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Gestão Financeira e Administração do Patrimônio Escolar SUMÁRIO Módulo 1 – EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO 1.1 Os direitos sociais e a educação no Brasil 1.2 Direito à educação: obrigatoriedade e gratuidade como princípios na Constituição Federal 1.3 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o planejamento do financiamento da educação. 1.4 O que são Planos de Educação? 1.4.1 O Plano Nacional de Educação 1.4.2 Os Planos Estaduais e Municipais de Educação 1.5 Considerações finais Módulo 2 – O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO 2.1 O que é financiamento? 2.2 A LDB e os recursos financeiros 2.2.1 Fontes de recursos 2.2.2 A vinculação de recursos 2.2.2.1 A manutenção e desenvolvimento do ensino 2.3 O padrão de qualidade: custo aluno necessário X custo aluno possível 2.4 Do FUNDEF ao FUNDEB: da dívida histórica à ampliação da obrigatoriedade do ensino 2.5 Considerações Finais Módulo 3 - AS RELAÇÕES PÚBLICO-PRIVADAS EM EDUCAÇÃO 3.1 O público e o privado nas sociedades modernas 3.2 Transferência de recursos públicos para a escola privada 3.3 As parcerias educacionais entre Estado e Organizações da Sociedade Civil 3.3.1 O terceiro setor e a educação 3.4 Considerações finais MÓDULO 4 – GESTÃO DO FINANCIAMENTO: PRINCÍPIOS, PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO 4.1 - Os cinco princípios orientadores da Administração Pública 4.2 - Orçamento Público 4.3 – Planejamento Orçamentário 4.4 – Os programas educacionais 4.4.1 – Programas federais de transferência de recursos para a escola 4.5 - Considerações finais EDUCAÇÃO COMO UM DIREITO HUMANO Daniela G. Alfredo Sene Gestão financeira e do patrimônio. Módulo 1 – A educação como um direito humano - Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 1 – A educação como um direito humano 1. Financiamento educacional 2. Gestão Pública 3. Políticas Públicas Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial Na disciplina “Gestão financeira e do patrimônio” discorreremos sobre a constituição da educação como um direito humano reconhecido universalmente e como o Brasil tem se organizado no campo das Políticas Públicas para a sua gratuidade nos diversos níveis e modalidades de ensino ao longo de sua história. Neste módulo veremos, dentre outros fatores, que a oferta de educação pública e gratuita, depende de planejamento estratégico, criação de mecanismos de captação, transferência e controle dos recursos financeiros, desenvolvimento de Fundos e Programas, bem como da atuação dos gestores educacionais em diferentes esferas, numa perspectiva democrática e participativa, considerando os princípios da administração pública. A partir desta breve introdução, iniciamos agora o módulo 1 da disciplina Gestão Financeira e do Patrimônio. A todos uma excelente jornada pela história do financiamento público e gestão dos recursos educacionais! 1.1. Os direitos sociais e a educação no Brasil A educação consta na legislação da maioria dos países como um direito humano fundamental. Esta ideia se remete à época de Revolução Francesa (1789) e está presente, mais recentemente, na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), firmada com diversos países após a Segunda Grande Guerra, da qual o Brasil é signatário. Segundo Graciano (2005, p.6), os direitos humanos compõem um coletivo de princípios aceitos universalmente, reconhecidos pela Constituição e garantidos juridicamente. Eles têm por objetivo assegurar a toda e qualquer pessoa o respeito à sua dignidade, independentemente da nacionalidade, etnia, opinião política, orientação sexual, religião. A educação é o primeiro direito social elencado pela Constituição Federal de 1988, seguida pela saúde, trabalho, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados (art. 6º, CF, 1988). O fato da educação aparecer em primeiro lugar, não é uma simples questão. Muitos teóricos consideram-na como uma condição essencial para se usufruir da cidadania. Assim, o direito à educação traduz-se em um direito de acesso ao patrimônio histórico, científico e cultural produzido pela humanidade. Declaração Universal dos Direitos Humanos Assinada pelo Brasil em 10 de dezembro de 1948. Para conhecer o texto na íntegra: http://www.direitoshumanos.u sp.br/index.php/Declara%C3 %A7%C3%A3o-Universal- dos-Direitos- Humanos/declaracao- universal-dos-direitos- humanos.html Acesso em 25/08/2017 http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/Declara%C3%A7%C3%A3o-Universal-dos-Direitos-Humanos/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.html Mas o que isto significa? A Constituição Brasileira de 1988 ao afirmar: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família” (art. 205), se compromete a oferece-la na esfera pública, ou seja, para além do âmbito da vida privada das famílias. Desta forma, precisa prover meios para sua efetivação gratuita e obrigatória. Estes meios referem-se, para além da vontade política, a um necessário investimento financeiro. Assim, a extensão da gratuidade e da obrigatoriedade pelos diversos níveis e modalidades da educação sofrerá variações ao longo das cartas constituintes, de acordo com os interesses governamentais, demandas da sociedade e regimes de governo mais autoritários ou democráticos, o que resultará em maior ou menor regulamentação da aplicação de recursos para tal política. Isto significa que este financiamento, ou seja, o investimento de recursos orçamentários pela união, estados e municípios, não ocorre de forma tranquila, sem tensões ou disputas. Daí a necessidade do estabelecimento de mecanismos legais que regulamentem as obrigações e compromissos dos governos, para que o previsto em lei se efetive. De acordo com Cury (2005, p.6 apud Brasil, 2006), o direito à educação reconhece que os saberes sistematizados ao longo dos anos pelo campo educacional, é mais do que uma herança cultural. Por meio do acesso à esta herança, o cidadão pode se “apossar de padrões cognitivos e formativos” que aumentam as possibilidades de participação e colaboração com o futuro da sociedade e sua transformação. A negação do direito à educação e do investimento de recursos públicos para tal fim produz um custo social e financeiro muito maior a um país. 1.2. Direito à educação: obrigatoriedade e gratuidade como princípios na Constituição Federal A partir do entendimento de que a educação é um dos direitos humanos fundamentais e do ineditismo da sua presença na Constituição Federal de 1988, como um direito social, é necessário discutirmos o lugar do financiamento da educação brasileira nas Constituições ao longo da nossa história, de 1824 a 1988. Mas, antes,vale relembramos que no período do Brasil Colônia, a educação ficou a cargo dos Jesuítas, até a expulsão dos mesmos em 1758, sem que houvesse, neste período, repasse de recursos públicos para a educação. Apenas em 1772, com a criação do “Subsídio literário”, imposto derivado da “venda de carne nos açougues e de cachaça nos alambiques” (BRASIL, 2006, p.23-24), que podemos identificar os primórdios da ideia de um repasse ou vinculação de receitas do Estado para o financiamento da educação pública. Destinava-se ao pagamento das “aulas régias”, que não se constituiu numa oferta de educação popular, restringindo-se às elites locais. Na tabela abaixo, podemos acompanhar nos fragmentos dos textos legais, a intervenção estatal na educação, garantindo gratuidade, obrigatoriedade, assistência, estabelecimento de diretrizes, planejamento e financiamento, com o surgimento, por exemplo, da vinculação de receitas advindas do recolhimento dos impostos para aplicação exclusiva na educação. Tabela 1 – A presença da obrigatoriedade, gratuidade e formas de financiamento da educação ao longo da trajetória constitucional brasileira: de 1824 a 1983. Ano Obrigatoriedade e/ou Gratuidade Financiamento CF 1824 Art. 179 “(...) 