Buscar

Fitoterapia pdf UNIDADE2

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Conteudista: Prof.ª Dra. Gisele Damian Antonio
Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Couto
 
Objetivo da Unidade:
Reconhecer as plantas medicinais conforme as características botânicas e os
requisitos de qualidade para uso em humanos.
Contextualização
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
Aspectos Botânicos das Plantas Medicinais
“Que planta é essa?” Você deve já ter se deparado, muitas vezes, se perguntando sobre as plantas
usadas com fins medicinais entre seus vizinhos e familiares. Existe uma série de problemas
quanto à denominação popular, em se tratando de plantas medicinais. 
A indicação de uma receita em que não é fornecido o nome botânico (científico) da espécie
envolvida pode ocasionar problemas, pois, para um mesmo nome popular, podem estar
nominadas diversas plantas de espécies diferentes. Para estudar plantas medicinais é essencial
conhecer as características botânicas e os nomes científicos aceitos das espécies vegetais para
organizar uma boa orientação terapêutica fitoterápica escrita. Lembre-se de que, no campo
profissional, para trabalhar com fitoterapia, você precisará qualificar-se e manter-se
atualizado(a) em relação às evidências científicas sobre essa temática. 
Não se esqueça de acessar os links dos Materiais Didáticos, onde encontrará o conteúdo e as
atividades propostas para esta Unidade. Além disso, você terá indicações de leituras
complementares para o aprofundamento das discussões nos espaços disponibilizados no
ambiente virtual. Leia todas elas e interaja com os demais cursistas e com a tutoria nos fóruns de
discussão desta Unidade. 
Esperamos que o conhecimento adquirido nesta Unidade de aprendizagem proporcione a
aproximação dos principais conceitos de botânica aplicada à fitoterapia.
Bom estudo! 
1 / 4
Contextualização
Introdução à Botânica
Para falarmos de orientação terapêutica de plantas medicinais, o terapeuta integrativo ou
naturólogo precisa conhecer alguns conceitos básicos de botânica, uma vez que as espécies
vegetais são a matéria-prima usada na fitoterapia (SIMÕES et al, 2007). O correto
reconhecimento botânico das espécies vegetais usadas com fins medicinais é o passo inicial
para o sucesso da fitoterapia como opção terapêutica (LORENZI, 2008). 
Há certas espécies que podem apresentar um nome popular consagrado pelo qual é mais
conhecida, como no caso da arruda (Ruta graveolens L.) e o emprego apenas do nome popular
em uma receita não causa dúvidas. Em outros casos, apenas o nome popular não é o suficiente,
pois designa outra espécie e outro medicamento. Por exemplo, a erva-cidreira (qual erva-
cidreira?). Tais confusões na nomenclatura se devem a diversas causas:
2 / 4
 Material Teórico
Variações linguísticas: dependendo da região do Brasil,
algumas espécies possuem nomes populares diferentes. Por
exemplo: Chenopodium ambrosioides L. da família
Chenopodiaceae é conhecida em Santa Catarina como erva-de-
santa-maria, enquanto, na Região Nordeste, a mesma planta é
chamada mastruço, que em Santa Catarina esta última
corresponde a Coronopus didymus da família Brassicaceae;
Traduções inadequadas: outro problema é quando são feitas traduções de obras
europeias tentando se adequar às espécies de lá com as espécies daqui, e, muitas
vezes, nomes populares europeus (portugueses) não equivalem às espécies
brasileiras que apresentam os mesmos nomes populares. Exemplos: a arnica
conhecida em Portugal pertence à espécie Arnica montana L., já a arnica (também
conhecida como arnica-do-mato e couvinha) amplamente utilizada na fitoterapia
brasileira pertence às espécies Porophyllum ruderale (Jacq.) Cass. e Wedelia paludosa
DC., ambas pertencentes à família Asteraceae (Compositae). A groselheira europeia
