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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FUVEST 
Exasiu 
Professora Luana Signorelli 
Aula de Obras Literárias: 
Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência 
Análise de obra da leitura obrigatória: Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência. 
Resumo, análise, crítica, exercícios 
Exasiu 
estretegiavestibulares.com.br 
EXTENSIVO 
t.me/CursosDesignTelegramhub
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 2 
Professora Luana Signorelli 
Sumário 
 
INTRODUÇÃO 3 
1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO 4 
2.0 CECÍLIA MEIRELES 11 
3.0 ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 13 
3.1 PRÉ-LEITURA 17 
4.0 ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA E A INTERTEXTUALIDADE 58 
5.0 QUADRO SINÓPTICO 61 
6.0 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 62 
6.1 GABARITO 97 
7.0 QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 97 
8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 146 
9.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 147 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luana Signorelli @luanasignorelli1 
@profa.luana.signorelli Professora Luana 
Signorelli 
/luana.signorelli 
t.me/CursosDesignTelegramhub
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 3 
INTRODUÇÃO 
 
Olá, alunos. 
O meu nome é Luana. Sou Mestra em Literatura e Práticas 
Sociais pela Universidade de Brasília (UnB) e Doutoranda em Teoria e 
História Literária pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), 
já qualificada. Tenho 12 anos de experiência com revisão e 
padronização textual e 11 anos em curso pré-vestibular, tendo 
passado por instituições conhecidas e renomadas. 
Lembrem-se sempre de nosso lema: 
 
 
 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. 
Hoje vamos ter uma Aula de Obras Literárias. Segundo o nosso cronograma, eis o que vamos 
estudar hoje: 
 
AULA TÓPICOS ABORDADOS 
AULA ÚNICA 
Título da aula: Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência 
Descrição do conteúdo programático da aula: Análise de obra da leitura 
obrigatória: Cecília Meireles – Romanceiro da Inconfidência. Resumo, 
análise, crítica, exercícios. 
 
Lembrando de alguns recados importantes: 
• O curso de Literatura é diferente do curso de Obras Literárias. No curso de Literatura, estudamos 
teoria e historiografia literária e no curso de Obras Literárias a lista obrigatória da instituição. 
• O curso contemplará TODAS as Obras Literárias! O curso de Obras Literárias costuma ser dividido 
entre a equipe e as obras são lançadas separadamente de acordo com cronogramas pessoais. 
• O curso de Obras Literárias do Extensivo e do Intensivo é IDÊNTICO, só muda o layout do PDF. 
• Como se trata de uma aula de análise de obra literária, eu irei organizar a aula da seguinte maneira: 
➢ Pré-aula: contextualização e informações sobre a autora, Cecília Meireles; 
➢ Análise: Romanceiro (resumo e análise) e Romanceiro e a intertextualidade; 
➢ Pós-aula: quadro sinóptico, questões atualizadas, sem e com comentários. O quadro 
sinóptico (sinopse: resumo) é um material de apoio que irá poder ajudá-los pouco antes 
da prova, por se tratar de conteúdos grandes com muita informação. 
Destaco também uma peculiaridade: esse livro, em particular, é uma reunião de poemas. São 85 
poemas, chamados de “romances, mas com estrutura lírica”, enumerados pela própria autora, mais 4 
outros poemas intitulados de “Cenários” e ainda outros 7: “Fala inicial”; “Fala à antiga Vila Rica”; “Fala 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 4 
aos pusilânimes”; “Imaginária serenata”; “Fala à Comarca do Rio das Mortes”; “Retrato de Marília em 
Antônio Dias” e “Fala aos Inconfidentes mortos”. Ou seja, ao todo são 96 poemas. 
Com isso quero dizer o seguinte: para alguns poemas, iremos fazer uma análise mais longa, e para 
outros uma análise menos detida. Porém, de qualquer forma, TODOS os poemas serão levados em 
consideração. 
Observação: essa aula contará com o forte apoio interdisciplinar da História. É preciso formarmos 
uma base sólida de conhecimento para compreendermos melhor a obra. 
Então, vamos lá, não percamos tempo! 
 
1.0 CONTEXTUALIZAÇÃO 
A obra Romanceiro da Inconfidência leva em consideração o revisionismo histórico. Esse 
procedimento só é possível havendo distanciamento histórico. Quer dizer que é uma obra modernista, de 
1953, sobre um fato histórico anterior a ela: a Inconfidência Mineira ou Conjuração Mineira, iniciada em 
1789 e finalizada em 1792. Além disso, devemos pensar não só na contextualização local, como também 
na internacional 
Logo, é preciso entendermos que Romanceiro da Inconfidência se estrutura numa complexa rede 
temporal, sendo que temos várias épocas para contextualizar, como consta no quadro abaixo. Uma das 
grandes ideias da obra é provar como todos esses fatos históricos estão concatenados. 
 
 
 
Contextualização
Local
Presente: Governo de 
Getúlio Vargas (último 
ano)
Passado: Inconfidência 
ou Conjuração Mineira
Internacional
Presente: o pós-
Segunda Guerra 
Mundial, terminada em 
1945
Passado: Revolução 
Francesa e 
Independência dos 
Estados Unidos
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 5 
Contextualização local do presente 
 
Atenção: por presente, não devemos entender o “nosso” 
presente, mas sim o presente contemporâneo à época de publicação 
de Romanceiro da Inconfidência, ou seja, o ano de 1953. 
Nesse ano, o Brasil presenciava o último ano de governo de 
Getúlio Vargas, que veio a se suicidar em 1954, um ano depois da 
publicação da obra. 
Em linhas gerais, nos anos 50 o Brasil vivia os Anos Dourados, 
época marcada por crescimento e modernização. A população 
brasileira crescia demograficamente, assim como as cidades, suas 
rodovias e seus prédios. No plano da cultura, predominava a Bossa 
Nova e a Música Popular Brasileira, com grandes intérpretes como 
Tom Jobim e Elis Regina. 
Eventos principais que marcaram 1953 no Brasil foram os seguintes: 
• Foi criada uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para se investigar o favorecimento 
do jornal “Última Hora”; 
• Crescia a imprensa no Brasil, especialmente com o surgimento da Record TV; 
• É criado o Ministério da Saúde; 
• Getúlio Vargas sanciona uma lei que cria a Petrobras. 
 
Contextualização local do passado 
 
Um dos principais elos da obra é o que liga o movimento literário do presente, o Modernismo, ao 
movimento literário do fim do século XVIII: o Arcadismo. O movimento no Brasil confunde-se com a 
própria Inconfidência Mineira, já que pelo menos dois dos grandes representantes do Arcadismo 
estiveram envolvidos na revolta. A insurreição ocorreu devido à “derrama”, um imposto coletado 
obrigatoriamente para completar a contribuição devida a Portugal. Os inconfidentes pretendiam libertar 
Minas Gerais da condição de colônia, fundando uma república – inspirados também pela independência 
dos Estados Unidos (1776). 
 
 
Tanto o termo “Inconfidência Mineira” quanto “Conjuração Mineira” são 
adequados historicamente e podem ser empregados. A diferença entre eles é 
que “Inconfidência” transmite uma ideia mais associada à traição. Como propõe 
a própria obra de Cecília Meireles: depende do ponto de vista. 
 
 
Por aí já se percebe em que medida podemos dizer que se trata de um movimento nativista. Tanto 
Cláudio Manuel da Costa quanto Tomás Antônio Gonzaga estudaram em Portugal e voltaram ao Brasil. 
Trouxeram de lá as ideias iluministas que os influenciaram tanto na produção literária quanto na postura 
antilusitana. Dado o caráter elitista dos pressupostos da revolta, não é possível falar ainda emnacionalismo. O mesmo se observa nas poesias. Os poetas exaltam em alguma medida a natureza 
brasileira, mas não a elevam a símbolo nacional. 
 
Getúlio Vargas 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 6 
 
 
A síntese do Iluminismo era baseada nesses princípios: 
• A razão iluminista: aquela que é capaz de produzir a crítica às ideias da tradição e do 
misticismo; 
• A liberdade geral como condição para o desenvolvimento da razão iluminista. 
• A capacidade do indivíduo na condução da sua própria vida. 
Mesmo os outros dois poetas importantes do Arcadismo que não se envolveram com 
Inconfidência, Basílio da Gama e Santa Rita Durão, darão toques peculiares à literatura nativa, pois são os 
primeiros a desenvolverem a temática indianista. 
 
Só é possível utilizar a o termo “nacionalismo” depois que o Brasil se tornar 
politicamente independente de Portugal em 1822. Portanto, no movimento 
literário do Romantismo. No Arcadismo, emprega-se o termo “nativismo”, para 
representar a cor local (costumes, fauna e flora de uma região). 
 
 
Confiram abaixo traços do nativismo literário na época do Arcadismo. 
 
 
 
Os principais autores árcades brasileiros podem ser divididos a partir do tipo de poesia a que se 
dedicaram majoritariamente: 
➢ Poesia lírica: Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. 
➢ Poesia épica: Basílio da Gama e Santa Rita Durão. 
Descrição da natureza brasileira
Indianismo
Construção de um heroísmo nacional; poesia épica
Crítica aos portugueses
Movimento filosófico e literário do século XVIII, caracterizado por 
profunda crença no poder da razão humana e da ciência como 
forças propulsoras do progresso da humanidade; Ilustração; 
Século das Luzes (dicionário Aulete). 
Iluminismo 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 7 
 
 
 
Por que Arcadismo? Compreender o alcance ideológico e estético do Arcadismo 
implica conhecer suas relações com o quadro de transformações por que passaram as 
sociedades europeia e brasileira no século XVIII. “Árcade” é o genitivo e significa 
literalmente “de Arkás” (’Arkάς), filho de Calisto e de Júpiter que o transformou na 
Ursa Menor. 
 
 
 
Fatores Motivadores da 
Independência das Colônias 
Contexto 
internacional
Difusão do 
iluminismo -
a partir do 
séc. XVIII
Revolução 
Industrial
1750
Independênc
ia dos EUA 
1776
Revolução 
Francesa
1789
Expansão 
Napoleônica 
1799-1814
Contexto 
local
Conflitos entre 
interesses locais e 
metropolitanos
Revoltas nativistas e 
emancipacionistas
Poesia lírica
Sentimental, 
mitológica, idealista, 
voltada para o amor 
e a natureza
Poesia épica
Nativista, indianista 
e voltada para os 
conflitos sociais da 
época 
(Inconfidência)
Fonte: Professora Alessandra Lopes. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 8 
 
A INCONFIDÊNCIA MINEIRA 
 Em Minas Gerais, a cruel política tributária imposta pela metrópole, como a implantação de 
pedágios e alfândegas, a criação das Casas de Fundição e a proibição da circulação do ouro que não 
tivesse sido fundido e, portanto, tributado, será responsável por, pelo menos, duas revoltas coloniais: 
a revolta de Filipe dos Santos (Vila Rica, 1720), no período inicial da mineração, e a Inconfidência 
Mineira, já em outro contexto, de contestação do próprio sistema colonial. O principal motivo da 
Inconfidência foram as medidas cada vez mais exploratórias e escorchantes impostas por Portugal à 
região das minas. Essa política foi implantada pelo Marquês de Pombal, que havia se tornado primeiro-
ministro de Portugal no ano de 1750. Inicialmente, o tributo sobre o ouro auferido nas minas era o 
Quinto (20%). Com a escassez das lavras e a desconfiança de Portugal de que o ouro estava sendo 
desviado, por volta de 1750 define-se uma cota fixa como imposto de 100 arrobas (1.500 quilos) de 
ouro por ano. Como essa cota era impossível de ser atingida, a Coroa portuguesa estabelece, em 1763, 
numa atitude radical, a prática da Derrama, que consistia na supressão de bens particulares dos 
moradores das cidades para inteirar a cota de impostos. É nesse contexto de exploração intensiva que, 
tomado pelo espírito da Revolução Francesa (1789), um grupo de brasileiros se revolta contra o 
despotismo. A reação de Portugal foi de extrema violência, e Tiradentes foi enforcado e esquartejado. 
Esse seria o ato derradeiro do ciclo do ouro no Brasil, sua grandeza e sua miséria, e, com ele, o fim de 
todo o sistema colonial. 
Fonte: COSTA, Marcos. A história do Brasil para quem tem pressa: dos bastidores do descobrimento à crise de 
2015 em 200 páginas! 2. ed. Rio de Janeiro: Valentina, 2017 (p. 57-58, grifo meu). 
 
Confiram agora os principais poetas árcades. Contextualizá-los é importante, pois eles serão 
mencionados várias vezes ao longo dos poemas. 
 
Cláudio Manoel da Costa (1729-1789) 
Foi um abastado minerador e jurista. Aos vinte anos, foi para Portugal, 
onde estudou. Exerceu o cargo de procurador da Coroa na colônia por duas 
vezes. Participou na Inconfidência como uma das lideranças do movimento. 
Morreu na cadeia, não se sabe se a causa foi natural, suicídio ou assassinato. 
Até hoje, a igreja de sua cidade natal em determinada hora do dia toca o sino 
em sua homenagem. 
Ele escrevia suas poesias sob o pseudônimo Glauceste Satúrnio. A sua 
obra lírica mais conhecida é “Obras Poéticas de Glauceste Satúrnio” (1756), 
conhecida por introduzir o Arcadismo no Brasil. Nessa publicação, encontra-se 
uma peça de teatro Na sua obra, encontram-se sonetos amorosos, muitos deles 
denotando influência de Camões, e sonetos de louvor à natureza. Porém, é 
sobretudo pelo tom de nativismo relacionado com a natureza brasileira que seu 
nome é lembrado na literatura. 
 
 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 9 
Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810) 
O poeta nasceu em Portugal, mas logo veio para 
Pernambuco e depois para a Bahia. Voltou a Portugal para se 
formar em Direito em 1761. Voltou ao Brasil em 1782, para Vila 
Rica, onde foi nomeado Ouvidor dos Defuntos e Ausentes. 
Apaixonou-se pela adolescente Maria Doroteia. Em 1786, pediu 
a jovem em casamento. 
 Participa da Inconfidência Mineira e, por conta disso, é 
preso antes de se casar. Fica três anos na Ilha das Cobras no Rio 
de Janeiro, seus bens foram confiscados. Parte da sua mais 
famosa obra Marília de Dirceu foi concluída na prisão. Em 1792, 
a pena é comutada, e ele parte para o degredo em Moçambique, 
onde se casa com Ana (Juliana) Mascarenhas, filha de um 
comerciante de escravos. 
 Escreveu também um poema satírico, Cartas Chilenas, 
cuja autoria não foi assumida pelo poeta, mas que posteriormente foi-lhe atribuída. 
 
 Atenção: esses autores e obras constam no Manual do Candidato da FUVEST 2022 e podem ser 
cobrados em comparação com Cecília Meireles: Arcadismo: Cláudio Manuel da Costa (Sonetos); Tomás 
Antônio Gonzaga (Marília de Dirceu). Confiram agora o nome de outros árcades importantes, embora 
esses não sejam tão citados nas poesias. 
 
Basílio da Gama (1741-1795) 
Nasceu em Lisboa, veio para o Brasil, onde teve uma educação 
jesuítica no Rio de Janeiro. Por sua ligação com a ordem religiosa, na época 
da expulsão da Companhia de Jesus, foi perseguido. Para evitar o exílio, 
produz uma obra de apoio a Pombal, O Uraguai. Trata-se de um longo 
poema épico, no qual o eu lírico conta a história da Batalha dos 
portugueses contra os jesuítas em Sete Povos das Missões. Os feitos do 
general Gomes Freire de Andrade são descritosheroicos, enquanto os 
jesuítas são representados como exploradores dos índios. 
 
 
Santa Rita Durão (1722-1784) 
Frei José de Santa Rita Durão foi um dos primeiros escritores a elevar 
o índio à condição de herói, manifestando em sua obra traços que foram 
mais bem desenvolvidos no indianismo romântico. 
 O religioso também foi perseguido durante o expurgo do Marquês de 
Pombal, só que, diferentemente de Basílio da Gama, não tentou conquistar 
seus perseguidores através da literatura. Fez o contrário. Através da epopeia 
O Caramuru, o poeta exalta a colonização como esforço religioso, 
destacando a catequese como processo civilizatório. 
 
 
 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 10 
Voltaire, na obra de 
Cecília: Voltério. 
Contextualização internacional do presente 
Enquanto no Brasil o vice-presidente José Café Filho assumiu a presidência após o suicídio de 
Getúlio Vargas, o mundo reinventava-se após a Segunda Guerra Mundial. O mundo agora preparava-se 
para enfrentar uma polaridade ideológica disputada especialmente entre Estados Unidos (capitalista) e 
a União Soviética (comunista). Esse conflito ficou conhecido como Guerra Fria e durou de 1947, desde o 
Plano Truman, até 1991 com a Queda do Muro de Berlim. A publicação de Romanceiro da Inconfidência 
(1953) se situa bem no meio dessa “bagunça”. Outros eventos históricos importantes do período e para 
um pouco além dele: 
• A Revolução Cubana (1953-1959); 
• Guerra do Vietnã (1955-1975); 
• Ascensão das Ditaduras Latino-Americanas entre as décadas de 60 e 70, entre as principais: 
Brasil (1964-1985); Argentina (1976-1983) e Chile (1973-1990). 
• Revolta das colônias remanescentes, o que geraram Guerras por Independências, como por 
exemplo Moçambique (1964-1974) e Angola (1961-1974). 
 
 
Pode-se dizer que Romanceiro da Inconfidência é uma obra com complexa 
estruturação temporal, ou seja, ela fala sobre o passado e o presente ao mesmo 
tempo e também é capaz de se alçar ao futuro. 
 
 
Assim, é assombroso perceber que, mesmo Cecília Meireles tendo falecido em 1964, ela conseguiu 
vislumbrar em sua obra alguns presságios do que ainda estava por vir. Exemplo disso é a repetição do 
mês de maio em seus poemas, servindo também como uma espécie de prefiguração de Maio de 1968, 
fato histórico que ocorreu na França indicando uma postura anárquica e lançando o conceito de 
contracultura. 
 
Contextualização internacional do passado 
O século XVIII ficou conhecido como o século das Luzes. O banho de sangue que se abateu sobre 
a Europa por motivos religiosos durante os séculos XVI e XVII afinal 
resultaria em alguma reação. Pensadores, intelectuais e cientistas 
perceberam que a religião como guia social poderia se tornar 
extremamente perigosa, pois apoiava-se na fé, na crença e na 
tradição. O antídoto? O pensamento racional. 
Os eventos enumerados abaixo são representativos do que ia 
pela cabeça dos Europeus. O terremoto de Lisboa (1755) abalou a fé 
dos católicos. A tragédia foi de grandes proporções, a cidade ficou 
arrasada. 
A Revolução Industrial começou a mostrar quais eram as 
possibilidades que se poderiam alcançar através de técnicas baseadas 
no cálculo. E os dois eventos, Declaração da Independência dos EUA e 
a Revolução Francesa, vão abalar decisivamente a forma de se viver. 
Esses fatos políticos foram profundamente influenciados pelo Iluminismo. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 11 
 
 
2.0 CECÍLIA MEIRELES 
 
 
 Cecilia Meireles (1901-1964) foi uma poetisa com grande 
preocupação com o interior. Suas obras são bastante introspectivas e 
filosóficas. Dá muita atenção à musicalidade – o som das poesias. Suas 
principais obras foram as seguintes: 
• Vaga música (1942) 
• Romanceiro da Inconfidência (1953) 
• Canções (1956) 
• Romance de Santa Cecília (1957) 
• Poesias completas (1973). 
 
 
Cecília Meireles tinha uma obra muito eclética. Escreveu desde poesia infantil (Ou isto ou aquilo, 
de 1964); obras de cunho de revisionismo histórico, como Romanceiro da Inconfidência (1953) e algumas 
obras consideradas como intimistas e sentimentais. 
Logo, esses são traços que permitem enquadrá-la junto com Vinicius de Moraes numa tendência 
chamada de Neossimbolismo. 
 
 
 
 
(1751-1775) Projeto da Encyclopédia 
Pensadores: Rousseau, Voltaire, D’Alembert, 
Rousseau, Lavoisier, Isaac Newton, Hobbes, Locke , 
 
 
 
 
 
 
1755 
 
 
 
1760 1776 1789 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Terremoto 
em Lisboa 
 
Revolução 
Industrial 
E 
Declaração 
Independência 
EUA 
Revolução 
Francesa 
 
Ilu Iluminismo & Ciência 
Valorização 
da razão 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 12 
Infográfico: Showeet 
A POESIA: O NEOSSIMBOLISMO 
 A rigor, Cecília Meireles nunca esteve filiada a nenhum movimento literário. Sua poesia, de modo 
geral, filia-se às tradições da lírica luso-brasileira. Apesar disso, as publicações iniciais da escritora – 
Espectros (1919), Nunca mais... e poema dos poemas (1923) e Baladas para El-Rei (1925) – evidenciam 
certa inclinação pelo Simbolismo. Essa tendência é confirmada por sua participação na revista carioca 
Festa, publicação literária de orientação espiritualista que defendia o universalismo e a prevenção de 
certos valores tradicionais da poesia. 
 Além disso, a frequente presença de elementos como o vento, a água, o mar, o ar, o tempo, o 
espaço, a solidão e a música dá à poesia de Cecília Meireles um caráter fluido e etéreo, que confirma 
a inclinação neossimbolista da autora. 
 O espiritualismo e o orientalismo, tão prezados pelos simbolistas, também se fazem presentes 
na obra da poetisa, que sempre se interessou pela cultura oriental e foi admiradora e tradutora do 
poeta hindu Tagore, do chinês Li Po e do japonês Bashô. 
 Do ponto de vista formal, a escritora foi das mais habilidosas em nossa poesia moderna, sendo 
cuidadosa sua seleção vocabular e forte a inclinação para a musicalidade (outro traço associado ao 
Simbolismo), para o verso curto e para os paralelismos, a exemplo da poesia medieval portuguesa. 
Fonte: CEREJA; William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 6. ed. 
São Paulo: Atual, 2008 (v. 3, p. 314). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1942 1953 1956 
Vaga música 
São poemas 
predominantemente 
sentimentais, em que a poetisa 
pensa sobre a vida e a passagem 
do tempo. Em certa medida, 
dialoga tematicamente com 
Viagem (1938), livro composto 
por apenas 12 poemas. 
Canções 
Observa-se nessa obra coloquialidade 
e influência portuguesa. Desde Vaga 
música, sabemos que a musicalidade 
também é um tema central para a 
obra de Cecília Meireles. A 
efemeridade da vida continua sendo 
importante, bem como a consciência, 
os sonhos e a melancolia, 
prevalecendo o neossimbolismo. 
Romanceiro da 
Inconfidência 
Obra de revisionismo histórico que 
lança seus olhares e atenções ao 
fato histórico da Inconfidência 
Mineira (1789-1792). São 85 
romances, mais outros 11 paralelos 
entremeados a elas, que 
descrevem de maneira episódica e 
crítica casos, pessoas e lugares do 
fim do século. XVIII. 
1956 
Romance de Santa 
Cecília 
Importante por constatar 
preocupações importantes 
para Cecília Meireles: o gênero 
romance, a espiritualidade a 
preocupação com o sagrado 
feminino. Geralmente, é 
editada junto com “Pequeno 
oratório de Santa Clara”. 
1964 1973 
Ou isto ou aquilo? 
Obra infantil que conta com a 
presença de um poema com o 
mesmo nome. A função 
pedagógica consiste em ensinar 
para as crianças que nãose pode 
ter tudo e escolhas devem ser 
feitas na vida. 
Poesias 
completas 
Algumas edições mais 
recentes da obra da 
poetisa já são reuniões 
de suas poesias. 
Antologia: coleção de 
textos selecionados 
que melhor 
representam a obra de 
um autor. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 13 
3.0 ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 
 
Em primeiro lugar, é preciso justificar o título da obra, que aparentemente parece estranho, já que 
se trata de um livro de poesias, e não um “romance” em prosa como hoje conhecemos. Porém, devemos 
nos lembrar sempre de que nesse livro Cecília Meireles vale-se do revisionismo histórico. Então, quanto 
à forma, ela também emprega um gênero que não é modernista, mas sim medieval. 
Assim como a noção de “História” não era a mesma na Idade Média, também não o era a noção 
de “romance”. Entende-se o romance medieval também como “romanceiro”, no sentido de composição 
poética. 
 
 
Designa a atividade poética luso-espanhola, de caráter épico e lírico, 
anônima, transmitida por via oral, durante a Idade Média, configurada nos 
romances, ou a sua compilação em romances, ou a sua compilação em 
volume, integral ou antológico (MOISÉS, 2013, p. 417). 
 
Quanto à estrutura, esquematizando o que já foi dito, temos o seguinte: 
 
 
 
Tantos os cenários quanto as falas paralelas aproximam a obra de Cecília Meireles ao teatro, como 
se fosse uma espécie de performance com lugar para acontecer e pessoas para falar. De uma maneira 
mais complexa, podemos estruturar a obra ainda em 5 partes: 
 
 
 
Romanceiro da 
Inconfidência
96 poemas
85 romances
4 cenários
7 falas paralelas
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Pré-leitura 
• REVISIONISMO HISTÓRICO. Já explicamos o termo, mas convém dizer que ele também dialoga 
com a mesma tendência na prosa. Desde o século XVIII na Europa, a partir de escritores como 
Walter Scott e Fielding, surge o romance histórico. Nesse sentido, mostra-se como que a História 
Oficial influencia na vida direta das pessoas das mais variadas classes sociais. Por isso, na obra de 
Cecília Meireles encontramos nomes de figuras históricas. Atenção: os nomes são reais, sem 
falseamento (uso de pseudônimo, cujo uso era comum no século XVIII, por causa das 
perseguições). 
 
• MODERNISMO VERSUS CLÁSSICO. Constantemente, observamos na obra de Cecília Meireles uma 
luta entre o clássico e o moderno. Primeiramente, a poetisa adota formas medievais para dar 
conta de um conteúdo histórico. Nem a forma nem o conteúdo são de seu próprio tempo (século 
XX). O revisionismo histórico por si só não é uma invenção de Cecília Meireles. Outros modernistas 
da primeira geração, antes dela, já aderiram ao método, como por exemplo, Oswald de Andrade 
no poema “A descoberta” para se referir ao descobrimento do Brasil, e mesmo outros poetas da 
mesma geração dela, como Murilo Mendes em seu poema “Carta de Pero Vaz de Caminha”, 
falando sobre o mesmo tema. Na obra de Cecília Meireles, em mais de ocasião, ainda observamos 
a influência da literatura portuguesa. Por exemplo, a estrutura da obra lembra a de Mensagem 
(1933) de Fernando Pessoa, também estrutura num esquema de 3 partes/5 brasões de Portugal. 
Observem abaixo algumas diferenças entre a poesia clássica e a moderna. 
 
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Parte I: fala inicial + cenário + 12 romances sobre o Ciclo do 
Ouro
Parte II: fala à antiga Vila Rica + 27 romances sobre o 
Arcadismo; algumas figuras, como Joaquim Silvério e 
Tiradentes; e a Conjuração + fala aos pusilânimes
Parte III: 17 romances, sem falas paralelas nem cenários
Parte IV: cenário + 7 romances + imaginária serenata
Parte V: Retrato de Marília em Antônio Dias + cenário + 5 
romances + fala aos Inconfidentes mortos
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• PROSAÍSMO. Trata-se de um desdobramento da técnica modernista. Por mais que a obra fale de 
um fato histórico, devemos lembrar que ela usa vários recursos estilísticos do modernismo, como: 
abandono do idealismo (algumas personagens são perdem seu heroísmo e são retratadas como 
pessoas comuns) e mistura de estilos (na obra, esse aspecto é observado pelas pontuações – uso 
de parênteses e travessão para indicar intrusão de outras vozes, até mesmo discurso direto, e 
reprodução de ditados populares, profecias, anedotas, sensos comuns etc.). Assim, verifica-se na 
obra de Cecília Meireles crítica e ironia. Essa mistura de estilos faz da obra um gênero híbrido, ora 
aproximando-se do teatro e ora da música (por meio da repetição de estruturas idênticas, como 
se fossem refrões). Nesse sentido, a obra de Cecília Meireles é uma obra aberta, pois não se reduz 
a um único ponto de vista, mas sim há a possibilidade de representação de vários pontos de vista. 
 
• PERSONAGENS FEMININAS. Sendo uma poetisa numa época ainda conservadora, é importante 
reparar que na obra de Cecília Meireles há a presença de figuras históricas femininas, como 
Bárbara Heliodora, Maria Ifigênia, Maria I e Juliana de Mascarenhas, por exemplo. Isso quer dizer 
que Cecília Meireles não estava alheia à questão de gênero, podendo dar voz a essas mulheres 
que talvez em suas próprias épocas de vida não tiveram. 
 
Quadro de personagens 
 
Bárbara Heliodora 
Mulher do inconfidente Inácio José de Alvarenga Peixoto. Bárbara 
Heliodora (1759-1819). Foi casada com Alvarenga Peixoto e teve como 
filha Maria Ifigênia, que morreu aos 13 anos de uma queda de cavalo. No 
Arcadismo, as mulheres não eram apenas musas. Bárbara Heliodora 
escreveu Conselhos a meus filhos e é considerada por alguns a primeira 
poetisa brasileira. Há e dois romances para ela: LXXV e LXXX. 
Alvarenga Peixoto 
Inácio José de Alvarenga Peixoto (1742-1792). Foi considerado como um 
dos principais chefes da conjuração, foi desterrado para terras africanas. 
Era tenente-coronel de cavalaria e poeta de grandes méritos. Escreveu 
poesia dedicada à mulher e à filha (Maria Ifigênia) e outras obras 
mitológicas: “Estela e Nize” e “Eu Vi a Linda Jônia”. O romance LXXVIII – 
De um tal de Alvarenga é sobre ele. 
FORMA
Verso livre (sem métrica definida)
Prosaísmo linguístico (palavras do 
cotidiano, "não poéticas)
Pontuação livre
Desrespeito pelas regras 
gramaticais
Desprezo pela sintaxe tradicional
CONTEÚDO
Imagens não-lógicas (justaposição de 
imagens, colagem)
Prosaísmo (valorização do momento, do 
cotidiano)
Automatismo psíquico
Fragmentação
Ironia e metalinguagem
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João Fernandes 
João Fernandes de Oliveira (1720-1779). Rico contratador de diamantes, 
a quem muito perseguiu o Conde de Valadares. Tornou-se célebre pelas 
atenções dispensadas aos mais insólitos desejos de sua amante, a Chica 
da Silva. O romance XIII, “Do contratador Fernandes”, é sobre ele. 
Joaquim José da Silva 
Xavier 
 
Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792). Recebeu posteriormente a 
alcunha de Tiradentes (por causa da profissão civil de dentista) e na obra 
de Cecília Meireles é frequentemente conhecido por “Alferes”, aquele 
que serviu a todos, mas a quem ninguém serviu. Representou o principal 
papel na Inconfidência Mineira, aliciando cúmplices, propagando ideias 
de libertação e buscando o apoio da força armada. Foi enforcado, tendo 
sido seu corpo esquartejado e posto em exibição pelos lugares em que 
pregou suas ideias. Alferes de cavalaria, tornou-se a figura de maior 
significaçãohistórica no drama da Inconfidência. Há vários romances 
sobre ele: XXVII – Do animoso Alferes, XXXIII – Do cigano que viu chegar 
o Alferes, XXXV – Do suspiroso Alferes, LXV – Da arrematação dos bens 
do Alferes, LXI – Dos Domingos do Alferes; LXIII – Do silêncio do Alferes. 
Joaquim Silvério dos Reis 
Joaquim Silvério dos Reis (1756-1792). Constitui a figura obscura da 
Inconfidência, em virtude de ter sido o denunciante, junto ao Visconde 
de Barbacena, dos planos de rebeldia que se tramavam em Vila Rica. O 
romance XXXIV é sobre ele. 
Juliana de Mascarenhas 
 
Também é conhecida apenas por “Ana”. Jovem de Moçambique, que 
veio a casar-se com o poeta Tomás Antônio Gonzaga após o seu degredo. 
Na obra de Cecília Meireles, ela é descrita como tendo “negros olhos 
orientais”. O romance LXXI é dedicado a ela. 
Maria I, a louca 
Maria (1734-1816) foi a rainha de Portugal e Algarves à época da 
Inconfidência Mineira. Casou-se com o tio Pedro de Bragança para 
assegurar a sua dinastia. Foi reconhecida pela crueldade de assinar vários 
decretos provocando várias mortes e degredos (exílios). Há mais de um 
romance para ela: LXXIV – Da rainha prisioneira; LXXXII – Da rainha loura 
e LXXXIII – Da rainha morta. Morreu louca no Brasil. 
Marília 
Maria Joaquina Dorotéia de Seixas (1767-1853) foi cantada em versos sob 
o nome de Marília (breve corruptela de seu nome, como se fosse um 
diminutivo carinhoso), pelo noivo Tomás Antônio Gonzaga, que se 
chamava poeticamente Dirceu. Embora em sua obra lírica ela seja 
pintada como utopia, foi uma figura real. 
Chico Rei 
Era de uma tribo do Congo e foi trazido escravo para o Brasil. Não se sabe 
ao certo sua origem, mas corria uma lenda que no Congo ele era um 
monarca. Chegou ao Brasil em 1740 no navio Madalena e é uma figura 
que inspira confiança. O romance VIII é dedicado a ele. 
Chica da Silva 
Francisca da Silva de Oliveira (1732-1796). Foi escrava, mas depois 
alforriada. Alcançou status por causa de seu relacionamento com José 
Fernandes. Mais de um romance é dedicado a ela: XIV – Da Chica da Silva, 
XV – Das cismas da Chica da Silva. 
 
 
 
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Outras personagens 
• Sapateiro Capanema. Foi denunciado e preso em virtude de propalar rumores alusivos à expulsão 
dos portugueses. 
• Padre Rolim. PADRE ROLIM. Implicado como um dos principais fomentadores do movimento de 
rebeldia contra a dominação portuguesa, foi recolhido preso a Lisboa. 
• Padre Toledo. Teve o mesmo destino do antecedente, em vista de ser apontado como partidário 
da insurreição. 
• Entre outros nomes intitulando os romances encontram-se: caixeiro Vicente; Inácio Pamplona; 
Antônio Dias (esse inclusive virou nome de uma ponte em Minas Gerais). 
 
3.1 RESUMO ANALÍTICO 
 Romanceiro da Inconfidência é uma obra atípica. É fruto do seu tempo, mas simultaneamente 
parece anacrônica. É densa e longa, em um movimento de formas breves. Lida com memória afetiva e 
ainda assim deturpa um pouco a história, pois faz mais do que simplesmente narrá-la. A História Oficial é 
humanizada, pois é trazida ao nível dos seres humanos envolvidos na luta na época. 
 O procedimento principal da obra é a reconstituição de fatos históricos a partir do resgate cultural 
e de reminiscências. As personagens envolvidas nos episódios revelam simbiose com o lugar, 
principalmente Minas Gerais, palco da ação. Frequentemente, a obra não narra tudo e deixa muito 
assunto vago no ar, convidando o leitor a inferências e induzindo-o a completar a história. 
 
“Com a imaginação a adivinhar o que não se mostra claro ou não está nos documentos, Cecília 
Meireles recria poeticamente um pedaço de tempo e, ao lhe reescrever poeticamente a história, 
dá a uma conspiração revolucionária de poetas, num rincão montanhoso do Império português, 
a consistência do mito” (Alberto da Costa e Silva – Poesia e História, grifo meu). 
 
 Então, primeiramente, o que é curioso em Romanceiro da Inconfidência são seus hibridismos: 
 
 Preferi proceder da seguinte maneira em relação a essa obra: trazer o principal de cada romance, 
dada a dificuldade de abordagem da obra como um todo, devido à sua extensão. Eis que eu vos convido 
a adentrar no túnel do tempo. Estão preparados? Vamos lá? 
 
Parte 1 
Fala Inicial 
 Essa fala não é direcionada a ninguém em particular. O poema começa com um eu lírico em 
primeira pessoa: “Não posso mover meus passos”, numa condição de impossibilidade de movimento, que 
já é irônico, pois o poema trata da história, teoricamente, algo em movimento. 
Formal: poesia, 
prosaísmo e 
teatro Temático:
História e mito/lenda
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versos iniciais 
A multidão é composta por espectadores, no conforto de casa. 
Mas também eles ficariam na História? 
E as dúvidas continuam. A História não é um fóssil 
morto, um círculo fechado. Ela pode ser revisitada e 
repensada. A data histórica é um pretexto de lembrança 
de fatos que ainda reverberam em nosso presente. 
História é dinâmica, pois está viva. 
O eu lírico, de primeira pessoa do singular, passa à 
primeira pessoa do plural. Com isso, apela para o senso 
coletivo no sentido de que é necessária a ação. 
Não posso mover meus passos, 
por esse atroz labirinto 
de esquecimento e cegueira 
 
 
 Também é subvertida uma noção de que a História deve ser sempre progressista, positiva e 
caminhar para frente. Se a História é um labirinto de cegueira e esquecimento há o risco de perder-se, 
até mesmo enlouquecer com a História. 
 O eu lírico então admite-se paralisado, mas ainda assim descreve uma cena: consegue enxergar 
masmorras, cadafalsos, multidões. 
 
e, por muros e janelas, 
o pasmo da multidão. 
 
 Eles estão presos a costumes passados, insistindo em valores ultrapassados: louvam uma rainha 
que já está louca. 
 
Ó meio-dia confuso, 
ó vinte-e-um de abril sinistro, 
que intrigas de ouro e de sonho 
houve em tua formação? 
Quem ordena, julga e pune? 
Quem é culpado e inocente? 
Na mesma cova do tempo 
cai o castigo e o perdão. 
 
 Quanto ao tema, Cecília Meireles revela a sua obsessão quanto à efemeridade do tempo, pois tudo 
morre, bom ou não. Quanto à forma, um dos importantes procedimentos técnicos em Romanceiro da 
Inconfidência é a pergunta retórica. Ao lançar perguntas críticas e reflexivas, Cecília Meireles deixa pontas 
soltas, não conclui nenhuma resposta e com isso abre possibilidades ao leitor, convidado a pensar de 
quem é a responsabilidade pelas condenações ou pelas salvações. 
 
 
 
Não é em metrificar ou não que diferem o historiador e o poeta (...) a diferença está em que um 
narra acontecimentos e o outro, fatos quais poderiam acontecer. Por isso, a Poesia encerra mais 
filosofia e elevação do que a História; aquela enuncia verdades gerais; esta relata fatos 
particulares (ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Cultrix, 2014, p. 28). 
 
 É parecida essa concepção na obra de Cecília Meireles: a diferença entre poesia e história é que a 
história narra o que aconteceu, e a poesia o que poderia ter acontecido. 
 
Não choraremos o que houve, 
•É uma interrogação que não tem como objetivo 
obter uma resposta, mas sim estimular a reflexão 
do individuo sobre determinado assunto.
Pergunta retórica
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nem os que chorar queremos: 
contra rocas de ignorância 
rebenta a nossa aflição. 
 Não adianta chorar o leite derramado. Não é essa a noção de História proposta aqui. A missão da 
História visa ao conhecimento e ao combate da ignorância, seja na época que for. 
 
