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1www.biologiatotal.com.br MANIFESTAÇÕES CULTURAIS NO BRASIL Os povos indígenas eram formados por diversas tribos e tinham já suas próprias estruturas políticas e sociais. No início da colonização, houve a divisão entre tupis e tapuias. Os tupis foram aqueles que entraram em contato com os portugueses logo de sua chegada, pois estavam espalhados pela costa brasileira, além de serem em maior número. Receberam esse nome por falarem todos o tupi-guarani. Todos os demais povos que não eram reconhecidos como tupis foram chamados de tapuias. Dennys Silva-Reis e Marcos Bagno no artigo A tradução como política linguística na colonização da Amazônia brasileira falam da existência de mais de 1.200 línguas indígenas no território brasileiro quando da Como pudemos observar anteriormente, diversos pensadores brasileiros buscaram entender o Brasil e a identidade do brasileiro. Vimos também que preocupações a respeito das questões étnico-raciais e da miscigenação foram centrais para os estudos desenvolvidos ao longo do século XX. Ao mesmo tempo em que há o reconhecimento da existência da miscigenação, entende-se também que ela não aconteceu sem violência. Além disso, não faltam dados que nos mostrem que essa miscigenação não acabou com os preconceitos regionais e culturais. Muitas vezes, esses preconceitos operam de forma velada. Os povos indígenas e os negros são os que mais sofrem com a violência e com a exclusão e é sobre a matriz cultural desses grupos que falaremos hoje! A MATRIZ INDÍGENA Como se sabe, quando os portugueses chegaram nas terras que hoje chamamos de Brasil, já havia povos que aqui viviam. Na discussão entre historiadores e antropólogos, existe uma visão cada vez mais forte e consolidada de que não se tratou de fato da descoberta de um novo mundo, mas sim da conquista e ocupação de territórios já habitados. Pintura “Índio Tupi” (1643), autoria desconhecida. 2 M an ife st aç õe s Cu ltu ra is n o B ra si l chegada dos portugueses. Como essa grande variedade linguística era um desafio aos interesses portugueses de ocupação do território e de escravização dos locais, a Coroa Portuguesa decidiu pela adoção de uma “língua geral”. Na verdade, acabaram adotando duas línguas gerais: a primeira foi o tupinambá, falado na costa do Pará, e a segunda, também tupi, foi adotada em uma variação encontrada no território paulista. Ficaram conhecidas como língua geral amazônica e língua geral paulista. Os tapuias foram também forçados a adotar essas “línguas gerais”. A esse processo se dá o nome de “tupinização do Brasil”. “Como nos últimos anos os estudos históricos têm passado por uma ampla renovação, o lugar dos povos indígenas na História também está sendo revisto. O “Descobrimento” passou a ser discutido como resultado do processo de expansionismo europeu no século XVI, através da Colonização do chamado “Novo Mundo”, onde os muitos diferentes povos e culturas das consideradas “terras descobertas”, se confrontaram com o violento processo das invasões dos seus territórios e da imposição cultural do colonizador. Os atuais estudos sobre os povos indígenas têm revelado, além da antigüidade da presença desses povos, a grande diversidade e pluralidade das sociedades nativas encontradas pelos colonizadores. Tendo sido superado o etnocentrismo que condicionava as informações e referências anteriores, as pesquisas atuais vêm descobrindo a complexidade e a especificidade dos povos indígenas, seus projetos políticos, as relações decorrentes com a Colonização, as estratégias da resistência indígena etc.” SILVA, Edson. POVOS INDÍGENAS E ENSINO DE HISTÓRIA: SUBSÍDIOS PARA A ABORDAGEM DA TEMÁTICA INDÍGENA EM SALA DE AULA. História & Ensino, Londrina, v. 8, p. 45-62, out. 2002, p. 47. São diversas as influências da matriz cultural indígena na cultura brasileira. Talvez a mais conhecida de todas se refira aos hábitos de higiene, como o banho diário. No entanto, temos muitas outras. Alimentos como mandioca, milho, batata-doce, amendoim, abacaxi, caju etc. são característicos da cultura indígena, como mostra a tirinha da Turma da Mônica abaixo. São também influências indígenas o uso de plantas medicinais como a erva-mate, o guaraná, o tabaco e a coca. Sem falar no grande número de vocábulos tupis inseridos na língua portuguesa e que, muitas vezes, utilizamos sem nos darmos conta de sua origem. Alguns exemplos: açaí, aipim, Aracaju, arara, capim, Ceará, Copacabana, caipira, canoa, capenga, carioca, guri, Ipanema, Ipiranga, jacaré, jabuticaba, jiboia, jabuti, Pará, Paraíba, Paraná, pereba, Pernambuco, Piauí, pitanga, pindaíba, saci, Roraima, Sergipe, tamanduá, tatu, Tocantins, urubu e muitos outros! Fonte: http://turmadamonica.uol.com.br/home/ (2021). http://turmadamonica.uol.com.br/home/ 3www.biologiatotal.com.br M an ife st aç õe s Cu ltu ra is n o B ra si l17.2. A MATRIZ AFRICANA São profundos os laços históricos que unem o Brasil à África. Tendo sido destino de cerca de três milhões e meio de africanos que foram retirados do seu continente à força entre o século XVI e meados do XIX, o Brasil tem como herança marcas sociológicas profundas deixadas pelo processo escravocrata. Apesar da inequívoca relevância desse processo, a construção narrativa sobre esses lugares que contam a história dos negros no Brasil e a influência cultural desses africanos que aqui chegaram ainda são insuficientemente trabalhadas. Os africanos transformaram e moldaram a cultura nacional e a análise desse processo histórico constitui elemento fundamental para compreender a formação do Estado brasileiro. Como esclarece Maurício Santoro, em seu artigo A Memória sobre o Valongo e as Relações do Brasil com a África (2015), nas primeiras décadas do século XIX, o Rio de Janeiro constituiu o maior mercado de escravos do mundo. Um fato importante para a consolidação de tal mercado foi a criação, em 1770, do Cais do Valongo, localizado na região portuária do Rio. Depois de passarem pela alfândega, barcos de pequeno porte atracavam no Cais do Valongo. Ilustração de Johann Moritz Rugendas. Fonte: IPHAN apud MULTIRIO (2021). No entanto, ao mesmo tempo que é possível verificar esses vínculos históricos e culturais entre o Brasil e a África, houve também certa resistência por parte de alguns membros da burguesia nacional em aceitar e reconhecer o papel que os africanos desempenharam na formação da sociedade brasileira. Nesse sentido, foi realizada uma política de branqueamento da população com o incentivo à migração europeia para o Brasil. Espanhóis, italianos e alemães começaram a vir em massa para o país ainda no século XIX. Apesar da tentativa de abafar e mesmo eliminar as influências culturais na cultura nacional, elas são inquestionáveis. A capoeira, jogo característico dos africanos que aqui chegaram, antes criminalizada, passa a ser reconhecida como um esporte nacional a partir do governo Getúlio Vargas, que concede ao famoso capoeirista Mestre Bimba a licença para o funcionamento de sua escola como centro de educação física. http://www.biologiatotal.com.br 4 M an ife st aç õe s Cu ltu ra is n o B ra si l Na música brasileira, foram diversas as contribuições dessa matriz africana. A maior delas é, sem dúvida, o samba. Nascido nos redutos negros, principalmente nas favelas cariocas, o samba ganha força e pouco a pouco se populariza atingindo projeção nacional e internacional. Um dos grandes mestres foi Cartola. Nascido no Rio de Janeiro, passaria boa parte de sua vida no Morro da Mangueira, o que seria fundamental para a sua trajetória. Seu samba mais conhecido é “As Rosas não falam”, mas compôs diversos outros. ANOTAÇÕES O grande capoeirista Mestre Bimba e o então presidente Getúlio Vargas. O compositor Cartola. Um dos pais do samba no Brasil. Fonte: Wiki Commons (2021). Na culinária, o prato de herança africana mais conhecido é a feijoada, mas temos também uma enorme influência na culináriabaiana, como o acarajé, o vatapá, o caruru e muitos outros. Na religião, os povos africanos buscaram sincretizar as suas crenças e divindades com os santos católicos durante o período da escravidão, para que pudessem seguir professando a sua fé. Esse movimento dá origem ao candomblé e à umbanda com características e influências culturais brasileiras. Até hoje, como já vimos aqui em outras aulas, existe um grande desconhecimento e preconceito em relação a essas religiões. O fato é que ainda precisamos estudar mais e entender melhor esses processos culturais no Brasil. Uma importante iniciativa nesse sentido foi a criação do Museu Afro Brasil, em São Paulo. O Museu é uma instituição voltada ao estudo e à pesquisa das contribuições africanas à cultura brasileira. Vale a pena conhecer! Para saber mais! Museu Afro Brasil. http://www.museuafrobrasil.org.br/o-museu. http://www.museuafrobrasil.org.br/o-museu Através dos cursos
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