32) A instrução primária é gratuita a todos os cidadãos*” *No entanto, a maioria da população estava escravizada e, portanto, não eram considerados cidadãos. Não menciona aspectos de obrigatoriedade Com o Ato Adicional de 1834 e Constituições Estaduais, a Instrução elementar é de responsabilidade dos estados, prevendo a escolarização primária gratuita e obrigatória. Investimento resultante da cobrança de tributo correspondente ao atual ICMS, favorecendo a expansão das escolas primárias e secundárias. CF 1891 Omissão sobre a obrigatoriedade e gratuidade Omissão sobre qualquer tipo de financiamento CF 1934 “Art. 149 - A educação é direito de todos e deve ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos, cumprindo a estes proporcioná-la a brasileiros e estrangeiros domiciliados no país, de modo que possibilite eficientes fatores da vida moral e econômica da nação. E desenvolva num espírito brasileiro a consciência da solidariedade humana ”. “Art. 150 – (...) a) ensino primário integral gratuito e de frequência obrigatória extensivo aos adultos; b) tendência à gratuidade do ensino educativo ulterior ao primário, a fim de o tornar mais acessível”. Vinculação de recursos para a educação oriundos da receita de impostos União: 10% Estados e Distrito Federal: 20 % Municípios: 10% CF 1937 “Art. 125 - A educação integral da prole é o primeiro dever e o direito natural dos pais. O Estado não será estranho a esse dever, colaborando, de maneira principal ou subsidiária, para facilitar a sua execução ou suprir as deficiências e lacunas da educação particular”. “Art. 130 - O ensino primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não exclui o dever de solidariedade dos menos para com os mais necessitados; assim, por ocasião da matrícula, será Ditadura - Supressão da vinculação de recursos Estado com ação subsidiária e atuação no financiamento parcial ou integral de ensino particular exigida aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem alegar escassez de recursos, uma contribuição módica e mensal para o caixa escolar”. CF 1946 “Art. 166 - A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola. Deve-se inspirar nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana”. “Art. 168 - A legislação do ensino adotará os seguintes princípios: I – o ensino primário é obrigatório (...); II – o ensino primário oficial é gratuito para todos; o ensino oficial ulterior ao primário sê-lo-á para quantos provarem falta ou insuficiência de recursos”. Vinculação de recursos União: 10% Estados e Distrito Federal: 20% Municípios: 20% CF 1967 “ Art. 148 (...) § 3º A educação é direito de todos e será dada no lar e na escola; assegurada a igualdade de oportunidade, deve inspirar-se no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e solidariedade humana (...). II – o ensino dos sete aos quatorze anos é obrigatório para todos e gratuito nos estabelecimentos primários oficiais; III – o ensino oficial ulterior ao primário será, igualmente, gratuito para quantos, demonstrando efetivo aproveitamento, provarem falta ou insuficiência de recursos. Sempre que possível, o Poder Público substituirá o regime de gratuidade pelo de concessão de bolsas de estudo, exigindo o posterior reembolso no caso de ensino de grau superior”. Ditadura – Supressão da vinculação de recursos. Concessão de bolsas de estudo em lugar da gratuidade com posterior reembolso aos cofres públicos. Emenda Constitucional nº1 de 1969 “ Art. 176 - A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado, e será dada no lar e na escola. (...) II – o ensino primário é obrigatório para todos, dos sete aos quatorze anos, e gratuito nos estabelecimentos oficiais; III – o ensino público será igualmente gratuito para quantos, no nível médio e no superior, demonstrarem efetivo aproveitamento e provarem falta ou insuficiência de recursos”. Vincula recursos somente na esfera dos Municípios: 20% Emenda Constitucional João Calmon 1983 Vinculação de recursos União: 13% Estados e Distrito Federal: 25% Municípios: 25% CF 1988 após a redação dada pela “Art. 2018 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I – ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para Vinculação de recursos EC 14/1996 todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II – progressiva universalização do ensino médio gratuito; III –- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV – atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII – atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. § 1º – O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo” União: 18% Estados e Distrito Federal: 25% Municípios: 25% Fonte: BRASIL, 2006; OLIVEIRA, 2001 (adaptado pela autora). De acordo com Oliveira (2001, p. 17), a presença do princípio da gratuidade da instrução primária na Constituição Brasileira de 1824, coloca o Brasil à frente de diversos países, no entendimento desta necessidade social. No entanto, a abrangência desta gratuidade era pequena, uma vez que a maior parte da população se encontrava em situação de escravidão e o direito se estendia somente aos cidadãos. Os povos escravizados não tinham direitos de nenhuma natureza. Esta condição estendeu-se por todo o Império, até a revogação da escravidão. Já no início do período republicano, com o Ato Constitucional de 1834, mantem-se o princípio da gratuidade, mas o da obrigatoriedade só está presente nas Constituições próprias de poucos estados (BRASIL, 2006). Durante a República Velha (1889-1930), a ideia da obrigatoriedade atrelada a uma perspectiva de construção da nacionalidade, passa a ganhar força, principalmente com a criação do Ministério da Educação e da Saúde, e com a estruturação de um Sistema Nacional de Ensino. Assim, na Constituiçãode 1934, são incorporados os direitos sociais aos direitos do cidadão, além de ser dedicado um capítulo exclusivo para a educação. Há também a primeira menção à importância da estruturação de um Plano Nacional de Educação, sob influência do ideário do Manifesto dos Pioneiros da Educação, em 1932 (BRASIL, 2006, p.18-19). Quanto à vinculação de recursos públicos para o financiamento da educação, de forma evidente, isto se dá pela primeira vez em 1934, cabendo à União o repasse de 10%, aos Estados e Distrito Federal, 20% e aos Municípios, 10%. No entanto, a vinculação de recursos iniciada em 1934, é revogada três anos depois, em 1937, quando intensifica-se o debate sobre a educação como dever principalmente da família, devendo o Estado “colaborar”. A gratuidade neste momento, tornava-se bastante contraditória, como exceção pois, de acordo com Oliveira, (2001, p. 20), focalizando o ensino primário, o artigo 130, especificamente, declarava a gratuidade, mas esta garantia não deveria excluir a “solidariedade humana dos menos para com os mais necessitados”, exigindo assim, no ato da matrícula, uma contribuição módica mensal para a caixa escolar para os que não alegarem escassez de recursos. Assim, esta forma de gratuidade apresentada no texto legal, evidencia o início de um processo de substituição de um direito, extensivo a todos, por uma exceção, uma espécie de “favor” do Estado e dos mais abastados. Ainda hoje vemos o ressurgimento de debates deste tipo, principalmente no tocante às questões da gratuidade do ensino universitário público a todos. Segundo Oliveira (2001), a CF de 1937 priorizava o ensino particular, em detrimento do público, devido às influências religiosas que marcaram o período, principalmente no tocante ao dever da família com a educação dos filhos e, por conseguinte, um distanciamento do Estado na Afinal, cobrar pelo ensino superior público é uma boa ideia? Sugerimos a leitura da reportagem com prós e contras sobre a proposta de pagamento de mensalidade pelos estudantes de maior renda nas universidades públicas. Veja como este debate é antigo e ressurge em meios aos debates sobre o financiamento da educação https://educacao.uol.com. br/listas/afinal-cobrar- pelo-ensino-superior- publico-pode-ser-uma- boa-ideia.htm Acesso em 25/08/2017 https://educacao.uol.com.br/listas/afinal-cobrar-pelo-ensino-superior-publico-pode-ser-uma-boa-ideia.htm https://educacao.uol.com.br/listas/afinal-cobrar-pelo-ensino-superior-publico-pode-ser-uma-boa-ideia.htm https://educacao.uol.com.br/listas/afinal-cobrar-pelo-ensino-superior-publico-pode-ser-uma-boa-ideia.htm https://educacao.uol.com.br/listas/afinal-cobrar-pelo-ensino-superior-publico-pode-ser-uma-boa-ideia.htm https://educacao.uol.com.br/listas/afinal-cobrar-pelo-ensino-superior-publico-pode-ser-uma-boa-ideia.htm necessidade de seu provimento. A ele estaria reservado um papel subsidiário nesta tarefa. Apenas na Emenda Constitucional de 1969, a ideia de dever do Estado em oferta-la ressurge: “A educação, inspirada no princípio da unidade nacional e nos ideais de liberdade e solidariedade humana, é direito de todos e dever do Estado” (Art. 176). Retomando as análises sobre o financiamento da educação, a Constituição de 1946 retoma a forma de vinculação dos repasses advindos dos impostos para a educação, mas em 1967, com novo período ditatorial, é revogada. Em 1967, o ensino primário é ampliado para oito anos. Até então, compreendia apenas cinco anos. No tocante a esta manutenção da educação pública, vemos ainda a origem do que convencionou-se chamar de crédito educativo, para o acesso aos anos posteriores ao ensino obrigatório e gratuito, como vemos no art. 168, §3º, III: O ensino oficial ulterior ao primário será, igualmente, gratuito para quantos, demonstrando efetivo aproveitamento, provarem falta ou insuficiência de recursos. Sempre que possível, o Poder Público substituirá o regime de gratuidade pelo de concessão de bolsas de estudo, exigido o posterior reembolso no caso de ensino de grau superior (BRASIL, 2006, p.22). Assim, a CF de 1988 constitui-se como um marco no campo da gratuidade e obrigatoriedade da educação pública, incidindo a necessidade da garantia destes princípios para além do ensino fundamental. De