, fundos de pensão ou outros fundos é o risco de o gestor cometer algum grande erro com os seus recursos. Quando se investe em um fundo investe-se, na verdade, na mente por trás da gestão do fundo, seja VGBL, PGBL ou um fundo de ações. Via de regra os gestores de fundo são remunerados por resultados de curto prazo, sendo assim, não montarão uma carteira pensando no longo prazo. A dica é simples, ainda que vá investir em algum desses produtos por qualquer motivo, não deixe de investir em outros dos investimentos que estudaremos a seguir, afinal ninguém cuidará melhor do seu dinheiro do que você. E a próxima classe de investimentos a ser estudada é a dos ativos de renda fixa. 66 67 Capítulo 12 - Renda Fixa “Dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde quiser, mas não vai substituí-lo como motorista.” Ayn Rand Renda fixa é uma forma de investimento onde o investidor concede um empréstimo para uma instituição pública ou privada em troca de uma remuneração pré definida. A remuneração paga ao investidor em renda fixa é conhecida como juros. Os juros são o preço do dinheiro no tempo. Ao antecipar o consumo, pegando dinheiro emprestado, paga-se juros. Ao postergar, aplicando recursos em renda fixa, recebe-se os juros. Esses juros podem ser prefixados, um percentual específico, pós fixados, quando seguem algum indexador – CDI, SELIC etc, ou mistos, por exemplo quando pagam o IPCA mais um percentual prefixado. “Investir em Renda Fixa significa emprestar dinheiro para alguém, como banco, empresa ou para o governo. Na contrapartida, você recebe uma remuneração. Quem ganha com isso não é só o investidor. Para quem emite esse título, é uma forma de captar recursos e financiar seus projetos ou negócios, gerando mais oportunidades para nosso País.” Cetip – Depositária de títulos privados. A Cetip, que pertence à bolsa de valores brasileira, B3, registra os ativos e os vincula aos investidores. Por exemplo, caso o investidor compre um CDB do banco X ele ficará registrado no nome do investidor na Cetip. 68 De forma clara, o investidor em renda fixa é um emprestador de dinheiros. Taxa Selic Criada em 1979 com o objetivo de tornar mais transparentes e seguras as transações envolvendo títulos públicos, a Taxa Selic Over, que é apurada diariamente, mas normalmente expressa em termos anuais, é a taxa média ponderada das negociações apuradas no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais. Existe também a Taxa Selic Meta, definida nas reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), é dela que você ouve falar no Jornal a noite. Este sistema informatizado é destinado ao registro, custódia e liquidação das transações efetuadas com títulos públicos. A Selic é a taxa básica da economia que baliza todas as demais transações de crédito. Via de regra, quanto maior a Selic, mais caros ficam os empréstimos e mais interessante fica o investimento em renda fixa, consequentemente menos consumo e menos investimentos em ativos reais, imóveis e maquinários. O CDI e a taxa CDI – o que é e como funciona Certificado de Depósito Interbancário ou CDI é um título, de 1 (um) dia, emitido pelas instituições 69 financeiras que lastreia as operações do mercado interbancário, ou seja, transações entre bancos que emprestam entre si para sanarem seus caixas. Bancos não podem fechar o dia com caixa negativo. Os bancos que têm excesso de dinheiro em caixa ao fim de suas transações do dia emprestam este dinheiro para bancos que fecharam o dia com falta de dinheiro, para isso eles cobram a taxa DI. O CDI só é disponibilizado para negociação entre as instituições financeiras, não sendo possível a compra destes certificados por pessoas físicas, porém a taxa média diária do CDI é utilizada como parâmetro para balizar a rentabilidade de fundos DI, CDB’s, LCA’s, LCI’s, dentre outros. Discutiremos a frente estes ativos. Quando o gerente do banco te diz que tem a disposição um CDB 85% não significa que o CDB vai te trazer uma rentabilidade de 85% ao mês ou ao ano e sim que pagará 85% da taxa média do CDI. O CDI é utilizado para avaliar o custo do dinheiro negociado entre os bancos no setor privado e essa modalidade de aplicação pode render taxa prefixada ou pós-fixada. Para investir é necessário analisar a taxa real e não só a nominal – presente no rótulo – conforme será visto a seguir. Taxa de juros real e nominal As taxas de juros oferecidas em investimentos e empréstimos são, geralmente, taxas nominais, 70 aquelas que podemos ver e calcular diretamente mesmo sem nenhuma outra informação. Porém, a taxa que realmente interessa aos investidores é a taxa real, que representa a diferença entre a taxa nominal e a inflação. Para saber
Compartilhar