pertence às espécies Ribes nigrum L. da família Saxifragaceae, porém a nossa
groselheira (ou vinagreira, ou rosela) pertence à espécie Hibiscus sabdari�a L., da
família Malvaceae;
Nomes compostos: certos nomes, muitas vezes, são criados de forma a se comparar
uma “nova” planta, ou seja, uma espécie recentemente descoberta ou utilizada com
outras já consagradas, de forma que são criados nomes compostos dos quais
participam o nome de outra espécie já conhecida – posteriormente, por qualquer
razão, parte desse novo nome popular é perdido através do tempo e, no final, tem-
se espécies completamente diferentes associadas com o mesmo nome popular. Por
exemplo, foi descoberta uma espécie do gênero Saintpaulia (família Gesneriaceae) e
notaram-se semelhanças visuais com a violeta (Viola odorata L. - família Violaceae),
prontamente a espécie recém-descoberta foi popularmente designada de violeta-
africana, e, com o passar do tempo, o adjetivo “africana” foi abandonado, de forma
que a violeta passou a designar duas espécies diferentes. Uma vez que a primeira tem
um interesse ornamental muito grande, atualmente vemos o nome violeta
empregado a espécies de Saintpaulia, já a violeta (a verdadeira, a medicinal),
praticamente foi renegada a segundo plano. Os nomes boldo-do-jardim (Coleus
barbatus Bentham, atualmente Plectranthus barbatus Andr.) e boldo-de-baiano
(Vernonia condensata Baker) foram criados devido à semelhança dos efeitos
fitoterapêuticos dessas espécies com os efeitos da espécie Peumus boldus Molina,
atualmente Boldea boldus (Mol.) Looser, o boldo-do-chile (todas atuam no aparelho
digestivo), posteriormente os nomes populares das primeiras espécies, por
redução, passaram a ser boldo, e a confusão estabeleceu-se;
Efeitos terapêuticos semelhantes: plantas que possuem propriedades terapêuticas
semelhantes, ainda que pertencentes a famílias botânicas diferentes, podem
receber a mesma terminologia popular. Por exemplo, a erva-cidreira pode designar
a espécie Cymbopogon citratus (Poaceae - Gramineae), Melissa o�cinalis (Lamiaceae
- Labiatae) ou Lippia alba (Verbenaceae); a primeira espécie é conhecida também
por capim-limão e capim-cidreira ou cana-cidreira; a segunda é a erva-cidreira
(verdadeira); já a terceira é também denominada de falsa-melissa, cidrão, cidreira-
brasileira ou sálvia-do-rio-grande;
Espécies afins: um mesmo nome popular pode ser empregado para diversas
espécies afins, de um mesmo gênero, ou seja, espécies diferentes que têm um
parentesco botânico bastante estreito podem receber a mesma terminologia vulgar.
Por exemplo, muitas espécies do gênero Aristolochia são conhecidas, em fitoterapia
e em “medicina popular”, como cassaú ou cipó mil-homens; desse modo, restam as
dúvidas: todas as espécies podem ser empregadas? Todas atuam da mesma forma?
Etc. É muito comum verificarmos em rótulos de fitoterápicos e de cosméticos à base
de produtos naturais, a presença de passiflora (maracujá) em sua composição, ora,
dentro desse gênero, inúmeras espécies são encontradas na nossa flora e
denominadas de maracujá, faltou, portanto, a especificação de qual espécie faz parte
do composto;
Utilizações indevidas: o nome comum e a semelhança entre espécies diferentes
podem levar a erros no emprego medicinal das plantas. Por exemplo, as espécies
Maytenus ilicifolia Mart. ex Reiss. (família Celastraceae), Zollernia ilicifolia Vogel
(família Fabaceae) e Sorocea bonplandii (Baill.) Burg., Lang. & Boer. (família
Moraceae) são conhecidas popularmente por espinheira-santa, contudo a única
com estudos e comprovada cientificamente como medicinal é a Maytenus ilicifolia.
Saiba Mais 
Existem 359 fitoterápicos registrados na Agência Nacional de
Vigilância Sanitária, mas a maioria é à base de espécies importadas.
