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Relativismo e Estruturalismo Cultural

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1www.biologiatotal.com.br
RELATIVISMO E 
ESTRUTURALISMO CULTURAL
Anteriormente, falamos de etnocentrismo, 
evolução cultural e hierarquia cultural. 
Vimos como, em alguns momentos da 
História, tivemos exemplos trágicos do 
uso dessas teorias para dominação e 
tentativa de extermínio de alguns povos.
Agora vamos tratar do relativismo e do 
estruturalismo cultural. Se, de um lado, a 
perspectiva etnocêntrica alimenta visões 
preconceituosas e racistas sobre o que é 
diferente de nós, do outro, o relativismo 
cultural permite uma abordagem mais 
plural do mundo, com uma visão sem 
julgamentos sobre as demais culturas.
RELATIVIZAÇÃO CULTURAL
O relativismo ou relativização cultural constituiu um importante passo para a antropologia. 
Foi quando decidiu-se ir além da etnografia descritiva (descrição da cultura material de um 
povo) e passou-se a tentar compreender essa cultura, produzindo conceitos que pudessem 
abarcar a diversidade social e cultural existente no mundo.
Como abordamos na nossa aula 10, Franz Boas foi um pensador importante e lançou as 
bases do que viria a ser o relativismo cultural. Conforme esclarecem Igor José de Renó 
Machado, juntamente com outros autores, no livro Sociologia Hoje, a partir de Boas, houve 
o entendimento de que cada cultura deveria ser avaliada somente em seus próprios termos.
Segundo o professor Paulo Meneses, o conceito de relativismo cultural abrange três significados. 
O primeiro deles é que devemos considerar os elementos de uma cultura relativamente apenas 
entre si. Em outras palavras, os elementos culturais só ganham sentido em seu conjunto e não 
isoladamente ou de forma comparada a outras culturas.
Em segundo lugar, as culturas são relativas e não absolutas. O que isso significa? Significa que não há 
certo ou errado, belo ou feio. Cada cultura pode ser boa para a sociedade que a vivencia e exprime. 
Por último, como expõe Meneses, as culturas são equivalentes. Por isso, não há que se falar 
que uma cultura é melhor do que a outra. As culturas são distintas e elas não podem ser 
hierarquizadas ou receber uma nota de 0 a 10 por suas diferenças.
Relativismo Cultural
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l Esse entendimento nos ajuda a percorrer um outro caminho, diferente daquele incentivado 
pelo etnocentrismo. O relativismo tem como consequência o respeito pela cultura e sociedade 
de outros povos. Se eu entendo que não faz sentido intervir na cultura de outros grupos para 
transformá-los ou falar em missão civilizatória (civilizar os selvagens), como aconteceu nos 
Estados Unidos do século XIX, por exemplo, eu abro caminho para discussões fundamentais 
sobre a luta anti-colonial e os movimentos contra discriminação. Pense em como isso pode 
servir para analisar a nossa sociedade ainda nos dias de hoje. Dá pano pra manga, não?
“Por outro lado, o relativismo cultural é teoria: instrumento de análise e meio de 
produção de conhecimentos, que aplicando-se a outros conhecimentos (etnográficos, 
históricos, etnológicos) produz conhecimentos novos, fazendo avançar a ciência 
como tarefa humana jamais concluída de tornar inteligível a totalidade do real.” 
MENESES, Paulo. Etnocentrismo e Relativismo Cultural: algumas reflexões. Síntese Revistas de Filosofia, vol. 27, n. 88, 
2000, 245:254. [Grifo nosso]
OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE: MALINOWSKI
Uma outra importante contribuição para as Ciências Sociais foram os estudos 
desenvolvidos pelo antropólogo polonês Bronislaw Malinowski, que publicou o livro 
Argonautas do Pacífico Ocidental, em 1922. Este se refere ao trabalho de campo 
desenvolvido pelo autor entre os anos de 1914 e 1918, com as populações costeiras 
do sul do Pacífico ocidental. Ao estudar os papua-melanésios, o autor se deparou com 
uma sociedade voltada para o artesanato, o comércio e a navegação.
Como explica o professor Janote Pires Marques, Malinowski vai se debruçar sobre 
o estudo do kula, que constitui um mecanismo de trocas utilizado pelos nativos das 
Ilhas Trobriand, na Polinésia. O estudioso percebe que as regras estabelecidas para 
que as trocas acontecessem resultavam em relações sociais conectadas a aspectos 
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leconômicos e míticos. Dessa forma, o kula só poderia ser compreendido a partir de uma 
visão total e integrada da vida nativa. 