Cenário 
Atenção: esse poemaune a tradição clássica ao modernismo. Cecília Meireles estrutura esse 
poema todo em estrofes com 3 rimas, partindo da tradição dantesca da terza rima. Dante Alighieri usou 
essa mesma estrutura em sua Divina Comédia. Esse mesmo procedimento se verifica na construção do 
poema “Máquina do mundo” de Carlos Drummond de Andrade, que fecha o livro Claro Enigma, o qual 
também está na lista da FUVEST. 
 
TERZA RIMA 
 Segundo alguns, há que considerar como origem remota da terza rima o terceto empregado no 
sirventês provençal durante a Idade Média. Outros, porém, atribuem-lhe filiação com o soneto. De 
qualquer modo, a sua invenção, na estrutura que passou a ostentar, deve-se a Dante: toda Divina 
Comédia (séc. XIV) compõe-se de tercetos, por meio dos quais o poeta desejaria simbolizar a 
Santíssima Trindade, os Três Reinos (Inferno, Purgatório e Paraíso) e tudo o mais que se relaciona com 
o sentido cabalístico do número 3. Adotada por Boccaccio e Petrarca, já no século XV, graças a Chaucer 
e Juan Boscán, ganhava a Literatura Inglesa e Espanhola, respectivamente. Alcançou a França na 
centúria seguinte, mas foi escassamente apreciada, por Baïf, Desportes e outros. 
 A Portugal, chegou no mesmo século: Camões, Antônio Ferreira, Diogo Bernardes e outros 
utilizaram-na em cartas, elegias e églogas. Praticamente esquecida ao longo dos séculos XVII e XVIII, 
no final deste retornou à circulação, trazida pela mão de Vincenzo Montini, poeta italiano conhecido 
como “um novo Dante”. 
 No século XIX, empregaram-na alguns românticos (Byron, Shelley, Schlegel, Chamisso), mas é no 
Parnasianismo que encontrou clima propício, em razão do gosto reinante pelos experimentos formais 
(Théophile Gautier, Leconte de Lisle, Antônio Feijó). Esporadicamente usada no século XX, por W. H. 
Auden, Archibald MacLeish, Hugo von Hoffmannsthal. 
 Na Literatura Brasileira, foi cultivada por Gregório de Matos, no Barroco, por Cláudio Manuel da 
Costa e Tomás Antônio Gonzaga, no Arcadismo, Álvares de Azevedo, no Romantismo, Machado de 
Assis, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e outros, no Parnasianismo. 
 A terza rima estrutura-se como uma série arbitrária de tercetos, estrofes de três versos, com rima 
entrecruzada, de modo que o primeiro verso rima com o terceiro, o segundo com o quarto e o sexto, 
o quinto com o sétimo e o nono, o oitavo com o décimo e o décimo segundo, e assim por diante (aba, 
bcb, cdc, ded, etc.). Ao derradeiro terceto, acrescenta-se um verso, que rima com o verso intermediário 
da estrofe precedente (xyxy) e que pode permanecer isolado ou aglutinar-se ao terceto, formando um 
quarteto. 
Fonte: MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2013 (p. 459-460, grifo meu). 
 
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Fim do Ciclo do Ouro: fim não só dos recursos 
materiais, como também fim do sentimento da 
esperança. A obra ganha um tom estranho ao 
Arcadismo: o pessimista. Roubos são feitos com 
aparentes motivos nobres. 
Algo destruiu o cenário idílico árcade ou talvez ele 
nunca foi idílico de fato, mas sim mera aparência. 
O eu lírico se sente herdeira daquelas mulheres. 
Nomes clássicos são aludidos logo abaixo. 
Então, não é à toa a escolha da forma: Cecília Meireles opta por uma forma clássica para narra a 
história do Arcadismo, forma empregada inclusive pelos próprios árcades. 
Basicamente, esse poema descreve as colinas, o gado, e todo um aparente insustentável 
pastoralismo. 
 
Passei por entre as grotas negras, perto 
dos arroios fanados, do cascalho 
cujo ouro já foi todo descoberto. 
 
(...) 
tudo me fala e entende do tesouro 
arrancado a estas Minas enganosas, 
com sangue sobre a espada, a cruz e o louro. 
 
 O curso da História não é promissor, mas o legado continua. “Tudo é sombra de sombras, com 
certeza...” soa como uma profecia. O mundo está encoberto por fantasmagorias. 
 
 
Minas Gerais e suas cidades vão se tornar fantasmagóricas na obra de 
Cecília Meireles, por vários motivos: porque as pessoas já morreram, 
porque as pessoas se resignam e não agem, porque elas se escondem e 
não têm coragem. O tema da cidade fantasma é comum no Modernismo 
e também está presente na obra Pedro Parámo (1955) de Juan Rulfo, por 
exemplo. 
 
 
E percebo os suspiros dos amores 
quando por esses prados florescentes 
se ergueram duros punhos agressores. 
 
 
(...) 
Minha sorte se inclina junto àquelas 
vagas sombras da triste madrugada, 
fluidos perfis de donas e donzelas. 
 
Tudo em redor é tanta coisa e é nada: 
Nise, Anarda, Marília...- quem procuro? 
Quem responde a essa póstuma chamada? 
 
Que mensageiro chega, humilde e obscuro? 
Que cartas se abrem? Quem reza ou pragueja? 
Quem foge? Entre que sombras me aventuro? 
 
 
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Insistência nas perguntas: ânsia por respostas. 
Reiteração do pronome “quem?”, sem, contudo, 
nenhum nome ser apontado. 
Ambiguidade do termo “pena”: sofrimento ou 
instrumento de escrita usado no século XVIII. 
A fantasmagoria e as formas vagas também se 
adequam ao neossimbolismo de Cecília Meireles. 
A depender da edição, o último verso vem 
destacado, como se fosse o sentido de tudo, a 
esperança. 
Voz em parênteses e em itálico. Parece uma voz em off, à 
parte do poema, como se fosse uma voz onisciente vendo 
tudo e indagando. 
Essa imagem dos índios nus lembra a Carta de Pero Vaz de 
Caminha. Os desbravadores têm o privilégio de não sentir 
medo; o medo está associado à ingenuidade. 
Quem soube cada santo em cada igreja? 
A memória é também pálida e morta 
sobre a qual nosso amor saudoso adeja. 
 
O passado não abre a sua porta 
e não pode entender a nossa pena. 
Mas, nos campos sem fim que o sonho corta, 
 
vejo uma forma no ar subir serena: 
vaga forma, do tempo desprendida. 
É a mão do Alferes, que de longe acena. 
 
Eloquência da simples despedida: 
“Adeus! que trabalhar vou para todos!...” 
(Esse adeus estremece a minha vida.) 
 
 
Romance 1 ou Da Revelação do Ouro 
 “Revelação” é um nome forte, impactante. Lembra o conceito de epifania na Bíblia: isto é, quando 
um santo ou uma figura importante faz uma aparição em nossas vidas para transmitir alguma mensagem. 
“Revelação” também pode indicar que o ouro aparece, ele reluz, ele se exibe, permitindo às pessoas que 
o vejam e o encontrem. Logo, observamos mais um efeito de texto importante na obra de Cecília Meireles: 
a ambiguidade. 
 
 
AMBIGUIDADE: ocorre quando um mesmo vocábulo ou expressão pode 
ser interpretado de mais de uma maneira. Ela pode aparecer de duas 
maneiras: como recurso expressivo, principalmente no caso da 
publicidade ou dos textos humorísticos; ou como um defeito na 
construção, prejudicando a clareza da mensagem. Ou seja, ela pode ser 
intencional ou não. 
 
 
(Por onde é que andas, ribeiro, 
descoberto por acaso?) 
 
Grossos pés firmam-se em pedras: 
sob os chapéus desabados, 
O olhar galopa no abismo, 
vai revolvendo o planalto; 
descobre os índios desnudos, 
que se escondem, timoratos (...) 
 
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A voz entre parênteses é repetitiva e importante. A 
fantasmagoria é o legado do homem que perdeu sua 
humanidade. 
Um dos temas importantes para a obra de Cecília Meireles é a relação entre homem e natureza. 
O Arcadismo foi um movimento literário que valorizou a natureza; porém, Cecília Meireles aponta uma 
época na qual o homem já não mais se reconhece enquanto ser natural e a natureza é afetada pela 
maldade e depredação humanas. 
 Os valores também são distorcidos: o homem que muito se aproxima do ouro se distanciade Deus. 
De que vale a moral se homens são ambiciosos e se matam pelo ouro? “Que é feito de ti, remoto/Verbo 
Divino Encarnado?” 
 
(Que é feito de vós, ó sombras 
que o tempo leva de rastos?) 
 
 
 Os homens passam, a verdade é essa. De que adianta tanta ambição? Uns passam sem a menor 
importância ou lembrança. Seus nomes são embaraçados. O ouro de Ouro Preto foi revelado, porque foi 
desbravado. Ao verso final desse poema se atribui o sentido místico da revelação, ao mesmo tempo que 
o sentido da ruína (término da riqueza). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 (Questão Autoral – Professora Luana Signorelli – 2020) 
 
Fruto de longa pesquisa histórica, a obra Romanceiro da Inconfidência é, para muitos, a principal obra 
de Cecília Meireles. Nesse livro, por meio de uma hábil síntese entre o dramático, o épico e o lírico, há 
um retrato da sociedade de Minas Gerais do século XVIII. 
 
Levam guampas, levam cuias 
Levam flechas, levam arcos; 
Atolam-se em lama negra, 
Escorregam por penhascos, 
Morrem de audácia e miséria, 
Nesse temerário assalto, 
Ambiciosos e avarentos, 
Abomináveis e bravos, 
Para fortuitas riquezas 
Estendendo inquietos braços, 
– os olhos já sem clareza 
– os lábios secos e amargos. 
 
(Que é feito de vós, ó sombras 
Que o tempo leva de rastros?) 
 
E, atrás deles, filhos, netos, 
Seguindo os antepassados, 
Vêm deixar a sua vida, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 23 
Caindo nos mesmos laços, 
Perdidos na mesma sede, 
Teimosos, desesperados, 
Por minas de prata e de ouro 
Curtindo destino ingrato, 
Emaranhando seus nomes 
Para a glória e o desbarato, 
Quando, dos perigos de hoje, 
Outros nasceram, mais altos. 
Que a sede de ouro é sem cura, 
E, por ela subjugados, 
Os homens matam-se e morrem, 
Ficam mortos, mas não fartos. 
 
(Ai, Ouro Preto, Ouro Preto, e assim foste revelado!) 
MEIRELES, Cecília. Romance I ou da Revelação do Ouro. 
In: Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974, p. 12-13. 
 
Após a leitura do trecho acima, assinale a alternativa correta. 
a) Pode-se concluir do trecho que o sujeito da ação, uma vez que levam flechas e arcos, são os índios. 
b) Cecília Meireles é uma escritora portuguesa do Romantismo. 
c) Segundo o eu lírico, é duplo o papel dos exploradores, que lavravam preciosidades, mas tinham sua 
alma corrompida. 
d) Conclui-se do trecho que a geração de aventureiros que descobriram Ouro Preto representou um 
momento único na história e não teve continuidade. 
e) O verso “Caindo nos mesmos laços” constitui uma Oração Subordinada Adverbial Reduzida de 
Infinitivo. 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. O sujeito da ação são os “ambiciosos e avarentos” em sua luta corrida no 
Ciclo do Ouro. 
 Alternativa B: incorreta. Cecília Meireles é uma poetisa brasileira do Modernismo. 
 Alternativa C: correta – gabarito. O eu lírico alerta para o risco de se perder na ambição pela corrida 
do ouro: “Os homens matam-se e morrem”. 
 Alternativa D: incorreta. Sabe-se que a obra de Cecília Meireles faz o passado repercutir no 
presente, o que pode ser inferido a partir dos versos: “Quando, dos perigos de hoje, /Outros nasceram, 
mais altos”. O ciclo se repete por gerações de filhos e netos. 
 Alternativa E: incorreta. Questão de Gramática aplicada à Literatura. De gerúndio e não de 
infinitivo. 
Gabarito: C. 
 
 
 
 
 
Romance 2 ou Do Ouro Incansável 
 O próprio título do poema já é uma personificação: o ouro não se cansa, quem não se cansa são 
os seres humanos de procurá-lo. Bateias rodam, instrumentos de exploração são usados, o ouro vai sendo 
revelado. Explorar é um verbo de ação. 
 
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Diferentes figuras de linguagem são usadas: o ouro é 
personificado e paradoxal. É ele que faz isso a si próprio 
ou o que os outros fazem dele? 
“Opulentos altares” é uma alusão às igrejas barrocas 
mineiras. Atenção: um contraponto ao Arcadismo é o 
movimento literário do Barroco, anterior a ele, 
predominantemente rebuscado e religioso. 
Há um grande contraste entre natureza rica versus 
homem miserável. A escravidão enquanto força de 
trabalho é representada, bem como febre e fome, 
consequências das desigualdades sociais provadas pela 
exploração do ouro. 
O ouro é como se fosse um deus, capaz de alterar a 
fortuna humana. Uma força que coloca as classes sociais 
em movimento, desde os escravos até reis. Para o bem 
ou para o mal, vivos e mortos: “Descem fantasmas dos 
morros”, pois os escravos incansáveis trabalhando 
incansavelmente já parecem mais mortos que vivos. O 
ouro cansa e faz cansar. 
De seu calmo esconderijo, 
O ouro vem, dócil e ingênuo; 
torna-se pó, folha, barra, 
prestígio, poder, engenho... 
É tão claro! – e turva tudo: 
honra, amor e pensamento. 
 
Borda flores nos vestidos, 
sobe a opulentos altares, 
traça palácios e pontes, 
eleva os homens audazes, 
e acende paixões que alastram 
sinistras rivalidades. 
 
Pelos córregos, definham 
negros, a rodar bateias. 
Morre-se de febre e fome 
sobre a riqueza da terra: 
uns querem metais luzentes, 
outros, as redradas pedras. 
 
(...) 
Por ódio, cobiça, inveja, 
vai sendo o inferno traçado. 
Os reis querem seus tributos, 
- mas não se encontram vassalos. 
Mil bateias vão rodando, 
mil bateias sem cansaço. 
 
Romance 3 ou Do Caçador Feliz 
 Caça ou caçador? Os desbravadores do ouro são comparados a caçadores, mas não de algo 
animado como um animal, mas sim inanimado. Porém, os Inconfidentes são caçados pelas sentinelas e 
pelos delatores, como se fossem hereges caçados na Inquisição. Há toda uma lógica perversa de mais 
fracos sendo comandados por mais fortes. Apenas quem tem seus direitos assegurados é que pode se 
sentir “feliz”. 
 O caçador que anda na mata pouco se importa com a natureza, pois são muitas as ameaças, 
humanas ou animais. É melhor ele estar preparado. 
 Eis uma provocação: “Caçador que andas na mata,/São bichos que vais caçando, /ou caças o que 
não dizes?” 
 
Romance 4 ou Da Donzela Assassinada 
 Após a Revolução Francesa (1789), sucedeu-se na França o período do Terror (1792-3). Todos os 
ideais pregados (liberdade, igualdade e fraternidade) transformam-se numa caça sanguinária contra os 
aristocratas e monarcas, a fim de derrubar o Antigo Regime. Logo, é um período de extrema violência, 
que repercute em crimes, degolações e assassinatos. Portanto, imagens assim são frequentes na época. 
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Há uma atmosfera de mistério; como se fosse um 
romance policial, busca-se por provas. Há vários 
subentendidos no ar, nada é nunca bem explicado. 
Lado materno ou conselho geral? Parece uma canção 
de desespero narrando o Apocalipse (fim do mundo). 
A ruína causada pelo ouro também representaria o 
fim de tudo e todos. 
 Era tempo de Natal, mas, apesar disso, não era tempo de ficar em família. Pelo contrário: parecia 
haver alguma traição. 
 
Ouvi minha mãe aos gritos 
e meu pai a soluçar, 
entre escravos e vizinhos, 
e não soube nada mais. 
 
 O eu lírico é feminino: “Mas eu vagueiro sozinha/pela sombra do quintal”. Coisas mundanas a 
prendem no mundo: ela procura por um lencinho. No fundo, há o elemento imprevisível: a moça é uma 
alma penada. Lembra algumas lendas urbanas, como a “Canção da moça-fantasma de Belo Horizonte”, 
poema de Carlos Drummond de Andrade em Sentimento de mundo. 
 
Romance 5 ou Da Destruição de Ouro Podre 
 Vila Rica é uma cidade que na contemporaneidade é conhecida como Ouro Preto. O adjetivo 
“preto”, bem como “negro”, são bastante explorados por Cecília Meireles em Romanceiro da 
Inconfidência,mais uma vez por causa de sua ambiguidade: podem se referir aos escravos ou ao 
pessimismo que indica a ruína do tempo. E agora mais um adjetivo é associado a esse campo semântico: 
“podre”. O ouro é tal como se fosse um organismo vivo, capaz de perecer. 
 
Dorme, meu menino, dorme, 
que o mundo vai se acabar. 
Vieram cavalos de fogo: 
são do Conde de Assumar. 
Pelo Arraial de Ouro Podre, 
começa o incêndio a lavrar. 
 
 Só por violência se mantêm as tiranias e o uso da espada é mortal. Pelas riquezas da terra, muitos 
morreram e morrerão. O cenário pintado é sem idealismo, as histórias de ninar não são mais 
reconfortantes, como se não houvesse salvação. O que resta é uma lição trágica: o esquartejamento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CENA DE LIVRO 
Ciclo de ouro 
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A História é uma estrutura mise-en-abyme: o tempo se 
desdobra em mais tempo. Os castigos são hereditários 
que se propagam no tempo e as gerações futuras 
sofrerão pelos atos no presente. 
No labirinto que é a História, a humanidade pode se 
perder. O senso de justiça pode se tornar distorcido. 
Muitas vezes na obra, o eu lírico assume a função de 
guia turístico: vai passando pela cidade e vai 
explicando-a. Aqui, há uma explicação trágica para o 
nome do lugar se chamar assim. Para um turista, o 
fato poderia ser ocultado; porém, o eu lírico não quer 
escondê-lo, mas sim denunciá-lo. 
Nem tudo está perdido: a cor preta da cidade está 
associada à podridão, mas a criança e o nascimento 
são sinais de esperança. Lições podem ser aprendidas 
com a História. 
Atenção para a repetição das interjeições: o eu lírico 
expressa um sentimento de enfatuação. A riqueza é vazia 
e sem sentido. Histórias de usura e abuso de poder 
costumam ter suas consequências. 
Dentro do tempo há mais tempo, 
e, na roca da ambição, 
vai-se preparando a teia 
dos castigos que virão: 
há mais forcas, mais suplícios 
para os netos da traição. 
 
Embaixo e em cima da terra, 
O ouro um dia vai secar. 
Toda vez que um justo grita, 
um carrasco o vem calar. 
Quem não presta, fica vivo: 
quem é bom, mandam matar. 
 
Quando um dia fores grande, 
e passares por ali, 
dirás: “Morro da Queimada” 
 
 
 Direta ou indiretamente, o eu lírico apela para a necessária coragem que demanda o apelo de 
contar. Não tem medo de dar nome aos condes e aos reis, aos tiranos e boçais culpados por tantos 
sofrimentos. Não quer esconder nada sobre sua cidade, nem mesmo os fatos mais repulsivos e trágicos. 
Dormir é um sinal de inconsciência, mas não necessariamente. 
 
Dorme, meu menino, dorme, 
– que Deus te ensine a lição 
dos que sofrem neste mundo 
violência e perseguição. 
Morreu Filipe dos Santos: 
outros, porém, nascerão. 
 
Romance 6 ou Da Transmutação dos Metais 
 O título desse poema se remete a uma tradição medieval: a alquimia, isto é, a busca científica pela 
capacidade de alterar a propriedade química das coisas. Assim, alguma coisa de menor valor poderia ser 
transformada em ouro. Foi por muito tempo caçada pela Igreja Católica, que a considerava uma ciência 
oculta, já que visava a conhecimentos sombrios e obscuros. 
 
Ai, quanto veludo e seda, 
e quantos finos brocados! 
Ai, quantos rubis do Oriente 
e diamantes lapidados! 
Ai, quantos vasos e jóias, 
cinzelados, marchetados... 
 
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Na falta da verdade, alguns serão escolhidos. Uma das 
críticas mais mordazes de Cecília Meireles é a denúncia 
do falso moralismo. 
 O poema narra sobre o trânsito de preciosidades entre Brasil e Portugal. Num desses tráficos, as 
riquezas que eram para ser mandadas foram trocadas por objetos sem valor, numa espécie de provocação 
e afronta à monarquia. Pressagia-se um destino funesto para os que serão condenados. 
 
Ai, que o Monarca procura 
os que vão ser castigados. 
 
 
No fundo, uma voz em off revela a identidade do herói corajoso a ponto de enfrentar a coroa: 
Sebastião Fernandes Rego foi quem trocou os objetos. Ele é apresentado como uma espécie de Robin 
Hood: roubando dos ricos para lhes ensinar uma lição de moral. 
 
 
 (10º Provão de Bolsas do Estratégia Vestibulares – Professora Luana Signorelli) 
 
Leia o texto a seguir e julgue os itens subsequentes. 
 
Eis que recebe a notícia 
de que ao porto são chegados 
os quintos de ouro das minas 
que do Brasil são mandados. 
Ai, que alegria ressumam 
seus olhos aveludados... 
Ai, que pressa, que alvoroço, 
por catorze mil cruzados! 
Ai, que ventura tão grande, 
depois de tantos cuidados! 
 
Mas, quando, em sua presença, 
os caixões são despregados, 
apesar de lacre e selos, 
os fidalgos assombrados, 
ai! só vêem de grãos de chumbo 
cunhetes acogulados... 
Ai, que os monarcas traídos 
não soltam pragas nem brados. 
Ai, que as forcas e os degredos 
são feitos para os culpados. 
 
Cuiabanos e paulistas, 
nobres, escravos, soldados, 
discutem pelos caminhos 
os quintos falsificados. 
Ai, que é Dom Rodrigo César 
(fidalgo dos mais honrados)... 
Ai, que é Sebastião Fernandes 
(com muitos crimes passados!) 
Ai, que o Monarca procura 
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os que vão ser castigados. 
MEIRELES, Cecília. Da transmutação dos metais. In: Romanceiro da Inconfidência. 
São Paulo: Global, 2015 (p. 37). 
 
I – A monarquia ibérica estava sendo ameaçada por um poder arrivista. 
II – A transmutação dos metais consiste em uma ironia. 
III – A repetição das interjeições confere um tom confortante ao poema. 
 
A sequência de itens corretos é: 
a) I. 
b) III. 
c) I e II. 
d) II e III. 
e) I, II e III. 
Comentários 
 Item I: incorreto. Havia sentimento antilusitano e descontentamento por parte das cobranças 
financeiras abusivas de Portugal contra as riquezas brasileiras, mas no contexto do século XVIII, em 
ocasião da Inconfidência Mineira, os protestos estavam começando e não havia ameaça consolidada. 
A independência política do Brasil só ocorreria em 1822. 
 Item II: correto. Ironia porque o imposto destinado a chegar em Portugal (o quinto) em barras de 
ouro foi trocado por objetos de valor nenhum (“grãos de chumbo /cunhetes acogulados”). Nisso, os 
fidalgos monarcas ficaram espantados. 
 Item III: correto. Pelo contrário, um tom de lamento e de premonição. 
Gabarito: D. 
 
 
 
 
 
Romance 7 ou Do Negro nas Catas 
 “Já se ouve cantar o negro”: é assim que se inicia esse poema. Por mais que seja empregado o 
artigo definido, paira acerca da figura do negro uma noção de anonimato. Eram tantos os escravos e eles 
acordavam cedo para trabalhar. Seria esse canto de alegria? 
 
 
É frequente em Romanceiro da Inconfidência o uso do advérbio de tempo 
“já”. Ele por si só já serve como um presságio, uma antecipação de fatos 
que só ocorrerão posteriormente. Significa uma pressa, uma ânsia por 
narrar logo episódios que serão trágicos e deploráveis. 
 
 
 Os negros no fim do século XVIII não tinham vida própria, mas sim donos. Eram vigiados e tinham 
que lutar pela dignidade para comprar sua alforria, quase nunca conquistada. Cantam porque não têm 
opção. Canto não é arte, mas necessidade. Cantam cedo, na alvorada. Mas haveria alvorada (esperança) 
para os negros? 
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Ironia: o eu lírico apela para Deus, cobrando Dele a 
igualdade social. Os negros escravos que trabalham, 
embora lutem e sofram, não são donos de nada. Não são 
donos do que descobrem, se descobrirem. 
Um dos valores pregados pela Revolução Francesa(1789) era o de liberdade. Mas liberdade para quem, se 
aqui no Brasil os negros eram escravizados? A Abolição 
das Escravidão só veio quase um século depois: 1888. 
No fundo, problematiza-se o conceito de liberdade: os 
brancos também são escravos de sua ambição. 
Já se ouve cantar o negro. 
Chora neblina, a alvorada. 
Pedra miúda não vale: 
liberdade é pedra grada... 
(A terra toda mexida, 
a água toda revirada... 
 
Deus do céu, como é possível 
penar tanto e não ter nada!) 
 
Romance 8 ou Do Chico-Rei 
Tigre está rugindo 
nas praias do mar. 
Vamos cavar a terra, povo, 
entrar pelas águas: 
O Rei pede mais ouro, sempre, 
para Portugal. 
 
O trono é de lua, 
de estrela e de sol. 
Vamos abrir a lama, povo, 
remexer cascalho, 
guarda na carapinha, negra, 
o véu do ouro em pó! 
 
Chico Rei é uma personagem histórica. O poema começa com uma exortação, um lema de guerra, 
o Tigre é invocado. Seriam palavras cifradas? Elas se dirigem ao povo, que aparece no poema em forma 
de vocativo. Promessas são feitas: o trono é de lua, estrela e sol. 
O uso do tempo do pretérito imperfeito – “era bom viver” – alude-se a um modo de vida que não 
é mais possível, pois está longe. Lá, a vida era boa; aqui, é só dureza e trabalho. “– Lá na banda em que 
corre o Congo /eu também fui Rei.” 
 
Olha a festa armada: 
é vermelha e azul. 
Canta e dança agora, meu povo, 
livres somos todos! 
Louvada a Virgem do Rosário, 
vestida de luz. 
 
Tigre está rugindo 
nas praias do mar... 
Hoje, os brancos também, meu povo, 
são tristes cativos! 
 
“Raramente a poesia de Cecília Meireles foge à orientação intimista. Um desses momentos é 
representado por Romanceiro da Inconfidência (1953), que, pelo viés da História, abre importante espaço 
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para a reflexão sobre questões de natureza política e social, tais como a liberdade, a justiça, a miséria, a 
ganância, a traição, o idealismo. 
Fruto de um longo trabalho que envolveu dez anos de pesquisa, Romanceiro da Inconfidência é 
uma 'narrativa rimada', segundo a autora, que reconstrói, fundindo história e lenda, os acontecimentos 
de Vila Rica à época da Inconfidência Mineira (1789)” (CEREJA; MAGALHÃES, 2008, p. 315). 
Nesse poema, aborda-se a escravidão. O eu lírico reconstitui a época anterior à vinda involuntária 
para terras desconhecidas, alegando que lá de onde viera tinha-se poder. Relata-se o bruto abismo entre 
quem trabalha para extrair o ouro e que acaba por de fato obtê-lo e dele usufruir suas consequências. O 
ouro só libertaria na medida que é tomado como posse. 
Porém, há esperança: o eu lírico convoca o povo por meio de vocativo. Consideram-se já livres no 
presente, tendo consciência de que se os brancos detém momentaneamente o ouro, a ambição, a usura 
etc. também fazem com que mesmo os mais poderosos também se escravizem ante os bens materiais. 
Porque, mesmo no Romantismo, José de Alencar foi capaz de cunhar a célebre frase de Senhora: “o ouro 
é o metal que tudo corrompe”. 
No fundo, a obra lança o questionamento de como é possível em pleno Século das Luzes (século 
XVIII) continuar ocorrendo tantas injustiças. A Revolução Francesa de 1789 influenciou diretamente a 
Conjuração Mineira no mesmo ano, inclusive com seus valores: fraternidade, igualdade e fraternidade. 
Por outro lado, também foi época de muita perseguição e brutal violência, como é o caso do 
esquartejamento de Tiradentes que, após seu assassinato, foi considerado mártir e representado à 
semelhança de Jesus Cristo. O fato é que, naquela época, os que se rebelavam contra a Coroa Portuguesa 
eram considerados traidores. Porém, o que os inconfidentes estavam reivindicando a princípio eram 
condições mais justas, já que os impostos cobrados pela monarquia portuguesa estavam se revelando 
muito abusivos. 
Hoje sabe-se que os inconfidentes, com sua coragem, propiciaram caminhos que em 1822 
repercutiram na independência política do Brasil. 
 
Romance 9 ou De Vira-E-Sai 
 Nesse poema, começa-se com um apelo à Santa Ifigênia. Pede-se para que ela vá trabalhar 
também. Negros dentro da serra formam uma multidão invisível que engana os sentidos. Flores só na 
Arcádia, pois na lavra os costumes são outros. 
 Encontrar o ouro está para além dos vãos esforços humanos, dependendo do apelo à divindade. 
Reza-se à Santa Ifigênia para que tanto trabalho não seja, ao menos, em vão. 
 
Romance 10 ou Da Donzelinha Pobre 
 Nesse poema, uma donzela é abandonada pela família que sai para caçar ouro. Tentam a sorte, 
mesmo depois da ruína. As igrejas são de ouro, mas não trazem conforto nenhum: “O reino de Deus tão 
longe /dos humanos desvarios!” 
 
Romance 11 ou Do Punhal e da Flor 
 Armas e rosas são uma alusão do tempo de Cecília Meireles. “Guns and roses” (armas e flores), 
paz e amor: são lemas que seriam importantes para os anos 60 e 70. 
 No poema, narra-se a história de um crime cometido por amor. A linguagem amorosa, tipicamente 
romântica, pode se converter em tragédia. O amor é um sentimento que todos os ânimos excita: os bons 
e os ruins. Supõe-se um triângulo amoroso: o Ouvidor Bacelar e Filisberto se enfrentam em um duelo. Era 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 31 
Alusão ao déspota esclarecido Marquês de Pombal. Igrejas 
eram feitas em sua homenagem. “Sanefa” é uma tira de 
tecido que se coloca na parte superior das cortinas. As 
igrejas são arquitetadas para ter pompa. 
As crianças não são mais capazes de rezar; outros têm que rezar 
por elas. Se todos ainda fossem crianças e tivessem sua 
inocência recuperada, crimes não teriam sido cometidos, pois 
sequer teriam sido julgados. Retornar-se ao estado original, 
quando o mundo não era um caos. 
Quanto poder tem algo que nem mesmo é animado? 
Toda uma história sendo seriamente trabalhada, falsa 
ou verdadeira. O ouro brilha, mas o que ele esconde por 
trás de tão sombrias tramas? A verdade pouco importa; 
decretos serão decretados; pessoas serão caçadas, de 
acordo com jogos de interesses. 
um costume social da época disputar tragicamente pelo amor da donzela. Tudo no período suscita a 
violência. 
 
Romance 12 ou De Nossa Senhora da Ajuda 
Havia várias imagens 
na capela do Pombal: 
e portada de cortinas 
e sanefa de damasco 
e, no altar, o seu frontal. 
 
 Em uma igreja, cria-se uma imagem demoníaca e mítica: 7 crianças rezavam. Por que? Para que? 
Para quem? Nada se sabe sobre elas, de onde vieram. São 3 meninas e 3 meninos: a ausência de uma já 
prefigura uma tragédia, pois a última é Joaquim José, destinada a não existir. 
 Foi escolhida a imagem da criança, pois ela em si já é pequena, rebaixada. Nada pode contra um 
destino maior. Nossa Senhora da Ajuda é apelada por causa de seu nome, para ajudar, pois o eu lírico é 
vidente e capaz de prever o destino: a criança já não será mais tão inocente. 
 
(Agora são tempos de ouro. 
Os de sangue vêm depois. 
Vêm algemas, vêm sentenças, 
vêm cordas e cadafalsos, 
na era de noventa e dois.) 
 
Romance 13 ou Do Contratador Fernandes 
 Foi vítima de conspiração. O ouro gera dissimulações. A riqueza vem sem esforços para os menos 
merecedores dela. Mas o Conde está triste, e ninguém sabe o porquê. 
 Nas fazendas de João Fernandes, chega alguém. Ele mostra suas posses, com prepotência e 
arrogância. Mostra a natureza, como se ela dele fosse. Só não calcula perigos nem riscos: “A Fortuna é 
sempre cega, /e vária, a sorte dos homens”. Fortuna aqui está sendo usado com letra maiúscula, pois é 
personificada. 
 Há intrigas e intrigas, jogos em cima de jogos e ficção dentro da ficção. Há intertextualidade, pois 
o escritor italiano Pietro Metastásio é mencionado. 
 Jogam-se cartas, comem-se banquetes, essências são escondidas pelas aparências. Mas quem 
denunciará quem?Que Fortuna está em jogo? 
 
Por ti padecem os ricos. 
Por ti, mais por essas pedras 
que, com seu límpido brilho, 
mudam a face do mundo, 
tornam os reis intranquilos! 
Em largas mesas solenes, 
vão redigindo os ministros 
cartas, alvarás, decretos, 
e fabricando delitos.) 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 32 
Questão de gênero. É como se Cecília Meireles lançasse 
indiretamente uma crítica: que Século das Luzes foi 
aquele em que só homens pensavam, e não as mulheres? 
Às mulheres era destinado uma espécie de sabedoria 
sentimental, íntima, “dentro de quatro paredes” apenas. 
A mulher ainda era muito presa e recatada. Liberdade 
para quem? Só os homens eram livres. 
Romance 14 ou Da Chica da Silva 
Cara cor da noite 
olhos cor de estrela. 
Vem gente de longe 
para conhecê-la. 
 
(Por baixo da cabeleira, 
tinha a cabeça rapada 
e até dizem que era feia.) 
 
Chica da Silva é uma personagem com 
muito poder e reconhecimento, mas, para 
mentalidade da época (será que só de lá?), nem 
todos toleravam que alguém vindo de uma 
classe inferior se instaurasse na classe superior. 
Então, surge uma voz invejosa em parênteses, contando algumas fofocas. Esse procedimento é 
extremamente importante no Romanceiro da Inconfidência: um telefone sem fio, um disse-me-disse, uma 
incapacidade de comprovar os fatos, apenas porque eles correm pela sabedoria popular, mas a verdade 
nunca é descoberta. 
Chica da Silva traz em torno de si um séquito de 12 aias. Uma ex-escrava que tem servas só para 
si. E 12 é um número mítico, assim como as 7 poemas do outro poema. 
Homens vinham de longe querendo ver sua beleza, e a voz invejosa continua sua ladainha, como 
se isso fosse um desaforo. A maior vingança de Chica da Silva contra a etnia branca é branda e não 
violência: apenas ao exibir-se, é capaz de inverter a ordem social. 
 
Romance 15 ou Das Cismas de Chica da Silva 
Continuação do poema anterior. Mas não, não é de todo feliz Chica da Silva. Ela tem muito no que 
pensar. Por que ou quem ela sofre? Chica manda e Chica também cisma. 
 
 
Os homens, à luz do dia, 
olham bem, mas não vêem muito: 
dentro de quatro paredes, 
as mulheres sabem tudo. 
 
 
Romance 16 ou Da Traição do Conde 
 Quem trai e quem é traído? Quem tem poder para tal? Um conde sai levando uma mensagem, 
ninguém sabe como, o que para onde e para quem. João Fernandes e Chica da Silva não podem mais se 
relacionar em paz: há tom de pressentimento. 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 33 
Retrocesso: de nada adianta lamentar, que o Arcadismo 
parece retroceder ao Barroco. Há exagero na 
representação, há dualismos. Agora não mais são 
narradas só as belezas naturais árcades, mas as misérias 
sociais do tempo. O tempo das utopias pastoris é o 
mesmo do trabalho escravo e da desigualdade social. 
Paradoxos barrocos ecoam. O coração não monte: 
poesia é intuição. Que tempos funestos ainda estariam 
por vir? Emprega-se a repetição da interjeição como 
recurso expressivo. A anáfora é a repetição no início do 
verso. É tempo de muita coragem e pouca liberdade. 
Risco de desconhecer a própria história. 
Ditados populares. Nesse sentido, a obra de Cecília 
Meireles se aproxima da de Guimarães Rosa. 
Romance 17 ou Das Lamentações no Tejuco 
 Tejuco é uma região de Minas Gerais. Tudo é motivo de lamento, as interjeições são 
incansavelmente repetidas. 
 
Ai, que rios caudalosos, 
e que montanhas tão altas! 
Ai, que perdizes nos campos, 
e que rubras madrugadas! 
Ai, que rebanhos de negros, 
e que formosas mulatas! 
Ai, que chicotes tão duros, 
e que capelas douradas! 
Ai, que modos tão altivos, 
e que decisões tão falsas... 
Ai, que sonhos tão felizes... 
que vidas tão desgraçadas! 
 
MAPA DO CICLO DE OURO EM MINAS GERAIS 
 
 
Romance 18 ou Dos Velhos no Tejuco 
- Quem foi a Chica da Silva, 
que viveu neste lugar? 
 
(Que tudo passa... 
O prazer é um intervalo 
na desgraça...) 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 34 
 A ruína faz parte da Natureza. Todo o contexto funesto da Inconfidência Mineira antecipa em um 
século o pessimismo/decadentismo que será predominante no fim do século XIX: “Que a nossa vida /é a 
mesma coisa que a morte, / -- noutra medida.” 
 
Romance 19 ou Dos Maus Presságios 
 São logo maus os presságios que fecham a primeira parte. Nenhuma esperança parece ser 
vislumbrada. Que tempos são esses e o que deles esperar? Como ter o poder de mudar o curso das coisas? 
São indagações lançadas pela obra. 
 O materialismo é uma tendência voltada para as coisas mundanas e terrestres em negação ao 
idealismo. É uma visão de mundo, mas que acarreta consequências: nem todos podem ter tudo na mesma 
medida. Quem é que dita a medida das coisas? Quem é que as possui? “E a vida, em severos lances, 
/empobrece a quem trabalha/ e enriquece os arrogantes.” 
 
Sobre o tempo vem mais tempo, 
Mandam sempre os que são grandes: 
e é grandeza de ministros 
roubar hoje como dantes. 
Vão-se as minas nos navios... 
Pela terra despojada, 
ficam lágrimas e sangue 
 
Ai, quem se opusera ao tempo, 
se houvesse força bastante 
para impedir a desgraça 
que aumenta de instante a instante! 
Tristes donzelas sem dote 
choram noivos impossíveis, 
em sonhos fora do alcance. 
 