Também existem 101 espécies vegetais aprovadas como insumo
farmacêuticos, sendo essas 8 nativas endêmicas, 19 nativas não
endêmicas, 6 cultivas e 62 não são originárias do Brasil (CARVALHO,
2011).
Dessa forma, serão apresentados a seguir alguns conceitos que consideramos básicos, porém
fundamentais para a prática da fitoterapia.
Vejamos as etapas taxonômicas: 
Trocando Ideias... 
Conhecer a taxonomia e as partes das plantas é importante para os
resultados
terapêuticos. Assim, se não houver uma identificação
botânica correta, podemos usar a planta de forma equivocada. Em
algumas espécies vegetais, os princípios ativos são produzidos a partir
das folhas, outras, a partir das cascas, enfim, vai depender da planta
utilizada. Algumas famílias vegetais podem ser alergênicas.
Taxonomia das plantas: é um ramo da botânica que trata da
descrição, identificação, nomenclatura e classificação das
plantas, por meio da sua organização em grupos, morfologia,
anatomia, fitoquímica.
Descrição: refere-se aos aspectos morfológicos e anatômicos
das plantas, compreendendo os órgãos vegetativos (raiz, caule,
folhas) e reprodutivos (flores, frutos e sementes);
Identificação: refere-se à determinação, comparação de espécies para definir se se
trata de uma planta já existente ou nova planta para a ciência;
As categorias ou unidades taxonômicas representam níveis hierárquicos das categorias de
classificação das espécies vegetais. São elas: reino, divisão ou filo, classe, ordem, família,
gênero, espécie.
Figura 1 – Classificação taxonômica
Os grupos taxonômicos recebem, geralmente, nomes com terminações próprias, relacionadas
com a categoria a que pertencem de acordo com as recomendações do Código Internacional de
Nomenclatura Botânica (ICBN):
Nomenclatura: refere-se à determinação do nome científico correto de uma planta
de acordo com regras, recomendações e princípios contidos no Código
Internacional de Nomenclatura Botânica;
Classificação: refere-se ao processo de agrupamento de elementos com
características comuns, de acordo com o sistema nomenclatural. É a ordenação das
plantas de maneira hierárquica.
Exemplo:
Divisão: sufixo phyta;
Classe: sufixo opsida;
Subclasse: sufixo idae;
Ordem: sufixo ales;
Subordem: sufixo ineae;
Família: sufixo eceae;
Subfamília: sufixo oideae.
Reino: Vegetabilis; Divisão: (phyta) Magnoliophyta
(Angiospermae); Classe: (opsida ou atae) Magnoliopsida
(Dicotiledoneae); Subclasse: (idae) Rosidae; Ordem: (ales)
Rosales; Subordem: (ineae) Rosineae; Família: (aceae) Rosaceae;
Subfamília: (oideae); Rosoideae; Tribo: (eae) Roseae; Subtribo:
(inae) Rosinae; Gênero: Rosa; Espécie: Rosa gallica L.;
Variedade: Rosa gallica L. var versicolor Thory.
Trocando Ideias... 
Na prática, a espécie é o que caracteriza individualmente a planta. Por
Figura 2 – Capim-cidreira 
Fonte: Getty Images
exemplo, a Cynara humilis e a Cynara scolymus, duas plantas de mesmo
gênero, com aparência semelhante, mas com diferenças morfológicas
e fitoquímicas. É muito importante que você conheça o nome científico
das plantas, pois também existem diferentes espécies diferentes que
são conhecidas pelo mesmo nome popular, por exemplo: Cymbopogon
citratus (DC) Stapt (capim-cidreira) e Elionurus muticus (Spreng.) Kuntze
(capim-cidreira-fino). Outra questão importante sobre as espécie é que
o nome da primeira descrição correta de uma espécie, ou seja, o mais
antigo, é considerado o nome válido, e os diversos outros nomes a ela
atribuídos são considerados sinônimos. Conhecer o nome científico, o
nome popular e a sinonímia das plantas proporciona mais facilidade
na hora de organizar a orientação terapêutica fitoterápica escrita. 
