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Educação, Sociedade Trabalho e Integração Social SUMÁRIO Módulo - Introdução à análise sociológica da Educação 1. INTRODUÇÃO 1.1 Definição e objeto de estudo da sociologia da educação 2. QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA? 3. EDUCAÇÃO COMO FENÔMENO SOCIAL 4 EDUCAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE LIBERTAÇÃO 4.1 Relacionamento entre Filosofia, Sociologia e Educação 5 SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA AMÉRICA LATINA 6 PSICOPEDAGOGIA 7 COMPONENTES CONCEITUAIS, PROCEDIMENTAIS E ATITUDINAIS 7.1 Os conteúdos conceituais 7.2 Os conteúdos procedimentais 7.3 Conteúdos atitudinais Módulo - A educação como embasamento para uma sociedade democrática 1. INTRODUÇÃO 2. EDUCAÇÃO E DEMOCRACIA 3. O FEEDBACK NECESSÁRIO ENTRE EDUCAÇÃO E DEMOCRACIA 3.1 Tocando nossa realidade 4. UM OLHAR PARA O HORIZONTE A PARTIR DAS NOVAS REALIDADES QUE ESTÃO SURGINDO 5. NOVAS DINÂMICAS E ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO 6. EDUCAÇÃO PARA A DEMOCRACIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Módulo O trabalho nas práticas educacionais 1. INTRODUÇÃO 2. A RELAÇÃO ESCOLA-SOCIEDADE E A PRÁTICA DOCENTE 3. ATUALIZAÇÃO DE ABORDAGENS CRÍTICAS NA EDUCAÇÃO 4. DESAFIOS NA PARTICULARIDADE DO ENSINO EM CONTEXTOS DE CONFINAMENTO 4.1 Paradigmas em tensão CONSIDERAÇÕES FINAIS Módulo – A integração social face aos princípios e direitos educacionais 1 INTRODUÇÃO 2 MODELO DE INTEGRAÇÃO 3 INTEGRAÇÃO SOCIAL E A PRÁTICA DOCENTE 4 A ESCOLA DIANTE DE UMA SOCIEDADE DESIGUAL 5 PRINCÍPIOS DA INTEGRAÇÃO ESCOLAR 6 INTEGRAÇÃO E A ESCOLA INCLUSIVA 6.1 Objetivos da escola inclusiva 6.2 Implicações da escola inclusiva CONSIDERAÇÕES FINAIS Bibliografias Introdução à análise sociológica da Educação Professor: Sílvia Cristina da Silva Disciplina: Educação, Sociedade, Trabalho e Integração Social – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 03 Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial Neste primeiro módulo, discutiremos a respeito da definição e objeto de estudo da sociologia da educação, além de verificarmos qual é o objeto de estudo da sociologia. Ademais, abordaremos a respeito da educação como fenômeno social, a educação como instrumento de libertação, bem como seu relacionamento entre filosofia, sociologia e educação. Também abordaremos a questão do surgimento e evolução da sociologia da educação na América Latina e, por outro lado, abordaremos a questão da psicopedagogia, onde estudaremos seus componentes conceituais, procedimentais e atitudinais, conceituando cada um deles. Após esse breve recorrido, nosso desejo é que você aprecie tal material e que seja mais uma fonte de aprendizado para seu dia a dia acadêmico e profissional. Ótimos estudos! INTRODUÇÃO A Sociologia da Educação é um dos mais jovens ramos do conhecimento humano, já que tem cerca de apenas um século de existência e eram Augusto Comte e Emile Durkheim, que deram a vida como uma ciência geral em primeiro lugar e como um segmento da ciência da educação, haja vista que a prática de viver na sociedade é tão antiga quanto a própria existência dos homens. WACQUANT (1997). Além disso, a Sociologia da Educação como primeira razão, de acordo com WACQUANT (1997) é baseada em várias razões para formar um conjunto (sociologia - educação), entre as quais a vida do homem, desde o seu início, não foi concebida fora da sociedade, a existência de duas pessoas já marcam os requisitos mínimos para a sociedade. E a sociologia é precisamente responsável pelo estudo da estrutura, funcionamento e desenvolvimento da sociedade. A segunda razão para ele é que a epistemologia da sociologia da educação é enormemente rica em seu quadro teórico e metodológico. A terceira razão é dada no enorme número de categorias e definições que marcam os estudos sociais relacionados à pedagogia, ou seja, a socialização (homólogo de individualização), a comunidade escolar, o coletivo pedagógico, as relações sociais, a instituição escola, família, comunidade, desempenho de papéis, código de gênero, entre muitos outros que são essenciais no momento de explicar, avaliar ou desenvolver os fundamentos teóricos dessa pesquisa. Já em quarto lugar, pode-se ressaltar que as circunstâncias fazem os homens tanto quanto os homens fazem as circunstâncias, de modo que a natureza mutante e móvel da complexa rede de relações sociais pode ser totalmente compreendida. Ele segue destacando que a tomada de decisão, as estruturas e as relações de poder, os papéis que muitas vezes mudam de alunos na sala de aula, os próprios professores, entre outros aspectos movem e destacam essa natureza de pesquisa. Finalmente, para ele é feita referência à ideia de que o processo de ensino - educacional ou ensino - aprendizagem deve conter o maior número de elementos do cotidiano, ou seja, jogar e ensaiar todos os tipos de eventos sociais de atividade cognitiva, afetivo e prático em que os alunos, professores, diretores, parentes e vizinhos podem estar envolvidos para cumprir o princípio sociológico, que a educação deve preparar o homem para a vida, entendida em todas as esferas neste movimento. 1.1 Definição e objeto de estudo da sociologia da educação A sociologia da educação é uma disciplina que utiliza os conceitos, modelos e teorias da sociologia para compreender a educação em sua dimensão social. Foi cultivada por sociólogos que tiveram um interesse crescente pela educação e pelos pedagogos que passaram de quase exclusivamente para psicologia, para um equilíbrio entre ela e a sociologia. MILLS (1075) destaca que: “Se quisermos compreender as transformações dinâmicas de uma estrutura social contemporânea, teremos de distinguir sua evolução a longo prazo, e em termos desta indagar: qual a mecânica da ocorrência dessas tendências, que transformam a estrutura da sociedade? É com essas indagações que nossa preocupação chega ao auge, relacionando-se este com a transição de uma época para outra, e com o que podemos chamar de estrutura de uma época. (...) Cada época quando devidamente definida, é um “campo de estudo inteligível”, que revela a mecânica do processo histórico a ela peculiar (MILLS, 1975, p. 165).” Sendo assim, necessário se faz compreender e repensar essas dinâmicas de estruturas contemporâneas desde o ponto de vista da sociologia da educação, conforme exposto acima. QUAL É O OBJETO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA? Para responder a esta questão, teremos que fazer uma revisão das origens até o presente. Então vamos começar com os precursores: Claude Saint- Simon e Auguste Comte. Émile Durkheim, um dos pais da sociologia, é considerado o iniciador da disciplina com as suas obras Educação e Sociologia, Educação: sua natureza, função e ensino da evolução na França, publicado após sua morte em 1917. Marquis Saint Simon é um importante ponto de conexão entre o antigo regime e a modernidade. Seu pensamento lançará os alicerces da sociologia, pois terá grande influência sobre Marx, Comte e Durkheim. WACQUANT (1997). Saint Simon acreditava que o método positivo devia ser aplicado para resolver os problemas da nova sociedade industrial. Essas ideias foram posteriormente desenvolvidas por Comte, que foi o primeiro a chamá-lo de sociologia. Comte teve uma visão evolutiva, no sentido de que os fenômenos sociais passam por uma série de estágios de melhoria. Havia, para Comte, três estágios que eram teológicos, metafísicos e positivos. WACQUANT (1997). Já no que diz respeito à educação, Comte colocaa primeira teoria sociológica com a qual ele diz que o sistema educacional é o que nos trará hábitos de pensamento e comportamento. Para Marx, a sociedade é constituída pela necessidade de o homem entrar em relacionamento para suas próprias necessidades, de modo que a origem do social esteja em produção. A teoria das classes de Marx baseia-se no seu materialismo histórico. Faz uma comparação social entre a sociedade e as relações de produção. Sua sociologia é a mudança; Ao mesmo tempo em que as forças produtivas são desenvolvidas, elas entraram em contradição com as relações de produção, alcançando a revolução social. Emile Durkheim é um dos fundadores da sociologia da educação. WACQUANT (1997). Além disso, se desenvolve o caráter positivo da sociologia moderna e estabelece que o objeto da sociologia é o estudo dos fatos sociais. Isso constituiu uma boa base para o desenvolvimento posterior do funcionalismo estrutural americano. Sua visão da sociedade é globalizada por causa da importância das normas e valores coletivos. Transforma a fé em progresso e um ideal evolutivo baseado na teoria dos três estágios de Comte. A educação tem duas funções principais, segundo WACQUANT (1997): 1. Desenvolvimento da moral coletiva para substituir a religião. 2. Treinamento dos diferentes trabalhos necessários. A coesão social corresponde à educação. Desse modo, os objetivos da Educação são preconcebidos a partir de uma atividade ordenada para alcançá-la. O final como o resultado esperado dá sentido e direção à atividade educacional. Ter fins significa agir em uma certa direção em direção a um objetivo predeterminado. Um determinado fim sugere ordem, metas, objetivos e propósitos, portanto, quando temos fins, queremos resultados esperados. Os fins são baseados em um esquema cujos resultados são desejados. É um objetivo abstrato que pertence ao mundo dos valores, constituindo um ideal que se destina a ser realizado. MILLS (1975). 