acordo com Oliveira (2001, p. 24; 40), além de explicitar de forma mais detalhada no que consiste este direito à educação, também o amplia em relação aos textos anteriores, destacando: a) a precedência do Estado em relação à família no dever de educar; b) a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, como garantia da igualdade de todos perante a lei, não condicionando a gratuidade à renda familiar; c) a gratuidade do ensino oficial em todos os níveis, inclusive aos que não escolarizaram na idade ideal; d) a ideia de universalização do ensino médio; e) o atendimento especializado aos deficientes; f) o atendimento em creches e pré-escolas. Além disso, o ensino fundamental foi introduzido no texto legal como direito subjetivo, ou seja, aquele ao qual a pessoa tem o direito de exigir o seu cumprimento a qualquer tempo, sob pena de responsabilização da autoridade competente, no caso o Estado, ao não oferecer esta modalidade de educação ou a própria família, se também não matricular e/ou zelar pela frequência do educando ao ensino fundamental. Esta novidade reforça o dever do Estado para com a oferta, obrigatoriedade e gratuidade do ensino fundamental (OLIVEIRA, 2011, p. 31). Com relação ao financiamento público da educação ao longo da nossa história constitucional, percebemos uma diferenciação quanto à responsabilidade de cada ente federativo para com a educação, tendendo a União a se omitir deste financiamento, sob a égide do federalismo e da descentralização administrativa. Assim, a Constituição de 1988, também avança na garantia do direito à educação via ampliação da vinculação do repasse da União, de 13% para 18%, no mínimo. No entanto, é a LDB que dará tratamento mais detalhado ao tema, como veremos no próximo módulo. Sintetizando... • Os princípios da gratuidade, obrigatoriedade e do financiamento público da educação, remontam-se à ideia de educação como um direito humano e condição para a cidadania. São, portanto, conquistas sociais; • A gratuidade da instrução primária e a oferta pelo poder público, que posteriormente será ampliada para 8/9 anos e chamada de ensino fundamental, oscilou de privilégio, a favor, para posteriormente ser introduzida efetivamente como direito; • Para que seja possível tanto a sua gratuidade, como a obrigatoriedade, há necessidade de investimento de recursos públicos, o que sempre gerou e tem gerado inúmeras disputas políticas. • Nos períodos ditatoriais, há regressão no tocante à garantia do direito de financiamento público via vinculação de recursos para a educação; • Ainda há tensões quanto à gratuidade em todos os níveis educacionais, como por exemplo, no ensino superior; • A constituição Federal de 1988 é um avanço para a consolidação da educação fundamental como um direito público subjetivo. 1.3. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e o planejamento do financiamento da educação. A Lei de Diretrizes e Bases, LDB, como é mais conhecida, é a principal lei educacional brasileira. A Constituição Federal de 1934 já preconizava a necessidade de planejamento e organização da educação em todo o território nacional. No entanto, é apenas em 1961 que temos a primeira LDB, Lei nº 4.024/61, com vista à organização de um Sistema Nacional de Ensino. A Constituição Federal de 1988, no art. 22, inciso XXIV, afirma que compete à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional. Dessaforma, é a LDB que discorre sobre os princípios, fins, direitos e deveres, níveis e modalidades, formação dos profissionais e a forma de financiamento da educação, bem como retoma e explicita as competências de cada ente federativo: união, estados, distrito federal e municípios, a partir da Carta Maior. No módulo 2 abordaremos especificamente como o financiamento da educação está previsto na atual LDB, Lei nº 9.394/96. No entanto, neste último capítulo daremos destaque aos Planos de Educação, demandados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1.4 O que são Planos de Educação? Os Planos de Educação são documentos, com força de lei, que estabelecem metas para o avanço do direito à educação. São plurianuais e envolvem redes municipais, estaduais, federais e as instituições privadas que atuam em diferentes níveis e modalidades da educação: das creches às universidades. São os principais instrumentos da política pública educacional. De acordo com Souza (2014, p.146), a ideia de um plano de educação para viabilizar um sistema de educação nacional no país, remonta-se ao Manifesto dos Pioneiros da Educação (1932), com vistas a superar ações desarticuladas, fragmentadas e até mesmo intuitivas. Para que não sejam apenas cartas de intenções, os Planos de Educação devem respeitar a legislação (CF, LDB), os demais planos de médio e longo prazos e as leis orçamentárias1 referentes ao nível governamental em que estão vinculados. Atendendo a estes requisitos, espera-se que as metas constantes nestes Planos apresentem condições de serem alcançadas no período previsto, subsistindo à vontade de gestores e a variações econômicas. Como esclarece Souza (2014), a ideia de um Plano de Educação surge diante de necessidade de maior organização das ações educacionais, até então bastante desarticuladas em todo o território nacional, com grandes desigualdades entre as regiões. 1.4.1 O Plano Nacional de Educação Como já antecipávamos, em 1932, o "Manifesto dos Pioneiros da Educação“ já discutia a necessidade de “um plano com sentido unitário e de bases científicas..."2. O documento, elaborado por um grupo de educadores, teve grande repercussão, resultando na inclusão de um artigo na Constituição de 1934. O art. 150 declarava ser competência da União "fixar o plano nacional de educação, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar a sua execução, em todo o território do País”, como vimos no capítulo anterior. 1 No módulo 3 discorrermos sobre as leis orçamentárias. 2 Histórico disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2730-pne-lei-10172- 09-01-01&category_slug=janeiro-2010-pdf&Itemid=30192. Acesso em 29/08/2017. http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2730-pne-lei-10172-09-01-01&category_slug=janeiro-2010-pdf&Itemid=30192 http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2730-pne-lei-10172-09-01-01&category_slug=janeiro-2010-pdf&Itemid=30192 No entanto, este debate durou bastante tempo e só em 1962 foi sancionado o primeiro Plano Nacional de Educação (PNE), na vigência da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024, de 1961. Consistia basicamente num conjunto de metas quantitativas e qualitativas a serem alcançadas num prazo de oito anos. Passados dezessete anos, com a Constituição de 1988 ressurgiu a ideia de um plano nacional para conferir estabilidade às iniciativas governamentais à longo prazo, na área de educação. Dessa forma, foi previsto no artigo 214, a elaboração de um Plano Nacional de Educação, de duração decenal, com seis prioridades: Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - melhoria da qualidade do ensino; IV - formação para o trabalho; V - promoção humanística, científica e tecnológica do País. VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) Veja que a Constituição dispõe que o plano nacional a ser estabelecido deverá estabelecer meta de aplicação de recursos públicos proporcionais ao PIB, Produto Interno Bruto. Assim, em 2001, depois de treze anos da promulgação da Constituição de 1988, foi aprovado o Plano Nacional de Educação, Lei nº 10.172/2001. Didonet (2000), antes da aprovação do texto definitivo do PNE, em 2001, já anunciava os grandes avanços que ele trazia consigo, por ter sido: O PIB é a soma de todas as riquezas produzidas e, para chegar a esse número, o IBGE calcula a quantidade de veículos, alimentos, venda de serviços, estoques e tudo o que é produzido. O instituto calcula o valor desses bens e serviços depois de deduzidos os custos dos insumos. Para saber mais: http://www.brasil.gov.br/e conomia-e- emprego/2016/06/entend a-como-e-medido-o- produto-interno-bruto-pib Acesso em 25/08/2017 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art4 http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib a) o primeiro plano submetido à aprovação do Congresso Nacional e, portanto, possuir força de lei; b) cumprir o estabelecido na Constituição Federal (1988) e o determinado pela LDB (1996) c) fixar diretrizes, objetivos e metas para um período de dez anos, prezando pela continuidade da política educacional; d) contemplar todos os níveis e modalidades de educação e os âmbitos da gestão, financiamento e da avaliação; e) envolver o Poder Legislativo no acompanhamento de sua execução; f) chamar a sociedade para acompanhar e controlar a sua execução (p. 11 apud SOUZA, 2014, p.149-150, grifos nossos). No entanto, a versão inicial do PNE (2001) sofreu diversos vetos presidenciais. Assim, como descreve Souza (2014), a partir de análises de Cury (2009) e Kuenzer (2010), apesar