Figura 3 – Capim-cidreira-fino 
Fonte: Reprodução
Trocando Ideias... 
Como você pôde perceber, existem diferentes espécies vegetais com o
mesmo nome popular, o que pode gerar confusões, caso a planta
medicinal não seja identificada pelo seu nome científico. O sistema
binominal do nome científico visa a dar, a cada espécie vegetal, um
nome científico único, válido e distinto dos demais. 
O nome científico das plantas é em latim, por isso é escrito em itálico, seguindo princípios,
regras e recomendações apresentadas no Código Internacional de Nomenclatura Botânica
(CINB). Recomenda-se que o nome científico seja destacado nas orientações terapêuticas
fitoterápicas ou documentos ou textos, ou seja, colocar em itálico, negrito, sublinhar. 
O primeiro termo do nome da planta identifica o gênero da planta. É sempre escrito começando
por uma maiúscula. 
O segundo termo refere-se à espécie. Ele é escrito em letras minúsculas e refere-se ao epíteto
específico, mesmo quando seja derivado de um nome próprio ou de uma designação geográfica. 
Todo nome de espécie deve ser acompanhado pelo autor da espécie. Os nomes dos autores são,
frequentemente, escritos abreviadamente. Quando não conhecemos a espécie, usamos o termo
“spp.”. 
Exemplo: Mikania spp. Pode ser a Mikania laevigata Schultz Bip, Mikania glomerata Sprengel,
Mikania involucrata Hook. & Arn. (guaco).
Trocando Ideias... 
O uso do nome científico auxilia na promoção do uso racional de
plantas medicinais. Ele é universal, pois o mesmo, em qualquer língua
ou país, é específico, ou seja, para cada espécie existe apenas um nome
e vice-versa. Isso permite uma identificação rápida das informações
em livros ou revistas e sites, no mundo todo. Mas como certificar-se
Tropicos 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Flora e Funga do Brasil 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Depois de aprender sobre as espécies vegetais e a importância de reconhecer as diferentes
nomenclaturas taxonômicas, conheceremos um pouco das partes das plantas.
dos nomes aceitos para cada espécie? Para consultar os nomes
científicos e suas sinonímias, recomenda-se dois sites interessantes:
Saiba Mais 
O sistema básico para classificação das plantas foi criado por Linneo
(1707-1778), botânico sueco, baseado na morfologia da flor.
Figura 4 – Partes das plantas 
Fonte: Adaptada de Freepik
Partes das plantas: é utilizado o local onde se concentram os
princípios ativos (farmacógeno) que podem ser produzidos em
diferentes concentrações da mesma planta.
Importante! 
A parte da planta medicinal que tem os princípios ativos que podem ser
utilizadas com fins terapêuticos é chamada de farmacógeno.
Vamos observar os principais farmacógenos das plantas.
Figura 5 – Folhas do Senna alexandrina Mill 
Fonte: Getty Images
Folhas: são órgãos localizados nas extremidades dos caules,
com a função de promover as trocas gasosas e realizar a
fotossíntese. Por exemplo, folhas secas de Senna alexandrina
Mill. (sene) têm antraquinonas com ação laxante.
Frutos: descendem das flores em que houve fecundação. A
função é proteger as sementes e promover a sua dispersão.
Figura 6 – Fruto do Foeniculum vulgare Mill 
Fonte: Getty Images
Exemplo de plantas que o fruto é o farmacógeno: Foeniculum
vulgare Mill. contém óleo essencial de anetol, que tem ação
antiespasmódica.
Flor ou inflorescências: são as estruturas reprodutivas das
plantas e atraem polinizadores para facilitar a fecundação e
dispersão da espécie. Exemplo de plantas que as flores são o
farmacógeno: Matricaria recutita L. (camiomila), por conter
diversas flavonas e flavanoides, como apigenina, quercetina,
rutina e luteolina com efeito anti-inflamatório.