A partir dessa vivência, Malinowski defende que haveria uma grande diferença entre 
um contato eventual com os sujeitos pesquisados e um contato real e efetivo com eles. 
O antropólogo afirma que, se no início existe um estranhamento entre o etnógrafo e 
os nativos, aos poucos aquele vai se inserindo na comunidade e o seu contato com a 
população local ganha ares de naturalidade.
Dessa forma, Malinowski entende que para que o trabalho de campo obtenha sucesso, 
o antropólogo deve, às vezes, largar a caneta e o caderno onde faz as suas anotações 
e se integrar de fato à vida em sociedade daqueles que quer observar. Para o autor, a 
observação participante é uma metodologia essencial e significa que o etnógrafo deve 
participar do dia a dia dos nativos, fazendo as suas refeições com eles, participando das 
conversas e de outros hábitos que porventura existam naquela localidade.
Malinowski influenciou diversos outros antropólogos e muitos estudos foram elaborados 
posteriormente com a utilização da observação participante.
“Com o tempo, os nativos passaram a ver com certa naturalidade sua presença, 
que deixou de se constituir num elemento perturbador da vida tribal que queria 
estudar, de alterá-la com a sua aproximação. É nesse processo, ainda segundo 
Malinowski (1978), que o pesquisador adquire a sensibilidade e a capacidade para 
apreciar a companhia dos sujeitos pesquisados e para partilhar alguns dos seus 
jogos e diversões; enfim, que começa a se sentir em verdadeiro contato com os 
nativos. Esta é, para Malinowski, a condição prévia para poder se levar a cabo, com 
êxito, o trabalho de campo. 
Bronislaw Malinowski com os nativos das ilhas Trobiand, na Polinésia (1914-1918)
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É por meio desse processo que o pesquisador vai perceber a “imponderabilidade 
da vida real” (MALINOWSKI, 1978, p. 31), pois existem muitos fenômenos 
importantes que não podem ser captados por meio de questionários ou pela análise 
de documentos, mas que têm de ser apreendidos em pleno funcionamento.” 
MARQUES, Janote Pires. A “observação participante” na pesquisa de campo em Educação. Educação em Foco, ano 19 - n. 
28 – mai./ago. 2016, p. 266.
CLAUDE LÉVI-STRAUSS E O ESTRUTURALISMO CULTURAL
Como vimos até aqui, a antropologia foi se consolidando no sentido de considerar errada 
qualquer perspectiva que estabelecesse uma linha evolutiva entre as sociedades. O 
antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, grande expoente do século XX, também 
trouxe importantes contribuições nessa mesma direção.
Conforme explicam Igor José de Renó Machado e demais autores no livro Sociologia 
Hoje, Lévi-Strauss foi responsável pela formulação de um método de análise chamado 
estruturalismo. Trata-se de uma teoria complexa que tem o objetivo de demonstrar que o 
pensamento humano se organiza em torno de oposições. O desenvolvimento dessa teoria 
se deu principalmente a partir do estudo de Lévi-Strauss sobre o pensamento ameríndio.
“Lévi-Strauss desenvolveu um método de análise denominado estruturalismo e 
fez um mergulho pela enorme complexidade dos mitos provenientes de diversas 
populações, do sul até o norte das Américas, revelando por meio deles o que chamou 
de pensamento ameríndio. Para esse autor, os mitos demonstram um pensamento 
sofisticado e complexo. Tratam de oposições recorrentes — entre o nu e o vestido, 
entre o cru e o cozido, entre discrição e excesso, entre respeito e desrespeito, etc. 
— e promovem formas de lidar com a passagem de um estado de natureza para o 
de cultura. SegundoLévi-Strauss, os mitos traduzem preocupações fundamentais 
das populações que os criam e fazem uma distinção entre natureza e cultura. Essas 
populações estariam empenhadas em se separar da natureza, aspecto que o olhar 
etnocêntrico tem dificuldade de entender.” 
MACHADO, Igor José de Renó; AMORIM, Henrique; BARROS, Celso Rocha de. Sociologia Hoje. São Paulo: Editora Ática, 
2016, p. 38.
Na visão de Lévi-Strauss as populações ameríndias não deveriam ser percebidas como 
atrasadas, mas sim como diferentes. Um elemento essencial para esse argumento, 
segundo o antropólogo, era a representação artística presente nessas sociedades, 
como as pinturas corporais e os desenhos presentes em diversos artefatos indígenas.
O antropólogo francês passou alguns anos no Brasil durante a década de 1930, período 
no qual lecionou na Universidade de São Paulo e também visitou a Amazônia brasileira.
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ANOTAÇÕES
Levi-Strauss na Amazônia (anos 1930)
http://www.biologiatotal.com.br

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