de almejar grandes avanços, a “falta de explicitação dos mecanismos de financiamento que dariam suporte à execução das metas” impossibilitou maiores impactos educacionais, tal como se pretendia nas 295 metas. As análises também apresentam consenso em relação a este ponto, pois haveria “muito discurso e pouco recurso” (DAVIES, 2002, p. 117 apud SOUZA, 2014, p. 152). Por outro lado, ainda que muito tenha se perdido no campo discursivo, não se pode negar a importância da expressão jurídica de um documento como este. Com a proximidade do final da vigência deste segundo PNE (2001-2010), os debates foram reiniciados pelo Congresso Nacional. Após longa tramitação, que resultou num atraso de 4 anos, foi sancionado um novo PNE, lei nº 13.005/2014, com vigência até 2024. Em lugar de 295 metas, como propunha o PNE de 2001, o atual propôs apenas 20, com vistas a facilitar a apropriação por parte da sociedade efacilitar o seu monitoramento. Devido à importante constatação sobre a importância de descrever a origem dos recursos para o financiamento da educação, de forma a viabilizar o alcance das metas, os debates que antecederam a sanção do novo PNE, deram- se em torno de duas tendências: uma em defesa da aplicação de 10% do PIB para o alcance das metas e outra que defendia apenas 7% (SOUZA, 2014, p. 158-159). Veja como ficou a Meta 20 do PNE (2014): Ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto (PIB) do País no 5º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio (BRASIL, 2014, p.61) Quando falamos da porcentagem do PIB a ser investida em Educação, estamos nos referindo a um parâmetro no monitoramento do investimento financeiro em educação. Podemos nos perguntar: o montante dos recursos financeiros, advindos dos repasses e vinculação de impostos, investidos em educação, corresponde a qual percentual de tudo o que país “enriqueceu” naquele período? Esta resposta constitui-se em um indicador relevante para aferição dos esforços financeiros em prol da obtenção da eficácia das políticas educacionais, inclusive para a realização de análises estatísticas comparativas com outros países. A partir da análise da tabela abaixo e do estudo realizado por Maciel (2012) podemos concluir objetivamente que o investimento total do Brasil em educação está na média dos países desenvolvidos e vem aumentando nos últimos anos. No entanto, outros indicadores precisam ser analisados, como o per capita, para aferirmos se o investimento em educação tem sido suficiente e adequado. Quando consideramos este outro indicador, percebemos que o Brasil O que é o PIB? O PIB é o resultado da soma de todas as riquezas produzidas pelo país. O IBGE calcula a quantidade de produção de vendas de veículos, alimentos, serviços e tudo o que é produzido. Depois de deduzir os custos dos insumos, o IBGE calcula o valor desses bens e serviços. Para saber mais: http://www.brasil.gov.br/economi a-e-emprego/2016/06/entenda- como-e-medido-o-produto- interno-bruto-pib Acesso em 25/08/2017 http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/06/entenda-como-e-medido-o-produto-interno-bruto-pib fica em desvantagem, pois tem maior número de estudantes, por exemplo, que os demais países com os quais se comparou o investimento em educação em relação ao PIB. Mas estas e outras análises serão realizadas de forma mais aprofundada no módulo 2. Tabela 2 – Histórico da estimativa do percentual do Investimento Público Direto em Educação em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), por Esfera de Governo – Brasil 2000-2010 Fonte: MACIEL, 2012, p. 19 1.4.2 Os Planos Estaduais e Municipais de Educação Após delinearmos a importância dos planos nacionais de educação, nos perguntamos: a elaboração e definição de um plano de abrangência nacional seria suficiente para a organização dos esforços em prol das metas elencadas? E as especificidades, prioridades e possibilidades de cada região? Estariam contempladas em sua totalidade neste documento com força de lei? Assim, o PNE 2014, nos artigos 7º e 8º determina que os estados, municípios e Distrito Federal criem mecanismos para acompanhamento das metas propostas, bem como dá prazo de um ano para a elaboração dos planos de educação nas demais esferas, em consonância com as metas e diretrizes nacionais, a saber: PEEs – Planos Estaduais de Educação; PEDF - Plano de Educação do Distrito Federal e PMEs – Planos Municipais de Educação. De acordo com dados do Portal de Olho nos Planos, em 16 de fevereiro de 2017, verificou-se que 25 estados (92,6%) e 5.550 municípios (99,7%) já tinham sancionado seus Planos3. Você pode fazer uma consulta hoje e mesmo e verificar quais são os munícipios e estão que ainda não concluíram seus planos. A título de ilustração, para exemplificar como este debate se desenrola em âmbito municipal, tomando como exemplo a cidade de São Paulo, em 1990, Lei Orgânica do Município (LOM), já previa a necessidade de elaboração do Plano Municipal de Educação (PME). No entanto, é com a sanção do PNE em 2014, que fixou prazo de um ano para que estados e municípios elaborassem seus respectivos Planos, que os debates se intensificaram. Ocorreram diversos fóruns, debates e consultas públicas para a definição do PME. A participação social é uma das bases da Constituição Federal de 1988 e é uma condição também para a elaboração e monitoramento dos planos de educação nas diversas esferas. Assim, em 25 de agosto de 2015 foi sancionado o PME, Lei nº 16.271/2015. 3 Disponível em: http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-de-educacao/. Acesso em 25/08/2017. Monitorando os Planos de Educação do seu estado ou município Para saber mais sobre a elaboração dos Planos de Educação da União, dos Estados e Municípios: http://www.deolhonosplanos.o rg.br/planos-de-educacao/ e também o Portal do MEC: http://pne.mec.gov.br/planos- de-educacao/situacao-dos- planos-de-educacao Acesso em 25/08/2017 http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-de-educacao/ http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-de-educacao/ http://www.deolhonosplanos.org.br/planos-de-educacao/ http://pne.mec.gov.br/planos-de-educacao/situacao-dos-planos-de-educacao http://pne.mec.gov.br/planos-de-educacao/situacao-dos-planos-de-educacao http://pne.mec.gov.br/planos-de-educacao/situacao-dos-planos-de-educacao A respeito do financiamento das metas apresentadas neste PME, temos como destaque o aumento do investimento de recursos provenientes de impostos e transferências na Educação de 31% para 33%, superando o previsto na Lei Orgânica do Município e o índice estipulado pela própria Constituição (25%), revelando um interesse político com a manutenção e desenvolvimento da educação. Neste processo, cabe a todos os cidadãos e, principalmente, aos gestores nas diversas instâncias educacionais, acompanhar a elaboração dos planos nas respectivas esferas, bem como fazer o monitoramento dos investimentos e repasses no seu estado e município, para que os Planos não fiquem apenas no papel. Sintetizando.... Neste capítulo, discutimos a necessidade da elaboração de Planos de Educação na esfera nacional, estadual e municipal, bem como no Distrito Federal. São estes Planos que definem objetivos, metas e estratégias para a organização de um sistema de educação, de forma articulada e planejada. A elaboração e monitoramento das metas presentes nos Planos de Educação pressupõem a participação social. Sem planejamento organizacional e principalmente financeiro, há pouco avanço no tocante à garantia do direito à educação, bem como sua oferta pelo Poder Público. Atrelar progressivamente um percentual do PIB (de 2014 a 2024) para o monitoramento da Meta 20 do PNE, foi um avanço para a garantia de investimentos financeiros em educação. Nas esferas estaduais e municipais, a mobilização para a elaboração destes Planos de Educação é recente. 