Figura 7 – Inflorescência da Matricaria recutita L. 
Fonte: Getty Images
Semente: é a estrutura que serve de proteção para o embrião da
planta. É o óvulo desenvolvido após a fecundação. Exemplo de
plantas que a semente é o farmacógeno: Plantago major L.
(tansagem) com presença de mucilagens com ação laxante.
Figura 8 – Semente do Plantago major L 
Fonte: Getty Images
Caule/Casca: parte da planta que tem a função estrutural e de
suporte, dando resistência ao vegetal. Exemplo de plantas que
o caule é o farmacógeno: Uncaria tomentosa Willd. (unha-de-
gato) com alcaloides indólicos com ação anti-iflamatória.
Figura 9 – Casca da Uncaria tomentosa Willd 
Fonte: Reprodução
Raiz: localiza-se no interior do solo e tem a função de absorver
água e minerais. Exemplo de plantas em que o raiz é o
farmacógeno: Pfa�a paniculata (Mart.) Kuntze, tem saponinas
com ação imunomoduladora, rejuvenescedora, tônico geral.
Figura 10 – Raízes da Pfa�a paniculata (Mart.) Kuntze 
Fonte: Reprodução
Rizomas: exemplo de plantas em que o
rizoma é o
farmacógeno: Zingibre o�cinale Roscoe.
Figura 11 – Rizoma do Zingibre o�cinale Roscoe 
Fonte: Getty Images
Reflita 
Você sabe como as plantas produzem seus nutrientes e substâncias
para modulação de uma série de reações no organismo vegetal?
Plantas possuem um sistema de defesa? O que são princípios ativos? O
As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes, da água e da luz que recebem
por meio do metabolismo vegetal. Esse metabolismo próprio é a forma que a planta consegue
suprimento energético, faz a renovação celular e garante a sua sobrevivência (MONTEIRO et al.,
2017). 
Figura 12 – Processo de fotossíntese 
Fonte: Adaptada de Freepik
O metabolismo dos vegetais pode ser dividido em dois tipos.
que é metabolismo vegetal? Qual a importância desse conhecimento
para saúde?
Metabolismo primário: reações metabólicas relacionadas
diretamente ao processo vital do vegetal, responsável pela
produção de macromoléculas (lipídios, açúcares, proteínas,
ácidos nucleicos e clorofila). Possuem ampla aplicabilidade
terapêutica, como os polissacarídeos (emolientes,
cicatrizantes), as pectinas (hidratantes) e os óleos vegetais
(hidrófobo e protetor) (SIMÕES et al, 2007);
1
Metabolismo secundário: são rotas metabólicas que ocorrem a partir dos
compostos produzidos no metabolismo primário e produzem substâncias
especializadas. Essas substâncias de baixo peso molecular que têm funções
adaptativas, tais como proteger a planta de predadores, parasitas e raio UV, atrair
agentes polinizadores. Outra característica dessas substâncias é que sua produção e
distribuição podem ser diferentes na própria planta e entre plantas da mesma
espécie (SIMÕES et al., 2007).
2
Saiba Mais 
Os componentes químicos produzidos pelas plantas são os princípios
ativos. Uma mesma planta pode ter várias substâncias ativas, das quais
uma ou um grupo são responsáveis pela ação principal. Os metabólitos
secundários são os componentes químicos de maior interesse em
fitoterapia. 
Requisitos de Qualidade
As plantas medicinais e fitoterápicos são produtos submetidos à vigilância sanitária, porque,
assim como outros produtos de saúde, podem apresentar certo risco à saúde das pessoas.
Segundo o Código Penal Brasileiro (1940, art. 273), falsificar, corromper, adulterar ou alterar,
importar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribuir
ou entregar a consumo produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais: 
Está sujeito às penas de reclusão, de 10 a 15 anos, e multa quem praticar essas ações em
quaisquer das seguintes condições: sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância
sanitária; adquiridos de estabelecimentos sem licença da autoridade sanitária. 