3 EDUCAÇÃO COMO FENÔMENO SOCIAL Que a educação é um fenômeno social é, neste momento, uma ideia assumida por todos aqueles que têm algo a dizer sobre isso. Já em sua sociologia de infância Émile Durkheim esclareceu que se “segue "a educação comum é uma função do status social, para cada empresa procura fazer seus membros, através da educação, um ideal que é adequada”. (WACQUANT, 1997, p.30). Daí também a importância da política da educação: a possibilidade de estabelecer uma determinada ordem social baseia-se na maneira como os cidadãos compreendem o papel da sociedade, suas organizações e eles próprios neste sistema de educação. E essa forma de compreensão só é possível alcançar através da educação das pessoas. Em seguida, falaremos sobre a construção do espaço social desde o ponto de vista de Bordieu, ou seja, que a realidade invisível não pode ser exibida ou tocada com os dedos e práticas organizadas e representações de agentes da sociedade. Isso só é possível através de um processo de transmissão de conceitos de pessoa para pessoa, um professor para um estudante num processo comunicativo, pois através dos quais eles assimilam os modos particulares de compreender o mundo que cada sociedade é, cada cultura assume por si mesma. NOGUEIRA (2002). Agora, o homem, sendo social por natureza, é feito - ou refeito - no meio de ser educado. Antes de mencionar IANNI (1992), que explicou o processo de aprendizagem humana do ponto de vista da sua incorporação ao mundo, sob a ideia de que sua natureza social não é suficiente para adaptá-la à vida organizada com outros seres humanos, falemos de organizações simples, mas complexas, carregadas de história, valores e significados intrincados: "sociedades tão vastas quanto nossas, os indivíduos são tão diferentes um do outro, que, por assim dizer, não há nada em comum entre eles, exceto pela qualidade geral de serem homens " (WACQUANT, 1997, p. 31) Bem, dessa forma, a educação olha o que é proposto, ou seja, é a construção de um "homem novo", diferente de como engendrou a natureza, busca criar um ser social. WACQUANT (1997). Logo, é a sociedade que nos ensina a dominar, nos constrange, também, segundo as suas necessidades, e que decide a quantidade e natureza do conhecimento que deve receber a criança e que mantém a consciência adquirida por gerações anteriores e o que a transmite para as novas gerações. A educação também é a ferramenta privilegiada da reprodução social, isto é, da manutenção da ordem social de acordo com a tradição cultural mais antiga. MEDEIROS (2009). PIERRE BOURDIEU (2003) explica que o espaço social ou a organização da sociedade se baseia em uma capital cultural, ou seja, no patrimônio cultural, na forma de ver o mundo - que esse espaço social tem. Desta forma, a sociedade é organizada em torno de certos valores que são o que, em última instância, explicam essa organização. Assim, o espaço social torna-se um espaço simbólico, isto é, um conjunto de estímulos carregados de diferentes significados que, transformados em um tipo de linguagem, moldam as perspectivas, as prioridades, as ideologias e os interesses dos componentes de cada grupo social. Desta forma, a distribuição do capital cultural permite a construção de um espaço social e da instituição escolar, através da promoção dessas formas particulares de compreensão do mundo, ajuda a reproduzi-lo e mantê-lo através do tempo e da história. Bem, a educação emerge como fenômeno social não só para seus propósitos (integra a criança no mundo - sociedade), mas também porque contribui com seu exercício para a conformação da realidade social e cultural dos diferentes grupos humanos. Pierre Bourdieu (2003) explica que o espaço social ou a organização da sociedade se baseia em uma capital cultural, ou seja, no patrimônio cultural - ou seja, na forma de ver o mundo que esse espaço social que se tem. EDUCAÇÃO COMO INSTRUMENTO DE LIBERTAÇÃO A Constituição da República do Brasil consagra em seu artigo 3º que: "Os objetivos essenciais do Estado são a defesa e o desenvolvimento da pessoa e o respeito pela dignidade, o exercício democrático da vontade popular, a construção de uma sociedade justa e amante da paz, a promoção da prosperidade e do bem-estar das pessoas e a garantia do cumprimento dos princípios, direitos e deveres consagrados nesta Constituição. A educação e o trabalho são os processos fundamentais para alcançar esses objetivos ". A formação dos cidadãos só pode ser alcançada com uma educação humanista, isto é, centrada no ser humano, promovendo a participação ativa e responsável no trabalho da sociedade, um ser com consciência social. O processo de ensino e aprendizagem deve ser contínuo em todos os níveis e modalidades que correspondem ao desenvolvimento de cada etapa. Sendo assim, ao processo de formação do cidadão, cumprindo esse propósito, é necessário nivelar e ampliar o conhecimento de acordo com o novo papel da educação que o processo de mudança brasileiro tem, é por isso que as missões educacionais foram criadas. É importante ensinar a ler e escrever, mas não é suficiente, o conhecimento em todas as áreas do conhecimento deve ser massalizado para evitar que os membros da sociedade sejam instrumentos dóceis às promessas e músicas de sereia com quem durante anos as elites governantes os enganaram. IANNI (1992). 4.1 Relacionamento entre Filosofia, Sociologia e Educação A educação é um todo biológico, psicológico, social e filosófico. Veremos a seguir cada uma dessas características a partir dos entendimentos de ELIAS (1970): Filosofia: Embora pareçam muito diferentes e não relacionados, a educação e a filosofia estão intrinsecamente relacionadas, ou seja, a filosofia sem educação não pode cumprir plenamenteseu trabalho, e libertar as pessoas de sua ignorância. O filósofo usa educação para transmitir seus preceitos e, sem isso, seria impossível alcançá-lo. Enquanto o educador usa a filosofia para organizar seus conceitos e, assim, transmiti-los de maneira lógica e precisa ao corpo estudantil, ele usa para esclarecer a relação entre educação e filosofia. Armijos Palácios aduz que: Desde o início, a filosofia mostra uma característica: a de ser a prática e a efetivação de uma dissidência intelectual. ... Os filósofos gregos se opuseram a uma tradição da qual eles faziam parte – cultura que também tinha recebido influências de outras culturas, como a egípcia, a babilônica e a fenícia. Mas em nenhuma dessas culturas surgiu, como na grega, uma atitude de contestação racional que conseguiu, ao longo de vários séculos, constituir uma nova tradição que caracterizaria a atitude filosófica: a tradição da cultura crítica, do livre debate e da dissidência intelectual (ARMIJOS PALÁCIOS, 2007). Como a filosofia mostrou, é preciso de educação, mas também a filosofia precisa ser efetiva. Podemos até dizer que a educação é filosofia filosófica e educacional. É assim que a relação importante entre os dois está estabelecida. É então demonstrado que a relação entre filosofia e educação é muito especial e única, bem como importante. Vejamos abaixo alguns ensinamento propostos por PALÁCIOS (2007): Filosofia da Educação: é a disciplina que estuda o comportamento da educação à luz das leis que regulam o desenvolvimento da sociedade humana, já que o homem apareceu na Terra, até o presente e que governa cada formação intermediária econômico-social em particular; disciplina que também estuda as diferentes concepções do mundo e as formas como elas concebem o fato educativo, em seus elementos e movimentos fundamentais. Para ele, a filosofia da educação tenta entender ou interpretar a educação em relação à realidade sem perder o ponto de vista dessa realidade, refletindo sobre sua natureza, essência e valores da educação. O mundo complexo da educação não ocorre espontaneamente, como acontece em qualquer processo biológico ou natural, mas precisa de uma visão filosófica que ofereça ao processo educacional uma certa visão do homem, entre os muitos possíveis. Sociologia: ele faz alusão à ideia de que o processo educacional é feito - educação ou de ensino - aprendizagem e deve conter tantos elementos da vida cotidiana, ou seja, jogar e ensaiar todos os tipos de eventos sociais da atividade cognitiva, afetiva e prática em que os estudantes, professores, diretores, parentes e vizinhos podem estar envolvidos para cumprir o princípio sociológico, haja vista que a educação deve preparar o homem para a vida, entendida em todas as esferas em que se move e vive. A Sociologia da Educação: ele destaca que é o estudo do sistema educacional em sua relação com o sistema social. Compreendemos pela Sociologia da Educação como o "estudo sociológico" da educação; ou melhor, o estudo sociológico do sistema de ensino como parte do sistema social com tudo o que isso implica ou envolve: primeiro, como a exigência de 'sociológico' e, em seguida, em relação ao estudo decisivo "de" educação como uma realidade concreta da sociedade. A educação é irremediavelmente imersa no cultural, que é a grande riqueza da Sociologia da Educação. Os indivíduos são socializados em sociedades configuradas em um sistema social, isto é, em um todo social ou totalidade dotado de uma estrutura; isso significa que as partes que não são independentes, mas interdependentes, ao mesmo tempo, são o respeito dependente da 'dinâmica do todo social 'cuja dinâmica tem uma 'razão de ser "sistemática ou estrutural”. O sistema social tem, portanto, uma "coerência interna" que dá sentido e o define. E então falamos sobre