Parte 2 
Cenário 
 Breve poema em que se descreve uma paisagem: estrada, igreja, cavalo. Rastros e gestos sentidos. 
Névoas e um sentimento: esperança. 
 
Fala à Antiga Vila Rica 
 Fala direcionada à cidade, que representa seus habitantes a quem a fala é de fato direcionada. A 
cidade serve como o destinatário da fala como também uma espécie de dedicatória. O discurso é triste, 
o que tem ele a falar? 
 
Romance 20 ou Do País da Arcádia 
É sonho que guarda; no fundo, efemeridade. Nenhuma utopia dura para sempre. 
 
Matrioskas: bonecas russas autodesdobráveis, 
assim como o tempo. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 35 
A parte idealista do movimento ocultava a História que 
estava acontecendo. Critica-se a palavra aérea; ecoa um 
latinismo: verba volant scripta manent (palavras faladas 
voam, as escritas permanecem). 
Uma estrofe inteira nominal: isto é, sem verbo nenhum. 
Aliás, o poema é quase todo nominal. A ação é apagada, 
o ser humano é apagado. Tudo são objetos que já 
quedam sem valor. Tudo é já fantasmagoria. Em tempos 
que seres humanos se aniquilam, quem pensa as ideias? 
Elas se pensarão por si sós? 
O eu lírico alerta para riscos: tudo que brilha 
demais é falso. 
O Século das Luzes também é o das doenças. Tudo 
tem sua contraparte; seu peso. 
Também eles! Pois que o Século das Luzes também foi do 
da escravidão. O eu lírico usa um recurso frequente: a 
invocação: “ó”. Nessa bagunça toda, onde ficam as ideias? 
Em primeiro ou em último plano? 
O país da Arcádia, 
súbito, escurece, 
em nuvem de lágrimas. 
Acabou-se a alegre 
pastoral dourada: 
pelas nuvens baixas, 
a tormenta cresce. 
 
Romance 21 ou Das Idéias 
 Ideias nobres ou ultrapassadas? Seguidas à risca como leis ou palavras ao vento, promessas 
furadas? Ideias são pensadas por seres humanos que são falhos. O que elas significam? A quem elas 
servem? Cultura, religião, doença, tudo pode coexistir, tudo pode significar tudo e nada. “O clero. A 
nobreza. O povo/ E as ideias.” 
 
A vastidão desses campos. 
A alta muralha das serras. 
As lavras inchadas de ouro. 
Os diamantes entre as pedras. 
Negros, índios e mulatos. 
Almocafres e gamelas 
 
Os estudantes que partem. 
Os doutores que regressam. 
(Em redor das grandes luzes,há sempre sombras perversas. 
 
(...) 
sezões; picadas de cobras; 
sarampos e erisipelas... 
Candombeiros. Feiticeiros. 
Unguentos. Emplastos. Ervas. 
 
 
 
Senzalas. Tronco. Chibata. 
Congos. Angolas. Benguelas. 
Ó imenso tumulto humano! 
E as ideias. 
 
 
E os países africanos se multiplicam; representam-se no plural. São ecos de longe, mas que ecoam 
aqui. As criações utópicas árcades mais camuflam a verdade do que combatem. Nomes se perdem em 
ideias que se perdem em sentidos. Tudo se perde, nada mais se cria. Porque para cada bom plano; para 
cada boa ideia há um inimigo à espreita. Os idealizadoes/idealistas são caçados, pois são temidos. Ideias 
são ameaças; ideias que nem são compreendidas. 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 36 
Provado por quem? Sem agenda da passiva, o negro é 
criminalizado. Alguém deve ser condenado, porque 
medo também é poder. Fofocas em cima de fofocas. 
Mesmo os príncipes podem morrer. Se o ser 
humano está condenado à morte, não é livre. Então, 
para que pronunciar a palavra “Liberdade” para 
quem não sabe o que ela significa? A imagem do 
príncipe falecendo simboliza a impossibilidade de 
esperança para novos tempos. É costume tocar sinos 
para os mortos. Tudo já prenuncia ruína. 
Hibridismo: misturam-se religião, crença e misticismo. 
Romance 22 ou Do Diamante Extraviado 
e está provado 
que o negro desceu do Serro 
para vender o diamante. 
 
Romance 23 ou Das Exéquias do Príncipe 
A palavra Liberdade 
vive na boca de todos: 
quem não a proclama aos gritos, 
murmura-a em tímido sopro. 
 
Já plangem todos os sinos, 
pelo Príncipe, que é morto. 
Ó grande melancolia! 
 
Romance 24 ou Da Bandeira da Inconfidência 
 “Através de grossas portas”: toda uma História sendo feita às escondidas, nos bastidores, no jogo 
de luz e de sombras que lembra o chiaroscuro barroco. 
 
Que bandeira se desdobra? 
Com que figura ou legenda? 
Coisas da Maçonaria, 
do Paganismo ou da Igreja? 
A Santíssima Trindade? 
Um gênio a quebrar algemas? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bandeira de Minas Gerais. Fonte: Commons Wikipedia. 
Disponível em: https://tinyurl.com/y4mxuwam. Acesso em: 13 nov. 2020. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 37 
A bandeira é um símbolo; é personificada. Mas 
liberdade é uma palavra malditamente ainda não 
compreendida. Liberdade ainda que tardia: quanto 
tempo ainda demoraremos para compreendê-la, se 
por ela julga-se e morre-se? 
Índice de indeterminação do sujeito: tentativa de 
apagamento dos responsáveis. Os primeiros a pressentir 
são os que serão mais prejudicados. Órfãos serão criados. 
 Nesse poema, conta-se como as classes se uniram em torno de uma causa comum: para pensar a 
Inconfidência, desde padres a filósofos. Até mesmo mazombos, filhos de estrangeiros, sobretudo 
portugueses, que nascem no Brasil. Tudo eram ainda apenas conjecturas, sem serem capazes de prever 
tragédias. A espionagem era feita nas ruas; dentro das casas, as ideias. 
 
E a bandeira já está viva, 
e sobe, na noite imensa. 
E os seus tristes inventores 
já são réus – pois se atreveram 
a falar em Liberdade 
(que ninguém sabe o que seja). 
 
 A “liberdade” deveria ser uma palavra autossuficiente, que bastasse por si só. Mas é uma palavra 
muito mais para ser sentida e almejada que conceituada. 
 
 
 
Romance 25 ou Do Aviso Anônimo 
 A ideia de anonimato é importante. Romanceiro da Inconfidência é uma obra corajosa, pois pode 
falar livremente no século XX. Porém, no século XVIII nem as pessoas eram livres nem podiam falar 
livremente. Então, para falar, escondiam-se atrás de nomes falsos (pseudônimos) e nulidades 
(anonimatos). Assim, dessa mesma forma, escrevia-se literatura e os culpados eram delatados. 
 “Correi, senhores dessa terra”. Eis uma fofoca: o eu lírico ainda tenta alertá-los, como quem diz: 
fujam enquanto é tempo. 
 
 
Veio uma carta de longe. 
Abriu-se muito colchão, 
queimou-se o que estava escrito, 
escreveu-se o que era falso, 
nesta Vila de São João. 
 
Romance 26 ou Da Semana Santa de 1789 
 As lindas e pomposas igrejas escondem seus santos em panos roxos para um ritual religioso. O que 
não se esconde é a verdade. A realidade é bruta, sem metáfora: “Pois o amor não é doce, /pois o bem 
não é suave, /pois amanhã, como ontem, /é amarga, a Liberdade.” 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 38 
A História também é um espelho que tudo revelará, tal 
qual ouro brilha. Ainda na vida além da morte, as 
consequências são sofridas. Documentos valem mais 
do que parecem, pois suas consequências perduram 
através do tempo. 
Atenção: imagem da trama sendo enredada como a aranha 
tece sua teia é importante na obra. A aranha é um animal 
traiçoeiro, podendo ser também peçonhento. Nessa época, até 
os padres foram perseguidos. 
Romance 27 ou Do Animoso Alferes 
 Quando o Alferes ainda era animoso, ou seja, cheio de 
vida, espirituoso. Tiradentes, na obra de Cecília Meireles, vai 
ser mais conhecido pela sua patente militar do que pela sua 
carreira civil de dentista. Tiradentes também é reconhecido 
hoje como Patrono das Polícias Militares. Em sua época, 
andava em seu cavalo. Movimentava-se, parecia livre. 
 Era popular e aparentemente querido: “que por toda 
parte/ o povo o conhece.” Pelo caminho trocava adeuses, 
como se já pressentisse o seu próprio fim. No fundo, era um 
homem sem paz: muito demandado, muito mal 
compreendido, muito caçado. “Venham, venham, matem: 
/ganhará quem perde.” 
 Suportou um fardo demasiado pesado para um 
homem só. Apenas teve reconhecimento post mortem. 
 
Romance 28 ou Da Denúncia de Joaquim Silvério 
 Para cada herói, um delator. Essa obra pode ser 
reatualizada em tempos de delação premiada. As pessoas na época delatavam porque eram pagas, 
recebiam recompensas. Joaquim Silvério é conhecido como delator de Tiradentes. 
 Perdia-se tempo escrevendo longas mensagens. A escrita artificial vinha acompanhada de 
natureza maliciosa. Tudo tinha seu preço, coisas e pessoas. 
 
(No grande espelho do tempo, 
cada vida se retrata: 
os heróis, em seus degredos 
ou mortos em plena praça; 
- os delatores, cobrando 
o preço das suas cartas...) 
 
Romance 29 ou das Velhas Piedosas 
 Alguém teria piedade? Se for o caso, apenas se forem velhas, de outra geração, para serem capazes 
de entender tamanho sofrimento. No tempo presente, as pessoas não são piedosas nem tolerantes; pelo 
contrário. 
 
O papel aceita 
o que os homens traçam... 
E a mão inimiga 
como aranha estende 
com fios de tinta 
as teias da intriga. 
 
 Nesse poema, há um refrão: “Ai de quem na sua casa/ se deixa estar”. Consiste em uma crítica a 
passividade dos que na sua época não fizeram nada diante de tantas atrocidades. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 39 
A História também como numerologia, estudo dos 
destinos humanos. Não que isso seja sempre confiável: o 
eu lírico em primeira pessoa admite estar desconfiando 
da própria História. 
Romance 30 ou Do Riso dos Tropeiros 
 Tropeiros são os que andam em tropas. Têm aspecto nômade, ficam por entre as estrados. Então, 
havia um grupo desses que viu Tiradentes passar, falando suas ideias. Tiveram apenas uma reação: riram! 
Tiradentes era louco, era o que achavam. Porém, depende do ponto de vista. Prega como os padres na 
igreja; de certa maneira, substitui-os. 
 Apesar da reação cômica dos tropeiros, Tiradentes segue seu rumo continuando a falar suas 
verdades; segue com sua coragem. 
 
Romance 31 ou De Mais TropeirosContinuação do poema anterior. Tiradentes continua sendo melindrado, desacreditado. No 
entanto, quando ele passa, há alegria, querem vê-lo passar. Se voltar sem cabeça, pois bem, vira lenda. 
 
Romance 32 ou Das Pilatas 
 Ser herói era um sonho, um projeto. Nesse poema, o personagem deseja ir ao Rio de Janeira fazer 
fortuna. Mas tudo vai e tudo volta, como num acerto de contas. O filho não retornava e sua expectativa 
é frustrada pela realidade. 
 
Romance 33 ou Do Cigano que viu Chegar o Alferes 
 Ora, muitos viram chegar o Alferes, não precisava ser necessariamente um cigano. Mas ambos 
compartilham de algo em comum: estão à deriva, nem todos acreditam neles. Então, é possível haver 
reconhecimento. 
 
 
Duvido muito, duvido 
que se deslinde o seu fado. 
Vejo que vai ser ferido 
e vai ser glorificado: 
ao mesmo tempo, sozinho, 
e de multidões cercado; 
correndo grande perigo, 
e de repente elevado: 
ou sobre um astro divino 
ou num poste de enforcado. 
 
Romance 34 ou De Joaquim Silvério 
Melhor negócio que Judas 
fazes tu, Joaquim Silvério: 
que ele traiu Jesus Cristo, 
tu trais um simples Alferes. 
Recebeu trinta dinheiros.. 
- e tu muitas coisas pedes: 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 40 
pensão para toda a vida, 
perdão para quanto deves, 
comenda para o pescoço, 
honras, glórias, privilégios. 
E andas tão bem na cobrança 
que quase tudo recebes! 
 
 Joaquim Silvério foi o que barganhou o preço de uma vida. Ao 
delatar no intuito de prejudicar, acabou criando um mito. Questiona-
se a moral de quem não tem remorso: a quem foi permitido viver, será 
que não persegue ao menos uma sombra de culpa? 
 
Romance 35 ou Do Suspiroso Alferes ou D 
 Em Minas Gerais, o eu lírico que na época havia o fenômeno da gente fofoqueira e reprodutora 
do senso comum: “Ah! se eu me apanhasse em Minas!” é o refrão. 
 
(UFG/2006/2ª fase) 
Leia o poema que segue: 
 
 ROMANCE XXXV OU DO SUSPIROSO ALFERES 
 
Terra de tantas lagoas! 
Terra de tantas colinas! 
No fundo das águas podres, 
o turvo reino das febres... 
"Ah! se eu me apanhasse em Minas..." 
 
Nos palácios, vãos fidalgos. 
Santos vãos, pelas esquinas. 
Pelas portas e janelas, 
as bocas murmuradoras... 
"Ah! se eu me apanhasse em Minas..." 
 
Rios inchados de chuva, 
serra fusca de neblinas... 
Quem tivera uma canoa, 
quem correra, quem remara... 
"Ah! se eu me apanhasse em Minas..." 
 
(Que vens tu fazer, Alferes, 
com tuas loucas doutrinas? 
Todos querem liberdade, 
mas quem por ela trabalha?) 
"Ah! se eu me apanhasse em Minas..." 
 
(O humano resgate custa 
pesadas carnificinas! 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 41 
Quanto à figura de Tiradentes, na obra é ressaltada a seguinte 
dialética: multidão versus solidão. Ao mesmo tempo que, 
quando passava, as pessoas se entusiasmavam por sua presença, 
morreu sozinho e sem ter tido suas ideias compreendidas. 
Quem morre, para dar vida? 
Quem quer arriscar seu sangue?) 
"Ah! se eu me apanhasse em Minas..." 
 
Minas das altas montanhas, 
das infinitas campinas... 
Quem galopara essas léguas! 
Quem batera àquelas portas! 
"Ah! se eu me apanhasse em Minas..." 
 
Mas os traidores labutam 
nas funestas oficinas: 
vão e vêm as sentinelas, 
passam cartas de denúncia... 
"Ah! se eu me apanhasse em Minas..." 
 
(E tudo é tão diferente 
do que em saudade imaginas! 
Onde estão os teus amigos? 
Quem te ampara? Quem te salva, 
mesmo em Minas? mesmo em Minas?) 
MEIRELES, Cecília. "Romanceiro da Inconfidência". Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 135-136. 
 
Com base no poema "Romance XXXV ou do Suspiroso Alferes": 
a) Explique a ironia presente no poema. 
b) Identifique o momento histórico que esse poema retoma e explicite duas características da 
linguagem usada pela poetisa para transformar o documental em lírico. 
c) Esclareça a divergência entre a voz do narrador e a do Alferes. 
Comentários/Gabarito 
 Atenção: Romanceiro da Inconfidência tem baixa incidência de ocorrência no vestibular da FUVEST. 
Como essa obra volta a ser cobrada esse ano, aposto uma cobrança maior, tanto na primeira quanto 
na segunda fase. Quanto antes começarmos a nos preparar, melhor! 
a) A ironia está em querer a revolução e não fazer nada, ou seja, não lutar por ela. 
b) O Alferes está preso no Rio de Janeiro, traído e desejando retornar para Minas Gerais. Presença de 
recursos estilísticos, entre eles: poema, verso, estrofe, rima, refrão, presença de voz lírica, metáfora, 
repetição, alegoria, reticências, interrogação, exclamação, anáfora, aliteração, hipérbole. 
c) O narrador é realista, cético. O Alferes é sonhador, idealista. 
 
Romance 36 ou Das Sentinelas 
 Sentinelas espreitam à paisana, com disfarces, pelas aparências. Cria-se o costume da espionagem 
(intelligentsia). Para cada sonho, um impedimento. As ruas eram tão controladas que a cidade parecia 
uma distopia, assolada pela opressão. 
 
Mas não há resposta, 
- que o traidor prudente 
desliza nas sombras, 
não fala de frente... 
A um deserto surdo 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 42 
Todas são figuras míticas, personificadas, 
temidas, desconhecidas. 
Delação premiada: aparência de nobreza, quando no 
fundo quer lucrar. Quem muito quer dizer, muito esconde. 
clama, inutilmente, 
o animoso Alferes... 
- Só ele - presente. 
 
Romance 37 ou De Maio de 1789 
 Uns conspiram; outros, só querem a liberdade, que não tem preço. Vive-se em um estado de 
guerra. O poema assume caráter de diário, relatando as datas: 1º de maio (dia dos trabalhadores). 
 No ar, está a curiosidade: o que vai acontecer com o Alferes? Ele é uma figura pública comentada. 
Essa gente toda que olha não vai além dessa ação: protestos é que não vão fazer. A verdadeira traição é 
a dedicação do Alferes não ter sido retribuída. 
 Maio chega ao fim e com ele a trajetória do Alferes. De que importam a poesia, o idílio e as utopias 
diante da vilania e do poderio? 
 
Romance 38 ou Do Embuçado 
Vinha uma figura estranha. Essa imagem se repete em outros momentos da obra: “embuçado” 
significa com o rosto tapado, deixando de fora apenas os olhos; coberto com capa, capote ou similar. Em 
todo caso, uma figura de inconsciência, cegueira, que se esconde. 
 
Era a Morte, que corria? 
Era o Amor, com seu cuidado? 
Era o Amigo? Era o Inimigo? 
Era o Embuçado. 
 
Romance 39 ou De Francisco Antônio 
 Era um gordo, imagem da fartura e riqueza. Tinha família, parentes. Mas não acreditava em 
Benjamin Franklin, que estava pregando o liberalismo no exterior. 
 
Romance 40 ou Do Alferes Vitoriano 
 É uma figura de um andarilho. Não se sabe para onde vai: talvez tenha sido degradado (posto em 
exílio). 
 
Romance 41 ou Dos Delatores 
 O poema brinca com a ideia do telefone sem fio: ouvi de fulano que disse a fulano que disse a 
fulano etc. Nomes não querem ser maculados; a história vai se perdendo e em meio a tantas versões. 
Livre associação de ideias ou encadeamento (aprisionamento) delas? 
 
A minha denúncia é breve, 
pois nem sei se houve delito, 
nem se era conspiração. 
Mas, se ninguém os escreve, 
aqui deixo, por escrito, 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 43 
os nomes que adiante vão. 
 
Romance 42 ou Do Sapateiro Capanema 
 Episódio de uma personagem que para na calada da noite em uma estalagem e pede abrigo. 
Porque não abrem e não querem deixá-lo entrar, ele fica irritado e clama por liberdade. É mal 
compreendido e caçado depois disso. Foram quatro palavras ao vento (lema da bandeira) que, cada vez 
sendomais ditas, multiplicando-se, cada vez mais convenciam. 
 
Romance 43 ou Das Conversas Indignadas 
 Há um conceito importante: o apadrinhamento. Alguns eram protegidos; alguns podiam ser 
protegidos. 
 
Romance 44 ou Da Testemunha Falsa 
Cada um por si só: é essa a lei da selva. Para evitas problemas no futuro, é melhor delatar desde 
agora: “Há mais prêmios neste mundo/para Mal que para o Bem.” A moral vai sendo distorcida e a 
barganha é lançada até a Deus. Melhor estar salvo e vivo, ainda que isso condene outros: “As mentiras 
viram lendas /E não é sempre a pureza /que se faz celebridade...”. 
 
Romance 45 ou Do Padre Rolim 
 Caçavam-se até mesmo membros da igreja. Se era subversivo, era um risco. Porém, se é com o 
clero é diferente: ganha-se um tempo, para ele poder ter um tempo a mais para fugir. Como se justificasse 
tudo, como se sempre tivesse tido uma vida excêntrico, caça-se o padre porque ele é estranho! Fofocas 
são inventadas: ele tinha amores. 
 
Romance 46 ou Do Caixeiro Vicente 
 O dente é usado como metáfora: Tiradentes, que tanto tratou deles, agora os vê arreganhados 
para si, ameaçadores. É uma preocupação do corpo. Mas o que é uma dor de dente diante da dor da 
traição? 
 
Romance 47 ou Dos Sequestros 
 De que importam todos os clássicos, de Júlio César a Ovídio, se as sentenças já foram dadas? Ideias 
não são mais lidas e, se são, não são compreendidas. Para se caçar as pessoas dentro de suas próprias 
casas, objetos são revirados, a intimidade é abolida, priva-se qualquer possibilidade de vida em paz. O 
que vale mesmo é a burocracia: se está decretado no papel, a caça é feita. 
 
Fala aos Pusilânimes 
 “Se vós não fôsseis os pusilânimes”: uso da segunda pessoa do plural, vocabulário do século XVIII. 
Só os cavalos são felizes, porque são livres. Como aqueles a quem o eu lírico se dirige eram os pusilânimes, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 44 
Como no romance naturalista Madama Bovary de Gustave 
Flaubert, enxerga-se o mundo como um jogo. Tudo é 
enxergado a partir de uma perspectiva maior, pois no 
romance Emma vê o mundo a partir de um realejo (teatro 
em miniatura). 
O discurso é alheio, introduzido por aspas. Vão 
sendo reproduzidos alguns sensos comuns, como 
se Cláudio Manuel tivesse tido o destino que 
merecera. Deseja-se fazer justiça com as próprias 
mãos. O telefone sem fio vai perpetuando várias 
versões da mesma história. A verdade uma vez há 
de ser dita. O que paira é a desconfiança geral. 
eram limitados, não podiam admitir a verdade. A cidade é fantasmal, apagada de sujeitos, apagada de 
ideias. Ficam só os ruins e seu falso moralismo. Os livros são negros, são condenáveis. 
 Poema corajoso que não tem medo de responsabilizar os culpados. Segundo seus decretos, 
traidores sempre existirão, nada pode ficar em paz. Porém, a função da memória é lembrar tanto das 
coisas boas e ruins. 
 
Parte 3 
Romance 48 ou Do Jogo de Cartas 
 A vida é como um jogo. Todos cumprem uma função e todos vão perder. Há alguém que comanda. 
 
Grandes jogos são jogados. 
E os silenciosos parceiros 
não sabem, a cada lance, 
que o jogo, fora de alcance, 
pertence a dedos alheios. 
 
 
Romance 49 ou De Cláudio Manuel da Costa 
 Poema sobre o árcade. O episódio gira em torno da dúvida quanto à sua morte. 
 
“Que fugisse, que fugisse... 
- bem lhe dissera o embuçado! - 
que não tardava a ser preso, 
que já estava condenado, 
que, os papéis, queimasse-os todos... 
Vede agora o resultado: 
mais do que preso, está morto, 
numa estante reclinado, 
e com o pescoço metido 
num nó de atilho encarnado. 
 
Romance 50 ou De Inácio Pamplona 
Continuação do poema anterior. Coincidência ou não, chega à Vila essa personagem no mesmo 
dia que é encontrado morto Cláudio Manuel da Costa: 4 de julho (independência dos Estados Unidos). 
Não se sabe o motivo da morte do árcade tampouco sobre o sumiço de Pamplona. 
 
Romance 51 ou Das Sentenças 
 Pesa a inevitabilidade das sentenças. Elas continuam sendo dadas. A Justiça é cega, torna-se cada 
vez mais improvável a liberdade. 
 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 45 
De África é que vinha a mão de obra (força 
produtiva), mas também para onde eram enviadas as 
mentes perigosas, ameaçadoras. Ao mesmo tempo 
que palavras podem ser tudo, podem ser nada, como 
diz Fernando Pessoa em “Ulisses”: o mito é o nada 
que é tudo. Palavras podem libertar ou aprisionar. 
 
DELACROIX, Eugène. A liberdade guiando o povo (1830). 
Fonte: Museu do Louvre, Paris. 
 
Romance 52 ou Do Carcereiro 
 O eu lírico é intrometido: eu, cá por mim. Fala que Tiradentes deu tudo pelos outros, mas era um 
desapossado. Sem posses, não tinha valor nem poder. Era pobre e infeliz; foi caçado: “A verdade não vem 
/defender acusados... /Não se entende ninguém.” 
 
Romance 53 ou Das Palavras Aéreas 
 Verba volant: as palavras que voam são vãs. Palavras são potentes e ao mesmo tempo frágeis. Têm 
amplitude e capacidade para ser tudo. 
 
Detrás de grossas paredes, 
de leve, quem vos desfolha? 
Pareceis de tênue seda, 
sem peso de ação nem de hora... 
- e estais no bico das penas, 
- e estais na tinta que as molha, 
- e estais nas mãos dos juízes, 
- e sois o ferro que arrocha, 
- e sois barco para o exílio, 
- e sois Moçambique e Angola! 
 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 46 
Um tempo sem tempo: um eterno presente. Essa ideia de 
tempo estagnado é muito frequente em obras 
modernistas. O eu lírico é sincero: algo assim, ele não quer 
nem pintado de ouro. 
Pequenas verdades que incomodam. Pois os culpados 
precisam existir, ainda que não o sejam. Precisam existir 
para que outros sejam inocentados. 
De que adianta a ideia de uma nova humanidade se os 
costumes são os mesmos, as crenças não mudaram? 
Uma nova humanidade para uma velha sociedade, um 
antigo modo de pensar. 
Romance 54 ou Do Enxoval Interrompido 
Se ao menos fosse só o enxoval, mas naqueles tempos vidas eram interrompidas. Casamento é 
aproximado de morte, e essa ideia lembra o ultrarromantismo. Toda uma vida de sonhos abandonada, a 
não ser que o que bordava era sua própria mortalha. 
 
Romance 55 ou Do Preso Chamado Gonzaga 
 “Tudo no mundo mente. /(Daqui nem ouro quero)”. Não compensa. 
 
No remoto Passado 
fica o semblante vero, 
do que hoje aqui padece. 
Mas não me desespero, 
que a vida é sem Presente. 
(Daqui nem ouro quero...) 
 
Romance 56 ou Da Arrematação dos Bens do Alferes 
A política da Derrama era só uma e era muito invasiva: arrebatai! Tudo era arrematado, como se 
fosse um leilão. Essa atitude denuncia uma sociedade deslocada: em pleno século XVIII, mas ainda com 
costumes medievais. De cavalos a esporas, tudo era confiscado. Nem os seres humanos se adaptam à 
falta dos objetos, nem os objetos de adaptam à falta do uso humano. E tomam tudo na ilusão de que 
aquilo irá fazer diferença. Arrematam até mesmo o tempo, com seus fiscos encurtando também as vidas. 
 
Romance 57 ou Dos Vãos Embargos 
(Ninguém faz o que quer. 
Ninguém sabe o que faz. 
E os culpados quem são?) 
 
Romance 58 ou Da Grande Madrugada 
 Imagem da noite eterna e do fim dos tempos. São tempos sem escrúpulos em que as ações mais 
torpes se justificam. Há gente que não quer manchar as mãos e se arriscar que para as coisas mudem. 
Essa mesma gente assiste a tudo calada e ainda saboreia; parecem ser masoquistas. 
 
Romance 59 ou Da Reflexão Dos Justos 
 O trabalhador Alferes foi tido como louco. Foi sua tragédia pessoal e social. No fundo, não 
mereciam sua coragem. 
 
Que tempos medonhos chegam, 
depois de tão dura prova? 
Quem vai saber, no futurot.me/CursosDesignTelegramhub
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 47 
De nada adiantam as dúvidas, nada será respondido, 
pois as respostas já estão apagadas. Assim que é algo é 
dito já se foi. Corresponde à noção de instante-já de 
Clarice Lispector em Água-viva, por exemplo. 
o que se aprova ou reprova? 
De que alma é que vai ser feita 
essa humanidade nova? 
 
Romance 60 ou Do Caminho da Forca 
 Todas as classes sociais se unem numa causa comum: ver o Alferes ir à forca. No fundo, tudo o que 
ele leva consigo são pensamentos; seus bens materiais deixou para trás, para o fisco. As pessoas se 
admiram na cerimônia; a natureza, é indiferente. Era tanto pessimismo que não cabia na época. Esse 
pessimismo também será herdado por Brás Cubas de Machado de Assis. 
 
Romance 61 ou Dos Domingos do Alferes 
Trocadilho com o nome “Domingos”: tanto nome próprio, da genealogia de Tiradentes, quanto 
indicativo de tempo, nome de dia da semana. Imagem da escada como sinal de queda. 
 
Romance 62 ou Do Bêbedo Descrente 
 Todos se calam sem coragem. Vê-se o penitente com a corda no pescoço e assiste a tudo com cara 
de contente. Paira na atmosfera o sadismo e a perversão; incoerência e ainda hoje: “(Ninguém sabia. Não 
sei)” diz o eu lírico, mas ainda não sabemos ainda hoje. No fundo, incompreensão diante do abismo de 
poder. 
 
Romance 63 ou Do Silêncio do Alferes 
 Tiradentes era um peregrino. Passava pelas pousadas e parecia ser ouvido, admirado. Era um 
viajante que levava as suas ideias. O que fala e esclarece não foi ouvido, compreendido. Mais uma vez, há 
crítica à passividade das pessoas, que não agiam pelos mais variados motivos, entre os quais o principal 
era o medo. 
 
Já lhe vão tirando a vida. 
lá tem a vida tirada. 
Agora é puro silêncio, 
repartido aos quatro ventos, 
já sem lembrança de nada.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 48 
Pedro Américo – Tiradentes Esquartejado 
(1893) 
Fonte: Commons Wikipedia. 
Disponível em: 
https://tinyurl.com/y5pbjvsy 
Acesso em: 13 nov. 2020. 
Autor: João Teófilo 
Fonte: Prova do Vestibular UNICAMP 
(2016/1ª fase) 
Disponível em: 
http://www.revistadehistoria.com.br/revi
sta/edicao/)118. 
Acesso em: 13 nov. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Romance 64 ou De Uma Pedra Crisólita 
 Crisólita é uma variedade de gema (joia) de cor esverdeada. As joias são só manipuladas, mas são 
indiferentes aos homens. Alguém é condenado por carregar uma joia dessas; talvez, teria sido essa a 
condenação de Tiradentes. “Talvez uma crisólita fosse...”: abre-se margem à dúvida. Hoje, pouco importa 
a joia, ela é o que menos vale. E tanta preocupação por causa dela na época! 
 
Parte 4 
Cenário 
 Pintam-se os jardins das casas dos poetas árcades. Nenhum deles é tão idílico quanto eles os 
descreviam em suas obras. Pelo contrário: ruína, destruição e sombras estão em todo os lugares. Até a 
natureza se torna hostil, uma força contra o humano. Mas, ao menos, alguma rosa resiste ali. 
 
 
 
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http://www.revistadehistoria.com.br/revista/edicao/)118
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 49 
Abrasileiramento dos nomes, negação do 
estrangeiro: Voltaire se torna Voltério. O que importa 
mesmo é que seja lido e citado. E um palavreado 
arranjado ajuda a escapar à censura, o que justifica 
também o uso de pseudônimos. 
Romance 65 ou Dos Maldizentes 
- Tanto ler o Voltério... 
- E se não fosse o ladino 
capitão Joaquim Silvério! 
- Assim é vário, o destino: 
negro, porém, é o desterro, 
e há de arranjar palavreado 
com que se lhe escuse o erro. 
 
 O tempo passa e o Classicismo volta-se contra si mesmo. Luzes não brilham mais. Os profetas são 
malditos. Se soubessem o que anunciavam, ainda tentariam contra a própria sorte? 
 
Romance 66 ou De Outros Maldizentes 
 Continuação do poema anterior. São tantos que não cabem em um poema só. Os maldizentes são 
sinônimos de delatores. Porém, ambiguamente, parecem se referir aos poetas malditos (simbolistas), que 
só surgiriam um século depois. 
 O que delatarão? Que objetos serão confiscados? Espelhos e relógios eram os objetos de posse 
mais comuns na época, e também os mais significativos. 
 A vida é como um leilão, que tudo arremata. E quem compra a liberdade do poeta? Tomás Antônio 
Gonzaga deixou para trás só um par de expostas. Todos achavam linda sua obra, mas em sua salvação 
ninguém quis se envolver. 
 No degredo para África, o poeta irá enfrentar outros problemas, como a doença. 
 
Romance 67 ou Da África do Setecentos 
 É o total oposto da utopia arcádica. Era o lugar do degredo, aonde alguns poetas iam, se tinham a 
sorte de ter a sentença decretada como exílio e não morte. Aliás, questiona-se: degredo é mais ou menos 
brando que a morte? Pois significa ser arrancado da pátria, abandonar tudo, todo seu ideal de nação; ora, 
assim como os escravos. Daí talvez conseguissem sentir na pele. 
 
Romance 68 ou De Outro Maio Fatal 
 Atenção: o poema se enumera com a cifra “68” e ainda fala do mês de maio. 
É assombrosa a semelhança com o episódio de Maio de 68, que só ocorreria 4 anos 
depois da morte de Cecília Meireles. No passado muito amplo, cabem ainda mais 
passados. “Era em maio, foi em maio”. Quantos ainda serão? 
 Despede-se de Vila Rica. Fala-se da natureza, mas já em tom de despedida. 
O único que fica é o tempo e sua passagem. Onde estarão para socorrer as divindades 
árcades? O que podem esses deuses agora? 
 O tempo não é mais de entusiasmo com as grandes navegações. Se se entrava em 
um navio, era para degredo. Há inversão dos que vêm e vão: escravos e exilados. O trânsito é decidido e 
nada livre. As mulheres são apagadas, nem aparecem. 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 50 
Pois que é real e tem chance de brilhar. Juliana de 
Mascarenhas, uma mulher real, é contraposta às utopias 
que Tomás Antônio Gonzaga criava em sua obra. 
Romance 69 ou Do Exílio de Moçambique 
 Primeiramente, o lugar é tratado com exotismo. É uma ideia geral que se tem de lá. Porém, quando 
lá se chega, logo percebe-se que não é um lugar de viagem, não é para “quem passeia”. O noivado deixado 
para trás por Tomás Antônio Gonzaga tem prazo de validade. 
 Igual a Tiradentes em seu cavalo, pinta-se a imagem do errante. Vila Rica só na memória; já é um 
lugar utópico. 
 
Romance 70 ou Do Lenço do Exílio 
 Lenço é ao mesmo tempo uma lembrança e uma utilidade. Casas nobres e burguesas também são 
prisões. A moça permanece bordando sem pensar, ao passo que o namorado é degredado por pensar 
demais. Enquanto é bordado o lenço, também é enredada a trama. 
 
Romance 71 ou De Juliana de Mascarenhas 
 Moça com quem Tomás Antônio Gonzaga irá se casar. Conhece-a no exílio. Antes de conhecê-lo, 
ela não era feliz. Andava a cismar, parecia louca. Há associação da figura da mulher com a loucura e com 
a secura. Sem força de expressão a não ser seu sentimento. Se aos homens já caçavam, imaginem se a 
mulher falasse também. 
 Porém, o destino muda e nem sempre para pior. A obra é aberta e evita determinismo. Também 
lá há fofoca, pois dizem à Juliana que um rapaz está chegando. 
 
Juliana de Mascarenhas, 
Deus sempre sabe o que faz: 
põe teu vestido de tisso, 
bracelete, anel, colar. 
Mais do que Marília, a bela, 
poderás aqui brilhar. 
Vem ver este homem tranquilo 
que mandaram degredar. 
 
Imaginária Serenata 
 Elemento musical, pelo qual Cecília Meireles tanto preza.Vê-se alguém passando igual a zumbi. 
Mais uma alma penada. São abordados os temas da loucura e da paranoia; nada mais é idealizado. Tudo 
é perigoso e causa assombro. 
 
Romance 72 ou De Maio no Oriente 
 África, lugar de degredo, também é chamada de “Oriente” na obra. Indo-se para lá, escapava-se 
do pior aqui. Assim, os exilados podem usufruir de certa liberdade, mas não mais da noção da pátria. Em 
Moçambique, também se fofoca. Parece uma imitação de Vila Rica. Para cada fofoca, há uma réplica. 
 Casando-se com Juliana Mascarenhas, Tomás Antônio Gonzaga encontrou por fim a felicidade, 
algo que não encontrou nem mesmo em sua terra. 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 51 
Romance 73 ou Da Inconformada Marília 
 Continuação do poema anterior. E enquanto alguns eram felizes longe, a mulher fica. E ao 
permanecer, está sozinha, vai se tornando inconformada. Marília vaga pelos campos na tentativa de 
encontrar o ex-noivo Tomás Antônio Gonzaga. Seu relacionamento é interrompido; nada é esclarecido. 
Ela conversa de si para si: só se o namorado estivesse alienado para não desejá-la mais. Parece ir 
enlouquecendo, desenvolvendo esquizofrenia. O tempo inteiro se lamenta. É um sentimento tão forte 
que parece enlouquecer. 
 
 
 
 Marília claramente não é feliz em vida, não importa o quão perfeita seja pintada nas obras. Ainda 
defende o ex-namorado e é incapaz de perceber que talvez quem estivesse alienada fosse ela. 
 
Romance 74 ou Da Rainha Prisioneira 
 E como diz Carlos Drummond de Andrade em “Os ombros suportam o mundo”: “e nem todos se 
libertaram ainda”. Porque a monarquia também é um fardo e uma prisão. Agora conhecemos um outro 
lado da história: o das classes mais abastadas. Porque elas também sofrem, à sua maneira. Sofrem, 
principalmente, com o peso da responsabilidade. Quer dizer: nenhuma classe social estava protegida à 
época diante de tantas atrocidades. A caça é de todos, não resta pedra sobre pedra. 
 O poema alude à Maria I, a louca, monarca de Portugal à época dos acontecimentos históricos 
narrados na obra. Seu nome é santo, religioso, traz bons presságios, o que não se comprovaram em sua 
vida. Maria irá enlouquecer por causa de seu trono. É ilustrada, mas se sente solitária, para além do que 
podia suportar sozinha. “Ei-la, sem pai, marido, filhos, /confessor – ninguém”: ou seja, sem homens. Seria 
ela louca por que já conhece seu destino? 
 No fundo, seu corpo já pertence ao Simbolismo: “E seu corpo já transparente /e já dentro dele 
mais nada”. 
 