Glossário 
Princípio ativo: é a substância ou classe de substâncias (alcaloide,
flavonoide) quimicamente caracterizada e com ação farmacológica
conhecida e responsável, total ou parcialmente, pelos efeitos
terapêuticos das plantas medicinais e de seus derivados.
Deve-se ter em mente que o uso de plantas medicinais falsificadas pode
ocorrer pela variedade de nomes populares para diferentes espécies.
Dessa forma, é importante reconhecer as espécies corretas pelo seu
nome científico. O primeiro passo de identificação de uma espécie
vegetal pode ser feito pelas suas características botânicas e
fitoquímicas.
A dispensação de plantas medicinais é privativa de farmácias e ervanarias, observados o
acondicionamento adequado e a classificação botânica, segundo a Lei 5.991/1973. As
embalagens não podem ter alegação terapêutica. Os chás medicinais (droga vegetal) são
dispensados de registros, devem ser notificados como Produtos Tradicionais Fitoterápicos,
segundo a Resolução RDC 26/2014.
Para o controle de qualidade das plantas medicinais e fitoterápicos, devem ser aplicadas
metodologias químicas, identificação da espécie, controle de qualidade microbiológico,
analisando a contaminação por microrganismos que podem ser patogênicos para o usuário ou
que podem propiciar a degradação do material vegetal, diminuindo, assim, a sua eficácia e
segurança e análise de fraudes (SOUZA-MOREIRA et al., 2010).
Saiba Mais 
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia
federal com finalidade de promover a proteção da saúde da população
por meio do controle sanitário da produção e comercialização de
produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária. Os produtos
submetidos à regulamentação, à regulação, ao controle e à fiscalização
sanitária pela Anvisa compreendem: medicamentos, alimentos,
cosméticos, saneantes, produtos para saúde, plantas medicinais,
fitoterápicos, entre outros.
A busca por marcadores baseia-se na suposição de que qualquer planta possui um ou poucos
constituintes responsáveis por sua atividade e que, portanto, substituiriam o uso da planta na
sua totalidade, permitindo doseamentos precisos e determinação das variações de bioatividade.
Marcadores químicos são constituintes ou grupos de constituintes quimicamente definidos,
presentes em drogas, suas preparações, fitoterápicos ou outros medicamentos à base de ativos
de origem natural, que são utilizados para fins de controle de qualidade, podendo ou não
apresentar atividade terapêutica.
Controle da composição química: usam-se técnicas
cromatográficas e analíticas que permitem a separação e o
isolamento de substâncias de um extrativo vegetal para o
conhecimento da composição química, do princípio ativo e/ou
do composto tóxico de uma planta, como também para a
determinação de uma substância, ou grupo de substâncias, que
sirva como marcador daquela espécie, para controle
qualitativo e quantitativo da droga, propiciando a
padronização do material vegetal e produtos relacionados.
Métodos simples e rápidos de análise são as melhores opções
para serem utilizadas em laboratórios de regulamentação e
laboratórios de controle de qualidade de produtos à base de
material vegetal. A determinação da constituição química da
amostra pode ser feita por diferentes técnicas cromatográficas:
cromatografia em camada delgada (CCD), cromatografia
líquida de alta eficiência (CLAE), cromatografia gasosa (CG) e
eletroforese capilar (EC).
Métodos de controle de qualidade de algumas plantas medicinais já validados estão presentes
em monografias encontradas, por exemplo, na Farmacopeia dos Estados Unidos, Farmacopeia
chinesa, monografias da OMS, Farmacopeia japonesa e Farmacopeia brasileira.
Controle microbiológico: usa-se para identificar
contaminação de produtos vegetais por estarem em contato
direto com o ambiente e, portanto, com o solo rico em esporos
de fungos, patas de insetos e animais carregadas de bactérias e
esporos. A contaminação por esses microrganismos pode
acarretar deterioração do material, por ser fonte de enzimas e
de patógenos, podendo levar ao desenvolvimento de doenças.
