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Adeus Previdência Bastter

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Adeus previde ncia! 
Prepare-se para se aposentar por conta própria ou encare as 
consequências. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fernando Almeida Mizobuti 
3º Edição - 2021 
Agradecimentos 
 
Agradecer a todos aqueles que ajudaram na 
jornada que foi escrever este livro é quase impossível, 
portanto, aqueles que não forem incluídos não se 
sintam esquecidos. 
A primeira pessoa a quem agradeço é a minha avó 
Maria de Lourdes que além de me criar, me ensinou 
não só os primeiros conceitos básicos de educação 
financeira, como também conceitos ligados ao caráter 
e aos valores que devem nortear a vida e o 
comportamento de uma pessoa. Conceitos essenciais 
para todo e qualquer ser humano. Agradeço também 
todos os outros familiares que de alguma forma me 
apoiaram, irmãos, pais, tios e primos. 
Seria impossível não agradecer aos meus amigos 
Kátia, Matheus, Verônica e Vinícios pela revisão e 
importantes conselhos sobre o conteúdo do livro. 
Por fim, agradeço ao Bastter que foi quem me 
proporcionou grande parte do conhecimento 
expresso neste livro e me deu a oportunidade de 
atuar como educador financeiro pela Bastter.com. Foi 
lá que descobri minha verdadeira vocação e a 
profissão que sonho em seguir. 
Dedico este livro aos meus irmãos: Pedro, Caio, 
Marcus e Cauã, afilhados, primos e demais crianças 
que representam o futuro. Afinal, para que esse 
futuro brilhante se concretize, precisarão de muita 
educação, inclusive financeira. 
 
Sumário 
 
Agradecimentos ......................................................... 3 
Parte 1 – Finanças Pessoais ....................................... 1 
Capítulo 1 – Ativos e Passivos .................................... 5 
Capítulo 2 – Orçamento ............................................. 9 
Capítulo 3 - Juros .................................................... 11 
Capítulo 4 – Cartão de Crédito ................................. 13 
Capítulo 5 - Dívidas ................................................. 17 
Capítulo 6 - Reserva de emergência ......................... 27 
Capítulo 7 – Seguros ................................................ 31 
Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos .................. 35 
Capítulo 9 - Construindo um investidor ................... 41 
Capítulo 10 - Por que investir afinal? ....................... 51 
Parte 2 – Investimentos ............................................ 55 
Capítulo 11 – Previdência Privada ............................ 63 
Capítulo 12 - Renda Fixa ......................................... 67 
Capítulo 13 - Imóveis ............................................... 99 
Capítulo 14 - Fundos de Investimento Imobiliários . 111 
Capítulo 15 - Ações ................................................ 165 
Capítulo 16 - Imposto de Renda ............................. 247 
Capítulo 17 – Considerações sobre Renda Variável . 253 
Capítulo 18 – Crises Econômicas ........................... 255 
Capítulo 19 - Colocando em Prática ....................... 257 
Epílogo .................................................................. 261 
1 
 
 
Parte 1 – Finanças Pessoais 
 
Introdução 
 
Imagine um local onde ninguém aprende as leis de 
trânsito, não sabe o que é um semáforo ou uma placa 
de parada obrigatória. Contudo, ao atingir uma certa 
idade todos ganham um carro e vão se aventurar no 
trânsito. Bom, parece absurdo, mas é isso que 
acontece com o dinheiro, as pessoas começam a 
trabalhar e receber salários sem ter nenhuma noção 
de como gerir esses recursos, não sabem poupar, 
investir e muitas vezes não sabem gastar de forma 
inteligente. 
O livro que você tem agora em mãos pretende 
ajudar a preencher essa lacuna na educação dos 
brasileiros. Ele começou a nascer há muito tempo, 
quando eu tinha por volta de cinco anos de idade e a 
inflação era o assunto número um nos jornais e 
mesas de bares desse país. Naquela época eu recebia 
algumas moedas dos meus avós para comprar balas 
e coisas do tipo. Minha origem é uma família de 
agricultores e, por isso, tive uma ideia genial: plantar 
uma das moedas no quintal para que ali crescesse 
uma árvore de dinheiro. 
Naturalmente o ambicioso plano fracassou, mas a 
ideia de criar algo que gerasse renda para mim não 
me abandonou ao longo dos mais de 28 anos que se 
passaram. 
Conforme fui crescendo passei, mesmo sem 
perceber, a prestar atenção na relação das pessoas: 
familiares, amigos, colegas de trabalho e da sociedade 
2 
 
em geral com o dinheiro. Acompanhava animado as 
reportagens especiais na TV sobre finanças pessoais. 
No ano de 2009, ao ser nomeado para um cargo 
público em que receberia quase o dobro do meu 
salário anterior, percebi um fenômeno estranho: as 
pessoas que ganhavam mais, inclusive mais do que 
eu, muitas vezes tinham uma condição financeira 
ruim, possuíam dívidas e acumulavam déficits 
enormes em seus orçamentos, quase sempre 
gastando muito mais do que ganhavam. Comecei a 
prestar mais atenção tentando buscar as causas de 
tal situação, e invariavelmente a má gestão dos 
recursos vinha em primeiro lugar. 
O pior é que, com o tempo, a gestão dos meus 
próprios recursos estava cada vez pior, ou seja, eu 
estava indo pelo mesmo caminho destes meus 
colegas. Quando finalmente parei para olhar o 
tamanho do estrago, estava com um financiamento 
de automóvel e um empréstimo consignado. 
Nesta época fui convidado para uma palestra onde 
o educador financeiro perguntou-me se eu possuía 
um carro. Eu disse que sim, então ele perguntou 
quanto eu gastava com ele. Fiquei orgulhoso de saber 
dizer detalhadamente os custos. Foi então que ele me 
disse: “se você investir esse valor mensalmente terá, 
já descontada a inflação, 1 milhão de reais aos seus 
65 anos de idade”. Aquela informação caiu como uma 
bomba na minha cabeça. Com isso, decidi pesquisar 
sobre a veracidade das informações e estudar o tema: 
finanças pessoais. 
A partir de então passei a ler um livro sobre o 
assunto (finanças ou investimentos) por semana. Foi 
neste momento que encontrei a coleção de livros da 
“Expomoney” e a Bastter.com, onde desenvolvi mais 
os meus conhecimentos e passei a lidar com o 
3 
 
dinheiro de maneira mais racional e eficiente, 
exatamente o que pretendo ensiná-los com este livro. 
Portanto, após um longo período de estudos, 
descobri que era possível plantar a tão desejada 
árvore de dinheiro, mas não seria fácil nem tampouco 
rápido, exigiria muito estudo, disciplina e paciência. 
Neste livro tentarei passar os conhecimentos básicos 
para que você plante a sua. 
É essencial entender que, no início, será difícil 
enxergar que financiar bens, é, essencialmente, jogar 
dinheiro no lixo ou que consórcios e títulos de 
capitalização são produtos bons apenas para quem 
os emite. Estudo, planejamento e disciplina são 
hábitos que mudarão sua percepção em relação ao 
dinheiro e à sua administração. 
E afinal, por que é tão importante administrar bem 
os seus recursos? O princípio básico dos estudos de 
economia se pauta no fato de vivermos em uma 
sociedade onde há escassez, ou seja, não há recursos 
suficientes para que possamos ter de tudo em grande 
quantidade. Sendo assim, precisamos fazer escolhas, 
dentre elas escolher entre consumo ou poupança, 
entre consumir muito agora ou ter condições de 
consumir algo depois, futuro e presente precisam 
estar em equilíbrio. Quanto mais financeiramente 
educada é a pessoa, mais eficientes e racionais 
tendem a ser as suas escolhas. 
Agora vamos começar nossa jornada pelo mundo 
das finanças pessoais e investimentos. 
 
4 
 
 
5 
 
Capítulo 1 – Ativos e Passivos 
 
“A maioria das pessoas está concentrada demais em 
ganhar dinheiro. O que eles deveriam realmente focar é 
na sua educação financeira”. 
Robert Kiyosaki 
 
Robert Kiyosaki, autor do “best seller” Pai rico, Pai 
pobre, criou um conceito de ativos e passivos 
bastante interessante para o investidor. Essa 
definição não tem nenhuma relação com o conceito 
contábil deativo e passivo que será explicado mais à 
frente neste livro. 
Ativo para o autor é tudo aquilo que você compra e 
que coloca dinheiro no seu bolso, por exemplo: ações 
que distribuem dividendos, imóveis alugados, fundos 
de investimento imobiliários, títulos que pagam juros 
e outros investimentos que te remunerem. 
Passivo por outro lado é tudo aquilo que, após ser 
comprado, demandará gastos para manter. Por 
exemplo: um automóvel que traz gastos com 
combustível, IPVA, seguro e manutenção. Uma casa 
para moradia que traz despesa com IPTU, 
condomínio, reparos e seguro. Uma geladeira mais 
moderna, um videogame, smartphone. A lista de 
passivos é quase interminável. 
Passivos são necessários para a vida. Em geral são 
eles que trazem prazer, alegria e satisfação para o 
indivíduo. O erro não está em comprá-los e sim na 
forma como são adquiridos, sem planejamento ou em 
comprar somente os passivos, ignorando os ativos. 
6 
 
Aquele que compra ativos gera renda passiva: uma 
renda que não depende do trabalho diário e sim dos 
estudos e de uma boa escolha de ativos, colocando 
assim o dinheiro para trabalhar, gerando mais 
dinheiro. 
Por outro lado, aquele que compra apenas passivos 
vive de contracheque em contracheque, sempre com 
medo do desemprego ou de algo que reduza sua 
renda, essa situação é chamada de corrida dos ratos, 
pois a pessoa fica girando uma rodinha sem chegar a 
lugar nenhum, exatamente como um hamster na 
gaiola. 
É essencial fazer aportes periódicos. O aporte é um 
valor monetário que você destina aos seus 
investimentos. No futuro o que vai definir se você terá 
um patrimônio formado para a sua aposentadoria ou 
ficará “na pindaíba”, dependendo do governo e de 
parentes, são os seus aportes em ativos de valor. A 
definição de valor será analisada mais à frente nos 
capítulos referentes a cada classe de ativo. 
É preciso equilíbrio, portanto compre ativos e 
passivos. Por exemplo, tente fazer o seguinte 
exercício: se quer adquirir um smartphone, compre 
primeiro um lote de ações, cotas de um fundo de 
investimento imobiliário ou faça um aporte no 
Tesouro Direto. Busque comprar ativos sempre que 
possível e pague seus passivos a vista, de preferência 
com desconto. 
 