 
 
 
 
 
“Coita”, em galego-português, significa dor, sofrimento e designa no 
português moderno o vocábulo “coitado”. O termo mesmo significa dor, 
aflição, desgosto, especialmente por motivo de amor; pressão das 
circunstâncias, compulsão física ou moral, necessidade (dicionário 
Houaiss). Exemplo: "Não me meta em tal coita vosso amor!” (Afonso Lopes 
Vieira, Romance de Amadis) (dicionário Aulete). 
Coita 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 52 
MARIA I, A LOUCA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fala à Comarca do Rio das Mortes 
 Pergunta-se “onde” sem usar verbo. A ação é apagada. “Onde, o trigo? Onde, o centeio, na planície 
devastada?” Essa imagem lembra a obra do modernista T. S. Eliot: a terra devastada. Ou seja, imagem de 
total desolação e desamparo. Também se sente assim o sujeito moderno: limitado, emparedado, sem 
recursos. É o limite da exploração. “Não se sabe se estão vivos, /ou se apenas são fantasmas”. Até os 
padres são perseguidos. Onde estariam as pessoas, por suas crenças caçadas? 
 
Romance 75 ou De Dona Bárbara Heliodora 
 São três mulheres sentadas, parecendo divindades míticas. Bárbara Heliodora é a que se destaca, 
embora compartilhem de uma sina em comum: a de ter em casa um marido inconfidente e que foi caçado 
por isso. Agora, se unem mais do que nunca: para sobreviver sem eles, para brilharem sem eles. 
 
Das três donzelas sentadas 
naquela verde campina, 
ela era a mais excelente, 
a mais delicada e fina. 
Era o engaste, era a coroa, 
era a pedra diamantina... 
Rolaram sombras na terra, 
como súbita cortina. 
 
 
Partiu-se a estrela da aurora: 
Dona Bárbara Heliodora! 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 53 
Romance 76 ou Do Ouro Fala 
Ouro Preto: Ouro Fala. A cidade que assume o pessimismo reassume a capacidade de falar. Por 
que? Quando? Quando se liberta. 
 
 
Fonte: Shutterstock. 
 
Continua-se o elogio à Bárbara Heliodora. Tão elogiada que se indignam quando ela recebe a 
desgraça. Ela é estrela do Norte sem aurora (esperança). São as lavras de ouro que tudo falam e 
condenam. Ouro fala/falavam, não se sabe mais em que tempo. 
 
Romance 77 ou Da Música de Maria Ifigênia 
 Poema que brutalmente denuncia a interrupção dos estudos de piano da filha de Bárbara Eliodora 
com Alvarenga Peixoto, porque ela morre prematuramente de uma queda de cavalo. Música se associa 
à morte. 
 
Romance 78 ou De Um Tal Alvarenga 
Em salas, ruas, caminhos, 
foram ficando dispersas 
as histórias que sonhava, 
- e iam sendo descobertas 
as mais longínquas palavras 
das suas vagas conversas. 
 
E por inveja e por ódio, 
confusão, perversidade, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 54 
E o que teria sido do Brasil se tivesse começado a ser 
governado por mulheres séculos antes? 
Atenção: quanto das almas penadas vingativas não 
são mulheres que não voltam para contar a sua 
versão da história? 
foi preso e metido em ferros. 
Um homem de Leis e de Arte 
foi preso só por ter sonhos 
acerca da Liberdade. 
 
 Expõem-se os motivos e parece haver um paradoxo: apesar do dinheiro e estudos, não se salvou; 
continuou acusado por suas ideias. 
 
Romance 79 ou Da Morte de Maria Ifigênia 
Se o Brasil fosse um reinado, 
poderia ser princesa, 
- tal era a sua linhagem. 
 
 Talvez a queda de cavalo não tenha sido acidental, mas sim fruto de alguma conspiração, numa 
época tão saturada delas. Maria Ifigênia nem chega à fase adulta para sonhar com a liberdade. 
 
Romance 80 ou Do Enterro de Bárbara Heliodora 
 Mais um poema dedicado a essa figura. Agora morrem mãe e filha. Nove padres rezam seu funeral 
(o número nove é mítico). Ela é lembrada por sua família e por sua beleza, não pela sua obra. Também 
ela morre quase simbolista, débil igual a um fantasma. 
 
Parte 5 
Retrato de Marília em Antônio Dias 
 Marília não é mais pintada por Tomás Antônio Gonzaga, mas por outrem. A aurora tarda a chegar, 
se é que vem mesmo. As mulheres sofrem e contemplam (Marília continua infeliz). “Memento”: lembra-
te, ao menos um latinismo útil. 
 
Contemplam todas as mulheres 
a mansidão das suas ruínas, 
sustentada em vozes latinas 
de réquiens e de misereres. 
 
Cenário 
 A rainha estava sentada (passiva, sem fazer nada). Poder passivo e louco que tanto torturou. Vive 
afogada em amargura, lembra uma mulher simbolista. Seus súditos deviam se sujeitar à sua loucura, 
sendo assim loucos também. Parecia eternamente ausente, antecipando o fim da sua existência e sua 
nulidade. Nem mais ela se sentia rainha: vislumbrava o fim e não sabia se tinha coragem para encará-lo. 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 55 
Acerto de contas: quem persegue hoje 
amanhã também não terá paz, ainda mais se 
for por falsos motivos. 
Nem se sabem os nomes dos homens; tudo é 
esquecimento. Os cavalos eram tão importantes,participavam tanto, mais do que gente. 
Romance 81 ou dos Ilustres Assassinos 
 Como se a vida humana pudesse ser comprada, os frios e calculistas projetam perversos destinos. 
Sem moral nem salvação: mais autoritários que Deus. É preciso sair da alienação e das molduras para agir. 
 
Ó soberbos titulares, 
tão desdenhosos e altivos! 
Por fictícia austeridade, 
vãs razões, falsos motivos, 
inutilmente matastes: 
- vossos mortos são mais vivos; 
e, sobre vós, de longe, abrem 
grandes olhos pensativos. 
 
Romance 82 ou Dos Passeios da Rainha Louca 
 Maria, a louca, já estava no Brasil quando morreu. Talvez contaminada por tanta loucura que corria 
solta aqui. Felicidade e liberdade não são para todos. Também ela é uma assombração. Até os monarcas 
são almas penadas. 
 
Romance 83 ou Da Rainha Morta 
 Continuação do poema anterior. Lamentos se repetem, mas agora pouco importa a linhagem. A 
loucura também anuncia a modernidade. Ao menos ela pôde ser sepultada. 
 
Romance 84 ou Dos Cavalos da Inconfidência 
 Cavalos não traem e levam toda a gente, independentemente de sua classe social. Também eram 
responsáveis. Quem são os brutos e irracionais? Cecília Meireles tenta fazer jus a todos, mesmo aos que 
costumam ser excluídos da História, como os animais. Eles eram muitos cavalos é o título de um romance 
contemporâneo escrito por Luiz Ruffato. 
 
Eles eram muitos cavalos, 
mas ninguém mais sabe os seus nomes 
sua pelagem, sua origem... 
E iam tão alto, e iam tão longe! 
E por eles se suspirava, 
consultando o imenso horizonte! 
- Morreram seus flancos robustos, 
que pareciam de ouro e bronze. 
 
Romance 85 ou Do Testamento de Marília 
 Testamento é o legado, é o que fica. Parece um conto de fadas: toda uma obra não escrita, evitada 
ou impedida. Dos mais variados depósitos, nenhum é seguro. Marília está condenada à não existência, 
pois é utopia. “Reparti-vos, reparti-vos /ouro de tantas cobiças”: eco da Bíblia, porém a repartição aqui 
não é benevolente; a distribuição não é justa. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 56 
Algo retorna para se vingar. Depois de todo o pessimismo, há 
tomada de consciência e possibilidade de esperança. 
Primeira pessoa do plural: convite ao leitor. Ambiguidade 
do verbo “ficar”: permanecer ou terminar. Estão no 
purgatório como se fosse na obra dantesca. Quem serão 
os purificados? Ainda não sabemos. 
Fala aos Inconfidentes Mortos 
 A quem se dirige/dedica. Eles usam uma lanosa capa, como cobertura e proteção. “Agora, tudo 
/jaz em silêncio”: também o livro. Tudo está sendo lavado, expiando culpas e pecados. Tantas são as 
covardias que o eu lírico se assombra. A miséria não é só financeira, mas também humana, existencial. 
Importantes figuras históricas ainda são sombras, fantasmas em busca de reconhecimento, esperando 
compreensão para se redimirem. Versos finais: 
 
Mas, no horizonte 
do que é memória 
da eternidade, 
referve o embate 
de antigas horas, 
de antigos fatos, 
de homens antigos. 
 
E aqui ficamos 
todos contritos, 
a ouvir na névoa 
o desconforme, 
submerso curso 
dessa torrente 
do purgatório... 
 
Quais os que tombam, 
em crime exaustos, 
quais os que sobem, 
purificados? 
 
Concluindo... 
 Pode-se falar que a obra de Cecília Meireles se enquadra na estética do detalhe: a capacidade de 
olhar para os grandes fatos históricos a partir das cenas mais banais e cotidianas. Em Romanceiro da 
Inconfidência, são questionados os alicerces e fundamentos da modernidade e seus valores. A 
modernidade nasceu da Revolução Francesa, que logo se revelou uma caça às bruxas de extrema 
violência. Então, em 1953, essa obra prefigura a volta de tempos tão sombrios quanto, senão piores (a 
ditadura). Corre-se sempre o risco de não entender a História e repetir a violência. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figuras de linguagem utilizadas por Cecília Meireles em Romanceiro da Inconfidência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A revolução (2020) 
Série televisiva com 8 episódios. Em La Révolution, o médico e 
futuro inventor da guilhotina Joseph-Ignace Guillotin (Amir El Kacem) 
investiga uma série de assassinatos na França de 1787, descobrindo então 
um novo vírus que se espalha rapidamente pela aristocracia. O chamado 
"Sangue Azul" faz com que os nobres ataquem violentamente os mais 
pobres, e isso gera uma insurreição popular. Seria a doença contagiosa o 
estopim do que ficou conhecido como a Revolução Francesa? A série é 
importante para entender o contexto de terror e violência que 
caracterizou o fim do século XVIII, mesmo sendo conhecido como o Século 
das Luzes. 
Ironia: ocorre quando aquilo que está sendo 
dito é o contrário do que realmente se 
pretende dizer. 
Exemplos em Romanceiro da Inconfidência: 
“Valha-nos Santa Ifigênia!/ E isto é ser povo 
cristão!” (MEIRELES, 2015, p. 33, grifo meu). 
“Deus do céu, como é possível /penar tanto e 
não ter nada! (MEIRELES, 2015, p. 40, grifo 
meu). 
“o fazem subir à forca /para morte natural” 
(MEIRELES, 2015, p. 98, grifo meu). 
 
 
Personificação: ocorre quando se atribuem 
características humanas a seres inanimados 
ou irracionais. 
Exemplos em Romanceiro da Inconfidência: 
“De seu calmo esconderijo,/O ouro vem, dócil 
e ingênuo” (MEIRELES, 2015, p. 27, grifo meu). 
“A Fortuna é sempre cega, /e vária, a sorte dos 
homens” (MEIRELES, 2015, p. 52, grifo meu). 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 58 
 
 
Xica da Silva (1996) 
Telenovela dirigida por Walcyr Carrasco que se iniciou em 1996 e 
terminou em 1998. Atrevida e muito inteligente, Xica da Silva foi uma 
escrava que virou rainha no século 18 no Brasil. Ela conquistou João 
Fernandes, o homem mais rico e poderoso da época, e deixou de ser 
escrava, escandalizando a sociedade. Há também um filme de 1976, com 
Zezé Motta no papel principal de Xica (ou Chica) da Silva. 
 
 
 
 
A missão (1986) 
No final do século XVIII Mendoza (Robert De Niro), um mercador de 
escravos, fica com crise de consciência por ter matado Felipe (Aidan Quinn), 
seu irmão, num duelo, pois Felipe se envolveu com Carlotta (Cherie Lunghi). 
Ela havia se apaixonado por Felipe e Mendoza não aceitou isto, pois ela tinha 
um relacionamento com ele. Para tentar se penitenciar Mendoza se torna um 
padre e se une a Gabriel (Jeremy Irons), um jesuíta bem intencionado que 
luta para defender os índios, mas se depara com interesses econômicos. No 
filme, há uma cena que retrata a luta narrada por Basílio da Gama. 
 
 
 
 
 
4.0 ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA E A INTERTEXTUALIDADE 
 
Prezados alunos, esse é um desdobramento da análise. Aqui vamos propor leituras comparadas, a 
fim de ajudá-los com a compreensão da obra. 
 
• Dante Alighieri (1265-1321) tem papel importante na transição da língua latina para a italiana. 
Escreveu A Divina Comédia, dividida entre Inferno, Purgatório e Paraíso e responsável por 
eternizar sua musa Beatrice. Além disso, escreveu também um tratado político: Da monarquia 
(1310). Além do diálogo com ele, Cecília Meireles estabelece no trecho abaixo diálogo com outro 
autor da Antiguidade Clássica: Ovídio, autor das Metamorfoses. 
 
 
 
CENÁRIO DA PARTE I CANTO VI – DIVINA COMÉDIA 
E são todas as coisas uns momentos 
de perdulária fantasmagoria 
– jogo de fugas e aparecimentos (...). 
 
Do soçobro tornando a aflita mente, 
Que da cópia infelice contristado 
Havia tanto o padecer pungente, 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 59Armado pó que finge eternidade, 
lavra imagens de santos e profetas 
cuja voz silenciosa nos persuade. 
 
E recompunha as coisas incompletas: 
figuras inocentes, vis, atrozes, 
vigários, coronéis, ministros, poetas. 
 
Retrocedem os tempos tão velozes 
que ultramarinos árcades pastores 
falam de Ninfas e Metamorfoses. 
Achei-me novamente circundado 
De outros míseros, de outras amarguras, 
Que via em toda parte ao longe e ao lado. 
 
Sou no terceiro círculo, ondas escuras, 
Eternas chuvas, gélidas caíam, 
Pesadas, sempre as mesmas, sempre impuras. 
 
Saraiva grossa, neve, água desciam 
Desse ar pelas alturas tenebrosas: 
No chão caindo infeto odor faziam. 
 
 
José de Alencar (1829-1877). Escritor romântico que escreveu todo o tipo de 
prosa: indianista, regionalista, histórica e urbana. Nessa última, destaca-se 
Senhora (1875), romance no qual se discutem as relações humanos por 
interesse financeiro. Algo semelhante ocorre em Romanceiro da 
Inconfidência, quase se alerta para o poder que o ouro tem de guiar os 
caminhos humanos e inclusive corromper suas personalidades. 
 
 
 
 
ROMANCE I OU DA REVELAÇÃO 
DO OURO 
SENHORA – JOSÉ DE ALENCAR 
E é por isso que investigam 
toda a brenha, palmo a palmo; 
é por isso que se entreolham 
com duras pupilas de aço; 
que uns aos outros se destroçam 
com seus facões e machados: 
companheiros e parentes 
são rivais e amigos falsos. 
 
(Que é feito de ti, caminho, 
em teu segredo enrolado?) 
 As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram 
justamente contra a riqueza que lhe servia de 
trono, e sem a qual nunca por certo, apesar de 
suas prendas, receberia como rainha desdenhosa, 
a vassalagem que lhe rendiam. 
 Por isso mesmo considerava ela o ouro, um vil 
metal que rebaixava os homens; e no íntimo 
sentia-se profundamente humilhada pensando 
que para toda essa gente que a cercava, ela, a sua 
pessoa, não merecia uma só das bajulações que 
tributavam a cada um de seus mil contos de réis. 
 
 
 
Florbela Espanca (1894-1930): poetisa portuguesa, produziu uma poesia 
caracterizada pelo sofrimento, feminilidade e erotismo. Seus livros mais 
conhecidos são o Livro de Mágoas (1919) e o Livro de Sóror Saudade (1923). 
Ela morreu por uma overdose de barbitúricos aos 36 anos. Compartilha com 
Cecília Meireles o fato de ser mulher. E sabemos que a obra de Cecília 
Meireles teve mesmo influência da literatura portuguesa. 
 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 60 
 
ROMANCE LXXIV OU DA RAINHA 
PRISIONEIRA 
EU – FLORBELA ESPANCAA 
A que crescera entre as intrigas 
de validos, nobres, criados, 
a que conversara com os santos, 
a que detestara os pecados! 
A que soube de tanto sangue, 
por engenhos de altos estrados, 
quando a nobreza sucumbia, 
nos fidalgos esquartejados! 
A que vira o pasmo do povo 
e a estupefação dos soldados... 
A que, amarrada em seus protestos, 
pusera silenciosos brados 
em grandes lágrimas abertas 
nos olhos, para o céu voltados... 
 
Eu sou a que no mundo anda perdida, 
Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte 
Sou a crucificada... a dolorida... 
 
Sombra de névoa tênue e esvaecida, 
E que o destino amargo, triste e forte, 
Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida!... 
 
Sou aquela que passa e ninguém vê... 
Sou a que chamam triste sem o ser... 
Sou a que chora sem saber por quê... 
 
Sou talvez a visão que Alguém sonhou, 
Alguém que veio ao mundo pra me ver, 
E que nunca na vida me encontrou! 
 
 
 
 
Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): um dos autores mais 
populares e importantes da segunda geração modernista. Sua poesia 
é marcada pela crítica social e pela colocação do indivíduo no centro 
das discussões. Se interroga constantemente acerca das dificuldades 
da sociedade burguesa. No vestibular FUVEST 2022, constam dois 
poetas modernistas brasileiros: ele e Cecília Meireles, para não falar 
do português Fernando Pessoa. Logo, é possível uma aproximação. 
 
 
 
CENÁRIO DA PARTE I MÁQUINA DO MUNDO – DRUMMOND 
E assim me acenam por todos os lados, 
Porque a voz que tiveram ficou presa 
na sentença dos homens e dos fados. 
 
Cemitério das almas... – que tristeza 
Nutre as papoulas de tão vaga essência? 
Tudo é sombra de sombras, com certeza... 
 
O mundo, vaga e inábil aparência, 
que se perde nas lápides escritas, 
sem qualquer consistência ou consequência. 
E como eu palmilhasse vagamente 
uma estrada de Minas, pedregosa, 
e no fecho da tarde um sino rouco 
 
se misturasse ao som de meus sapatos 
que era pausado e seco; e aves pairassem 
no céu de chumbo, e suas formas pretas 
 
lentamente se fossem diluindo 
na escuridão maior, vinda dos montes 
e de meu próprio ser desenganado, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 61 
 
Vão-se as datas e as letras eruditas 
na pedra e na alma, sob etéreos ventos, 
em lúcidas venturas e desditas. 
 
a máquina do mundo se entreabriu 
para quem de a romper já se esquivava 
e só de o ter pensado se carpia. 
 
 
5.0 QUADRO SINÓPTICO 
 
Caros alunos. 
 Esta seção tem a finalidade de ajudá-los nos dias antes da prova. Trata-se de uma breve ficha de 
leitura com algumas informações essenciais, dignas de serem memorizadas. 
 
CATEGORIA DEFINIÇÃO 
ESTRUTURA Obra composta por 96 poemas, distribuídos entre romances, cenários e falas 
paralelas. É ainda composta por 5 partes. 
EU LÍRICO Por mais que narre fatos históricos, ora se intromete nas histórias, declamando 
alguma profecia, um senso comum, ditados populares, refrões etc. Logo, a obra é 
fundamentada na polifonia (mistura de vozes), acarretando tecnicamente na 
representação de vários pontos de vista. 
VERSOS Alguns versos são brancos (sem rima), aderindo à técnica modernista, mas 
também há muitos que rimam. O número de versos nas estrofes é irregular: há 
poemas com estrofes com apenas 2 versos e outros cuja estrofe ultrapassa os 10 
versos. Porém, a ocorrência mais frequente é a de estrofes com 5, 6 ou 8 versos. 
MÉTRICA Assim como no romanceiro tradicional, também na obra predomina a redondilha 
maior (verso com 7 sílabas poéticas), como é o caso verificado até mesmo no uso 
de certos nomes próprios de figuras históricas importantes. Exemplo: “To-más-
An-tô-nio-Gon-za-ga” (7 sílabas poéticas) e “Do-na-Bár-ba-raE-lio-do-ra” (7 
sílabas poéticas). Também existe presença de redondilhas menores (versos com 
5 sílabas poéticas) e com 10 sílabas poéticas: “Joa-quim-Jo-sé-da-Sil-va-Xa-vi-er” 
(10 sílabas poéticas) 
RIMA As rimas são frequentemente soantes ou toantes. 
• Rima soante: quando a correspondência dos sons é completa. Exemplo: “dos 
grandes olhos sombrios/ (...) em barrancos já vazios!” (Cecília Meireles – O 
Romanceiro da Inconfidência). 
• Rima toante ou assonante: tipo de rima na qual há somente repetição de 
sons vocálicos. Exemplo: “A alta muralha das serras/ (...) Os diamantes entre 
as pedras” (Cecília Meireles – O Romanceiro da Inconfidência). 
TÉCNICA A obra mistura prosaísmo (obra ainda escrita em poesia, mas com intervenção da 
prosa, como fala de personagens – discurso direto – e intromissões do eu lírico, 
frequentemente irônico e crítico). Outros elementos são incorporados: refrões 
(como se fossem letras de músicas), profecias, senso comum e sabedoria popular. 
Há intertextualidade com outros ilustrados, como Voltério (Voltaire), por 
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exemplo: “O padre que lê Voltério /é que vem pregar ao povo!” (Cecília Meireles 
– O Romanceiro da Inconfidência). 
FORMAS FIXAS Obra híbrida: mistura cenários (descrições que se assemelham ao gênero teatral) 
e falas (que lembram discursos retóricos,são frequentemente direcionadas a 
alguém ou a algo: Vila Rica, pusilânimes, Incondidentes mortos). Porém, grande 
parte dos poemas são compostos por um gênero tradicionalmente medieval: os 
romances, que, segundo o crítico literário Massaud Moisés, caracterizam-se por 
ser a atividade poética luso-espanhola, de caráter épico e lírico, anônima, 
transmitida por via oral. 
 
6.0 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 
 
Prezados alunos, eis algumas informações práticas antes de começarem. 
A aula de hoje abordou muitos tópicos essenciais para a sua compreensão de texto. Vamos trazer 
exercícios variados para a sua fixação. Então, vamos resolver questões das seguintes fontes: 
• No material de hoje, vocês irão encontrar questões que já caíram em vestibulares sobre a obra 
“Romanceiro da Inconfidência” de Cecília Meireles, bem como questões autorais, especialmente 
de simulados anteriores. 
• Há questões também de outros vestibulares a fim de fixação. Portanto, outra dica: após fazer 
os exercícios da sua banca, procure fazer os de outra com cobrança parecida, o que se encontra 
na lista complementar que preparei para vocês. 
• Muitas das questões que envolvem obras obrigatórias são bem específicas. Como vocês vão 
observar, essas questões costuma cobrar verificação de leitura (detalhes). É a principal 
tipologia de questão envolvendo esse conteúdo. 
 
 
Para complementar seu estudo cada vez mais, vocês vão encontrar questões ao 
longo da teoria e no final dela, com e sem gabaritos. Além disso, também temos 
simulados inéditos e gratuitos todo fim de semana. Isso quer dizer que vamos focar 
bastante na prática! 
 
 
LISTA DE QUESTÕES ESPECÍFICAS DA BANCA 
 
01. (FUVEST/2021/1ª fase) 
 
Romance LIII ou Das Palavras Aéreas 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Ai, palavras, ai, palavras, 
sois de vento, ides no vento, 
no vento que não retorna, 
e, em tão rápida existência, 
tudo se forma e transforma! 
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Sois de vento, ides no vento, 
e quedais, com sorte nova! (...) 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Perdão, podíeis ter sido! 
- sois madeira que se corta, 
- sois vinte degraus de escada, 
- sois um pedaço de corda... 
- sois povo pelas janelas, 
cortejo, bandeiras, tropa... 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Éreis um sopro na aragem... 
- sois um homem que se enforca! 
Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência. 
 
Ao substituir a pessoa verbal utilizada para se referir ao substantivo “palavras” pela 3ª pessoa do plural, 
os verbos dos versos “sois de vento, ides no vento”, (v. 4) / “Perdão podíeis ter sido!” (v. 12) / “Éreis 
um sopro na aragem...” (v. 20) seriam conjugados conforme apresentado na alternativa: 
a) são, vão, podiam, eram. 
b) seriam, iriam, podia, serão. 
c) eram, foram, poderiam, seriam. 
d) são, vão, poderiam, eram. 
e) eram, iriam, podiam, seriam. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
02. (FUVEST/2021/1ª fase) A "estranha potência" que a voz lírica ressalta nas palavras decorre de uma 
combinação entre 
a) fluidez nos ventos do presente e conteúdo fixo no passado. 
b) forma abstrata no espaço e presença concreta na história. 
c) leveza impalpável na arte e vigor no documentos antigos. 
d) sonoridade ruidosa nos ares e significado estável no papel. 
e) lirismo irrefletido na poesia e peso justo dos acontecimentos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
03. (FUVEST/2021/1ª fase) 
 
Alferes, Ouro Preto em sombras 
Espera pelo batizado, 
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador 
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor. 
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Raios de sol brilharão nos sinos: 
Dez vias dar; 
 
Ai Marília, as liras e o amor 
Não posso mais sufocar 
E a minha voz irá 
Pra muito além do desterro e do sal, 
Maior que a voz do rei. 
Aldir Blanc e João Bosco, trechos da música "Alferes", de 1973. 
 
A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa expressão dos 
mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra feita em Ouro Preto - torna 
a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do 
letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso 
a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas. 
b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes. 
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar. 
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas. 
e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
04. (FUVEST/1996/1ª fase) Como o próprio título indica, no "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília 
Meireles, os romances têm como referência nuclear a frustrada rebelião na Vila Rica do século XVIII. No 
entanto, deve-se reconhecer que, 
a) a base histórica utilizada no poema converte-se no lirismo transcendente e amargo que caracteriza as 
outras obras da autora. 
b) as intenções ideológicas da autora e a estrutura narrativa do poema emprestam ao texto as virtudes 
de uma elaborada prosa poética. 
c) a imaginação poética dá à autora a possibilidade de interferir no curso dos episódios essenciais da 
rebelião, alterando-lhes o rumo. 
d) a matéria histórica tanto alimenta a expressão poética no desenvolvimento dos fatos centrais quanto 
motiva o lirismo reflexivo. 
e) a preocupação com a fidedignidade histórica e com o tom épico atenua o sentimento dramático da 
vida, habitual na poesia da autora. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
05. (FUVEST/1995/1ª fase) O verso "Só se estivesse alienado", que funciona como um refrão no 
"Romance LXXIII ou da inconformada Marília", registra a reação desta personagem do "Romanceiro da 
Inconfidência" à informação de que: 
a) seu amado, o inconfidente e poeta Cláudio Manuel da Costa, se suicidara na prisão. 
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b) seu primo-irmão, o inconfidente Joaquim Silvério dos Reis, traíra os companheiros de conjura, 
delatando-os. 
c) seu noivo, o poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, se casara em África. 
d) seu prometido, o árcade e inconfidente Dirceu, se suicidara na prisão. 
e) seu companheiro na Inconfidência, o alferes Tiradentes, assumira sozinho toda a culpa da conjuração. 
 
LISTA DE QUESTÕES COMPLEMENTARES 
 
06. (ENEM/2012) 
 
Ai, palavras, ai, palavras 
que estranha potência a vossa! 
Todo o sentido da vida 
principia a vossa porta: 
o mel do amor cristaliza 
seu perfume em vossa rosa; 
sois o sonho e sois a audácia, 
calúnia, fúria, derrota... 
A liberdade das almas, 
ai! Com letras se elabora... 
E dos venenos humanos 
sois a mais fina retorta: 
frágil, frágil, como o vidro 
e mais que o aço poderosa! 
Reis, impérios, povos, tempos, 
pelo vosso impulso rodam... 
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento). 
 
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada 
no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla 
sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem: 
a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras. 
b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas,têm seu equilíbrio vinculado ao significado das 
palavras. 
c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela 
vida. 
d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas 
crenças. 
e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
07. (ENEM/2009/cancelada) 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 66 
 
Ó meio-dia confuso, 
ó vinte-e-um de abril sinistro, 
que intrigas de ouro e de sonho 
houve em tua formação? 
Quem ordena, julga e pune? 
Quem é culpado e inocente? 
Na mesma cova do tempo 
cai o castigo e o perdão. 
Morre a tinta das sentenças 
e o sangue dos enforcados... 
— liras, espadas e cruzes 
pura cinza agora são. 
Na mesma cova, as palavras, 
o secreto pensamento, 
as coroas e os machados, 
mentira e verdade estão. 
[...] 
MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972. (fragmento) 
 
O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partida um fato da história nacional, a Inconfidência 
Mineira. Nesse poema, a relação entre texto literário e contexto histórico indica que a produção 
literária é sempre uma recriação da realidade, mesmo quando faz referência a um fato histórico 
determinado. No poema de Cecília Meireles, a recriação se concretiza por meio 
a) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma poética 
desassociada da história nacional. 
b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico, transformado em batalha épica que exalta a força 
dos ideais dos Inconfidentes. 
c) da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho histórico do movimento da Inconfidência: a 
derrota, a prisão e a morte dos Inconfidentes. 
d) do distanciamento entre o tempo da escrita e o da Inconfidência, que, questionada poeticamente, 
alcança sua dimensão histórica mais profunda. 
e) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à realidade, foi atribuído ao fato histórico pela 
autora, a fim de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
08. (UFPR/2013) Leia atentamente este trecho do Romanceiro da Inconfidência: 
 
Romance LIV ou DO ENXOVAL INTERROMPIDO 
Aqui esteve o noivo, 
de agulha e dedal, 
bordando o vestido 
do seu enxoval. 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 67 
Em Maio, era em Maio, 
num Maio fatal; 
feneciam rosas 
pelo seu quintal. 
Por estrada e monte, 
neblina total. 
No perfil da lua, 
um nimbo mortal. 
(Mas quem lê na névoa 
o amargo sinal?) 
 
A noite da Vila 
é densa e glacial. 
O sono, embuçado 
em cada beiral. 
 Quem não dorme, sonha 
com seu enxoval. 
 
A agulha, de prata, 
e de ouro, o dedal. 
Em haste de cera, 
ergue o castiçal 
para a turva noite 
lírio de cristal. 
“Sabeis, ó pastora, 
daquele zagal* 
que andava num prado 
sobrenatural? 
 
Teria inimigo? 
Teria rival?” 
 
O sono conversa 
em cada poial**. 
 
“Sabeis, ó pastora, 
quem seja o chacal 
que os passos arrasta 
de longe arraial? 
 
Eu vi sua língua 
 é um negro punhal. 
 Que mortes fareja 
o imundo animal?” 
(MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Edusp/Imesp, 2004. p. 149) 
*Zagal: pastor. 
**Poial: assento de pedra na entrada de uma casa. 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 68 
O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, vincula-se a uma tradição literária que prevê a 
mescla de gêneros. No livro, a recriação de fatos históricos, as falas de personagens espalhadas por 
toda a peça e a linguagem repleta de recursos expressivos poéticos resultam em uma obra singular. 
Com base nisso, considere as seguintes afirmativas: 
 
1. A primeira estrofe apresenta o personagem central e sua ação anterior a uma reviravolta. 
2. A segunda estrofe possui imagens líricas que podem ser associadas à poética do personagem 
retratado, como o carpe diem presente no verso “feneciam rosas”. 
3. A contraposição entre dormir e sonhar, na terceira estrofe, é desenvolvida no diálogo entre a pastora 
e o sono, transcrito entre aspas. 
4. O diálogo final atenua gradativamente a aflição inicial ao apresentar um conjunto de interrogações 
estruturadas em linguagem figurada. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. 
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. 
e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
09. (UFPR/2012) 
 
“A duzentos anos de distância, embora ainda velados muitos pormenores desse fantástico 
enredo, sente-se a imprescindibilidade daqueles encontros, de raças e homens; do nascimento do ouro; 
da grandeza e decadência das Minas; desses gráficos tão bem traçados de ambição que cresce e da 
humanidade que declina; a imprescindibilidade das lágrimas e exílios, da humilhação do abandono 
amargo, da morte afrontosa – a imprescindibilidade das vítimas, para a definitiva execração dos 
tiranos.” (Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência) 
 
O fragmento transcrito faz parte da conferência “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, 
proferida por Cecília Meireles em 1955. Com base na leitura do Romanceiro e nos conhecimentos sobre 
a literatura do período, assinale a alternativa correta. 
a) O Romanceiro da Inconfidência exemplifica a principal tendência da literatura produzida em meados 
do século XX no Brasil: longos poemas épicos inspirados na História do país. 
b) Para apresentar a variedade humana envolvida nos episódios, o poema aproveita elementos do gênero 
dramático, de que são exemplo as falas de personagens espalhadas ao longo do texto. 
c) O engajamento político explicitado no texto da conferência é constante na obra de Cecília Meireles, 
pois para ela a poesia lírica deveria ser instrumento para mudanças sociais. 
d) Não se pode considerar o Romanceiro um poema narrativo, pois, ao contrário do que acontece no 
trecho da conferência, o poema embaralha a ordem de apresentação dos acontecimentos históricos. 
e) Enquanto a conferência propõe que os tiranos sejam execrados, o Romanceiro da Inconfidência, por 
ser um texto lírico, revela sentimentos sem julgar ou estabelecer responsabilidades. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 69 
_____________________________________________________________________________________ 
 
10. (UFPR/2008) Sobre o livro Romanceiro da inconfidência, de Cecília Meireles, considere as 
afirmativas a seguir: 
 
1. Os documentos históricos legados à posteridade não esclarecem de fato certos episódios 
relacionados à Inconfidência Mineira. Em face dessa situação, Cecília Meireles optou por apresentar os 
acontecimentos e as personagens a partir de uma perspectiva lírica que prescinde de nitidez e definição. 
2. O poema contém partes de elaboração clássica, metrificadas em versos longos, e outras, mais 
próximas das composições populares, em versos curtos. 
3. Além das personagens diretamente envolvidas no movimento sedicioso do título, o poema também 
trata de outras, como Chica da Silva, que embora não estejam diretamente envolvidas, ajudam a 
comporo ambiente histórico do texto. 
4. Tiradentes, o alferes que a história transformou em herói, é apresentado na obra como indivíduo 
ambíguo e de moral discutível, numa clara contraposição literária à imagem apresentada pelos 
historiadores mais conservadores. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. 
e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
11. (UEMA/2014) Na obra Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles reescreve de forma poética a 
história oficial de eventos da Inconfidência Mineira, rebelião ocorrida em Vila Rica, no fim do século 
XVIII, cenário dos “romances” que compõem a referida obra. 
 
Romance LIII ou Das palavras aéreas 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Ai, palavras, ai, palavras, 
sois de vento, ides no vento, 
no vento que não retorna. 
 
[...] 
Sois de vento, ides no vento, 
e quedais, com sorte nova! 
 
[...] 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
íeis pela estrada afora, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 70 
erguendo asas muito incertas, 
entre verdade e galhofa, 
desejos do tempo inquieto, 
promessas que o mundo sopra... 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
mirai-vos: que sois, agora? 
 
[...] 
 
Perdão podíeis ter sido! 
– sois madeira que se corta, 
–sois vinte degraus de escada, 
– sois um pedaço de corda... 
– sois povo pelas janelas, 
cortejo, bandeiras, tropa... 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Éreis um sopro na aragem... 
– sois um homem que se enforca! 
Fonte: MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012. 
 
Com base na leitura dos versos, em que se veem relações entre memória, história e literatura, pode-se 
fazer o seguinte comentário sobre a linguagem do fazer poético: 
a) A caracterização da natureza pelo eu lírico sugere ideais de uma vida em harmonia, distante de 
conflitos, o que demonstra uma influência da poesia árcade. 
b) A concisão, a forma de elocução nos versos e o estado contemplativo do eu poético demonstram a 
intenção de destacar sutilezas políticas, à época da rebelião mineira. 
c) A emoção do eu poético parte da observação do real, por meio de lembranças de outras épocas, para 
construir um texto fluido, com imagens criadas por componentes expressivos da linguagem. 
d) A preocupação em estruturar versos com rimas preciosas e o cuidado em selecionar vocábulos raros 
revelam o propósito de aprimorar a linguagem, para resgatar a beleza de fatos históricos. 
e) A construção poética exemplifica marcantes características da segunda geração do Romantismo: 
adjetivação exagerada e sentimentalismo profundo, ao evocar fatos da rebelião mineira. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
12. (UEMA/2014) Releia os seguintes versos: 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
[...] 
Sois de vento, ides no vento, 
e quedais, com sorte nova! 
[...] 
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mirai-vos: que sois, agora? 
[...] 
 
A estranha potência das palavras é explicada, de certa forma, por meio de sugestivas imagens. Um dos 
sentidos sugeridos nesses versos é a 
a) constância nas ações. 
b) transitoriedade na vida. 
c) permanência do tempo. 
d) imutabilidade das ideias. 
e) previsibilidade dos acontecimentos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
13. (PUC-Camp/2004) 
 
As ordens já são mandadas, 
já se apressam os meirinhos. 
Entram por salas e alcovas, 
relatam roupas e livros: 
(...) 
Compêndios e dicionários, 
e tratados eruditos 
sobre povos, sobre reinos, 
sobre invenções e Concílios... 
E as sugestões perigosas 
da França e Estados Unidos, 
Mably, Voltaire e outros tantos, 
que são todos libertinos... 
(Cecília Meireles, Romance XLVII ou Dos sequestros. Romanceiro da Inconfidência) 
 
No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles vale-se de uma grande variação quanto ao tipo de 
estrofes, de versos e de rimas. É correto afirmar que no trecho apresentado, ela se valeu 
a) da redondilha menor, com rimas consoantes. 
b) do decassílabo, com versos brancos. 
c) de versos, livres e brancos. 
d) da redondilha maior, com rimas toantes. 
e) de alexandrinos, com versos brancos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
14. (PUC-Camp/2004) É sabido que Cecília Meireles, para escrever o seu Romanceiro, fez ampla e 
profunda pesquisa sobre personagens direta ou indiretamente envolvidas nos fatos centrais desse 
poema. Não causará surpresa, pois, que encontremos entre as suas personagens os 
a) principais poetas brasileiros do Arcadismo. 
b) principais poetas do barroco brasileiro. 
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c) artistas envolvidos com a propagação do movimento abolicionista. 
d) padres jesuítas em missão da Contra-Reforma. 
e) primeiros grandes escritores do nosso Romantismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
15. (UFMS/2018) Os poemas da obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, fazem uma 
releitura lírica dos eventos da Inconfidência Mineira. A poetisa também cria um hipertexto com os 
poetas Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, que na época se 
envolveram com acontecimentos políticos que culminaram na Inconfidência Mineira. 
 
“Vão cavalos, vêm cavalos, 
Por cima da Mantiqueira. 
Donas espreitando as ruas, 
Pelas grades de urupema. 
Padres escrevendo cartas... 
Doutores lendo Gazetas... 
Uns querendo ouro e diamantes, 
Outros, liberdade, apenas...” 
(MEIRELES, Cecília. Romance XXXVII ou de maio de 1789. In: Obra Poética. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1991. p. 468). 
 