São produtos de alto risco, sendo necessário definir medidas
adequadas de controle higiênico-sanitário para garantir a
qualidade e segurança desse tipo de produto desde a coleta,
armazenamento e manipulação.
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
  Site  
Banco de Plantas Horto Didático de Plantas Medicinais do
HU/CSS UFSC
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
  Leitura  
The Brazilian Market of Herbal Medicinal Products and the
Impacts of the new Legislation on Traditional Medicines
Clique no botão para conferir o conteúdo.
3 / 4
 Material Complementar
ACESSE
Glossário Ilustrado de Botânica: Subsídio para Aplicação no
Ensino 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
Botânica Aplicada E-book – Capítulo X, Página 139-161 
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
O Estudo de Plantas Medicinais e a Correta Identificação
Botânica
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
ALONSO, J. Fitomedicina: curso para profissionais da área da saúde. São Paulo: Pharmabooks,
2008. p. 21-25.
BRASIL. Ministério
da Saúde. Portaria 886, de 20 abril de 2010. Farmácia Viva no âmbito do
Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2010. Disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2010/prt0886_20_04_2010.html>. Acesso
em: 23/05/2022.
________. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução da
Diretoria Colegiada 18, de 03 de abril de 2013. Dispõe sobre as boas práticas de processamento e
armazenamento de plantas medicinais, preparação e dispensação de produtos magistrais e
oficinais de plantas medicinais e fitoterápicos em farmácias vivas no âmbito do Sistema Único
de Saúde (SUS). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0018_03_04_2013.pdf>. Acesso
em: 15/06/2022.
________. Presidência da República. Decreto 5.813, 26 de junho de 2006. Aprova a Política
Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência
da República, 2006. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/decreto/d5813.htm>. Acesso em: 15/06/2022.
CARVALHO, A. C. B. Plantas medicinais e fitoterápicos: regulamentação sanitária e proposta de
modelo de monografia para espécies vegetais oficializadas no Brasil. 2011. Doutorado (Tese) -
Programa de pós-graduação em Ciências da Saúde, Universidade de Brasília. 2011. Disponível
em:
4 / 4
 Referências
<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/8720/1/2011_AnaCec%C3%ADliaBezerraCarvalho.
pdf>.
HARAGUCHI, L. M. M.; CARVALHO, O. B. (coord.). Plantas Medicinais: do curso de plantas
medicinais São Paulo: Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Divisão Técnica Escola
 Municipal de Jardinagem, 2010. Disponível em:
<https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/meio_ambiente/arquivos/planta
s_med_web.pdf>. Acesso em: 26/05/2022.
LEITE, J. P. V. Fitoterapia: bases científicas e tecnológicas. São Paulo: Atheneu, 2009. p. 3-18. 
LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa:
Instituto Plantarum, 512p. 2008. ISBN 8586714283.
SCHLEDER, E. J. D.; AGUIAR, E. B.; MATIAS, R. (org.). Material didático: introdução à taxonomia e
sistemática vegetal. Londrina: Editora Científica, 2020. Disponível em:
<https://repositorio.pgsskroton.com/bitstream/123456789/29678/1/Materia%20Didatico%20
-%20Introdu%C3%A7%C3%A3o%20a%20Taxonomia.pdf>. Acesso em: 26/06/2022.
SIMÕES, C.M.O. et al. (Orgs.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 6.ed. revisada e
ampliada. Porto Alegre/Florianópolis: Editora da UFRGS/Editora da UFSC, 2007. 1102p.
SOUZA-MOREIRA, T. M.; SALGADO, H. R. N.; PIETRO, R. C. L. R. O Brasil no contexto de controle
de qualidade de plantas medicinais. Rev. bras. farmacogn., Curitiba, v. 20, n. 3, p. 435-440, 2010.
Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbfar/a/J�79JxJ8RktS6ryT7WDXHj/?lang=pt>. Acesso
em: 23/06/2022.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais