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Histologia do coração SUMÁRIO 1. Introdução .........................................................................................................3 2. Parede do coração .............................................................................................3 3. Características do músculo cardíaco .................................................................6 4. Disco intercalar ..................................................................................................6 5. O esqueleto cardíaco .........................................................................................7 6. Válvulas cardíacas .............................................................................................7 7. Sistema elétrico do coração ...............................................................................7 Referências bibliográficas ................................................................................................10 Histologia do coração 3 1. INTRODUÇÃO O coração é um órgão muscular que tem como principal função bombear o san- gue para o organismo fazendo isso através de contrações rítmicas, ou seja, nada mais é que um par de bombas musculares dotadas de valvas combinadas. Além disso, é o órgão responsável pela produção do hormônio conhecido como fator natriurético atrial. Assim como os vasos sanguíneos, o coração possui algumas pe- culiaridades, como as 3 túnicas, que são: endocárdio (interna), miocárdio (média) e pericárdio (externa), sendo essa semelhança originada da gênese embriológica do coração, um “superespecializado” vaso sanguíneo. Outro aspecto a respeito desse órgão muscular que vale a pena destacar é o seu esqueleto fibroso, região central e fibrosa, que serve de apoio para as válvulas cardíacas e é o local de origem e inser- ção das células musculares do coração. 2. PAREDE DO CORAÇÃO Sabe-se que o coração é constituído por algumas túnicas, também conhecidas co- mo pares do coração. São elas: endocárdio, miocárdio e pericárdio (com seu folheto visceral epicárdio). Endocárdio → O endocárdio é uma estrutura semelhante à camada íntima dos va- sos sanguíneos, sendo constituído por endotélio (epitélio pavimentoso simples) que repousa sobre uma camada subendotelial delgada de tecido conjuntivo frouxo (con- tendo fibras elásticas e colágenas, além de algumas células musculares lisas). Vale lembrar que essa camada subendotelial está conectada com o miocárdio, através de uma camada de tecido conjuntivo, comumente chamada de camada subendocardial que contém veias, nervos e ramos do sistema de condução elétrico do coração, as células de Purkinje. Miocárdio → Dentre as túnicas (paredes) do coração essa é a mais espessa, con- sistindo em células musculares cardíacas organizadas em camadas, envolvendo as câmaras do coração como uma espiral. Nesse âmbito, percebe-se a importância do esqueleto cardíaco fibroso, pois é justamente nele que grande parte dessas camadas se inserem. Se liga! É justamente no miocárdio que está localizado o sistema de condução elétrico do coração. Histologia do coração 4 Epicárdio → O epicárdio (fina camada de tecido conjuntivo) é o folheto visceral do pericárdio e serve de apoio para uma camada de epitélio pavimentoso simples (me- sotélio) que cobre externamente o coração. O tecido adiposo que envolve o coração se acumula nessa camada. Figura 1: Anatomia do coração Pericárdio. Isolado Fonte: Anna Bessmertnaya/Shutterstock.com Pericárdio → É a membrana serosa que envolve o coração e a base dos grandes vasos. Constituído por 02 folhetos, o visceral (epicárdio) e o parietal, de forma que o epicárdio recobre o coração e os grandes vasos, enquanto que a lâmina parietal re- veste a superfície interna do pericárdio fibroso. Entre esses dois folhetos existe uma pequena quantidade de fluido, que atua facilitando os movimentos do coração. Ainda em tempo, vale lembrar que os dois folhetos descritos acima constituem o pericár- dio seroso, mas ainda tem o pericárdio fibroso (formado por um resistente tecido conjuntivo denso modelado, rico em colágeno), porção mais externa dessa camada de revestimento, sendo superiormente contínuo exteriormente com a adventícia dos grandes vasos e inferiormente está aderido ao centro tendíneo do diafragma e a uma pequena área muscular de sua metade esquerda. Histologia do coração 5 Figura 2: 1) Pericárdio fibroso; 2) Pericárdio parietal; 3) Pericárdio visceral; 4) Miocárdio; 5) Endocárdio. Fonte: asia11m/Shutterstock.com Figura 3: Miócitos cardíacos estriados mostrando grânulos de lipofuscina de pigmento amarelo perto dos núcleos. Os miócitos são unidos por discos intercalados. Micrografia de luz. Mancha H&E. Fonte: Jose Luis Calvo/Shutterstock.com Histologia do coração 6 3. CARACTERÍSTICAS DO MÚSCULO CARDÍACO Assim como no músculo esquelético, no músculo cardíaco as proteínas contráteis são organizadas em sarcômeros, que estão alinhados em registro transversalmente às fibras, o que produz finas estriações transversais visíveis ao microscópio óptico. Além disso, existem outras semelhanças entre esses tecidos musculares, como con- ter as mesmas proteínas contráteis quanto à mesma base molecular para contração. Contudo, apesar das semelhanças, possuem algumas diferenças muito significativas tanto funcionais como morfológicas, como: cada célula cardíaca possui um ou dois núcleos grandes, enquanto que o músculo esquelético possui múltiplos núcleos co- locados perifericamente; as células cardíacas são unidas por elaborados complexos juncionais, os discos intercalados; há um delicado tecido conjuntivo fibrocartilagino- so encontrado entre as fibras musculares cardíacas; as estriações transversais do músculo cardíaco são menos conspícuas que as do músculo esquelético; as gran- des mitocôndrias presentes no músculo cardíaco refletem o metabolismo oxidativo altamente desenvolvido nesse tecido. Ademais, vale destacar a composição dos ventrículos, que são as camadas espiraladas de fibras que “correm em diferentes di- reções” e que as células do músculo ventricular são maiores que as células do mús- culo atrial. Se liga! Em resposta ao estiramento da parede atrial, o precursor do fator natriurético atrial, contido em grânulos densos do citoplasma das cé- lulas atriais, é liberado, causando uma perda renal de cloreto de sódio e água, reduzindo assim o volume de líquido corporal e a pressão arterial. 4. DISCO INTERCALAR São estruturas exclusivas do músculo cardíaco. Quando visualizados através de um microscópio óptico, são percebidos como linhas transversais cruzando os tratos das células cardíacas. São junções complexas entre as células musculares cardíacas, possuindo porções transversais e laterais. As porções transversais ocor- rem sempre que miofibrilas chegam à extremidade de uma célula, momento em que os filamentos de actina de um sarcômero terminal se inserem em uma matriz Histologia do coração 7 subsarcolêmica que os ancora, junto com outros elementos citoplasmáticos, com filamentos intermediários, à membrana plasmática. As porções laterais correm para- lelas aos miofilamentos e ao eixo longo da célula, antes de virar de novo para formar outra porção transversa, por isso, é responsável pela progressão em degrau do disco intercalado, que pode ser vista microscopicamente. Uma característica muito impor- tante da porção lateral é o fato de conterem as junções comunicantes, as quais são responsáveis pelo acoplamento elétrico entre as células adjacentes, e são os canais de condutância dentro dessas junções que possibilitam a propagação do impulso elétrico ao longo dos tratos ramificados de células interconectadas. 5. O ESQUELETO CARDÍACO O esqueleto cardíaco é uma estrutura composta por tecido conjuntivo denso, sen- do os seus principais componentes: septo membranoso, trígono fibroso e o ânulo fibroso. São estruturas formadas por um tecido conjuntivo denso, com grossas fibras de colágeno orientadasem várias direções. Possui como principais funções a sus- tentação das valvas e o isolamento elétrico do coração. 6. VÁLVULAS CARDÍACAS As válvulas cardíacas consistem em um arcabouço central de tecido conjuntivo denso, contendo colágeno e fibras elásticas, revestido por todos os lados por uma camada de endotélio. As bases das válvulas são sustentadas pelo esqueleto fibroso, pois elas estão presas aos anéis fibrosos contidos nele. As válvulas presentes no coração são: válvula atrioventricular direita, válvula do tronco pulmonar, válvula atrio- ventricular esquerda e válvula aórtica. Observa-se que o aparelho valvar atrioventri- cular, tanto esquerdo quanto direito, consistem na interação harmoniosa de alguns componentes, como: no óstio e seu anel fibroso associado, nas válvulas, nas cordas tendíneas de sustentação e nos músculos papilares. 