o sistema social em geral, mas também falamos sobre os diferentes sistemas sociais que o compõem: o sistema educacional, o sistema econômico, o sistema político, o sistema de crenças, etc. MEDEIROS (2009). Desse modo, a educação é o principal veículo do processo de socialização em uma sociedade estratificada e que esse processo de aprendizagem social supõe a sobrevivência do básico das dinâmicas sociais, isto é, a reprodução da sociedade em suas próprias dinâmicas. Como Durkheim (1996) diz: "De fato, e em certo sentido, pode-se dizer que existem tantos tipos diferentes de educação quanto existem diferentes camadas sociais naquela sociedade.” (DURKHEIM, 1975, p.46) Educação: PALÁCIOS (2007), nesse ponto, aborda que a Psicologia da Educação estuda os problemas vivos que estão relacionados, em primeiro lugar, com o sujeito que aprende e, mais tarde, com os processos de crescimento e desenvolvimento. Para ensinar de forma eficaz, o professor deve entender os alunos na frente dele. A Psicologia da Educação nos ensina o que os alunos são. Além de estudar os problemas relacionados ao assunto que aprende, também estuda aqueles relacionados ao assunto que ensina, o professor. O professor deve conhecer os princípios que garantem bons resultados de aprendizagem. Os princípios reconhecidos como efetivos ao longo do tempo são identificados, testados e revisados para garantir sua efetividade na sala de aula. A educação é um direito humano fundamental, importante para poder exercer todos os outros direitos. A educação promove liberdade e autonomia pessoal e gera benefícios importantes para o desenvolvimento humano pessoal e social. No entanto, milhões de crianças e adultos continuam a ser excluídos das oportunidades educacionais, em muitos casos por causa da pobreza. Desse modo, a educação é o principal veículo do processo de socialização em uma sociedade estratificada e que esse processo de aprendizagem social supõe a sobrevivência do básico das dinâmicas sociais, isto é, a reprodução da sociedade em suas próprias dinâmicas. Sem dúvida, esse é um grande desafio que devemos enfrentar, e é por isso que todos os agentes educacionais que participam dessa reforma precisam rever sua própria tarefa educacional. Abordar a educação com novos conceitos pedagógicos implica novos vínculos, interpretações, linhas de trabalho e formas de concretização, centradas no sujeito que aprende e participa ativamente de sua própria aprendizagem. SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO NA AMÉRICA LATINA Costuma-se dizer que a Sociologia da Educação nasceu com E. Durkheim, pioneira da sociologia empírica que, entre outras questões sociais, analisou os aspectos da educação. Sua iniciativa não foi continuada por seus discípulos; Por outro lado, nos Estados Unidos, onde Veblen realizou um trabalho semelhante ao de Durkheim e J. Dewey iniciaram entre os pedagogos um interesse pelo social, foram estes que se entregaram a esse tipo de pesquisa. Este estudo não tem por objeto os primórdios da indolência nem o aparecimento de artigos úteis para o consumo individual. Seu objeto é a origem e natureza de uma classe ociosa convencional, de um lado e, de outro, o início da propriedade individual, como um direito convencional ou um apelo a seu reconhecimento. (VEBLEN, 1974, p. 289) Eles fundaram uma corrente que conhecemos com o nome de "Sociologia Educacional", que foi criticada pela Sociologia da Educação "aplicada", porque está interessada sobretudo pelos aspectos sociais dos ambientes e fatores educacionais, atendendo ao objetivo de socialização e reforma pedagógica; professando um liberalismo liberal, assume que a adaptação do indivíduo à sociedade resolverá os problemas fundamentais do mesmo. Na década de 1920, os sociólogos europeus, e mais especificamente os alemães (Müller, Lyer, Fischer, Geiger), recuperarão esse campo e darão um impulso definitivo; outro alemão K. Mannheim,transplantou esta semente para a Inglaterra. No Brasil, AZEVEDO (1956) publicou sua Sociologia da Educação em 1940 e fundou uma escola florescente de cultivadores desta matéria. Na opinião de AZEVEDO (1956), o que deu origem ao nosso mundo moderno à Sociologia da Educação como campo especializado de estudos tem sido o processo de industrialização. A explicação que ele fornecem é que a relação entre educação e estrutura social foi relativamente simples até o advento da produtividade moderna. Por sua vez ELIAS (1970) prevê no final de nosso século uma certa atrofia da Sociologia da Educação, porque, devido à diminuição da população escolar, os sistemas educacionais perderão proeminente na vida social. Também é possível traçar uma linha evolutiva e de desenvolvimento da Sociologia da Educação, descrevendo os problemas com os quais tem lidado. O que AZEVEDO (1956) propôs foi o seguinte esquema: 1) Até 1960, trabalhando de acordo com o modelo positivista das Ciências Sociais, dominar um funcionalismo sociológico interessado na função de socialização da educação, na escola como sistema social e para a sociedade, professores, relações interpessoais. 2) Com a era do desenvolvimento econômico e a explosão da escola, aborda-se a função instrumental da educação, o investimento que favorece o desenvolvimento, capacita indivíduos em habilidades tecnológicas. 3) Imediatamente a crítica surgiu, a educação desempenhou bem suas funções sociais, fruto disso foi a discussão da igualdade de oportunidades, desde a década de 60. 4) Certos autores insatisfeitos com análises liberais anteriores, seguem um funcionalismo crítico, dividido em três fluxos: a) aqueles que defendem a reforma da sociedade de um ativismo educacional, como deseja a pedagogia institucional francesa. b) A teoria do conflito na Sociologia da Educação, representada nos Estados Unidos por R. Collins, que vê o desenvolvimento educacional como resultado da ação competitiva dos vários grupos de status em busca de riqueza, poder e prestígio. c) a consideração da escola como instrumento da divisão das classes sociais e da exploração do proletariado. 5) As alternativas atuais à Sociologia da Educação, opõem-se ao macrofuncionalismo anterior, estão interessadas nos problemas de grupos sociais marginalizados, procedimentos de quantificação de desconfiança e propõem outros meios de interpretação da realidade social. A sociologia marxista da educação pertence a esta corrente, entende que essa ciência deve ajudar a construir a sociedade, de modo que o sociólogo esteja envolvido nessa ação de transformação. Outra alternativa é a "nova Sociologia da educação". MEDEIROS (2009). Para Medeiros, na medida em que o Brasil está em causa, como o que aconteceu na sociologia Estados Unidos, a educação começou a ser cultivada por pedagogos, no início dos anos sessenta, e desde meados da década estava interessado por ela determinadas planejadores e sociólogos, Esta colaboração entre pedagogos e sociólogos tem sido assimétrica "de maior interesse e penetração de pedagogistas em sociologia do que de sociólogos nos temas centrais da educação". Destaca-se que com a era do desenvolvimento econômico e a explosão da escola, aborda-se a função instrumental da educação, o investimento que favorece o desenvolvimento, capacita indivíduos em habilidades tecnológicas. Sendo assim, desde 1970, a Sociologia da Educação tornou-se mais popular devido aos eventos que afetam o sistema educacional brasileiro: introdução da reforma educacional, consequente conscientização pública sobre questões educacionais, alternativas de contrarreforma propostas por grupos políticos e discussões públicas causadas por leis e regulamentos, disposições administrativas relativas à educação. PSICOPEDAGOGIA De acordo com o modelo fornecido pela Teoria Geral dos Sistemas de Aprendizagem. Aprender é a mudança na disposição do sujeito com um caráter de permanência relativa e que não é atribuível ao simples processo de desenvolvimento (maturação). Como um processo: é uma variável que intervém na aprendizagem, nem sempre é observável e tem a ver com estratégias metodológicas e com a globalização dos resultados. Existem várias correntes psicológicas que definem o aprendizado de maneiras radicalmente diferentes. Neste texto, respeitando todas as opções e posições, para o que é valioso e utilizável de forma didática, segui o que, na minha opinião, melhor se adapta aos tempos e à Teoria dos Sistemas Gerais. BERTALANFFY (1975). De acordo com a Teoria Geral dos Sistemas, as correntes cognitivas do aprendizado, apresentam o modo como a aprendizagem individual se desenvolve. Apesar de fazê-lo de forma esquemática, é essencial que, neste estudo, aprendamos uma breve explicação de seus componentes. Vejamos a seguir um modelo da teoria cognitiva: Figura 1: Modelo de teoria cognitiva Fonte: http://slideplayer.com.br/slide/2948940/ Os conteúdos constituem o conjunto de conhecimentos culturais, sociais, políticos, econômicos, científicos e tecnológicos que compõem as diferentes áreas disciplinares e são considerados essenciais para a formação do indivíduo. BERTALANFFY (1975). Nesta mesma veia, outro conceito desse modelo é citado, concebido como: "um conjunto de conhecimentos ou culturais formas cuja assimilação e apropriação por parte dos alunos é considerada essencial para o seu desenvolvimento e socialização.” (BERTALANFFY, 1975, p. 34). A ideia é que o desenvolvimento dos seres humanos nunca ocorre no vácuo, mas sempre e necessariamente ocorra em um contexto social e cultural específico. BERTALANFFY (1975). Desse