1.5 Considerações finais Chegamos ao fim do Módulo 1, “A Educação como um Direito Humano”. Neste módulo demos destaque à primazia da educação como direito social e viabilizadora do exercício da cidadania, devendo por esta razão ser financiada com recursos públicos. Constatamos que a gratuidade e a obrigatoriedadedo ensino fundamental, bem como a sua oferta pelo poder público nem sempre foi garantida a todas as pessoas, produzindo desigualdades educacionais e sociais. A consolidação deste direito se dá apenas na Constituição de 1988, ao trata-la como direito público subjetivo. Ao analisarmos a presença e forma do financiamento da educação nos textos constitucionais, percebemos, em diversos momentos, uma desobrigação com a vinculação de recursos e, portanto, com o financiamento desta educação pública, produzindo concepções diversas: Direito? Favor? Privilégio? Por fim, ilustramos como os dispositivos constitucionais como a LDB, PNE, PEE e PME têm sido fundamentais para a garantia do direito à educação. Assim, a vinculação de recursos financeiros para a educação, a ampliação progressiva dos investimentos proporcionais aos percentuais do PIB (de 5% para 10%), bem como o acompanhamento e o controle social da gestão e uso dos recursos, trazidos pelo PNE 2014, são imprescindíveis para os avanços tão esperados em todos os níveis e modalidades da educação, principalmente no tocante à diminuição das desigualdades regionais. Vamos todos participar deste controle e monitoramento, como cidadãos e profissionais da educação! As referências bibliográficas e a indicação de leitura complementar são instrumentos importantes para que você amplie seu conhecimento sobre os temas abordados, além da sua participação no fórum, local onde todos poderão expressar suas perspectivas sobre o tema abordado. Até o próximo encontro!!! O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO Daniela G. Alfredo Sene Gestão financeira e do patrimônio. Módulo 2 – O financiamento da educação - Faculdade Campos Elíseos (FCE) – São Paulo – 2017. Guia de Estudos – Módulo 2 – O financiamento da educação 1. Financiamento educacional 2. Gestão Pública 3. Orçamento público Faculdade Campos Elíseos Conversa Inicial Caro(a) aluno(a), No módulo anterior, “A educação como um direito humano”, estudamos como a oferta de educação pública, por si só, não garante a gratuidade da sua oferta, a obrigatoriedade de sua frequência por determinado público e, muito menos, a garantia de um direito fundamental ao exercício pleno da cidadania. Neste contexto, ganha destaque o assunto deste segundo módulo, “O financiamento da educação”, em que aprofundaremos nosso conhecimento sobre a origem das receitas que compõem o orçamento público para a Educação no país. Estudaremos também o funcionamento do chamado regime de colaboração entre os entes federativos: união, estados, distrito federal e municípios no investimento dos recursos oriundos dos impostos. Por fim, discutiremos a importância do Fundef na universalização do ensino fundamental público, obrigatório e gratuito, bem como do Fundeb, que o substituiu. Bom estudo! 2.1 O que é financiamento? De acordo com o dicionário Aurélio, financiar é “ocorrer às despesas de qualquer empreendimento, facultando-lhes os capitais precisos”. Neste sentido, o artigo 212 da Constituição Federal de1988 anuncia que a União, aplicará todos os anos, no mínimo 18% e os Estados, Distrito Federal e Municípios nunca menos de 25%, da receita proveniente de impostos para a manutenção e desenvolvimento educacional. Assim, a carta maior do país, vincula, ou seja, “impõe obrigação”, às três esferas governamentais no tocante ao investimento de receitas, provenientes de impostos, na educação. Mas este compromisso também se expressa numa focalização educacional diferenciada por cada ente federativo. Os municípios, por exemplo, de acordo com o 2º parágrafo do artigo 211, da CF de 1988, atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. Já os estados e o Distrito Federal, no ensino fundamental e médio (§3º) e a união, além de organizar o sistema federal, financiará as instituições de ensino federais. Atuará ainda de forma redistributiva e supletiva para garantir uma maior equidade educacional nas diferentes regiões do país e um padrão mínimo de qualidade do ensino, através de assistência técnica e financeira aos demais entes da federação (§1º). Então podemos nos perguntar: Os recursos provenientes destes impostos serão divididos por todos os níveis educacionais na mesma proporção? Quais impostos serão considerados para o efeito deste cálculo? Quantos anos compreende esta educação pública e obrigatória a ser financiada? O parágrafo terceiro, do artigo 212 da Constituição de 1988, esclarece que: § 3º - A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao atendimento das necessidades do ensino obrigatório, no que se refere a universalização, garantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos do plano nacional de educação. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009). Como vimos no módulo anterior, a escolha do que será oferecido e financiado pelo Estado, como serviço público, gratuito e, em algumas etapas obrigatório, tem variado ao longo da nossa história. Atualmente, o ensino obrigatório, refere-se à uma etapa da vida, dos 4 aos 17 anos, abrangendo três níveis educacionais: educação infantil, ensino fundamental e médio (BRASIL, 1988, art. 208, inciso I). Dessa forma, não percebemos interesse político no ensino superior público. A partir do disposto, delineia-se uma política pública de financiamento, com a priorização do ensino obrigatório para que se alcance a sua universalização e atrela a este objetivo o constante no Plano Nacional de Educação. Neste contexto, os artigos 212, 213 e o 60, dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT, 1988), tratam da necessidade da criação de fundos para a manutenção e desenvolvimento do ensino, do salário-educação como fonte adicional de recursos, do que pode ser considerado gasto com a educação, a necessidade do estabelecimento de um padrão de qualidade e da destinação de recursos públicos para instituições da sociedade civil. Estes e outros temas serão abordados ao longo dos capítulos deste módulo e nos seguintes. Agora, aprofundaremos as análises sobre o financiamento a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº 9.394/1996, que discorre sobre o tema de forma mais detalhada. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art3 2.2 A LDB e os recursos financeiros À primeira vista, o tema financiamento pode parecer muito complexo. No entanto, esperamos que neste capítulo você perceba que o financiamento está diretamente relacionado ao direito à educação, à cidadania, à elaboração de políticas públicas e à responsabilidade na gestão dos recursos investidos pelo Estado na educação. Quando um destes fatores é desconsiderado, produzimos o inverso: negação de direitos fundamentais, corrupção e indiferença a tudo que se refere ao outro, ao coletivo, ao público. Embora a Constituição Federal de 1988 introduza o assunto financiamento, é na LDB (1996) que o tema é abordado com mais profundidade (Título VII), entre os artigos 68 e 77. Assim como propôs Oliveira (2001, p.89), dividiremos o conteúdo da LBD no tocante ao financiamento em 4 eixos, como veremos a seguir: 1) Fontes de recursos (artigo 68); 2) Vinculação de recursos (artigos 69 a 73); 3) Padrão de qualidade (artigos 74 a 76); 4) Transferência de recursos públicos para a escola privada (artigo 77)4 4 Este item será discutido no módulo 3. 2.2.1 Fontes de recursos: impostos, transferências e contribuições sociais e outros De acordo com o artigo 68, da LDB (1996), os recursos para a educação são originários de: I - receita de impostos próprios da União, dos Estados,do Distrito Federal e dos Municípios; II - receita de transferências constitucionais e outras transferências; III - receita do salário-educação e de outras contribuições sociais; IV - receita de incentivos fiscais; V - outros recursos previstos em lei (BRASIL, 1996). Vamos começar a análise pelo que se entende por imposto, como citado no inciso I. De acordo com Oliveira (2001), imposto não é o mesmo que tributo, taxa ou contribuições. É um tipo de tributo, assim como as taxas e as contribuições (recolhimentos temporários) mas, ao contrário destas, a ele não corresponde nenhuma contraprestação de serviços pelo Estado. É uma contribuição compulsória destinada a atender as necessidades da administração pública (p. 90-91). A Constituição Federal (1988) nos artigos 153, 155 e 156, institui os impostos a serem cobrados, respectivamente, pela união, estados e municípios. Veja na tabela abaixo os nomes dos impostos e as suas respectivas abreviações. Esfera Imposto Símbolo União CF Art. 153 Importação de produtos estrangeiros I.I. Exportação para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados I.E. A renda e proventos de qualquer natureza I.R. Produtos industrializados I.P.I. Operações de crédito, câmbio e seguro ou relativos a títulos ou valores mobiliários I.O.F. A propriedade territorial rural I.T.R. Grandes fortunas I.G.F. Estados Transmissão “causa mortis” e doação, de quaisquer bens ou direitos Circulação de mercadorias e serviços I.C.M.S. Propriedade de veículos automotivos I.P.V.A. CF Art. 155 Adicional de 5% sobre o I.R. Municípios CF Art. 156 Predial territorial urbano I.P.T.U. Transmissão “inter-vivos” Vendas a varejo de combustíveis, líquidos e gasosos Serviços de qualquer natureza I.S.S. Fonte: OLIVEIRA, 2001, p. 92 Dessa forma, os impostos incidem sobre toda a população, desde aquele que compra uma bala até o outro que herda uma grande fortuna. Então, quem paga a conta da educação pública? Todos nós! O que justifica uma necessidade dobrada de entendimento e acompanhamento das formas, condições e efeitos deste financiamento, tanto como cidadãos, quanto como gestores, administradores da educação pública. O inciso II, do artigo 68 da LDB (1996) também cita como receita para a educação, além dos impostos