7. SISTEMA ELÉTRICO DO CORAÇÃO Esse órgão muscular apresenta um sistema próprio de geração e de condução de energia, o que diferencia as células do tecido muscular estriado cardíaco das do tecido muscular estriado esquelético. Essa particularidade do coração permite que ele gere um estímulo rítmico que se espalha através de um sistema de condução Histologia do coração 8 por todo o miocárdio, gerando assim as contrações musculares que servem para bombear o sangue. Esse sistema é constituído por dois nodos, que são: o nó sinoa- trial (ou sinusal) e o nó atrioventricular, e pelo feixe atrioventricular (origina-se no nó atrioventricular e se ramifica para os ventrículos). Sabe-se que as células que participam do sistema gerador e condutor do impulso do coração estão altamente conectadas, isso ocorre através das junções do tipo comunicante, responsáveis por facilitar a passagem do impulso elétrico de forma uniforme e eficaz. Nesse sentido, o impulso gerado pelo nó sinusal (sinoatrial) per- corre os átrios, e para no nó atrioventricular, momento em que há uma “parada” na condução, para que os ventrículos possam se encher de forma eficaz antes de iniciar a contração, sendo o impulso retardado nesse nó por cerca de 40 ms. As células de transição se estendem do nó atrioventricular para o tronco e os principais ramos do feixe atrioventricular, ou feixe de His. Nesse momento, elas se tornam contínuas com as células de Purkinje. Se liga! Três tipos de células cardíacas podem ser distinguidos morfologicamente, as células P (coloração pálida, ou primitivas, ou marca-pas- so), células de transição e as fibras de Purkinje. Nó sinoatrial → O aglomerado de células musculares cardíacas especializadas, localizado no átrio direito é conhecido como nó sinoatrial. Constituído por células fusiformes, que são menores e possuem uma menor quantidade de miofibrilas do que as outras células musculares do átrio. Se liga! O nó sinoatrial é o responsável por mandar os estímulos no ritmo que o coração seguirá, pois são as células que geram o ritmo mais rápido, por isso, é conhecido como o marca-passo cardíaco. Nó atrioventricular → Semelhante ao nó sinoatrial, localizado entre o átrio direito e o ventrículo direito, é constituído por células que se ramificam e emitem projeções ci- toplasmáticas em várias direções, formando uma rede. Feixe atrioventricular → Formado por células semelhantes as do nodo com uma peculiaridade: nas porções mais distais do feixe, as células são maiores e possuem uma forma característica, que são as chamadas células de Purkinje. Logo, para facilitar o entendimento, pense o seguinte: saindo do nó atrioventricular existe um Histologia do coração 9 feixe, responsável pela condução do impulso para os ventrículos, chamado de feixe atrioventricular ou feixe de His, que vai se ramificando até dar origem aos chamados feixes de Purkinje, que acabam o seu trajeto nas células de Purkinje. Se liga! Entre as fibras musculares do miocárdio existem termina- ções nervosas livres e aferentes (levam impulsos da periferia ao sistema ner- voso central) e são marcadas por possuírem sensibilidade a dor. Sei que você, aluno SanarFlix já se ligou no que quero dizer... São essas fibras que, em situa- ções de obstrução (parcial ou total) das artérias coronárias, o que leva à isque- mia das células miocárdicas, percebem essa falta de oxigênio e assim surge a dor, famosa angina de peito. Figura 4: Micrografia de luz mostrando fibras de Purkinje do sistema de condução do coração. Eles aparecem como grandes fibras musculares com miofibrilas escassas localizadas no subendocárdio, logo abaixo do endocárdio. Fonte: Jose Luis Calvo/Shutterstock.com Histologia do coração 10 MAPA MENTAL - HISTOLOGIA DO CORAÇÃO Células musculares cardíacas especializadas Epitélio pavimentoso simples (mesotélio) Externa (pericárdio) Camada Subendocardial Nodo sinoatrial Túnicas Esqueleto cardíaco Células de Purkinje Endotélio sobre tecido conjuntivo frouxo Interna (endocárdio) Média (miocárdio) Mais espessa Veias Nervos Células de Purkinje Miocárdio à camada subendotelialCitoplasma rico em mitocôndrias e glicogênio Ânulo fibroso Tecido conjuntivo denso Septo membranoso Trígono fibroso Apoia-se no epicárdio Folheto visceral do pericárdio Tecido conjuntivo Menor número de miofibrilas Histologia do coração 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Junqueira LC, Carneiro J, Abrahamsohn P. Histologia básica: texto e atlas. 12. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2013. Standring S. Gray's Anatomia. A base anatômica da prática clínica. 40. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010 sanarflix.com.br Copyright © SanarFlix. 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