Levando em conta essas informações, a qual período da literatura brasileira é correto relacionar os 
poetas mencionados (Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga) e o 
contexto histórico da Inconfidência Mineira? 
a) Modernismo. 
b) Quinhentismo. 
c) Trovadorismo. 
d) Barroco. 
e) Arcadismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
16. (UFMS/2009/Anual/2a etapa) A propósito de Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, 
assinale a(s) proposição(ões) correta(s). 
(001) Revela a ascendência barroca característica da lírica da autora. 
(002) Ideologicamente, alinha-se ao lado do oprimido e do escravo contra o opressor e os governantes. 
(004) A perfeição formal da escrita coloca-se a serviço de temas universais. 
(008) Retoma gêneros de cunho popular de tradição portuguesa. 
(016) Descreve, na civilização do ouro e dos diamantes no Brasil-Colônia, um episódio de conjuração. 
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17. (UFMS/2008/Inverno/2a etapa) A propósito de Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, 
assinale a(s) proposição(ões) correta(s). 
(001) A obra divide-se em Falas, Cenários e Romances, além de uma “Imaginária Serenata” e um “Retrato 
de Marília em Antônio Dias”. 
(002) O espaço da narrativa não é tão sóo espaço dos acontecimentos, mas sobretudo a atmosfera que 
cerca a ação. 
(004) Os ideais de liberdade e independência dos inconfidentes surgem nuançados pela linguagem neo-
simbolista característica da obra da autora. 
(008) Em diversas passagens, o poema emula vocabulário, ritmo e estilo dos poetas árcades do 
neoclassicismo de Minas Gerais. 
(016) Criar sentidos, com a exploração visual e gráfica da página em branco, denota influência do 
Concretismo na escrita do poema. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
18. (UFMS/2008/Anual/2a etapa) A propósito de Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, 
assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 
 
(001) Joaquim Silvério emerge da obra como um grande homem. 
(002) Com o tema da obra, a escritora implicitamente apoiava o Estado Novo de Getúlio Vargas. 
(004) O lema da Inconfidência, que hoje figura na bandeira de Minas Gerais, não é retomado em nenhum 
momento do poema. 
(008) Os eventos históricos retratados acontecem no período em que o estilo de época na literatura era, 
no Brasil colonial, o arcadismo. 
(016) O formato do Romanceiro, estilo típico do fim do medievo, implica que o poema é construído pela 
alternância de cantigas de amor e cantigas de amigo, com inserções de romances, serenatas, falas e 
retratos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
19. (UFMS/2007/Inverno/2a etapa) Sobre o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, assinale 
a(s) proposição(ões) correta(s). 
(001) Quanto ao estilo de época, pertence ao Modernismo brasileiro. 
(002) Quanto ao tema, seu nacionalismo é ufanista e idealizado. 
(004) Quanto à forma, é vazado em oitavas-rimas camonianas. 
(008) Quanto ao gênero, é poema épico nos moldes clássicos. 
(016) Quanto à tradição literária, evoca raízes que se firmam na narrativa e na poesia medievais. 
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20. (Estratégia Vestibulares 2020/2º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
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TEXTO I 
V. MUSEU DA INCONFIDÊNCIA 
São palavras no chão 
e memória nos autos. 
As casas inda restam, 
os amores, mais não. 
 
E restam poucas roupas, 
sobrepeliz de pároco, 
a vara de um juiz, 
anjos, púrpuras, ecos. 
 
Macia flor de olvido, 
sem aroma governas 
o tempo ingovernável. 
Muros pranteiam. Só. 
 
Toda história é remorso. 
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 68. 
 
TEXTO II 
“Ai, minas de Vila Rica, 
santa Virgem do Pilar! 
Dizem que eram minas de ouro... 
- para mim, de rosalgar, 
para mim, donzela morta 
pelo orgulho de meu pai. 
(Ai, pobre mão de loucura, 
que mataste por amar! ) 
Reparai nesta ferida 
que me fez o seu punhal: 
gume de ouro, punho de ouro, 
ninguém o pode arrancar! 
Há tanto tempo estou morta! 
E continuo a penar.” 
Cecília Meireles. Romance IV ou da donzela assassinada. 
In: Romanceiro da inconfidência. São Paulo: Global, 2015. 
 
Os eu-líricos masculino e feminino guardam uma ressonância temática. É correto afirmar que ambos 
a) guardam uma dimensão estilística inovadora e modernista. 
b) reforçam padrões exploratórios na prática extrativista mineira. 
c) ressignificam passagens históricas caras ao Quinhentismo literário. 
d) repensam o episódio da Conjuração Mineira sob o signo da culpa. 
e) especulam sobre o papel social da mulher e a obrigação do casamento. 
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21. (Estratégia Vestibulares 2020/4º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
TEXTO I 
V 
Se sou pobre pastor, se não governo 
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes; 
Se em frio, calma, e chuvas inclementes 
Passo o verão, outono, estio, inverno; 
 
Nem por isso trocara o abrigo terno 
Desta choça, em que vivo, coas enchentes 
Dessa grande fortuna: assaz presentes 
Tenho as paixões desse tormento eterno. 
 
Adorar as traições, amar o engano, 
Ouvir dos lastimosos o gemido, 
Passar aflito o dia, o mês, e o ano; 
 
Seja embora prazer; que a meu ouvido 
Soa melhor a voz do desengano, 
Que da torpe lisonja o infame ruído. 
SATÚRNIO, Glauceste. Sonetos. Fonte: Domínio Público. 
 Disponível em: https://tinyurl.com/sk5nq53. Acesso em: 03 jul. 2020. 
 
TEXTO II 
Romance XLIX ou De Cláudio Manuel da Costa 
– Isso é o que conta o vizinho 
que ouviu falar o soldado. 
Mas do corpo ninguém sabe: 
anda escondido ou enterrado? 
Dizem que o viram ferido, 
ferido e não sufocado: 
de borco em poça de sangue, 
por um punhal trespassado. 
 
– Dizem que não foi atilho 
nem punhal atravessado, 
mas veneno que lhe deram, 
na comida misturado. 
E que chegaram doutores, 
E deiaram declarado 
Que o morto não se matara, 
Mas que fora assassinado. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015, p. 143 (trecho). 
 
Tendo o primeiro texto sendo escrito no século XVIII e o segundo no século XX, a despeito de sua 
distância temporal eles podem ser aproximados no sentido de: 
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a) conformismo com as questões de sua época, inclusive, com a transformação da paisagem bucólica pela 
modernidade. 
b) retrato de uma figura engajada que ao mesmo tempo seguiu um movimento literário, mas já sendo 
suficientemente visionário para superá-lo. 
c) anseios de um estudante pela construção de infraestrutura urbana com bibliotecas e museus que 
superassem o campo. 
d) crença do poeta religioso no poder educador da inquisição, uma vez que sua visão de mundo era 
teocêntrica. 
e) desdém contra o pombalismo vigente na época, já que o Brasil precisava se desvincular da metrópole. 
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22. (Estratégia Vestibulares 2020/5º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
Romance LXXIX ou da morte de Maria Ifigênia 
Se o Brasil fosse um reinado, 
poderia ser princesa, 
– tal era a sua linhagem. 
Mas seu campo andava em luto, 
e era seu reino a tristeza. 
 
O cavalo que a levava 
por arredondados montes, 
que viu, nos olhos de espanto, 
nas negras terras de Ambaca, 
sobre exaustos horizontes? 
 
(Melhor que a desgraça é a morte. 
Melhor que o opaco futuro. 
E entre a vida e a morte, apenas 
um salto, – da terra de ouro 
ao grande céu, puro e obscuro!) 
 
E uma pequena amazona 
perde a sua humanidade: 
– para além de réus e culpas, 
de sentenças, de sequestros, 
e da própria Liberdade. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. 
 
O estilo de Cecília Meireles mescla poesia com fatos históricos, de uma maneira que o eu lírico 
manifesta a sua subjetividade diante de uma tragédia. O procedimento empregado para acentuar a 
eloquência é 
a) pronominalização. 
b) narratividade. 
c) zoomorfização. 
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d) adjetivação. 
e) verossimilhança. 
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23. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
TEXTO I 
Levantai-vos dessas mesas, 
saí das vossas molduras; 
vede que masmorras negras, 
que fortalezas seguras, 
que duro peso de algemas, 
que profundas sepulturas 
nascidas de vossas penas, 
de vossas assinaturas! 
 
Considerai no mistériodos humanos desatinos, 
e no pólo sempre incerto 
dos homens e dos destinos! 
Por sentenças, por decretos, 
pareceríeis divinos: 
e hoje sois, no tempo eterno, 
como ilustres assassinos. 
 
Ó soberbos titulares, 
tão desdenhosos e altivos! 
Por fictícia austeridade, 
vãs razões, falsos motivos, 
inutilmente matastes: 
– vossos mortos são mais vivos; 
e, sobre vós, de longe, abrem 
grandes olhos pensativos. 
(...) 
MEIRELES, Cecília. Dos ilustres assassinos. In: Romanceiro da Inconfidência. 
 
TEXTO II 
(...) 
De que pode servir calar quem cala? 
Nunca se há de falar o que se sente?! 
Sempre se há de sentir; o que se fala. 
 
Qual homem pode haver tão paciente, 
Que vendo o triste estado da Bahia, 
Não chore, não suspire e não lamente? 
 
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Isso faz a discreta fantasia: 
Discorre em um e outro desconcerto. 
Condena o roubo, increpa a hipocrisia. 
 
O néscio, o ignorante, o inexperto, 
Que não elege o bom, nem mau reprova, 
Por tudo passa deslumbrado e incerto. 
(...) 
MATOS, Gregório de. Aos vícios. In: Poemas escolhidos. 
 
Ambos os poemas se aproximam por seu tom irônico. O que ou quem eles ironizam? 
a) “soberbos titulares”/ “O néscio, o ignorante, o inexperto” 
b) “humanos desatinos” / “triste estado da Bahia” 
c) “vossas assinaturas” / “outro desconcerto” 
d) “inutilmente matastes” / “o que se fala” 
e) “grandes olhos pensativos” / “Que não elege o bom” 
_____________________________________________________________________________________ 
 
24. (Estratégia Vestibulares 2020/7º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
A bússola mira. 
Toma para leste. 
Dez dias de marcha 
até que atravesse 
campinas e montes 
que com os olhos mede: 
tão verdes... tão longos... 
(E ninguém percebe 
como é necessário 
que terra tão fértil, 
tão bela e tão rica 
por si se governe!) 
Águas de ouro puro 
seu cavalo bebe. 
Entre sede e espuma, 
os diamantes fervem... 
(A terra tão rica 
e – ó almas inertes! – 
o povo tão pobre... 
Ninguém que proteste! 
(...) 
MEIRELES, Cecília. Do animoso alferes. In: Romanceiro da Inconfidência. 
 
Para além do contexto histórico, os poemas episódicos de Cecília Meireles narram sobre a condição 
humana da ambição. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar que 
a) igual como nas grandes navegações, a bússola é a melhor instrutora de aferição. 
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b) os animais parecem se comportar indiferentes quanto à ganância humana. 
c) o fato de terras com aquelas matérias-primas não serem autogovernadas era um risco. 
d) é observada discrepância entre a riqueza produzida e no entanto um povo pobre. 
e) há crítica contra os que só são passivos diante de situação de abuso sem contestarem. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
25. (Estratégia Vestibulares 2020/1º Simulado ENEM 2020/Professora Luana Signorelli) 
 
E, atrás deles, filhos, netos, 
seguindo os antepassados, 
vêm deixar a sua vida, 
caindo nos mesmos laços, 
perdidos na mesma sede, 
teimosos, desesperados, 
por minas de prata e de ouro 
curtindo destino ingrato, 
emaranhando seus nomes 
para a glória e o desbarato, 
quando, dos perigos de hoje, 
outros nascerem, mais altos. 
Que a sede de ouro é sem cura, 
e, por ela subjugados, 
os homens matam-se e morrem, 
ficam mortos, mas não fartos. 
 
(Ai, Ouro Preto, Ouro Preto, 
e assim foste revelado!) 
Cecília Meireles. Romance I ou da revelação do ouro – Romanceiro da inconfidência. 
São Paulo: Global, 2015, p. 25-26. 
 
O fragmento foi retirado da obra Romanceiro da inconfidência, da modernista Cecília Meireles, que foi 
lançada em 1953. Centralizada no episódio histórico da Conjuração Mineira, pode-se estabelecer um 
paralelo com 
a) movimentos emancipatórios e antilusitanos do Arcadismo, sendo que a cidade de Vila Rica teve um 
papel central. 
b) a tradição familiar, passada de pai a filho através dos séculos, o que promoveu o nacionalismo do 
Romantismo. 
c) o nacionalismo surgido depois do Segundo Império, cuja motivação foi a luta pela República presente 
na primeira geração modernista. 
d) a ressignificação do indianismo, empregado no Quinhentismo, uma vez que o eu lírico sente-se 
descendente dos indígenas. 
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e) o heroísmo verificado em escolas nativistas, como era o manifesto Pau Brasil, escrito por Anita Malfatti 
e Tarsila do Amaral. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
26. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado UNESP 2021/Professora Luana Signorelli) Leia o poema 
abaixo da modernista Cecília Meireles (1901-1964) para responder às próximas três questões. 
 
Romance XXX ou do riso dos tropeiros 
Passou um louco, montado. 
Passou um louco, a falar 
que isto era uma terra grande 
e que a ia libertar. 
 
Passou num macho rosilho. 
E, sem parar o animal, 
falava contra o governo, 
contra as leis de Portugal. 
 
Nós somos simples tropeiros, 
por estes campos a andar. 
O louco já deve ir longe: 
mas inda o vemos pelo ar.... 
 
Mostrando os montes, dizia 
que isto é terra sem igual, 
que debaixo destes pastos 
e tudo rico metal... 
 
- Por isso é que assim nos rimos, 
que nos rimos sem parar, 
pois há gente que não leva 
a cabeça no lugar. 
 
Ah! se conosco estivesse 
o capitão general! 
E também nos disse o louco: 
“Levai bem pólvora e sal!”. 
 
Por isso que rimos tanto... 
Mas, quando ele aqui tornar, 
teremos a terra livre, 
- salvo se, por um desar, 
 
o metem num enxovia, 
e, por sentença real, 
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o fazem subir à forca, 
para morte natural. 
 
É correto afirmar que o eu lírico discorre acerca do risco de 
a) enlouquecer por causa da busca desenfreada do ouro. 
b) entrar em conflito com o capitão general daquelas terras. 
c) profetizar a verdade ainda que ela lhe custe a perseguição. 
d) ser um simples tropeiro sem tomar consciência do trabalho. 
e) reconhecer-se incapaz de libertar-se e depender dos outros. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
27. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado UNESP 2021/Professora Luana Signorelli) Os tropeiros 
demonstram desdém contra o cavaleiro louco: 
a) denunciando-o ao capitão general. 
b) dizendo que iam libertar aquela terra. 
c) rindo-se dele, para desacreditá-lo. 
d) justificando-se que iriam montar no cavalo. 
e) ameaçando-o de matá-lo se persistisse. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
28. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado UNESP 2021/Professora Luana Signorelli) Observa-se 
ironia no seguinte verso: 
a) “que isto era uma terra grande” 
b) “contra as leis de Portugal.” 
c) “Mostrando os montes, dizia” 
d) “para morte natural.” 
e) “Mas, quando ele aqui tornar,” 
_____________________________________________________________________________________ 
 
29. (Estratégia Vestibulares 2021/1º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) 
 
TEXTO I 
Romance XXXVIII ou do embuçado 
Homem ou mulher? Quem soube? 
Tinha o chapéu desabado. 
A capa embrulhava-o todo: 
Era o Embuçado. 
 
Fidalgo? Escravo? Quem era? 
De quem trazia o recado? 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 82 
Foi noquintal? Foi no muro? 
Mas de que lado? 
 
Passou por aquela ponte? 
Entrou naquele sobrado? 
Vinha de perto ou de longe? 
Era o Embuçado. (...) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015 (p. 115). 
 
 
TEXTO II 
Vozes d'África 
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? 
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes 
Embuçado nos céus? 
Há dois mil anos te mandei meu grito, 
Que embalde desde então corre o infinito... 
Onde estás, Senhor Deus?... 
 
Qual Prometeu tu me amarraste um dia 
Do deserto na rubra penedia 
— Infinito: galé! ... 
Por abutre — me deste o sol candente, 
E a terra de Suez — foi a corrente 
Que me ligaste ao pé... (...) 
ALVES, Castro. Os escravos. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/9x6avcd4. Acesso: 03 mar. 2021. 
 
“Romanceiro da Inconfidência” (1953) é uma obra modernista de revisionismo histórico, que se detém 
no fato da Inconfidência Mineira (1789) para pensar questões como a da liberdade. Assim, o sentido 
dos termos grifados em ambos os poemas acima pode ser compreendido como 
a) fantasma / escondido. 
b) protegido / encoberto. 
c) conhecido / ignoto. 
d) alienado / evidente. 
e) determinado / aliado. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
30. (Estratégia Vestibulares 2021/2º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) 
 
(...) 
Melhor negócio que Judas 
fazes tu, Joaquim Silvério! 
Pois ele encontra remorso, 
coisa que não te acomete. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 83 
Ele topa uma figueira, 
tu calmamente envelheces, 
orgulhoso e impenitente, 
com teus sombrios mistérios. 
(Pelos caminhos do mundo, 
nenhum destino se perde: 
Há os grandes sonhos dos homens, 
e a surda força dos vermes.) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015 (p. 106). 
 
Nesse poema, uma figura importante no contexto histórico da Inconfidência Mineira é comparada a 
outra de igual relevância nas Escrituras Sagradas da Bíblia. Nesse sentido, pode-se constatar que 
a) é ressignificada a noção de traição, expondo o falso moralismo dos contemporâneos. 
b) o comportamento social foi evoluindo de acordo com o tempo e os sonhos continuam. 
c) se nenhum caminho se perde, todos podem se salvar das condenações, crimes e pecados. 
d) a justiça, assim como a liberdade, é um bem almejado, mas que só virá tardiamente. 
e) Joaquim Silvério desfruta da sua aposentadoria que conquistou por merecimento próprio. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
31. (Estratégia Vestibulares 2021/3º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Acerca de 
"Romanceiro da Inconfidência" (1953) de Cecília Meireles, é possível afirmar: 
a) os romances compõem uma obra modernista de revisionismo histórico e correspondem a poemas 
inspirados numa tradição calcada no medievalismo. 
b) a Inconfidência Mineira é um fato histórico reconstruído invertendo valores: os heróis se tornam 
carrascos depois de terem sido torturados. 
c) poemas como falas e cenas são importantes por indicarem rupturas na obra, mas acabam implicando 
numa perda de coerência. 
d) figuras históricas são destacadas, como Chica da Silva, que dominava técnicas de capoeira e assumiu a 
liderança na resistência do quilombo. 
e) poetas árcades como Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga são modernizados, pois seu 
discurso de libertação também é adepto do liberalismo. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
32. (Estratégia Vestibulares 2021/4º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Leia o poema 
abaixo e atenda ao comando. 
 
NOVE DE MAIO 
Toda a cidade já sabe 
que o Alferes anda fugido. 
- No sótão de que sobrado? 
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Em que fazenda? Em que sítio? 
Embarcado em que canoa? 
Atravessando que rio? 
Por detrás de que montanha? 
Por cima de que perigo? 
 
Quebrados anjos de prata 
miraram seu rosto aflito: 
entre espadins e fivelas, 
castiçais e crucifixos, 
parou - tristemente humano, 
tristemente perseguido. 
Tinha o mundo todo na alma 
- e mendigava um abrigo! 
 
DEZ DE MAIO 
Noite escura. Duros passos. 
Já se sabe quem foi preso. 
Ninguém dorme. Todos falam, 
todos se benzem de medo. 
Passos da escolta nas ruas 
- que grandes passos, no Tempo! 
Mas o homem que vão levando 
é quase só pensamento: 
 
- Minas da minha esperança, 
Minas do meu desespero! 
Agarraram-me os soldados, 
como qualquer bandoleiro. 
Vim trabalhar para todos, 
e abandonado me vejo. 
Todos tremem. Todos fogem. 
A quem dediquei meu zelo? 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015, (p. 112-113). 
 
A partir da leitura do trecho acima, excerto do "Romance XXXVII ou De maio de 1789", depreende-se 
que 
a) há intertextualidade explícita com um filósofo contemporâneo à autora, Friedrich Nietzsche, por conta 
do pessimismo e niilismo em questão, bem como com a Bíblia, pela alusão à citação: "Meu Deus, Meu 
Deus, por que me abandonaste?" 
b) como é de praxe em um romanceiro, há um compilado de poemas, sendo que esse em particular mescla 
o gênero poético com o prosaico, no sentindo de incorporar aspectos do diário, por exemplo, a entrada 
por datas e o subjetivismo. 
c) na composição poética há uma mistura de estilos, como o recurso expressivo da antítese no plano 
estilístico, bem como uso das redondilhas maiores, e o espírito bisbilhoteiro na descrição do povo da 
cidade, prontos para julgar, mas não para salvar o condenado. 
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d) o Alferes em particular é Tiradentes, uma figura pública que ajudou a todos na época da Revolução 
Francesa, pregando os ideais de igualdade e fraternidade por meio de seu ofício como médico, mesmo 
depois que as pessoas tivessem se virado contra ele. 
e) nesse poema observam-se os principais fundamentos vanguardistas, como é o caso dos versos brancos 
e livres, uma vez que as rimas são toantes e a métrica irregular, instabilidade esta que também se expressa 
na angústia do Alferes perseguido. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
33. (Estratégia Vestibulares 2021/5º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Leve em 
consideração o excerto abaixo, extraído do Romance LXXXII ou Dos passeios da Rainha louca, para 
responder à questão. 
 
Colinas de esquecimento, 
praias de ridentes águas, 
palmas, flores, nada esconde 
aquelas visões amargas 
que noite e dia a Rainha 
cercam de horror e ansiedade. 
 
Ai, parentes, ai, ministros, 
ai, perseguidos fidalgos... 
Ai, pobres Inconfidentes, 
duramente condenados 
por que sombria sentença, 
alheia à sua vontade! 
 
[...] 
 
Toda vestida de preto, 
solto o grisalho cabelo, 
escondida atrás do leque, 
velhinha, a chorar de medo, 
Dona Maria Primeira 
passeia pela cidade. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 227-228). 
 
Depois desse poema, há outros 4 que encerram o livro, sendo mais 3 romances e a "Fala aos 
Inconfidentes mortos" ao final, o que insere esse trecho na quinta e última parte do livro. Sendo assim, 
a figura da Rainha Maria: 
a) é uma apática figura histórica que não se envolve na vida do povo. 
b) reclama do fato de ter perdido suas posses em tom reiterado e queixoso. 
c) vê-se tão perseguida quanto perseguiu, tal como uma etérea mulher simbolista. 
d) acredita ser tarde demais para pedir perdão pelas condenações. 
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e) consegue se eximir da responsabilidade transferindo o pode à sua família. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
34. (Estratégia Vestibulares 2021/6º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) 
 
(...) A estrela do seu destino 
leva o desenho estropiado: 
metade com grande brilho, 
a outra, de brilho nublado; 
quanto mais fica um, sombrio, 
mais se ilumina o outro lado. 
 
Duvido muito, duvido 
que se deslinde o seu fado. 
Vejo que vai ser ferido 
e vai ser glorificado: 
ao mesmo tempo, sozinho, 
e de multidões cercado; 
correndo grande perigo, 
e de repente elevado: 
ou sobre um astro divino 
ou num poste de enforcado. (...) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 104). 
 
Retirado do Romance XXXIII ou "Do cigano que viu chegar o Alferes", o eu lírico desse poema assume a 
postura de 
a) criticar aqueles que se eximiram de suas responsabilidades na crise. 
b) apaziguar o entendimento do leitor do papel de mártir do envolvido. 
c) dissimular intencionalmente o fato de já conhecer o final da história. 
d) engajar uma luta de classes na união entre a patente militar e o cigano. 
e) respeitar a métrica convencional que adota como marco a redondilha. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
35. (Estratégia Vestibulares 2021/8º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) "Romanceiro 
da Inconfidência" (1953) é uma obra de revisionismo histórico. Sendo modernista que é, estabelece 
uma crítica quanto ao movimento literário à época deste fato histórico. O poema em particular que 
evidencia tal distanciamento do Neoclassicismo é: 
a) "Romance 16 ou Da Traição do Conde" 
b) "Romance 20 ou Do País da Arcádia" 
c) "Romance 27 ou Do Animoso Alferes" 
d) "Romance 55 ou Do Preso Chamado Gonzaga" 
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e) "Romance 73 ou Da Inconformada Marília" 
_____________________________________________________________________________________ 
 
36. (Estratégia Vestibulares 2021/Último Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Analise o 
trecho do poema a seguir para responder à próxima questão. 
 
Romance XLIV ou da testemunha falsa 
Que importa quanto se diga? 
Para livrar-me de algemas, 
da sombra do calabouço, 
dos escrivães e das penas, 
do baraço e do pregão, 
a meu pai acusaria. 
Como vou pensar nos outros? 
Não me aflijo por ninguém. 
Que o remorso me persiga! 
Suas tenazes secretas 
não se comparam à roda, 
à brasa, às cordas, aos ferros, 
aos repuxões dos cavalos 
que, mais do que as Majestades, 
ordenarão seus Ministros, 
com tanto poder que têm. (...) 
 
Por escrúpulos futuros, 
não vou sofrer desde agora: 
Quais são torpes? Quais, honrados? 
As mentiras viram lenda. 
E não é sempre a pureza 
que se faz celebridade... 
Há mais prêmios neste mundo 
para o Mal que para o Bem. 
Direi quanto me ordenarem: 
o que soube e o que não soube... 
Depois, de joelhos suplico 
perdão para os meus pecados, 
fecho meus olhos, esqueço.. 
– cai tudo em sombras, além... 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015. 
 
Considerando que o "Romanceiro da Inconfidência", em seu conjunto, é polifônico, o relato dessa voz 
particularmente expressa 
a) dúvida diante das autoridades e receio ao receber punição. 
b) apego aos interesses próprios em detrimento da vida humana. 
c) piedade como demonstração de culpa pelo materialismo. 
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d) esquecimento quanto aos fatos do passado histórico. 
e) solenidade com um tom valoroso de quem respeita o tratado. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
37. (Estratégia Vestibulares 2022/1o Simulado FUVEST 2023/Professora Luana Signorelli) A partir do 
excerto a seguir, responda ao comando. 
 
Romance XLVIII ou do jogo de cartas 
Grandes jogos são jogados 
entre a terra e o firmamento: 
longas partidas sombrias, 
por anos, meses e dias, 
independentes do tempo... 
 
Soldados e marinheiros, 
camponeses e fidalgos, 
ministros, gente da Igreja, 
não há mais ninguém que esteja 
fora dos vastos baralhos. 
 
Batem as cartas na mesa, 
na curva mesa da terra. 
Partida sobre partida, 
perde-se renome ou vida: 
mas a perdição é certa. 
 
Lá vêm corações em sangue, 
lá vêm tenebrosos chuços: 
defrontam-se ouros e espadas, 
saltam coroas quebradas, 
morrem culpados e justos. (...) 
 
Mesas de Queluz cobertas 
de ouros, paus, espadas, copas... 
(Minas, sangue, sofrimento... ) 
No baralho bate o vento 
e o jogo segue outras voltas. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015 (p. 141-142). 
 
Assinale a opção que contiver uma análise correta. 
a) Na primeira estrofe, há um particípio pleonástico e intertextualidade com Shakespeare. 
b) Na segunda estrofe, são mencionadas castas eclesiásticas que se tornaram os inconfidentes. 
c) Na terceira estrofe, verifica-se metonímia no termo "partidas" e ironia na palavra "perdição". 
d) Na quarta estrofe, há um advérbio de lugar bem como índice de indeterminação do sujeito. 
e) Na última estrofe, a menção à Queluz se remete ao contexto histórico de produção da obra. 
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_____________________________________________________________________________________ 
 
38. (Estratégia Vestibulares 2022/2o Simulado FUVEST 2023/Professora Luana Signorelli) Considere as 
estrofes seguintes. 
 
"Sábios, ilustres, atraentes, 
quando tudo era esperança… 
E, agora, tão deslembrados 
até da sua aliança! 
Também a memória sofre, 
e o heroísmo também cansa. 
 
Não choram somente os fracos. 
O mais destemido e forte, 
um dia, também pergunta, 
contemplando a humana sorte, 
se aqueles por quem morremos 
merecerão nossa morte." 
MEIRELES, Cecília. Romance LIX ou Da reflexão dos justos. In: Romanceiro da Inconfidência. 
São Paulo: Global, 2015 (p. 63). 
 
Nesse sentido, o eu lírico 
a) alerta para a discrepância entre a impavidez de alguns e as falsas promessas de outros. 
b) critica o falso moralismo de algumas pessoas hipócritas que comprometem pela ignorância. 
c) arrisca o grupo por ter se cansado da luta e sobrecarregando outros que terão que assumir o fardo. 
d) expõe contradições internas do iluminismo, o qual propulsionou a razão, mas gerou guerras. 
e) acarreta a possibilidade de que os heróis se tornem carrascos pelo tempo em que ficam no poder. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
39. (Estratégia Vestibulares 2022/3o Simulado FUVEST 2023/Professora Luana Signorelli) O trecho 
abaixo são estrofes do Cenário de "Romanceiro da Inconfidência". 
 
Minha sorte se inclina junto àquelas 
vagas sombras da triste madrugada, 
fluidos perfis de donas e donzelas. 
 
Tudo em redor é tanta coisa e é nada: 
Nise, Anarda, Marília...- quem procuro? 
Quem responde a essa póstuma chamada? 
 
Que mensageiro chega, humilde e obscuro? 
Que cartas se abrem? Quem reza ou pragueja? 
Quem foge? Entre que sombras me aventuro? 
 
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Quem soube cada santo em cada igreja? 
A memória é também pálida e morta 
sobre a qual nosso amor saudoso adeja. 
 
O passado não abre a sua porta 
e não pode entender a nossa pena. (...) 
MEIRELES, Cecília.Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015. 
 
Entre as preocupações apresentadas, a que se deve a alusão a figuras femininas? 
a) Simbolizam a incomunicabilidade que o artista modernista sente em relação à arte do passado, 
questionando seu verdadeiro valor. 
b) Constituem uma metáfora para a prisão à qual os inconfidentes eram enviados, o que faz com que o 
passado não se abra para o eu lírico. 
c) São mulheres ligadas à Antiguidade Clássica, evocadas no Arcadismo, mas com quem o eu lírico não 
consegue mais conversar, pois perdeu sentido. 
d) Trata-se de uma crítica contra a arte barroca, que enchia as igrejas de imagens santas sem se preocupar 
com as agruras do povo. 
e) É uma prefiguração do realismo, pois o uso do adjetivo "póstuma" se remete a uma famosa obra 
machadiana, em sua denúncia social. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
40. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Abaixo estão 
elencados os principais recursos estilísticos usados em "Romanceiro da Inconfidência". Assinale a 
EXCEÇÃO. 
a) Coletânea de poemas em três partes, indo do orgulho nacional rumo ao destino nacional incerto. 
b) Obra híbrida que mescla tradição medievalista com experimentalismo moderno. 
c) Polifonia vinda de personagens diferentes quanto a gênero, nacionalidade e classe social. 
d) Uso de figuras femininas a quem a voz é recuperada diante de um passado de emudecimento. 
e) Influência do teatro e da música, com presenta de falas intermeadas por cenas. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
41. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Leia a passagem 
do poema abaixo, extraído do Romance XVII ou Das lamentações no Tejuco. 
 
Ai, que rios caudalosos, 
e que montanhas tão altas! 
Ai, que perdizes nos campos, 
e que rubras madrugadas! 
Ai, que rebanhos de negros, 
e que formosas mulatas! 
Ai, que chicotes tão duros, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 91 
e que capelas douradas! 
Ai, que modos tão altivos, 
e que decisões tão falsas... 
Ai, que sonhos tão felizes... 
que vidas tão desgraçadas! (...) 
 
Maldito o Conde, e maldito 
esse ouro que faz escravos, 
esse ouro que faz algemas, 
que levanta densos muros 
para as grades das cadeias, 
que arma nas praças as forcas, 
lavra as injustas sentenças, 
arrasta pelos caminhos 
vítimas que se esquartejam! 
 
(Doze mucamas em volta 
gemiam com surda pena. 
Pranto e diamantes caídos 
era tudo um mar de estrelas.) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 63). 
 
Na epopeia da "Odisseia" de Homero, doze escravas foram enforcadas depois do retorno de Ulisses por 
terem sido consideradas infiéis ao seu senhor. Isso porque os pretendentes ao trono e à mão de 
Penélope, que infestavam o palácio como abutres, estupraram essas escravas, sendo que na verdade 
elas usaram a situação para conseguir informação para a casa soberana. Ou seja, mesmo violadas elas 
mantiveram-se fiéis, de forma que seu brutal enforcamento foi consequência de um mal-entendido. 
Assim, as mucamas aludidas pela voz paralela entre parênteses, ainda se relacionadas à reiteração da 
interjeição lamentativa na primeira estrofe, indicam: 
a) a coita feminina. 
b) o abuso da corte. 
c) o vitimismo social. 
d) a questão justiceira. 
e) a causa abolicionista. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
42. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Entre as 
passagens abaixo, retiradas do "Romanceiro da Inconfidência", identifique aquela que discorre sobre o 
degredo do árcade Tomás Antônio Gonzaga. 
a) "- Isto é o que conta o vizinho /que ouviu falar o soldado. /Mas do corpo ninguém sabe: /anda 
escondido ou enterrado? /Dizem que o viram ferido, /ferido, e não sufocado" 
b) "Muito longe, em Luanda, /era bom viver. /Bate a enxada comigo, povo, /desce pelas grotas! /- Lá na 
banda em que corre o Congo /eu também fui Rei." 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 92 
c) "Colinas de esquecimento, /praias de ridentes águas, /palmas, flores, nada esconde /aquelas visões 
amargas /que noite e dia a Rainha /cercam de horror e ansiedade." 
d) "Por terras de Moçambique, /quem passeia, /de cabeça descoberta, /sem sentir o que está perto, 
/desinteressado e alheio? /Vira a Sorte o leme rápido, /de repente: /sem mais rota que se explique." 
e) "Escreve Marília, escreve /seu pequeno testamento; /na verdade, por que vive, /se a morte é o seu 
alimento? /se para a morte caminha, /na sege do tempo lento?" 
_____________________________________________________________________________________ 
 
43. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Obra de 
revisionismo histórico, "Romanceiro da Inconfidência" (1953) é uma obra que apresenta características 
tanto da segunda geração modernista, como ______, quanto da terceira geração, por causa do(a) 
______. 
 
A opção que apresenta o preenchimento correto das lacunas, RESPECTIVAMENTE, é: 
a) vanguardismo formal / vertente regionalista. 
b) criticidade social de denúncia / aperfeiçoamento técnico. 
c) experimentalismo lírico / misticismo religioso. 
d) valorização da cultura popular / mistura de estilos. 
e) esteticismo rigoroso / transcendência histórica. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
44. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) A partir da 
leitura das estrofes, responda à pergunta. 
 
Ó personagens solenes 
que arrastais os apelidos 
como pavões auriverdes 
seus rutilantes vestidos, 
- todo esse poder que tendes 
confunde os vossos sentidos: 
a glória, que amais, é desses 
que por vós são perseguidos. 
 
Levantai-vos dessas mesas, 
saí das vossas molduras; 
vede que masmorras negras, 
que fortalezas seguras, 
que duro peso de algemas, 
que profundas sepulturas 
nascidas de vossas penas, 
de vossas assinaturas! 
MEIRELES, Cecília. Romance LXXXI ou Dos ilustres assassinos. 
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In: Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 225). 
 
O uso da segunda pessoa do plural se contrasta com a crítica levantada. Isso porque 
a) escarnece da vulnerabilidade sofrida por tantos enquanto outros vivem em abastança. 
b) ironiza a situação daqueles cujo destino não pode ser escolhido pelas próprias decisões. 
c) afasta a obra da cultura popular tão cara aos modernistas da respectiva geração. 
d) reflete o teor bíblico que tem essa obra a se dirigir a autoridades como divindades. 
e) confere pomposidade cuja responsabilidade por atrocidades deveria ser reconhecida. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
45. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
Movida, Marília, 
De tanta ternura, 
Nos braços me deste 
Da tua fé pura 
Um doce penhor. 
Marília, escuta 
Um triste Pastor. 
 
Tu mesma disseste 
Que tudo podia 
Mudar de figura; 
Mas nunca seria 
Teu peito traidor. 
Marília, escuta 
Um triste Pastor. 
GONZAGA, Tomás Antônio de. Lira IV. In: Marília de Dirceu. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/565dkvu5. Acesso em: 20 set. 2021. 
 
Maria Joaquina Dorotéia de Seixas (1767-1853) foi cantada em versos sob o nome de Marília, tendo 
sido a noiva real do poeta árcade. A diferença de sua figuratratada nas liras para a Marília dos romances 
da modernista Cecília Meireles é que neste último ela: 
a) aparece como figura entristecida e não idealizada, já que o noivo teve pena de exílio decretada. 
b) funciona como interlocutora ideal, a quem o leitor transmite suas mensagens e amor. 
c) floresce como moça apaixonada que é, valendo-se do carpe diem para a concretização amorosa. 
d) é uma mulher enlutada, que usa o inútil enxoval de casamento como sua mortalha. 
e) aparentar ser uma jovem cuja idealização se perdeu, já que foi acusada de adultério pelo amado. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
46. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 94 
Salvo na "Fala inicial" e em "Cenário", os versos não parecem escritos por um poeta individual. Falam 
as personagens da conspiração, a voz anônima do povo, os maldizentes, os justos, as testemunhas, os 
curiosos. Viram motivos de pura poesia os autores da devassa, os inventários dos bens dos inculpados, 
os antecedentes socioeconômicos do levante mal esboçado. 
 
Nesse comentário crítico, o intelectual Paulo Rónai retoma a seguinte obra: 
a) "Alguma poesia" de Carlos Drummond de Andrade. 
b) "Campo geral" de Guimarães Rosa. 
c) "Nove noites" de Bernardo Carvalho. 
d) "Romanceiro da Inconfidência" de Cecília Meireles. 
e) "Angústia" de Graciliano Ramos. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
47. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
"De seu calmo esconderijo, 
O ouro vem, dócil e ingênuo; 
torna-se pó, folha, barra, 
prestígio, poder, engenho.. 
tão claro! – e turva tudo: 
honra, amor e pensamento." 
 
Ao elemento do ouro, retirado do Romance II de Cecília Meireles, é aplicado o recurso expressivo do(a): 
a) eufemismo. 
b) apóstrofe. 
c) prosopopeia. 
d) silepse. 
e) onomatopeia. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
48. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
(Que vens tu fazer, Alferes, 
com tuas loucas doutrinas? 
Todos querem liberdade, 
mas quem por ela trabalha?) 
“Ah! se eu me apanhasse em Minas...” 
 