 
 
7 
 
 
 
Resumo: 
 
8 
 
 
9 
 
Capítulo 2 – Orçamento 
 
“A maioria das pessoas não planeja fracassar, 
fracassa por não planejar”. 
John L. Beckley 
 
O orçamento é uma poderosa ferramenta de 
planejamento para pessoas e empresas. Com ele é 
possível planejar as receitas, os gastos e os 
investimentos. Ele traz previsibilidade. Seu objetivo é 
antever as receitas e principalmente as despesas da 
pessoa ou da organização. 
Antes de montar um orçamento, o indivíduo 
precisa saber para onde vai o seu dinheiro e para 
isso, não tem outro jeito, vai precisar anotar as 
receitas e despesas em detalhes. Mas não se 
preocupe, pois hoje existem inúmeros aplicativos 
para “smartphone” além de sempre poder recorrer a 
uma planilha eletrônica. 
A partir do momento que a pessoa sabe o quanto 
entra de dinheiro para ela e para onde vão estes 
recursos ela consegue montar um orçamento. 
Neste orçamento precisam constar, além das 
receitas e despesas, os investimentos, que devem 
corresponder, no mínimo, a 10% da renda. 
Preferencialmente acima de 20%. 
Gastar menos do que você ganha não é fácil, 
especialmente quando o hábito de gastar tudo ou 
mesmo mais do que ganha está enraizado, mas por 
ser uma prática salutar e necessária deve ser a 
10 
 
primeira meta de todos que buscam uma vida 
financeira equilibrada. 
Não gaste o dinheiro que você ainda não recebeu. 
Lembre-se que este dinheiro ainda não é seu. Não 
gaste dinheiro com coisas que não gosta para 
impressionar alguém. Não diga sim a todos os 
pedidos das pessoas, especialmente para os pedidos 
de dinheiro, pois um sim para os outros representa 
um não para você e seus objetivos e sonhos. 
Quanto ao hábito da anotação, este é necessário 
apenas no início, depois de um tempo você estará 
apto a tomar decisões racionais sem as anotações. 
Busque, ao menos no início, separar um valor para 
os investimentos assim que receber sua 
remuneração, não espere sobrar, pois, antes de você 
adquirir os hábitos corretos, dificilmente sobrará. 
Fique atento, se você ganha uma renda acima da 
média e mesmo assim não tem o hábito de poupar e 
investir mensalmente algo está errado. Pegue a renda 
da sua família, casal e filhos e divida pelo número de 
pessoas na casa, se o número foi maior do que R$ 
2.000,00 você deveria estar investindo. 
Com o tempo, a experiência e a formação de bons 
hábitos financeiros você aprenderá a gerir seus 
recursos de uma forma eficiente e adequada ao seu 
estilo de vida. Este livro tentará te ajudar neste 
caminho e, para tanto, precisaremos falar sobre os 
juros. 
 
11 
 
Capítulo 3 - Juros 
 
“Os juros compostos são a força mais poderosa do 
universo e a maior invenção da humanidade, porque 
permite uma confiável e sistemática acumulação de 
riqueza.” 
Albert Einstein 
 
Os Juros Compostos, conforme destacado pelo 
cientista vencedor do prêmio Nobel, Albert Einstein, 
são a força mais poderosa do Universo e essa força 
pode ser usada tanto a seu favor quanto contra você. 
Veja a diferença entre os juros utilizados a seu 
favor em relação aos juros contra você. Por exemplo, 
em uma dívida de R$ 100.000,00 em um crédito 
direto ao consumidor – CDC – os juros pagos serão 
de 4,54% a.m. (ao mês). No caso em questão o 
indivíduo que optou por fazer a dívida em 50 
prestações pagou uma prestação de R$ 5.093,18, 
totalizando um gasto de R$ 254.659,00. 
Por outro lado, vamos usar a taxa de juros 0,5% 
a.m. na aplicação, percentual pago por investimentos 
de baixo risco, para obter os mesmos R$ 100.000,00. 
O tempo de investimento ou pagamento da dívida 
será de 50 meses, assim como na dívida. Aquele que 
poupou precisou desembolsar apenas R$ 1.765,38 ao 
mês, totalizando uma aplicação de R$ 88.269,00. 
 
12 
 
 
 
Essa é a diferença entre aquele que paga juros e 
aquele que os recebe. O que recebe juros poderá 
consumir mais com o mesmo gasto ou consumir da 
mesma forma gastando menos. 
A fórmula dos juros compostos é a seguinte: 
M = C x (1+i)n, 
onde M é o montante, C o capital inicial, i a taxa de 
juros e n representa o tempo. 
Perceba que o efeito do tempo no resultado da 
fórmula é muito grande, pois o tempo é exponencial. 
O investidor deve focar nos dois fatores que tem 
condições de controlar: o capital (C) e o tempo (n). A 
taxa (i) não é algo que conseguimos escolher na 
grande maioria das vezes. 
Para ver o poder dos juros compostos, invista o 
máximo pelo máximo de tempo que conseguir! 
Contanto que não deixe sua qualidade de vida em 
segundo plano. 
Resumindo, os juros compostos permitem uma 
confiável e sistemática acumulação de riqueza ou, 
como dizem: “um ferro bem tomado”. A escolha é sua. 
 
 
13 
 
Capítulo 4 – Cartão de Crédito 
 
“Cartões de crédito são os junk bonds do mundo 
das finanças pessoais.” 
Warren Buffett 
 
Certa vez, ao passear no shopping com um casal 
de amigos e seu filhinho, presenciei uma cena 
curiosa. A criança pediu aos pais que comprassem 
algo e quando teve seu pedido negado, pois, segundo 
os pais, eles não tinham dinheiro naquele momento, 
ele soltou: “compra no cartão”! 
O cartão de crédito surgiu na década de 20 nos 
Estados Unidos. Naquela época o cartão era dado aos 
clientes mais fiéis das lojas, aqueles em quem o 
lojista confiava, acreditando que pagariam em dia. 
Contudo, o cartão que conhecemos hoje nasceu em 
1950 quando Frank Macnamara esqueceu o seu 
dinheiro e talão de cheques quando almoçava em um 
restaurante, então teve a ideia: criar um cartão 
contendo o nome do dono que permitisse a ele 
comprar e pagar depois. Surgia assim o “Dinners 
Club International”. 
Inicialmente o cartão, feito de papel-cartão, era 
aceitoapenas em restaurantes e portado por pessoas 
importantes da época. 
Hoje em dia o cartão de crédito é bem menos 
restrito, mas será isso um benefício? Ou uma 
armadilha? 
Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do 
Comércio – CNC – mostra que 77% das famílias 
14 
 
endividadas deve ao cartão de crédito. Os juros 
médios do cartão em outubro de 2018 eram de 
275,7% ao ano de acordo com o Banco Central. 
 A título de comparação, o retorno médio anual da 
Berkshire Hathaway, empresa cujo CEO é Warren 
Buffett foi de 21,6% nos últimos 50 anos, o que 
permitiu ao seu maior acionista e CEO tornar-se o 
terceiro homem mais rico do mundo, chegou a ser o 
primeiro, por muito tempo. Veja a diferença dos juros 
usados contra você e a seu favor. 
O cidadão médio acredita que o cartão de crédito 
serve para permitir que ele compre objetos sem ter os 
recursos para isso. Essa função é uma deturpação do 
cartão, que deveria ser utilizado para facilitar o seu 
planejamento e não para te permitir consumir acima 
do que os seus recursos permitem. 
Comprar, sem ter o dinheiro para pagar, é andar 
numa corda bamba sem a rede de proteção. Sendo 
assim, aprenda a forma correta de utilizar o cartão. 
Inicialmente vem o desejo de comprar algo. A partir 
daí você precisa fazer uma análise: você tem o 
dinheiro? Se não tiver, aguarde juntar os recursos. 
Se tem, veja se consegue um desconto para a compra 
à vista. Tem desconto? Compre a vista. Não tem 
desconto? Parcele no maior número de parcelas 
possível sem acréscimo. 
A única exceção são os casos envolvendo a sua 
saúde ou de familiares. Neste caso se o cartão puder 
ajudá-lo, não importa como, siga em frente. 
O cartão de crédito, se bem utilizado, pode ser um 
grande aliado na organização das suas finanças, pois 
15 
 
permite a você acumular pontos para trocar por 
passagens aéreas ou por produtos. Manter o dinheiro 
investido enquanto paga as parcelas daquele produto 
em que durante a compra você não conseguiu 
desconto para pagamento a vista também é uma 
vantagem. 
Diferente do meu amiguinho do início do capítulo 
que ainda terá tempo para se educar 
financeiramente, quem sabe até com este livro, você 
precisa tomar uma atitude agora! Afinal, se você não 
souber utilizar o cartão de crédito de maneira 
inteligente acabará se enrolando com as dívidas que 
são o assunto do próximo capítulo. 
 
 
16 
 
 
17 
 
Capítulo 5 - Dívidas 
 
“Se você é esperto não precisa fazer dívidas, se não 
é, não deveria fazê-las.” 
Warren Buffet 
 
As dívidas são um tema recorrente nas conversas 
de quase todos os brasileiros, por isso é inevitável 
abordá-las. Pesquisa divulgada pela Confederação 
Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo 
aponta que em torno de 2/3 dos brasileiros possuem 
alguma dívida indesejada, e esse número é 
alarmante! Contudo, por que as pessoas se 
endividam tanto? 
Alguns podem alegar que os brasileiros se 
endividam por ter uma renda baixa, mas aqueles que 
tem menor renda, em geral, não tem acesso ao 
crédito. A maior parte dos endividados pertencem à 
classe média e média alta. 
Os juros altos estão entre as causas, mas estão 
longe de explicarem a maior parte do endividamento. 
Falta de educação financeira e hábitos de consumo 
nocivos também estão entre os principais motivos. 
A falta de educação financeira faz com que os 
brasileiros consumam além de sua capacidade de 
pagamento utilizando empréstimos e financiamentos, 
as dívidas. E assim, sem planejamento, a 
inadimplência é quase certa. 
Nossa análise das causas do endividamento 
começa com um olhar sobre o comportamento 
humano. Você já deve ter ouvido a expressão: “a 
18 
 
grama do vizinho é sempre a mais verde”. As pessoas 
consomem uma infinidade de coisas simplesmente 
porque as outras pessoas de seu convívio social o 
fazem. 
Os americanos têm uma expressão para isso: “keep 
up with the Joneses”, acompanhar os Joneses em 
tradução livre. Ou seja, você quer ter os mesmos 
objetos caros e eletrodomésticos modernos dos seus 
vizinhos e amigos, os Joneses. 
Observar os sonhos e o padrão de vida da classe 
média brasileira revela muita coisa: 
O primeiro sonho é possuir uma casa, afinal, como 
diz o ditado: “quem casa quer casa”, não é mesmo? 
Ainda que só consiga isso ficando endividado por 30 
anos ou mais. 
O sonho seguinte é possuir um carro. O maior e 
melhor que conseguir comprar, e, de preferência, 
melhor que o do vizinho. Dividido, naturalmente em 
60 prestações ou mais. 
Outro objetivo é viajar ao menos uma ou duas 
vezes por ano (com pacotes divididos em 10 ou 12 
vezes no cartão), mesmo que não goste dos lugares, 
mas todo mundo já foi, você não pode deixar de ir. 
Existem, também, aqueles que optam por gastar 
mais de um mês do seu suado salário para comprar 
um “smartphone” ou outro “gadget” mais moderno e 
tecnológico (mesmo utilizando apenas os recursos 
básicos). 
Este é o pensamento padrão do ser humano. 
Perceba que não há nada de errado em possuir um 
gadget, uma casa, um carro, muito menos em viajar. 
19 
 