arrecadados por cada esfera administrativa, as transferências constitucionais, ou seja, a transferência de recursos de uma esfera da administração para outra, formando, os Fundos de Participação. De acordo com Oliveira (2001), muitos municípios não conseguiriam arcar com o financiamento da educação sem este mecanismo de transferência constitucional. A grande maioria dos municípios brasileiros arrecada, por meio dos impostos que lhes cabem, menos de 10% de sua receita total. Mais de 90% provém das transferências das outras esferas (p.93). Assim, os recursos são Porcentagem de impostos arrecadados pela União Estados e Distrito Federal Fundo de Participação dos Estados (FPE) Porcentagem de impostos arrecadados pela União e Estados Municípios Fundo de Participação dos Municípios (FPM) redistribuídos entre os estados e municípios em diferentes proporções, recebendo mais quem arrecada menos. Uma das explicações para esta disparidade na arrecadação é proveniente dos diferentes níveis de atividade econômica entre as regiões do país, e consequentemente, no montante tributado. Outra questão é referente aos problemas de sonegação, gestão ineficiente dos recursos e evasão fiscal. Outra fonte de receitas são as transferências legais, repasses feitos aos Estados e municípios por determinação de leis específicas, como por exemplo, as receitas advindas de royalties do petróleo e transferências realizadas no âmbito do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), para a realização de ações específicas de educação, de acordo com Santos (2012, p.53). Em setembro de 2013, a presidência da República, sancionou a Lei nº 12.858/2013 que destina 75% dos royalties do petróleo dos campos novos para a educação e 25% para a saúde no País, em caráter progressivo. No entanto, esta transferência legal tem mobilizado amplos debates, principalmente no tocante à “fatia” que cada estado teria direito e no impacto deste repasse na educação5. Mais uma vez, os recursos que compõem este fundo atuam de forma a aumentar o investimento em educação, sendo aplicados em acréscimo ao mínimo obrigatório estipulado pela CF 1988, para se alcançar 10% do PIB de investimento em educação e o cumprimento das demais metas do PNE. O gráfico 1 evidencia que a produção de petróleo por dia aumentou no período de 2014 a 2016, aumentando a arrecadação da união. Neste contexto 5 Para saber mais: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/pre-sal-decola-em-2016-e-ajuda- educacao-7pgnvibmcbwea83ouvwrdl6tp#ancora-1. Acesso em 02/09/2017 O que são royalties? De acordo com Lacombe é uma expressão na língua inglesa que significa o pagamento que se faz àquele que possui copyright, uma patente, marcas registradas ou qualquer direito de uso exclusivo que seja resultante de um trabalho intelectual ou criativo (LACOMBE, 2004 apud SANTOS, 2012, p. 53) http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/pre-sal-decola-em-2016-e-ajuda-educacao-7pgnvibmcbwea83ouvwrdl6tp#ancora-1 http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/pre-sal-decola-em-2016-e-ajuda-educacao-7pgnvibmcbwea83ouvwrdl6tp#ancora-1 nos perguntamos, o investimento em educação seguiu a mesma tendência de elevação? Gráfico 1 – Produção. Milhões de barris de óleo equivalente por dia (Mboe/d) Fonte: Siga Brasil e ANP. Infografia: Gazeta do Povo. Gráfico 2 – Recursos destinados ao MEC. Arrecadados pelo Fundo Social, em R$ bilhões. Fonte: Siga Brasil e ANP. Infografia: Gazeta do Povo. No gráfico 2, podemos perceber que o percentual de investimento dos royalties do pré-sal em educação tem oscilado (31%, 26% e 58%), desde a promulgação da lei. Embora tenha aumentado em 2016, ainda não alcançou os 75% previsto na Lei nº 12.858/2013. Assim, continuando a discussão sobre as fontes de recursos para a educação, além das transferências constitucionais e legais, também existem as transferências voluntárias. São repasses que os governos fazem mediante convênio ou contrato para a prestação de determinados serviços. Este tipo de repasse será objeto de estudo no módulo 3. Outra fonte de receitas para a educação é o salário-educação. O inciso III do artigo 68 da LDB (1996) cita-o como fonte de receita para a educação, bem como outras contribuições sociais. A União pode instituir inúmeras contribuições sociais, respeitadas as limitações impostas pela própria Constituição, no artigo 146 (inciso III) e no150 (incisos I e III) (OLIVEIRA, 2001, p.94): o salário- educação é uma delas. Esta contribuição é um tipo de responsabilização das empresas para com a educação. Sua origem remonta-se à Constituição de 1934. A expectativa, desde a sua criação, é que um número significativo de empresas abrisse escolas ou financiasse vagas para os filhos de seus funcionários em escolas particulares. No entanto, isto ocorreu de forma insuficiente. Desde então, tem-se pensado em formas mais precisas para efetivar o investimento e impactar a educação (idem, p.94). Atualmente, está explicitada na CF de 1988, após a Emenda Constitucional 53/2006, como fonte adicional de financiamento. Antes desta Emenda, o salário-educação era destinado apenas à educação fundamental, na forma de investimento em educação particular ou repasse para os cofres públicos, atualmente, incide sobre toda a educação básica. Assim, ao estudarmos as propostas de financiamento da educação ao longo dos anos, percebemos o delineamento de umaagenda governamental voltada para a educação básica como um todo, compreendida desde a educação infantil até o ensino médio, após a universalização do ensino fundamental no país, no início dos anos 2000. Por fim, os incisos IV e V do artigo 68 da LDB (1996) tratam da previsão de receita oriundas de incentivos ficais e de outros recursos previstos em lei para a educação. Assim, está prevista a possibilidade de estabelecimento de outras fontes de recursos para a educação, desde que devidamente estabelecidos por lei e de recursos provenientes de incentivos fiscais, que são isenções ou reduções de impostos, com vistas a induzir determinado comportamento dos agentes econômicos (OLIVEIRA, 2001, p. 95), em que o governo “abre mão” do Agenda Governamental Para Rua (2012, p. 64- 65), existem diferentes tipos de agendas, listas de prioridades. Neste caso, a governamental, configura-se numa expressão utilizada para se referir à uma lista de questões que determinado governo escolheu ou foi levado a tratar. Sua composição depende da ideologia, projetos partidários e/ou políticos, crises e oportunidades. recolhimento de alguns impostos para induzir o desenvolvimento de determinada política. O antigo MOBRAL, Movimento Brasileiro de Alfabetização, por meio do Decreto-Lei 594 de 27/05/1969, pôde ser financiado por meio deste tipo de incentivo (idem, p.96). Sintetizando... Até aqui, podemos concluir que: • O planejamento do financiamento público é fundamental para o estabelecimento de uma política pública educacional; • A Constituição Federal (1988) e a LDB (1996) preveem a fonte dos recursos para o investimento em educação, sendo as principais advindas de impostos, transferências (constitucionais, legais, voluntárias) e contribuições sociais (como o salário-educação); • Os fundos de participação dos Estados (FPE) e Municípios (FPM) foram criados com o objetivo de diminuir as desigualdades no investimento em educação nas diferentes regiões do país; • Para além destes fundos, há também o fundo social do pré-sal, com o objetivo de destinar 75% da arrecadação com royalties dos novos campos de exploração de petróleo para a educação, com vistas a garantir o desenvolvimento do PNE, PEEs e PMEs. 2.2.2 A vinculação de recursos A vinculação de recursos à educação garante que o governo não gaste livremente uma receita, de acordo com a sua vontade momentânea e é o segundo tema relacionado ao financiamento da educação tratado pela LDB. Ela está posta inicialmente no artigo 212 da CF (1988) e de maneira mais detalhada no artigo 69 da LDB (1996): Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino (BRASIL, 1988). Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento do ensino público (BRASIL,1996). Como vimos no módulo 1, é na Constituição de 1934 que há pela primeira vez a previsão de vinculação de recursos à educação. No entanto, desde então, tem havido disputas em relação ao aumento da alíquota ou mesmo a proposição de total desvinculação de recursos, como aconteceu na CF de 1937 e de 1967. Pioneiros na defesa da vinculação de recursos O senador João Alfredo, durante o Império (Fonte: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisa escolar/index.php?option=com_con tent&view=article&id=377) e posteriormente, Afrânio Peixoto em 1925/26, (Fonte: http://www.academia.org.br/a- historia-da-abl/os-arremates-de- afranio-peixoto) foram os primeiros a defender a proposta de vinculação constitucional de recursos para a educação em nível nacional. Proposta efetivada somente em 1934 (OLIVEIRA, 2001, p.97) http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=377 http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=377 http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=377 http://www.academia.org.br/a-historia-da-abl/os-arremates-de-afranio-peixoto http://www.academia.org.br/a-historia-da-abl/os-arremates-de-afranio-peixoto http://www.academia.org.br/a-historia-da-abl/os-arremates-de-afranio-peixoto Atualmente, apenas a educação e a saúde têm recursos assegurados por meio da vinculação de receitas, sendo que a saúde só teve este “direito” assegurado no ano 2000 (OLIVEIRA, 2001, p.99). Sem a vinculação, tanto a união, quanto os estados, Distrito Federal e Municípios, a cada elaboração de proposta orçamentária, os governantes poderiam decidir quanto se aplicaria em educação, como acontece com as outras despesas. O parágrafo primeiro do artigo 69 da LDB (1996), da forma como está posto, zela para que cada esfera governamental aplique os percentuais mínimos (18%, 25% e 25%). No caso da união, por exemplo, impede que os recursos transferidos aos estados e municípios sejam computados como aplicação direta em educação, ou seja, a união após fazer a transferência de recursos para os estados, DF e municípios, deverá ainda aplicar no mínimo 18% do saldo restante. Veja a ilustração abaixo, elaborada a partir do exemplo de Oliveira (2001, p. 92). De acordo com Oliveira (2001, p.102), o mecanismo de vinculação expresso no parágrafo quinto do artigo 69 (LDB) é a expressão de um aperfeiçoamento, pois estabelece prazos para a transferência dos recursos entre os órgãos que fazem a gestão dos recursos, seja Ministério, Secretaria ou outro órgão municipal. Além disso, estabelece a necessidade de correção monetária governamental R$ 250,00 • Transferência de recursos para outras esferas para a composição do FPM e FPE decorridos dez dias do prazo estipulado, garantindo que o valor a ser transferido para a educação se mantenha próximo do valor inicial, real. Já o parágrafo sexto, do artigo 69 da LDB (1996), reitera a responsabilidade das autoridades competentes na realização das transferências, sob pena de responsabilização civil e criminal, pois todo gestor público é obrigado a cumprir tudo e somente o que está previsto em lei Uma queixa frequente dos gestores educacionais no desenvolvimento do seu trabalho é quando há atraso nos repasses de verbas às escolas. Por exemplo, em 2015, cerca de 30% das escolas de ensino fundamental ficou sem receber a segunda parcela da verba do Programa Mais Educação, a ser repassada pelo Ministério da Educação (MEC), prejudicando o desenvolvimento das atividades e do pagamento das remunerações, de acordo com as reportagens veiculadas no período6. Dessa forma, estar estabelecido na LDB (1996) a vinculação com prazo para os repasses (§5º), a definição de reajustes quando houver maior arrecadação do que o previsto inicialmente (§3º e §4º) e de multas, em caso de atrasos, bem como a responsabilização pelo descumprimento da legislação (§6º), colabora com o fortalecimento das políticas públicas educacionais, bem como induz um aumento do montante dos recursos ao longo dos anos (OLIVEIRA, 2001, p. 99-102). 6 Fonte: https://educacao.uol.com.br/noticias/2016/01/12/mec-admite-atraso-em-repasse-para- programa-de-educacao-integral.htm. Acesso em 02/09/2017 Mais Educação (MEC) O Programa Mais Educação foi regulamentado em 2010 como estratégia do Ministério da Educação para induzir a construçãode uma agenda de educação integral nas redes estaduais e municipais de ensino, ampliando a jornada dos alunos nas escolas públicas, para no mínimo 7 horas diárias. De adesão facultativa, foi redesenhado e substituído em 2016 pelo Novo Mais Educação (Fonte: http://portal.mec.gov.br/par/195- secretarias-112877938/seb-educacao-basica- 2007048997/16689-saiba-mais-programa- mais-educacao. Acesso em 09/09/2017). O financiamento deste e outros programas serão analisados no módulo 3. https://educacao.uol.com.br/noticias/2016/01/12/mec-admite-atraso-em-repasse-para-programa-de-educacao-integral.htm https://educacao.uol.com.br/noticias/2016/01/12/mec-admite-atraso-em-repasse-para-programa-de-educacao-integral.htm http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao http://portal.mec.gov.br/par/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao 2.2.2.1 A manutenção e desenvolvimento do ensino Nesta seção discorremos sobre o que pode ser considerado despesa com a manutenção e desenvolvimento do ensino (MDE), uma vez que nem todos os gastos com educação podem ser considerados como tal. O artigo 70 da LDB (1996) regulamenta o que pode ser considerado gasto com a MDE em todos os níveis, da educação infantil ao ensino superior, perpassando pelas modalidades de educação, especial, profissional, de jovens e adultos, indígena. I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e demais profissionais da educação; II - aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equipamentos necessários ao ensino; III - uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao ensino; IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do ensino; V - realização de atividades-meio necessárias ao funcionamento dos sistemas de ensino; VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públicas e privadas; VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas a atender ao disposto nos incisos deste artigo; VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de programas de transporte escolar. A grande polêmica, à data da publicação, foi em torno do transporte escolar, pois em algumas localidades era condição para a efetivação do direito à educação, enquanto em outros lugares, poderia gerar distorções e desvios de verba pública (OLIVEIRA, 2001, p.103). Para não deixar dúvidas, sobre estas despesas, o artigo 71, discorre sobre o que não pode ser gasto para o cumprimento da vinculação. I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão; II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter assistencial, desportivo ou cultural; III - formação de quadros especiais para a administração pública, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos; IV - programas suplementares de alimentação, assistência médico- odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de assistência social; V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar; VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação, quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino. Assim, não são consideradas despesas com a MDE, por exemplo, o programa de alimentação escolar (merenda), as despesas com melhoria da infraestrutura urbana, ainda que beneficie a rede escolar e aquelas com pessoal docente atuando em outras áreas da administração pública (legislativo e judiciário, por exemplo). E programas importantes como o de alimentação e saúde escolar? Como fica o financiamento? De acordo com o artigo 212, no parágrafo quarto, “com recursos provenientes de contribuições sociais e outros recursos orçamentários”. Ou seja, serão financiados com recursos para além dos 18% e 25% vinculados à manutenção e desenvolvimento do ensino. No entanto, mesmo com este detalhamento, a legislação deixa de esclarecer se algumas despesas podem ser consideradas ou não com manutenção e desenvolvimento do ensino, cabendo frequentemente aos Tribunais de Contas a decisão pelos impasses, como por exemplo: • O pagamento dos aposentados (inativos)7; • Os custos dos hospitais universitários; • Pessoal de outras secretarias à disposição da educação (OLIVEIRA, 2001, p. 105-106). 7 “Essa questão tem sido resolvida pela ‘tradição’, ou seja, continua a ser considerada despesa em MDE, contando para tal com a proverbial complacência dos Tribunais de Contas” (OLIVEIRA, 2011, p. 105) 2.2.3 O padrão de qualidade: custo aluno necessário X custo aluno possível A qualidade da educação tem sido tema principal na agenda educacional, principalmente após a universalização do ensino fundamental obrigatório. Mas como ela se relaciona com o financiamento? O artigo 206, inciso VII, da Constituição Federal (1988) já anunciava a necessidade de uma “garantia de padrão de qualidade”, mas é nos artigos 74, 75 e 76 da LDB (1996) que o tema é regulamentado. Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de oportunidades educacionais para o ensino fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade. Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano subsequente, considerando variações regionais no custo dos insumos e as diversas modalidades de ensino (grifos nossos). Assim, o padrão de qualidade está relacionado a um valor financeiro. No entanto, há uma inversão, como bem destaca Oliveira (2001, p.108), não se parte de uma discussão sobre o que seria um ensino, uma educação de qualidade, mas a partir da disponibilidade de recursos no momento, o custo mínimo por aluno. Neste contexto, ainda não temos um custo aluno necessário, mas um custo-aluno possível. Custo anual mínimo R$ 2.875 em 2017 Para saber mais sobre o papel suplementar da união na garantia do custo aluno anual, sugerimos a leitura da reportagem do portal G1: “MEC define custo anual por aluno de R$ 2.875 para 2017”, Em 2016 os estados de Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí, teriam recebido complementação da união, para a garantia do mínimo anual de R$ 2.739,80. Fonte: http://g1.globo.com/educacao/noticia /mec-define-custo-anual-por-aluno- de-r-2875-para-2017.ghtml. Acesso em 09/09/2017 http://g1.globo.com/educacao/noticia/mec-define-custo-anual-por-aluno-de-r-2875-para-2017.ghtml http://g1.globo.com/educacao/noticia/mec-define-custo-anual-por-aluno-de-r-2875-para-2017.ghtml http://g1.globo.com/educacao/noticia/mec-define-custo-anual-por-aluno-de-r-2875-para-2017.ghtml O artigo 75 (LDB, 1996) regulamenta a ação supletiva e redistributiva da união e dos estados, no caso de algumas das esferas não dispor de recursos para a garantia do custo mínimo, após ter aplicado corretamente o seu percentual de 25%. Ao introduzir a discussão de gasto mínimo por aluno, anualmente, tem-se as premissas para criação do FUNDEF, substituído posteriormente pelo FUNDEB. A seguir discorreremos sobre a importância da criação destes fundos no contexto do financiamento do ensino público gratuito e obrigatório. 2.2.4 Do FUNDEF ao FUNDEB: da dívida históricaà ampliação da obrigatoriedade do ensino O artigo 60 das Disposições Transitórias da CF de 1988 definiu que ao final da primeira década após a sua promulgação (até 1998), ao menos a metade do percentual mínimo a ser aplicado por cada ente federativo fosse destinado à erradicação do analfabetismo e para a universalização do ensino fundamental. Reconhecia-se a dívida histórica da educação brasileira em relação à maior parte da população. No entanto, passados oito anos, pouco se havia avançado no alcance dos objetivos propostos pelo artigo 60, pois isto implicava num aumento do gasto público com educação, para além do que já estava vinculado pela CF da arrecadação da união, estados e municípios (18%, 25% e 25%). O contexto educacional evidenciava que o ensino fundamental, única etapa obrigatória à época, estava longe da universalização, havia inúmeros professores leigos atuando, sendo a remuneração salarial dos professores baixa. Por meio da Emenda Constitucional nº 14/96, o artigo 60 (ADCT) foi alterado e, posteriormente, a partir dele foi regulamentado o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, por meio da Lei 9.424/1996 e do Decreto nº 2.264/2017, que ficou conhecido como FUNDEF. Art. 60 - Nos dez primeiros anos da promulgação desta Emenda, os estados, o Distrito Federal e os municípios destinarão não menos de sessenta por cento dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da Constituição Federal, à manutenção e ao desenvolvimento do ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a universalização de seu atendimento e a remuneração condigna do magistério. (CF, 1988, Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996, grifos nossos) Um fundo com dez anos de vigência, que obrigava os estados e municípios a aplicarem 15% de seus recursos advindos da arrecadação de impostos ou de transferências constitucionais no ensino fundamental. A transferência de recursos da união para os estados e municípios, passou a ser feita por um valor fixado anualmente, multiplicado pelo número de alunos matriculados em cada rede (BRASIL, 2006, p.47). Isso, por fim, equivale à porcentagem estipulada na EC 14/96, de 60%. Em síntese, não foi criado um novo imposto para compor este fundo, mas uma obrigatoriedade de subvinculação de percentual vinculado pela CF (1998) e LDB (1996) à educação, exclusivamente ao ensino fundamental. Assim, em 1998 o Fundef, composto por 27 fundos estaduais, já vigorava em todo o país. Mesmo sendo a adesão voluntária, houve uma completa adesão, pois a educação começou a ser vista como uma fonte de recurso e não apenas um gasto, principalmente pelos pequenos municípios, pois diversas melhorias e manutenções para o desenvolvimento da educação acabavam por impactar toda uma economia, como a construção de escolas, por exemplo. Com esta subvinculação, esperava-se, segundo Oliveira “estabelecer uma média nacional de gasto possível com cada aluno, proveniente da divisão de 15% da soma do total nacional de transferências constitucionais pelo número de alunos matriculados no ensino fundamental” (2001, p.117), cabendo à união atuar de forma complementar para se atingir o valor proposto anualmente, investindo nunca menos que 30% dos seus 18% vinculados, ou seja 5,4% da receita já apresentada anteriormente, para garantir o custo aluno mínimo, de acordo com a redação do parágrafo sexto desse mesmo artigo 60. A partir do Fundef, consolidou-se o indicador per capita, ou seja, um custo-aluno mínimo estipulado anualmente, consistindo num aporte regular e previsível, principalmente para estados e municípios empobrecidos. Houve também ampliação da taxa de matrícula no ensino fundamental, forte municipalização do ensino fundamental e aumento dos salários dos professores. Por outro lado, intensificaram-se os debates em torno do fato deste fundo, desta política pública, desconsiderar as demais etapas da educação básica. “Muitos municípios, por exemplo, alegaram a insuficiência de recursos para a implementação da educação infantil e da educação de jovens e adultos” (BRASIL, 2006, p.48). A partir destas discussões, com a Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006, que gerou a Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, e os Decretos nº 6.253 e 6.278, de 13 e 29 de novembro de 2007, foi criado o FUNDEB, Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, em substituição ao Fundef. Com duração de 14 anos, portanto até 2020, este novo fundo guarda muitas semelhanças com seu predecessor. O coeficiente de transferência passa de 15 para 20% e incorpora mais fontes de recursos, tendo toda a educação básica como foco. No entanto, para Sena (2012), o Fundeb abriu a possibilidade de inclusão de matrículas de instituições privadas-conveniadas que atuam na educação infantil 8 e especial, trazendo a necessidade de criação e intensificação de mecanismos de controle e monitoramento para garantir transparência do gasto público. Nesta perspectiva, o Fundeb deixa de constituir num mecanismo de financiamento que era expressamente reservado ao ensino público (p.321). 8 Estudaremos o financiamento da rede conveniada no próximo módulo. Ainda de acordo com Sena (2012), o Fundeb, diferentemente do Fundef, ao não focalizar uma modalidade de ensino e definir um parâmetro de investimento, como os antigos 60% ao ensino fundamental, permite que a aplicação dos recursos se dê de forma indistinta nos diversos níveis da educação básica. Neste contexto, o Fundeb, nestes últimos 10 anos (2006-2016), pode ser o grande responsável pelo impacto no aumento do atendimento em creches, principalmente da rede conveniada (parcerias público-privadas). Todos estes aspectos vêm reforçar o lugar do financiamento como fator estratégico para a implementação de políticas públicas educacionais. No entanto, há necessidade de monitoramento e controle do gasto público para atender aos interesses da sociedade. Atualmente temos o CACS, Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, com atuação nas esferas federal, estadual e municipal, com objetivo principal de acompanhar e controlar os processos de distribuição, transferência e aplicação dos recursos deste Fundo. Já o SIOPE, Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação é uma ferramenta eletrônica instituída para coleta, processamento, disseminação e acesso público às informações referentes aos orçamentos de educação da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios. A partir deste sistema, por exemplo, é possível acompanharmos o quanto se investe em educação pública no Brasil9. 9 Fonte: http://www.fnde.gov.br/fnde_sistemas/siope. Acesso em 06/09/2017 http://www.fnde.gov.br/fnde_sistemas/siope Sintetizando... • A vinculação de recursos é uma forma de garantir estabilidade a uma política pública; • Atualmente, o foco do financiamento da educação é o ensino obrigatório, compreendendo os anos finais da educação infantil até o ensino médio, para as pessoas entre 4 e 17 anos; • Nem todas as ações e programas educacionais podem ser consideradas despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino; • A tentativa legal de estabelecer um padrão de qualidade, no contexto da LDB foi desenhada de forma inversa, pois ainda não temos um custo aluno necessário, mas um custo-aluno possível. • A partir do Fundef, consolidou-se o indicador per capita, houve ampliação da taxa de matrícula no ensino fundamental, forte municipalização do ensino fundamental e aumento dos salários dos professores. • O Fundeb ampliou a incidência de recursos
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