(O humano resgate custa 
pesadas carnificinas! 
Quem morre, para dar vida? 
Quem quer arriscar seu sangue?) 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 95 
“Ah! se eu me apanhasse em Minas...” 
MEIRELES, Cecília. São Paulo: Globo, 2015 (p. 107). 
 
No último verso das estrofes, há um estribilho que se repete como refrão, reforçando o sentido do 
trecho, a se chama 
a) redondilha. 
b) mote. 
c) quarteto. 
d) escansão. 
e) écloga. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
49. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(http://www.revistadehistoria.com.br/revista/edicao/)118.) 
 
A obra acima é uma paródia da pintura original de Pedro Américo, Tiradentes esquartejado (1893), 
assim como "Romanceiro da Inconfidência" é uma releitura da Inconfidência Mineira. Quanto à obra 
modernista, assinale o que for INCORRETO. 
a) Mantém ligação com correntes tradicionais anteriores, sentindo-se continuadora do legado simbolista 
e positivista. 
b) Não toma a História como fato último e acabado, abolindo com uma consolidação determinista e dando 
voz àqueles antes não ouvidos sequer considerados. 
c) É um olhar historicista para um fato do passado, julgando-o como fluido e passível de transformação 
humanista. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 96 
d) O início e a fala final voltada para os inconfidentes completa um ciclo que convida o leitor a pensar na 
sua própria ação. 
e) Faz com que o leitor se sinta testemunha e partícipe, mesmo das atrocidades, provocando 
primeiramente seu pavor para depois surtir a catarse. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
50. (FCM-MG/2016/Anual) Em seu depoimento “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, Cecília 
Meireles assim se manifestou em relação a Joaquim José da Silva Xavier: 
 
“(...) o Alferes Tiradentes, que calcorreou todas estas serras, estas matas, estes caminhos, a 
serviço de um partido, à mercê de um sonho, às ordens de seus amigos -, a imperícia ou pusilanimidade 
desses mesmos amigos, a perfídia dos inimigos, a intriga dos calculistas, dos oportunistas (...)” 
MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. S.P.: Gaudi, 2014, p.240.) 
 
Assinale a passagem do Romanceiro da Inconfidência em que os versos NÃO fazem referência a esse 
protagonista. 
a) “Não há Conde, não há forca, 
não há coroa real 
mais seguros que estas casas, 
que estas pedras do arraial, 
deste Arraial do Ouro Podre 
que foi de Mestre Pascoal.” 
b) “(Nossa Senhora da Ajuda, 
entre os meninos estão 
rezando aqui na capela, 
um vai ser levado à forca, 
com baraço e com pregão!)” 
c) “(E tudo é tão diferente 
do que em saudade imaginas! 
Onde estão os teus amigos? 
Quem te ampara, quem te salva? 
mesmo em Minas, mesmo em Minas?)” 
d) “Eles eram muitos cavalos: 
e alguns foram postos à venda, 
outros ficaram em seus pastos, 
e houve uns que, depois da sentença, 
levaram o Alferes cortado 
em braços, pernas e cabeça. 
E partiram com sua carga 
na mais dolorosa inocência. 
 
 
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6.1. GABARITO 
 
 
 
 
1) A 
2) B 
3) C 
4) D 
5) C 
6) B 
7) D 
8) C 
9) B 
10) A 
11) C 
12) B 
13) D 
14) A 
15) E 
16) 030 
17) 011 
18) 008 
19) 017 
20) D 
21) B 
22) D 
23) A 
24) A 
25) A 
26) C 
27) C 
28) D 
29) A 
30) A 
31) A 
32) C 
33) C 
34) C 
35) B 
36) B 
37) A 
38) A 
39) C 
40) A 
41) A 
42) D 
43) B 
44) E 
45) A 
46) D 
47) C 
48) B 
49) A 
50) A 
 
7.0 QUESTÕES COM COMENTÁRIOS 
 
LISTA DE QUESTÕES ESPECÍFICAS DA BANCA COMENTADA 
 
01. (FUVEST/2021/1ª fase) 
 
Romance LIII ou Das Palavras Aéreas 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Ai, palavras, ai, palavras, 
sois de vento, ides no vento, 
no vento que não retorna, 
e, em tão rápida existência, 
tudo se forma e transforma! 
 
Sois de vento, ides no vento, 
e quedais, com sorte nova! (...) 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Perdão, podíeis ter sido! 
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- sois madeira que se corta, 
- sois vinte degraus de escada, 
- sois um pedaço de corda... 
- sois povo pelas janelas, 
cortejo, bandeiras, tropa... 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Éreis um sopro na aragem... 
- sois um homem que se enforca! 
Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência. 
 
Ao substituir a pessoa verbal utilizada para se referir ao substantivo “palavras” pela 3ª pessoa do plural, 
os verbos dos versos “sois de vento, ides no vento”, (v. 4) / “Perdão podíeis ter sido!” (v. 12) / “Éreis 
um sopro na aragem...” (v. 20) seriam conjugados conforme apresentado na alternativa: 
a) são, vão, podiam, eram. 
b) seriam, iriam, podia, serão. 
c) eram, foram, poderiam, seriam. 
d) são, vão, poderiam, eram. 
e) eram, iriam, podiam, seriam. 
ComentáriosNessa questão, a relação determinante seria o conhecimento dos tempos verbais, para 
conseguirmos responder de forma correta a substituição dos verbos em destaque. Dessa forma, é 
interessante notar que temos a seguinte relação de tempos e de correspondência: 
• Sois: presente do indicativo, substituído corretamente por “são”. 
• Ides: presente do indicativo, substituído corretamente por “vão”. 
• Podíeis: pretérito imperfeito, substituído corretamente por “podiam”. 
• Éreis: pretérito imperfeito, substituído corretamente por “eram”. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
02. (FUVEST/2021/1ª fase) A "estranha potência" que a voz lírica ressalta nas palavras decorre de uma 
combinação entre 
a) fluidez nos ventos do presente e conteúdo fixo no passado. 
b) forma abstrata no espaço e presença concreta na história. 
c) leveza impalpável na arte e vigor no documentos antigos. 
d) sonoridade ruidosa nos ares e significado estável no papel. 
e) lirismo irrefletido na poesia e peso justo dos acontecimentos. 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Existe um ditado em latim que diz: verba volant, scripta manent. Ou seja: 
as palavras faladas voam; as escritas, permanecem. Como indica o título do poema, se as palavras são 
aéreas, elas são fluidas; porém, não têm seu conteúdo fixo no passado. Como é dito no verso: "tudo se 
forma e transforma!", lembrando a Lei de Lavoisier: "na natureza, nada se cria nem se perde: tudo se 
transforma", para explicar a conservação das massas. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 99 
Alternativa B: correta - gabarito. A "estranha potência" sobre a qual o poema fala tem a ver com 
capacidade de transformação das palavras: elas podem tudo ser, como bem podem tudo não ser. Pelo 
uso de metáforas, indicando que as coisas são, literalmente, o que elas significam, as palavras então 
tornam-se polissêmicas, podendo ter vários sentidos. 
As palavras que voam são vãs. Palavras são potentes e ao mesmo tempo frágeis. Têm amplitude e 
capacidade para ser tudo. O estranho poder da palavra poética de transitar entre épocas é evocado, nos 
versos, a fim de reavivar fatos históricos e atribuir-lhes um caráter de transcendência. É "estranho" 
porque é novo, encanta e assombra. "Potência" e "poder" nesse contexto podem ser considerados 
sinônimos. Ao usar uma 2ª pessoa do plural, "vós", como se o eu lírico dialogasse diretamente com as 
palavras, as palavras podem ser abstratas indo ao vento ou depois encarnarem forma material de escada, 
madeira e corda. E, podendo ser corda, também podem representar a morte trágica de Tiradentes: "- sois 
um homem que se enforca!". Assim como em "- sois povo pelas janelas, /cortejo, bandeiras, tropa...", 
palavras também são, em última instância, presença concreta na história. 
Alternativa C: incorreta. Não necessariamente "impalpável", já que palavras podem se 
materializar. Tampouco vigor nos documentos antigos, pois as palavras podem ser frágeis. 
Alternativa D: incorreta. Nem sempre palavras são ruidosas (barulhentas, escandalosas). Elas 
podem ser sutis, consistindo apenas em sopro na aragem. 
 Alternativa E: incorreta. Nem irrefletido tampouco justo. A poesia de Cecília Meireles problematiza 
o valor das palavras e questiona, sobretudo, aqueles que dão a elas esse valor. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
03. (FUVEST/2021/1ª fase) 
 
Alferes, Ouro Preto em sombras 
Espera pelo batizado, 
Ainda que tarde sobre a morte do sonhador 
Ainda que tarde sobre as bocas do traidor. 
Raios de sol brilharão nos sinos: 
Dez vias dar; 
 
Ai Marília, as liras e o amor 
Não posso mais sufocar 
E a minha voz irá 
Pra muito além do desterro e do sal, 
Maior que a voz do rei. 
Aldir Blanc e João Bosco, trechos da música "Alferes", de 1973. 
 
A imagem de Tiradentes - a quem Cecília Meireles qualificou "o Alferes imortal, radiosa expressão dos 
mais altos sonhos desta cidade, do Brasil e do próprio mundo", em palestra feita em Ouro Preto - torna 
a aparecer como símbolo da luta pela liberdade em vários momentos da cultura nacional. Os versos do 
letrista Aldir Blanc evocam, em novo contexto, o mártir sonhador para resistir ao discurso 
a) da doutrina revolucionária de ligas politicamente engajadas. 
b) da historiografia, que minimizou a importância de Tiradentes. 
c) de autoritarismo e opressão, próprio da ditatura militar. 
d) dos poetas árcades, que se dedicavam às suas liras amorosas. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 100 
e) da tirania portuguesa sobre os mineradores no ciclo do ouro. 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Em certo sentido, as opiniões expressas na música aderem a ligas 
engajadas, e não resistem a elas. Uso de verbos conjugados no futuro como "brilharão" e "irá" 
representam esperança num futuro melhor. 
Alternativa B: incorreta. Não minimizou essa importância. Pelo contrário. Tiradentes foi 
heroicizado e é considerado um mártir, pois no período da Inconfidência Mineira (1789-1792) ele foi 
perseguido, morto e esquartejado. 
Alternativa C: correta - gabarito. A dica central para entender o contexto histórico de produção 
desse poema era analisar sua fonte, presente no rodapé. Lá é dito que a música é de 1973, ano em que o 
Brasil passava pelo período da ditadura militar. Nesse sentido, as mesmas figuras do século XVIII utilizadas 
na obra de Cecília Meireles, como o Alferes Tiradentes e Marília de Dirceu, são usadas no poema acima; 
porém, ressignificadas. Se o comando pede uma alternativa que representa um discurso de resistência, 
trata-se de resistir contra a ditadura, expressão do autoritarismo e da repressão. 
*Alferes é uma patente militar. Joaquim José da Silva Xavier (1746-1792) era uma figura histórica. 
Na vida civil, foi dentista; porém, na carreira militar foi alferes. Por isso é constantemente referido assim, 
até para aludir ao seu papel de contribuição cívica. 
*Marília é a musa do poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), que nomeia a obra 
Marília de Dirceu (1792). Maria Joaquina Dorotéia de Seixas (1767-1853) foi cantada em versos sob o 
nome de Marília (breve corruptela de seu nome, como se fosse um diminutivo carinhoso), pelo noivo 
Tomás Antônio Gonzaga, o qual se chamava poeticamente de Dirceu. Embora em sua obra lírica ela seja 
pintada como utopia, foi uma figura real. 
 Alternativa D: incorreta. Muito embora o poema utilize tematicamente figuras árcades, não resiste 
a elas. Pelo contrário, costuma usá-las como exemplos. Nem todos os árcades escreveram apenas lírica 
amorosa. Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, escreveu lírica satírica, como é o caso de Cartas chilenas 
 Alternativa E: incorreta. Não era contra Portugal que se protestava na época da ditatura militar, 
mas sim contra a forma opressiva de poder que tinha se instalado no sistema. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
04. (FUVEST/1996/1ª fase) Como o próprio título indica, no "Romanceiro da Inconfidência", de Cecília 
Meireles, os romances têm como referência nuclear a frustrada rebelião na Vila Rica do século XVIII. No 
entanto, deve-se reconhecer que, 
a) a base histórica utilizada no poema converte-se no lirismo transcendente e amargo que caracteriza as 
outras obras da autora. 
b) as intenções ideológicas da autora e a estrutura narrativa do poema emprestam ao texto as virtudes 
de uma elaborada prosa poética. 
c) a imaginação poética dá à autora a possibilidade de interferir no curso dos episódios essenciais da 
rebelião, alterando-lhes o rumo. 
d) a matéria histórica tanto alimenta a expressão poética no desenvolvimento dosfatos centrais quanto 
motiva o lirismo reflexivo. 
e) a preocupação com a fidedignidade histórica e com o tom épico atenua o sentimento dramático da 
vida, habitual na poesia da autora. 
Comentários 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 101 
Alternativa A: incorreta. A obra de Cecília Meireles é variada, ou seja, eclética, o que quer dizer 
que o mesmo tom verificado em Romanceiro da Inconfidência não necessariamente irá se repetir em 
outras obras. Outras tendências da poetisa foram a poesia neossimbolista e a infantil. 
Alternativa B: incorreta. Cuidado: o gênero é híbrido, mas pode-se falar de uma poesia prosaica, e 
não prosa poética. A diferença é que na poesia prosaica a poesia prevalece (o texto continua sendo escrito 
em versos), com traços de prosa, e na prosa poética a prosa prevalece (o texto continua sendo escrito em 
parágrafos), com traços de poesia. 
Alternativa C: incorreta. Ela narra fatos históricos; sendo eles passados, não podem ser mudados. 
O que a poetisa altera são alguns pontos de vista. 
Alternativa D: correta – gabarito. Nessa obra, Cecília Meireles desenvolve ao máximo suas 
potencialidades. 
Alternativa E: incorreta. A dramaticidade não é atenuada, pelo contrário: narra-se com toda a 
virulência episódios como o esquartejamento de Tiradentes, por exemplo. Nem o poema se aproxima do 
épico, mas sim do prosaísmo. 
Gabarito: D. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
05. (FUVEST/1995/1ª fase) O verso "Só se estivesse alienado", que funciona como um refrão no 
"Romance LXXIII ou da inconformada Marília", registra a reação desta personagem do "Romanceiro da 
Inconfidência" à informação de que: 
a) seu amado, o inconfidente e poeta Cláudio Manuel da Costa, se suicidara na prisão. 
b) seu primo-irmão, o inconfidente Joaquim Silvério dos Reis, traíra os companheiros de conjura, 
delatando-os. 
c) seu noivo, o poeta e inconfidente Tomás Antônio Gonzaga, se casara em África. 
d) seu prometido, o árcade e inconfidente Dirceu, se suicidara na prisão. 
e) seu companheiro na Inconfidência, o alferes Tiradentes, assumira sozinho toda a culpa da conjuração. 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Seu amado era o árcade Tomás Antônio Gonzaga e não Cláudio Manoel 
da Costas. Tampouco este último se matou na prisão: sobre sua morte paira um mistério, até hoje não se 
sabendo ao certo o que aconteceu. 
 Alternativa B: incorreta. Joaquim Silvério é um traidor que irá denunciar Tiradentes. Não tinha 
parentesco com Marília (Maria Joaquina Dorotéia de Seixas). 
 Alternativa C: correta – gabarito. Além de tudo, funciona como ironia, pois os árcades eram 
conhecidos por serem idealistas, ou seja, viverem fora da realidade. A repetição de estruturas iguais 
(refrões) aproximam a obra Romanceiro da Inconfidência à música e às cantigas populares. 
 Alternativa D: incorreta. Cuidado: Dirceu não é uma personagem real, mas sim ficcional da obra 
Marília de Dirceu. 
 Alternativa E: incorreta. Tiradentes nunca se casou. Teve um caso com Antônia Maria do Espírito 
Santo, mas o matrimônio não foi concretizado. 
Gabarito: C. 
LISTA DE QUESTÕES COMPLEMENTARES COMENTADA 
 
06. (ENEM/2012) 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 102 
 
Ai, palavras, ai, palavras 
que estranha potência a vossa! 
Todo o sentido da vida 
principia a vossa porta: 
o mel do amor cristaliza 
seu perfume em vossa rosa; 
sois o sonho e sois a audácia, 
calúnia, fúria, derrota... 
A liberdade das almas, 
ai! Com letras se elabora... 
E dos venenos humanos 
sois a mais fina retorta: 
frágil, frágil, como o vidro 
e mais que o aço poderosa! 
Reis, impérios, povos, tempos, 
pelo vosso impulso rodam... 
MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985 (fragmento). 
 
O fragmento destacado foi transcrito do Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles. Centralizada 
no episódio histórico da Inconfidência Mineira, a obra, no entanto, elabora uma reflexão mais ampla 
sobre a seguinte relação entre o homem e a linguagem: 
a) A força e a resistência humanas superam os danos provocados pelo poder corrosivo das palavras. 
b) As relações humanas, em suas múltiplas esferas, têm seu equilíbrio vinculado ao significado das 
palavras. 
c) O significado dos nomes não expressa de forma justa e completa a grandeza da luta do homem pela 
vida. 
d) Renovando o significado das palavras, o tempo permite às gerações perpetuar seus valores e suas 
crenças. 
e) Como produto da criatividade humana, a linguagem tem seu alcance limitado pelas intenções e gestos. 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. As palavras não têm só poder corrosivo; elas podem ser tanto frágeis 
como vidro quanto poderosas quanto aço. 
 Alternativa B: correta – gabarito. O poema destaca a potência das palavras em designar as relações 
humanas, tanto no âmbito das realizações, dos sentimentos ou da construção do imaginário sensível: 
“amor”, “sonho”, “audácia”, “calúnia”, “fúria”, derrota. 
 Alternativa C: incorreta. “Forma” e “completa” são julgamentos de valor. As palavras são 
responsáveis por dar sentido à vida. 
 Alternativa D: incorreta. As palavras sobrevivem à noção de tempo; impérios, reis e gerações 
passam e as palavras continuam mantendo seu poder. 
Alternativa E: incorreta. Não limitado, mas sim amplificado. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
07. (ENEM/2009/cancelada) 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 103 
 
Ó meio-dia confuso, 
ó vinte-e-um de abril sinistro, 
que intrigas de ouro e de sonho 
houve em tua formação? 
Quem ordena, julga e pune? 
Quem é culpado e inocente? 
Na mesma cova do tempo 
cai o castigo e o perdão. 
Morre a tinta das sentenças 
e o sangue dos enforcados... 
— liras, espadas e cruzes 
pura cinza agora são. 
Na mesma cova, as palavras, 
o secreto pensamento, 
as coroas e os machados, 
mentira e verdade estão. 
[...] 
MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972. (fragmento) 
 
O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partida um fato da história nacional, a Inconfidência 
Mineira. Nesse poema, a relação entre texto literário e contexto histórico indica que a produção 
literária é sempre uma recriação da realidade, mesmo quando faz referência a um fato histórico 
determinado. No poema de Cecília Meireles, a recriação se concretiza por meio 
a) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma poética 
desassociada da história nacional. 
b) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico, transformado em batalha épica que exalta a força 
dos ideais dos Inconfidentes. 
c) da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho histórico do movimento da Inconfidência: a 
derrota, a prisão e a morte dos Inconfidentes. 
d) do distanciamento entre o tempo da escrita e o da Inconfidência, que, questionada poeticamente, 
alcança sua dimensão histórica mais profunda. 
e) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à realidade, foi atribuído ao fato histórico pela 
autora, a fim de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes. 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Associa-se à história nacional, pois história regional se conecta com o 
plano maior. 
 Alternativa B: incorreta. Por meio de questionamentos, o eu lírico está em dúvida quanto a quem 
de fato detém a verdade. 
 Alternativa C: incorreta. No texto já se mencionam “e o sangue dos enforcados”, pois o texto foi 
escrito posteriormente ao fato histórico. 
 Alternativa D: correta – gabarito. Ao resgatar o fato históricoInconfidência Mineira, 
especificamente, no dia 21 de abril, data da morte de Tiradentes, Cecília Meireles confirma o fato 
histórico, sem fantasiá-lo, apontando a derrota, prisão, a morte dos inconfidentes. Mas o faz de maneira 
poética, mostrando que o passar do tempo faz com que a dimensão histórica do episódio tenha um 
significado mais profundo. Na mesma cova do tempo / cai o castigo e o perdão. / Morre a tinta das 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 104 
sentenças / e o sangue dos enforcados... / — liras, espadas e cruzes / pura cinza agora são. Miscigenam-
se, na “cova do tempo”: “culpado e inocente / castigo e o perdão / mentira e verdade”. A recriação da 
realidade se realiza por meio do distanciamento entre o tempo da escrita (1953) e o da Inconfidência 
(1792), que, questionada poeticamente, alcança sua dimensão histórica mais profunda. 
 Alternativa E: incorreta. Não há heroísmo diante da tragédia histórica. Há dúvidas, 
questionamentos e revisionismo histórico nesse texto modernista. 
Gabarito: D. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
08. (UFPR/2013) Leia atentamente este trecho do Romanceiro da Inconfidência: 
 
Romance LIV ou DO ENXOVAL INTERROMPIDO 
Aqui esteve o noivo, 
de agulha e dedal, 
bordando o vestido 
do seu enxoval. 
 
Em Maio, era em Maio, 
num Maio fatal; 
feneciam rosas 
pelo seu quintal. 
Por estrada e monte, 
neblina total. 
No perfil da lua, 
um nimbo mortal. 
(Mas quem lê na névoa 
o amargo sinal?) 
 
A noite da Vila 
é densa e glacial. 
O sono, embuçado 
em cada beiral. 
 Quem não dorme, sonha 
com seu enxoval. 
 
A agulha, de prata, 
e de ouro, o dedal. 
Em haste de cera, 
ergue o castiçal 
para a turva noite 
lírio de cristal. 
“Sabeis, ó pastora, 
daquele zagal* 
que andava num prado 
sobrenatural? 
 
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Teria inimigo? 
Teria rival?” 
 
O sono conversa 
em cada poial**. 
 
“Sabeis, ó pastora, 
quem seja o chacal 
que os passos arrasta 
de longe arraial? 
 
Eu vi sua língua 
 é um negro punhal. 
 Que mortes fareja 
o imundo animal?” 
(MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Edusp/Imesp, 2004. p. 149) 
*Zagal: pastor. 
**Poial: assento de pedra na entrada de uma casa. 
 
O Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, vincula-se a uma tradição literária que prevê a 
mescla de gêneros. No livro, a recriação de fatos históricos, as falas de personagens espalhadas por 
toda a peça e a linguagem repleta de recursos expressivos poéticos resultam em uma obra singular. 
Com base nisso, considere as seguintes afirmativas: 
 
1. A primeira estrofe apresenta o personagem central e sua ação anterior a uma reviravolta. 
2. A segunda estrofe possui imagens líricas que podem ser associadas à poética do personagem 
retratado, como o carpe diem presente no verso “feneciam rosas”. 
3. A contraposição entre dormir e sonhar, na terceira estrofe, é desenvolvida no diálogo entre a pastora 
e o sono, transcrito entre aspas. 
4. O diálogo final atenua gradativamente a aflição inicial ao apresentar um conjunto de interrogações 
estruturadas em linguagem figurada. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. 
b) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. 
e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. 
Comentários 
A afirmativa 1 é verdadeira já que os versos iniciais dialogam com elementos básicos da narrativa. 
A afirmativa 2 também é verdadeira, pois a imagem criada pela expressão “feneciam rosas” em 
maio, final da primavera, associada à consciência da inevitável passagem do tempo, suscita relações com 
a ideia de aproveitar o dia, base da expressão latina carpe diem. 
A afirmativa 3 também é verdadeira, os versos “Quem não dorme, sonha/ com seu enxoval” 
introduzem os diálogos marcados pelo uso das aspas nas estrofes posteriores 
A estrofe final reforça a aflição exposta nos versos anteriores e o mau presságio presente nos dois 
últimos versos: “Que mortes fareja/ o imundo animal?” tornando a afirmativa 4 falsa. 
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Portanto, somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
09. (UFPR/2012) 
 
“A duzentos anos de distância, embora ainda velados muitos pormenores desse fantástico 
enredo, sente-se a imprescindibilidade daqueles encontros, de raças e homens; do nascimento do ouro; 
da grandeza e decadência das Minas; desses gráficos tão bem traçados de ambição que cresce e da 
humanidade que declina; a imprescindibilidade das lágrimas e exílios, da humilhação do abandono 
amargo, da morte afrontosa – a imprescindibilidade das vítimas, para a definitiva execração dos 
tiranos.” (Cecília Meireles, Romanceiro da Inconfidência) 
 
O fragmento transcrito faz parte da conferência “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, 
proferida por Cecília Meireles em 1955. Com base na leitura do Romanceiro e nos conhecimentos sobre 
a literatura do período, assinale a alternativa correta. 
a) O Romanceiro da Inconfidência exemplifica a principal tendência da literatura produzida em meados 
do século XX no Brasil: longos poemas épicos inspirados na História do país. 
b) Para apresentar a variedade humana envolvida nos episódios, o poema aproveita elementos do gênero 
dramático, de que são exemplo as falas de personagens espalhadas ao longo do texto. 
c) O engajamento político explicitado no texto da conferência é constante na obra de Cecília Meireles, 
pois para ela a poesia lírica deveria ser instrumento para mudanças sociais. 
d) Não se pode considerar o Romanceiro um poema narrativo, pois, ao contrário do que acontece no 
trecho da conferência, o poema embaralha a ordem de apresentação dos acontecimentos históricos. 
e) Enquanto a conferência propõe que os tiranos sejam execrados, o Romanceiro da Inconfidência, por 
ser um texto lírico, revela sentimentos sem julgar ou estabelecer responsabilidades. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta. Os poemas épicos inspirados na História do Brasil, “Caramuru” de Frei 
Santa Rita Durão e “O Uraguai” de Basílio da Gama, estão inseridos no contexto do Arcadismo, movimento 
artístico do século XVIII. 
Alternativa B: correta – gabarito. Como estudamos na pré-análise, Romanceiro da Inconfidência é 
uma obra aberta, o que equivale a dizer que a obra permite entrelaçamentos com os gêneros teatral e 
musical. 
Alternativa C: incorreta. A obra de Cecília Meireles é essencialmente intimista e filosófica, sendo o 
“Romanceiro da Inconfidência” uma exceção a essa tendência; 
Alternativa D: incorreta. A denominação de “romanceiro” segue a tradição ibérica que assim 
classificava uma coleção de poemas ou canções com narrativa que se desenvolve em torno de um tema 
central. 
Alternativa E: incorreta. Em “Fala inicial”, “Fala aos pusilâmines” e “Ilustres assassinos” existem 
críticas e atribuição de responsabilidades aos tiranos, traidores e covardes que participaram do 
movimento. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
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10. (UFPR/2008) Sobre o livro Romanceiro da inconfidência, de Cecília Meireles, considere asafirmativas a seguir: 
 
1. Os documentos históricos legados à posteridade não esclarecem de fato certos episódios 
relacionados à Inconfidência Mineira. Em face dessa situação, Cecília Meireles optou por apresentar os 
acontecimentos e as personagens a partir de uma perspectiva lírica que prescinde de nitidez e definição. 
2. O poema contém partes de elaboração clássica, metrificadas em versos longos, e outras, mais 
próximas das composições populares, em versos curtos. 
3. Além das personagens diretamente envolvidas no movimento sedicioso do título, o poema também 
trata de outras, como Chica da Silva, que embora não estejam diretamente envolvidas, ajudam a 
compor o ambiente histórico do texto. 
4. Tiradentes, o alferes que a história transformou em herói, é apresentado na obra como indivíduo 
ambíguo e de moral discutível, numa clara contraposição literária à imagem apresentada pelos 
historiadores mais conservadores. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 
b) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. 
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. 
d) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. 
e) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras. 
Comentários 
Embora o livro seja fruto de um trabalho de pesquisa histórica e estética, destaca-se o acurado 
trabalho artístico realizado pela poeta de explorar as imagens do passado cultural brasileiro oferecendo-
lhes tons líricos e épicos dignos dos grandes feitos heroicos, o que torna a afirmação 1 verdadeira. 
A afirmação 2 também é verdadeira, já que a poeta explora livremente elementos clássicos de 
composição do verso, assim como as métricas mais populares, redondilha menor e maior, características 
do gênero medieval romanceiro. 
A afirmação 3 é verdadeira, pois a riqueza de informações registradas e articuladas, na obra, 
contempla eventos que antecederam o fato principal tratado no livro. 
Por fim, a afirmação 4 é falsa, uma vez que a figura de Tiradentes é tratada de modo idealista na 
obra, ocupando, muitas vezes, o lugar de mártir. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
11. (UEMA/2014) Na obra Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles reescreve de forma poética a 
história oficial de eventos da Inconfidência Mineira, rebelião ocorrida em Vila Rica, no fim do século 
XVIII, cenário dos “romances” que compõem a referida obra. 
 
Romance LIII ou Das palavras aéreas 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Ai, palavras, ai, palavras, 
sois de vento, ides no vento, 
no vento que não retorna. 
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[...] 
Sois de vento, ides no vento, 
e quedais, com sorte nova! 
 
[...] 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
íeis pela estrada afora, 
erguendo asas muito incertas, 
entre verdade e galhofa, 
desejos do tempo inquieto, 
promessas que o mundo sopra... 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
mirai-vos: que sois, agora? 
 
[...] 
 
Perdão podíeis ter sido! 
– sois madeira que se corta, 
–sois vinte degraus de escada, 
– sois um pedaço de corda... 
– sois povo pelas janelas, 
cortejo, bandeiras, tropa... 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
Éreis um sopro na aragem... 
– sois um homem que se enforca! 
Fonte: MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2012. 
 
Com base na leitura dos versos, em que se veem relações entre memória, história e literatura, pode-se 
fazer o seguinte comentário sobre a linguagem do fazer poético: 
a) A caracterização da natureza pelo eu lírico sugere ideais de uma vida em harmonia, distante de 
conflitos, o que demonstra uma influência da poesia árcade. 
b) A concisão, a forma de elocução nos versos e o estado contemplativo do eu poético demonstram a 
intenção de destacar sutilezas políticas, à época da rebelião mineira. 
c) A emoção do eu poético parte da observação do real, por meio de lembranças de outras épocas, para 
construir um texto fluido, com imagens criadas por componentes expressivos da linguagem. 
d) A preocupação em estruturar versos com rimas preciosas e o cuidado em selecionar vocábulos raros 
revelam o propósito de aprimorar a linguagem, para resgatar a beleza de fatos históricos. 
e) A construção poética exemplifica marcantes características da segunda geração do Romantismo: 
adjetivação exagerada e sentimentalismo profundo, ao evocar fatos da rebelião mineira. 
Comentários 
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Alternativa A: incorreta. Em vários momentos do Romanceiro, o eu lírico estabelece diálogos com 
a estética e poetas do arcadismo, porém, no trecho analisado, é destacado o lugar das palavras na 
concepção artística e histórica. 
Alternativa B: incorreta. Nos versos, há um exercício de metalinguagem em que a voz poética 
reflete sobre o misterioso poder das palavras de registrar eventos e, ao mesmo tempo, escapar de 
tentativas de diminuição do seu significado. 
Alternativa C: correta. O estranho poder da palavra poética de transitar entre épocas é evocado, 
nos versos, a fim de reavivar fatos históricos e atribuir-lhes um caráter de transcendência. 
Alternativa D: incorreta. Nos versos destacados, são explorados o uso de vocabulário simples e 
objetivo e rimas toantes (correspondência de sons vocálicos). 
Alternativa E: incorreta. A construção poética é marcada pelo equilíbrio estético e certo 
distanciamento do eu lírico na reflexão sobre o poder da palavra. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
12. (UEMA/2014) Releia os seguintes versos: 
 
Ai, palavras, ai, palavras, 
que estranha potência, a vossa! 
[...] 
Sois de vento, ides no vento, 
e quedais, com sorte nova! 
[...] 
mirai-vos: que sois, agora? 
[...] 
 
A estranha potência das palavras é explicada, de certa forma, por meio de sugestivas imagens. Um dos 
sentidos sugeridos nesses versos é a 
a) constância nas ações. 
b) transitoriedade na vida. 
c) permanência do tempo. 
d) imutabilidade das ideias. 
e) previsibilidade dos acontecimentos. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta. O eu lírico traz imagens de inconstância e mudança. 
Alternativa B: correta. O sujeito lírico ressalta a efemeridade da palavra: “Sois de vento, ides no 
vento,/ e quedais, com sorte nova!”. 
Alternativa C: incorreta. O tempo é passageiro e essa condição é constantemente reiterada nos 
versos do Romanceiro. 
Alternativa D: incorreta. O último verso evidencia a instabilidade das ideias: “mirai-vos: que sois, 
agora?” 
Alternativa E: incorreta. Os acontecimentos não são previsíveis, antes estão submetidos às 
inconstâncias da vida: “Sois de vento, ides no vento”. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
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13. (PUC-Camp/2004) 
 
As ordens já são mandadas, 
já se apressam os meirinhos. 
Entram por salas e alcovas, 
relatam roupas e livros: 
(...) 
Compêndios e dicionários, 
e tratados eruditos 
sobre povos, sobre reinos, 
sobre invenções e Concílios... 
E as sugestões perigosas 
da França e Estados Unidos, 
Mably, Voltaire e outros tantos, 
que são todos libertinos... 
(Cecília Meireles, Romance XLVII ou Dos sequestros. Romanceiro da Inconfidência) 
 
No Romanceiro da Inconfidência, Cecília Meireles vale-se de uma grande variação quanto ao tipo de 
estrofes, de versos e de rimas. É correto afirmar que no trecho apresentado, ela se valeu 
a) da redondilha menor, com rimas consoantes.b) do decassílabo, com versos brancos. 
c) de versos, livres e brancos. 
d) da redondilha maior, com rimas toantes. 
e) de alexandrinos, com versos brancos. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta. A redondilha menor é a denominação dos versos com cinco sílabas 
poéticas; já as rimas consoantes são aquelas em que há total identidade sonora a partir da última sílaba 
tônica. 
Alternativa B: incorreta. Decassílabos são os versos compostos por dez sílabas poéticas; versos 
brancos são aqueles que não apresentam esquema de rimas. 
Alternativa C: incorreta. Versos livres e brancos não possuem um sistema métrico regular nem 
rimas. 
Alternativa D: correta - gabarito. O trecho selecionado apresenta as características predominantes 
do Romanceiro: a redondilha maior, isto é, versos compostos por sete sílabas poéticas e as rimas toantes 
cuja conformidade sonora ocorre entre vogais. 
Alternativa E: incorreta. Alexandrinos são os versos compostos por doze sílabas poéticas, versos 
brancos, ou seja, sem rimas. 
Gabarito: D. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
14. (PUC-Camp/2004) É sabido que Cecília Meireles, para escrever o seu Romanceiro, fez ampla e 
profunda pesquisa sobre personagens direta ou indiretamente envolvidas nos fatos centrais desse 
poema. Não causará surpresa, pois, que encontremos entre as suas personagens os 
a) principais poetas brasileiros do Arcadismo. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 111 
b) principais poetas do barroco brasileiro. 
c) artistas envolvidos com a propagação do movimento abolicionista. 
d) padres jesuítas em missão da Contra-Reforma. 
e) primeiros grandes escritores do nosso Romantismo. 
Comentários 
Para a concepção de Romanceiro da Inconfidência, a autora, Cecília Meireles, empreendeu um 
cuidadoso trabalho de pesquisa, incluindo as características do movimento literário contemporâneo aos 
eventos, século XVIII, o Arcadismo. A paisagem bucólica e a idealização da natureza são elementos árcades 
que foram usados pela poeta em seus versos. Dentro dessa mesma atmosfera, são evocados poetas 
árcades, com destaque para Tomás Antônio Gonzaga e Claudio Manuel da Costa que participaram 
diretamente da inconfidência. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
15. (UFMS/2018) Os poemas da obra Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, fazem uma 
releitura lírica dos eventos da Inconfidência Mineira. A poetisa também cria um hipertexto com os 
poetas Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, que na época se 
envolveram com acontecimentos políticos que culminaram na Inconfidência Mineira. 
 
“Vão cavalos, vêm cavalos, 
Por cima da Mantiqueira. 
Donas espreitando as ruas, 
Pelas grades de urupema. 
Padres escrevendo cartas... 
Doutores lendo Gazetas... 
Uns querendo ouro e diamantes, 
Outros, liberdade, apenas...” 
(MEIRELES, Cecília. Romance XXXVII ou de maio de 1789. In: Obra Poética. 
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1991. p. 468). 
 