O erro está na forma como as pessoas buscam 
concretizar estes objetivos e sonhos. Na ânsia por 
realizá-los, elas não analisam friamente os meios 
para isso. Não fazem contas e acabam entrando em 
consórcios, financiamentos ou outras linhas de 
crédito e, consequentemente, comprometem grande 
parte da sua renda com o pagamento de dívidas. 
Além disso, frequentemente, aposentados 
contraem dívidas para ajudar filhos e netos. Isso 
também vale para os servidores públicos. A facilidade 
para obtenção de crédito dessas pessoas atrai 
familiares e “amigos” da mesma forma que o açúcar 
atrai as formigas. 
Em consequência, os servidores públicos são os 
cidadãos mais endividados do Brasil. Apesar de 
possuírem renda acima da média do brasileiro, os 
gastos excessivos e a facilidade de acesso ao crédito 
somados a uma confiança em relação ao emprego 
culminam em endividamento. 
Para se ter uma ideia, em 2018, conforme dados 
divulgados pelo Banco Central, o servidor público 
devia em média R$ 15.700,00 na modalidade de 
empréstimo consignado, enquanto o trabalhador da 
iniciativa privada devia, em média, R$ 580,00. 
Empréstimo consignado é a modalidade de crédito 
pessoal em que o valor das parcelas é descontado 
automaticamente do contracheque ou do benefício 
pago pelo INSS. 
Servidor, autônomo ou empregado do setor 
privado, a sociedade não deve ditar a forma como 
você leva sua vida, ou gasta seu dinheiro, portanto 
20 
 
tenha seus próprios objetivos, pautados nos seus 
valores e nas suas vontades. 
Você adquiriu este livro porque está buscando 
educação financeira, mas você precisará trabalhar os 
seus hábitos de consumo para conseguir poupar e 
investir. De nada adianta saber apenas quais são as 
modalidades de investimentos se você não 
desenvolver a mentalidade adequada. 
Cabe ressaltar que o motivo para o endividamento 
é, muitas vezes, a visão equivocada de que caso você 
não faça uma dívida não será capaz de comprar algo. 
Esqueça essa mentira! Se você consegue comprar 
algo financiado, você consegue comprar à vista, já 
que à vista sai mais barato, pois, além de não pagar 
juros, você ainda recebe os rendimentos enquanto 
economiza para a compra. 
As dívidas só fazem sentido em casos extremos, 
como por exemplo, para a compra de medicamentos 
e outros itens relacionados à saúde ou para a compra 
de um bem indispensável à manutenção da sua 
atividade profissional. Ainda assim, devem ser 
contraídas da forma mais racional e responsável 
possível. 
As dívidas estão entre as maiores causadoras de 
divórcios no Brasil e são uma das maiores 
causadoras de depressão e suicídio no mundo. 
Famílias brigam e se desfazem por dívidas. 
Os grandes investidores e educadores financeiros 
sempre ressaltam o quanto as dívidas são negativas, 
e neste livro não poderia ser diferente. Se você deixar,as dívidas vão te arruinar. 
21 
 
O conselho mais básico quanto a isso é: jamais 
faça dívidas, mas, se a dívida for inevitável, quite o 
quanto antes. Os juros pagos ao fazer dívidas são 
uma ótima forma de enriquecer os acionistas do 
banco no qual você contratou o financiamento, mas 
não você. 
Sendo assim, como evitar entrar em dívidas? 
Existem algumas técnicas que discutiremos agora. 
A primeira delas é planejar suas compras com 
antecedência. Por exemplo, se você troca de carro a 
cada 5 anos, prática da maior parte dos brasileiros 
que possuem automóvel, já comece a poupar para a 
troca com base em uma estimativa. A desvalorização 
média de um automóvel é de 10% no primeiro ano 
contudo ao longo do tempo essa desvalorização vai 
reduzindo, em 5 anos, um veículo que custa 50 mil 
reais passaria a valer 31,9 mil reais, isso se estiver 
bem conservado. 
 
 
 
Sendo assim, seria adequado poupar um valor 
para a troca do veículo. Já que você terá os juros 
22 
 
trabalhando a seu favor e ao mesmo tempo a inflação 
trabalhando contra você, utilizaremos uma taxa real 
de 3,5% a.a., que é a média obtida, atualmente, em 
investimentos conservadores de renda fixa. 
Considerando um veículo dos mesmos 50 mil reais, o 
indivíduo deverá investir, no mínimo, algo em torno 
de R$ 277,07 por mês para comprar este automóvel. 
Para fazer a compra da casa própria em 20 anos 
existem duas possibilidades: contratar um 
financiamento ou poupar enquanto paga aluguel. 
Vamos analisar com números reais: consideraremos 
um imóvel de 300 mil reais que têm um custo de 
aluguel de R$ 900,00, realidade existente no ano de 
2019 em Belo Horizonte, Minas Gerais. 
O investidor deveria poupar R$ 852,00, usando 
uma taxa de juros 3% acima da inflação durante 20 
anos e pagar o aluguel no período para comprar a 
casa. Por outro lado, o indivíduo que optasse pelo 
financiamento pagaria, no mesmo período, 
considerando a taxa média de financiamento do 
Sistema Financeiro da Habitação, SFH, de 10,36% 
a.a., realidade de 2018, e o IOF de 0,0041%, uma 
parcela de R$ 3.903,00 aproximadamente, sem 
considerar eventuais seguros e títulos de 
capitalização empurrados pelo banco. Considerando 
a Tabela Price, esse valor totalizaria R$ 936.720,00, 
ou seja, 3 vezes o valor do imóvel. Aquele que optou 
por investir poupou, aproximadamente 204 mil reais 
e os juros fizeram o restante do serviço. Além disso, 
ele pagou de aluguel algo em torno de 324 mil, 
gastando no total 528 mil, 44% a menos. 
23 
 
Faremos uma outra simulação, considerando que 
o investidor dispusesse dos R$ 3.903,00 para 
moradia. Sendo assim ele pagaria R$ 900,00 de 
aluguel e pouparia R$ 3.003,00. Desta forma, os 300 
mil reais seriam atingidos em 7 anos e 6 meses, sendo 
que estamos considerando taxas reais de 3% a.a. O 
histórico no Brasil dos últimos dez anos é de 4,5% 
a.a., o que tornaria a opção de poupar ainda mais 
atraente. Se conseguíssemos manter o histórico de 
4,5% o tempo seria 7 anos e 2 meses. 
Lembre-se que no caso do financiamento 
imobiliário você terá uma dívida e será obrigado a 
pagar aquela prestação quer queira quer não. Caso 
não pague, poderá perder o imóvel e ficar endividado, 
pois o leilão do imóvel não conseguirá, 
necessariamente, quitar sua dívida. No caso da 
poupança somada ao aluguel, você gastará menos, 
terá flexibilidade em momentos de renda menor ou 
imprevistos e após 20 anos poderá comprar sua casa 
à vista pegando um imóvel mais novo ou melhor. 
Caso você consiga juntar o montante num período 
inferior aos 20 anos poderá comprá-lo antes. 
Outro problema em assumir um financiamento 
imobiliário é que este, normalmente, envolve vendas 
casadas, ou seja, ao adquirir um produto você leva 
outro conjuntamente. Sendo assim, ao custo da 
prestação teremos de somar, no mínimo, um seguro 
de vida, muito provavelmente um cartão de crédito do 
banco e um título de capitalização. 
Se, mesmo assim, você decidir pelo financiamento 
imobiliário, pague o mais rápido possível. Mantenha 
24 
 
uma reserva para emergências e todo o dinheiro extra 
que receber utilize para a quitação do imóvel. 
O financiamento imobiliário, apesar de arriscado, 
pode dar certo, pois pagando até o final, sem 
percalços, mesmo sendo a forma mais cara de 
comprar, você terá um imóvel. O financiamento de 
automóvel, por outro lado, devido ao alto custo e a 
depreciação do bem, é apenas uma forma de 
desperdiçar seus suados recursos ao pagar juros. A 
única exceção é o profissional que utiliza o veículo 
como ferramenta de trabalho. Evite financiamentos, 
esta é a moral da história. 
Sobre as viagens, planeje-se antecipadamente. Se 
sabe que vai viajar em dezembro, compre as 
passagens antes e junte o dinheiro que gastará nas 
férias. Não parcele pacotes de viagem a perder de 
vista ou pegue empréstimos para viajar. 
As dívidas crescem sozinhas. Se você cuidar, mas 
não resolver, voltam a crescer. Acabando com elas, 
mas não fazendo a prevenção, que é a reserva de 
emergência, elas voltam e podem tirar sua paz ou 
mesmo te arruinar. Algo muito parecido com uma 
neoplasia maligna, também conhecida como câncer. 
Se já está endividado, siga os seguintes passos: 
1. Faça um orçamento avaliando todas as 
suas receitas e as despesas. 
2. Verifique o quanto pode pagar de parcela 
das dívidas. 
3. Vá ao banco e negocie. Faça parcelas dentro 
do montante que pode pagar. 
4. Venda o que puder para quitar as dívidas. 
25 
 
5. Corte as despesas supérfluas, sem acabar 
com todo o lazer. 
6. Mantenha apenas a reserva de emergência 
e utilize todo o dinheiro que entrar na 
quitação das dívidas. 
Outra “fria” na qual você não deve entrar é 
emprestar dinheiro para familiares e amigos. Não 
peça dinheiro emprestado para ninguém, respeite o 
trabalho da pessoa e os esforços dela para conquistar 
esses recursos. 
A única exceção, onde você pode emprestar, são os 
casos que envolvem problemas de saúde. Neste caso, 
avalie o quanto pode doar sem ser prejudicado e dê 
para a pessoa. Pode até falar que é um empréstimo, 
mas, internamente, conte como se fosse uma doação, 
ou seja, não espere receber de volta. 
Sob nenhuma hipótese empreste seu nome. É uma 
das poucas coisas piores que emprestar dinheiro. 
Pessoas perdem tudo, absolutamente todo o 
patrimônio: casa, carro e até valores aplicados por 
terem emprestado o nome. 
Quando vierem te pedir dinheiro emprestado 
indique o endereço da agência bancária ou financeira 
mais próxima. Se vierem pedir seu nome emprestado 
negue educadamente. 
Se, por qualquer motivo, você fez um empréstimo 
com amigos, colegas de trabalho ou familiares: 
pague. Pague antes do combinado e mais do que o 
valor combinado, assim, a pessoa terá certeza da sua 
honestidade. E, sob hipótese nenhuma, se chateie 
com alguém que não te emprestou dinheiro. 
26 
 
A última e mais importante técnica que te auxiliará 
a não entrar em dívidas ou se meter em problemas, e 
a se preparar para imprevistos financeiros, é formar 
e manter uma reserva de emergência, conforme 
veremos no próximo capítulo. 
27 
 
Capítulo 6 - Reserva de emergência 
 
“Você precisa ter um dinheiro para caso alguma 
coisa aconteça.” 
Maria de Lourdes (Minha avó) 
 
Você já passou por algum imprevisto? Precisou 
comprar remédios que não estavam nos planos? Teve 
de socorrer algum familiar ou amigo em uma 
enrascada? Precisou fazer um conserto inesperado no 
automóvel? Bateu o seu carro e precisou pagar a 
franquia do seguro? Ficou desempregado? Se passou 
por qualquer uma dessas situações, precisou de uma 
reserva de emergência. Se não passou, pode ter 
certeza, algum dia vai passar. 
A reserva de emergência é assunto obrigatório em 
todo e qualquer livro que se atreva a tratar do tema 
finanças pessoais e não poderia estar de fora deste. 
Os autores dão os mais diversos nomes para a famosa 
reserva: colchão de liquidez,capital de giro pessoal, 
patrimônio de segurança etc. Trataremos dela como 
reserva de emergência. 
De acordo com dados divulgados pelo Banco 
Central em 2016, apenas 46% dos brasileiros 
declaram ter de onde tirar o dinheiro para cobrir uma 
emergência no valor de R$ 1.520,00. Destes, apenas 
14% conseguiriam arcar com a despesa utilizando 
recursos próprios. Os demais precisariam recorrer a 
instituições financeiras. Ou seja, apenas 6,44% da 
população possui uma reserva de emergência igual 
ou superior a R$ 1.520,00. 
28 
 
Antes de falarmos em quantidade, valores, formas 
de calcular ou mesmo onde aplicar o dinheiro, vamos 
falar sobre o significado da reserva. A melhor 
descrição que ouvi até hoje foi a da minha avó, Dona 
Lourdes: “você precisa ter um dinheiro para caso 
alguma coisa aconteça”. A definição está perfeita, 
contudo poderíamos acrescentar o termo imprevista, 
já que para situações previsíveis devemos nos 
planejar. 
O objetivo da reserva de emergência é te dar uma 
cobertura para caso algo imprevisível venha a 
acontecer, como por exemplo desemprego 
involuntário, pagamento da franquia do seguro de 
automóvel, manutenção mais cara na casa ou carro, 
doenças, exames ou cirurgias que não são cobertos 
pelo plano de saúde etc. Os exemplos são quase 
infinitos e nem todos são ruins. A oportunidade de 
comprar as passagens para a viagem dos seus sonhos 
ou o ingresso do show que você tanto deseja ir pela 
metade do preço são só alguns dos exemplos de 
situações positivas em que a reserva de emergência 
pode te ajudar a realizar um objetivo. 
Pessoas racionais avaliam os riscos e tentam 
atenuá-los. A função da reserva de emergência é 
atenuar os riscos ligados ao dinheiro, que, 
convenhamos, não são poucos. Entendido o objetivo 
da reserva, fica uma importante pergunta: quanto? 
Os livros trazem os mais diversos valores. Alguns 
autores sugerem 3 vezes as despesas mensais, 
enquanto outros sugerem 6 ou 12 meses das 
despesas mensais da família. Vejam, o valor é 
29 
 
baseado nas despesas e não no salário ou receitas. 
Suas DESPESAS DEVEM SER MENORES DO QUE 
SUAS RECEITAS, salvo em alguns momentos 
específicos nos quais a reserva deverá te ajudar a 
manter o equilíbrio. 
Avalie sua realidade, autônomos, profissionais 
liberais e pessoas com muitos dependentes precisam 
de uma reserva maior, pessoas com apenas uma 
fonte de renda precisam de uma reserva maior do que 
aquelas com múltiplas fontes de renda. Enquanto 
jovens solteiros que vivem com os pais podem se dar 
ao luxo de ter uma reserva menor um pai de família 
que sustenta 3 filhos não. O tamanho da sua reserva 
de emergência irá variar de 6 a 12 meses de despesas. 
Caso queira uma reserva maior do que os 12 
meses, não há problema. O teste do travesseiro 
sempre será um bom conselheiro neste caso. Na 
dúvida tenha uma reserva maior pois, assim como 
canja de galinha, não faz mal a ninguém. 
Definido o tamanho da reserva de emergência, vem 
a próxima pergunta: onde aplicar o meu dinheiro? 
Não há uma resposta definitiva para esta pergunta, 
mas devemos entender que todos os investimentos 
são analisados sob 3 óticas: liquidez, rentabilidade e 
segurança. Quando tratamos da reserva de 
emergência o foco é a liquidez (facilidade de converter 
um investimento em dinheiro) e a segurança, 
portanto devemos, neste caso, desconsiderar a 
rentabilidade. Sendo assim, não sobram tantas 
opções: caderneta de poupança, fundo DI ou 
Certificado de Depósito Bancário (CDB), todos em 
30 
 
bancos sólidos, com liquidez imediata e, se possível, 
resgate automático na conta corrente. Uma forma de 
saber se um ativo serve como reserva de emergência 
ou não é responder a seguinte pergunta: consigo 
sacar esse dinheiro no final de semana? Sim, serve. 
Não, não serve. 
Alguns educadores financeiros te dirão que o 
Tesouro Selic é um bom investimento para a reserva 
de emergência. Isso não é uma verdade, mas também 
não é algo totalmente falso. O Tesouro Selic não é 
adequado para manter toda a reserva de emergência 
pois, o Tesouro Direto, fica indisponível 
esporadicamente, seja por questões de manutenção, 
seja por instabilidades econômicas, e, além disso, sua 
liquidez é D+1, trocando em miúdos, resgatou hoje, 
recebe o dinheiro amanhã. Porém, caso sua reserva 
seja maior do que 3 meses de despesas, você pode 
optar por aplicar o que exceder os 3 meses no Tesouro 
Selic. Mas lembre-se que no mínimo 3 meses de 
despesas deverão estar em uma renda fixa de 
altíssima liquidez no seu banco de relacionamento. 
Antes de criar a sua reserva não faça outro tipo de 
investimento e não compre imóvel, ou carro (a não ser 
que precise para trabalhar como taxista ou motorista 
de aplicativo, por exemplo). 
Concluída a sua reserva de emergência, chegou a 
hora de ensiná-lo a se proteger de alguns infortúnios. 
Por isso, trataremos dos seguros. 
 
31 
 
Capítulo 7 – Seguros 
 
“O seguro morreu de velho.” 
Ditado popular 
 
Os seguros são importantes aliados para os 
investidores e para os cidadãos comuns que não 
investem. 
A cultura de contratar seguros é bem enraizada na 
América do Norte e Europa, porém ainda engatinha 
no Brasil. 
Existem seguros para os mais variados riscos: 
vida, propriedade, aí inclusos o seguro de casa e o do 
carro, seguro contra erros profissionais, em especial 
erros médicos, dentre outros. 
Começando pelo seguro do carro, este é essencial 
para protegê-lo tanto da criminalidade que assola o 
país, quanto de você mesmo que pode cometer erros 
ao volante e gerar um acidente. Imagine que você está 
dirigindo distraidamente e bate em um carro de luxo. 
Feito o orçamento para o conserto percebe-se que 
este superou o valor do seu automóvel. O que fazer? 
É um problemão, não é mesmo? Apenas 30% dos 
automóveis brasileiros estão segurados. De acordo 
com pesquisa divulgada pela Confederação Natural 
das Seguradoras – CNSeg, são mais de 30 milhões de 
automóveis não segurados. O seguro de automóvel 
pode parecer caro, mas experimente ser roubado ou 
bater em um carro de luxo sem o seguro e descubra 
o que sai mais caro. 
32 
 
Em seguida vem o seguro de casa, que é uma 
excelente proteção tanto para o imóvel em que você 
mora quanto para seus imóveis alugados para 
terceiros. O valor do seguro custa algo em torno de 
250 reais anuais e a cobertura normalmente engloba 
roubo, danos elétricos, vendaval, inundação e 
responsabilidade civil familiar. 
O seguro de vida é ideal para aqueles que possuem 
dependentes incapazes de gerar renda e que ainda 
não têm um patrimônio formado, capaz de sustentar 
seus entes queridos. Enquanto você forma o seu 
patrimônio, o seguro de vida pode te dar mais 
tranquilidade e ajudar a proteger sua família em caso 
de uma fatalidade. 
Outro seguro que vem se popularizando é o 
educacional, onde o segurado tem algumas 
mensalidades da faculdade pagas em caso de 
desemprego involuntário. Este, a princípio, parece 
fazer sentido apenas para aqueles que estão nos 
períodos finais da faculdade, como o último ano por 
exemplo, posto que, no geral, não cobrirão o curso 
inteiro. 
Temos também o seguro contra erros médicos, 
muito popular no mundo, mas pouco conhecido no 
Brasil. Ele se pauta nas seguintes premissas: 
primeira, todos estão sujeitos a erros por mais 
experientes e preparados que sejam e segunda, ainda 
que o médico não tenha cometido um erro, o juiz pode 
não entender assim, então em algumas 
especialidades médicas o seguro pode ser um grande 
aliado. 
33 
 
No mercado são encontrados até mesmo seguros 
para atletas. Os clubes contratam estes seguros para 
o caso de uma contusão mais séria ou algum acidente 
durante os jogos. 
Os próprios atletas contratam seguros para o caso 
de impossibilidade de seguirem na profissão por 
problemas de saúde. 
Por fim temos o seguro para aparelhos celulares ou 
“smartphones”, mas estes não são recomendadospelo Procon, pelo contrário, o consumidor é 
aconselhado a não contratar devido ao elevado preço, 
além das mais diversas restrições na hora de 
indenizar o segurado, como por exemplo a ausência 
de cobertura contra furto. 
Uma coisa essencial na hora de contratar o seguro, 
aliás, na vida como um todo, é não mentir. Seja 
honesto, não diga que é a sua avozinha quem dirige 
o carro, ou que você não usa o carro para ir trabalhar 
sendo que na verdade você é um motorista de 
aplicativo. A maioria dos segurados que não recebem 
a indenização pelo sinistro são aqueles que mentiram 
para as seguradoras. 
Sinistro é o fato coberto pelo seguro, como por 
exemplo batida de carro, falecimento ou incêndio no 
imóvel. Por outro lado, prêmio é o valor pago pelo 
segurado (você) à seguradora (Porto seguro, Alianzz, 
Azul, BB Seguridade, HDI etc) em troca da cobertura 
do risco. 
Agora que você entendeu a importância de montar 
sua reserva de emergência e de contratar os seguros 
para se proteger, vamos transformá-lo em um 
34 
 
investidor e para isso, começaremos desconstruindo 
alguns preconceitos. 
 