modo, os conteúdos dentro da sociologia da educação constituem a base sobre a qual as atividades de ensino-aprendizagem serão programadas, a fim de alcançar o que se expressa nos objetivos. Para isso, devem ser estabelecidos tomando os seguintes critérios: - Uma sequência e contextualização de acordo com os grupos de alunos, baseado em uma concepção construtivista de aprendizagem. - Seleção e distribuição em torno de eixos de organização e um script temático. Eles podem ser considerados como o conjunto de informações postas em prática no processo educacional e correspondem à questão "o que ensinar". http://slideplayer.com.br/slide/2948940/ Vale ressaltar, mas não entraremos em detalhes que eles são classificados em três tipos: conceitual, processual e atitudinal. COMPONENTES CONCEITUAIS, PROCEDIMEN TAIS E ATITUDINAIS Abaixo abordaremos os seguintes temas a seguir estudados desde o ponto de vista da Sociologia da Educação com base nos ensinamos de AZEVEDO (1956), a começar por: 7.1 Os conteúdos conceituais Eles correspondem à área do conhecimento, isto é, os fatos, fenômenos e conceitos que os alunos podem "aprender". Esses conteúdos podem ser transformados em aprendizado se se basearem no conhecimento anterior que o aluno possui, o que, por sua vez, está inter-relacionado com os outros tipos de conteúdo. Durante muitos anos eles formaram a base quase exclusiva no campo específico de intervenção docente. Para Azevedo eles são compostos de conceitos, princípios, leis, declarações, teoremas e modelos. Sem a informação ser suficiente e ter conhecimento sobre as coisas, fatos e conceitos de uma determinada área científica, também é necessário entender e estabelecer relações significativas com outros conceitos, através de um processo de interpretação e tendo em conta o conhecimento anterior que é possuído. 7.2 Os conteúdos procedimentais Azevedo destaca que eles constituem um conjunto de ações que facilitam a realização de um propósito proposto. O aluno será o principal ator na realização dos procedimentos que exigem o conteúdo,ou seja, desenvolverão sua capacidade de "saber como fazer". Em outras palavras, eles contemplam o conhecimento de como executar ações internalizadas. Esses conteúdos incluem intelectuais, motor, habilidades, estratégias e processos que envolvem uma sequência de ações. Os procedimentos aparecem sequencialmente e sistematicamente. Eles exigem reiteração de ações que levam os alunos a dominar a técnica ou habilidade. Para ele, são classificados em: -Geral: são comuns a todas as áreas. -Procedimentos para a busca de informações. - Procedimentos para processar as informações obtidas. Exemplo: análise, realização de tabelas, gráficos, classificações. - Procedimentos para a comunicação de informações. Exemplo: preparação de relatórios, exposições, debates. - Algorítmico: indique a ordem e o número de etapas a serem tomadas para resolver um problema. Exemplo: copiar, tirar a área de uma figura. - Heurísticas: são contextuais, não são aplicáveis automaticamente e sempre da mesma maneira. Exemplo: interpretação de textos. 7.3 Conteúdos atitudinais Já nesse conteúdo, para ele pode ser definido como um humor em relação a certas coisas, pessoas, ideias ou fenômenos. É uma tendência a se comportar de forma constante e perseverante diante de certos eventos, situações, objetos ou pessoas, como resultado da avaliação feita por cada um dos fenômenos que a afetam. É também uma maneira de reagir ou de situar-se contra os fatos, objetos, circunstâncias e opiniões percebidas. Por esta razão, as atitudes, desde o ponto de vista da sociologia, se manifestam em um sentido positivo, negativo ou neutro, de acordo com o resultado da atração, rejeição ou indiferença que os eventos produzem no indivíduo. A atitude é condicionada pelos valores que cada um possui e pode mudar à medida que tais valores evoluem em sua mente. Mas, afinal, o que seria valores? BORDIEU (1993), vai destacar que valores e: a qualidade dos fatos, objetos e opiniões que os tornam susceptíveis de serem apreciados. Os valores mudam de acordo com os tempos, necessidades, modas e apreciações culturais. Eles têm um caráter subjetivo, no entanto, eles são materializados nas pessoas de forma relativa, porque as pessoas percebem os valores de maneiras diferentes. (BORDIEU, 1993, p. 56). Os valores afetam as pessoas, criando certos tipos de comportamentos e orientando a cultura em relação a certas características. Eles originam atitudes e se refletem nas normas. Mas, o que seriam as normas? BORDIEU (1993), também destaca que: Elas são definidas como padrões de comportamento aceitos pelos membros de um grupo social. Estas são expectativas compartilhadas que especificam o comportamento que é considerado adequado ou inadequado em diferentes situações. (BORDIEU, 1993, p. 57). Quanto aos conteúdos de atitude, estes constituem valores, normas, crenças e atitudes favoráveis ao equilíbrio pessoal e à coexistência social. Como pode ser apreciado, a atitude é considerada como uma propriedade individual que define o comportamento humano e está diretamente relacionada ao ser, estão relacionados à aquisição de conhecimento e experiências que apresentam modelos dos quais os alunos podem refletir. A mudança de atitudes aparecerá gradualmente em termos de conteúdo, experiências significativas e a presença de recursos didáticos e humanos que favorecem o desenvolvimento de novos conceitos. AZEVEDO (1956) É importante enfatizar que os três tipos de conteúdo têm o mesmo grau de importância e devem ser abordados na ação de ensino de forma integrada. Os conceitos estão intimamente relacionados às atitudes e vice-versa. Um conceito pode ser aprendido de maneiras muito diferentes, dependendo das atitudes com que se relacionam. Os conceitos a serem adquiridos precisam de um procedimento. Os procedimentos facilitam a aprendizagem dos conceitos e favorecem o desenvolvimento de atitudes. As atitudes, por sua vez, facilitam a seleção dos procedimentos apropriados. BORDIEU (2003). Sendo assim, em ambos os estudos de conteúdos, valores e normas, a relação entre a educação e a sociologia são muito estreitos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O processo educacional não se desenvolve isoladamente, é um fenômeno social que envolve educadores e estudantes, dentro de um contexto histórico e sociocultural específico. Desse modo vimos que a sociologia, que trata do conhecimento da sociedade, pode fornecer uma ferramenta valiosa para entender certos fatos que favorecem ou dificultam a aprendizagem escolar e a tarefa de ensino: problemas comportamentais, violência escolar, apatia, desinteresse na aprendizagem, discriminação, deserção escolar, etc., aplicando uma análise macrossociológica, ao estudo micro sociológico da realidade da sala de aula. Todos conhecemos a influência da sociedade sobre o indivíduo, neste caso educadores e estudantes, mas a Sociologia estuda este campo de maneira sistemática, explicando a realidade e prevendo eventos. Sendo assim, a Sociologia da Educação estuda a instituição escolar em sua estrutura e como uma dinâmica em si mesma, e relacionada a outras instituições, como a família, o Estado, os clubes e outras situações e eventos. A escola é um reflexo do que é vivido fora dela. As crianças trazem aos conflitos familiares da escola, aqueles que têm com seus vizinhos, que são muitas vezes seus colegas de classe; os problemas econômicos (se seus pais não têm trabalho ou recebem pouco), as mensagens violentas que eles observam na rua, em sua própria casa, ou que lhes transmitem os meios de comunicação ou os videogames. Sendo assim, educar no século 21 não é uma tarefa fácil, e isso é devido à mudança social que ocorreu nas últimas décadas. Grande número de imigrantes, exige incorporar no currículo a questão da aceitação de parceiros estrangeiros e sua integração. Além disso, a violência social merece um tratamento do diálogo como mecanismo de resolução de conflitos; As mensagens que os meios de comunicação transmitem exigem um debate crítico e a sociedade democrática precisa disso, desde a educação, o diálogo, a cooperação, a escuta ativa e a opinião informada, razão pela qual é tão importante uma disciplina específica para auxílio, qual seja, a sociologia da educação. A educação como embasamento para uma sociedade democrática Professor: Sílvia Cristina da Silva Disciplina: Educação, Sociedade, Trabalho e Integração Social – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 02 Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial Este segundo módulo é voltado para o aprendizado da educação como embasamento para uma sociedade democrática. Nossa jornada percorrerá sobre a educação e democracia, onde apontaremos o feedback necessário entre educação e democracia. Também estudaremos a questão do olhar para o horizonte a partir das novas realidades que estão surgindo bem como as novas dinâmicas e abordagens da educação. Por fim, tratemos em si da educação para a democracia. Diante do proposto, dediquemo-nos com entusiasmo aos estudos! Sucesso! INTRODUÇÃO A Educação Democrática é um ideal educacional no qual a democracia é um objetivo e um método de instrução. Ela traz valores democráticos à educação e pode incluir autodeterminação dentro de uma comunidade de iguais, bem como valores como justiça, respeito e confiança. A história da educação democrática abrange desde pelo menos os 1600. Embora esteja associada a vários indivíduos, não houve uma figura, estabelecimento ou nação central que defendesse a educação democrática. Além disso, a educaçãopara a democracia resgata o ser humano com suas possibilidades como interlocutor válido, com o reconhecimento do outro, como interlocutor que é capaz de construir, discernir, com o qual é capaz de ter diferenças, com as quais é capaz de alcançar acordos, ou seja, o embasamento da educação democrática é um processo de construção, é um processo constante de trabalho e ação dentro e para a vida, com base no diálogo. Logo, a educação para a democracia nos dá elementos que nos permitem crescer individualmente e coletivamente, pois individualmente nós crescemos, se crescermos coletivamente. Está deve ser a partir de uma identidade subjetiva e relacionamento com os outros, de modo que nos deixa construir um coletivo, caso em que o diálogo e a convivência permitem essa relação, embasados na educação democrática. EDUCAÇÃO E DEMOCRACIA Os termos "educação" e "democracia" revelam realidades substantivas para a construção de nossas sociedades, para a nossa sobrevivência como humanidade e para tornar possível a boa vida, a qualidade de vida. Do mesmo jeito, são complexos, termos polissêmicos que dizem respeito a situações multidimensionais. Eles representam tanto as realidades quanto os desejos; diagnósticos e expressão de utopias. Não em vão foram escritos e continuarão escrevendo tratados, estudos, declarações e proclamações em torno deles. FREIRE (1982). Tendo em conta que, é bom tentar definir a situação e a perspectiva a partir da qual abordamos para falar sobre educação e democracia em cada ocasião, neste contexto, FREIRE (1982), destaca: “quero referir-me a ambos os termos da minha experiência como educador comprometido com a educação popular. Por esta razão, minhas reflexões, embora sejam alimentadas por múltiplas leituras e análises conceituais, desejo enfatizar, nesta ocasião, algumas ideias que descobrimos no debate sobre nossas práticas políticas e sociais e na análise contínua da realidade que nos desafiou, tendo a educação como embasamento para a educação.” (FREIRE, 1982, p. 3). Para ele, é necessário enfatizar que “os significados das palavras democracia e educação coloca-se em algumas linhas de ação que se tenta construir e que provocam debates contínuos, no esforço para tornar o direito à educação de todos e a todos e construir a cidadania como uma realidade ativa e crítica. FREIRE (1982). Por democracia, entende-se como um sistema de governo e um modo de vida. Como uma forma de governo, a definição mais simples foi dada por Aristóteles: é o governo dos muitos e, como muitos de nós concordamos, não é fácil, Rousseau estava convencido de que a democracia é um regime que se adapta muito bem aos deuses, mas não os seres humanos. PARO (2001). Mas o fato é que hoje a convicção foi construída em grande parte do mundo de que o melhor sistema possível - sempre imperfeito e perfeitamente – foi feito para regular a nossa convivência e para definir as grandes decisões nacionais e mundiais, ou seja, o democrático, isto é, o governo de muitos. Não é o governo de um que caracteriza a monarquia ou o governo de alguns iluminados ou poderosos que caracterizariam o regime aristocrático ou oligárquico. PARO (2001). Em nossas sociedades densamente povoadas, multiculturais e multiétnicas, em que defendemos o direito à diversidade, afirmamos que a melhor coisa é a democracia: a forma de governo que funciona através de representantes do povo, escolhida entre várias ofertas elaboradas pelo país. Por diferentes partes, para tomar as melhores decisões possíveis, com uma alta participação dos cidadãos, através da deliberação, do debate e da construção de consenso, orientados a cultivar leis e instituições para regular e encorajar a nossa convivência com um sentido de solidariedade, desenvolver nossa economia com um senso de justiça e estimular a luta política com um sentido pacífico e pacifista. MANNHEIM (1972. Ele segue dizendo que: “As inovações se produzem, em sua maior parte, mediante a livre integração de tipos que se afastam da norma e que permanecem como opositores insignificantes fora da estrutura social estabelecida, mas contribuem amiúde com novas ideias e soluções possíveis em situações de crise no processo da transformação social.” (Mannheim, 1972, p. 248) Por democracia, entende-se como um sistema de governo e um modo de vida. Como uma forma de governo, a definição mais simples foi dada por Aristóteles: é o governo dos muitos. A democracia é uma questão, então, de instituições e leis, construção coletiva do espaço público e construção da cidadania. É uma forma constitucional, senão vejamos: Art. 1o A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui- se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania II - a cidadania III - a dignidade da pessoa humana IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa V - o pluralismo político Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. (CONSTITUIÇÃO FEDERATIVA DO BRASIL, 1988) Como forma de vida, a democracia nos remete ao desenvolvimento de nossa capacidade de diálogo, cultivo através da diversidade e da vontade de aprender de outros que são sempre, em maior ou menor grau, diferentes; a nosso gosto pela ética, isto é, aprender a provar os valores, a nossa capacidade de resolver de forma pacífica e construtiva os conflitos constitutivos do nosso ser humano. Em suma, ao desenvolvimento da nossa responsabilidade social no exercício da nossa liberdade. Referindo-se agora à educação, LIBÂNEO (2000) se refere aos processos de aprendizagem, isto é, à construção de conhecimento, ideias, significados, afeições, habilidades, valores, sobre o relacionamento com os outros, sobre o relacionamento com a natureza, sobre o relacionamento consigo e sobre o relacionamento com o transcendente. Para ele, em se tratando de democracia na educação, está construção implica práticas de transmissão, assimilação, apropriação e auto geração desses conhecimentos, capacidades, afeições e valores. Necessariamente, esses processos de aprendizagem exigem uma relação entre educadores e aprendentes, entre aqueles que dominam - experiência acumulada de certo conhecimento e aqueles que querem ou precisam aprender; mas uma vez que é uma relação entre as pessoas, é gerada uma troca de conhecimento orientada didática. Na sequência da síntese preparada pela Comissão Internacional presidida por Jacques Delors para a UNESCO em 1995, a educação, como prática social, baseia-se em quatro pilares: a) Aprender a aprender que envolve o desenvolvimento de habilidades cognitivas para análise, síntese e construção de hipóteses e rotas de conhecimento. b) Aprender a fazer que tem a ver com o desenvolvimento de habilidades técnicas, tecnológicas, artesanais, artísticas e científicas. c) Aprender a ser o que se refere ao desenvolvimento de valores e ao gosto pela ética, ao desenvolvimento de convicções e à superação de todas as formas de fundamentalismo. d) Aprender a coexistir que exige o desenvolvimento de nossas habilidades de diálogo, trabalho em grupos, construção de consenso e resolução pacífica de conflitos. Seguindo nossa tradição mais latino-americana em torno da educação popular, a educação, como foi dita, é a prática da liberdade e da responsabilidade, é o treinamento para atividades sociais e políticas a favor da solidariedade e da justiça. A democracia é uma questão, então, de instituições e leis, construção coletiva do espaço público e construção da cidadania. O FEEDBACK NECESSÁRIO ENTRE EDUCAÇÃO E DEMOCRACIA Se ficarmoscom essas referências conceituais sobre democracia e educação, podemos agora nos perguntar sobre a relação entre elas e quase logicamente, podemos dizer que existe uma relação "natural" entre ambas; que ambas são possíveis e o feedback sobre o seu potencial e qualidade existe, ou seja, uma boa educação pode contribuir para garantir uma boa democracia e uma boa democracia pode contribuir para garantir uma boa educação. A educação deve nos preparar para o exercício da democracia, nos preparar para ajudar a fortalecer e recriar nossas instituições e leis, para construir significados e referências de participação e convivência no espaço público e construir nossa cidadania crítica e ativa. A democracia deve garantir- nos o direito de gozar dos nossos direitos humanos, incluindo o direito à educação. LIBÂNEO (2000). 3.1 Tocando nossa realidade Vamos agora dar uma olhada e pensar nos nossos países, para a nossa América Latina para confirmar novamente o drama da nossa realidade, a ambivalência e a ambiguidade de nossas histórias, a distância de nossas aspirações, a fragilidade de nossas democracias e a deterioração dos nossos sistemas educacionais, a resistência e a busca de alternativas de nossas sociedades. Se nos atermos nos indicadores que tornam a democracia visível, é claro que, em nossos países, as eleições não são totalmente gratuitas, que os partidos políticos, a maioria estão distantes dos gritos dos cidadãos, que na competição eleitoral brilham através da ausência das propostas da nação, que estão presos à lógica do marketing e da venda do produto-candidato, que muitos dos nossos representantes tornam-se famosos por incapazes, por corruptos, por frívolos. PARO (2001). Desse modo, isso priva a apatia e desconfiança da política; que milhões de pessoas estão mais preocupadas com a sobrevivência do que com o exercício da sua cidadania; que as políticas nacionais e as grandes decisões são tomadas pela pressão de elites ou grupos de poder econômico; que nossas instituições estão corroídas pela influência do crime organizado; que nossas leis são de adorno, que a economia está contra os direitos mais básicos do povo, que os conflitos e a violência se multiplicam. Em suma, que nossas chances de coexistência, participação e capacidade de governar se deterioram. Se olharmos para a educação agora, vemos, entre outras coisas, o abismo das condições de aprendizagem entre as escolas para os pobres e as escolas para os ricos, a precariedade do trabalho e o papel dos professores, a distância entre escolas e as comunidades em que estão localizadas, a ausência de diálogo e a afirmação do autoritarismo entre gerentes, professores e estudantes; a predominância da mídia como socializadores e construtores de significados no espaço público, a perda de direção em planos e políticas educacionais, a exclusão de milhões de pessoas do direito à educação. Vejamos o que diz NÓVOA (2009): “Um dos grandes perigos dos tempos atuais é uma escola a “duas velocidades”: por um lado, uma escola concebida essencialmente como um centro de acolhimento social, para os pobres, com uma forte retórica da cidadania e da participação. Por outro lado, uma escola claramente centrada na aprendizagem e nas tecnologias, destinada a formar os filhos dos ricos.” (NÓVOA, 2009, p. 64) A educação deve nos preparar para o exercício da democracia, nos preparar para ajudar a fortalecer e recriar nossas instituições e leis, para construir significados e referências de participação e convivência no espaço público. Logo, um perigo iminente e atual que assola a educação não só a nível de brasil, mas num contexto geral. UM OLHAR PARA O HORIZONTE A PARTIR DAS NOVAS REALIDADES QUE ESTÃO SURGINDO Em meio a essas realidades que marcam a maioria dos nossos países, estão sendo construídas alternativas, caminhos para a justiça, a equidade e a democracia, de diferentes áreas: dos processos locais, dos governos, organizações da sociedade civil, de movimentos de natureza global, de agências de cooperação internacional. Nossas aspirações para um mundo melhor, nossa convicção de que outro mundo é possível é alimentada por pensamentos, situações e práticas inovadoras que já são uma realidade, processos que estão e são chamados a ser, experiências que, da resistência e da incidência, estão conformando as realidades democráticas e as realidades educacionais com uma sensação de emancipação humana, social e política. NÓVOA (2009) “Um dos grandes perigos dos tempos atuais é uma escola a “duas velocidades”: por um lado, uma escola concebida essencialmente como um centro de acolhimento social, para os pobres, com uma forte retórica da cidadania e da participação. Por outro lado, uma escola claramente centrada na aprendizagem e nas tecnologias, destinada a formar os filhos dos ricos.” (NÓVOA, 2009, p. 64) A partir desta observação, gostaria agora de citar algumas das dinâmicas que estão sendo construídas para recriar a institucionalidade democrática. Algumas dessas dinâmicas foram construídas há vários anos, mas é verdade que elas continuamente exigem novas análises e avaliações para continuar orientando nossas práticas. Estão orientadas segundo os estudos de ORSO (2007), vejamos: 1 - Como nunca antes, estamos pensando no Estado, tentando recuperar o sentido do bem público, do Estado de Direito e da Justiça, tentando apropriar as nossas instituições governamentais, repensar a administração da justiça, participar ativamente da elaboração de leis, para ativar o relacionamento com nossos Congressos. Estamos pensando em projetos nacionais. 2 - Com força especial, enfatizamos a dimensão subjetiva e cultural da democracia e estamos tentando resignificar espaços públicos para fortalecer a cultura de convivência, participação e cultivo de diversidade. 3 - Identificar as dimensões mais íntimas da subordinação e da discriminação social: a subordinação do gênero, a geração que coloca os jovens sempre como suspeitos, a subordinação que marginaliza aqueles que não possuem certas capacidades físicas, a etnia que se segue desprezando os povos indígenas e afro-americanos, a subordinação por razões de diversidade sexual, para mencionar alguns contra os quais surgiram movimentos sociais que estão mudando, para sempre, nossas relações sociais. Não é em vão contra muitos desses movimentos contra os quais os autoritarismos de sempre se elevam. 4 - Como produto de muitos desses movimentos sociais, estamos afirmando, como nunca antes, o protagonismo da sociedade civil e da cidadania como aspectos substantivos da qualidade de nossas democracias. 5 - Estamos começando a entender que devemos continuar a construir movimentos, mas que também é essencial construir e reconstruir nossas instituições. 6 - Começamos a estar conscientes da relevância da mídia como meio de socialização e da importância de monitorar suas ações, tentar influenciar seus conteúdos e, por que não, gerar meios de comunicação da sociedade civil. 7 - Como nunca afirmamos a centralidade dos direitos humanos em sua integralidade e indivisibilidade e como nunca buscamos mecanismos de exequibilidade e justiciabilidade de direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais. 8 - Estamos sendo especialmente sensíveis à necessidade de democratizar a democracia, democratizar a globalização, democratizar a ação das corporações transnacionais, democratizar o sistema das Nações Unidas. Progressivamente, a necessidade de pensar e construir uma cidadania interamericana e global está sendo afirmada. 9 - Um aspecto que consideramos hoje central tem a ver com todas as instituições e atores públicos responsáveis, que damos motivos para o que fazemos, por queo fazemos e como usamos os recursos disponíveis. A transparência seria assim, o melhor antídoto contra a corrupção. Como nunca antes, estamos pensando no Estado, tentando recuperar o sentido do bem público, do Estado de Direito e da Justiça, tentando apropriar as nossas instituições governamentais, repensar a administração da justiça, participar ativamente da elaboração de leis, para ativar o relacionamento com nossos Congressos. Estamos pensando em projetos nacionais. 10 - Eu acredito que nossas histórias nos ajudaram, pouco a pouco, a entender a ineficácia da violência como meio de mudar a realidade e, portanto, atraímos, com força crescente, o potencial de diálogo e negociação, a possibilidade de construção, o consenso e a necessidade de mecanismos para superar as lógicas militaristas na construção de nossas sociedades. 11 - Como nunca percebemos a importância de recriar partidos políticos. Se a democracia os exige, precisamos levar a sério o debate sobre a crise das partes e sobre a importância de recriar sua função de movimentos cidadãos participativos e democráticos. Logo, ORSO (2007), nos dá aparato conceitual e prático para a defesa da educação frente a um democracia social. NOVAS DINÂMICAS E ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO A luta para melhorar a qualidade de nossas democracias também alimentou o debate educacional. Gostaria também de mencionar algumas dinâmicas que estão sendo construídas a este respeito, por sua vez, de acordo aos entendimentos de PARO (2001): Como produto de muitos desses movimentos sociais, estamos afirmando, como nunca antes, o protagonismo da sociedade civil e da cidadania como aspectos substantivos da qualidade de nossas democracias. 1 - Estamos tentando sistematizar grande parte da acumulação educacional e pedagógica gerada em nossas sociedades para favorecer a participação e a construção da cidadania. 2 - De forma especial, estamos tentando influenciar as políticas educacionais, para recuperar a escola como espaço de treinamento para a democracia, para ativar a participação de estudantes, mães e pais, professores. Se o sistema educacional é o principal mecanismo que, como sociedade que damos para educar, para socializar crianças, jovens e adultos, temos de olhar para os sistemas educacionais, sua democratização e sua qualidade. Charlot (2005) destaca que: “A mundialização-solidariedade implica uma escola que faça funcionar, ao mesmo tempo, os dois princípios, o da diferença cultural e o da identidade dos sujeitos enquanto seres humanos, ou seja, os princí- pios do direito à diferença e do direito à semelhança. [...] A diferença só é um direito se for afirmada com base na similitude, na universalidade do ser humano. (CHARLOT, 2005, p. 136) 3 - A consciência de que a educação deve superar a perspectiva da escolaridade e estar ao serviço dos processos de aprendizagem, da construção pessoal e coletiva da cidadania, isto é, da identidade, do senso de pertença e da comunidade. “cada pessoa – criança, jovem ou adulto – deverá aproveitar as oportunidades educativas destinadas a satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem” (WCEFA, 1990) 4 - A importância de rever o contínuo educacional do sistema escolar; para superar a fragmentação dos vários níveis (ensino pré-escolar, ensino primário, secundário, superior, educação "superior") e repensar o conjunto de perfis educacionais que nossas sociedades exigem. 5 - Nesse sentido, a ideia de "aprendizagem ao longo da vida" também nos ajuda a afirmar o direito à educação, entender que a construção de conhecimentos e habilidades para a vida tem o sistema educacional como um centro, mas não termina nele e a importância de criar fluxos maiores entre práticas educativas dentro e fora do sistema formal. 6 - A ideia de aprender comunidades é especialmente frutífera, nos remete para a necessidade de ativar, em qualquer espaço educacional, a participação dos diferentes atores e a construção de processos dialógicos e de investigação para a construção da aprendizagem. 7 - Mas se quisermos influenciar, precisamos treinar mais e fortalecer nossa capacidade de organização e diálogo. Portanto, estamos promovendo coalizões nacionais e internacionais a favor da educação. Através de campanhas, a afirmação do direito à educação, a condução de debates, fóruns, pressão cidadã, estamos tentando influenciar a qualidade das políticas educacionais. Iniciativas como o Fórum Mundial de Educação, a Campanha Global de Educação, a coalizão para uma Campanha Regional, os fóruns nacionais da sociedade civil, os compromissos sociais a favor da educação são exemplos deste dinamismo social para a defesa pública. Vale destacar que nossa América Latina está passando por um momento de fragilidade democrática, desencanto social e grande incerteza sobre o futuro. É verdade que vivemos em um mundo marcado pelo poder militar e econômico de um país e que hoje esse país é governado por um pequeno grupo de pessoas ignorantes, pensamento fundamentalista e extremamente perigosos. “cada pessoa – criança, jovem ou adulto – deverá aproveitar as oportunidades educativas destinadas a satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem” (WCEFA, 1990) É verdade que os conflitos e as guerras se multiplicam. Mas também é verdade que estamos desenvolvendo novas realidades, que há consenso de que a pobreza e a exclusão social são a grande vergonha do nosso mundo "moderno", que continuamos a acreditar na nossa capacidade de humanidade para nos recriar, que é possível que a educação e a política possam restaurar seu valor para a dignidade humana, podendo ativar a responsabilidade social e democratizar nossas democracias. EDUCAÇÃO PARA A DEMOCRACIA Neste tópico destaca que ambas resgatam o ser humano com o seu potencial como um interlocutor válido, reconhecendo o outro como interlocutor que é capaz de construir, de discernir, com a qual ele é capaz de ter diferenças, com a qual ele é capaz de obter acordos. A educação democrática é um processo de construção, é um processo constante de trabalho e ação e vida baseada no diálogo. Educação para a democracia nos dá elementos que nos permitam crescer individualmente e coletivamente, pois individualmente nós crescemos, se crescermos coletivamente. Esta deve ser a partir de uma identidade subjetiva e relacionamento com os outros, de modo que deixa construir um coletivo, caso em que o diálogo e a convivência que permitem essa relação. Nesse sentido, a pedagogia democrática deve reconhecer que na sociedade existem vários tipos de conhecimento. Alguns conhecimentos teóricos expressa na linguagem de pesquisadores e um conhecimento dos líderes de organizações sociais que vêm de sua própria experiência, suas vidas diárias e sua passagem por escolas. Este conhecimento deve ser relacionado em um ambiente educacional de diálogo. De acordo com BOBBIO (1994): “É inegável que historicamente ‘democracia’ teve dois significados prevalecentes, ao menos na origem, conforme se ponha em maior evidência o conjunto das regras cuja observância é necessária para que o poder político seja efetivamente distribuído entre a maior parte dos cidadãos, as assim chamadas regras do jogo, ou o ideal em que um governo democrático deveria se inspirar, que é o da igualdade. À base dessa distinção costuma-se distinguir a democracia formal da substancial, ou, através de uma outra conhecida formulação, a democracia como governo do povo da democracia como governo para o povo.” (BOBBIO, 1994, p.37-38) Este é precisamente o postulado em que as experiências da Liderança Democrática das Escolas se desenvolvem. Daí muitas perguntas sobre os dispositivos pedagógicos que permitem queo diálogo e perguntas para além do que se abre é um enorme campo de experimentação no campo da pedagogia e didática. Assim, este problema não se refere apenas conteúdo, mas, refere-se a toda a verdade educacional. Esta experiência deve envolver professores, alunos, do contexto, conteúdo, métodos (pedagogia e didática), porque a prática educativa é uma totalidade. BOBBIO (1994). No entanto, é também claro, por esta experiência, que a crise da educação alternativa proposta, bem como a autoeducação no país assume que a experiência em si pode estar em uma relação de diálogo crítico com experiências educacionais formais e geralmente outras práticas educacionais. O diálogo como sugerido por Freire "como uma relação horizontal que resulta de uma atividade crítica que gera críticas, com base em uma série de valores humanos com termos tradicionais, Freire chama amor, humildade, esperança, fé e confiança, o diálogo é, portanto, comunicação e se opõe a característica antidiálogo da formação histórico-cultural, assim ele diz, “precisamos de uma pedagogia da comunicação para superar o desgosto de antidiálogo acriticamente.” FREIRE (1982). Freire segue aduzindo que este diálogo visa romper com um tipo de educação, dominante em nosso meio, onde alguns são aqueles que sabem e os outros estão aprendendo, nunca foi dada uma relação diferente, uma relação horizontal, onde o professor dá, mas o aluno também tem elementos para contribuir, ele não vem vazio, ele tem alguns conceitos que deu a prática, a experiência, a vida cotidiana. Precisamente o que resgata o diálogo é que o aluno tenha algum conhecimento e que este conhecimento deve servir e deve ser integrado no processo educacional. A partir da relação horizontal colocada por Freire "os alunos e professores partem de uma relação dialógica." Desse modo, essa junção numa educação onde se tem por base a democracia deve ser levada em consideração quando da aplicação teórica bem como prática. A educação democrática é um processo de construção, é um processo constante de trabalho e ação e vida baseada no diálogo CONSIDERAÇÕES FINAIS Como pudemos perceber no texto, citamos que Maquiavel escreveu: "Não podemos considerar isso em uma república em que muitas virtudes brilhem, a desordem reina, pois bons exemplos são o resultado de uma boa educação e uma boa educação é o resultado de boas leis que, por sua vez, provêm desse tipo de agitação que muitas vezes foi condenado por muitas pessoas ". O fato de Maquiavel ter ou não razão ao se referir a Roma, naqueles termos, pode ser discutível, por isso é verdade que o argumento dele exprime e destaca uma verdade importante sobre a educação democrática: as boas leis que são o resultado da agitação, a política pacífica de qualquer democracia, são a fonte de uma boa educação e uma boa educação, por sua vez, cria bons cidadãos. Sabemos, é claro, que a turbulência política nem sempre produz boas leis. E em qualquer democracia que não seja imaginária, sempre será o caso de algumas das suas leis sobre a educação não serem boas, como os estatutos discriminatórios e segregacionistas que ainda governavam este país na década de 1950, o que ensinava crianças a lição errada sobre a cidadania democrática, como vimos no presente estudo. As leis que violam os princípios da não discriminação ou da repressão devem ser abolidas para o bem-estar da própria democracia. Mas mesmo as leis que se enquadram nos limites legítimos da autoridade democrática podem falhar, mesmo que eles instituam práticas que não educam as crianças sobre os direitos e responsabilidades que devem cumprir como cidadãos. É inevitável que haja algumas falhas desse tipo em nossas leis, uma vez que o ideal democrático disponível para os cidadãos, e para o qual aspiramos, requer muito no campo da educação. Ao final deste módulo, queremos incentivá-lo a permanecer na busca constante por conhecimento e informação! O trabalho nas práticas educacionais Professor : Sílvia Cristina da Silva Disciplina: Educação, Sociedade, Trabalho e Integração Social – Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 03 Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial Este terceiro módulo é voltado para o aprendizado do trabalho nas práticas educacionais. Nosso objetivo é que você, através deste estudo conheça um pouco mais da teoria, mas seja capaz de perceber sua aplicação na prática. Desse modo, então, percorreremos sobre a questão da relação escola- sociedade e a prática docente bem como abordaremos a respeito da atualização de abordagens críticas na educação Por outro lado, veremos a questão dos desafios na particularidade do ensino em contextos de confinamento e traremos à tona os paradigmas em tensão. Diante do proposto, dediquemo-nos com entusiasmo aos estudos! Sucesso! INTRODUÇÃO Pensar na prática de ensino no início do século XXI é um desafio. Se essa prática de ensino é desenvolvida em contextos de confinamento, esse desafio é ainda mais complexo. E se nesses espaços é possível constituir um ambiente educacional, estamos diante de uma vitória que espera, porque é um direito inalienável, alcançar todos os estabelecimentos. Refletir sobre esses desafios é nosso papel como educadores, nesses espaços com tarefas inevitáveis. É centralmente neste último ponto em que este módulo tentará contribuir com perguntas e reflexões sobre alguns problemas relacionados à prática docente. De uma perspectiva que apoie a obrigação do Estado de proporcionar educação a toda a população e o direito de cada um para recebê-la, também reconhecendo a necessidade de treinamento rigoroso de educadores para enfrentar os problemas da prática diária e analisar o contexto geral em que seu trabalho está inserido. Por um lado, estamos interessados em refletir sobre nossas concepções sobre educação, as características da prática educacional e, ligadas a ela, o lugar dos educadores. Refletindo sobre as possibilidades e os limites da nossa intervenção nos dá elementos para construir coletivamente estradas no processo de democratização das áreas em que atuamos, criando novos e melhores espaços de ação - institucionais e grupais - que favorecem processos de fortalecimento a confiança no aprendizado de cada assunto. Este módulo busca contribuir para a elaboração e fundamento de discursos e práticas educativas que servem para a construção de formas de trabalho democráticas e democratizadoras, com o objetivo de colaborar na realização do direito à educação para toda a população, independentemente dos lugares onde estão a população está localizada. Isso depende de múltiplos aspectos e variáveis; e torna-se necessário abordar a ação educacional a partir do espaço institucional e de sala de aula. Este módulo é destinado a educadores que, dia a dia, criam realidade, que possuem uma riqueza de experiências, conhecimento diário sobre o mundo e conhecimento teórico sobre sua especialidade; então o caminho proposto procura avançar em algumas questões que, direta ou indiretamente, afetam o que é feito diariamente na escola. O acesso ao conhecimento teórico é uma prioridade, uma vez que entendemos, de acordo com BOLSONI-SILVA (2006): "a atividade teórica como elemento central [...] para entender os processos culturais e sociais em que a escola está envolvida e também como ferramenta de intervenção política e social". (BOLSONI-SILVA, 2006, p. 461) Então, como professores, é importante que pensemos sobre como esse conhecimento nos desafia e nos faz fazer novasperguntas, permitindo-nos fazer escolhas informadas. 2 A RELAÇÃO ESCOLA-SOCIEDADE E A PRÁTICA DOCENTE Pensar na prática docente exige que revisemos nossas concepções sobre escola, educação, conhecimento e nosso lugar como educadores nesta sociedade. Em oposição a estas questões, há mais de uma posição, entendemos relevantes para fazer uma visita a essas abordagens, que também se referem a pontos de vista sobre como entendemos a sociedade e suas características, o Estado e suas políticas, a instituição escolar e suas funções, conhecimento escolar e o lugar dos educadores. Na jornada histórica, podemos identificar posições diferentes sobre a função dada à escola. Muitas continuam no presente e constituem nossas visões sobre escola, educação, o Estado. LIBÂNEO (2006). “A tarefa principal do professor é garantir a unidade didática entre ensino e aprendizagem, através do processo de ensino. Ensino e aprendizagem são duas facetas de um mesmo processo. O professor planeja, dirige e controla o processo de ensino, tendo em vista estimular e suscitar a atividade própria dos alunos para a aprendizagem.[...] A condução do processo de ensino requer uma atividade clara e segura do processo de aprendizagem: em que consiste, como as pessoas aprendem, quais as condições externas e internas que o influenciam”. (LIBÂNEO, 2006, p. 81). Sustentar alguns e não outros têm um efeito sobre as práticas que realizamos diariamente, uma vez que essas representações orientam nossos comportamentos, nossas avaliações e expectativas. A escola é uma instituição criada pelo Estado que podemos entender de diferentes maneiras, de acordo com RAYS (2000): - Como instituição para capacitar o cidadão, qualificar a força de trabalho e promover o progresso, o desenvolvimento. - Como um dispositivo para homogeneizar culturalmente (e reprimir a diversidade de culturas), disciplinar a população, reproduzir a estrutura social desigual e legitimar (tornar tolerável e até mesmo necessário) a ordem desigual existente; "a atividade teórica como elemento central [...] para entender os processos culturais e sociais em que a escola está envolvida e também como ferramenta de intervenção política e social". (BOLSONI-SILVA, 2006, p. 461) - Como um espaço contraditório, condicionado pela estrutura econômica e social, em que diferentes posições, perspectivas, interesses, práticas e discursos coexistem, de forma conflitante, que tendem, por um lado, a consolidar a ordem existente ou, ao contrário, a desafiá-la e transformá-la. Cada uma dessas abordagens tem consequências político-pedagógicas específicas. Conhecê-las nos permitirá aderir conscientemente a um delas, o que orientará a prática de ensino e alcançará a coerência entre nossos discursos e nossa atuação. VEIGA (2001). De acordo com diferentes autores VEIGA (2001), RAYS (2000) e LIBÂNEO (2006), no campo da sociologia da educação podemos falar de sociologia dominante e crítica ou sociologia de ordem e dos conflitos, onde formas diferentes e opostas de conceber a relação entre educação e sociedade são expressas. Identificamos como uma perspectiva de ordem ou dominante que mantém uma visão do Estado como representativa da vontade geral, que preserva a vida e a propriedade da população e garante a igualdade de direitos para todos. Uma visão da sociedade moderna como moderna, industrial, racional e democrática. A escola aqui é apresentada como uma instituição democrática e democratizadora, aberta a todos e que garante oportunidades educacionais iguais. Nesta perspectiva, apesar das diferenças socioeconômicas de origem dos alunos, o espaço escolar garante oportunidades iguais. Desta forma, embora houvesse heterogeneidade nos pontos de partida dos alunos, é possível alcançar a "homogeneidade na chegada". A rota escolástica de cada um, seus sucessos e fracassos, seriam sujeitas apenas ao mérito individual. Nesta perspectiva, o sistema educacional atribui os sujeitos “A tarefa principal do professor é garantir a unidade didática entre ensino e aprendizagem, através do processo de ensino. Ensino e aprendizagem são duas facetas de um mesmo processo.” aos diferentes empregos, avaliando e selecionando de forma neutra as capacidades e aptidões demonstradas por cada indivíduo na jornada escolar. Embora várias linhas de pesquisa expressassem preocupação quanto à compreensão das causas do fracasso escolar, as análises enfatizam a responsabilidade do indivíduo ou de sua família ou o grupo cultural de referência, sem considerar o sistema educacional e a ordem social e econômica como causas. RIBAS (1999). Nesta perspectiva, embora se reconheça a existência de uma sociedade estratificada, esta organização é considerada necessária, pois expressa a divisão do trabalho inerente a sociedades cada vez mais complexas e, ao mesmo tempo, responde às diferenças de aptidões e capacidades naturais entre pessoas A partir dessa perspectiva teórica, a sociedade é uma sociedade aberta (não fechada em castas) e de acordo com RIBAS (1999): “e o sistema educacional é o instrumento através do qual a mobilidade social ascendente seria alcançada, isto é, a possibilidade de modificar - através da educação – o lugar das pessoas na sociedade.” (RIBAS, 1999, p. 32). Esta abordagem preocupa-se em superar os conflitos sociais que existem na sociedade e com a restituição da ordem alterada, retornando assim ao equilíbrio perdido para uma sociedade que se considera harmoniosa. Em relação aos países mais pobres, como os da América Latina, o conceito de subdesenvolvimento é incorporado para explicar as situações de "atraso" nas quais certas regiões do planeta vivem. Explicações são estabelecidas sobre as causas desta situação, centradas na baixa qualificação da força de trabalho da população, a presença maioritária de camponeses e indígenas e o baixo espírito empreendedor que geralmente prevalece nesses grupos. CANÁRIO (2006). Em relação ao currículo, esta abordagem sustenta que ele expressa o conhecimento universalmente válido, o conhecimento acumulado pela humanidade, o conhecimento científico corretamente selecionado e graduado de acordo com as características dos alunos. Geralmente critica a obsolescência de certos conteúdos em relação à demanda do mercado de trabalho e ao desajuste da escola em relação às exigências do mercado de trabalho. CANÁRIO (2006). A partir da leitura de clássicos positivistas como Durkheim (1858-1917) e de referentes do discurso do desenvolvimento, ou da teoria do capital humano, podemos aprofundar as proposições sobre a função social da educação. Desde o final dos anos cinquenta, os discursos político-econômicos destacaram as contribuições da educação para o desenvolvimento econômico da sociedade e, especialmente, do planejamento educacional enfatizaram a produção de recursos humanos qualificados com a disseminação da teoria do capital humano. O capital humano é constituído por ações desenvolvidas por diferentes áreas: saúde, segurança social, habitação, educação formal e habilidades adquiridas através de experiências de trabalho. O conceito de capital humano serve para explicar o "residual" que ocorre após o cálculo das contribuições de terra, mão-de-obra e capital físico no crescimento econômico. Os postulados centrais desta teoria estabelecem que as "despesas" feitas por sujeitos ou sociedades em serviços sociais de saúde ou educação são, na realidade, "investimentos" feitos pelos sujeitos considerando os benefícios a serem alcançados no futuro, fazendo uma analogia com a investimento em capital físico característico da economia do trabalho. Em relação aos países mais pobres, como os da América Latina, o conceito
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