Levando em conta essas informações, a qual período da literatura brasileira é correto relacionar os 
poetas mencionados (Cláudio Manoel da Costa, Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga) e o 
contexto histórico da Inconfidência Mineira? 
a) Modernismo. 
b) Quinhentismo. 
c) Trovadorismo. 
d) Barroco. 
e) Arcadismo. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta. O Modernismo se situa no século XX, ao passo que a Inconfidência Mineira 
ocorreu em 1789, à luz da Revolução Francesa. O Modernismo tentou romper com tradições clássicas, 
sendo um de seus principais autores Carlos Drummond de Andrade. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 112 
Alternativa B: incorreta. O Quinhentismo ocorreu no Brasil no século XVI e teve duas vertentes: a 
literatura de informação, com o intuito de descrever fauna e flora brasileiras para inteirar o rei de Portugal 
quanto às nossas riquezas e a literatura jesuítica, de cunho pedagógico. Seus principais representantes 
foram Pero Vaz de Caminha e Padre Manuel de Nóbrega. 
Alternativa C: incorreta. O Trovadorismo se classificou entre cantigas de amigo, amor, escárnio e 
mal dizer. Era uma forma de expressão da Idade Média que misturava música e poesia. Alguns exemplos 
do trovadorismo galego-português foram Estêvão Coelho e Airas Nunes. 
Alternativa D: incorreta. As características principais do Barroco são: antropocentrismo versus 
teocentrismo; dualidade: sagrado versus profano; ornamentação estilística e abuso de paradoxos e de 
inversões sintáticas. Seus principais autores são Gregório de Matos e Padre Antonio Vieira. 
Alternativa E: correta – gabarito. Pertencem ao Arcadismo, preocupado com revoltas 
emancipatórias e calcado em sentimento antilusitano. As principais características do Arcadismo são: 
ideal bucólico, simplicidade, imersão na natureza e ideais iluministas. 
Gabarito: E. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
16. (UFMS/2009/Anual/2a etapa) A propósito de Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, 
assinale a(s) proposição(ões) correta(s). 
(001) Revela a ascendência barroca característica da lírica da autora. 
(002) Ideologicamente, alinha-se ao lado do oprimido e do escravo contra o opressor e os governantes. 
(004) A perfeição formal da escrita coloca-se a serviço de temas universais. 
(008) Retoma gêneros de cunho popular de tradição portuguesa. 
(016) Descreve, na civilização do ouro e dos diamantes no Brasil-Colônia, um episódio de conjuração. 
Comentários 
Afirmação 001: incorreta. As influências de Cecília Meireles neste livro é o romanceiro ibérico 
medieval e a terza rima clássica de Dante em alguns poemas, além da redondilhas maiores populares. 
Afirmação 002: correta. O livro contesta a lógica da hierarquia que favorece os mais fortes, dando 
voz e visibilidade também a personagens que representam inversão de valores: Chica da Silva, Chico Rei, 
Tiradentes etc. 
Afirmação 004: correta. A partir de redondilhas e de uma preocupação formal atípica para o 
Modernismo; Cecília Meireles sai do fato histórico localmente situado em Minas Gerais, para falar se 
sentimentos humanos universais, como medo, terror, desespero, ambição, esperança etc. 
Afirmação 008: correta. Como é o caso do próprio romanceiro (compilado de romances, narrativas 
populares e anônimas), o que dá título à obra. 
Afirmação 016: correta. A partir da exploração de metais preciosos na região de Minas Gerais, 
foram constatados abusos, o que gerou um sentimento antilusitano de revolta, tendo provocado 
protestos emancipatórios. 
Gabarito: 030. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
17. (UFMS/2008/Inverno/2a etapa) A propósito de Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, 
assinale a(s) proposição(ões) correta(s). 
(001) A obra divide-se em Falas, Cenários e Romances, além de uma “Imaginária Serenata” e um “Retrato 
de Marília em Antônio Dias”. 
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(002) O espaço da narrativa não é tão só o espaço dos acontecimentos, mas sobretudo a atmosfera que 
cerca a ação. 
(004) Os ideais de liberdade e independência dos inconfidentes surgem nuançados pela linguagem neo-
simbolista característica da obra da autora. 
(008) Em diversas passagens, o poema emula vocabulário, ritmo e estilo dos poetas árcades do 
neoclassicismo de Minas Gerais. 
(016) Criar sentidos, com a exploração visual e gráfica da página em branco, denota influência do 
Concretismo na escritado poema. 
Comentários 
Afirmação 001: correta. São 96 poemas ao todo; 4 cenários e outros poemas paralelos. Por mais 
que seja um compilado de romances, há outros gêneros poéticos inclusos também. 
Afirmação 002: correta. Poucas são as descrições dos ambientes, o que ocorre com mais precisão 
nos cenários. 
Afirmação 004: incorreta. Cuidado com generalizações: alguns tratamentos na obra do 
Romanceiro são neossimbolistas, como a descrição da mulher fantasmagórica e louca (Bárbara Heliodora; 
Maria I), mas não sempre, não como um todo. 
Afirmação 008: correta. Como algumas formas clássicas; o uso que Cecília Meireles faz de algumas 
estruturas clássicas é irônico. 
Afirmação 016: incorreta. Não é uma obra concretista e a função principal dos poemas não é a de 
ser visual. 
Gabarito: 011. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
18. (UFMS/2008/Anual/2a etapa) A propósito de Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, 
assinale a(s) alternativa(s) correta(s). 
 
(001) Joaquim Silvério emerge da obra como um grande homem. 
(002) Com o tema da obra, a escritora implicitamente apoiava o Estado Novo de Getúlio Vargas. 
(004) O lema da Inconfidência, que hoje figura na bandeira de Minas Gerais, não é retomado em nenhum 
momento do poema. 
(008) Os eventos históricos retratados acontecem no período em que o estilo de época na literatura era, 
no Brasil colonial, o arcadismo. 
(016) O formato do Romanceiro, estilo típico do fim do medievo, implica que o poema é construído pela 
alternância de cantigas de amor e cantigas de amigo, com inserções de romances, serenatas, falas e 
retratos. 
Comentários 
Afirmação 001: incorreta. Ele é um homem torpe, responsável pela delação de Tiradentes. 
Enriqueceu às custas do esquartejamento do condenado. 
Afirmação 002: incorreta. Pelo contrário: obra publicada no último ano do Estado Novo de Getúlio 
Vargas, depois do que se desencadeia uma crise política a qual culmina no regime militar, a autora chama 
atenção para o risco ao se adotar um modelo governamental autoritário, questionando frequentemente 
valores como os de direito, justiça e poder. 
Afirmação 004: correta. Cuidado com absolutismos. O romance de número 24 é dedicado 
diretamente a falar da bandeira e de como os inconfidentes (especialmente as classes sociais dos 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 114 
escritores e dos padres) tinham que se reunir na surdina para discutir, tendo que escapar à censura. 
Deliberam sobre que símbolo adotar para a bandeira. 
Afirmação 008: incorreta. Sendo que um dos possíveis diálogos dessa obra é o estabelecimento de 
uma ponte entre o Arcadismo e o Modernismo. 
Afirmação 016: incorreta. Cantigas são típicas do Trovadorismo. As cantigas de amigo têm eu lírico 
feminino e as de amor eu lírico masculino. Não são essas a forma poética adotada por Cecília Meireles. 
Gabarito: 008. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
19. (UFMS/2007/Inverno/2a etapa) Sobre o Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, assinale 
a(s) proposição(ões) correta(s). 
(001) Quanto ao estilo de época, pertence ao Modernismo brasileiro. 
(002) Quanto ao tema, seu nacionalismo é ufanista e idealizado. 
(004) Quanto à forma, é vazado em oitavas-rimas camonianas. 
(008) Quanto ao gênero, é poema épico nos moldes clássicos. 
(016) Quanto à tradição literária, evoca raízes que se firmam na narrativa e na poesia medievais. 
Comentários 
Afirmação 001: correta. Obra publicada em 1953, que reúne características da segunda geração 
modernista (denúncia social e crítica) e da terceira (aperfeiçoamento técnico). 
Afirmação 002: incorreta. Não há idealização nessas obra; e aspectos torpes e repugnantes não 
são mascarados, mas sim escancarados, como o esquartejamento de Tiradentes. 
Afirmação 004: incorreta. A principal métrica utilizada no livro é a redondilha maior, uma forma 
popular. 
Afirmação 008: incorreta. Não nos moldes clássicos. Espelha-se no romance ibérico medieval, 
uma narrativa popular e anônima, que tendia a combinar o épico com o lírico. 
Afirmação 016: correta. Cecília Meireles é conhecida pelo seu interesse na literatura portuguesa 
e pela tradição medieval. 
Gabarito: 017. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
20. (Estratégia Vestibulares 2020/2º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
TEXTO I 
V. MUSEU DA INCONFIDÊNCIA 
São palavras no chão 
e memória nos autos. 
As casas inda restam, 
os amores, mais não. 
 
E restam poucas roupas, 
sobrepeliz de pároco, 
a vara de um juiz, 
anjos, púrpuras, ecos. 
 
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – LITERATURA PARA FUVEST 2023 
 
 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 115 
Macia flor de olvido, 
sem aroma governas 
o tempo ingovernável. 
Muros pranteiam. Só. 
 
Toda história é remorso. 
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma. 
São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p. 68. 
 
TEXTO II 
“Ai, minas de Vila Rica, 
santa Virgem do Pilar! 
Dizem que eram minas de ouro... 
- para mim, de rosalgar, 
para mim, donzela morta 
pelo orgulho de meu pai. 
(Ai, pobre mão de loucura, 
que mataste por amar! ) 
Reparai nesta ferida 
que me fez o seu punhal: 
gume de ouro, punho de ouro, 
ninguém o pode arrancar! 
Há tanto tempo estou morta! 
E continuo a penar.” 
Cecília Meireles. Romance IV ou da donzela assassinada. 
In: Romanceiro da inconfidência. São Paulo: Global, 2015. 
 
Os eu-líricos masculino e feminino guardam uma ressonância temática. É correto afirmar que ambos 
a) guardam uma dimensão estilística inovadora e modernista. 
b) reforçam padrões exploratórios na prática extrativista mineira. 
c) ressignificam passagens históricas caras ao Quinhentismo literário. 
d) repensam o episódio da Conjuração Mineira sob o signo da culpa. 
e) especulam sobre o papel social da mulher e a obrigação do casamento. 
 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Não se pode afirmar isso apenas pelos trechos. Pelo contrário, em Claro 
enigma, por exemplo, Drummond recorre a Dante e Camões. 
 Alternativa B: incorreta. O texto I está mais preocupado em descrever a paisagem mineira, suas 
pessoas e comportamentos; o texto II sobre a alma penada de uma mulher morta pelo orgulho do pai. 
Atenção: a História é importante, mas ela está na margem e não no centro dos poemas. 
 Alternativa C: incorreta. Ao Arcadismo (século XVIII), e não Quinhentismo (século XVI). O contexto 
era revolucionário; porém, a poesia moderna está pensando no lado crítico desse processo. 
 Alternativa D: correta – gabarito. Da interpretação do verso “Toda história é remorso” no primeiro 
texto e de imagens como “ferida”, “punhal” e “há tanto tempo estou morta”, há de se pensar que o 
processo histórico mineiro não foi pacífico. Vila Rica é hoje Ouro Preto. 
 Alternativa E: incorreta. No texto I, mencionam-se “amores”; no texto II, uma donzela morta pelo 
orgulho do pai, mas nenhum fala abertamente de casamento. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 116 
Gabarito: D. 
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21. (Estratégia Vestibulares 2020/4º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
TEXTO I 
V 
Se sou pobre pastor, se não governo 
Reinos, nações, províncias, mundo, e gentes; 
Se em frio, calma, e chuvas inclementes 
Passo o verão, outono, estio, inverno; 
 
Nem por isso trocara o abrigo terno 
Desta choça, em que vivo, coas enchentes 
Dessa grande fortuna: assaz presentes 
Tenho as paixões desse tormento eterno. 
 
Adorar as traições, amar o engano, 
Ouvir dos lastimososo gemido, 
Passar aflito o dia, o mês, e o ano; 
 
Seja embora prazer; que a meu ouvido 
Soa melhor a voz do desengano, 
Que da torpe lisonja o infame ruído. 
SATÚRNIO, Glauceste. Sonetos. Fonte: Domínio Público. 
 Disponível em: https://tinyurl.com/sk5nq53. Acesso em: 03 jul. 2020. 
 
TEXTO II 
Romance XLIX ou De Cláudio Manuel da Costa 
– Isso é o que conta o vizinho 
que ouviu falar o soldado. 
Mas do corpo ninguém sabe: 
anda escondido ou enterrado? 
Dizem que o viram ferido, 
ferido e não sufocado: 
de borco em poça de sangue, 
por um punhal trespassado. 
 
– Dizem que não foi atilho 
nem punhal atravessado, 
mas veneno que lhe deram, 
na comida misturado. 
E que chegaram doutores, 
E deiaram declarado 
Que o morto não se matara, 
Mas que fora assassinado. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015, p. 143 (trecho). 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 117 
 
Tendo o primeiro texto sendo escrito no século XVIII e o segundo no século XX, a despeito de sua 
distância temporal eles podem ser aproximados no sentido de: 
a) conformismo com as questões de sua época, inclusive, com a transformação da paisagem bucólica pela 
modernidade. 
b) retrato de uma figura engajada que ao mesmo tempo seguiu um movimento literário, mas já sendo 
suficientemente visionário para superá-lo. 
c) anseios de um estudante pela construção de infraestrutura urbana com bibliotecas e museus que 
superassem o campo. 
d) crença do poeta religioso no poder educador da inquisição, uma vez que sua visão de mundo era 
teocêntrica. 
e) desdém contra o pombalismo vigente na época, já que o Brasil precisava se desvincular da metrópole. 
Comentários 
 Questão de Literatura Comparada. Lembrando que no vestibular da FUVEST pode cair, a qualquer 
momento, obras do cânone, mas que não estejam entre as obras obrigatórias. Cláudio Manuel da Costa, 
por exemplo, constava no Manual do Candidato: Literatura Brasileira > Arcadismo. 
 Alternativa A: incorreta. Pelo contrário, não era conformado, mas sim engajado. Além do mais, o 
soneto no qual ele expressa essa preocupação é: “Onde estou? Este sítio desconheço”. 
 Alternativa B: correta – gabarito. Embora Cláudio Manuel da Costa se insira no movimento literário 
árcade, e no soneto do texto I ainda haja a ficcionalização de sua própria figura em um pastor, o que liga 
esses dois textos é que é mostrada uma imagem do poeta preocupada com as questões sociais; capaz de 
enxergar que a cidade é corruptível, logo, também o seu governo. Por conta de seu envolvimento com a 
Conjuração Mineira, o poeta foi perseguido politicamente e morreu misteriosamente. 
 Alternativa C: incorreta. Será no Romantismo que haverá o nacionalismo e uma urbanização 
crescente; no Arcadismo essas questões apenas começaram. 
 Alternativa D: incorreta. Não é o assunto religioso a ser destacado aqui, mas sim o social. De 
qualquer forma, o teocentrismo foi predominante no Barroco e não no Arcadismo. 
 Alternativa E: incorreta. Não há dados para se afirmar isso. Porém, vamos comentar o quesito 
interdisciplinar. O pombalismo foi uma série de reformas realizadas por Marquês de Pombal desde que 
ele chega ao poder em 1750. Elas envolveram a expulsão dos jesuítas, laicização das escolas etc. 
Representam a mudança de mundo rumo ao modernismo, do teocentrismo ao humanismo iluminista. 
Gabarito: B. 
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22. (Estratégia Vestibulares 2020/5º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
Romance LXXIX ou da morte de Maria Ifigênia 
Se o Brasil fosse um reinado, 
poderia ser princesa, 
– tal era a sua linhagem. 
Mas seu campo andava em luto, 
e era seu reino a tristeza. 
 
O cavalo que a levava 
por arredondados montes, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 118 
que viu, nos olhos de espanto, 
nas negras terras de Ambaca, 
sobre exaustos horizontes? 
 
(Melhor que a desgraça é a morte. 
Melhor que o opaco futuro. 
E entre a vida e a morte, apenas 
um salto, – da terra de ouro 
ao grande céu, puro e obscuro!) 
 
E uma pequena amazona 
perde a sua humanidade: 
– para além de réus e culpas, 
de sentenças, de sequestros, 
e da própria Liberdade. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. 
 
O estilo de Cecília Meireles mescla poesia com fatos históricos, de uma maneira que o eu lírico 
manifesta a sua subjetividade diante de uma tragédia. O procedimento empregado para acentuar a 
eloquência é 
a) pronominalização. 
b) narratividade. 
c) zoomorfização. 
d) adjetivação. 
e) verossimilhança. 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Há pronomes, mas são poucos: “que” é um pronome relativo e está 
associado a cavalo, e “tal”, ligado à linhagem da princesa. 
 Alternativa B: incorreta. Cuidado: há narratividade no texto, mas não é ela que está vinculada 
diretamente à eloquência. A mistura de prosa e poesia era uma das experimentações modernistas. 
 Alternativa C: incorreta. É uma técnica naturalista e não modernista, em que o homem é rebaixado 
ao status do animal. No caso, o cavalo não é exaltado, mas sim acusado. 
 Alternativa D: correta – gabarito. Maria Ifigênia era a filha dos inconfidentes Alvarenga Peixoto e 
Bárbara Heliodora que tragicamente morreu aos 13 anos de uma queda de cavalo. O eu lírico acentua 
essa tragédia por meio adjetivação: “negras”, “exaustos”, “opaco”, “puro”, “obscuro” e “pequena”. O 
procedimento é utilizado, sobretudo, na estrofe em forma de comentário, aquela entre parênteses. 
 Alternativa E: incorreta. Não se trata da representação fidedigna como no Realismo. No caso, a 
estrofe entre parênteses parece uma profecia. 
Gabarito: D. 
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23. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
TEXTO I 
Levantai-vos dessas mesas, 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 119 
saí das vossas molduras; 
vede que masmorras negras, 
que fortalezas seguras, 
que duro peso de algemas, 
que profundas sepulturas 
nascidas de vossas penas, 
de vossas assinaturas! 
 
Considerai no mistério 
dos humanos desatinos, 
e no pólo sempre incerto 
dos homens e dos destinos! 
Por sentenças, por decretos, 
pareceríeis divinos: 
e hoje sois, no tempo eterno, 
como ilustres assassinos. 
 
Ó soberbos titulares, 
tão desdenhosos e altivos! 
Por fictícia austeridade, 
vãs razões, falsos motivos, 
inutilmente matastes: 
– vossos mortos são mais vivos; 
e, sobre vós, de longe, abrem 
grandes olhos pensativos. 
(...) 
MEIRELES, Cecília. Dos ilustres assassinos. In: Romanceiro da Inconfidência. 
 
TEXTO II 
(...) 
De que pode servir calar quem cala? 
Nunca se há de falar o que se sente?! 
Sempre se há de sentir; o que se fala. 
 
Qual homem pode haver tão paciente, 
Que vendo o triste estado da Bahia, 
Não chore, não suspire e não lamente? 
 
Isso faz a discreta fantasia: 
Discorre em um e outro desconcerto. 
Condena o roubo, increpa a hipocrisia. 
 
O néscio, o ignorante, o inexperto, 
Que não elege o bom, nem mau reprova, 
Por tudo passa deslumbrado e incerto. 
(...) 
MATOS, Gregório de. Aos vícios. In: Poemas escolhidos. 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 120 
Ambos os poemas se aproximam por seu tom irônico. O que ou quem eles ironizam? 
a) “soberbos titulares”/ “O néscio, o ignorante, o inexperto” 
b) “humanos desatinos” / “triste estado da Bahia” 
c) “vossas assinaturas” / “outro desconcerto”d) “inutilmente matastes” / “o que se fala” 
e) “grandes olhos pensativos” / “Que não elege o bom” 
Comentários 
 Questão inspirada no vestibular FUVEST 2020, em que caiu uma questão comparando Gregório de 
Matos com Noel Rosa. 
 Alternativa A: correta – gabarito. A ironia é tanto uma figura de linguagem quanto um efeito de 
texto no qual se diz o contrário do que se quer dizer. No caso, o primeiro texto manifesta tom de ataque 
e acusação e o segundo de zombaria, típica da poesia satírica de Gregório de Matos. 
No caso, Cecília Meireles repensa a noção de heroísmo, pois na Conjuração Mineira muitos morreram 
acusados, sendo que em alguns casos foram os algozes conhecidos como heróis. Os “soberbos titulares” 
são desdenhosos e altivos, e infere-se que também responsáveis por muitas mortes. No poema de 
Gregório de Matos, o néscio, replicado três vezes, é culpado de não compreender a realidade, por ser 
deslumbrado e entender de maneira incerta. Daí surgem novos problemas, como a hipocrisia, por 
exemplo. 
 Alternativa B: incorreta. Cuidado: “humanos” é adjetivo e não substantivo; o termo apenas está 
invertido. Tanto os “desatinos” quanto o “triste estado da Bahia” estão sendo lamentados e não 
ironizados. 
Alternativa C: incorreta. As “vossas assinaturas” é um termo que responsabiliza os “soberbos titulares” 
pelos tristes destinos de outrem. O “desconcerto” é decorrência de fantasia em um e outro. 
 Alternativa D: incorreta. Ambas são ações. A primeira, ressaltada pelo advérbio de modo e a 
segunda por estar na forma de objeto direto. 
 Alternativa E: incorreta. A expressão “grandes olhos pensativos” é a imagem poética do acerto de 
contas: os algozes serão julgados, serão olhados, serão vigiados. O segundo termo é uma oração adjetiva. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
24. (Estratégia Vestibulares 2020/7º Simulado FUVEST 2021/Professora Luana Signorelli) 
 
A bússola mira. 
Toma para leste. 
Dez dias de marcha 
até que atravesse 
campinas e montes 
que com os olhos mede: 
tão verdes... tão longos... 
(E ninguém percebe 
como é necessário 
que terra tão fértil, 
tão bela e tão rica 
por si se governe!) 
Águas de ouro puro 
seu cavalo bebe. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 121 
Entre sede e espuma, 
os diamantes fervem... 
(A terra tão rica 
e – ó almas inertes! – 
o povo tão pobre... 
Ninguém que proteste! 
(...) 
MEIRELES, Cecília. Do animoso alferes. In: Romanceiro da Inconfidência. 
 
Para além do contexto histórico, os poemas episódicos de Cecília Meireles narram sobre a condição 
humana da ambição. Nesse sentido, é INCORRETO afirmar que 
a) igual como nas grandes navegações, a bússola é a melhor instrutora de aferição. 
b) os animais parecem se comportar indiferentes quanto à ganância humana. 
c) o fato de terras com aquelas matérias-primas não serem autogovernadas era um risco. 
d) é observada discrepância entre a riqueza produzida e no entanto um povo pobre. 
e) há crítica contra os que só são passivos diante de situação de abuso sem contestarem. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta – gabarito. Não é a melhor; há outros métodos: “que com os olhos mede”. 
Alternativa B: correta. O que se depreende de “Águas de ouro puro /seu cavalo bebe.” Quer dizer, 
o cavalo bebe água por necessidade orgânica básica, indiferente se naquela água que bebe vai encontrar 
ouro ou não. 
Alternativa C: correta. O que indica a voz entre parênteses: ninguém percebe como é necessário 
que as terras se governem, porque não sendo governadas elas correm o risco de serem tomadas pela 
ganância. Se não se autogovernarem, governarão por ela. 
Alternativa D: correta. O eu lírico aponta criticamente o paradoxo entre o fato de a terra ser tão 
rica e bela e o povo tão pobre. Conectivos intensificadores são empregados. 
Alternativa E: correta. O eu lírico tem consciência deste abuso e invoca as almas inertes que nada 
protestam contra ele. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
25. (Estratégia Vestibulares 2020/1º Simulado ENEM 2020/Professora Luana Signorelli) 
 
E, atrás deles, filhos, netos, 
seguindo os antepassados, 
vêm deixar a sua vida, 
caindo nos mesmos laços, 
perdidos na mesma sede, 
teimosos, desesperados, 
por minas de prata e de ouro 
curtindo destino ingrato, 
emaranhando seus nomes 
para a glória e o desbarato, 
quando, dos perigos de hoje, 
outros nascerem, mais altos. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 122 
Que a sede de ouro é sem cura, 
e, por ela subjugados, 
os homens matam-se e morrem, 
ficam mortos, mas não fartos. 
 
(Ai, Ouro Preto, Ouro Preto, 
e assim foste revelado!) 
Cecília Meireles. Romance I ou da revelação do ouro – Romanceiro da inconfidência. 
São Paulo: Global, 2015, p. 25-26. 
 
O fragmento foi retirado da obra Romanceiro da inconfidência, da modernista Cecília Meireles, que foi 
lançada em 1953. Centralizada no episódio histórico da Conjuração Mineira, pode-se estabelecer um 
paralelo com 
a) movimentos emancipatórios e antilusitanos do Arcadismo, sendo que a cidade de Vila Rica teve um 
papel central. 
b) a tradição familiar, passada de pai a filho através dos séculos, o que promoveu o nacionalismo do 
Romantismo. 
c) o nacionalismo surgido depois do Segundo Império, cuja motivação foi a luta pela República presente 
na primeira geração modernista. 
d) a ressignificação do indianismo, empregado no Quinhentismo, uma vez que o eu lírico sente-se 
descendente dos indígenas. 
e) o heroísmo verificado em escolas nativistas, como era o manifesto Pau Brasil, escrito por Anita Malfatti 
e Tarsila do Amaral. 
Comentários 
 Alternativa A: correta – gabarito. Atenção: interdisciplinaridade com a História. Há movimentos 
emancipatórios, que pretendiam a ruptura da colônia com a metrópole, e somente nativistas, com 
interesses locais, mas sem ser radicais. Vila Rica é hoje Ouro Preto, centro de concentração da “Arcádia 
brasileira”. 
 Alternativa B: incorreta. Cuidado: no século XVIII é possível falar em nativismo, mas não 
nacionalismo ainda, o que só ocorrerá com a independência do Brasil em 1822. 
 Alternativa C: incorreta. O poema dialoga com o Arcadismo; a República foi proclamada em 1889. 
 Alternativa D: incorreta. Os movimentos no século XVIII foram antilusitanos, motivados pelo 
anseio por independência. As lutas se voltavam para protestos sociais e o indianismo não teve papel 
central. 
 Alternativa E: incorreta. O Pau Brasil surgiu na 1ª geração modernista e seu autor foi Oswald de 
Andrade. 
Gabarito: A. 
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26. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado UNESP 2021/Professora Luana Signorelli) Leia o poema 
abaixo da modernista Cecília Meireles (1901-1964) para responder às próximas três questões. 
 
Romance XXX ou do riso dos tropeiros 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 123 
Passou um louco, montado. 
Passou um louco, a falar 
que isto era uma terra grande 
e que a ia libertar. 
 
Passou num macho rosilho. 
E, sem parar o animal, 
falava contra o governo, 
contra as leis de Portugal. 
 
Nós somos simples tropeiros, 
por estes campos a andar. 
O louco já deve ir longe: 
mas inda o vemos pelo ar.... 
 
Mostrando os montes, dizia 
que isto é terra sem igual, 
que debaixo destes pastos 
e tudo rico metal... 
 
- Por isso é que assim nos rimos, 
que nos rimos sem parar, 
pois há gente que não leva 
a cabeça no lugar. 
 
Ah! se conosco estivesse 
o capitão general! 
E também nos disseo louco: 
“Levai bem pólvora e sal!”. 
 
Por isso que rimos tanto... 
Mas, quando ele aqui tornar, 
teremos a terra livre, 
- salvo se, por um desar, 
 
o metem num enxovia, 
e, por sentença real, 
o fazem subir à forca, 
para morte natural. 
 
É correto afirmar que o eu lírico discorre acerca do risco de 
a) enlouquecer por causa da busca desenfreada do ouro. 
b) entrar em conflito com o capitão general daquelas terras. 
c) profetizar a verdade ainda que ela lhe custe a perseguição. 
d) ser um simples tropeiro sem tomar consciência do trabalho. 
e) reconhecer-se incapaz de libertar-se e depender dos outros. 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 124 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. Cuidado: a loucura no poema está sendo usada no sentido metafórico, 
pois quando alguém passava a verdade, ninguém queria acreditar naquele “louco”, como se louco fosse, 
quando no fundo era só coragem. 
Alternativa B: incorreta. O capitão general é secundário. 
 Alternativa C: correta – gabarito. A figura de um profeta passado de cavalo dizendo verdades que 
ninguém quer aceitar compõe o ciclo épico de Cecília Meireles. 
 Alternativa D: incorreta. O fato de serem simples tropeiros não os impedem de ter consciência, 
como quem desdenha do “louco”, mas expressa que: “Mas, quando ele aqui tornar, /teremos a terra 
livre,” 
Alternativa E: incorreta. Não libertar a si, mas às terras. 
Gabarito: C. 
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27. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado UNESP 2021/Professora Luana Signorelli) Os tropeiros 
demonstram desdém contra o cavaleiro louco: 
a) denunciando-o ao capitão general. 
b) dizendo que iam libertar aquela terra. 
c) rindo-se dele, para desacreditá-lo. 
d) justificando-se que iriam montar no cavalo. 
e) ameaçando-o de matá-lo se persistisse. 
Comentários 
Alternativa A: incorreta. Não chegam a fazer tal denúncia. 
Alternativa B: incorreta. Isso é fala dos loucos e não dos tropeiros. 
Alternativa C: correta – gabarito. O riso então dialoga com uma tragédia pressentida: se aquele 
cavaleiro continuasse assim ele seria perseguido e morto. 
Alternativa D: incorreta. Quem monta em um “macho rosilho” é o cavaleiro louco. 
Alternativa E: incorreta. Os tropeiros não são violentos e atribui-se a responsabilidade da “morte 
natural” indiretamente a um sujeito indeterminado na terceira pessoa do plural: “o metem”. 
Gabarito: C. 
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28. (Estratégia Vestibulares 2020/6º Simulado UNESP 2021/Professora Luana Signorelli) Observa-se 
ironia no seguinte verso: 
a) “que isto era uma terra grande” 
b) “contra as leis de Portugal.” 
c) “Mostrando os montes, dizia” 
d) “para morte natural.” 
e) “Mas, quando ele aqui tornar,” 
Comentários 
 Alternativa A: incorreta. As falas do cavaleiro não são ironia, pois ele realmente acreditava nelas. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 125 
 Alternativa B: incorreta. Fato histórico: a Inconfidência Mineira foi a manifestação do sentimento 
antilusitano partindo daqueles que percebiam os abusos financeiros da coroa portuguesa que muito das 
terras brasileiras explorava. 
Alternativa C: incorreta. As ações do “louco” estão sendo narradas. 
Alternativa D: correta – gabarito. Morrer na forca não é morte natural. 
 Alternativa E: incorreta. Trecho narrativo. De alguma maneira, os tropeiros acreditavam que as 
terras seriam libertadas, só não nas condições proferidas pelo “louco”. 
Gabarito: D. 
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29. (Estratégia Vestibulares 2021/1º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) 
 
TEXTO I 
Romance XXXVIII ou do embuçado 
Homem ou mulher? Quem soube? 
Tinha o chapéu desabado. 
A capa embrulhava-o todo: 
Era o Embuçado. 
 
Fidalgo? Escravo? Quem era? 
De quem trazia o recado? 
Foi no quintal? Foi no muro? 
Mas de que lado? 
 
Passou por aquela ponte? 
Entrou naquele sobrado? 
Vinha de perto ou de longe? 
Era o Embuçado. (...) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015 (p. 115). 
 
 
TEXTO II 
Vozes d'África 
Deus! ó Deus! onde estás que não respondes? 
Em que mundo, em qu'estrela tu t'escondes 
Embuçado nos céus? 
Há dois mil anos te mandei meu grito, 
Que embalde desde então corre o infinito... 
Onde estás, Senhor Deus?... 
 
Qual Prometeu tu me amarraste um dia 
Do deserto na rubra penedia 
— Infinito: galé! ... 
Por abutre — me deste o sol candente, 
E a terra de Suez — foi a corrente 
Que me ligaste ao pé... (...) 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 126 
ALVES, Castro. Os escravos. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/9x6avcd4. Acesso: 03 mar. 2021. 
 
“Romanceiro da Inconfidência” (1953) é uma obra modernista de revisionismo histórico, que se detém 
no fato da Inconfidência Mineira (1789) para pensar questões como a da liberdade. Assim, o sentido 
dos termos grifados em ambos os poemas acima pode ser compreendido como 
a) fantasma / escondido. 
b) protegido / encoberto. 
c) conhecido / ignoto. 
d) alienado / evidente. 
e) determinado / aliado. 
Comentários 
 Cuidado: questão de semântica inspirada no vestibular da FUVEST 2021. Questão de literatura 
comparada. 
 Alternativa A: correta - gabarito. Embuçado significa literalmente disfarçado, dissimulado, 
escondido; que tem o rosto tapado pela capa ou capote (dicionário Aulete). No poema de Cecília Meireles, 
o embuçado tem uma ligação com Tiradentes. Ao mesmo tempo que era amado por todos, no momento 
de sua perseguição não teve apoio popular. Então, sua invisibilidade primeiramente é social. Depois ela é 
mítica, pois ele se torna uma espécie de cavaleiro errante que passa sem ser visto, reconhecido ou 
identificado por ninguém. Como se fosse uma onipresença. Assim, ele acabava por personificar os 
inconfidentes. Já no poema condoreiro, a palavra assume o sentido de “escondido nos céus”. Lembrando 
que essa obra de Castro Alves constava no Manual do Candidato do vestibular de 2021. O eu lírico apela 
aos céus pelos sofrimentos terrenos vividos. 
 Alternativa B: incorreta. Tiradentes não era protegido, mas sim incompreendido. 
 Alternativa C: incorreta. O Embuçado não era conhecido, tanto é que era chamado assim: uma 
qualidade com letra maiúscula. Perguntas sobre sua identidade eram feitas. 
 Alternativa D: incorreta. Nem o Embuçado era alienado nem o que estava no céu estava evidente; 
pelo contrário: estava escondido. 
 Alternativa E: incorreta. Atenção: por mais que o Embuçado tenha se personificado a partir do uso 
de letra maiúscula, ainda assim ele não é identificado; portanto, mantém-se indeterminado. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
30. (Estratégia Vestibulares 2021/2º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) 
 
(...) 
Melhor negócio que Judas 
fazes tu, Joaquim Silvério! 
Pois ele encontra remorso, 
coisa que não te acomete. 
Ele topa uma figueira, 
tu calmamente envelheces, 
orgulhoso e impenitente, 
com teus sombrios mistérios. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 127 
(Pelos caminhos do mundo, 
nenhum destino se perde: 
Há os grandes sonhos dos homens, 
e a surda força dos vermes.) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015 (p. 106). 
 
Nesse poema, uma figura importante no contexto histórico daInconfidência Mineira é comparada a 
outra de igual relevância nas Escrituras Sagradas da Bíblia. Nesse sentido, pode-se constatar que 
a) é ressignificada a noção de traição, expondo o falso moralismo dos contemporâneos. 
b) o comportamento social foi evoluindo de acordo com o tempo e os sonhos continuam. 
c) se nenhum caminho se perde, todos podem se salvar das condenações, crimes e pecados. 
d) a justiça, assim como a liberdade, é um bem almejado, mas que só virá tardiamente. 
e) Joaquim Silvério desfruta da sua aposentadoria que conquistou por merecimento próprio. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/verificação de leitura. 
Alternativa A: correta – gabarito. Joaquim Silvério dos Reis (1756-1792). Constitui o lado obscuro 
da Inconfidência, em virtude de ter sido o denunciante, junto ao Visconde de Barbacena, dos planos de 
rebeldia que se tramavam em Vila Rica. O romance XXXIV é sobre ele. Teria sido ele a entregar Tiradentes. 
Alternativa B: incorreta. Os grandes sonhos de alguns homens são contrapostos à surda força dos 
vermes. Ou seja, nem tudo evoluiu. 
Alternativa C: incorreta. O sentido de não se perder no poema condiz com a medida justa ser 
atribuída a cada um, o que não corresponde com a salvação para todos. 
Alternativa D: incorreta. Não se sabe se virá tardiamente. Embora o lema da Inconfidência Mineira, 
presente até hoje na bandeira de Minas Gerais, seja “liberdade ainda que tardia”, ainda hoje também se 
lutam por esse valores, o que significa que nem todos eles foram conquistados. 
Alternativa E: incorreta. Não foi por merecimento próprio: ele enriqueceu a partir da delação de 
inconfidentes. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
31. (Estratégia Vestibulares 2021/3º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Acerca de 
"Romanceiro da Inconfidência" (1953) de Cecília Meireles, é possível afirmar: 
a) os romances compõem uma obra modernista de revisionismo histórico e correspondem a poemas 
inspirados numa tradição calcada no medievalismo. 
b) a Inconfidência Mineira é um fato histórico reconstruído invertendo valores: os heróis se tornam 
carrascos depois de terem sido torturados. 
c) poemas como falas e cenas são importantes por indicarem rupturas na obra, mas acabam implicando 
numa perda de coerência. 
d) figuras históricas são destacadas, como Chica da Silva, que dominava técnicas de capoeira e assumiu a 
liderança na resistência do quilombo. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 128 
e) poetas árcades como Cláudio Manoel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga são modernizados, pois seu 
discurso de libertação também é adepto do liberalismo. 
Comentários 
 Questão de teórica de conhecimento de autor e obra do cânone/verificação de leitura. 
Alternativa A: correta – gabarito. Atenção: romance não sinônimo do gênero textual em prosa. 
Essa obra continua sendo poética, reunindo poemas, falas e cenários. Junção de poesia narrativa e teatral 
são características que Cecília Meireles incorpora a partir do seu interesse pela Idade Média. 
Alternativa B: incorreta. Não há rancor nos ensinamentos do livro. 
Alternativa C: incorreta. Indicam rupturas, mas são pausas táticas, o que contribui para a coerência 
interna do livro. 
Alternativa D: incorreta. A descrição da alternativa é de Dandara e não de Chica da Silva. Esta foi a 
amante de José Fernandes, tendo sido uma negra alforriada que costumava despertar a inveja alheia. 
Alternativa E: incorreta. Não são modernizados. São pessoas comuns que, sendo intelectuais que 
chefiaram a Inconfidência Mineira, sofreram perseguições, paras as quais até hoje não há respostas 
definitivas. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
32. (Estratégia Vestibulares 2021/4º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Leia o poema 
abaixo e atenda ao comando. 
 
NOVE DE MAIO 
Toda a cidade já sabe 
que o Alferes anda fugido. 
- No sótão de que sobrado? 
Em que fazenda? Em que sítio? 
Embarcado em que canoa? 
Atravessando que rio? 
Por detrás de que montanha? 
Por cima de que perigo? 
 
Quebrados anjos de prata 
miraram seu rosto aflito: 
entre espadins e fivelas, 
castiçais e crucifixos, 
parou - tristemente humano, 
tristemente perseguido. 
Tinha o mundo todo na alma 
- e mendigava um abrigo! 
 
DEZ DE MAIO 
Noite escura. Duros passos. 
Já se sabe quem foi preso. 
Ninguém dorme. Todos falam, 
todos se benzem de medo. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 129 
Passos da escolta nas ruas 
- que grandes passos, no Tempo! 
Mas o homem que vão levando 
é quase só pensamento: 
 
- Minas da minha esperança, 
Minas do meu desespero! 
Agarraram-me os soldados, 
como qualquer bandoleiro. 
Vim trabalhar para todos, 
e abandonado me vejo. 
Todos tremem. Todos fogem. 
A quem dediquei meu zelo? 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015, (p. 112-113). 
 
A partir da leitura do trecho acima, excerto do "Romance XXXVII ou De maio de 1789", depreende-se 
que 
a) há intertextualidade explícita com um filósofo contemporâneo à autora, Friedrich Nietzsche, por conta 
do pessimismo e niilismo em questão, bem como com a Bíblia, pela alusão à citação: "Meu Deus, Meu 
Deus, por que me abandonaste?" 
b) como é de praxe em um romanceiro, há um compilado de poemas, sendo que esse em particular mescla 
o gênero poético com o prosaico, no sentindo de incorporar aspectos do diário, por exemplo, a entrada 
por datas e o subjetivismo. 
c) na composição poética há uma mistura de estilos, como o recurso expressivo da antítese no plano 
estilístico, bem como uso das redondilhas maiores, e o espírito bisbilhoteiro na descrição do povo da 
cidade, prontos para julgar, mas não para salvar o condenado. 
d) o Alferes em particular é Tiradentes, uma figura pública que ajudou a todos na época da Revolução 
Francesa, pregando os ideais de igualdade e fraternidade por meio de seu ofício como médico, mesmo 
depois que as pessoas tivessem se virado contra ele. 
e) nesse poema observam-se os principais fundamentos vanguardistas, como é o caso dos versos brancos 
e livres, uma vez que as rimas são toantes e a métrica irregular, instabilidade esta que também se expressa 
na angústia do Alferes perseguido. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário; teoria literária e conhecimento de autores e obras do 
cânone. 
Alternativa A: incorreta. A intertextualidade não é explícita, mas sim implícita, a partir do diálogo 
com a obra “Humano, demasiadamente humano”. Tampouco Nietzsche (1844-1900) é contemporâneo 
de Cecília Meireles (1901-1964). 
Alternativa B: incorreta. Está tudo certo, menos o subjetivismo. O que prevalece é a mescla de 
pontos de vista: o de Tiradentes, vítima da perseguição, até pode ser subjetivo, mas o do eu lírico no geral 
é um tom de denúncia social, portanto, objetivo. 
Alternativa C: correta – gabarito. Antítese encarnada na própria região de Minas: fonte ao mesmo 
tempo de esperança e desespero para Tiradentes. Os versos são redondilhas maiores, ou seja, apresentam 
7 sílabas poéticas. E as perguntas nas estrofes iniciais indicam o espírito curioso, matreiro, da população 
da cidade, mais interessada em saber o que ocorreu com Tiradentes do que em ajudá-lo efetivamente. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 130 
Alternativa D: incorreta. Tiradentes era dentista, motivo pelo qual levou essa alcunha inclusive. 
Alternativa E: incorreta. Os versos nem são brancos (sem rima), nem livres. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________33. (Estratégia Vestibulares 2021/5º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Leve em 
consideração o excerto abaixo, extraído do Romance LXXXII ou Dos passeios da Rainha louca, para 
responder à questão. 
 
Colinas de esquecimento, 
praias de ridentes águas, 
palmas, flores, nada esconde 
aquelas visões amargas 
que noite e dia a Rainha 
cercam de horror e ansiedade. 
 
Ai, parentes, ai, ministros, 
ai, perseguidos fidalgos... 
Ai, pobres Inconfidentes, 
duramente condenados 
por que sombria sentença, 
alheia à sua vontade! 
 
[...] 
 
Toda vestida de preto, 
solto o grisalho cabelo, 
escondida atrás do leque, 
velhinha, a chorar de medo, 
Dona Maria Primeira 
passeia pela cidade. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 227-228). 
 
Depois desse poema, há outros 4 que encerram o livro, sendo mais 3 romances e a "Fala aos 
Inconfidentes mortos" ao final, o que insere esse trecho na quinta e última parte do livro. Sendo assim, 
a figura da Rainha Maria: 
a) é uma apática figura histórica que não se envolve na vida do povo. 
b) reclama do fato de ter perdido suas posses em tom reiterado e queixoso. 
c) vê-se tão perseguida quanto perseguiu, tal como uma etérea mulher simbolista. 
d) acredita ser tarde demais para pedir perdão pelas condenações. 
e) consegue se eximir da responsabilidade transferindo o pode à sua família. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/verificação de leitura. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 131 
Alternativa A: incorreta. Envolve-se, mas a partir de condenações. A Rainha Maria foi a responsável 
por decretar exílios aos intelectuais engajados na Inconfidência. 
Alternativa B: incorreta. O tom é lamentativo, o que se constata a partir das interjeições, mas é 
por causa do arrependimento. 
Alternativa C: correta – gabarito. Situando-se ao fim do livro, esse poema já começa a apresentar 
um acerto de contas com a História: personagens que antes eram carrascas, como Maria, acabam por se 
tornar perseguidas pela sua própria culpa. Não à toa ela é conhecida pelo epíteto de “Louca”. 
Alternativa D: incorreta. Maria aparece como uma assombração. Na confusão dos tempos, não se 
sabe se ela está viva ou morta, sã ou louca. 
Alternativa E: incorreta. Foi responsável pelos seus atos, que pesam sobre sua consciência. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
34. (Estratégia Vestibulares 2021/6º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) 
 
(...) A estrela do seu destino 
leva o desenho estropiado: 
metade com grande brilho, 
a outra, de brilho nublado; 
quanto mais fica um, sombrio, 
mais se ilumina o outro lado. 
 
Duvido muito, duvido 
que se deslinde o seu fado. 
Vejo que vai ser ferido 
e vai ser glorificado: 
ao mesmo tempo, sozinho, 
e de multidões cercado; 
correndo grande perigo, 
e de repente elevado: 
ou sobre um astro divino 
ou num poste de enforcado. (...) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 104). 
 
Retirado do Romance XXXIII ou "Do cigano que viu chegar o Alferes", o eu lírico desse poema assume a 
postura de 
a) criticar aqueles que se eximiram de suas responsabilidades na crise. 
b) apaziguar o entendimento do leitor do papel de mártir do envolvido. 
c) dissimular intencionalmente o fato de já conhecer o final da história. 
d) engajar uma luta de classes na união entre a patente militar e o cigano. 
e) respeitar a métrica convencional que adota como marco a redondilha. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário; teoria literária e verificação de leitura. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 132 
Alternativa A: incorreta. Não uma crise qualquer, mas sim a Inconfidência Mineira. Há críticas 
assim ao longo do Romanceiro, mas não nessa passagem em particular. 
Alternativa B: incorreta. Pode ou não haver tal apaziguamento: a alternância se observa no uso da 
conjunção nos últimos versos. Um dos caminhos é bem trágico. 
Alternativa C: correta – gabarito. A partir do uso na primeira pessoa, o eu lírico diz que duvida 
saber do destino do Alferes (Tiradentes), embora seja uma obra de revisionismo histórico. 
Alternativa E: incorreta. O Alferes é chamado assim no Romanceiro para escamotear sua 
identidade, mais do que pela importância de sua patente. Não há tal união. 
Alternativa E: incorreta. Não uma redondilha qualquer, mas sim a maior, que não é convencional 
necessariamente, mas sim popular. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
35. (Estratégia Vestibulares 2021/8º Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) "Romanceiro 
da Inconfidência" (1953) é uma obra de revisionismo histórico. Sendo modernista que é, estabelece 
uma crítica quanto ao movimento literário à época deste fato histórico. O poema em particular que 
evidencia tal distanciamento do Neoclassicismo é: 
a) "Romance 16 ou Da Traição do Conde" 
b) "Romance 20 ou Do País da Arcádia" 
c) "Romance 27 ou Do Animoso Alferes" 
d) "Romance 55 ou Do Preso Chamado Gonzaga" 
e) "Romance 73 ou Da Inconformada Marília" 
Comentários 
Questão teórica de conhecimento da obra. 
Alternativa A: incorreta. Esse poema é uma crítica ao enriquecimento de uma classe abastada 
mediante a delação de outrem. 
Alternativa B: correta – gabarito. Nesse poema, critica-se o Neoclassicismo (sinônimo de 
Arcadismo), especialmente o idealismo que fazia com que alguns dos poetas deste movimento se 
esquecessem das urgências do tempo histórico. 
Alternativa C: incorreta. Nesse poema, fala-se sobre Tiradentes. 
Alternativa D: incorreta. Cuidado: o comando pedia uma crítica ao Arcadismo. Nesse poema, 
menciona-se sem idealismo a história de Tomás Antônio Gonzaga, à sua época condenado ao exílio. A 
crítica não é contra o Arcadismo propriamente dito, embora Gonzaga seja um poeta árcade. 
Alternativa E: incorreta. Em paralelo com a letra D, esse poema narra como que Marília (Maria 
Doroteia) sofreu por ficar sozinha depois do exílio de seu noivo, Gonzaga. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
36. (Estratégia Vestibulares 2021/Último Simulado FUVEST 2022/Professora Luana Signorelli) Analise o 
trecho do poema a seguir para responder à próxima questão. 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 133 
Romance XLIV ou da testemunha falsa 
Que importa quanto se diga? 
Para livrar-me de algemas, 
da sombra do calabouço, 
dos escrivães e das penas, 
do baraço e do pregão, 
a meu pai acusaria. 
Como vou pensar nos outros? 
Não me aflijo por ninguém. 
Que o remorso me persiga! 
Suas tenazes secretas 
não se comparam à roda, 
à brasa, às cordas, aos ferros, 
aos repuxões dos cavalos 
que, mais do que as Majestades, 
ordenarão seus Ministros, 
com tanto poder que têm. (...) 
 
Por escrúpulos futuros, 
não vou sofrer desde agora: 
Quais são torpes? Quais, honrados? 
As mentiras viram lenda. 
E não é sempre a pureza 
que se faz celebridade... 
Há mais prêmios neste mundo 
para o Mal que para o Bem. 
Direi quanto me ordenarem: 
o que soube e o que não soube... 
Depois, de joelhos suplico 
perdão para os meus pecados, 
fecho meus olhos, esqueço.. 
– cai tudo em sombras, além... 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015. 
 
Considerando que o "Romanceiro da Inconfidência", em seu conjunto, é polifônico, o relato dessa voz 
particularmente expressa 
a) dúvida diante das autoridades e receio ao receber punição. 
b) apego aos interessespróprios em detrimento da vida humana. 
c) piedade como demonstração de culpa pelo materialismo. 
d) esquecimento quanto aos fatos do passado histórico. 
e) solenidade com um tom valoroso de quem respeita o tratado. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/verificação de leitura. 
 Alternativa A: incorreta. Não recebe punição; pelo contrário: está preocupado com a recompensa. 
 Alternativa B: correta – gabarito. Para ter o que deseja, a voz que fala dentro desse poema se 
mostra indiferente: "a meu pai acusaria." O eu lírico pensa no benefício individual. Cecília Meireles critica 
o fato de que vários sensos comuns assim, em conjunto, fizeram Tiradentes ser condenado e não salvo. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 134 
 Alternativa C: incorreta. Não se arrepende. 
 Alternativa D: incorreta. Atenção: por mais que o poema termine com a metáfora de tudo cair em 
sombras, antes disso o eu lírico demonstra consciência e parece se lembrar de tudo. 
Alternativa E: incorreta. Suas perguntas são provocativas e não solenes. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
37. (Estratégia Vestibulares 2022/1o Simulado FUVEST 2023/Professora Luana Signorelli) A partir do 
excerto a seguir, responda ao comando. 
 
Romance XLVIII ou do jogo de cartas 
Grandes jogos são jogados 
entre a terra e o firmamento: 
longas partidas sombrias, 
por anos, meses e dias, 
independentes do tempo... 
 
Soldados e marinheiros, 
camponeses e fidalgos, 
ministros, gente da Igreja, 
não há mais ninguém que esteja 
fora dos vastos baralhos. 
 
Batem as cartas na mesa, 
na curva mesa da terra. 
Partida sobre partida, 
perde-se renome ou vida: 
mas a perdição é certa. 
 
Lá vêm corações em sangue, 
lá vêm tenebrosos chuços: 
defrontam-se ouros e espadas, 
saltam coroas quebradas, 
morrem culpados e justos. (...) 
 
Mesas de Queluz cobertas 
de ouros, paus, espadas, copas... 
(Minas, sangue, sofrimento... ) 
No baralho bate o vento 
e o jogo segue outras voltas. 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015 (p. 141-142). 
 
Assinale a opção que contiver uma análise correta. 
a) Na primeira estrofe, há um particípio pleonástico e intertextualidade com Shakespeare. 
b) Na segunda estrofe, são mencionadas castas eclesiásticas que se tornaram os inconfidentes. 
c) Na terceira estrofe, verifica-se metonímia no termo "partidas" e ironia na palavra "perdição". 
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d) Na quarta estrofe, há um advérbio de lugar bem como índice de indeterminação do sujeito. 
e) Na última estrofe, a menção à Queluz se remete ao contexto histórico de produção da obra. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário; verificação de leitura e Gramática aplicada à 
Literatura. 
 Alternativa A: correta – gabarito. O particípio pleonástico se verifica no verso: “Grandes jogos são 
jogados”. Como o pressuposto da ação de jogar já se encontra na raiz da palavra “jogo”, trata-se de uma 
redundância intencional e enfática. Por sua vez, o verso “entre a terra e o firmamento” estabelece diálogo 
intertextual com o humanista Shakespeare, a partir do célebre pensamento: “Há mais coisas entre o céu 
e na terra, Horácio, do que sonha a nossa vã filosofia” (Hamlet, Ato I, Cena V). 
 Alternativa B: incorreta. Não necessariamente eclesiásticas nem inconfidentes. 
 Alternativa C: incorreta. Há ambiguidade e não metonímia. Tampouco se verifica essa ironia. 
 Alternativa D: incorreta. O advérbio é de modo e o pronome é reflexivo. 
Alternativa E: incorreta. Remete-se ao contexto histórico da Inconfidência, o que se infere pelos 
termos mencionados em seguida a partir da ambiguidade da palavra “ouros”. O Palácio Nacional de 
Queluz se situa em Lisboa e é uma obra neoclássica de 1747. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
38. (Estratégia Vestibulares 2022/2o Simulado FUVEST 2023/Professora Luana Signorelli) Considere as 
estrofes seguintes. 
 
"Sábios, ilustres, atraentes, 
quando tudo era esperança… 
E, agora, tão deslembrados 
até da sua aliança! 
Também a memória sofre, 
e o heroísmo também cansa. 
 
Não choram somente os fracos. 
O mais destemido e forte, 
um dia, também pergunta, 
contemplando a humana sorte, 
se aqueles por quem morremos 
merecerão nossa morte." 
MEIRELES, Cecília. Romance LIX ou Da reflexão dos justos. In: Romanceiro da Inconfidência. 
São Paulo: Global, 2015 (p. 63). 
 
Nesse sentido, o eu lírico 
a) alerta para a discrepância entre a impavidez de alguns e as falsas promessas de outros. 
b) critica o falso moralismo de algumas pessoas hipócritas que comprometem pela ignorância. 
c) arrisca o grupo por ter se cansado da luta e sobrecarregando outros que terão que assumir o fardo. 
d) expõe contradições internas do iluminismo, o qual propulsionou a razão, mas gerou guerras. 
e) acarreta a possibilidade de que os heróis se tornem carrascos pelo tempo em que ficam no poder. 
Comentários 
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 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de movimentos literários. 
 Alternativa A: correta – gabarito. Quando o eu lírico questiona no final que não sabe se merecerão 
a coragem daqueles que lutaram, pontua uma distância entre os efetivamente impávidos e aqueles que 
simplesmente, em um dos momentos da luta, abandonaram a aliança, ironia apontada no termo 
“deslembrados”. 
Alternativa B: incorreta. Não é necessariamente pela ignorância. 
 Alternativa C: incorreta. O eu lírico em si não arrisca. 
 Alternativa D: incorreta. Segue-se a ele um lado obscuro de perseguições. O Iluminismo, ele 
mesmo, não gerou guerras. 
 Alternativa E: incorreta. Não é necessariamente o tempo no poder que corrompe. O homem já 
carrega os germes da maldade em si independentemente do poder, que só os propulsiona. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
39. (Estratégia Vestibulares 2022/3o Simulado FUVEST 2023/Professora Luana Signorelli) O trecho 
abaixo são estrofes do Cenário de "Romanceiro da Inconfidência". 
 
Minha sorte se inclina junto àquelas 
vagas sombras da triste madrugada, 
fluidos perfis de donas e donzelas. 
 
Tudo em redor é tanta coisa e é nada: 
Nise, Anarda, Marília...- quem procuro? 
Quem responde a essa póstuma chamada? 
 
Que mensageiro chega, humilde e obscuro? 
Que cartas se abrem? Quem reza ou pragueja? 
Quem foge? Entre que sombras me aventuro? 
 
Quem soube cada santo em cada igreja? 
A memória é também pálida e morta 
sobre a qual nosso amor saudoso adeja. 
 
O passado não abre a sua porta 
e não pode entender a nossa pena. (...) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015. 
 
Entre as preocupações apresentadas, a que se deve a alusão a figuras femininas? 
a) Simbolizam a incomunicabilidade que o artista modernista sente em relação à arte do passado, 
questionando seu verdadeiro valor. 
b) Constituem uma metáfora para a prisão à qual os inconfidentes eram enviados, o que faz com que o 
passado não se abra para o eu lírico. 
c) São mulheres ligadas à Antiguidade Clássica, evocadas no Arcadismo, mas com quem o eu lírico não 
consegue mais conversar, pois perdeu sentido. 
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d) Trata-se de uma crítica contra a arte barroca, que enchia as igrejas de imagens santas sem se preocuparcom as agruras do povo. 
e) É uma prefiguração do realismo, pois o uso do adjetivo "póstuma" se remete a uma famosa obra 
machadiana, em sua denúncia social. 
Comentários 
 Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de movimentos literários. 
 Alternativa A: incorreta. Vários questionamentos são feitos, mas não quanto ao valor verdadeiro 
da arte do passado. 
 Alternativa B: incorreta. As mulheres eram musas. 
 Alternativa C: correta – gabarito. Assim como “Marília de Dirceu”, famosa obra do Arcadismo, os 
outros nomes femininos também são clássicos. Porém, o eu lírico não consegue mais se entender com 
elas e a mensagem fica perdida e inacessível no passado. 
 Alternativa D: incorreta. Cuidado: há, de fato, essa crítica na quarta estrofe, mas ela não se associa 
ao nome das mulheres. 
 Alternativa E: incorreta. O uso desse adjetivo é temporal e não intertextual. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
40. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Abaixo estão 
elencados os principais recursos estilísticos usados em "Romanceiro da Inconfidência". Assinale a 
EXCEÇÃO. 
a) Coletânea de poemas em três partes, indo do orgulho nacional rumo ao destino nacional incerto. 
b) Obra híbrida que mescla tradição medievalista com experimentalismo moderno. 
c) Polifonia vinda de personagens diferentes quanto a gênero, nacionalidade e classe social. 
d) Uso de figuras femininas a quem a voz é recuperada diante de um passado de emudecimento. 
e) Influência do teatro e da música, com presenta de falas intermeadas por cenas. 
Comentários 
Questão teórica de conhecimento de obras. 
Alternativa A: incorreta – gabarito. Esse comentário se aplica à obra "Mensagem" de Fernando 
Pessoa. 
Alternativa B: correta. Romanceiro é uma coletânea de romances, longos poemas narrativos. 
Porém, nessa obra, há experimentalismos formais também. 
Alternativa C: correta. Há várias vozes, mesmo em um único poema. Algumas se colocam entre 
parênteses, podendo falar a partir de várias perspectivas. 
Alternativa D: correta. Como Maria Doroteia e a Rainha Maria I, a Louca. 
Alternativa E: correta. Algumas músicas apresentam refrão, há até mesmo uma serenata. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
41. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Leia a passagem 
do poema abaixo, extraído do Romance XVII ou Das lamentações no Tejuco. 
 
Ai, que rios caudalosos, 
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e que montanhas tão altas! 
Ai, que perdizes nos campos, 
e que rubras madrugadas! 
Ai, que rebanhos de negros, 
e que formosas mulatas! 
Ai, que chicotes tão duros, 
e que capelas douradas! 
Ai, que modos tão altivos, 
e que decisões tão falsas... 
Ai, que sonhos tão felizes... 
que vidas tão desgraçadas! (...) 
 
Maldito o Conde, e maldito 
esse ouro que faz escravos, 
esse ouro que faz algemas, 
que levanta densos muros 
para as grades das cadeias, 
que arma nas praças as forcas, 
lavra as injustas sentenças, 
arrasta pelos caminhos 
vítimas que se esquartejam! 
 
(Doze mucamas em volta 
gemiam com surda pena. 
Pranto e diamantes caídos 
era tudo um mar de estrelas.) 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 63). 
 
Na epopeia da "Odisseia" de Homero, doze escravas foram enforcadas depois do retorno de Ulisses por 
terem sido consideradas infiéis ao seu senhor. Isso porque os pretendentes ao trono e à mão de 
Penélope, que infestavam o palácio como abutres, estupraram essas escravas, sendo que na verdade 
elas usaram a situação para conseguir informação para a casa soberana. Ou seja, mesmo violadas elas 
mantiveram-se fiéis, de forma que seu brutal enforcamento foi consequência de um mal-entendido. 
Assim, as mucamas aludidas pela voz paralela entre parênteses, ainda se relacionadas à reiteração da 
interjeição lamentativa na primeira estrofe, indicam: 
a) a coita feminina. 
b) o abuso da corte. 
c) o vitimismo social. 
d) a questão justiceira. 
e) a causa abolicionista. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/conhecimento de movimentos literários. 
Alternativa A: correta – gabarito. A coita é o lamento amoroso na cantiga de amigo trovadoresca, 
em que o eu lírico feminino lamenta a partida do amado para as guerras árabes. Muito se sofria naquela 
contexto de desigualdades, mas as mulheres eram quem mais sofriam. 
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Alternativa B: incorreta. Os inconfidentes vão lutar contra tal abuso, mas a lamentação do poema 
se volta para outros temas. 
Alternativa C: incorreta. O eu lírico contesta arbitrariedades que influenciaram a vida de tantos. 
Alternativa D: incorreta. Não há tentativa de vingança, mas sim reflexão crítica. 
Alternativa E: incorreta. Movimento que contemplou várias áreas do conhecimento no século XIX. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
42. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Entre as 
passagens abaixo, retiradas do "Romanceiro da Inconfidência", identifique aquela que discorre sobre o 
degredo do árcade Tomás Antônio Gonzaga. 
a) "- Isto é o que conta o vizinho /que ouviu falar o soldado. /Mas do corpo ninguém sabe: /anda escondido 
ou enterrado? /Dizem que o viram ferido, /ferido, e não sufocado" 
b) "Muito longe, em Luanda, /era bom viver. /Bate a enxada comigo, povo, /desce pelas grotas! /- Lá na 
banda em que corre o Congo /eu também fui Rei." 
c) "Colinas de esquecimento, /praias de ridentes águas, /palmas, flores, nada esconde /aquelas visões 
amargas /que noite e dia a Rainha /cercam de horror e ansiedade." 
d) "Por terras de Moçambique, /quem passeia, /de cabeça descoberta, /sem sentir o que está perto, 
/desinteressado e alheio? /Vira a Sorte o leme rápido, /de repente: /sem mais rota que se explique." 
e) "Escreve Marília, escreve /seu pequeno testamento; /na verdade, por que vive, /se a morte é o seu 
alimento? /se para a morte caminha, /na sege do tempo lento?" 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/verificação de leitura. 
Alternativa A: incorreta. Esse trecho fala sobre o poeta árcade Cláudio Manoel da Costa, de cuja 
morte não se sabe até hoje. O poema explora a fofoca e a especulação que giram em torno de sua figura. 
Alternativa B: incorreta. Essa passagem fala sobre Chico Rei, um personagem que na sua terra era 
rei, mas que no Brasil foi escravizado. 
Alternativa C: incorreta. Esses versos falam sobre a Rainha Maria I, a Louca. 
Alternativa D: correta – gabarito. Tomás Antônio Gonzaga foi um poeta árcade que foi exilado para 
Moçambique por causa de seu envolvimento com a Inconfidência Mineira. 
Alternativa E: incorreta. O trecho alude à Marília de Dirceu, deixada por Tomás Antônio Gonzaga, 
com quem nunca pôde casar. 
Gabarito: D. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
43. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) Obra de 
revisionismo histórico, "Romanceiro da Inconfidência" (1953) é uma obra que apresenta características 
tanto da segunda geração modernista, como ______, quanto da terceira geração, por causa do(a) 
______. 
 
A opção que apresenta o preenchimento correto das lacunas, RESPECTIVAMENTE, é: 
a) vanguardismo formal / vertente regionalista. 
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b)criticidade social de denúncia / aperfeiçoamento técnico. 
c) experimentalismo lírico / misticismo religioso. 
d) valorização da cultura popular / mistura de estilos. 
e) esteticismo rigoroso / transcendência histórica. 
Comentários 
Questão de preenchimento de lacunas/verificação de leitura. 
Alternativa A: incorreta. O Romanceiro não é como um todo nem vanguardista como um todo. 
Alternativa B: correta – gabarito. O aperfeiçoamento técnico é uma característica presente na 
terceira geração modernista, que é antecipada nessa obra. A denúncia é aproveitada também no romance 
de 30. 
Alternativa C: incorreta. Embora algumas das obras de Cecília Meireles sejam caracterizadas como 
neossimbolistas, o Romanceiro não se associa de todo a essa tendência. 
Alternativa D: incorreta. Essas são características pré-modernistas. 
Alternativa E: incorreta. Não é uma obra de todo rigorosa nem transcendente. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
44. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) A partir da 
leitura das estrofes, responda à pergunta. 
 
Ó personagens solenes 
que arrastais os apelidos 
como pavões auriverdes 
seus rutilantes vestidos, 
- todo esse poder que tendes 
confunde os vossos sentidos: 
a glória, que amais, é desses 
que por vós são perseguidos. 
 
Levantai-vos dessas mesas, 
saí das vossas molduras; 
vede que masmorras negras, 
que fortalezas seguras, 
que duro peso de algemas, 
que profundas sepulturas 
nascidas de vossas penas, 
de vossas assinaturas! 
MEIRELES, Cecília. Romance LXXXI ou Dos ilustres assassinos. 
In: Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Globo, 2015 (p. 225). 
 
O uso da segunda pessoa do plural se contrasta com a crítica levantada. Isso porque 
a) escarnece da vulnerabilidade sofrida por tantos enquanto outros vivem em abastança. 
b) ironiza a situação daqueles cujo destino não pode ser escolhido pelas próprias decisões. 
c) afasta a obra da cultura popular tão cara aos modernistas da respectiva geração. 
d) reflete o teor bíblico que tem essa obra a se dirigir a autoridades como divindades. 
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e) confere pomposidade cuja responsabilidade por atrocidades deveria ser reconhecida. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/verificação de leitura. 
Alternativa A: incorreta. A crítica não é contra sua abastança, mas sim violência. 
Alternativa B: incorreta. O que está sendo ironizado são os assassinos, contrariamente chamados 
de ilustres. 
Alternativa C: incorreta. A cultura popular é mais presente na primeira geração. O uso da segunda 
pessoa é para ironizar provavelmente os próprios cultos e eruditos (autoridades abastadas) que faziam 
uso dela. 
Alternativa D: incorreta. Não é uma obra bíblica. 
Alternativa E: correta – gabarito. Eleva ridiculamente pessoas na realidade que deveriam ser 
condenadas pelas suas ações. 
Gabarito: E. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
45. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
Movida, Marília, 
De tanta ternura, 
Nos braços me deste 
Da tua fé pura 
Um doce penhor. 
Marília, escuta 
Um triste Pastor. 
 
Tu mesma disseste 
Que tudo podia 
Mudar de figura; 
Mas nunca seria 
Teu peito traidor. 
Marília, escuta 
Um triste Pastor. 
GONZAGA, Tomás Antônio de. Lira IV. In: Marília de Dirceu. Fonte: Domínio Público. 
Disponível em: https://tinyurl.com/565dkvu5. Acesso em: 20 set. 2021. 
 
Maria Joaquina Dorotéia de Seixas (1767-1853) foi cantada em versos sob o nome de Marília, tendo 
sido a noiva real do poeta árcade. A diferença de sua figura tratada nas liras para a Marília dos romances 
da modernista Cecília Meireles é que neste último ela: 
a) aparece como figura entristecida e não idealizada, já que o noivo teve pena de exílio decretada. 
b) funciona como interlocutora ideal, a quem o leitor transmite suas mensagens e amor. 
c) floresce como moça apaixonada que é, valendo-se do carpe diem para a concretização amorosa. 
d) é uma mulher enlutada, que usa o inútil enxoval de casamento como sua mortalha. 
e) aparentar ser uma jovem cuja idealização se perdeu, já que foi acusada de adultério pelo amado. 
 
 
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Comentários 
Questão de interpretação de texto literário; verificação de leitura; literatura comparada e 
conhecimento de movimentos literários. 
Alternativa A: correta – gabarito. Maria Doroteia é uma mulher abandonada, esquecida, que nunca 
pôde conhecer a verdade de que o ex-noivo foi para Moçambique e, mesmo condenado a exílio, formou 
família com Ana Mascarenhas. Na obra de Cecília Meireles, é uma mulher triste e não idealizada como é 
pintada no Arcadismo. 
Alternativa B: incorreta. Cuidado: essa é a Marília de Dirceu e não de Cecília. 
Alternativa C: incorreta. São característica árcades e não modernistas. 
Alternativa D: incorreta. Não é enlutada, porque não sabe se Gonzaga morreu ou não. 
Alternativa E: incorreta. Perdeu-se porque se sentiu rejeitada, preterida, esquecida. A insinuação 
de traição é feita no poema árcade acima e não na obra de Cecília. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
46. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
Salvo na "Fala inicial" e em "Cenário", os versos não parecem escritos por um poeta individual. Falam 
as personagens da conspiração, a voz anônima do povo, os maldizentes, os justos, as testemunhas, os 
curiosos. Viram motivos de pura poesia os autores da devassa, os inventários dos bens dos inculpados, 
os antecedentes socioeconômicos do levante mal esboçado. 
 
Nesse comentário crítico, o intelectual Paulo Rónai retoma a seguinte obra: 
a) "Alguma poesia" de Carlos Drummond de Andrade. 
b) "Campo geral" de Guimarães Rosa. 
c) "Nove noites" de Bernardo Carvalho. 
d) "Romanceiro da Inconfidência" de Cecília Meireles. 
e) "Angústia" de Graciliano Ramos. 
Comentários 
Questão de crítica literária/conhecimento das obras. 
Alternativa A: incorreta. Obra de 1930, reúne 49 poemas cujos temas variam entre: identidade, 
memorialismo, música, metalinguagem, alusão à cidade e crítica social. 
Alternativa B: incorreta. Obra modernista que conta a história de Miguilim e seu irmão Dito, que 
vem a falecer deixando uma ferida. 
Alternativa C: incorreta. Obra contemporânea híbrida, que narra o mistério do suicídio do 
antropólogo Buell Quain. 
Alternativa D: correta – gabarito. "Romanceiro da Inconfidência" é uma obra estruturalmente 
composta por 96 poemas, sendo que 85 são romances, 4 são cenários e 7 são cenas paralelas. 
Alternativa E: incorreta. Romance de 1936 que expõe a mente perturbada de Luís da Silva, 
sofrendo com seus traumas. 
Gabarito: D. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
47. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 143 
 
"De seu calmo esconderijo, 
O ouro vem, dócil e ingênuo; 
torna-se pó, folha, barra, 
prestígio, poder, engenho.. 
tão claro! – e turva tudo: 
honra, amor e pensamento." 
 
Ao elemento do ouro, retirado do Romance II de Cecília Meireles, é aplicado o recurso expressivo do(a): 
a) eufemismo. 
b) apóstrofe. 
c) prosopopeia. 
d) silepse. 
e) onomatopeia. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/Gramática aplicada à Literatura. 
Alternativa A: incorreta.Eufemismo é um abrandamento. Pelo contrário, o ouro só faz acentuar a 
ambição humana. 
Alternativa B: incorreta. Apóstrofe é uma interrupção brusca, mas nesse caso a sintaxe é fluida: "O 
ouro" é sujeito, "vem" é verbo intransitivo e o termo "dócil e ingênuo" qualifica ouro. 
Alternativa C: correta – gabarito. Prosopopeia ou personificação é quando características humanas 
são atribuídas a seres irracionais ou inanimados, como as qualidades de docilidade e ingenuidade que são 
aplicadas ao ouro. É como se ele tivesse vida própria. 
Alternativa D: incorreta. Silepse é uma concordância estabelecida para além da Gramática. 
Alternativa E: incorreta. Onomatopeia é uma figura de som. 
Gabarito: C. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
48. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
(Que vens tu fazer, Alferes, 
com tuas loucas doutrinas? 
Todos querem liberdade, 
mas quem por ela trabalha?) 
“Ah! se eu me apanhasse em Minas...” 
 
(O humano resgate custa 
pesadas carnificinas! 
Quem morre, para dar vida? 
Quem quer arriscar seu sangue?) 
“Ah! se eu me apanhasse em Minas...” 
MEIRELES, Cecília. São Paulo: Globo, 2015 (p. 107). 
 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 144 
No último verso das estrofes, há um estribilho que se repete como refrão, reforçando o sentido do 
trecho, a se chama 
a) redondilha. 
b) mote. 
c) quarteto. 
d) escansão. 
e) écloga. 
Comentários 
Questão de interpretação de texto literário/teoria literária. 
Alternativa A: incorreta. Redondilha é uma classificação de verso. Pode ser redondilha menor 
(verso com 5 sílabas poéticas) ou maior (verso com 7 sílabas poéticas). 
Alternativa B: correta – gabarito. Segundo o dicionário Aulete, mote pode ser: uma estrofe cujo 
sentido serve de tema ao poema; frase, dito que serve de tema a obra literária; frase que expressa um 
objetivo que se quer alcançar ou um princípio de comportamento. 
Alternativa C: incorreta. É uma estrofe com 4 versos. 
Alternativa D: incorreta. É o procedimento de contagem de sílabas poéticas. 
Alternativa E: incorreta. É uma poesia pastoril. 
Gabarito: B. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
49. (Estratégia Vestibulares 2021 – SPRINT FUVEST 2022 – Professora Luana Signorelli) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(http://www.revistadehistoria.com.br/revista/edicao/)118.) 
 
A obra acima é uma paródia da pintura original de Pedro Américo, Tiradentes esquartejado (1893), 
assim como "Romanceiro da Inconfidência" é uma releitura da Inconfidência Mineira. Quanto à obra 
modernista, assinale o que for INCORRETO. 
a) Mantém ligação com correntes tradicionais anteriores, sentindo-se continuadora do legado simbolista 
e positivista. 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 145 
b) Não toma a História como fato último e acabado, abolindo com uma consolidação determinista e dando 
voz àqueles antes não ouvidos sequer considerados. 
c) É um olhar historicista para um fato do passado, julgando-o como fluido e passível de transformação 
humanista. 
d) O início e a fala final voltada para os inconfidentes completa um ciclo que convida o leitor a pensar na 
sua própria ação. 
e) Faz com que o leitor se sinta testemunha e partícipe, mesmo das atrocidades, provocando 
primeiramente seu pavor para depois surtir a catarse. 
Comentários 
Questão de literatura comparada; linguagens e códigos e verificação de leitura. 
Alternativa A: incorreta – gabarito. O positivismo é uma teoria do fim do século XIX, cientificista e 
progressista, que não se aplica ao Romanceiro. 
Alternativa B: correta. A História se concretiza no passado, que serve pré-história para o presente. 
Alternativa C: correta. O revisionismo histórico é uma característica tanto da primeira quanto da 
terceira geração. 
Alternativa D: correta. Tanto é que o livro termina com uma pergunta, podendo ser considerado 
como uma obra aberta. 
Alternativa C: correta. A catarse é o expurgo dos sentimentos pela libertação dos sentidos. 
Liberdade, ainda que tardia. 
Gabarito: A. 
_____________________________________________________________________________________ 
 
50. (FCM-MG/2016/Anual) Em seu depoimento “Como escrevi o Romanceiro da Inconfidência”, Cecília 
Meireles assim se manifestou em relação a Joaquim José da Silva Xavier: 
 
“(...) o Alferes Tiradentes, que calcorreou todas estas serras, estas matas, estes caminhos, a 
serviço de um partido, à mercê de um sonho, às ordens de seus amigos -, a imperícia ou pusilanimidade 
desses mesmos amigos, a perfídia dos inimigos, a intriga dos calculistas, dos oportunistas (...)” 
MEIRELES, C. Romanceiro da Inconfidência. S.P.: Gaudi, 2014, p.240.) 
 
Assinale a passagem do Romanceiro da Inconfidência em que os versos NÃO fazem referência a esse 
protagonista. 
a) “Não há Conde, não há forca, 
não há coroa real 
mais seguros que estas casas, 
que estas pedras do arraial, 
deste Arraial do Ouro Podre 
que foi de Mestre Pascoal.” 
b) “(Nossa Senhora da Ajuda, 
entre os meninos estão 
rezando aqui na capela, 
um vai ser levado à forca, 
com baraço e com pregão!)” 
c) “(E tudo é tão diferente 
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 AULA DE OBRAS LITERÁRIAS: CECÍLIA MEIRELES – ROMANCEIRO DA INCONFIDÊNCIA 146 
do que em saudade imaginas! 
Onde estão os teus amigos? 
Quem te ampara, quem te salva? 
mesmo em Minas, mesmo em Minas?)” 
d) “Eles eram muitos cavalos: 
e alguns foram postos à venda, 
outros ficaram em seus pastos, 
e houve uns que, depois da sentença, 
levaram o Alferes cortado 
em braços, pernas e cabeça. 
E partiram com sua carga 
na mais dolorosa inocência. 
Comentários 
Questão de crítica literária/identificação de trecho. 
Alternativa A: incorreta – gabarito. Fala-se sobre os acusadores de Tiradentes. Joaquim Silvério 
dos Reis (1756-1792). Constitui a figura obscura da Inconfidência, em virtude de ter sido o denunciante, 
junto ao Visconde de Barbacena, dos planos de rebeldia que se tramavam em Vila Rica. Trecho retirado 
do Romance V – Da destruição de ouro podre. 
Alternativa B: correta. Passagem do Romance XII – Nossa Senhora da Ajuda. O homem que vai ser 
levado à forca é Tiradentes, por quem os meninos rezam. 
Alternativa C: correta. Trecho do Romance XXXV – Do suspiroso Alferes, que fala justamente sobre 
Tiradentes. A crítica se volta para a sociedade, de quem ele tanto cuidou em sua vida civil, mas, na hora 
de seu desespero, não pôde contar com ela. 
Alternativa D: correta. Passagem do Romance LXXXIV – Dos cavalos da inconfidência, que fala de 
Tiradentes esquartejado. 
Gabarito: A. 
 
8.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
ADORO CINEMA. Sinopses oficiais de filmes. Disponível em: http://www.adorocinema.com/. Acesso em: 
13 set. 2020. 
ALENCAR, José. Senhora. Fonte: Domínio Público. Disponível em: https://tinyurl.com/s3dz8hn. Acesso 
em: 13 nov. 2020. 
ALIGHIERI, Dante. Divina Comédia. Trad. José Pedro Xavier Pinheiro. Fonte: Domínio Público: Disponível 
em: https://tinyurl.com/y7vldm27. Acesso em: 13 nov. 2020. 
ANDRADE, Carlos Drummond de. Claro enigma. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. 
ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Cultrix, 2014 
CEREJA; William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português: linguagens. 6. ed. São Paulo: Atual, 
2008. 
COSTA, Marcos. A história do Brasil para quem tem pressa: dos bastidores do descobrimento à crise de 
2015 em 200 páginas! 2. ed. Rio de Janeiro: Valentina, 2017. 
DICIONÁRIO Aulete Digital. Disponível em: http://www.aulete.com.br/. Acesso em: 13 nov. 2020. 
IMDB. Cartazes oficiais de filmes. Disponível em:https://www.imdb.com/. Acesso em: 13 nov. 2020. 
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Professora Luana Signorelli 
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Editora Nova Aguilar, 
1977. 
______. Romanceiro da Inconfidência. São Paulo: Global, 2015. 
CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História. São Paulo: Escala Educacional, 2005 
(volume único). 
MOISÉS, Massaud. Dicionário de termos literários. 12. ed. São Paulo: Cultrix, 2013. 
 
9.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 
 
 
 
 
Eu me coloco à disposição de vocês para sanar eventuais dúvidas. 
Tenho a meta de responder ao Fórum de Dúvidas, com a qualidade e profundidade exigidas, assim 
como podem me encontrar em redes sociais. E agora também temos Sala VIP. 
 
 
Versão Data Modificações 
1 20/05/2022 Entrega da primeira versão do texto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Luana Signorelli @luanasignorelli1 
@profa.luana.signorelli Professora Luana 
Signorelli 
/luana.signorelli 
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