35 
 
Capítulo 8 - Descontruindo preconceitos 
 
“Riqueza é aquilo que você acumula e não aquilo que 
você gasta.” 
Thomas J. Stanley 
 
Antes de falar das opções de investimento, neste 
capítulo tentaremos desconstruir conceitos e crenças 
erradas que limitam o desenvolvimento do indivíduo 
e sua transformação em investidor. Não é possível se 
tornar um investidor ou construir patrimônio sem 
desconstruir tais conceitos. 
Uma primeira ideia equivocada é associar a riqueza 
e os milionários a ostentação, mansões e carros 
importados. Uma pesquisa realizada nos Estados 
Unidos e divulgada no livro “O Milionário Mora ao 
Lado”, de Thomas J. Stanley e William D. Danko, 
mostra que os hábitos dos milionários são muito 
diferentes do que se imagina. 
Um dado interessante é que, diferente do que a 
maioria espera, 80% dos milionários não recebeu 
herança dos pais. 
Outra curiosidade é que a maioria dos milionários 
leva uma vida frugal e dão mais importância à 
independência financeira do que à ostentação. Ou 
seja, todos aqueles indivíduos que você vê em revistas 
e na televisão com itens de luxo são exceção entre os 
mais ricos, e não regra. 
Um fator que atrapalha, e muito, a construção de 
patrimônio pelas pessoas é o medo, medo de se 
corromper, medo de ser sequestrado ou de causar 
36 
 
inveja nas pessoas. É preciso entender o porquê de 
as pessoas negligenciarem tanto a construção do 
patrimônio. 
O Brasil é um país onde a pobreza e a vida simples 
são vistas como naturais e inerentes à realidade do 
cidadão. Não a vida simples por opção, mas aquela 
imposta pela falta de recursos. Isso é uma questão 
cultural e, sendo assim, fugir dessa forma de pensar 
não é fácil. 
Possuir patrimônio, para alguns, seria motivo para 
vergonha, afinal a maioria das pessoas é pobre, não 
é mesmo? Por outro lado, se você conseguir superar 
este preconceito, perceberá que o patrimônio te traz 
uma série de possibilidades e acima de tudo liberdade 
de escolha para não trabalhar com algo que não goste 
ou concorde, não trabalhar todos os dias da semana, 
para viajar, descansar, levar uma vida simples por 
opção ou mesmo consumir mais. A liberdade 
financeira proporcionada pelo patrimônio pode te 
permitir ajudar familiares, desconhecidos ou amigos 
que passam por alguma situação difícil, por exemplo. 
Ou simplesmente não fazer nada, se preferir assim. 
Vamos tratar de algumas falácias ligadas ao 
dinheiro. Para quem não sabe, falácia é uma mentira 
defendida com argumentos verdadeiros ou, ao 
menos, bastante convincentes. 
37 
 
Falácias 
 
Caixão não tem gavetas – A despeito do que dizem 
sobre caixões não terem gavetas, alguns modelos de 
fato o têm, mas em especial, deixar recursos 
financeiros de herança para familiares é uma 
demonstração de preocupação e carinho, em especial 
com o cônjuge e outros dependentes que não têm 
como se manter após o seu falecimento. Existem 
diversas histórias onde heranças causaram brigas 
nas famílias, mas tantas outras onde, pela falta dela, 
com a morte do provedor da família, veio a miséria e 
problemas sérios para os familiares e dependentes. 
Deixar recursos financeiros é importante, mas de 
nada adianta se não deixar educação. 
Quem poupa não vive – Se dissessem: quem poupa 
não vive preocupado com dinheiro deixaria de ser 
uma falácia. Poupar é essencial. Aquele que poupa 
compra mais, com menos. Por exemplo: o indivíduo 
que financia um carro de 50 mil reais pagará em 
média 70 mil por este automóvel enquanto aquele que 
poupou para adquirir o veículo gastará não mais do 
que algo entre 40 e 45 mil reais, dependendo do 
tempo. Ou seja, quem poupa consome mais com os 
mesmos recursos, ou consome a mesma coisa 
gastando menos recursos. 
É normal ter dívida, todo mundo tem – Assim como 
é normal fumar. Grande parte da população fuma ou 
bebe mais do que deveria e nem por isso estes hábitos 
passaram a ser saudáveis. 
38 
 
Vai que eu morro amanhã, melhor gastar hoje – Se 
você morrer, tecnicamente não faz diferença 
nenhuma se gastou ou poupou. O problema é se não 
morrer, como acontece com a maioria das pessoas, já 
que a expectativa de vida no Brasil ultrapassa os 70 
anos. O indivíduo que chega a terceira idade sem 
poupança e sem recursos está fadado a depender de 
familiares, de caridade ou do Estado. É difícil dizer o 
que é pior. 
Não tenho tempo para estudar sobre investimentos 
– Existe uma ilusão de que para investir é necessário 
estudar muito ou ter muito dinheiro. Sim, é 
necessário algum estudo, mas nada que passe de 
algumas poucas horas semanais inicialmente, 
mensais e por fim, até mesmo, anuais. 
Conheço um fulano que poupou, poupou e morreu 
sem aproveitar a vida – Para cada um destes 
indivíduos existem alguns milhares que não 
pouparam e morreram na miséria ou, pior, morreram 
por falta de recursos para tratar da própria saúde. 
Ter muito dinheiro só atrai coisa ruim – Não ter 
dinheiro nenhum atrai coisas piores como a miséria 
e a fome. Dinheiro é um instrumento que pode ser 
usado para o bem ou para o mal. 
Minha mãe ou pai não me ensinaram – A maioria 
dos pianistas, médicos, atletas profissionais e 
engenheiros não são filhos de pessoas com a mesma 
profissão. Se todos esperassem aprender tudo dos 
pais a humanidade estaria perdida. 
Meu marido ou esposa não colabora na 
administração – Sente e converse com seu cônjuge. 
39 
 
Entenda os sonhos e objetivos do seu companheiro 
ou companheira. Se não conseguirem construir nada 
juntos é bastante provável que precisem compartilhar 
a miséria na terceira idade. 
Tenho filhos – Mais um motivo para poupar! Seus 
filhos precisarão de ajuda para os estudos, 
especializações e outras exigências cada vez maiores 
do mercado de trabalho. 
Não tenho filhos – Aproveite para poupar! Para você 
é mais fácil nesse momento, afinal não tem gastos 
obrigatórios com escola, fraldas e outros custos 
ligados aos cuidados com uma criança. 
Ganho pouco. Quando meu salário aumentar, eu 
começo – se for esperar seu salário subir você vai 
morrer e não vai juntar nada, pois quando a 
remuneração aumentar você dirá que seus gastos 
aumentaram mais ainda. 
Ganho demais – Se você ganha muito esse é um 
motivo maior ainda para poupar! Indivíduos com 
salários muito altos tem mais dificuldade em 
conseguir uma recolocação similar no mercado de 
trabalho em caso de demissão involuntária. Pense 
nisso. Aproveite seu poder de geração de renda para 
aumentar seu poder de poupança. 
Sou funcionário público, o meu é garantido, não 
preciso poupar – Servidores já ficaram por mais de 8 
anos sem reajuste tendo sua renda reduzida devido a 
inflação. Recentemente presenciamos os servidores 
de Minas Gerais com salários atrasados e parcelados, 
servidores do Rio de Janeiro sem receber o décimo 
40 
 
terceiroe muitas outras situações não imaginadas 
antes por tais profissionais. Portanto, poupe! 
Sou estável – Estabilidade pode ser perdida. Mais 
de uma vez regimes estatutários foram alterados em 
nosso país. Além disso, países como a Grécia tiveram 
de demitir servidores públicos devido ao déficit 
público. 
Sou autônomo – Um dos maiores motivos para 
poupar é ser autônomo ou empresário dada à 
incerteza de sua renda. Com um dinheiro guardado 
você poderá normalizar sua renda em períodos de 
queda na demanda pelos produtos e serviços da 
empresa e, consequentemente, ficar menos 
estressado. 
Dá trabalho ter que cuidar de dinheiro – Dá mais 
trabalho administrar a miséria. Com pouco estudo é 
possível começar uma carteira de investimentos. 
Quem tem dinheiro é infeliz – Experimente passar 
fome ou não ter onde morar. O Dinheiro não traz 
felicidade, mas possibilita que você não passe por 
situações que tirariam a sua, como por exemplo a 
falta de um medicamento para você e seus filhos. 
Descontruídos estes argumentos, talvez você 
consiga pensar em algum outro, ou diga: “É fácil 
falar, o difícil é fazer”, mas toda jornada começa com 
um primeiro passo, e no caso de acúmulo de 
patrimônio e tranquilidade financeira é aderir ao 
“mindset” correto, ou seja, à mentalidade adequada. 
 
41 
 
Capítulo 9 - Construindo um investidor 
 
“Você é o que repetidamente faz. Excelência não é um 
evento, é um hábito.” 
Aristóteles 
 
Como construir um investidor do zero? Como 
transformar um indivíduo que saiu da situação de 
endividado ou encontra-se no sistema gasta tudo o 
que ganha, há muito tempo, em um investidor? Este 
capítulo pretende apontar quais os ingredientes 
necessários para alcançar este objetivo. 
 
Ingredientes 1 e 2 – Administrar e fazer 
dinheiro 
 
Existem dois talentos ou habilidades que podem 
ser desenvolvidos e ajudam muito o investidor a 
construir seu patrimônio: administrar e fazer 
dinheiro. 
A habilidade de administrar o dinheiro é aquela 
que te leva a fazer um uso ótimo dos seus recursos. 
Você provavelmente já ouviu falar de um trabalhador 
rural, servente, faxineira, secretária ou de algum 
outro profissional, normalmente mal remunerado 
que, mesmo tendo todas as probabilidades contra ele, 
comprou a casa própria à vista ou conseguiu 
construir um bom patrimônio. Esses indivíduos são 
dotados de uma habilidade acima da média para 
administração. A maioria deles nunca leu um livro de 
finanças (assim como a maioria da população em 
42 
 
geral), nem usou nenhum investimento mirabolante, 
mesmo assim conseguiu grandes feitos financeiros. 
Por outro lado, todos temos um conhecido, amigo 
ou familiar que, apesar de todas as facilidades, 
recebendo heranças, negócios da família e com 
profissões muito bem remuneradas, não construíram 
nada, ou pior, perderam o que a família tinha. Para 
estes faltaram habilidades mínimas de gestão e 
educação financeira. 
Então, será que é uma questão genética? Ou seja, 
alguns são favorecidos e nascem com a habilidade de 
administrar e outros não? Naturalmente, não. Muitos 
não nascem com a habilidade de administrar seus 
recursos, mas aprendem ao longo da vida, estudando 
e buscando informações. Outros nascem em alguma 
família com uma forte tradição de educação 
financeira e boa gestão dos recursos. Pode-se dizer 
que nesse caso a sorte teve um papel essencial. Por 
fim, algumas pessoas nascem em situação de 
extrema dificuldade e pobreza onde a preocupação 
com a sobrevivência é tudo o que resta, ficando a 
administração dos recursos em segundo, terceiro, 
quarto ou quinto plano. 
A habilidade de fazer dinheiro é a que te faz ter 
mais recursos à disposição para investir ou gastar. 
Os americanos, quando recebem seus salários, dizem 
que estão fazendo dinheiro (making money), 
enquanto os brasileiros usam o termo ganhar 
dinheiro. A diferença pode parecer pouca, mas 
quando você diz ganhar dinheiro é como se alguém 
estivesse te fazendo um favor, seja seu chefe ou a 
43 
 
empresa onde trabalha. Essa visão desconsidera tudo 
o que você fez para gerar aqueles recursos para a 
empresa. Afinal, via de regra, só faz sentido para 
alguém te contratar se o retorno que ela obterá com 
seu trabalho for maior do que o quanto ela te paga. 
Caso contrário, seria mais vantajoso ficar sem você. 
Fazer dinheiro depende, principalmente, das 
habilidades profissionais do indivíduo. Apesar de não 
podermos desprezar a influência da sorte na carreira 
dos profissionais, se você for o melhor em qualquer 
profissão ou um dos melhores terá uma remuneração 
acima da média. Se você tiver algum talento extra, 
como por exemplo fazer artesanato, ministrar aulas 
de inglês, falar em público, dirigir bem ou preparar 
bolos, pode obter uma renda extra que, talvez, se 
torne sua renda principal em algum momento. 
De um jeito ou de outro é importante que você 
busque desenvolver as duas habilidades. Alguns 
terão mais facilidade em fazer dinheiro, outros em 
administrar, mas todos precisam aprender essas 
duas coisas e serem os melhores administradores e 
profissionais que conseguirem. O caminho para 
administrar melhor é a educação financeira, que se 
obtém com estudo, estudo e mais estudo. 
 
44 
 
Ingrediente 3 – Poupança ou “savings rate” 
 
“Poupe primeiro e viva com o que sobrar.” 
Warren Buffett 
 
O terceiro, porém, mais importante ingrediente da 
fórmula, é a poupança. O indivíduo deve poupar 
algum percentual de sua renda, ou seja, ganhar mais 
do que gasta. Não tem como fugir. Especialistas 
costumam recomendar ao menos 10%, mas aqui não 
entraremos em percentuais. Basicamente: quanto 
mais, melhor, desde que não perca sua qualidade de 
vida. 
O “savings rate” ou o percentual da renda poupado 
é o indicador que vai definir em quanto tempo o 
investidor terá sua tranquilidade financeira. Quanto 
mais você poupar, em relação a sua renda, mais 
rápido conseguirá se aposentar por conta própria, 
sem depender do governo, bancos ou parentes. A 
fórmula é a seguinte: 
 
Valor 
poupado ÷ 
Renda Total 
 
Especialistas americanos desenvolveram esta 
fórmula de saque seguro com base no retorno dos 
seus investimentos e no seu “savings rate”, quanto 
você poupa. Veja a Tabela 1: 
 
 
 
 
 
45 
 
 
 
TABELA 1 
 
Nesta simulação utilizamos uma taxa de juros real, 
ou seja, acima da inflação, de 3% a.a. (ao ano) e o 
retorno nominal, aquele que não considera a inflação, 
é de 6,5% a.a., taxa Selic de 2019. Sendo assim, um 
indivíduo que poupa 10% da renda precisaria poupar 
48 anos e um que poupa 90%, 3 anos e meio. 
Não temos controle sobre o retorno nominal ou real 
dos investimentos. O controle sobre esses pontos é 
muito pequeno e o percentual de poupança tende a 
variar muito ao longo da vida, sendo, em alguns 
períodos, altíssimo e em outros, muito baixo. 
A única coisa sobre a qual temos controle de fato é 
a constância do aporte e a disciplina para isso, o que 
torna estas fórmulas pouco válidas para a maioria. 
Sem dúvida um indivíduo que ganha 10 mil e poupa 
5 mil terá mais tranquilidade na aposentadoria do 
46 
 
que um que, recebendo 50 mil, poupa 5 mil, pois 
manter o padrão de vida que tem um custo de 45 mil 
demandará um patrimônio muito maior. 
Um cálculo atuarial feito por um grande banco 
brasileiro chegou a seguinte conclusão: o ideal é que 
o investidor poupe, no mínimo um percentual da 
renda que represente sua idade menos 10, por 
exemplo: 
O indivíduo que decide começar a poupar com 30 
anos de idade deve poupar 20% da renda até os 60 
anos, por outro lado aquele que começa aos 20 
precisaria poupar apenas 10%. 
O recado sobre poupança é simples: poupe o 
máximo que você puder sem prejudicar sua 
qualidade de vida. 
47 
 
Ingrediente 4 – Disciplina 
 
“Os grilhões do hábito são leves demais para serem 
sentidos, até que ficam pesados demais para serem 
rompidos.” 
Warren Buffett 
 
Passadopelos primeiros ingredientes, seguimos 
para o quarto, disciplina. A disciplina é sem dúvida 
um dos maiores diferenciais dos indivíduos bem-
sucedidos em quaisquer áreas. 
O investidor deve ter disciplina para não se 
endividar desnecessariamente e para aportar 
independentemente do cenário político, econômico ou 
dos momentos pelos quais ele pode passar em sua 
vida pessoal. 
Vamos analisar o resultado de um aporte de 250 
reais ao longo de 40 anos. Neste caso vamos 
desconsiderar a inflação, pois utilizaremos uma taxa 
de juros real, ou seja, já com a inflação descontada, 
de 3% a.a. Dados: 
Tempo: 40 anos, ou 480 meses. 
Rentabilidade real (acima da inflação): 3% a.a. 
Aporte mensal: R$ 250,00. 
Este investidor terá R$ 229.297,48, o valor de um 
apartamento em algumas cidades médias brasileiras. 
Mesmo aqui na região metropolitana de Belo 
Horizonte encontramos apartamentos por este preço. 
Lembrando que, como este valor já considera a 
inflação, esse seria o poder de compra do montante 
dele no momento do saque. Caso o investidor consiga 
48 
 
um retorno real maior, o valor será maior, mas este é 
o retorno médio real (histórico) da renda fixa. 
Em 2020 tivemos os menores juros da história do 
país, chegando a ter juros reais negativos, o que não 
deve se manter no longo prazo. 
Indo além, o indivíduo que investiu 250 reais ao 
mês de janeiro 1995 até dezembro de 2018 em ações 
do banco Itaú e reinvestiu os dividendos formou um 
patrimônio de mais de 2 milhões e 125 mil reais. E 
hoje recebe mais de 150 mil reais por ano na forma 
de dividendos. 
 
49 
 
Ingrediente 5 – Paciência 
 
“Não se pode fazer um filho em um mês 
engravidando 9 mulheres.” 
Warren Buffett 
 
Em uma ilha fluvial, localizada na Índia, Majuli, 
um único homem, plantou uma floresta maior do que 
o “Central Park” que está localizado em Nova York. 
Ele fez isso plantando ao menos uma árvore por dia 
durante 40 anos. 
Por fim, temos o último ingrediente: paciência! 
Muitos são os investidores que começam bem, 
aportam em renda fixa, renda variável, compram 
títulos públicos, ações e fundos imobiliários, mas 
desanimam com o tempo e sacam tudo para a compra 
de um carro zero ou uma casa na praia. Existem 
casos de investidores que param de investir por 
preguiça de preencher a declaração anual do imposto 
de renda. Não desanime! 
Além disso, a pressa por obter resultados leva 
muitos investidores a se expor a riscos 
desnecessários, o que pode ter o efeito oposto ao 
desejado, como a queima do patrimônio e o 
consequente empobrecimento do investidor. 
O processo de construção de patrimônio é lento e, 
por vezes, chato. Em alguns momentos nada será 
feito, nenhuma mudança na carteira, nenhuma 
compra de ativo mirabolante, absolutamente nada 
além de aportar todos os meses, religiosamente. 
Conforme já dito por vários grandes investidores, 
na verdade, investir de maneira inteligente é mais ou 
50 
 
menos como ver a grama crescer, bastante 
entediante. 
George Soros, bilionário e gestor de fundos, 
brilhantemente, disse: “se você está se divertindo ao 
investir você provavelmente está fazendo algo 
errado”. 
 
51 
 
Capítulo 10 - Por que investir afinal? 
 
“Antigamente o indivíduo aposentava e ia se 
tornando um indigente, hoje em dia ele já se 
aposenta como indigente.” 
 Luiz Barsi Filho 
 
Um dos meus episódios favoritos do seriado Os 
Simpsons é o especial de Natal. Ao final das 
comemorações, Homer pensa em organizar os longos 
fios de pisca-pisca, contudo, decide que isso é um 
problema do Homer do futuro. Em um piscar de olhos 
o tempo passa e resta ao Homer apenas se virar com 
os problemas que ele mesmo criou. Quando você não 
investe cria um problema para o “você do futuro”. 
A previdência pública ainda hoje é o que sustenta 
a maior parte dos aposentados brasileiros. O 
benefício médio pago ao aposentado ou pensionista 
brasileiro, em abril do ano de 2020, era de R$ 
1.349,68 (um mil trezentos e quarenta e nove reais e 
sessenta e oito centavos), sendo que, a grande 
maioria recebia 1 salário-mínimo. Valor insuficiente 
para que muitos consigam sustentar suas famílias. 
Nos moldes atuais, a previdência social lembra 
muito um esquema “Ponzi” ou uma Pirâmide 
Financeira, onde os trabalhadores “ativos” pagam o 
benefício dos aposentados ou “inativos”. Uma das 
principais características dos esquemas de pirâmide 
é que eles não são sustentáveis. Uma hora o número 
de entrantes deixa de ser o bastante para arcar com 
os custos daqueles que recebem o dinheiro. 
52 
 
A cada dia existem menos trabalhadores 
“contribuindo” para a previdência social e mais 
aposentados. A causa é uma queda nas taxas de 
natalidade somada ao crescimento na expectativa de 
vida. Pessoas vivendo mais e por outro lado menos 
receitas para sustentar estas pessoas. 
Existe muita polêmica e discussão acerca do déficit 
da previdência. Qual o seu tamanho? Como resolvê-
lo? Será culpa de má administração do governo? Dos 
grandes devedores? Será uma ficção? 
Não entraremos nessa discussão, pois não faz 
diferença alguma para você que vai construir um 
patrimônio para sustentá-lo na aposentadoria, 
independentemente do governo. 
Enquanto investidor você não deve contar com a 
previdência pública. Conforme foi dito pelo bilionário, 
investidor, Luiz Barsi Filho, “antigamente o cidadão 
aposentava e aos poucos ia se tornando um 
indigente, agora já se aposenta como indigente”. 
Os fundos de pensão, apesar de uma iniciativa 
louvável, possuem um risco alto, pois nunca se sabe 
quais os interesses dos gestores. Recentemente um 
grande fundo de pensão responsável pelos recursos 
dos empregados de uma empresa pública quase 
quebrou por investir em títulos de países em situação 
complicada, incapazes de honrar seus 
compromissos. A aposentadoria desses beneficiários 
sofreu um duro golpe, uma queda considerável. 
Melhor do que atribuir a outros a responsabilidade 
pela sua aposentadoria é preparar você mesmo as 
condições para uma terceira idade mais tranquila. 
53 
 
De acordo com o HSBC, em pesquisa feita sobre a 
aposentadoria no mundo, 60% dos idosos esperam 
que seus familiares ajudem a arcar com suas 
despesas na terceira idade. No entanto, a mesma 
pesquisa revela que mais de 50% dos familiares de 
idosos “inativos” são auxiliados financeiramente por 
estes senhores e senhoras aposentados. A conta não 
fecha. 
Segundo pesquisa do BID – Banco Interamericano 
de Desenvolvimento, 15% dos idosos com mais de 65 
anos no Brasil não possuem nenhuma fonte de 
renda. 
Na mesma pesquisa, 64% dos brasileiros 
entrevistados revelam que nunca pouparam para a 
aposentadoria. Questionados entre poupar para uma 
viagem de férias ou para a aposentadoria, 49% 
escolheram a viagem, enquanto 43% escolheram a 
aposentadoria e 8% não souberam responder. 
Ainda mais alarmante, 51% dos jovens brasileiros 
disseram que nunca pensaram na aposentadoria. 
Nunca pensaram nisso! 
Outra pesquisa mostra que de cada 100 brasileiros 
apenas 4 separam parte dos seus ganhos para os 
anos finais. O índice é o mais baixo de todo o 
continente americano e um dos piores do mundo. Em 
levantamento de 143 países feito pelo Banco 
Mundial, só 11 países estão abaixo do Brasil, como 
por exemplo Níger, Somália, Iémen e Sudão. 
Infelizmente esta mesma pesquisa mostra que 
apenas 1% dos idosos brasileiros conseguem se 
manter sem depender de familiares ou do Estado. 
54 
 
Por fim temos a pesquisa do Serviço de Proteção ao 
Crédito – SPC – que revela que mesmo entre os 
pertencentes a classe A, composta por pessoas com 
renda acima de 20 salários-mínimos, apenas 3 em 
cada 10 pessoas poupam pensando na 
aposentadoria, derrubando a ideia de que o brasileiro 
não poupa exclusivamente devido à baixa renda. 
Cabe à geração atual mudar esta realidade. A 
principal ferramenta para essa mudança, adivinhem 
só, é a educação financeira.Resumo 
 
Faça um levantamento das suas receitas e 
despesas. 
Saiba o que realmente importa para você, seja ter 
tranquilidade financeira, um carro, uma casa ou 
viajar. 
Gaste menos do que você ganha. 
Receitas > Despesas. 
 Evite fazer dívidas, só faça se for inevitável. 
 Não compre nada com o intuito de impressionar os 
outros. 
Monte uma reserva de emergência. De 6 a 12 vezes 
as suas despesas mensais com alta liquidez. 
Construa um patrimônio para não depender do 
governo ou de familiares na terceira idade. 
Proteja seu patrimônio com seguros adequados às 
suas necessidades. Não busque apenas o seguro mais 
barato. 
Livre-se dos seus preconceitos em relação ao 
dinheiro. 
 
55 
 
Parte 2 – Investimentos 
 
“Uma operação de investimento é aquela que 
promete a segurança do principal com o retorno 
adequado sobre o capital investido.” 
Benjamin Graham 
 
Para Benjamin Graham, pai do “value investing” – 
investimento em ativos de valor – tudo o que foge da 
definição a seguir não é investimento: 
“Uma operação de investimento é aquela que 
promete a segurança do principal com o retorno 
adequado sobre o capital investido.” 
Todo o resto pode ser algum tipo de especulação ou 
aposta, mas não investimento. 
Uma outra famosa explanação sobre o que é 
investir é a de Warren Buffett – maior investidor da 
história e um dos homens mais ricos do mundo: 
“Investir é postergar o consumo presente para 
poder consumir mais no futuro e só existem duas 
perguntas, quando e quanto (a mais)”. 
A definição de Buffett, apesar de mais simples, 
ainda não nos traz um conceito muito prático. 
Deixarei minha própria definição e em seguida vou 
explicá-la para que compreendam a minha visão 
sobre o que é investimento. Longe de tentar superar 
as definições dos dois grandes mestres dos 
investimentos, pretendo complementá-las e deixar os 
leitores mais aptos a entender o que é e o que não é 
investimento. 
Investimento é uma operação onde o indivíduo, 
denominado investidor, se abstém de consumir no 
56 
 
presente fazendo poupança para o futuro e busca 
remunerar seu capital poupado comprando ativos de 
valor sobre os quais estudou e, consequentemente, 
tem conhecimento. Este investidor espera um retorno 
sobre o investimento e está ciente dos riscos 
envolvidos na operação. 
Nada muito diferente do que o Graham falou, 
correto? Sim, mas é importante ter atenção em 
relação aos riscos. O verdadeiro investidor sempre 
sabe dos riscos que está incorrendo ao investir em 
seja lá o que for. Aqueles que olham apenas os 
retornos não são investidores, são apostadores. 
Os investimentos são subdivididos em 2 classes: os 
ativos de renda fixa e os de renda variável. Na renda 
fixa a remuneração é previamente definida, sendo um 
valor específico ou algum indexador, como a Selic ou 
o CDI. Por outro lado, a renda variável, representada 
pelas ações, imóveis e fundos de investimento 
imobiliários, dentre outros ativos, depende da 
economia e de condições intrínsecas aos negócios e 
mercados dos quais fazem parte para remunerar o 
investidor. 
Outra subdivisão é em relação ao objetivo do 
investimento. Neste caso temos os ativos de reserva 
financeira, de crescimento e de geração de renda. 
Reserva financeira é a categoria dos ativos de maior 
liquidez, normalmente utilizados como reserva de 
emergência ou para cumprir objetivos específicos, 
como, por exemplo, a troca do carro ou da casa. 
Crescimento é a categoria dos ativos que tendem a 
crescer acima da inflação com o passar dos anos, de 
57 
 
preferência com ganhos expressivos. As ações, os 
títulos atrelados à inflação e até mesmo imóveis e 
terrenos bem localizados são os ativos de crescimento 
mais conhecidos. 
Por fim temos os ativos geradores de renda. Estes 
ativos pagam uma renda mensal, semestral ou 
mesmo anual para o investidor. Os mais conhecidos 
são os imóveis alugados, os fundos de investimento 
imobiliários e as ações. 
Uma boa carteira de investimentos tem ativos com 
os três objetivos informados, porém sempre focando 
em ativos de valor. 
E o que seriam ativos de valor? São aqueles que 
possuem valor intrínseco: um imóvel bem localizado, 
um título de renda fixa emitido por uma instituição 
sólida, seja pública ou privada, fundos de 
investimento imobiliários com bons imóveis e uma 
boa gestão, ou a ação de uma empresa que gere 
lucros e fluxos de caixa. 
A grande habilidade que deve ser desenvolvida pelo 
investidor é enxergar o valor nos ativos. É esse talento 
que, em última instância, separa os bons investidores 
dos demais. 
Como dizem: é essencial saber separar o joio do 
trigo, por isso observaremos alguns falsos 
investimentos que são sempre oferecidos pelas mais 
diversas instituições, começando por um velho 
conhecido de todos nós: 
O automóvel. Veículos não são investimentos, 
servem para te levar de um lugar para o outro, em 
alguns casos te ajudam a ter mais dinheiro já que 
58 
 
você pode transformá-los em ferramentas de 
trabalho, mas não são investimentos. Você não 
espera um retorno financeiro quando compra o 
automóvel, espera desvalorização e gastos com 
combustível, seguros e manutenção. Automóveis são 
bens de consumo e só faz sentido ter um carro se ele 
couber no seu orçamento. 
Casa própria. A casa própria não é um 
investimento, pois você não a comprou com o intuito 
de vender mais caro ou obter ganhos com o aluguel 
deste imóvel. Portanto a sua moradia é um bem de 
consumo também. 
Consórcio. Este é um dos piores falsos 
investimentos, pois ao contratar um consorcio você 
está pagando alguém para guardar o dinheiro para 
você. Você deixa seus recursos na mão de uma 
gestora e, além de não receber juros, paga uma taxa 
de administração. O consórcio pode ser, 
inteligentemente, substituído por um porquinho ou 
algum investimento simples de renda fixa, como a 
poupança. 
 Título de capitalização. Quase tão ruim quanto o 
consórcio. Nele alguém guarda o dinheiro para você 
e, em troca, você concorre a prêmios. Costuma ser 
um ótimo negócio para a instituição financeira que 
vende o produto, mas não para você. 
COE. Este investimento, também conhecido como 
“COmecei Errado”, se assemelha as antigas “bucket 
shops” misturadas com títulos pré-fixados, onde você 
“aposta” no desempenho de certas ações sem ter a 
ação e com capital “garantido”. O COE é uma 
59 
 
combinação de ativos de renda fixa com renda 
variável. Contudo o investidor não é titular nem 
direta nem indiretamente dos ativos de renda 
variável. A parte referente a renda fixa fica em títulos 
pré-fixados de modo que caso as premissas do COE 
não se realizem o investidor receba o valor que 
investiu ou algo perto disso de volta. Por exemplo o 
COE pode envolver as empresas Amazon e Google fica 
determinado que, se as ações dessas empresas 
tiverem uma valorização de X% o investidor recebe 
um determinado retorno no momento em que isso 
acontecer e caso não aconteça o investidor recebe 
apenas a parte alocada na renda fixa, disso vem a 
ideia de valores garantidos. É um ativo tipicamente 
de curto prazo pautado na sorte. Péssima 
combinação. Melhor comprar um bilhete de loteria. 
Financiamentos. Os financiamentos não são 
investimentos e sim o seu oposto, pois ao invés de 
receber juros, ao fazer um financiamento, você paga. 
Os únicos para os quais o financiamento pode ser 
considerado, em algum momento, investimento são 
as empresas onde os financiamentos são utilizados 
para comprar máquinas, equipamentos ou serviços 
que irão incrementar os lucros e a geração e caixa da 
companhia. 
Seguros resgatáveis. Outro falso investimento, os 
seguros resgatáveis geram muita confusão entre os 
corretores e segurados, pois a promessa é de 
devolução dos recursos corrigidos, porém, apenas da 
parte capitalizável dos recursos, o restante fica para 
a seguradora na forma de prêmio. Esse modelo foi 
60 
 
criado pois a maiorparte dos segurados não gosta de 
pensar na própria morte, então ter a expectativa 
receber algo no longo prazo, caso sobreviva, deixa o 
segurado mais tranquilo. 
E como encontrar o valor nos ativos sem ser 
enganado? Vamos tratar disso no capítulo específico 
de cada classe de ativos. Começando pela previdência 
privada. 
61 
 
Resumo 
 
Investimento bem-sucedido = Estudo + risco 
calculado + ação 
O retorno do investimento não deve ser o foco e 
sim o risco. 
Os ativos estão divididos em: reserva financeira, 
geração de renda e crescimento. 
 
 
 
Nem tudo o que reluz é ouro. Cuidado com os 
falsos investimentos. 
 
 
62 
 
 
63 
 
Capítulo 11 – Previdência Privada 
 
“Alguém está sentado na sobra hoje, porque alguém 
plantou uma árvore tempos atrás.” 
Warren Buffett 
 
Previdência privada é a denominação dos fundos, 
geridos por instituições financeiras, com benefícios 
tributários, que tem como objetivo a formação de 
patrimônio para complementação da aposentadoria. 
Esses fundos são divididos em PGBL – Plano 
Gerador de Benefício Livre – e VGBL – Vida Gerador 
de Benefício Livre. Ambos não entram em inventário 
e são pagos diretamente ao beneficiário informado 
pelo titular da previdência. 
A contribuição para o PGBL pode ser deduzida da 
base de cálculo do imposto de renda até o limite de 
12% da renda bruta anual tributável. Já o VGBL pode 
utilizar a alíquota regressiva de imposto de renda 
pago somente sobre os rendimentos, diferentemente 
do PGBL onde o imposto de renda é cobrado sobre o 
valor total. 
Se o investidor investir R$ 1.200,00 em um VGBL 
e ao final sacar R$ 1.500,00 ele pagará I.R. sobre a 
diferença entre os R$ 1.500,00 e os R$ 1.200,00, ou 
seja, sobre R$ 300,00. Por outro lado, se investir R$ 
1.200,00 e sacar R$ 1.500 no PGBL pagará imposto 
de renda sobre o total. Portanto, não faz sentido 
investir em PGBL nenhum valor que exceda os 12% 
da renda tributável que podem ser abatidos do I.R. 
 
64 
 
 
 
Fique atento à taxa de administração – que é um 
percentual cobrado sobre o saldo dos investimentos – 
e carregamento – que é um percentual sobre o valor 
investido no ato do investimento. A primeira não deve 
passar de 1%, enquanto a segunda não deve nem 
existir. Nesse momento os grandes bancos brasileiros 
já aboliram a taxa de carregamento. Talvez, no 
momento em que você estiver lendo esse livro a taxa 
de carregamento seja apenas história. 
Além do VGBL e PGBL existem os fundos de 
pensão geridos por instituições públicas e privadas 
que pretendem complementar a aposentadoria de 
seus funcionários. A vantagem desses fundos é o 
aporte feito pela empresa normalmente na proporção 
de 1 para 1, ou seja, para cada 1 real aportado pelo 
funcionário a empresa ou o Estado aportam 1 real 
também. Infelizmente em anos recentes 
acompanhamos alguns fundos de pensão exibindo 
grandes déficits em razão de decisões políticas que 
prezaram pelos recursos dos investidores. 
65 
 
O grande problema por trás da terceirização dos 
seus investimentos por meio de PGBL, VGBL, fundos 
de pensão ou outros fundos é o risco de o gestor 
cometer algum grande erro com os seus recursos. 
Quando se investe em um fundo investe-se, na 
verdade, na mente por trás da gestão do fundo, seja 
VGBL, PGBL ou um fundo de ações. Via de regra os 
gestores de fundo são remunerados por resultados de 
curto prazo, sendo assim, não montarão uma carteira 
pensando no longo prazo. 
A dica é simples, ainda que vá investir em algum 
desses produtos por qualquer motivo, não deixe de 
investir em outros dos investimentos que 
estudaremos a seguir, afinal ninguém cuidará melhor 
do seu dinheiro do que você. 
E a próxima classe de investimentos a ser estudada 
é a dos ativos de renda fixa. 
 
66 
 
 
67 
 
Capítulo 12 - Renda Fixa 
 
“Dinheiro é apenas uma ferramenta. Ele irá levá-lo onde 
quiser, mas não vai substituí-lo como motorista.” 
Ayn Rand 
 
Renda fixa é uma forma de investimento onde o 
investidor concede um empréstimo para uma 
instituição pública ou privada em troca de uma 
remuneração pré definida. 
A remuneração paga ao investidor em renda fixa é 
conhecida como juros. Os juros são o preço do 
dinheiro no tempo. Ao antecipar o consumo, pegando 
dinheiro emprestado, paga-se juros. Ao postergar, 
aplicando recursos em renda fixa, recebe-se os juros. 
Esses juros podem ser prefixados, um percentual 
específico, pós fixados, quando seguem algum 
indexador – CDI, SELIC etc, ou mistos, por exemplo 
quando pagam o IPCA mais um percentual prefixado. 
“Investir em Renda Fixa significa emprestar 
dinheiro para alguém, como banco, empresa ou para 
o governo. Na contrapartida, você recebe uma 
remuneração. Quem ganha com isso não é só o 
investidor. Para quem emite esse título, é uma forma 
de captar recursos e financiar seus projetos ou 
negócios, gerando mais oportunidades para nosso 
País.” Cetip – Depositária de títulos privados. 
A Cetip, que pertence à bolsa de valores brasileira, 
B3, registra os ativos e os vincula aos investidores. 
Por exemplo, caso o investidor compre um CDB do 
banco X ele ficará registrado no nome do investidor 
na Cetip. 
68 
 
De forma clara, o investidor em renda fixa é um 
emprestador de dinheiros. 
 
Taxa Selic 
 
Criada em 1979 com o objetivo de tornar mais 
transparentes e seguras as transações envolvendo 
títulos públicos, a Taxa Selic Over, que é apurada 
diariamente, mas normalmente expressa em termos 
anuais, é a taxa média ponderada das negociações 
apuradas no Sistema Especial de Liquidação e de 
Custódia para títulos federais. 
Existe também a Taxa Selic Meta, definida nas 
reuniões do Comitê de Política Monetária (COPOM), é 
dela que você ouve falar no Jornal a noite. 
Este sistema informatizado é destinado ao registro, 
custódia e liquidação das transações efetuadas com 
títulos públicos. 
A Selic é a taxa básica da economia que baliza 
todas as demais transações de crédito. Via de regra, 
quanto maior a Selic, mais caros ficam os 
empréstimos e mais interessante fica o investimento 
em renda fixa, consequentemente menos consumo e 
menos investimentos em ativos reais, imóveis e 
maquinários. 
 
O CDI e a taxa CDI – o que é e como 
funciona 
 
Certificado de Depósito Interbancário ou CDI é um 
título, de 1 (um) dia, emitido pelas instituições 
69 
 
financeiras que lastreia as operações do mercado 
interbancário, ou seja, transações entre bancos que 
emprestam entre si para sanarem seus caixas. 
Bancos não podem fechar o dia com caixa negativo. 
Os bancos que têm excesso de dinheiro em caixa 
ao fim de suas transações do dia emprestam este 
dinheiro para bancos que fecharam o dia com falta de 
dinheiro, para isso eles cobram a taxa DI. 
O CDI só é disponibilizado para negociação entre 
as instituições financeiras, não sendo possível a 
compra destes certificados por pessoas físicas, porém 
a taxa média diária do CDI é utilizada como 
parâmetro para balizar a rentabilidade de fundos DI, 
CDB’s, LCA’s, LCI’s, dentre outros. Discutiremos a 
frente estes ativos. 
Quando o gerente do banco te diz que tem a 
disposição um CDB 85% não significa que o CDB vai 
te trazer uma rentabilidade de 85% ao mês ou ao ano 
e sim que pagará 85% da taxa média do CDI. 
O CDI é utilizado para avaliar o custo do dinheiro 
negociado entre os bancos no setor privado e essa 
modalidade de aplicação pode render taxa prefixada 
ou pós-fixada. 
Para investir é necessário analisar a taxa real e não 
só a nominal – presente no rótulo – conforme será 
visto a seguir. 
 
Taxa de juros real e nominal 
 
As taxas de juros oferecidas em investimentos e 
empréstimos são, geralmente, taxas nominais, 
70 
 
aquelas que podemos ver e calcular diretamente 
mesmo sem nenhuma outra informação. Porém, a 
taxa que realmente interessa aos investidores é a taxa 
real, que representa a diferença entre a taxa nominal 
e a inflação. 
Para saber

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